pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : julho 2022
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domingo, 31 de julho de 2022

Editorial: A hierarquia de prioridades dos eleitores nas eleições presidenciais de 2022.

Crédito da foto: Alan Santos e Ricardo Stuckert


Metaforicamente, alguém já afirmou que o maior inimigo de Bolsonaro nas próximas eleições não é Lula, mas os problemas decorrentes da economia, como inflação alta e desempregro. Os rumos da economia poderão determinar os resultados dessas próximas eleições presidenciais. Aqui abro um parêntese para observar que a adoção das medidas emergenciais - e até irresponsaveis do ponto de vista das contas pale públicas, traduzidas na PEC Kamikaze - como a distribuição de Vale Gás, Vale Caminhoneiro e o aumento do Auxílio Brasil - medidas para se contrapor aos sérios problemas econômicos enfrentados pela população socialmente mais fragilizada, não estão conseguindo atingir, ainda, os efeitos esperados pelo Governo. 

Concretemente, isso pode explicar, por exemplo, os 17 pontos que Lula abre de diferença em relação a Jair Bolsonato, de acordo com a última pesquisa do Instituto Datafolha. Estas observações vem a propósito de uma metéria publicada pela revista Veja desta semana, escrita pelo jornalista Alan Feuerwerker, onde ele observa que, a cada eleição, existiria ao menos duas variáveis que orientam as escolhas dos candidatos. Nas eleições passadas, as de 2018, observa Alan, Bolsonaro foi eleito na esteira da luta anticorrupção que, naquele momento, acrescento, se confudia com o próprio antipetismo. 

Hoje, a inflação que corrói o salário e o desemprego podem levar Lula de volta ao Palácio do Planalto. Competeria ao PT, observa o articulista, não perder essa narrativa junto ao eleitorado. Pelo histórico dos Governos da Coalizão Petista, de fato, Lula reúne as condições de se apresentat ao eleitorado como a "solução" para esses problemas, já escolhido pelos eleitores como as prioridades dessas eleições. Raposa política, Lula tem pautado a sua campanha de forma a não afastar, junto ao imaginário do eleitorado, essas preocupações mesmo diante das medidas emergenciais (ou seriam eleitoreiras?) 

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: O bolsonarismo se mobiliza para prestigiar Anderson Ferreira.



Quero, neste espaço, pedir perdão aos leitores por não ter mencionado, entre as convenções partidárias previstas para hoje, a do ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho(UB-PE), prevista para hoje, no Recife, à tarde, no Clube Internacional, sendo anunciada como a maior das convenções entre os concorrentes ao Palácio do Campo das Princesas nas eleições de 2022. E, por falar em convenções, está sendo realizada, neste momento, a convenção do Partido Liberal, que homologará a candidatura do ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, ao Palácio do Campo das Princesas. 

De fato, uma das maiores convenções realizadas até agora, dando a dimensão da presença e força do bolsonarismo em nosso Estado. Não seria improvável que possamos ter, nas próximas eleições, um segundo turno entre um candidato apoiado por Lula e outro de perfil bolsonarista. Numa das últimas pesquisas de intenção de voto realizadas no Estado, o candidato Anderson Ferreira já aparece em segunda colocação, embora esteja ainda no chamado "bolo" de candidatos que ainda não consequem se deslocar do empate técnico, dentro das margens de erro dos institutos de pesquisa. 

O irmão de Anderson, André Ferreira, passou a coordenar a campanha do presidente Jair Bolsonaro aqui no Estado. A família tem uma forte tradição entre os evangélicos e, ao que se sabe, o presidente Jair Bolsonaro já teria confirmado sua presença na próxima Marcha para Jesus, a ser realizada no Recife. Na região Nordeste, há uma forte aposta do bolsonarismo em estados como Pernambuco e Ceará. No Ceará eles já lideram a corrida pelo Palácio da Abolição com o Capitão Wagner, que possui um forte apoio entre policiais militares, pois apoiou movimentos grevistas dessa categoria. 

A despeito de uma grande rejeição ao seu governo, Bolsonaro tem uma espécie de dívida de gratidão com o seu ex-Ministro do Turismo, Gilson Machado, a quem não tem poupado esforços no sentido de ajudá-lo. Quando não está presente fisicamente, sempre dá um jeito de aparecer através de uma videoconferência, como agora, por acosião da convenção estadual do partido, onde ele enviou uma mensagem aos convencionais, não esquecendo, claro, do pacote de medidas previstos na chamada PEC da Bondade. Sem uma pesquisa mais consistente, seria difícil tirar conclusões sobre as razões pelas quais o bolsonarismo consegue ser forte no Estado. Uma das possíveis razões - ou seria hipótese - é a forte presença de grupos evangélicos no Estado. Mas, como afirmamos, apenas pesquisas poderão nos conduzir a alguma conclusão sobre o assunto.       

Editorial: Simone Tebet no segundo turno? Bolivar Lamounier acredita.



Houve um tempo em que acompahávamos com mais frequência as publicações do cientista político Bolívar Lamounier. Sempre muito lúcido e arguto, suas reflexões ancoravam nossas ponderações sobre temas áridos do cenário político nacional, fornecendo pistas importantes para compreendermos nossa realidade. Por alguma razão, perdão se estivermos equivocados, suas análises deixaram de ser assim tão frequentes. Eis que hoje, a partir de uma postagem no blog do Magno Martins, fui pego de surpresa com o título de uma matéria informando que a candidata Simone Tebet(MDB-MS) iria desbancar o presidente Jair Bolsonaro(PL) e iria para um segundo turno com o candidato Luiz Inácio Lula da Silva(PT). 

O título da postagem, em si, já seria suficiente para causar um certo impacto em quem lesse a matéria. Mais impacto ainda sentiria o leitor ao se deparar com a autoria do conteúdo, informando que se trata do conceituado cientista político Bolívar Lamounier que, através das suas redes sociais, tem a coragem - acima de qualquer outra coisa - de fazer tais afirmações, num momento em que a banca acadêmica e jornalística já jogou a toalha em relação à viabilidade da chamada terceira-via. Simone Tebet - quem acompanha o blog sabe de nossa admiração pela senadora - enfrentou, na realidade, uma corrida de obstáculos para chegar à homologação de sua candidatura, ocorrida na semana passada, em convenção conjunta do MDB, PSDB e Cidadania. 

Há caciques da legenda emedebista que não apoiam o nome da senadora, pois já teriam assumidos compromissos com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. Vão cozinhar o apoio em banho maria, até o momento de comunicar oficialmente a traição. Pela última pesquisa do Datafolha, Simone crava apenas 2% das intenções de voto. Avança em relação às pesquisas anteriores, mas ainda muito longe de representar uma reação, uma vez que esta iniciando a corrida muito tardiamente e é pouco conhecida dos eleitores. 

Diante de tal contexto, seria pouco provável que um cientista político como Bolívar Lamounier arriscasse sua reputação com uma afirmação como esta. Como as postagens de redes sociais possuem limitações de espaço, sugere-se que o cintista político pudesse dissecar tal análise, oferecendo aos seus diletos leitores a oportunidade de interagir com os seus argumentos.    

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: É tempo de convenções no Recife.



No dia ontem, no Clube Português, aqui no Recife, a pré-candidata Raquel Lyra(PSDB-PE) foi oficializada como candidata da coligação PSDB e Cidadania ao Palácio do Campo das Pricesas, nas eleições de outubro. Acompanham Raquel, como candidata a vice, a Deputada Estadual Priscila Krause e o ex-Prefeito de Petrolina, Guilherme Coelho, que concorre ao Senado Federal. Ontem, por aqui, deixamos claro qual o nosso posicionamento em relação à candidatura da ex-prefeita de Caruaru, no contexto da dinâmica competitiva do cenário político pernambucano. 

Contrariando as expectativas deste editor, a candidata constrói uma narrativa que a coloca em contraposição a Lula e Bolsonaro, cravando um perfil de terceira-via. Como disse antes, o problema não é ela ser contra Lula ou Bolsonaro, mas assumir um discurso de terceira-via, sobretudo num contexto político historicamente tão polarizado, conforme é o nosso. A estratégia de marketing dela deveria estar focada num outro aspecto, conforme igualmente discutimos nesses artigos. Mas aqui quero enfatizar que respeito a opinião de sua assessoria política. 

Nossa opinião é apenas a de um observador da cena política. Hoje, teremos mais duas convenções de homologação de candidaturas, conforme vem sendo noticiado pela crônica política pernambucana: a do candidato do PL, Anderson Ferreira, e a da candidata do Solidariedade, Marília Arraes. O candidato do PSB, Danilo Cabral, será o último a realizar a sua convenção, programada para o dia 05 de agosto. Pelo andar da carruagem política, a cadeira de governador do Palácio do Campo das Princesas deverá estar reservada para um desses três últimos convencionais que, espelha, no Estado, a polarização que se verifica no cenário nacional. 

Não temos,naturalmente, alguma bola de cristal, mas é o que se apresenta como possibilidade real, deixando margem para alguma imprevisibilidade, mesmo que remota. Danilo teria que fazer um esforço hercúleo para reverter uma situação francamente desfavorável nas pesquisas de intenção de voto, mas conta com a máquina e o apoio oficial de Lula. A máquina bolsonarista já mói em favor de Anderson Ferreira(PL), uma das apostas do bolsonarismo. Bolsonaro o tem ajudado o quanto pode. Já teria confirmado presença na Marcha para Jesus, que será realizada em breve. 

Marília Arraes continua fazendo seus "estragos" nas bases de apoio socialistas e petistas pelo Estado afora. No dia de ontem, um conhecido blogueiro informou que um cacique da legenda petista estaria mapeando essas defecções com o propósito de expulsá-los do partido, um ato que tenderá a ser recorrente daqui para a frente. Preocupou uma eventual fala de um expoente da legenda, possivelmente da assessoria de Lula, tecendo críticas aos padrões de alianças da candidata que, até recentemente, durante o segundo turno das eleições para a Prefeitura da Cidade do Recife, havia celebrada uma aliança com atores políticos ligados ao bolsonarismo. 

Pura intriga da oposição, uma vez que até Lula já estaria entabulando conversações com partidos como o Progressistas e o Republicanos, que são partidos da base de apoio bolsonarista. Lula conhece essas nuances e sabe que precisará de muita abertura política para governar num regime de semipresidencialismo não oficial como o nosso. Outro dia um deles afirmou que se Fernando Haddad(PT-SP) fosse eleito, não chegaria ao final do mandato. Alguém duvida? 

sábado, 30 de julho de 2022

Editorial: Lula chega a um Ceará "Rachado"



Os padrões de civilidade na política precisam ser enaltecidos, sobretudo nestes momentos bicudos que o país atravessa, quando tornou-se comum o ataques às pessoas e às instituições da democracia. Ataques, aliás, recorrentes mesmo diante dos protestos da sociedade civil e das advertências dos poderes constituídos da República. Assim, louve-se aqui a demonstração de civilidade política do ex-governador Camilo Santana(PT-CE), ao pedir a saudação do público em relação ao ex-governador Cid Gomes(PDT-CE), uma espécie de padrinho político de Santana. 

Ao final de sua fala, ele afirmou que ninguém iria destruir a amizade entre ambos. Da mesma forma agiu Camilo ao se despedir de sua vice, a atual govenadora Izolda Cela, a quem queria que o sucedesse no Palácio da Abolição. Polido e educado, como afirmei antes, pareceu-nos muito sincero em suas palavas, quando percebeu que o partido de Izolda Cela, o PDT, a havia rifado em nome de uma possível imposição do candidato Ciro Gomes(PDT-CE) ao nome do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio(PDT-CE). 

Como se sabe, tal medida provocou um tsuname na relação entre o PT e o PDT naquele Estado, rompendo uma aliança que representou 16 anos de governos envolvendo o PT e o PDT. Os Ferreira Gomes construíram uma das alianças políticas mais exitosas e duradoras do Estado do Ceará, rompendo um antigo ciclo coronelista na gestão da máquina estadual. Camilo Santana é um dos resultados desse processo e teve a dignidade de reconhecer isso durante a sua fala, mesmo diante das circusntâncias políticas atuais, que os coloca em lados opostos na disputa. Isso talvez explique o fato de Camilo ter deixado o Palácio da Abolição com mais de 70% de aprovação e ter uma eleição assegurada para o Senado Federal.

Como o futuro a Deus pertence, Lula também evitou melindrar os Ferreira Gomes. Mesmo diante das falas de Ciro sugerindo que não o apaoiaria num eventual segundo turno. Não seria de todo improvável que possamos ter um reequilíbrio na competição eleitoral até outubro, a despeito da vantagem hoje do petista. Aquela praça, aliás, é uma das grandes apostas do bolsonarismo, através da figura do candidato do União Brasil, Capitão Wagner, como fortes ligações com as forças policiais do Estado. O racha entre o PT e o PDT pode ter dado um combustível às forças ligados ao bolsonarismo.    

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Raquel Lyra tem candidatura homologada em convenção.


Desde que sinalizou que seria candidata ao Palácio do Campo das Princesas, a ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra(PSDB-PE), tem enfrentado muitos obstáculos nesta caminhada. Nada que a sua determinação não consiga superá-los, mas, em princípio, talvez nem ela mesma tenha previsto tantas dificuldades. Até mesmo em seu reduto político, o país de Caruaru, cujo prefeito que assumiu Rodrigo Pinheiro, adota uma postura claramente de quem segue uma diretriz política própria, afastando da prefeitura municipal os secretários indicados pela ex-prefeita. 

Pelo andar da carruagem política, ela não conta com um aliado dentro do seu próprio reduto político. Depois, vieram os problemas com a composição da chapa, um problema que, aliás, ela divide com os demais postulantes ao Palácio do Campo das Princesas. Depois de muitas idas e vindas, finalmente, ela conseguiu fechar a chapa para a disputa. O ex-Deputado e ex-prefeito de Petrolina, Guilherme Coelho, disputará a vaga para o Senado Federal, enquanto Priscila Krause foi escolhida como vice, num lance de alto risco, uma vez que teria sua eleição assegurada para continuar com o exitoso trabalho na ALEPE. 

O maior problema de Raquel, como já enfatizamos num outro momento, diz respeito à sua conformação na disputa, ou seja, sua identidade entre os demais competidores. Como a tendência da polarização tende a reproduzir-se nas praças estaduais, o eleitorado do Estado também poderia seguir tal alinhamento, ou seja, apostando num candidato identificado com Lula, por um lado, e outro identificado com o presidente Jair Bolsonaro(PL), isolando os demais no limbo da chamada terceira-via, que encontra enormes dificuldades de viabilidade política. 

Talvez percebendo que não havia outra alternativa, que não a de assumir a sua condição de terceira-via, buscando situar-se entre o grupo de candidatos mais competitivos - aqueles alinhados com Lula ou com Bolsonaro - em seu discurso durante a convenção do PSDB e do Cidadania, Raquel Lyra bateu forte numa narrativa anti-Lula e anti-Bolsonaro, o que significa que ela consolida seu posicionamento político como alternativa à polarização representada pelos dois candidatos presidenciais. Embora entenda o constrangimento imposto pelas articulações nacionais - no plano nacional, em tese, ela estaria com a senadora Simone Tebet, do MDB, que se apresenta como terceira-via - era tudo que ela não poderia fazer. 

Não temos dados precisos sobre este assunto, mas, assim, anpassant, fica difícil imaginar um Estado da Federação onde esta terceira-via está se tornando competitiva o suficiente para ameaçar candidaturas que se inserem nesta polarização. Assim como o Rio Grande do Sul, em Pernambco as disputas políticas, historicamente, são marcadas por essas lutas renhidas entre "esquerda" e "direita". Isso muito antes do ou "Lula" ou "Bolsonaro". Neste aspecto, somos muito parecidos com os gaúchos. Nos Pampas, ou se é gremista ou colorado. Salvo melhor juízo, até a Coca-Cola já aprendeu a lição e muda a embalagem do seu refrigerante consoante as necessidades de se atender um grupo ou outro.   

Editorial: O diálogo político - e programático - entre Lula e André Janones



Um dos aspectos mais enfatizados pelo Deputado Federal André Janones(Avante-MG), candidato à Presidência da República, durante a convenção que homologu sua candidatura, foi o programa de governo daquela agremiação política. Em determinado momento, ele assinala que ter elaborado aquele programa já seria algo que justificasse a sua candidatura, independentemente dos eventuais resultados eleitorais. Nã seria surpreendente, portanto, que ele, ao abrir uma janela de diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estipulasse, como condição para a ampliação dessas negociações, a aceitação, por parte do petista, em cumprir alguns tópicos daquele programa de governo, entre os quais, a manutenção do Auxílio Brasil. 

As condições do diálogo neste sentido estão bem encaminhadas, posto que, nem se quizesse, Lula teria as condições políticas para interromper tal benefício, mesmo diante das dificuldades geradas no que concerne à manutenção do equilíbrio das contas públicas. Janones enfatiza que, em nenhum momento, Lula teria pedido para que ele retirasse sua candidatura presidencial, algo que provovelmente será posto na mesa de negociações. Trata-se de um diálogo bem-vindo, sobretudo num ambiente potítico como o nosso, hoje bastante conturbado. 

Um outro fator que poderá ajudar o petista é a capialiridade obtida pelo candidato André Janones nas redes sociais, onde o petista encontra algumas dificuldades em relação ao opositor Jair Bolsonaro(PL). Este, aliás, é um dos trunfos do bolsonarismo para tentar reverter os índices nas pesquisas de intenção de voto, hoje francamente favoráveis ao petista, de acordo com a última pesquisa do Datafolha. Depois dos arsenal de medidas já implementadas pelo Governo, tenho dúvidas sobre se eles ainda teriam alguma bala de prata no tambor. 

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Editorial: André Janones sinaliza que aceita o diálogo com Lula


Pode ser apenas uma bravata, mas Ciro Gomes(PDT-CE), já teria dito que não aceitaria conversar com Lula sobre um eventual apoio à sua candidatura à Presidência da República. Pelo menos nesse primeiro turno das eleições. Hoje, pelos números do Datafolha, Lula pode liquidar a fatura das eleições de 2022 ainda no primeiro turno, pois abre 17 pontos de diferença em relação ao seu principal adversário, o Presidente Jair Bolsonaro(PL). Num momento anterior, Lula já teria sido aconselhado por assessores a procurar um diálogo com André Janones, do Avante, em busca daqueles dois pontinhos fundamentais para vencer as eleições de outubro no primeiro turno. Portanto, esse flerte é antigo.

Embora, hoje, de acordo com esta última pesquisa a situação esteja, a princípio, mais confortável, a premissa de vencer as eleições no primeiro turno é uma das grandes preocupações do staff político de Lula, sobretudo num contexto de um ambiente institucional tão inseguro. Daria uma menor margem de manobras para assédios contra as instituições da democracia. Não é algo nada saudável que tenhamos chegado a este estágio, para precisamos nos fortalecermos para enfrentá-lo. 

Curioso que, em seu Twitter, o candidato do Avante tenha enumerado todos os candidatos presidenciais com os quais tentou estabelecer algum diálogo, sem muito sucesso. Alguns deles apenas o ignorá-lo. Segundo ele, Lula teria vestido as sandálias da humildade, dando um excelente exemplo, pois vai muito bem nas pesquisas de intenção de voto, mas está propondo um diálogo com o qual ele, de pronto, está aceitando. Janones vem fazendo uma campanha política interessante, propositiva, e, certamente, poderia contribuir com ideias para um eventual Governo Lula. O programa do Avante está bem elaborado e enxuto. Um outro fato que não pode ser esquecido é que Janone já foi filiado ao PT. 

Editorial: A tensão institucional aumenta com a última Datafolha



Num país de democracia estável, o resultado de uma pesquisa de intenção de voto poderia provocar apenas duas coisas: A euforia dos partidários do candidato que estivesse liderando a pesquisa e, por outro lado, uma preocupação inerente daqueles candidatos que não estão conseguindo as condições de competitividade ideais para emparedar o líder das pesquisas. Isso num país de democracia estável, o que não é bem o nosso caso. Costumo enfatizar por aqui que, hoje, os organismos internacionais apontam o Brasil como a democracia mais ameaçada do mundo. 

Não deixa de ser curioso o fato de passarmos a olhar os números das pesquisas de intenção de voto com alguma preocupação a mais do que aquela que seria natural. O cenário de instabilidade política sugere tanta preocupação em torno do assunto, que várias questões podem estar inseridas nos seus resultados, para muito além de uma simples checagem de desempenho dos candidatos. Este é o caso desta última pesquisa do Datafolha, divulgado no dia de ontem, sobre a corrida presidencial de 2022. Lula crava 47% das intenções de voto, enquanto Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição, aparece com 29%, numa evidente demonstração de que, até o momento, as ações empreendidas pelo Governo para tentar reverter o quadro não estão surtindo o efeito esperado.  

Sempre me pergunto por aqui como descemos a ladeira do autoritarismo a partir de 2013, culminando com o golpe institucional de 2016. Desde então, nunca mais tivemos sossego institucional. As ameaças às instituições democráticas são veladas e explícitas, causando o repúdio veemente dos atores que estão diretamente envolvidos na salvaguarda dessas instituições, como STE, o STF, o Congresso. 

Agora é a vez da sociedade civil e da comunidade internacional se mobilizarem em torno da defesa de nossas instituições democráticas. As centrais sindicais estão preparando uma grande mobilização com este propósito. Até recentemente, a Sociedade Brasileira de Direito Público, presidida pelo professor Carlos Ari Sundfeld, da Fundação Getúlio Vargas, lançou uma carta, assinada por empresários, em defesa de nossas instituições democráticas. As reações em contrário a esta iniciativa - traduzida em invasões hackers e falas inoportunas e descabidas - dá bem a dimensão do ambiente político em que estamos metidos.  

Charge! Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 28 de julho de 2022

Artigo: O Anarquismo no Brasil

 


Há uma antiga teoria conspiratória na história do Brasil que chama de "flores exóticas" as ideologias revolucionárias e contestatárias do "status quo". Primeiro, foi o liberalismo e o republicanismo. Depois, as doutrinas socialistas, anarquistas e comunistas. É como se o pensamento nativo fosse o dos índios tapuias ou tupis-guaranis: o messianismo da terra dos sem-males.
Essa teoria se aplica perfeitamente ao tratamento dispensado ao anarquismo e anarco-sindicalista em nosso país. Planta exótica trazida pelos imigrantes italianos, espanhóis e portugueses para o Brasil.
Seria o caso de se perguntar qual seria o pensamento politico e social original das Américas, antes da colonização. o historiador argentino Eduardo Galiano escreveu um belo livro intitulado "Memórias de fogo" resgatando o imaginário social das nações indígenas antes da chegada dos colonizadores espanhóis. E há quem procure nos costumes indígenas a semente do comunismo primitivo,
O certo é que quando se contrapõe as ideologias sociais europeias modernas a esse pensamento nativo e original, é para desqualificar a importação dessas formas modernas de pensamento social e perseguir seus adeptos ou militantes.
No caso do anarquismo brasileiro (e depois, do comunismo-marxista) não foi diferente. Os imigrantes europeus que para cá vieram em busca da "cocunha", da riqueza, do trabalho, da sobrevivência digna e humana, foram responsabilizados pela introdução das ideias socialistas e anarquistas no fim do século XIX e início do século XX (COMO SE NUNCA TIVESSE EXISTIDO A LUTA DE CLASSES ENTRE NÓS). É de se lembrar que eram pessoas de mentalidade cosmopolita e não alimentavam nenhuma ilusão sobre a sua inserção legal em terras brasileiras. Não acreditavam nas instituições políticas do país. "Nem pátria, nem patrão", como dizia o título de uma obra sobre esses trabalhadores estrangeiros. Num ambiente assim de exclusão social e política, era natural que uma ideologia como o anarquismo ou anarco-sindicalismo ou mesmo o sindicalismo revolucionário imperasse no circulo mais restrito dos ativistas do movimento sindical e trabalhista nos começos do século.
A questão da pureza doutrinária do anaquismo brasileiro ainda continua em aberto. Ora Kropotikin, ora Bakunin, ora Malatesta, ainda se discute os "maitres-a-penseur" do movimento libertário no Brasil. Isso sem falar no acréscimo de uma forte pitada de positivismo e evolucionismo.
O fato é que as nossas doutrinas políticas e ideológicas resultam, muitas vezes, de verdadeiros "porres ideológicos", como disse o saudoso Evaristo de Moraes Filho. Alimentaram-se do caldo de cultura formado pelo jacobinismo da época da abolição e do movimento republicano. Vários militantes do movimento social vieram desse meio.
Estudar o anarquismo brasileiro não é tarefa fácil, em razão da mixórdia ideológica que havia nesse período. Há uma confusão, por exemplo, entre anarquismo, anarco-sindicalismo e sindicalismo revolucionário. É sempre bom esclarecer que os anarquistas não viam com bons olhos a atuação sindical como forma de educar as massas e transformar a sociedade. Preferiam uma militância pedagógica, cultural, através do teatro, da literatura, dos picnics, das palestras e outras atividades culturais. Já o anarco-sindicalismo e o sindicalismo revolucionário faziam do sindicato e da luta sindical o caminho, o aprendizado da chamada "greve geral revolucionária". Os sindicatos eram organizados a partir de declarações de princípios libertários e olhados com a escola preparatória da sociedade do futuro. A corrente influenciada por George Sorel era favorável a ação direta e ao emprego de meios violentos, o que muitas vezes fazia confundir os anarco-sindicalistas com os carbonários. As correntes que mias influenciaram o movimento social no país foram o sindicalismo revolucionário e o anarco-sndicalismo. Apesar da farta matéria doutrinária do anarquismo publicado nos jornais da impensa operária.
Os ciclos das greves operárias no Brasil são vários: 1903-1907, 1912-1917, 1909-1921, quando se inicia o descenso ou o declínio do movimento anarquista no Brasil, atribuído por alguns ora a influencia da repressão policial, ora à influencia das convenções internacionais ora à concorrência do Partido Comunista Brasileiro.
A repressão policial sempre foi muito dura e eficaz, agindo muitas vezes fora da lei contra brasileiros natos ou residentes há muito tempo no país. É conhecida a famosa expressão: "A questão social não passa de um caso de polícia". A Conferencia de Versalhes, cujo presidente da República (Epitácio Pessoa) foi o delegado brasileiro, desencadeou várias ações e medidas tendentes a influenciar as leis brasileiras no sentido da adoção de uma legislação social-trabalhista. O Brasil, como signatário desses convenções foi obrigado a se enquadrar do ponto de vista legal. Finalmente, a criação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) se constituiu em fato novo no panorama sindical e passou a concorrer com a militância anarco-sindicalista, com serias consequências para a unidade do movimento sindical. Talvez não se devesse esquecer o crescimento do sindicalismo reformista e católico na década de vinte, como fator de dificuldades para a organização autônoma dos trabalhadores.
Greves que se destacaram durante este período: a greve de 1917 em vários estados brasileiros (inclusive em Recife), a greve revolucionário de 1918, a greve geral de 1919 (em Recife e outros estados) e a derrota da greve da Mogiana (Sao Paulo) e da Great Western, em Recife). A partir daí há um relativo descenso do movimento operário, um momento de discussão interna sobre a validade da forma de organização e de luta dos sindicatos anarco-socialistas, o surgimento da crise política da República Velha com o movimento tenentista e o aumento da repressão policial. Existe também um incremento das ações legislativas no Congresso brasileiro sobre a questão social e várias tentativas de cooptação da classe operária pelo Estado.
FONTES: ANARQUISTAS E COMUNISTAS NO BRASIL, ANARQUISTAS E IMIGRANTES NO MOVIMENTO OPERÁRIO BRASILEIRO, OS COMPANHEIROS DE SÃO PAULO.

Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador, cientista político, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco e Coordenador do NEEPD - Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia da UFPE.

Editorial: Após homologação, a senadora Simone Tebet entra na corrida presidencial.



A sorte, literalmente, está lançada para a senadora Simone Tebet na corrida presidencial das próximas eleições. Simone precisou trilhar um caminhos de muitos atropelhos e os pedregulhos ainda estão começando. Começa uma jornada que está sendo sabotada por elementos do próprio partido, que, por já terem feito uma opção por apoiar um outro candidato, não desejavam que o partido lançasse uma candidatura própria. Na verdade, estamos diante de uma corrida de obstáculos. 

Se a senadora reunirá as condições efetivas de superá-los é uma outra questão. Como já afirmamos por aqui, algumas dessas variáveis ela não controla, como, por exemplo, essa centríguda política da polarização, que não permite que uma alternativa de terceira via se viabilize no contexto político brasileiro. O consultor Thomas Traumann elencou, outro dia, dez razões entendermos o porquê da inviabilidade da terceira-via no país. Uma das razões é que tais candidaturas não são construídas dentro de um prazo razoável, ou seja, não existe condiçoes de sua viabilização se tais candidaturas são lançadas às vésperas das eleições. 

No caso de Simone Tebet essa premissa é mais do que verdadeira, uma vez que ela enfrentou todo tipo de atropelo até a homologação da sua candidatura pela coligação que reúne, além do MDB, o PSDB e o Cidadania. Costumamos repetir isso por aqui, trata-se de um excelente quadro, preparada, de perfil probo, democrático e republicano. Não resta a menor dúvida de que poderia ser testada na condução do Executivo Nacional, possivelmente com bons resultados coletivos. Infelizmente, os pedregulhos são muitos. 

Editorial: As advertências do Centrão a Lula



Mesmo que as eleições só ocorram em 02 de outubro, já se discutem as frágeis relações estabelecidas entre o nosso Executivo e o Legislativo, decorrente daquilo que o historiador Luiz Felipe de Alencastro denominou de presidencialismo de coalização. Na realidade, o país vive sob um regime de semipresidencialismo não assumido. Apesar de se colocarem como fiéis escudeiros do presidente Jair Bolsonaro - com direito a rasgados elogios em público durante a convenção do PL, como foi o caso do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lyra - a maior preocupação do Centrão, hoje, é a formação de uma boa base parlamentar, o que lhes asseguraria o poder de barganha necessário para impor as suas condições ao próximo chefe do  Executivo, seja ele quem for.  

Um dos expoentes mais ilustres do grupo - ao ponto de ficar conhecido como uma espécie de Primeiro-Ministro de Jair Bolsonaro(PL) - afirmou que Lula irá precisar negociar bastante para assegurar as condições de governabilidade. Aproveitou para fazer uma afirmação ainda mais preocupante, ao dizer que, caso o professor Fernando Haddad(PT-SP) tivesse sido eleito, não concluiria o seu mandato. Já destrinchamos o DNA do Centrão por aqui em outras oportunidades, sendo, portanto, desnecessário voltar a fazê-lo. A chance de mudar este cenário seria uma reforma política efetiva, de preferência conduzida por atores que não estivessem vinculados a esse vícios. Estes que estão ai, certamente, não vão legislar contra o orçamento secreto.

De perfil íntegro e republicano, a ex-presidente Dilma Rousseff sofreu horrores com as hostilidades do Legislativo contra o seu Governo. Foi aplicado a ex-presidente um torniquete político que praticamente paralizou o seu Governo, levando-o a óbito com a aprovação de um processo de impeachment. Por conhecer esses meambros perigosos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo antes das eleições de outubro - e consequentemente a homologação dos seus resultados - já procura entabular uma estratégia política para enfrentar aquele que seria o seu terceiro round.  

Editorial: Lula é o preferido entre os jovens, de acordo com o Datafolha



No dia de ontem o Instituto Datafolha publicou mais uma pesquisa de intenção de voto, desta vez dirigida diretamente com o objetivo de identificar como os jovens eleitores estão reagindo às candidaturas que se apresentam para as eleições presidenciais de 2022. O público alvo da pesquisa são aqueles eleitores que se situam na faixa etária entre 16 e 29 anos de idade. A pesquisa ouviu cerca de 900 eleitores nas principais capitais do país, entre os dias 20 a 21 de julho, para concluir que 51% deles manifstam sua preferência pelo candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto 20% deles preferem o presidente Jair Bolsonaro. A popularidade de Ciro Gomes é de 12% entre os eleitores mais jovens. 

Na realidade, existem três grupos de eleitores onde o presidente Jair Bolsonaro enfrenta dificuldades e vem tentando construir alternativas discursivas para recuperar terreno entre eles: Os jovens, as mulheres e os mais pobres. Ao seu modo, ele vem focando nesses grupos, aconselhado pelo seu staff de campanha. Caso essa ordem de preferência seja mantida, são esses eleitores que poderão reconduzir, mais uma vez, Lula ao Palácio do Planalto. 

Ao longo do seu Governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva construiu uma grande capilaridade política entre o segmento dos jovens, pois criou condições efetivas para essa aproximação, ao ampliar sensivelmente as oportunidades educacionais, inclusive entre jovens negros, nordestinos e empobrecidos. Não ficaríamos surpresos se a questão de "gênero" também pudesse se inserida neste perfil. O PT tem aqui um dos maiores trunfos políticos. Foi o maior programa de inserção de jovens negros empobrecidos no ensino superior público. Um salto qualitativo incomensurável em termos de democracia subtantitva. Este foi o único indicador onde os negros avançaram no país nos últimos 522 anos. Justifica-se o reconhecimento.    

Editorial: O impasse Molon no Rio de Janeiro.



O mundo da política amanheceu bastante movimentado no dia de hoje. Saiu mais uma pesquisa do Instituto Datafolha; Em convenção conjunta do MDB, PSDB e Cidadania, houve a homologação da candidatura da senadora Simone Tebet(MDB-MS) à Presidência da República; O clima azedou entre o PT e o PSB em torno dos acordos políticos no Estado do Rio de Janeiro;  Ainda a repercussão da carta dos empresários em defesa da democracia; Finalmente, as veladas advertências de um dos principais expoentes do Centrão em torno das dificuldades de governança de um eventual Governo Lula, com um congresso de maioria oposicionista. 

Vamos começar pela imbróglio gerado em torno do lançamento da candidatura de Alessandro Molon(PSB), ao Senado Federal, no Rio de Janeiro, na chapa encabeçada por Marcelo Freixo, do PSB. Na realidade, ao oficializar o lançamento de Molon, o PSB sugere quebrar um acordo pré-existente com o PT, onde eles deveriam ocupar a cabeça de chapa, cabendo ao PT indicar o nome ao Senado Federal. Trata-se de um acordo fechado entre o PT e o PSB, onde ficaram ajustados alguns compromissos com a formação dos palanques estaduais. 

Bem nas pesquisas de intenção de voto e azeitado na máquina socialista carioca, Molon resolveu descumprir o trato e lançar uma candidatura própria ao Senado Federal, gerando uma crise entre as duas legendas. Lula, que procura sempre manter uma linha conciliadora - e de preferência equidistante - reagiu de forma contundente ao acordo, inclusive ameaçando deixar de cumprir os compromissos firmados em outras praças, mencionando o caso de Pernambuco. 

O PT enfrenta graves problemas em alguns palanques estaduais e o Rio de Janeiro é um caso dos mais intrincados. Justamente o Estado que é o reduto político do adversário Jair Bolsonaro, seu principal oponente na corrida ao Palácio do Planalto. O clima ficou pesado, levando o Presidente Nacional do PSB,Carlos Siqueira, a improvisar uma viagem às pressas para o Rio, com o propósito de apagar o incêndio. Em Pernambuco, o candidato da aliança, Danilo Cabral(PSB-PE), tratou de se pronunciar sobre o assunto, defendendo a posição do morubixaba petista. 

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Editorial: Um grande equívoco político o não apoio ao nome de Izolda Cela para continuar no Palácio da Abolição



Noticiado assim sem maiores repercussões, o desligamento da governadora Izolda Cela do PDT deve ser analisado com mais cuidado, pois foi uma decisão tomada dentro de um contexto específico, onde os interesses coletivos foram subjugados em nome de arranjos políticos duvidosos. Li, com muita atenção, as suas explicações em torno do assunto, publicadas por uma de suas redes sociais. Há, ali, muitas lições sobre a sua personalidade, sua vocação para a causa pública e, igualmente, sobre a sua leitura precisa e contundente no que concerne ao contexto político daquele Estado, onde, um conjunto de forças políticas -representadas pelo PT e o PDT - se integraram, num passado recente, para não permitir que atores políticos sem compromissos republicanos e democráticos pudessem ocupar o Palácio da Abolição e a Prefeitura de Fortaleza. 

Agora, em razão das próximas eleições de 2022, isso pode ser posto tudo a perder em razão de interesses políticos menores, comezinhos - e até machistas - que afastaram da competição uma pessoa íntegra, proba na condução dos negócios públicos e que reunia todas as condições de continuar à frente do Palácio da Abolição, conforme todas as pesquisas de intenção de voto atestavam. Existia um consenso e uma unanimidade em torno do nome de Izolda, exceto, certamente nalgumas hostes controladas pelas novas oligarquias que passaram a hegemonizar o poder no Estado, que, apesar do verniz de mordernidade, preservam sempre o sotaque do coronelismo.  

Segundo um observador da cena política local, 12 partidos políticos teriam dito ao Ciro Gomes(PDT-CE) que o nome de Izolda Cela seria imbatível. Seria um antídoto contra o fascismo que viceja naquele Estado, que, ancorado numa capaliridade política construída nos motins da Polícia Militar, reúne condições efetivas de ocupar o Palacio da Abolição, sobretudo quando as forças do campo progressista, em razão de questiúnculas pessoais, agem no sentido não de barrar tais pretenções, mas, mesmo sem intenções - em função de escolhas equivocadas - parecem dar uma ajudinha.    

Editorial: A mobilização da sociedade civil em favor da democracia


Parece não haver mais dúvidas de que a nossas instituições democráticas precisam ser defendidas. Defendida não apenas pelos atores constituídos nos três Poderes - que teriam este dever como uma obrigação inerente aos seus cargos - mas pela própria sociedade civil, uma vez que a ampliação desse espectro autoritário não seria bom para ninguém. Na realidade, a nossa experiência democrática sofreu alguns solavancos nos últimos anos, tornando-a a democracia mais ameaçado do mundo neste momento, conforme organismos internacionais que se preocupam em aferir a saúde das democracia pelo mundo.  

No dia de ontem, em conversa com o cientista político e historiador Michel Zaidan Filho, ele informava que seriam muito bem-vindas essas mobilizações, inclusive da comunidade internacional. É preciso ampliar, sensivelmente, os "custos" políticos e econômicos de um retrocesso autoritário neste momento. Depois de décadas de experiência democrática, o país experimenta um flerte autocrático onde os pilares da democracia representativa - como é o caso da isenção e lisura da Justiça Eleitoral - estão sendo postos em duvida por atores que contaram, ao longo de sua vida pública, com o referendo dessa mesma Justiça Eleitoral para ratificar seus desempenhos nas urnas.

Como era comum ouvir na nossa fase de criança, são jogadores que não sabem perder, que não respeitam as regras do jogo. Circula na imprensa uma carta assinada por empresários, em defesa de nossas instituiçoes democráticas. O mercado, como se sabe, tem um papel preponderante neste processo. E 1964 eles chagaram a emprestar apoio ao golpe civil-militar que derrubou Jango Goulart da Presidência da República. Quem lidera essa mobiliação do mercado é o professor da Fundação Getúlio Vargas, Carlos Ari Sundfeld, que representa a Sociedade Brasileira de Direito Público.  

Outra mobilização que está sendo aguardada é a do Movimento Sem Terra, um movimento social que, por razões óbvias, sempre esteve ligado organicamente ao Partido dos Trabalhadores. Que venham mais mobilizações da socieade civil neste sentido. Serão todas bem-vindas. Nossa frágil democracia exige cuidados redobrados, sobretudo neste momento que enfrenta um violento assédio autoritário.   

Editorial: Sai hoje nova pesquisa do Instituto Datafolha

 


Há uma grande expectativa em torno de uma nova rodada de pesquisa de intenção de voto realizado pelo Instituto Datafolha, uma espécie de balisamento dos demais institutos de pesquisa, em razão da credibilidade e capilaridade adquirida em anos de atuação no mercado. Naturalmente que o Instituto tem seus críticos, mas, mesmo eles, estabelecem uma relação de respeito aos seus resultados. O candidato pode até ficar amuado, mas ignorá-los pode ser um tiro no pé. Esta última pesquisa será emblemática, uma vez que está sendo realizada em meio a um turbilhão de acontecimentos políticos, como os discursos inflamados durante a Convenção do PL, reflexos da PEC da Bondade junto aos seus beneficiários, assim como o problema da crise institucional que se instaurou no país, envolvendo o Executivo e segmentos do Poder Judiciário. Perdão se esqueci aqui algum outro fator importante, mas já estamos diante de nitroglicerina pura. 

A campanha do presidente Jair Bolsonaro(PL) tenta conquistar espaços onde há resistências do eleitorado ao seu nome, como entre os eleitores jovens, as mulheres e os pobres, conforme discutimos ontem por aqui, a partir da análise do cientista político pernambucano Antonio Lavareda, do IPESPE. Muito mais do que os pobres e as mulheres, parece-nos que o grande problema de Bolsonaro seria o de demover a tendência desse eleitorado mais jovem em votar no candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Outro dado a ser considerado é que, diferentemente do eleitorado mais idoso - que costuma abster-se - este segmento do eleitorado costuma ir às urnas.  

Um conhecido blogueiro enfatizou bastante essa nova pesquisa do Datafolha em relação aos jovens, como se o Instituto tivesse o cuidado de aferir, durante as enquetes, o comportamento específico desse segmento do eleitorado. Assim, tal pesquisa se reveste de uma importância ainda maior, pois pode captar o humor desse eleitorado no que concerne às eleições de 2022. Até fake news já foram disseminadas, informando que eles perderiam o acesso às redes sociais caso Lula seja eleito. Novas análises sobre as eleições poderão ser produzidas a partir desses números apresentados pelo Datafolha. Vamos aguardar.     

terça-feira, 26 de julho de 2022

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Raquel anuncia Priscila Krause como vice.



Repercute bastante nas redes sociais o anúncio da Deputada Estadual Priscila Krause, do Cidadania, como vice na chapa encabeçada pela ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, do PSDB, que concorre ao Governo do Estado, nas próximas eleições. Há considerações a favor e contra a decisão da parlamentar, sobretudo em razão do reconhecimento da população em relação à sua ativa atuação na fiscalização dos negócios de Estado. Como já informamos por aqui em outra ocasião, a parlamentar honra o seu mandato, fiscalizando as contas públicas, apontando irregularidades e cobrando providências dos órgaos competentes quando observa algum desvio de finalidade. O sentimento é que uma parlamentar com o seu perfil irá fazer falta ao parlamento.  

Alguns observadores consideram que ele teria feito uma opção equivocado, colocando em risco sua carreira política com a decisão, o que seria uma pena, pois parlamentar sem mandato corre um sério risco de cair no ostracismo, gerando enormes dificuldades para voltar à ribalta. Trata-se, de fato, de uma aposta de risco, sobretudo se considerarmos a dinâmica da disputa política no Estado - com tendência a reporduzir a dinâmica nacional, ou seja, talvez tenhamos uma polarização entre um palanque de Lula e outro de Bolsonaro - o que tenderia a atirar a candidatura de Raquel na plano da terceira-via, tornando-a inviável. 

Ela teria como escapar dessa armadilha? Difícil afirmar, mas suas alternativas são escassas. A possibilidade seria quebrar essa polarização, provocando, quem sabe, uma disputa "feminina", ou seja, estabelecendo uma competição direta com Marília Arraes do Solidariedade, isolando as candidaturas de Danilo Cabral(PSB-PE), Anderson Ferreira(PL-PE) e Miguel Coelho(UB-PE). Conforme afirmamos anteriormente, o eleitorado feminino terá um papel importante nessas eleições. Não sem motivo, ele tem sido disputado, voto a voto, pelos principais competidores à Presidência da República no plano nacional. A presença de duas mulheres na chapa pode ajudar na construção desse perfil.  

O fato concreto é que o staff político e de marketing eleitoral da candidata terá um pepel importante daqui para frente, ou seja, reencontrar o seu lugar na disputa, afastando-a da centrífuga política da terceira-via, o que seria sua derrocada. Tem prejudicado enormemente a candidata a ausência de uma interlocução forte no plano nacional, assim como a composição de sua chapa, mas este parece ser um problema generalizado entre os candidatos.     

Editorial: A decepção com o arquivamento das investigações propostas pela CPI da Covid-19




Acompanhei de forma sistemática os trabalhos da CPI da Covid-19 e me sinto decepcionado com o encaminhamento dado pela PGR no que concerne às recomendações do grupo de senadores que estiveram envoldidos naqueles trabalhos. É profundamente lamentável que, neste clima de instabilidade política e institucional que o país atravessa, as leis estejam sendo regiamente desrespeitadas, em nome de um projeto político de caráter extremamente duvidoso e temerário. As referências são claras sobre quem seriam esses atores que estão, nos parece, com uma trave política nos olhos, deixando de cumprir as leis, consoante os interesses políticos que estão em jogo. 

Trata-se, na realidade, de uma espécie de "vista grossa" ou omissão deliberada. Agora mesmo, por ocasião dos ataques às nossas instituições democráticas, o presidente de um dos poderes mais importantes da República, praticamente não disse uma palavra sofre aqueles fatos tão graves. A CPI da Covid-19 realizou um trabalho excepcional sobre a conduta de gestores públicos e privados, durante aqueles dias sombrios vividos pelo país, que nos ceifaram milhares de mortos. Na realidade, a pandemia da Covid-19 ainda não acabou, mas já enfrentamos dias mais difíceis. 

Evidente que os suas recomendações deveriam ser acatadas e atendidos pelas autoridades da República, apurando os fatos, apontando responsáveis, recomendando os procedimentos consoante às suas atribuições inerentes. Tempo  e recursos públicos foram utilizados durante aqueles trabalhos, o que encejaria, no mínimo, um respeito maior por suas conclusões e recomendações. Infelizmente, o momento político vem produzindo essas esquizofrenias institucionais, com alguns órgãos deixando de cumprir seus papéis.    

Editorial: Quem é o eleitor que pode reconduzir Lula para o Palácio do Planalto?

 


Logo após a divulgação da última pesquisa do IPESPE, o cientista político Antonio Lavareda veio a público para analisar os resultados do seu Instituto, lançando o seu olhar - sempre muito aguçado - sobre o que dizem, na prática, aqueles números. Há, em sua análise, uma preocupação bastante evidente em relação ao segundo turno das próximas eleições presidenciais, mas este editor irá se concentrar na sua avaliação sobre o perfil do eleitorado do petista, que poderá voltar a sentar na cadeira de presidente do país, a julgar pelo andar da carruagem política até este momento. 

O staff político do presidente Jair Bolsonaro conhece bem tais eleitores, mas, daí a trazê-los para abraçar o seu projeto político é uma outra grande questão. Digo isso em relação à última Convenção do PL, realizada no último domingo, onde os discursos foram direcionados exclusivamente para tal público. Mas, afinal, quem é este público que está fazendo a diferença no eleitorado do ex-presidente Lula? Ele é formado pelas mulheres, os jovens e os pobres, de acordo com as conclusões do cientista político pernambucano, a partir dos dados colhidos por suas pesquisas. 

Há muitas leituras sobre o que ocorreu na última Convenção do PL, em alguns casos, leituras preocupantes, como a eventual probabilidade de dias sombrios de ampliação das dificuldades institucionais, que poderão agravar-se para o próximo 07 de setembro, quando os bolsonatistas prometem uma grande mobilização. Mas esta já é uma outra discussão. Importante frisar, neste momento, que apesar do assédio da campanha de Bolsonaro em relação a tais eleitores, eles se mantém fiéis ao projeto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT), o que pode significar sua volta ao Palácio do Planalto.   

Charge! Duke via O Tempo

 


segunda-feira, 25 de julho de 2022

Editorial: Enquanto PT e PDT batem cabeça, Capitão Wagner segue na liderança.



O Ceará é um dos Estados da Federação onde existe um franco fovoritismo do bolsonarismo chegar ao Governo do Estado. Não necessariamente pelo mérito dos bolsonaristas do Estado, mas, muito mais pelos graves equívocos que estão sendo cometidos pela aliança PT\PDT. Ancorado no apoio aos movimentos de policiais militares do Estado, o Deputado Wagner Souza Gomes(UB-CE), também conhecido como capitão Wagner, viu sua popularidade aumentar junto aos eleitores cearenses, colocando-o na liderança das pesquisas de intenção de voto. 

PT e PDT não conseguiram chegar a um acordo e ambos os partidos devem lançar seus próprios candidatos ao Palácio da Abolição. Havia uma expectativa de que se pudesse construir um consenso em torno do nome da vice-governadora Izolda Cela, filiada ao PDT, que substituiu Camilo Santana no Governo do Estado e vem realizando uma gestão bem-avaliada pela população cearense. Infelizmente tal consenso não foi construído e o diretório do PDT local, indicou o nome de Roberto Cláudio(PDT-CE) para a disputa, o que provocou uma ruptura do PT com o PDT, leia-se família Ferreira Gomes.  

Há um lance curioso nessa indisposição, a de que o PDT fez uma escolha orientada pelo machismo. Izolda foi a primeira mulher a ocupar o Palácio da Aboliação e, a rigor, seria de bom alvitre se continuasse no cargo, referendada pelas urnas. Em suas páginas nas redes sociais, o ex-governador Camilo Santana(PT-CE), que deve concorrer ao Senado Federal nas próximas eleições, lamentou bastante o episódio. Nos pareceu muito sincero. 

Só não entendi porque não conseguiram convencer Izolda Cela(PDT-CE) a disputar o cargo. O nome escolhido foi o do Deputado Estadual Elmano de Freitas. Não conheço a trajetória política do deputado Elmano, como também não existem pesquisas de intenção de voto realizadas com o seu nome como postulante, o que torna difícil uma previsão sobre as suas chances reais na disputa. Terá um bom padrinho político, o ex-governador Camilo Santana, mas não se sabe se isso seria suficiente para alavancá-lo na disputa.   

Editorial: Saiu a nova pesquisa IPESPE sobre a corrida presidencial


Acaba de sair uma nova pesquisa do Instituto IPESPE sobre a corrida presidencial de 2022. A pesquisa foi encomendada pela XP-Investimentos, uma corretora que enfrentou a fúria dos bolsonaristas na última vez que divulgou uma pesquisa financiada por eles. A pesquisa apresentava uma folgada dianteira do candidato do PT sobre Bolsonaro, o que acarretou inúmeros protestos nas hostes bolsonaristas, que ameaçaram, inclusive, deixar de fazer negócios com a corretora. Diante dos fatos, a XP resolveu recolher sua pesquisa. 

Por alguma razão, eles voltaram a reestabelecer tal parceria com o Instituto IPESPE, voltando a divulgar suas pesquisas. Hoje, 25\07, está sendo anunciada uma nova sondagem sobre a corrida presidencial para as eleições de 2022. Nela, Lula abre 08 pontos de diferença em relação ao candidato do PL, Jair Bolsonaro. Lula crava 44% das intenções de voto, enquanto Jair Bolsonaro pontua com 36%. Há uma grande expectativa em relação aos efeitos do Pacote de Bondades - traduzidos na PEC Kamikaze - sobre o comportamento do eleitorado em relação ao Governo. Nesta rodada de pesquisa, Lula perdeu um ponto, enquanto Bolsonaro ganhou um pontinho, consoante sondagem anterior do Instituto.  

A avaliação do governo, na realidade, vem melhorando alguns pontinhos preciosos, mas ainda não o suficiente para fazê-lo encostar no petista ou até superá-lo, conforme previsão do seu staff político. Já existe quem aposte que tal pacote de bondades não venha a surtir os efeitos demolidores sobre a liderança do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, na corrida presidencial de 2022. Ontem, durante a Convenção do Partido Liberal que homologou sua candidatura à Presidência da República, Jair Bolsonaro foi incisivo nas críticas ao candidato do PT. 

Há, ainda, muito chão pela frente até o dia 02 de outubro, mas alguns analistas políticos já estão antevendo o aumento da temperatura política em setembro, quando o bolsonarismo pretende colocar o bloco na rua com toda força, por ocasião das comemorações da Independência do Brasil. Os nervos de aço de nossas instituições democráticas deverão ser testados neste dia, em razão do delicado momento de crise institucional que o país atravessa.  

domingo, 24 de julho de 2022

Editorial: Os marimbondos da democracia



Alcançou grande repercussão nacional um discurso do ex-presidente José Sarney, na Academia Brasileira de Letras, por ocasião das comemorações dos seus 125 anos, onde ele é incisivo na defesa das instituições democráticas, considerando um dever pessoal defendê-la uma vez que foi um dos artífices da transição democrática. Nesses tempos bicudos que estamos vivendo, quando aparece um ator relevante do cenário político defendendo a democracia, o fato, em si, enceja grandes reconhecimentos. 

Na outra ponta, existe uma trupe de aventureiros que atentam contra ela cotidianamente, tentando minar seus alicerces. Nunca as nossas instituições democráticas foram tão atacadas, o que confere ao Brasil a condição de democracia mais ameaçada do mundo. Nosso tecido democrático nunca foi muito resistente, daí as insondáveis preocupações em torno do assunto. As desigualdades sociais e econômicas - que se ampliaram nos últimos anos - constituem-se num dos fatores que atentam de forma estrutural contra a nossa experiência democrática. 

É como se a democracia substantiva não desse o suporte necessário para a manutenção do edificio institucional da democracia política. Segundo um estudo do cientista político polonês, Adam Przeworski, dependendo da renda per capta da população, a possibilidade de um retrocesso político pode chegar a zero. O ex-presidente José Sarney é decano da academia criada pelo escritor Machado de Assis. É um daqueles nomes que entraram na academia muito em razão do seu capital político, que, certamente, teve um peso maior do que a sua produção literária. Em todo caso, seja lá de que quadrante vier, a defesa das instituições democráticas serão sempre bem-vindas.    

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: As revelações de Marília nas páginas amarelas de Veja

 

Crédito da foto: Tiago Calazans - Divulgação. 

A candidata ao Governo do Estado pelo partido Solidariedade, Marília Arraes, está nas páginas amarelas da revista Veja desta semana. A rigor, a matéria não traz grandes novidades, se entendemos que as questões estão se tornando repetitivas, como as indisposições dela com a família Campos, seus embates internos com a cúpula da legenda petista no Estado e, para ficar num tema mais palpitante, a sua relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT), sobretudo no atual contexto político do Estado, onde o morubixaba petista celebrou uma aliança com os socialistas locais, criando um embaraço para emprestar sua solidariedade e apoio a uma postulante que lidera todas as pesquisas de intenção de voto até este momento. A entrevista foi muito bem conduzida pelo jornalista Ricardo Ferraz. Quando falo de temas repetitivos aqui, a referência diz respeito àqueles temas que sempre acompanharam a trajetória política da deputada,como sua indisposição com segmentos da família Campos, por exmplo. 

A despeito das dificuldades do candidato do PSB, Danilo Cabral(PSB-PE), não se pode dizer que Lula deixou de cumprir, rigorosamente, seus compromissos com a coligação entre as duas legendas. Precisou engolir alguns sapos, mas são os ossos do ofício. Marília fala sobre este assunto - ou seja, como predente associar seu nome ao de Lula - com muita tranquilidade, pois, na sua avaliação, sempre ajudou e continuará ajundando o líder petista, com quem sempre identificou-se, até mesmo no momento em que o avô, Dr. Miguel Arraes, apoiou o ex-governador Anthony Garotinho à Presidência da República. 

Marília considera que sua saída do PT, inclusive, ajudou neste sentido, pois permitiu que o PSB indicasse um candidato da legenda, evitando complicações com a aliança, estratégica para Lula no plano nacional. Outra questão interesseante é quando ela rebate o adjetivo de arrengueira, atribuído a ela, informando tratar-se de um adjetivo que guarda um ranço de machismo. Não é improvável, minha cara Marília Arraes. Quando fala de sua briga com o ex-governador Eduardo Campos, ela atribui a indisposição ao fato de o ex-governador não desejar dividir o protagonismo da família Campos\Arraes na quadra política pernambucana. 

Editorial: O milagre da transferência de voto até com a ajuda do nosso senhor do Bonfim.

Crédito da foto: Facebook de Jerônimo Rodrigues

A revista Veja desta semana traz uma longa matéria sobre as dificuldades que a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio da Silva enfrenta, em alguns Estados da federação, com os candidatos estaduais identificados com aliança. Numa longa análise, a matéria enfoca as conjunturas políticas do Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e Pernambuco. Nesses Estados, em situações limites, espera-se que o ex-presidente Lula possa fazer o milagre da transferência de votos para os seus apoiadores. 

Apesar da inconteste liderança do ex-presidente em todas as pesquisas de intenção de voto, não se trata e uma tarefa simples. Numa recente visita de Lula ao Estado de Pernambuco, tudo pareceu conspirar para que essa tal transferência de voto não se materialize. Segundo um dos seus assessores, o melhor momento da visita foi quando eles tomaram o avião de volta, depois de submetidos a uma série de situações desagradáveis. O clima ficou tão pesado, que já se discute eventuais lavagem de roupa suja entre as duas legendas. 

Depois de um processo confuso de escolha, uma fadiga de material representada pelos 16 anos à frente do Palacio do Campo das Princesas e uma gestão mal-avaliada, Danilo Cabral ocupa a última posição na última pesquisa de intenção de voto. Na Bahia, a situação não é muito diferente. Lá, o neto de ACM Neto é o franco favorito a ocupar a cadeira de governador do Palácio de Ondina. Aparece com mais de 60% das intenções de voto, enquando o candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, mau conseque atingir os dois dígitos. 

Embora a presença de Lula naquele Estado tenha ocorrido de uma maneira mais tranquila, isso, igualmente, não signficou, efetivamente, transferênfia de votos, numa observação a partir de uma pesquisa divulgada logo em seguida, mas realizada durante o evento, salvo melhor juízo, pelo Instituto Paraná Pesquisas. Neófito na busca de votos, Jerônimo Rodrigues é um ilustre desconhecido para 74% do eleitorado baiano. Lula apresenta escores muito semelhantes aos de ACM Neto, mas,  como já discutimos por aqui, algo sugere que o eleitor baiano estaria disposto a votar no dois postulantes, rejeitando a opção Jerônimo Rodrigues. Pelo andar da carruagem política, nem mesmo com a ajuda do nossoS Senhor do Bonfim, essa situação talvez possa ser revertida.   

sábado, 23 de julho de 2022

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: A centrífuga política da polarização jogou Raquel para a terceira-via.



Antes mesmo de concluir seu mandato como gestora da cidade de Caruaru, no Agreste do Estado, a ex-prefeita Raquel Lyra(PSDB-PE) já aparecia no radar das eleições estaduais de 2022 como uma da jovem geração de gestores credenciados a ocupar o Palácio do Campo das Campos das Princesas, quebrando uma hegemonia de 16 anos de exercício do poder pelo PSB. À época, como liderava todas as pesquisas de intenção de voto até então realizadas, foi apresentada como uma espécie de "fenômeno eleitoral", tornando-se uma prioridade nacional nos projetos dos tucanos. 

Depois, com a crescente polarização produzida pela dinâmica das disputas políticas no plano nacional, aliada a outros fatores, ela foi, gradativamente, perdendo capilaridade na disputa, imprensada no pelotão de candidatos que almejam um lugar ao sol entre aqueles postulantes identificados com Luiz Inácio Lula da Silva(PT) ou com o presidente Jair Bolsonaro(PL). Embora o candidato Anderson Ferreira encontre-se igualmente embolado neste pelotão, teria, em tese, mais chances de tornar-se uma opção para aquele eleitorado que não vota no ex-presidente Lula e se identifica, no plano nacional, com o presidente Jair Bolsonaro. 

A tendência é que, no final, pelo andar da carruagem política, haja uma polarização entre um candidato identificado com o projeto de Luiz Inácio Lula da Silva e outro com o do presidente Jair Bolsonaro, que não tem poupado esforços em prestigiar seus apoiadores aqui no Estado. A centrífuga política da polarização jogou Raquel para a terceira via e ela não consegue sair dessa armadilha, sobre a qual teria muito pouca coisa a fazer, uma vez que se trata de uma variável em relação à qual ela não teria o menor controle.     

Editorial: A dura- mas não menos polida - resposta de Dilma Rousseff a Michel Temer



Alí pelo ano de 2013, quando começaram os primeiros movimentos que iriam desaguar no golpe institucional de 2016, todos os dias, através deste espaço, defendíamos o Governo legítimo da ex-presidente Dilma Rousseff(PT-MG). Ao fazê-lo, na realidade, estávamos defendendo as nossas instituições democráticas contra seus assediadores, remando contra essa maré de insensatez que nos atirou neste abismo. É um material importante, uma vez que aborda toda a trama política que culminou com a deposição da ex-presidente, através de um expediente de caráter duvidoso, referendado por instituições que não poderiam com ele concordar. Mas, isso já é uma outra discussão. 

O importante mesmo é que, passados os anos, um juiz chamado "tempo" tratou de restituir as verdades sobre aqueles fatos que corroeram nosso tecido democrático, produzindo os ingredientes de um ambiente político caracterizado por essa patologia proto-fascista, de graves consequências. Várias auoridades públicas que estiveram, de alguma forma, envolvidas com aqueles dias turbulentos, vieram a público para reconhecer que fora retirado um mandato legítimo, por motivação política, de uma presidente que se portava de forma republicana na condução dos negócios de Estado. Ou seja, foi e é honesta. 

Em outras palavras, foi uma gestora honestíssima, nas palavras do ex-presidente Michel Temer(MDB-SP), que assumiu depois da deposição da presidente. E, por falar em Michel Temer(MDB-SP), ele entrou em mais uma polêmica recente com a ex-presidente Dilma Rousseff(PT-MG), que foi traída por ele, a quem ela delegou a articulação política do seu governo. Todos sabem o que isso significou. Numa movimentação política inusitada e curiosa, especula-se que o ex-presidente estaria em negociações no sentido de substituir o nome da senadora Simone Tebet(MDB-MS), como postulante à Presidência da República, pela legenda emedebista. 

Numa entrevista recente, ele teria afirmado que a queda da ex-presidente teria se dado pela ausência de diálogo com o Congresso, pois se trata de uma gestora "honestíssima". A princípio, poderia se pensar que ele tentou ser diplomático com a ex-presidente, mas, a emenda saiu pior do que soneto. Numa resposta dura e inspirada, a ex-presidente informa que não gostaria que o senhor Michel Temer buscasse limpar sua condição de golpista em cima do reconhecimento de sua honestidade. O mais curioso desse embate é que os assessores de Lula estariam preocupados - nos parece que tão somente - com a repercussão do diálogo entre ambos, uma vez que poderia prejudicar as negociações políticas com a legenda emedebista, de olho nas eleições presidenciais de 2022.    

sexta-feira, 22 de julho de 2022

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Assessores já estariam recomendando a Lula não remar contra Marília.


Logo cedo, li uma matéria demolidora do jornalista Magno Martins, tratando da visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Estado. No texto, o jornalista enumera os inúmeros problemas - ou seriam trapalhadas? - dos organizadores pernambucanos do evento, tornando a visita um verdadeiro fiasco. Nem precisamos enumerar esses fiascos por aqui, porque a imprensa tratou de descrevê-los muito bem, tornando-o um episódio de repercussão nacional. Bem informado, o jornalista teve acesso a um dos assessores de Lula, que externou suas impressões sobre os problemas com a visita, assim como deixou vazar, em off, as conclusões do próprio morubixaba petista. 

O jornalista pode não ser muito simpático aos socialistas da terrinha, mas nada que atrapalhe o seu profissionalismo e seriedade, com uma grande credibilidade a zelar, por manter um dos blogs mais conceituados e acessados do Estado. Não deixa de ser emblemático o fato de um jornal da região sudeste, ao se referir ao assunto, sugerir que já existe, entre alguns assessores diretos de campanha, a possibilidade de recomendar a Lula a mudança de palanque, ou seja ele precisa deixar de remar contra a Marília (Ops! maré!). 

Lula cumpriu com denodo a sua missão aliancista. Por onde passou reafirmou o seu compromisso com o candidato oficial, Danilo Cabral(PSB-PE). Mas não foi suficiente para reverter, como disse no outro texto, a capilaridade e os padrões de relações orgânicas da ex-petista com a legenda e os movimentos sociais ligados ao partido. Até os integrantes da aliança, como a Deputada Estadual Teresa Leitão(PT-PE), que concorre ao Senado na chapa, e Doriel Barros,Presidente do PT no Estado, escorregaram no ato falho e mencionaram o nome da candidata do Solidariedade durante suas falas, para delírio da platéia. 

É pouco provável que Lula volte ao Estado, assim como é pouco provável que sua presença tenha trazido bons dividendos eleitorais para o candidato oficial da aliança. A conclusão mais óbvia é que ele está só. Durante discurso no Classic Hall, o prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), no final de sua fala, deixou de pedir votos para o candidato Danilo Cabral. Outra ausência notada foi a da ex-primeira-dama do Estado, Renata Campos, que não acompanhou a comitiva.