pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : agosto 2022
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quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Editorial: O leitor começa a prestar atenção na terceira-via. Seria um pouco tarde?

 

Foto: Divulgação
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Há pouco tempo, li, no site da revista Veja, uma matéria do jornalista Matheus Leitão, analisando os dados de uma pesquisa de intenção de voto, realizada pelo Instituto Quaest\Genial, divulgada no dia de hoje, 31,  onde ele observa um ligeiro crescimento do candidato Ciro GomesPDT), que pulou de 5% para 8%, antevendo que tal fato criaria algumas dificuldades para as ambições de Luiz Inácio Lula da Silva(PT) vencer as eleições presidenciais ainda no primeiro turno. Se nos permite, Matheus, a culpa não seria apenas do Ciro, mas, pelo andar da carruagem política e dos dados agora revelados pela pesquisa do IPESPE\XP, da chamada terceira-via, neste caso em particular, representada pelas candidaturas de Ciro Gomes e da senadora Simone Tebet(MDB). 

Nesta última pesquisa, a senadora foi quem teve o melhor desempenho em termos de crescimento, ou seja, pelo próprio instituto, pulou de 2% para 5%. Muitos analistas já teriam jogado a toalha em relação a uma eventual viabilidade política da terceira-via. A esta atura do campeonato político, os ânimos tendem a acirrar-se, a temperatura da campanha esquentar, o que apenas contribuiria para reforçar a centrífuga política da polarização. Uma outra avaliação é que não haveria mais tempo para a uma eventual reação da terceira-via, envolta em inúmeras dificuldades desde o início da trajetória. 

Mesmo assim, ainda há aqueles que acreditam, a exemplo do cientista político Bolívar Lamounier, que afirmou recentemente que Simone Tebet poderá ir para o segundo turno das eleições de outubro. Aparentemente, ninguém deu muito atenção para a avaliação do grande cientista político, dado o caráter inusitado de sua observação. Pelo sim pelo não, porém, não deixa de ser curiosa as mobilizações de lulistas e bolsonaristas, pelas redes sociais, tentando desconstruir a imagem dos candidatos Ciro Gomes(PDT) e Simone Tebet(MDB). Amanhã teremos a divulgação da pesquisa do Instituto Datafolha, uma espécie de "média ponderada" entre os dados dos outros institutos. 

Editorial: Paraná Pesquisas aponta empate técnico entre Lula e Jair Bolsonaro.


Ouvido a respeito sobre se participaria dos próximos debates entre os candidatos que concorrem à Presidência da República, o presidente Jair Bolsonaro(PL), naquele jeito espontâneo de falar, afirmou que iria sim, sem nenhum problema. Uma atitude muito tranquila, para quem enfrentou alguns tropeços, durante o debate da Rede Bandeirantes, justamente em relação a um nicho eleitoral onde o candidato enfrenta algumas dificuldades: o eleitorado feminino. Bolsonaro, como se sabe, tem um temperamento difícil de ser contido pelas  regras do politicamente correto do marketing eleitoral. Saiu um pouco amuado do debate da Band e seria previsível que sua assessoria, quem sabe, até o aconselhasse a deixar a poeira baixar. 

Surpreendentemente, ele conseguiu a proeza de manter-se calmo e de sangue frio durante a entrevista concedida ao Jornal Nacional. A discussão com a jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura,  e suas referências à senadora Simone Tebet(MDB-MS), durante o debate da Band, não repercutiram muito bem e foram bastante exploradas pelos adversários. Segundo algumas análises, Bolsonaro acabou dando o mote para o crescimento das candidaturas femininas nesta campanha. Até Lula andou tirando uma casquinha afirmando, em vídeo que circula nas redes, que ele, Bolsonaro, não gosta de mulher. 

A tendência, de fato, é que as mulheres candidatas melhorem seu desempenho, mas não o suficiente para mexer na bolha impenetrável da polarização, até porque não haveria tempo suficiente para isso até dois de outubro, salvo por algum tsuname de última hora. Numa entrevista recente, o Ministro-Chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, uma espécie de Primeiro-Ministro e principal assessor político do presidente Jair Bolsoanro, afirmou que o Planalto já teria informações dando conta de que Lula e Bolsonaro estariam empatados e até o 07 Setembro o presidente já apareceria à frente do petista. 

Uma pesquisa divulgada hoje, realizada pelo  Instituto Paraná Pesquisas, confirma tal otimismo do senador Ciro Nogueira, observando um empate técnico entre ambos. Não há muito coisa a ser dita, exceto pelo que se discute por aqui cotidianamente, ou seja, as dificuldades do petista com alguns nichos eleitorais, alguns equívocos estratégicos de campanha, o recrudescimento de interesse, junto ao eleitorado, de temas delicados, como a corrupção. Pelo lado do Governo, os bons ventos que sopram do ponto de vista da  condução da política econômica, como a deflação, criação de empregos, redução do preço da gasolina e, naturalmente, os bons resultados do pagamento de benefícios sociais, como o Auxílio Brasil. 

Depois de um certo período, boa parte dos institutos de pesquisa passaram a identificar uma melhoria da avaliação do Governo em suas séries históricas de levantamentos  e isso, naturalmente, iria se refletir nas intenções de voto. Bolsonaro já supera Lula em São Paulo e no Rio de Janeiro. Até recentemente, teria firmado um acordo com Romeu Zema(Avante), governador de Minas Gerais, para o segundo turno das eleições presidenciais. Mesmo no Nordeste, tradicional reduto eleitoral petista, a tendência é que Bolsonaro reduza essa diferença, pois aqui se concentra o grosso dos beneficiários dos programas federais. Pouca coisa o adversário pode fazer em relação a isso.

Lula: 41%

Bolsonaro 37,1%   

terça-feira, 30 de agosto de 2022

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Uma "normalidade" preocupante



Os leitores que nos acompanham já devem ter reparado que faz algum tempo que não postamos nenhuma matéria sobre as eleições estaduais de 2022 em Pernambuco. Aqui na província pernambucana andam ocorrendo algumas coisas esquisitas, como a prática de interditar, junto às autoridades eleitorais, a divulgação de algumas pesquisas de intenção de voto. Iniciativas que partem, sobretudo, de candidatos não estão bem posicionados nos índices de intenção de voto. O resultado é que já faz algum tempo que não temos informações precisas sobre como anda o ritmo da competição para o Governo do Estado. 

As informações são as mesmas desde o início da campanha, ou seja, a candidata do Solidariedade, Marília Arraes, lidera todas as pesquisas desde que se lançou candidata, seguida de um pelotão de candidatos empatados, que aspiram se sobressair no grupo, levando a eleição para uma disputa de segundo turno polarizada entre ela e o sobrevivente desse pelotão. Até recentemente, um pool de emissora de rádio organizou um debate entre os postulanrtes ao Palácio do Campo das Princesas, mas foi um debate marcado por vários atropelos, arengas entre os candidatos e, principlamente, a ausência da principal concorrente. Ou seja, a rigor, não atingiu os objetivos esperados de um debate efetivo, como o realizado pela Bandeirtantes, mais recentemente, entre os postulantes à Presidência da República.

De um debate como aquele, pode-se extrair vários indicadores de temas importantes, de interesse do público - como a questão da corrupção, que voltou à baila - desempenho dos candidatos, tropeços,  propostas de governo e prepara para assumir o Palácio do Planalto. Um debate como o da Band pode produzir mudanças significaivas na orientação do voto do eleitorado. Isso poderá ser aferido na quinta-feira, quando o Instituto Datafolha deverá estar divulgando sua nova pesquisa de intenção de voto, já com a repercussão da entrevista dos candidatos ao Jornal Nacional e o próprio debate da Band. 

E, por falar em institutos de pesquisa, convém esclarecer que as pesquisas aqui no Estado - essas que estão sendo questionados por alguns candidatos - são realizadas por institutos de pesquisa criados recentemente. O simples fato de serem institutos com atuação recente no mercado não invalida seus resultados. Convém deixar isso claro, embora, igualmente, entenda-se a prerrogativa de os candidatos conhecerem, em detalhes, os procedimentos utilizados por esses institutos na realização das mesmas. Aliás, isso interessa aos candidatos, assim como a própria Justiça Eleitoral.       

Editorial: Pesquisa do IPEC indica uma "estabilidade' na disputa presidencial.


Confesso que fiquei um pouco decepcionado com essa nova pesquisa do Instituto IPEC, divulgada no dia de ontem, 29\08, com os índices de intenção de voto dos candidatos que disputam as eleições presidenciais de 2022. Não por ser do Instituto, naturalmente, por saber tratar-se de um órgão de pesquisa de grande espertise, credibilidade e seriedade. A decepção se dá em relação aos índices apresentados sobre o desempenho dos candidatos, reproduzindo os mesmo escores de uma outra pesquisa do Instituto, de 15 dias atrás. 

A julgar por esses números, nada de novo ocorreu desde então e teremos uma eleição praticamente já definida, ou seja, os índices do IPEC - ex-IBOPE - nos remetem a uma estabilidade desconfortante, sobretudo em razão dos acontecimentos dos últimos dias, como a entrevista dos candidatos ao Jornal Nacional, o debate promovido pela Rede Bandeirantes de Televisao, sem falar na saia justa dos tropeços dos principais competidores, assim como o protagonismo que podem assumir as candidaturas femininas, alavancadas pelas atitudes misóginas dos candidatos homens. 

Por trazer alguns indicadores ou tendências novas, vou arriscar aqui um palpite: A pesquisa do FSB\BTG, apesar do Instituto não possuir o mesmo status do IPEC, assumiu maior importância e relevância entre os formadores de opinião. Nela observa-se, por exemplo, um crescimento das candidaturas da chamada terceira-via, protagonizada por Ciro Gomes e Simone Tebet, do MDB, com uma grande perspectiva de crescimento, ancorada na simpatia do voto feminino. Há, igualmente, uma ligeira queda de dois pontos nos índices do candidato Luiz Inácio Lula da Silva(PT), que já teria uma agenda com governadores e ex-governadores para discutir o tema segurança pública, segundo dizem, numa tentativa de afastar o tema da corrupção da pauta das eleições de outubro.    

Charge! Duke via O Tempo

 


Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Editorial: A briga nos bastidores do debate da Band.

 

Crédito da Foto: Lucas Barros Teixeira, UOL. 


O clima ficou pesado nos bastidores do debate organizado pela Rede Bandeirantes de Televisão. Difícil dizer aqui como o clima esquentou entre o ex-candidato à Presidência da República, André Janones, e um grupo de bolsonaristas, que incluiam o filho do presidente, Carlos Bolsonaro, o ex-minitro do Meio-Ambiente, Ricardo Salles e o ex-presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo. O desentendimento teria ocorrido logo após a fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, respondendo a Jair Bolsonaro sobre o tema corrupção.  

André Janones, como se sabe, depois que resolveu integrar-se à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu a coordenação das mídias digitais do PT, que, aliás, tomou um grande impulso depois que ele assumiu esta função. André Janones é um fenômeno nas redes sociais, equilibrando o jogo onde o candidato do PT tinha sérias dificuldades. Nesta condição, não seria de se estranhar as suas indisposições com os bolsonaristas. As trocas de farpas foram duras e quase se chagava às vias de fato, impedida pela turma do deixa disso e seguranças da emissora.  

Bastane familizarido com as redes sociais, Janones não tem medido esforços para reforçar a campanha do petista pelas mídias sociais. Claro que isso iria gerar, naturalmente, alguns pontos de conflitos com os bolsonaristas, que utilizam essa ferramenta como um dos grandes trunfos de campanha. Neste batalha digital, Janones tem acumulado alguns êxitos, para o desconforto dos bolsonaristas, que reinavam quase que absolutos neste terreno.    

Editorial: Mudanças de estratégias à vista entre os candidatos que lideram a corrida presidencial

Crédito da foto: Agência Senado e PDT Nacional - Divulgação. 


Ainda lendo ou ouvindo inúmeros elogios à Rede Bandeirantes de Televisão em relação ao debate magnífico que realizou na noite de ontem. Um dado alvissareiro é que todo o esforço emprendido pelo pool de emissoras de TV, rádio, portais e jornais liderado pelo emissora foi contemplado com uma estupenda audiência, que conferiu à Band a liderança absoluta durante a transmissão do programa. O Youtube, outro parceiro da emissora, superou todas as expectativas de audiência em transmissão simultânea, alcançando picos de 1,8 milhões de expectadores. 

As buscas no Google no momento do debate, se concentraram em assuntos ali discutidos entre os candidatos, ultrapassando outras buscas aleatórias. Um êxito total e a gente fica feliz quando algo construído com grande esforço atinge seus objetivos. As pessoas acompanharam o debate e se interessaram - e muito - por temas caros à população e à gerência dos negócios de Estado, como a corrupção. Aliás, o debate também produziu algumas situações curiosas, de candidatos que acabaram se queimando com segmentos do eleitorado que precisavam conquistar, como Bolsonaro em relação às mulheres. 

Lula, em relação à corrupção, que ele não soube responder a Bolsonaro e ainda tomou uma invertida de Simone Tebet, quando tentou fazer uma média com ela de olho num eventual apoio futuro, no segundo turno das eleições. A terceira-via ainda não teria muitos motivos para comemorar, mas, pontualmente, ainda pode alimentar alguma expectativa de um desempenho menos vexatório na campanha. A pesquisa do FSB\BTG, publicada hoje e portanto já incorporando a impressão, junto aos eleitores, sobre o desempenho dos candidatos nas entrevistas do Jornal Nacional, traz boas notícias para Ciro Gomes(PDT) e Simone Tebet(MDB). Ambos melhoraram seus índices nesta pesquisa. Jair Bolsonaro e Lula que se cuidem. Ciro oscilou de 6% para 10% e Simone Tebet de 3% para 4%.  

Difícil afirmar qual será a recomendação de sua equipe política daqui para frente. Há condições para deixar de ir aos debates, sobretudo em se sabendo que o tema passou a ter um grande interesse do público eleitor, a julgar pela audiência da Band durante este primeiro evento do gênero nesta eleição? Se vai ao debates, teria que ser no modo "fora de si", ou seja, um Bolsonaro calminho, como ocorreu no Jornal Nacional. Lula, por sua vez, precisa de uma resposta mais convincente quando instigado a abordar temas como a corrupção nos Governos da Coalizão Petista. 

Editorial: Debate da Band - uma análise

 


O jornal Folha de São Paulo, durante o debate da Band, realizou uma pesquisa qualitativa em tempo real com 60 pessoas que expuseram suas opiniões sobre a performance dos candidatos presidenciais. Por essa avaliação, a candidata Simone Tebet, do MDB, saiu-se melhor, enquanto o presidente Jair Bolsonaro(PL) teria apresentado o pior desempenho. Curioso que a pesquisa foi realizada entre eleitores indecisos, que, possivelmente, já se inclinariam a votar na candidata. Quem acompanha o Blog Contexto Político sabe bem de nossa opinião sobre a candidata Simone Tebet. Preparada, experiente, sensível, idônea, poderia, de fato, dar uma contribuição importante para o país no exercício da Presidência da República. 

Por outro lado, sua condição na disputa - como alternativa de terceira-via - é bastante complicada do ponto de vista da competição, marcada por uma polarização política que muito dificilmente será quebrada. O cientista político Bolívar Lomounier, no entanto, tem uma opinião diferente deste editor e acredita que ela irá remexer o coreto da disputa, habilitando-se para o segundo turno das eleições presidenciais. Trata-se de uma aposta alta, mas não se pode negar que ela esteve muito bem no debate de ontem e isso poderá produzir seus reflexos na campanha da candidata. Talvez não nas dimensões em que Bolívar Lamounier prognostica. 

Simone se colocou muito bem entre os dois principais concorrentes, balizando-se pelo tema da corrupção e do tratamento respeitoso às mulheres. Bolsonaro, por maior que tenha sido o esforço de sua assessoria política, voltou a estar em si, não controlando seus impulsos e um certo descontrole emocional. Foi infeliz na resposta a jornalista que lhe dirigiu uma pergunta, colocando-o numa condição delicada não apenas para o debate, mas diante do eleitorado feminino que a campanha faz um esforço enorme em recuperar. 

Simone conta com nosso respeito e admiração, mas, na realidade, quem venceu o debate foi o cearense Ciro Gomes, do PDT, em nossa modesta opinião. É o mais preparado, aplicado, aquele que tem propostas concretas para o enfrentamento dos principais gargalos do país. É capaz de apontar, com riqueza de detalhes, os graves equívocos cometidos na gestão da coalizão petista, assim como na gestão do atual presidente, Jair Bolsonaro. Quanto a Lula, a própria assessoria considera que sua participação no debate não foi das melhores. Na nossa opinião, ele esteve irreconhecível, adotando um comportamento exageradamente comedido, possivelmente em razão das recomendações da assessoria, que ele resolveu seguir para além da risca. Com isso, pareceu acuado, na defensiva, sem brilho, encaracolado com o tema caro da corrupção. Lula não esteve bem. Em certo momento, pareceu até displicente. Um pouco antes do debate, indicou à jornalista que o entrevistou que gostaria da presença de mais candidatos. No final, observou que muitos candidatos atrapalham.(?)      

Editorial: O tema da corrupção volta a assombrar as eleições presidenciais de 2022



Nas eleições presidenciais de 2018 o tema da corrupção esteve na ordem do dia, dando uma excepcional contribuição à vitória de Jair Bolsonaro(PL). À época associada aos escândalos de corrupção ligados ao Partido dos Tralhadores, tal tema foi bastante explorado pelo adversário de Fernando Haddad, então candidato do PT à Presidência da República. O antipetismo passou a ser sinônimo de anticorrupção. Com o tempo, o tema foi perdendo em importância - afinal temos tantos problemas - sobretudo porque o eleitor minimamente consciente compreedeu que, no Brasil, por se tratar de problema estrutural, nenhum governo pode afirmar estar imune a essas ocorrências. Vocês querem coisa mais escandalosa do que esse tal de "orçamento secreto"?

A liderança de Luiz Inácio Lula da Silva(PT) em todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento para as eleições de 2022, assim como a sua anistia pelos cortes judiciais, já se constituia num grande indicador de que, de fato, este poderia não ser um tema capaz de exercer uma influência tão significativa nas eleições de 2022, como ocorreu em 2018. A julgar pelas preocupações dos eleitores em relação a este assunto, a partir do debate promovido pela Rede Bandeirantes de Televisão, no dia de ontem, talvez devêssemos colocar as barbas de molho. Ou melhor, os senhores candidatos talvez devessem colocar as barbas de molho. 

Difícil dizer porque este tema voltou a assombrar os eleitores que deverão ir às urnas em 02 de outubro. Na realidade, trata-se de um tema muito sério - e caro aos interesses públicos e republicanos - que jamais deveria ter sido negligenciado - se é que de fato foi em algum momento. É possível que uma exposição maior do tema - suscitado pelos candidatos através dos debates ou programas de entrevistas, tenham contribuído para, digamos assim, reavivar o tema e colocá-lo na ordem do dia. Outro fator que pode estar contribuindo é o início da propaganda política através das redes de rádio e televisão, onde esse tema vem sendo explorado.    

Editorial: Afinal, quem ganhou o debate da Band



Conforme já expusemos por aqui em outras oportunidades, acompanhar um debate político assume, para este editor, uma importância singular. Como disse outro dia, é a primeira coisa que consulto pela manhã, em nossas mesa de trabalho. Muitas horas antes do começo, estava sintonizado à Band News, observando todos os bastidores do debate, que teve seu início oficial às 21h:00. Isso nos permitiu, por exemplo, acompanhar as avaliações iniciais do cientista politico Fernando Schüller, antes mesmo de ele chegar aos estúdios da emissora. Há 40 anos realizando esses debates, a emissora Band assume uma responsabilidade incomensurável com o seu público e os órgãos parceiros, como o Google, o Youtube, TV Cultura, Folha de São Paulo, UOl, Metrópoles, entre outros. 

Havia uma grande ansiedade acerca da presença de todos os candidatos convidados, logo entrevistados ao chegarem aos estúdios da emissora. Como alguns deles haviam se mostrado reticentes em torno do assunto, durante toda a semana, a ansiedade permaneceu até todos adentrarem aos estúdios da emissora, o que se constituiu num alívio para os organizadores. Na realidade, o grande vencedor do debate da emissora é sempre a democracia, como observou o diretor de jornalismo da emissora Fernando Mitre. Mitre, inclusive, fez questão de lembrar que há 40 anos a emissora transmitia um debate especial, o primeiro depois do processo de redemocratização do país. 

Logo depois do debate, a Band transmitiu o seu programa de entrevistas, o Canal Livre, com a presença do cientista político pernambucano, Antonio Lavareda, que fez uma análise, como sempre, bastante apurada sobre o debate. Segundo a avaliação de analistas e do próprio público, pelas redes sociais, a grande vencedora do debate foi a senadora Simone Tebet, do MDB, por sua postura firme em defesa das mulheres e, principalmente, pelo confronto direto com os candidatos Lula e Bolsonaro, tendo como mote o tema da corrupção. Aliás, a questão da corrupção - que já parecia ser um tema que havia caído no esquecimento da população - voltou com toda a força durante este debate e vai ter reflexos decisivos nessas eleições presienciais.     

domingo, 28 de agosto de 2022

Editorial: Um Bolsonaro "fora de si" no Debate da Band?



O conteúdo de Bolsonaro irá se manter o mesmo e pouco coisa se pode fazar em relação a isso. Mas, em relação à forma e embalagem, essa a sua assessoria política está apta a proceder mudanças substantivas, como, aliás, parece que vem atuando bastante neste sentido. Desde longas datas, acompanho as análises - sempre muito lúcidas - do jornalista Josias de Souza, hoje no Portal UOL. A melhor observação sobre a participação de Jair Bolsonaro no Jornal Nacional partiu deste grande jornalista, que cravou uma frase sintomática sobre aquela participação, considerando que ele saiu ileso e estava "fora de si", ou seja, fez um esforço tremendo para não sair da linha e mostrar-se o verdadeiro Bolsonaro, de pavio curto. 

Um controle emocional fora do comum, que não perdeu a calma nem quando foi instigado por Renata Vasconcelos no tocante aos problemas da Pandemia da Covid-19. Segundo a avaliação do jornalista, Bolsonaro saiu ileso daquela entrevista, quando seus opositores apostavam num desastre. Também concordamos com o jornalista. Mesmo tratando de temas nevrálgicos - como pandemia, meio ambiente, corrupção - ele manteve a compostura e cumpriu um script muito bem traçado por sua assessoria política. Ele informou que não, mas o jornalista suspeita de que houve, sim, um treinamento. No geral, ele foi muito bem, daí se entender que seria mais prudente passar uma régua no assunto.  

Hoje, no entanto, me deparo, em suas redes sociais, com uma série de postagens tratando do assunto, com críticas do presidente à forma como foi tratado pela emissora dos Marinhos. É um fato que Lula recebeu um atestado de idoneidade logo na abetura do programa, distinção que nenhum outro recebeu. A Globo teria feito uma mea-culpa em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Talvez tenha sido isso que o desagradou bastante. De temperamento explosivio, a grande questão é se ele irá manter o sangue frio logo mais durante o debate entre os candidatos presidenciais. Vale dá uma conferida.  

Editorial: Datafolha mais aguardada deve sair na quinta-feira.

 


As pesquisas do Instituto Datafolha, conforme já enfatizamos em inúmeras ocasiões, constituem-se numa espécie de "parâmetro" entre os demais institutos de pesquisa, assim como para a mídia, assessoria de campanha dos candidatos, formadores de opinião e o mercado. Uma pena que sejam divulgadas tão tarde, causando uma grande ansiedade no público. A próxima pesquisa do Intituto, com as intenções de voto para a Presidência da República, deve sair na quinta-feira, dia primeiro. Nese mesmo dia, este editor inicia um curso sobre O Que Ler Para Entender o Brasil, pela Universidade Federal de Santa Catarina, aguardado com grande expectativa, mas não maior do que a pesquisa do Datafolha.  

Alguém já disse que este país não é para amadores e a nossa experiência de vida apenas confirma este vaticínio. Esta nova pesquisa do Instituto Datafolha traz alguns fatos novos, como a repercussão e os reflexos das exposições dos candidatos na bancada do Jornal Nacional. Creio que ainda não seja possível observar o impacto da campanha eleitoral oficial pelo rádio e televisão, que começou apenas mais recentemente. Durante o intervalo de uma semana, muita água rolou no rio da campanha eleitoral de todos os aspirantes ao Palácio do Planalto. 

Impressiona o "volume" de campanha de Jair Bolsonaro, a julgar pela Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos - onde o PDT questina, junto à Justiça Eleitoral, o comício do presidente - assim como as mobilizações no interior da Bahia, mais precisamente em Feira de Santana. Em Barretos compreende-se, pois ele estava em seu reduto, dialogando diretamente com os apoiadores mais renhidos. As moblizações da Bahia, reduto tradicional petista, surpreendeu, em parte, este editor. 

Segundo algumas pesquisas, até na Bahia ele começa a diminuir a diferença em relação ao candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. A Bahia é o quarto colégio eleitoral do país e não pode ser desprezado. Bolsonaro já supera Lula em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em Minas Gerais, o quadro ainda é favorável ao petista, mas se constitue numa questão de honra para os bolsonaristas virarem o jogo eleitoral naquela quadra, de uma importância estratégica - e simbólica - considerável. 

Lula, por sua vez, segura a sua liderança. Se o Jornal Nacional terá alguma repercussão, esta seria bastante positiva para o petista, que se saiu excepcionalmente bem. Seu staff de campanha, hoje, foca mais no eleitor de classe média - por algum motivo insatisfeito com a gestão de Bolsonaro - e, sobre os evangélicos - que se constitue noutro grande gargalo de campanha - eles vão apostar que o voto do rebanho se dê não pela fé, crença ou valores, mas pelas condições econômicas, o que pode se constituir num grande equívoco. Não à toa, sua esposa Janja - numa exploração profundamente desagradável dos advesários - aparece num terreiro de Candomblé, onde se insinua uma espécie de culto ao "demônio". Não precisamos comentar sobre os objetivos dessa insinuação.       

Editorial: Tudo pronto para o primeiro debate entre os candidatos que concorrem à Presidência da República.

Crédito: André Luiz Dias Gonçalves


Logo mais, às 21h:00, um pool de emissoras de rádio e televisão realizam o primeiro debate entre os candidatos que concorrem à Presidênfia da República nas eleições de outubro. Certamente, não teremos aquelas cenas mais engraçadas de outrora, pois os debates televisivos - justamente para evitar as tiradas dos concorrentes e as manifestações da platéia - criaram essa regras engessadas e burocráticas, com tempos rígidos, que muito contribuem para deixá-los menos atraentes. 

Não se conseguiu contornar o problema sem que os debates perdessem em alguns aspectos interessantes. Por outro lado - aquela sua verdadeira finalidade, ou seja, a de que o eleitor e a eleitora possam conhecer as propostas dos candidatos e fazer suas escolhas conscientes - essas continuam perenes. Em razão disso é que preocupou o fato de os primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto demonstrarem alguma reticência no tocante à sua presença ou não neste primeiro debate. 

Felizmente, essa questão já foi superada e ambos, Jair Bolsonaro(PL) e Luiz Inácio Lula da Silva, já confirmaram as suas presenças no debate de logo mais. Apenas para não deixar de critcar essas regras 'engessadoras", no debate realizado pela emissora com os candidatos que concorrem ao Governo do Rio Grande Sul, existia tantos candidatos que acredito que não comportaria ser apresentada a bancada completa. A solução foi chamar um a um num púlpito improvisado. Tornou-se ainda mais chato.    

sábado, 27 de agosto de 2022

Editorial: Para o bem da democracia, Lula e Bolsonaro estarão juntos no debate da Band.




Para o bem da democracia, os dois principais concorrentes ao Palácio do Planalto estarão juntos no debate presidencial promovido pela Rede Bandeirantes de Televisão, que ocorrerá amanhã, domingo, dia 28. Ambos haviam demonstrado algum grau de incerteza em relação ao assunto. Em princípio, Lula confirmou sua presença, mas sua assesoria informou que ele poderia mudar de ideia consoante a posição de Jair Bolsonaro. Em relação a Jair Bolsonaro, o grau de incerteza foi ainda maior, gerando uma grande confusão em torno do assunto. No dia de ontem, porém, depois de uma entrevista concedida a rádio Jovem Pan, ele acabou admitindo que deverá ir ao debate, embora saiba que será massacrado. 

Não é improvável - por razões óbvias - que o seu prognóstico se materialize, em razão de que todos os demais concorrentes desejarem tirar uma casquinha do atual governante. É natural que ele seja a vidraça. Como ele vem melhorando seus escores nas pesquisas de intenção de voto, sua assessoria política chegou a considerar a possibilidade de ele não comparecer ao debate, o que signficaria, convenhamos, um desserviço à democracia. Felizmente, o problema está sanado e ele já teria as perguntas prontas para dirigir aos seus oponentes. 

Não é incomum que nos debates se estabeleçam algumas alianças pontuais, como um candidato que deixa de fazer perguntas embaraçosas a um concorrente que ele possa a vir apoiar num eventual segundo turno, assim como o principal concorrente escolher um candidato sem chances, apenas para não dar ibope a um concorrente real. Lula, por exemplo, deve fazer uma média ponderada com Ciro Gomes, do PDT, mas convém tomar as precauções necessárias com uma pessoa tão bem-preparada. Os debates, como se sabe, para evitar eventuais confrontos diretos e mais incisivos entre os candidatos, criaram regras que acabaram por engessar o processo. Não conseguiram criar regras que conjugassem a disciplina e a moderação entre eles e o entusiasmo dos embates diretos. Infelizmente. Mas vamos ao debates, que se constituem num grande auxílio para o eleitor fazer suas escolhas de forma mais consistente.  

Editorial: Você já viu alguém pedindo pão?

 



Por vezes, o presidente Jair Bolsonaro comete alguns equívocos imperdoáveis, como este último, durante uma entrevista a Rádio Jovem Pan, quando questionou os milhões de brasileiros e brasileiras que passam fome. Logo, preocupada com a repercussão negativa da declaração - sobretudo nessa fase da campanha - sua assessoria tratou de conversar com ele a esse respeito, no sentido de que ele pudesse corrigir, espera-se que a tempo, o grave equívoco de sua afirmação. Na realidade, são 33 milhões de brasileiros que pedem um pão e basicamente o dobro que vivem na condição de insegurança alimentar no país, ou seja 61 milhões. 

Até recentemente, pessoa ligada a um órgão federal andou trazendo alguns questionamentos a esse respeito, em contraposição aos dados apresentados pela Fundação Getúlio Vargas. O fato gerou algumas polêmicas, mas só isso. A realidade brasileira, aliás, salta aos olhos daqueles que não se recusam a enxergá-la, como o Padre Júlio Lancelote, por exemplo, que afirmou que convive com gente pedindo pão todos os dias. Os índices da Fundação Getúlio Vargas indicam que nunca o país empobreceu tanto quanto em 2021, se considerarmos a série histórica de pesquisas daquela Instituição realizadas nos últimos dez anos. 

Não deixa de ser curioso - e igualmente preocupante - o fato de que os números dos que passam fome no país corresponde ao mesmo escore daquele contingente que saiu da extrema pobreza nos Governos da Coalizão Petista. Parece que estamos diante de uma espécie macabra de efeito bumerangue. Estudando o tema desde a década de 30 do século passado, o sociólogo pernambucano Josué de Castro deve estar se remexendo na tumba, depois de uma estultice dessas, ditas por alguém que não poderia ignorar esses fatos.   

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Editorial: Vamos ouvir Simone Tebet? É hoje no Jornal Nacional



Há tantas informações desencontradas em torno da presença ou não do presidente Jair Bolsonaro no debate do próximo domingo, dia 28, na Rede Bandeirantes, que já começamos a sugerir a possibilidade de alguma  "facada" - com a permissão dos bolsonaristas - em torno do assunto. Se for verdade, ele manterá o suspense até às últimas horas. Mas, nem tudo são dúvidas e inquietações. Logo mais, a partir das 20h:30 está programada a presença da candidata do MDB, Simone Tebet, no Jornal Nacional. Com uma candidatura que contou com inúmeros atropelos e entrou na disputa já um pouco tarde, Simone Tebet, assim como Ciro Gomes, tenta quebrar uma polarização praticamente consolidada entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores. 

É uma dinâmica competitiva que praticamente não permite espaço para o surgimento de outros nomes na disputa. Isso fica evidente em algumas manifestações pelas redes sociais, onde alguns eleitores assinalam que reconhecem o preparo de Ciro, mas votarão em Lula. Ciro disputa as eleições presidenciais pela quarta vez sem conseguir encontrar o timing correto para construir uma despolarização. Alguns amigos já anteciparam que poderão votar nele no primeiro turno, mas, e no segundo turno, quando precisarem optar entre Lula e Bolsonaro? A batalha para a candidata Simone Tebet(MDB) é ainda mais dura, pois suas dificuldades são ainda maoires. 

Não tenho uma opinião formada sobre como ela irá se comportar durante a entrevista. É uma incógnita. Talvez apontar, como fez Ciro, os problemas inerentes aos dois candidatos que lideram as pesquisas? Enfatizar o fato de ser uma mulher que estará disputando o  cargo? Enfim, vamos acompanhar a candidata que se trata de uma pessoa séria, idônea, capaz, que muito poderia contribuir para o país na condição de presidenta. Simone Tebet ostenta algo em torno de 3% das intenções de voto. O cientista político Bolívar Lamounier antecipu que ela poderia virar esse jogo e ir para o segundo turno. Ninguém apostou muito nessa tese de Bolívar,mas, se, de fato, ela pode virar esse jogo, tal virada começa logo mais durante sua entrevista ao JN.    

Editorial: Afinal, Jair Bolsonaro vai ou não vai ao debate da Bandeirantes?


Nossa torcida é que sim, em nome da convivência democrática, do debate de ideias, das boas práticas republicanas, que impõe que os candidatos que disputam um cargo público possam habilitarem-se a discutir suas ideias, suas propostas, credenciando-se junto aos eleitores, para a condução dos negócios de Estado. Embora nem sempre isso ocorra - pois a decisão do voto se dá por múltiplos fatores - na realidade, os eleitores deveriam escolher através dessas variáveis. Um dos grandes trunfos do êxito da entrevista de Lula ao Jornal Nacional está relacionado exatamente a isso, ou seja, ele confirmou que está apto a voltar a ocupar a cadeira de presidente no Palácio do Planalto. 

Não decepcionou seus eleitores mais renhidos, assim como deve ter causada uma boa impressão em relação ao eleitorado ainda indeciso, aquele qua ainda não decidiu em quem irá votar. Ontem, publicamos por aqui, uma informação que andou circulando nas redes sociais e na mídia -convém sempre tomar os cuidados necessários em relação a isso - dando conta que o presidente Jair Bolsonaro não iria participar de nenhum debate no primeiro turno das eleições presidenciais de outubro. Depois uma revista confirmou que o debate ao qual ele havia recusado seria o que estava programado para o dia 02,na Rede TV, e não o do dia 28, no domingo, realizado pela Rede Bandeirantes. 

Em entrevista recente, concedida a rádio Jovem Pan, ele acabou confirmando que seria possível que ele vá, mas ainda não foi enfático o suficiente ao tratar dessa questão, sugerindo algumas dúvidas em torno do assunto. De uma coisa ele tem certeza: poderá ser trucidado durante o debate, daí ter se preparado para fazer as perguntas certas aos seus concorrentes. A gente sabe que sua assessoria teria ficado um pouco reticente em torno do assunto. Como já afirmei torcidas organizadas a parte, ele esteve bem por ocasião da entrevista concedida ao Jornal Nacional. A assessoria política conseguiu a proeza de domar a fera.     

Editorial: A Aula-Espetáculo de Lula no Jornal Nacional.


Há uma professora pernambucana sugerindo que irá solicitar da Rede Globo um certificado em razão de ter acompanhado, com muita atenção, a Aula-Espetáculo proferida por Lula durante sua entrevista ao Jornal Nacional. Havia um outro pernambucano, o teatrólogo Ariano Suassuna, conhecido nacionalmente por essas aulas-espetáculo. Ariano, naturalmente, tinha um senso de humor mais apurado do que Lula. Aliás, essa aulas-espetáculo são sempre entremeadas por tiradas impagáveis. 

Da fala de Lula, talvez pudéssemos considerar a sua resposta a Renata Vasconcelos sobre a produção de arroz orgânico do MST. Tirando de letra, a citação ao educador pernambucano, Paulo Freire, ao argumentar que, as circunstâncias políticas impõe alguns acordos com os divergentes, para se contrapor aos antagônicos. Segundo comentários, a citação de Lula, de imediato, deu um pique de audiência nas redes sociais. Aliás, a hashtag criada com Lula no JN alcançou o primeiro lugar mundial na rede social Twitter. 

Conforme afirmamos antes, Lula pode não ter o mesmo talento de Ariano Suassuna, mas a sua passagem pela bancada do Jornal Nacional foi histórica, uma perfomance considerada de alto nível até mesmo por seus opositores. Os problemas que o candidato já vinha enfrentado nas pesquisas de intenção de voto, possivelmente, permanecem. Difícil dizer se o seu desempenho no Jornal Nacional poderia produzir alguma mudança neste cenário, até porque o adversário cresce em razão de outros fatores, como a melhoria dos indicadores econômicos.     

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Editorial: Tolerância zero com incitações ou pregações golpistas



Não surpreende as críticas dirigidas ao Ministro Alexandre de Moraes, Presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Os petardos partem de todos os lados e quadrantes, exceto daqueles que defendem a legalidade, o Estado Democrático de Direito e as instituições da democracia. Há um pastor tratando-o como desgraçado e convocando uma mobilização nacional dos evengélicos para um protesto contra as suas atitudes no dia  07 de setembro. Em Pernambuco, um ex-juiz e agora candidato, estaria movendo uma ação contra o presidente do TSE, alegando que ele estaria, de acordo com o autor da ação, estrapolando as suas funções de magistrado, pedindo o seu afastamento do cargo.

Alexandre de Moraes vai precisar de toda a resiliência e equilíbrio possíveis para suportar tais investidas daqueles que não concordam com as suas ações. Aqueles que confundem liberdade de expressão como liberdade de agressão ou de tramar, de forma anticonstitucional, contra a democracia, seus princípios e valores. Faz algum tempo que não há um clima muito bom entre os Poderes da República. Alguns bombeiros do Executivo, até mais recentemente, segundo se informa, teriam entrado em ação no sentido de apaziguar os ânimos entre o Executivo e o Judiciário. 

No dia de ontem, através das redes sociais, foi a vez de o Presidente do Congresso Nacional, o senador Rodrigo Pacheco(PSD-MG), ter sido atirado na cova dos leões, principalmente por grupos ligados ao bolsonarismo, em razão de suas declarações comedidas,coerentes e respeitosas em relação às ações do Judiciário em contraposição às pregações e incitações de caráter golpista. Dá a impressão que eles desejavam o apoio de Pacheco para se contrapor ao ministro Alexandre de Moraes, que não fez outro coisa que não a defesa da nossa democracia e de suas instituições, ante às ameaças veladas.

Pregar golpes de Estado no contexto de um regime democrático fere preceitos sagrados da nossa Constituição Federal e, portanto,  deve ser punido com o rigor necessário. Há rumores de sabres informando que as tessituras antidemocráticas iam muito além das simples e singelas - e até inocentes, para alguns - trocas de mensagens de WhatsApp entre grandes representantes do PIB nacional. São ações incisivas e enérgicas, aplicadas no momento certo, que podem coibir essas tramas ou arroubos golpistas. O Brasil vive um dos seus piores momentos institucionais. Volto a repetir, nossa democracia é a mais ameaçada do mundo.    

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: Como Lula está se preparando para a entrevista de logo mais.



Quem acompanhou as entrevistas anteriores concedidas ao Jornal Nacional - a dos candidatos Jair Bolsonaro(PL) e Ciro Gomes(PDT) - sabe que os entrevistadores costumam mudar suas posturas consoante os convidados do momento. A diretriz adotada em relação a Bolsonaro foi uma e a diretriz adotada em relação ao candidato Ciro Gomes foi outra. Igual mesmo apenas o tempo previsto de 40 minutos de entrevistas para todos os candidatos. Faz sentido, portanto, alguns questionamentos acerca da conduta dos entrevistadores em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Assim como em relação ao presidente Jair Bolsonaro, também há um "climão" em relação a Lula, construído principalmnte durante o período em que o petista foi duramente perseguido como alvo da Operação Lava-Jato. Diziam existir um conluio entre os atores envolvidos diretamente na operação e sua máquina de divulgação e replicação de teses contrárias ao petista. Até para não parecer que estarão dourando a pílula, a previsão é que eles sejam contundentes durante a entrevista de logo mais. Por recomendação dos assessores, Lula deverá dar ênfase aos aspectos econômicos da gestão do adversário Bolsonaro, certamente, detendo-se sobre os  problemas daí decorrentes, como o empobrecimento da população. 

Como já foi divulgado, mais de 61 milhões de brasileiros a brasileiras estão amargando a condição de insegurança alimentar. Conforme a FGVS divulgou, nunca empobrecemos tanto como em 2021, em pesquisas realizadas pelo órgão nos últimos dez anos. Como a Rede Globo morde e assopra, consoante as circunstâncias, convém sempre se preparar para as possíveis eventualidades. Assim, o morubixaba petista consultou-se com o seu advogado Cristiano Zanin, sobre como se colocar em relação às perguntas capciosas sobre corrupção na era dos Governos da Coalizão Petista. Nas redes sociais, trava-se uma verdadeira guerra de narrativas de ambas as partes. 

Seria curioso entender como os bolsonaristas estão se preparando para acompanhar essa entrevista. Quando Bolsonaro concedeu sua entrevista, chegou a ser programado pelos petistas um panelaço que, creio, não teria sido assim bem-sucedido. Ontem foi divulgada uma fake news de que o apresentador Ratinho teria programado uma entrevista com Jair Bolsonaro para o mesmo horário e eles estariam recomendado boicotar a entrevista de Lula. O próprio Carlos Massa teria desmentido a notícia. Enfim, o que os bolsonaristas estão programando para o horário é um verdadeiro mistério. 

P.S.: Contexto Político: Depois ficou configurada uma grande mobilização pelas redes sociais de grupos bolsonaristas, assim como um "panelaço' ocorrido nas principais capitais do país, no momento em que Lula concedia sua entrevista.    

Editorial: Disputa equilibrada no Rio Grande do Sul



O Instituto Paraná Pesquisas divulga mais uma pesquisa de intenção de voto entre os candidatos que disputam o Governo do Rio Grande do Sul. Embora Eduardo Leite, do PSDB,lidere a corrida pela Palácio Piratini, é seguido de perto pelo bolsonarista Onix Lorenzoni, o que sugere, para variar, mais uma polarização política entre um candidato situado mais à centro-esquerda do espectro político e uma candidatura de direita e governista. Onix Lorenzoni, como se sabe, é um fiel escudeiro do presidente Jair Bolsonaro, tendo comandado mais de um ministério em sua gestão.  

A diferença entre ambos é pequena e soma-se a isso o fato de Eduardo Leite ostentar a maior taxa de rejeição entre os candidatos. É sempre bom a gente fazer o dever de casa e, por dever de ofício, passei uma manhã acompanhando o debate entre os candidatos que concorrem ao Governo naquele Estado, realizado pela TV Bandeirantes. Situação é situação e oposição é oposição, mas ficaram evidentes algumas falhas clamorosas sobre a gestão de Eduardo Leite(PSDB-RS), sobretudo em questões estratégicas, como na educação pública. 

Aliada a outros fatores, isso nos conduziram a reavaliar sua gestão à frente do Palácio Piratini, que o alçaram à condição de um ator político relevante no tabuleiro das eleições presidenciais de 2022. Sinceramente? nossa conclusão é que não havia lastro para isso. Esses fatos talvez explique o alto índice de rejeição de Eduardo Leite junto à população gaúcha. Ser um governador tão jovem, uma liderança ascendente no ninho tucano, justifica essa condição de ser alçado aos planos nacionais. Sua gestão, não. O Paraná Pesquisas foi a campo entre os dias 20 a 24 de agosto, ouviu 1.540 eleitores, com margem de erro de 2,5 pontos para mais ou para menos e está registrada sob número: TSE\RS: 04665\2022. A taxa de rejeição de Eduardo Leite é exatemente igual às suas intenções de voto na pesquisa.


Eduardo Leite(PSDB)                 31,6%

Onix Lorenzoni(PL)                  25,1%

Edgar Pretto(PT)                    8,9%

  

Editorial: Lula na bancada do Jornal Nacional. É hoje!



Logo mais, às 20h:30, Lula estará sendo entrevistado pela bancada de entrevistadores do Jornal Nacional. Numa entrevista de 40 minutos, há uma grande expectativa sobre como ele irá se colocar sobre os problemas do país, e, principalmente, sobre temas nevrálgicos que marcaram suas gestões anteriores no Palácio do Planalto. Certamente, ele estará sendo muito bem instruído sobre o assunto e deverá ter as respostas mais adequadas para cada situação. Lula vai ao Jornal Nacional num momento difícil da campanha, sob marcação cerrada do adversário nas pesquisas de intenção de voto. 

Bolsonaro já ultrapassa Lula em São Paulo; seu candidato à reeleição nas eleições cariocas, o governador Cláudio Castro(PL-RJ) abre dez pontos de diferença em relação a Marcelo Freixo e, no cômputo geral, ontem saiu uma pesquisa do Paraná Pesquisas indicando que a diferença entre ele e Lula já é inferior a 5 pontos. Lula enfrenta problemas concretos junto a determinados segmentos eleitorais, como os evangélicos, onde o adversário parece reconquistar o rebanho, assim como junto ao eleitorado de baixa-renda, sob o assédio sistemático do Auxilio Brasil. 

Como não há nada ruim que não possa piorar, ontem surgiu uma denúncia de rachadinha envolvendo o Deputado Federal André Janones, responsável por produzir um Up na presença de Lula nas redes sociais. Janones passou a coordenar as redes sociais do PT, equilibrando o jogo junto aos bolsonaristas. Se verdade ou fake news, o fato concreto é que as denúncias - bastante explorada pelos bolsonaristas, como seria óbvio - já estão produzindo seus efeitos danosos ao deputado e, consequentemente, produzindo prejuízos para a campanha do petista num setor importante.  

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Editorial: Ciro dá uma aula de Brasil no Jornal Nacional



Ontem, 23\08, foi o dia de o candidato Ciro Gomes, do PDT, conceder sua entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo. Independentemente dos resultados das eleições presidenciais de 2022, esta será, de longe, a melhor entrevista concedida por um candidato presidencial àquela bancada de entrevistadores. Ciro é o candidato mais preparado entre todos os que concorrem à Presidência da República e este fato se sobressai no contexto de sua performance durante a entrevista concedida a William Bonner e Renata Vasconcelos. Com todo o respeito aos entrevistadores, deu pena observar que eles apenas arranhavam a superfície dos graves problemas nacionais. Ciro, na realidade, deu uma aula de Brasil. 

Louve-se seu esforço, como ele mesmo afirma num dos momentos da entrevista, de ser um vassalo do Brasi. Foi alguém que fez o seu dever de casa, ou seja, estudou, conversou e aprendeu bastante para pensar o país, inclusive ocupando diversos cargos públicos. Mereceria uma chance, embora os padrões das disputas eleitorais no país conduzam a essa centrífuga política de uma polarização que nos impedem de pensar em outras alternativas. É tiro no escuro do retrocesso político ou um eterno retorno marcado por alguns problemas na condução dos negócios de Estado, que, como ele observa, citanto Albert Einstein, não podemos esperar algo diferente, se continuarmos fizendo as mesmas coisas. Mais ou menos isso, leitor. 

Não sei se a repercussão da entrevista porduzirá algum efeito no contexto dessa polarização política. É pouco provável que isso venha a ocorrer. Ciro tentou de todas as formas quebrar essa polarização, mas não foi muito feliz na empreitada. Pelas últimas pesquisas de intenção de voto divulgada, ostenta algo em torno de 7 a 10% da preferência do eleitorado, algo bem próximo do seu escore das últimas eleições presidenciais que disputou. Uma pena que um candidato tão preparado não tenha conseguido sensibilizar o eleitorado.  

Editorial: Saiu nova pesquisa sobre a disputa pelo Governo da Paraíba



Não poderia deixar de comentar por aqui a nova pesquisa do Instituto Real Time Big Data sobre a disputa pelo Governo da Paraíba. Este editor tem uma lupa focada nas disputas políticas daquele Estado, por razões já expostas em outros editoriais. O atual governador, João Azevedo, do PSB, que concorre à reeleição, mantém sua liderança na disputa pelo Palácio da Redenção. Com Azevedo ocorre alguns fatos curiosos. Sua gestão conta com boa aprovação da população, o que lhes assegura essa liderança nas pesquisas até este momento. 

Azevedo é cria política do ex-governador Ricardo Coutinho(PT-PB), que pavimentou o caminho para ele sucedê-lo no Governo do Estado. Como Ricardo Coutinho, que concorre ao Senado Federal, encontra-se com alguns problemas com a justiça, em torno da Operação Calvário, Azevedo acaba sendo questionado sistematicamente sobre o assunto. Embora sendo o candidato do PSB, Azevedo não conta com o apoio de Luiz Inácio Lula da Silva, que apoia Vezeniano Vital, do MDB, que, por sinal, não vai muito bem nas pesquisas de intenção de voto, mantendo-se ali num pelotão que disputa ir para um segundo turno, por enquanto, com João Azevedo.  

O candidato ao Senado Federal na chapa de Veneziano é justamente o ex-governador Ricardo Coutinho, ainda possuidor de um grande capital político, o que lhes permite ostentar bons índices de intenção de voto. continua sendo o candidato favorito ao Senado Federal. A disputa está equilibrada e, pelo andar da carruagem política, tudo indica que teremos um segundo turno naquelas eleições, reproduzindo uma tendência nacional à polarização entre um candidato de esquerda e outro identificado co o bolsonarismo. Por esta última pesquisa, o candidato Nilvan Ferreira, do PL, bolsonarista raiz, cresceu significativamente nas intenções de voto, tornando-se o segundo colocado, desbancando o candidato do PSDB, Pedro Cunha Lima. Convém deixar registrado, entretanto, que, a rigor, há um pelotão de empatados tecnicamente. A pesquisa do Real Time Big Data ouviu 1.500 pessoas, no período de 20 e 22 de agosto, encomendada pela Rede Record. TSE\PB: 03455\2022.

João Azevedo(PSB)                     29%

Nilvan Ferreira(PL)                   15%

Pedro Cunha Lima(PSDB)                15%

Veneziano Vital(MDB)                  14%       

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Editorial: Pesquisas no Rio e São Paulo não são favoráveis a Lula



Infelizmente, tivemos uma pesquisa de intenção de voto cujos resultados foram impedidos de ser divulgados aqui no Estado, depois que uma coligação entrou com uma ação junto ao TRE-PE, que acatou a solicitação, determinando inclusive outras medidas cautelares. No Brasil, como um todo, hoje foi um dia satisfatório em termos de divulgação de novas pesquisas de intenção de voto. Duas delas, realizadas em dois dos mais importantes colégios eleitorais do país - São Paulo e Rio de Janeiro - não são favoráveis ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Embora Fernando Haddad(PT-SP) mantenha a liderança na corrida pelo comando do Palácio dos Bandeirantes, no plano nacional, Lula foi ultrapassado pelo concorrente Jair Bolsonaro naquele Estado, que é o maior colégio eleitoral do país.

No Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro(PL-RJ), que concorre à reeleição, abre 10 pontos de diferença em relação ao candidato do Psol, Marcelo Freixo, que conta com o apoio de Lula. O avanço de Rodrigo Garcia, em São Paulo, já foi discutido por aqui em inúmeras ocasiões e não seria nenhuma surpresa, conforme antecipamos. Os tucanos ainda possuem um bom lastro eleitoral no seu reduto mais emplumado. Soma-se a isso a melhora nos índices de aprovação da gestão de Garcia que, cedo ou tarde, acabaria se refletindo sobre os índices de intenção de voto.

Lula já andou afirmando que vencer no Brasil e em São Paulo seria consagrador para o PT. A vitória de Haddad seria uma consagração para uma agremiação política que conta, historicamente, com a reticência de uma parcela significativa do eleitorado, principalmente em regiões mais afastadas do perímetro urbano. Ele começou bem e, com ligeiras variações, mantém a dianteira nas pesquisas de intenção de voto, concorrendo com pesos pesados, como um bolsonarista e um tucano do bico fino, com uma larga experiência na máquina estatal. A tendência natural é que tenhamos uma das disputas mais equilibradas do país.   

Editorial: O determinante para a definição do voto evangélico


O cientista político polonês, Adam Przeworski, tornou-se mundialmente conhecido pelos seus estudos sobre os regimes democráticos. Hoje, seus análises políticas estabelecendo uma conecção orgânica entre democracia econômica e democracia política, por razões óbvias, deve ser o tema que mais entusiasma admiradores e estudiosos de sua obra. Num amplo, levantamento envolvendo várias experiências democráticas ao redor do mundo, o cientista político concluiu que, quanto maior a renda per capita da população, menores são as chances de um retrocesso autoritário. Há países onde essas possibilidades são reduzidas a zero.

Mas, ali pelo início de sua trajetória acadêmica bem-sucedida, Adam Przeworski realizou um estudo bastante interessante sobre os aspectos indutores do voto dos eleitores. Quais são as variáveis que determinam o voto do eleitor, a partir de seu perfil pessoal ou expectativas em relação aos candidatos que disputam uma determinada eleição? Ele cita alguns exemplos emblemáticos para subsidiar suas conclusões. O cidadão é  de baixa renda, mora na periferia, usa transporte público, frequenta uma igreja evangélica, tem um filho homossexual, recebe o Auxílio Brasil. O Auxílio Brasil, natualmente, fica por nossa conta. Na época em que Adam realizou seus estudos este auxílio ainda não havia sido criado.   

Qual dessa condição será determinante para a definição do voto deste eleitor? a pauta das políticas econômicas? a moral e os bons costumes do ideário da religião evangélica? os transtornos que ele enfrenta no dia-a-dia para chegar ao trabalho e voltar para casa, mesmo em se tratando de uma eleição presidencial - aqui no Recife há um problema sério com os trens urbanos, que conta com recursos federais? O fato de o futuro presidente reconhecer e ampliar os direitos de minorias como os LGBTQIA+? Essas reflexões vieram à tona depois da matéria que li na revista Veja, escrita pelo consultor e articulista Thomas Traumann, tratando dos descaminhos do PT em relação à questão do eleitorado evangélico, ora não investindo numa articulação específica - que chegou a ser cogitada - ora enquadrando tudo numa agenda de política econômica, quando se sabe que as questões morais e de costumes são mais definidores do voto desse contingente do eleitorado. 

Uma das artífices da diretriz de não tratar este grupo com uma especificidade é a Deputada Federal Benedita da Silva. Como já afirmamos em outros momentos, o PT perdeu o timing em relação a este assunto e parece-nos que pouco coisa possa ser refeita. Enquanto isso, o adversário avança sobre um eleitorado sensivelmente envolvido por uma narrativa de demonizar o petismo, associando-o a práticas diabólicas, de fechamento  igrejas, bem ao gosto do rebanho. Até o aparato tecnológico das fake news estão sendo utilizados com tal finalidade. Não se pode negligenciar um eleitorado que representa 27% do total de eleitores e o PT está fazendo exatamente isso.   

Editorial: Jair Bolsonaro no Jornal Nacional: Ele passou na sabatina.

 


Já havia uma expectativa acerca das questões que poderiam vir a ser formuladas pelos entrevistadores do Jornal Nacional, quando da entrevista concedida pelo presidente Jair Bolsonaro: Relações institucionais do presidente com os outros poderes, principalmente com o Supremo Tribunal Federal; sua relação com o Centrão, tao criticado no passado por membros do próprio governo; o retrocesso nas políticas ambientais, que colocaram o país numa situação vexatória no contexto global; Os problemas relativos ao enfrentamento da pandemia;e, finalmente, aquele que seria o tema mais nevrálgico, o respeito às regras do jogo eleitoral, ou seja, a realização das eleições de outubro próximo, com o consequente  acatamento do resultado das urnas. Contingenciado a pronunciar-se sobre este último assunto, o presidente deixando uma entrelinha preocupante. Acataria seus resultados se, comprovadamente, tais eleições ocorrerem dentro da transparência e forem limpas.  

As denúncias de corrupção no governo, principalmente em ministérios como o MEC também foram enfatizadas por Renata Vasconcelos. Um tema que observei ausente foi a questão do empobrecimento da população brasileira nos últimos anos, onde milhões de brasileiros e brasileiras  foram atirados no limbo da pobreza e da extrema-pobreza. Momentos houve em que, por muito pouco, o presidente nao saiu do script previamente programado pelos assessores. Mas, a rigor, um pouco equidistante das "torcidas organizadas" de ambos os lados, o saldo foi positivo para o presidente Jair Bolsonaro. 

Ele manteve-se contido, evitando os arroubos de outrora, característicos do seu temperamento explosivo. O objetivo, claro, foi o de ampliar o seu lastro eleitoral nesta fase da campanha, onde estratégias estão em curso para melhorar sua imagem junto aos eleitores ainda reticentes. Bolsonaro ainda ostenta 53% de desaprovação junto à população, um escore extremamente preocupante para um projeto de reeleição. O que se pode dizer é que os ajustes políticos introduzidos na conduta do presidente são recentes. Ele ainda carrega o ânus de declarações ou atitudes infelizes do passado, que acabaram, de alguma maneira aflorando durante a entrevista. Sobre tais polêmicas, ora ele negou, ora ele tergiversou sobre o assunto. No geral, apesar da cola - que não foi usada, registre-se - ele passou na sabatina.   

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 22 de agosto de 2022

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Fake News é crime



Liderando todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento, na condição de candidata ao Governo do Estado de Pernambuco, Marília Arraes, do Solidariedade, por razões, óbvias, tornou-se o alvo dos demais concorrentes ao Palácio do Campo das Princesas. Apontar as contradições políticas de suas alianças, eventuais falhas ou lacunas no seu programa de governo, ausência de experiência no Executivo, tudo estaria dentro do jogo democrático e republicano da disputa. 

O grande problema são as fake news, essa praga de utilizar-se de mentiras como arma política com o propósito de destruir a reputação do adversário. Mal a campanha foi iniciada oficialmente, e elas já começaram a ser disseminadas, tanto no plano federal, quanto no plano estadual, dando a dimensão das encrencas que teremos pela frente. Como já discutimos por aqui em outras ocasiões, num momento de pós-verdade, a mentira passou a ser relativizada e tomar ares de verdade absoluta, posto que conduzida profissionalmente através de expedientes conhecidos, praticamente impedidndo o contraditório.  

Não deixa de ser emblemático o fato de um dos primeitos vídeos produzidos pela campanha da candidata seja no sentido de se antecipar aos eventuais ataques dos adversários através desses expedientes. Na campanha vencida pro Donald Trump,no Estados Unidos, ainda hoje a sua adversário, Hillary Clinton, precisa dar explicações à sociedade americana sobre as mentiras ditas contra ela. Sabe o que isso signfica? Aquilo que relamente importava para o eleitor americano deixou de ser discutido com a sociedade pela candidata.

Sugere-se, como observa a candidata, que seus adversários não desejam discutir proposta para o Estado, mas escudarem-se, através desses procedimentos vis, para não largarem o osso. Aliás, osso mesmo porque o Estado encontra-se no limbo, num quadro de pobreza, fome, desemprego e desinvestimentos. Pernambuco foi o Estado que mais empobreceu no país em 2021. Minha cara Marília, seria muito bem que as suas considerações sobre as fake news parassem por aqui, mas, pelo andar da carruagem política pernambucana, infelizmente, não seria improvável que você precise retomar esse assunto.   

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: O que Bolsonaro dirá no Jornal Nacional.


Como bem observou o consultor e articulista de Veja, Thomas Traumann, no site da revista, a entevista de hoje, no Jornal Nacional, com duração prevista de 40 minutos, pode ser decisiva numa eleição. O analista enfatiza que tal entrevista possue algumas particularidades que a diferem sensivelmete da propaganda eleitoral gratuita, transmitida pelo Rádio e a Televisão. Na bancada do JN é ao vivo, sem direito a edições. Um tropeço aqui, um escorregão ali, uma fala mal interpretada pelos milhões de ouvintes do telejornal pode signficar algo capaz de produzir um estrago sem tempo hábil para corrigir. 

A assessoria do candidato, sabedora dessas nuances, teria aconselhado a ele orientar-se por algumas diretrizes específicas, inclusive aconselhando-o a um treinamento. Ele teria concordado com as recomendações, mas dispensou o treinamento. Existe algumas indisposições evidentes entre o presidente e a Rede Globo e o temor é que isso possa aflorar, de alguma forma, durante a entrevista. Jair Bolsonaro, como se sabe, é um sujeito imprevisível.

Nesta fase da campanha - onde ele vem recuperando terreno - seus assessores agem em duas frentes. A primeira dela é o aconselhamento ostensivo para que ele evite fazer declarações polêmicas, em contraposição às urnas, à demcoracia e ao STF. Numa outra frente, eles constróem uma espécie de ponte com atores e poderes como o TSE, com o objetivo de diminuir a temperatura em relação ao Executivo. A recomendação dos assessores seria a de que ele tente focar nas conquistas do seu governo,mas, ele teria dito que não tem como deixar de falar nos escândalos do PT durante os governos da coalizão petista. Só mesmo sentando no sofá logo mais, para acompanhar a sua entrevista, a primeira de uma série com os candidatos que concorrem ao Planalto nas próximas eleições.