pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : maio 2023
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quarta-feira, 31 de maio de 2023

Editorial: Crise política instaurada no Planalto. De quem é a culpa?



O Governo Lula tem acumulado derrotas acachapantes no Legislativo. Nem os votos de sua base "aliada" o Governo consegue assegurar, numa demonstração evidente de que há algo de muito errado por ali. Logo cedo, líamos uma fala da Presidente Nacional da Legenda, a Deputada Federal Gleisi Hoffmann, trantando dos problemas internacionais produzidos pela aprovação do Marco Temporal, que colocaria o país na condição de pária junto aos organismos internacionais. Gleisi é o nosso balisamento político\idelógico, pois representa aquele PT mais autêntico. Vez por outra ela dá uma cutucada de advertência sobre os evetuais descaminhos da legenda. 

Agora, vem a notícia de que o União Brasil fechou questão em relação à MP que trata da reestruturação dos ministérios, com 48 votos a favor. Quem tem uns aliados desses não precisa de oposição. Lula estaria sendo aconselhado pelos assessores mais próximos a exonerar os ministros indicados pelo União Brasil. Não seria nem como retaliação, mas uma forma de reamumar sua base, uma vez que as coxias de Brasília está cansada de saber que tais ministros não representam, necessariamente, os intereses da legenda. Haveria um verdadeiro hiato entre eles e os parlamentares. 

Em momentos assim, a cabeça do articulador político sempre é posta a prêmio. Neste caso específico, o que se diz é que Alexandre Padilha recomenda aos ministros a agenda de interesse do Governo, mas os ministros não seguem a orientação, em razão da ausência de diálogo com os parlamentares. Seja como for, estamos diante de uma crise política instaurada. Se o Planalto deseja algumas cabecas, a oposição também. Segundo informações dos escaninhos, Lira não está nada satisfeito com os espaços ocupados pelos Calheiros no Governo. 

Editorial: A guerra na terra dos marechais chega à Brasília



Um conceituado blogueiro traz a informação de que o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, em razão de suas indisposições com a família Calheiros, na terras dos marechais, estaria pedindo a Lula a cabeça de Renan Filho, que hoje ocupa o Ministério dos Transportes. O objetivo seria criar a musculatura necessária para evitar os eventuais desfalques de poder, em 2023, quando alguns parlamentares deixarem o Legislativo Federal e voltarem a atuar em suas províncias de origem ou, para ser mais preciso, voltarem colher os frutos da adubagem das bases. O adubo tem um nome esquisito: orçamento secreto. 

Renan Calheiros sempre foi um grande aliado do presidente Lula. Mesmo quando o MDB apresentou oficialmente a candidatura da hoje Ministra do Planejamento, Simone Tebet, ele estava entre o grupo da velha guarda da mangueira que permaneceu fiel ao aliado. Lula tem esgotado todo o seu capital político no sentido de construir os caminhos de uma governabilidade mínima, desejável, mas está muito complicado o cenário. O Centrão tem um apetite insaciável. Lula já entregou os anéis, mas eles desejam os dedos das mãos. 

Os avanços civilizatórios que havíamos conquistado nesses meses, hoje já se encontram em franco retrocesso, como o Marco Temporal, que está nas mãos do Senado Federal ou do STF restaurá-lo para a condição de padrões civilizatórios. Em breve, teremos um relatório devastador da CPI do MST, que deve continuar seus trabalhos no dia de amanhã. Desta vez, além da pipoca, vamos preparar um colete para assistir à sessão. 

Editorial: Os impasses da visita de Nicolás Maduro ao Brasil



As coisas não saírem como haviam sido planejadas se inserem dentro do escopo das possibilidades. Essa premissa pode ser aplicada à visita recente do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ao Brasil, cujo saldo político não foi nada positivo para o Governo Lula. Entende-se as boas intenções do petista, que objetiva, incluive, liderar um pool de países latino-americanos, consolidando uma parceria política e econômica, quem sabe lastreada por uma moeda comum. A rigor, nada deu certo nessa visita, a começar pela surra sofrida pelo Governo, com avalição jé mensurada pelo instituto Quaest Genial, que apontou que apenas 6% das avaliações foram positivas. 

A fala de Lula sobre "narrativas" também foi infeliz, ao tentar minimizar as eventuais violações de direitos humanos naquele país, praticamente o mesmo procedimento adotado em relação ao companheiro Daniel Ortega, da Nicarágua. Foi corrigido pelos próprios futuros parceiros latino-americano, como os presidentes do Chile e do Uruguai. Para completar o enredo, ainda o caso da suposta agressão à jornalista Deliz Ortiz, que é só no que se fala no dia de hoje, com panos para as mangas da oposição explorar o episódio à exaustão.

Há, certamente, um pouco de magalomania no Governo Lula. Os tempos são outros. Bem outros. Lula nunca enfrentou tantas adversidades como agora, neste terceiro mandato. O Governo, como já seria previsto a a partir da composição da bancada eleita nas últimas eleições legislativas, vem acumulando derrotas sucessivas. Nem mesmo a liberação de emendas ou o loteamente da máquina está conseguindo estancar essa sangria. Pelo andar da carruagem política, vamos precisar de mais alguns churrascos de arrumação. De preferência sem picanha, para não alimentar a sanha de uma oposição com a faca nos dentes.   

Editorial: O bang-bang da CPI do MST



Ontem, terça-feira, tivemos a oportunidade de acompanhar as discussões, no plenário da Câmara dos Deputados,dos integrantes da CPI do MST. Como se sabe, o Governo abriu as porteiras e hoje leva uma nítida desvantagem em sua composição. A artilharia é pesada, uma vez que os parlamentares oposicionistas são, em sua maioria, ligados ao agronegócio e à Bancada da Bala, formada por delegados de polícia, oficiais militares e integrantes das Forças Armadas. Até um general estava presente entre os oposicionistas. Pelo andar da carruagem política o Governo deverá enfrentar uma enorme refrega no tocante às conclusões desta CPI. 

A propalada tentativa de criminalizar o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra encontra-se, aprioristicamente, materializada. Isso informa aos eleitores o tipo de representação que estamos construíndo, ou seja, um ambiente político onde, muito improvavelemte, será formado algum consenso republicano, de interesse nacional, como o secular problema da reforma agrária no país, da fome de milhões de brasileiros, da produção de alimentos menos nocivos e que não agridam o meio ambiente.  

Estamos diante de uma guera declarada, onde o presindente eleito não terá um minuto de sossego e boa governança. Será fustigado até sangrar em praça pública. Ainda ontem, por exemplo, quando da visita do presidete da Venezuela, Nicolás Maduro, a batalha de narrativas ficou francamente desfavorável ao Governo, seja pela imprensa, seja pelas redes sociais. Já leram o editorial do jornal O Estado de São Paulo? Dêem uma conferida. Para completar o enredo, uma suposta agressão à jornalista Deliz Ortiz, que deverá pautar o "debate" do dia de hoje.      

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 30 de maio de 2023

Editorial: Conselho de Ética da Câmara dos Deputados abre processo de cassação de Flávio Bolsonaro, Carla Zambelli e Nicolas Ferreira.



O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aceitou representação contra os parlamentares Carlos Bolsonaro, Carla Zambelli e Nicolas Ferreira, todos eles parlamentares de oposição,ligados ao bolsonarismo. No caso de Nicolas Ferreira e Carlos Bolsonaro é possível que se chegue à aplicação de alguma punição menor, sendo os mesmos poupados da medida extrema de uma cassação do mandato. Circula nos escaninhos da política, por outro lado, a informação de que a deputada Carla Zambelli pode vir a ser abandonada pelos seus pares, tornando-se mais vulnerável uma eventual cassação do mandato. 

Há dois episódios que são considerados cruciais para a derrota do Jair Bolsonaro na última eleição: Um deles diz respeito à recepção calorosa que os policiais federais receberam ao tentar cumprir um mandado de prisão contra o ex-parlamentar Roberto Jefferson, que disparou contra eles tiros de fuzil e atirou granadas nas viaturas. Um outro diz respeito àquelas cenas, mostradas em cadeia nacional, quando a deputada, de posse de uma arma, perseguiu um cidadão com o qual havia tido um desentendimento. De fato, esses dois episódios, principalmente este último, foram bastante explorados pelas redes sociais, produzindo alguns prejuízos para o candidato, em razão de suas fortes ligações com a parlamentar.  

Difícil medir o tamanho desse estrago, mas, como se tratou de uma eleição bastante equilibrada, voto a voto, tal hipótese não pode ser negligenciada. Alguém perdeu - ou ganhou - a eleição por um piscar de olhos. Segundo essas fontes, o bolsonarismo estaria tentando entregar um boi de piranha ao Poder Judiciário, num gesto de trégua. Vamos aguardar o desenrolar dos fatos.       

Editorial: A escolinha do professor Janones



Nos últimos meses, o Governo Lula vem perdendo algumas batalhas pelas redes sociais. A trupe bolsonarista sempre foi muito atuante por aqui, estabelecendo essa trincheira como um dos pontos fortes do bolsonarismo. Lula conseguiu equilibrar esse jogo com a entrada do Deputado Federal, André Janones no circuito. O equilíbrio da comunicação pelas redes sociais, diríamos, foi um lance decisivo para a vitória do petista. Informalmente, Janones controle essa área de comunicação do Governo,sendo reconhecido pelos seus méritos, insuficientes, entretanto, para poupá-lo das críticas, sobretudo pelos métodos usados, em algumas situações, bastante semelhantes ao adversário. 

Ninguém no Governo Lula possui uma espertise melhor do que "janoninho" nesta área. Ele passou a dar aulas sobre como o Governo deveria se comportar neste terreno, causando, naturalmente, os aborrecimentos de praxe, principalmente em setores atinentes, oficialmente, a essa prerrogativa, como a Secretaria de Comunicação comandada por Paulo Pimenta. Ontem, em razão da presença do presidente da Venezuela, Nicolau Maduro, foi um desses momentos em que a temperatura entre Governo e oposição pôde ser aferida. 

Pelo que pudemos observar, a lapada contra o Governo foi feia. Até a CIA e a SWAT chegaram a ser convocadas para prender o presidente venezuelano em solo brasileiro. Maduro é tido como um inimigo dos Estados Unidos, país que tem o hábito de solapar os desafetos no continente, principalmente se o caboclo tem barris de petróleo. Há pessoas muito influentes sobre Lula que defendem abertamente um espaço institucinal para Janones no Governo, a exemplo da primeira-dama Janja. Acho justo. Até porque é importante tê-lo como aliado e mantê-lo sempre por perto.    

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 29 de maio de 2023

Editorial: Que tal um CPMI da Lava-Jato?

 


Evidente que já temos CPIs demais e tal abertura pode contribuir para engessar a apreciação de pautas importantes pelo Legislativo, travando o país. O chamamento do editoral é apenas uma alusao a um fato que vem incomodando profundamente este editor. As violações de direitos se tornaram recorrentes neste país, nos últimos anos, como decorrência das tessituras de caráter autoritário que estavam em andamento. O verbo no passado, aqui, é apenas força de expressão, pois a bomba ainda não foi completamente desativada. 

Hoje surgiu uma denúnica de que os nossos arapongas estavam adotanto métodos ilegais no monitoramento dos cidadãos brasileiros. Se o projeto autoritário não tivesse sido interrompido, pelo andar da carruagem política, logo teríamos uma GINA, a Polícia Política da Ditadura Chilena. Com uma grande diferença. Quando chegássemos a um eventual ajustes de contas, tais violadores dos direitos humanos seriam anistiados, diferentemente do que ocorreu naquele país, quando o chefe dessa polícia política, general Manuel Contreras, foi condenado a 500 anos de prisão. Não chegou a cumprir a pena. Morreu aos 87 anos de idade, sob forte comemoração dos chilenos. A Gina foi responsável pela morte de 3200 chilenos.  

Não apenas pelas declarações recentes de um ministro do STF, mais por inúmeras outras vozes abalizadas da sociedade civil, é preocupante as recorrentes denúncias de violações legais e constitucionais atribuídas à operação Lava-Jato. O STF acaba de anular uma condenação de quase 16 anos imputadas pela República de Cutitiba ao ex-deputado federal Eduardo Cunha. Na percepção dos ministros, a Lava-Jato não tinha competência para julgá-lo. Vamos ouvir o Tacla Duran?    

Editorial: A caneta mais quente de Brasília



A semana em Brasília começa agitada, com o início dos trabalhos das CPIs. Também nesta semana deve ser anunciado por Lula o nome do advogado Cristiano Zanin para Supremo Tribunal Federal, anúncio, aliás, já devidamente antecipado pela imprensa e pelas redes sociais. A oposição, naturalmente, não perdoa a indicação do nome do ex-advogado do presidente para o cargo e tal indisposição no se limitaria ao ambiente das redes sociais. Estariam planejando criar embaraços para o advogado durante a sessão de sabatina no Senado Federal. Em tempos normais, trata-se de uma mera formalidade. Mas não estamos em tempos normais. 

A corda está bastante esticada entre Governo e oposição. Ou entre os Três Poderes, para ser mais preciso. Existem até bolsas de apostas sobre quem seriam os próximos cassados ou inelegíveis. Neste terceiro mandato, Lula parece ter chegado à conclusão de que não adianta enfrentar o parlamento, sem as condições adequadas. Todas as vezes em que as negociações não foram bem-conduzidas, a conta chegou pesada ao Palácio do Planalto, como esta última, que tira algumas atribuições dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, permitindo que retrocessos ambientais anteriores sejam mantidos, comprometendo o capital político conquista pelo país entre os organismos internacionais.  

O último churrasco de arrumação política indicou, claramente, que estamos diante de um parlamentarismo não assumido. Daqui por diante o jogo é o seguinte: o Centrão dá com uma mão e tira com as duas. Concretamente é isso, embora se use os tradicionais eufemismos políticos, como a necessidade de ampliação de diálogo com o Congresso, por exemplo. Hoje, nas atuais circunstâncias, a caneta mais quente de Brasília encontra-se na mesa do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira. 

Charge! Cláudio Hebdo via Folha de São Paulo

 


domingo, 28 de maio de 2023

Editorial: Entendimento ou parlamentarismo?



Não queremos aqui engrossar o coro da oposição, mas uma coisa é certa: O terceiro Governo Lula será o mais difícil de todos. Esta conclusão não decorre apenas pelo fato de nos encontrarmos mergulhados numa crise institucional sem precedentes, com uma guerra aberta, desencadeada desde o dia 08 de janeiro, quando vândalos bolsonaristas radicais tentatam promover um golpe de Estado, insuflados pelas redes sociais, que continuam produzindo seus estragos às instituições democráticas. O problema é que o Congresso nunca esteve tão forte, determinando a cadência do Executivo, numa espécie de parlamentarismo não assumido. 

Lula, que a princípio, objetivava enfrentar o Lira, já percebeu que não reúne condições para isso. Na MP que mexeu na autonimia dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos indígenas, quatro parlamentares do PT votaram com a oposição. O PSOL votou fechado contra o arcabouço fiscal. O problema não seria mais de base, aliás, pelos exemplos, pouco confiável. Toda votação de interesse do Governo exige uma negociação pontual com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que dá o sinal verde ou não para a sua aprovação. 

Neste último churrasco de arrumação política promovido pelo morubixaba petista, a palavra de ordem foi "entendimento". Leia-se, neste caso específico, aceitar um parlamentarismo tupiniquim, dividindo, literalmente, o poder com o Legislativo. Por vezes, com atitudes simples como esta, é possível tirarmos as nossas conclusões. Lula levou sua tropa de choque para passar essa informação. Seu núcleo duro, se preferirem. Lira, por sua vez, teria confidenciado a interlocutores sua insatisfação de não ter participado do anúncio dos carros "populares".    

Editorial: Lula bate o martelo. Zanin deverá ser o indicado para o STF.



Nos dias de hoje, nada se consegue manter em absoluto segredo. Apesar dos cuidados tomados pelo Governo para evitar vazamentos sobre o que se conversou durante o churrasco de arrumação política promovido pelo Palácio do Planalto, logo no dia seguinte, um grande jornal do Rio de Janeiro, destacou o cardápio completo do evento. Não entrou no mérito sobre se foi servida a famosa picanha para os convidados, mas destacou as conversas ocorridas entre Lula e os convidados do convescote político. Lula teria demonstrado uma preocupação natural com as dificuldades que o Governo enfrenta com o Congresso; Elogiou o esforço do seu ministro da fazenda, Fernando Haddad, que fez um corpo a corpo para aprovar o arcabouço fiscal; e, finalmente, teria antecipado, para os convivas do campo judiciário que estavam presentes, que o nome indicado para o STF deverá ser mesmo o do seu ex-advogado Cristiano Zanin. 

Como se sabe, essa indicação para a Suprema Corte rendeu muitas disputas e discussões nos escaninhos da política. Seu nome é aprovado por alguns setores - a base ideológica e política do PT, mais próxima a Lula, por exemplo - mas sofre resistência, inclusive de setores da imprensa, que afirma que Lula, ao indicá-lo, estaria se orientando não pela coerência ou racionalidade, mas por um capricho pessoal. Zanin ainda é jovem e a expectativa era a de que Lula pudesse indicar o nome do juiz Benedito Barbosa, do STE, outro pretendente ao cargo, que mantém um bom trânsito com o petista. 

Dentro dessa seara do politicamente correto, também se sugeriu que a preferência poderia recair sobre o nome de uma mulher, de preferência negra, para atender a tais demandas. No final, os aspectos mais afetivos podem ter pesado na decisão do presidente Lula, o que não se constitui em nenhum problema. Cristiano Zanin é um advogado preparado e está apto a assumir o cargo, coroando sua carreira no campo jurídico. Já estamos até preparando a pipoca para a sabatina no Senado Federal, pois um ex-juiz da Lava-Jato, com assento naquela Casa, já estaria preparando suas perguntinhas capciosas. Desta vez, no entanto, numa condição distinta. Diferente dos tribunais da República ds Curitiba, quando o advogado quase não podia defender o réu, ali ele terá as condições necessárias para se colocar diante do juiz.  

sábado, 27 de maio de 2023

Editorial: O churrasco de arrumação política do Governo Lula

Depois da ressaca produzida por algumas refregas no Legislativo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu fazer um churrasco de arrumação política com os aliados mais próximos. Convidou alguns ministros do Supremo Tribunal Federal e deixou de fora os presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. A ideia seria arrumar a casa, definir os estratégias daqui para a frente, evitando aborrecimentos futuros, como a MP que propõe uma ingerência indevida em ministérios, como os do Meio Ambiente e dos Povos indígenas. 

Ontem, Lula manteve uma longa conversa com as ministras das duas pastas, aventando a possibilidade de reversão dessa intromissão do Legilativo sobre o Executivo, que, na prática, esvazia as duas pastas, tornando-se permissiva e convergente com o retrocesso das políticas do desgoverno anterior. No dia de hoje, 27, mais um editorial carregado do jornal o Estado de São Paulo, observando que o Governo encontra-se completamente sem rumo. 

Sem rumo é um termo muito forte, mas, por outro lado, é inegável que o Governo sente os reflexos dos toniquetes aplicados pelos setores reacionários, dentro e fora do parlamento. Na prática, o país experimenta um semipresidencialismo não assumido. Os atores políticos não conseguem nem mesmo disfarçar essa realidade. Os acordos de Lira com o Governo são rigorosamente pontuais, como ele sempre enfatiza. É Lira quem dá as coordenadas das votações, como destacou um prócere representante do Centrão. Segundo comenta-se nos escaninhos da política, ele teria afirmado que não gostou de não ser convidado para o lançamento do anúncio do carro "popular". E, possivelmente, o não convite para o churrasco também terá suas implicações.   

Editorial: Lulá dá três tiros no próprio pé.



Alcançou grande repercussão nas redes sociais um comentário do jornalista Josias de Souza, do portal UOL, acerca da tomada de decisão do presidente Lula no sentido de retomar o programa do "carro popular". Na realidade, não se trata de um "programa" propriamente dito, mas um conjunto de medidas, adotadas pelo Governo, no sentido de facilitar a aquisição do automóvel pelas camadas mais fragilizadas da sociedade brasileira. O termo "popular" aqui não se aplica corretamente, porque, na realidade, com um carro em torno de R$ 60.000,00 apenas uma clase média bem aquinhoada pode ter acesso ao bem. 

O automóvel chegar a este valor já com a isenção de impostos concedidas pelo Governo, o que significa que ele não pode configurar-se na terminologia "carro popular". Para se chegar a este valor, vários itens foram suprimidos de sua composição. O primeiro tiro no pé observado pelo jornalista diz respeito exatamente a isso, ou seja, o pobre mesmo irá continuar usando outros modais que não o sonhado carrinho. O segundo tiro no pé, observado pelo jornalista, diz respeito a isenção de impostos, o que se constitui numa contradição, depois de aprovado o arcabouço fiscal, dentro de uma previsão de uma larga arrecadação de impostos. 

Abdicar desses impostos, neste momento,perece não ser o mais prudente. Ainda há um terceiro tiro no pé. Ao londo da tarde de ontem vazou uma informação de bastidores de que o presidente da Câmara dos Deputasos, Arthur Lira, teria confidenciado a interlocutores que ficou insatisfeito com o fato de o presidente Lula não ter combinado com ele antes o anúncio dessa medida. Afinal, estamos num regime de semipresidencialismo, onde tudo precisa ser combinado com o Poder Legislativo. Aceita essa premissa, por alguns aspectos, tlavez possamos fala aqui de um terceiro tiro no pé.    

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 26 de maio de 2023

Editorial: Tapinha nas costas? De novo?

 



Alguém já afirmou que, no Brasil, tudo se resolve com um tapinha nas costas. Ou não se resolve, para sermos mais precisos. O Ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, em reiteradas oportunidades, afirmou que pretende rever a famigerada Lei da Anistia, que acabou passando uma borracha no nosso passado ditatorial sombrio, criando perspectivas para novos projetos autoritários, como este que ocorreu no último dia 08 de janeiro. Na realidade, de uma forma geral, nós nunca ajustamos nossas contas com o passado. Estamos aí tratando de uma CPI para apurar ocupações de terras, quando, na realidade, o que precisávamos mesmo é de uma reforma agrária, que nunca foi feita no país. 

Ainda é cedo para fazermos alguma cobrança ao ministro Sílvio Almeida, mas o fato concreto é que essas questões "nevrálgicas" podem entrar para os escaninhos do esquecimento ou serem empurradas com a barriga indefinidamente. Ontem foi finalmente instalada a CPMI dos atos golpistas do dia 08 de janeiro, que terá como presidente o deputado Arthur Maia,(União-BA), e a senadora Eliziane Gama(PSD-MA), com relatora. Tivemos a oportunidade de acompanhar o início dos trabalhos e ficamos bastante satisfeito com a composição da mesa. O deputado Maia é alguém com perfil adequado, se conduz de forma republicana. 

Nos bastiodes, porém, começa a aparecer nas entrelinhas um eventual acordo da oposição com o Governo, que se propõe a zerar o jogo, ou seja, uma anistia ampla e geral aos golpistas, como ocorreu em relação ao Golpe Civil-Militar de 1964, o que seria uma catástrofe, ou um salvo-conduto para que a trupe golpista embosque as instituições democráticas na próxima esquina. Um deserviço à democracia. Política é como as nuvens, ensinava a raposa mineira Magalhães Pinto. As nuvens que começam a aparecer no céu da política brasileira, neste momento, não são nada alvissareiras.   

Editorial: Triste realidade



No editorial de hoje, reproduzimos uma reflexão de um colega professor, sobre a quadra política brasileira na atualidade: "A direita está na radicalidade. Articulada e veloz no congresso e nas redes digitais, eles avançam contra povos indígenas, mata atlântica e cadastro ambiental rural, quilombolas e podres de toda sorte. Paralelo a tudo isso, retalham e esvaziam o próprio Governo(Lula) e mantém toda uma sociedde civil alheia a tudo que fazem nas caladas do dia e da noite. Para piorar, um setor do Governo tenta passar a imagem otimista e de normalidade. Querem a todo custo desarmar toda a reação. Estamos em guerra desde 08 de janeiro. O desfile humilhante dos ministros\ministras na câmara toda semana, num governo que não tem meio ano de vida é um absurdo histórico. Difícil desmontar essa conjuntura." 

Lula irá receber a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, apenas para ratificar a posição de que seu Governo acena positivamente para a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. É prego batido, de ponta virada. O Senado Federal, através do seu presidente Rodrigo Pacheco, já teria fechado questão em relação a este assunto, isolando politicamente a ministra do Meio Ambiente. Até os estudos técnicos de impacto ambientais, em embasou o veto do IBAMA, estão sendo contestados. É um rolo compressor dos diabos. Como adverte o professor, difícil desmontar essa conjuntura. 

No futuro, quando estivermos analisando um eventual malogro do Governo Lula, a reação do agronegócio contra o governo merecerá um capítulo à parte. É um setor que manobra sistematicamente para a derrocada do governo. Eles estão entrincheirados na CPM do MST e os danos produzidos não podem ser subestimados.  

Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 25 de maio de 2023

Editorial: A sabotagem do Governo Lula



Essa relação do presidente Lula com o presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, sempre foi bastante questionada, por razões óbvias. Hoje o Lira está sendo comparado, pelas redes sociais, ao ex-presidente daquela Casa, Eduardo Cunha. Não se sabe qual será o desfecho dessa querela entre o Executivo e o Legislativo, mas, sabe-se, sim, dos danos que isso poderá produzir para o país, como o avanço do trator do agro negócio sobre os interesses nacionais, revertendo alguns pontos da legislação ambiental, retomando pautas do que há de mais atrasado. Naquilo que o Governo Lula gostaria de mudar -consoante o interesse do país - isso terá que ser ajustado com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Na prática, não se aprova nada sem a interferência de Lira, o que nos conduz a um semipresidencialismo não assumido. Assim, o Centrão vai amealhando cargos, emendas parlamentares, através do orçamento secreto, e mudando a legislação, tolhendo a autonomia do Governo. Numa situação limite, os pedidos de impeachment são invocados, assim como ocorreu com a ex-presidente Dilma Rousseff. Esse filme a gente já viu antes, leitor. 

Pelo andar da carruagem política, por exemplo, Marina Silva já foi derrotada no tocante ao polêmico projeto de exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. Estamos diante de uma iminente baixa no Governo Lula. Marina pode até deixar o cargo, mas, se sair, sai fazendo um diagnóstico preciso da situação: Estamos num processo de bolsonarização do Governo Lula, diante desse afrouxamento da legislação ambiental, com regras ditadas pelo Legislativo, esvaziando as atribuições do Executivo. Confome adverte Marina Silva, o mundo irá olhar o Brasil a partir do seu marco regulatório ambiental, independentemente de quem esteja na cadeira do Palácio do Planalto. Neste aspecto,  a "motosserra" parece que ainda não saiu de lá.  

Caso se descubra um novo pré-sal em território brasileiro - como algumas previsões sugerem - teremos mais escaramuças legislativas pela frente, para abrir as porteiras para a exploração de empresas americanas, flexibilização já concedida quando da exploração do pré-sal. Na CPI do MST o agro já soltou o gado contra o Governo Lula, o que deve se constituir em mais problemas pela frente. A ideia é criminalizar o movimento social e, de preferência, enquadrar o Governo por crime de responsabilidade. Nunca vi um roteiro tão aprioristicamente bem-definido.      

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 24 de maio de 2023

Editorial: Marina: "Estão tentando implementar o Governo Bolsonaro no Governo Lula"



Qual será o futuro de Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente, no Governo Lula? Eis aqui uma grande interrogação. Em nossa bolsa de apostas existem alguns nomes que não deverão sobreviver por longo tempo no Governo. Isso por diversos motivos, que, em tese, não vale a pena comentar antes do tempo. Depende muito da correlação de forças em jogo, assim como das metamorfoses pelas quais deverão passar o Governo Lula nos próximos meses. Ele, que no início fez um pronunciamento público em consonância com a defesa da tese de que não se poderia liberar a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas - uma vez que isso poderia produzir danos ambientais irreversíveis - logo em seguida sugere que a questão poderia ser melhor avaliada. 

E, por falar em metamoforses, em entrevista recente ao jornal Folha de São Paulo, Marina faz duras críticas a algumas manobras congressuais no sentido de tolher algumas atribuições inerentes ao seu ministério, através de medidas provisórias. Na prática, o que afirma Marina é que estaria havendo uma espécie de implementação do Governo Bolsonaro no Governo Lula. Apesar de constituir-se numa grande vitória de articulação política do Governo, há várias críticas à aprovação do arcabouço fiscal. Inclusive o PSOL não votou com o Governo, o que levou o partido a ser massacrado pelas redes sociais. O arcabouço avança em relação às restrições impostas pelo Governo Temer, mas, por outro lado...

Ontem, um colega de trabalho sugeriu que o Governo Lula, ao admitir ex-integrantes do Governo Bolsonaro na burocracia da máquina pública estaria, na realidade, realizando um trabalho de cooptação. Eles seriam sutilmente dobrados. Este editor, particularmente, não confia em bolsonaristas arrependidos. Alguém que tem Ustra como livro de cabeceira, em nenhuma hipótese, pode merecer alguma confiança. Prefiro identificar-me com as advertências da ministra Marina Silva. 

Editorial: Em briga de juízes do Paraná o mais prudente é não meter a colher.



Há uma sabedoria popular que recomenda que não se deve meter a colher em brigas de marido e mulher. Geralmente, eles chegam a um consenso e acaba sobrando para aqueles que, imprudentemente, emitiram algum comentário ou tomaram partido por A ou B. O mesmo fenômeno ocorre quando um visitante chega à sua casa e faz comentários desabonadores em relação aos membros da família. A tendência é que eles se unam, esqueçam as diferenças temporariamente e repilam tais observações do indigesto visitante, mesmo que elas sejam procedentes. 

Nos parece que essas experiências podem contribuir para a formação de uma opinião sobre o imbróglio que envolve as disputas políticas entre os velhos e novos atores da chamada República de Curitiba ou, mas diretamente, aqueles atores arrolados na Operação Lava Jato. Escrevemos um longo editorial abordando essa questão, mas preferimos mantê-lo em stand by. A cada dia surge um fato novo, uma informação distinta, um petardo atirado de um dos lados envolvidos. 

Ontem, através da Globo News, o ex-ministro da Lava Jato, o hoje senador Sérgio Moro, concedeu uma entrevista onde, inevitavelmente, precisou tratar do assunto, naturalmente, em contraposição ao juiz recentemente afastado, Eduardo Appio. Ressalto que a entrevista já havia sido agendada bem antes. O STF demonstrou as inúmeras irregularidades ocorridas durante o curso da operação Lava Jato, formando hoje um consenso de que tal operação adotou procedimentos equivocados e que os mesmos não podem se repetir. No momento, é torcer que a nossa suprema Corte adote os freios e contrapesos necessários para a preservação da integridade jurídica dos cidadãos e cidadãs brasileiros, não permitindo que novas violações ocorram. Parece-nos ser este o caminho. Vamos ouvir o Tacla Duran? O homem tem muitas informações de bastidores.     

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 23 de maio de 2023

Editorial: Salles gostou do suco de uvas orgânico produzido pelo MST



Ainda estamos impactados com um filme que retrata um episódio dos mais chocantes sobre a Ditadura Argentina. La Noche de Los Lápices é sobre um grupo de jogadores adolescentes argentinos que são sequestrados, torturados e mortos durante a repressão militar naquele país. Apenas um deles conseguiu sobreviver. O filme foi recomendado por um colega professor. Difícil entender como essa ideias de direita ganham espaço cada vez maior em nossa sociedade, levando milhares de pessoas  às ruas para pedir uma intervenção militar. 

Como informa o professor, é preciso muito estudo, muita articulação política, diálogo de base, muita mobilização, para enfrentarmos esses dias bicudos. Às vezes, a ironia, a astúcia, a inteligência podem ajudar, quando aplicadas na dose certa, dentro de padrões civilizados, para não se nivelar aos expedientes dessa extrema direita. Hoje, dia 23, começou o planejamento que deve orientar os trabalhos da CPI do MST. O Governo, como se sabe, abriu as porteiras políticas e vamos ter alguns problemas por aqui, pois a CPI está toda hegemonizada pela oposição. 

Já estamos nas preliminares das eleições municipais de 2024 e, possivelmente, com reflexo nas eleições presidenciais de 2026. Há um consenso de que o Governo vai mal de articulação. A presença do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na casa do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, com o propósito de discutir pautas importantíssimas para o Governo, é um reflexo disso. O cochilo permitiu que a oposição vetasse as mudanças no marco regulatório do saneamento básico, através de um projeto de lei aprovado com abosulta facilidade. 

Gostei bastante da atitude da Deputada Federal pelo Mato Grosso do Sul, Camila Jara, que resolveu levar uma garrafa de vinho orgânico, produzido pelo MST, para o evento, brindando a abertura dos trabalhos na CPI na Câmara Federal. Meio que a contragosto, mas para evitar ser deselegante, Ricarro Salles, relator da CPI, provou do veneno e gostou.  

Charge! Cláudio Duarte via Facebook

 


Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 22 de maio de 2023

Editorial: Lula está pensando em viajar menos e tantar "arrumar" a casa.



Nossa conclusão é a de que Lula tem muitos problemas por aqui, sendo prudente ponderar sobre essas suas viagens ao exterior, salvo em condições excepcionais. Ciro talvez tenha razão quando afirma que o Governo não estaria dimensionando corretamente o tamanho de nossa crise. Soma-se a isso uma necessidade premente de uma articulação política, em condições sensivelmente adversas, tendo que negociar até com bolsonaristas raízes, sob um ônus altíssimo a ser pago com a sua base de apoio político\ideológica. Até aqueles que antes defendiam a prisão perpetua do atual presidente, estão sendo acomodados no Governo. 

Um desses grandes jornais paulistas resolveu assumir uma condição de oposição definida ao Governo, com reiterados editoriais críticos. O último deles, publicado no dia de hoje, afirma que a vingança contra os adversários tornou-se a marca do Governo Lula. E que Lula, deliberadamente, optou por essa estratégia para esconder a ausência de rumo do Governo. Há ressentimente sim, mas há um pouco de desequilíbrio aqui. Essas narrativas devem ser ralativisadas, diante das espertezas dos atores políticos. O rapaz que hoje se queixa de ter sido vítima de uma injustiça ao perder o mandato, deveria lembrar-se de suas armações para condenar pessoas sem provas; deveria refletir sobre o suicídio do reitor da UFSC, morto em razão do achincalhe ao qual foi submetido, sendo execrado publicamente, sem, sequer, ter o direito a frequentar a universidade onde fora reitor, prática recorrente desde a época de estudante. Depois, se chega à conclusão de que se tratava de uma pessoa inocente.

Como diria aquele ministro da Suprema Corte, o germe do fascismo no Brasil germinou através da estufa da República de Curitiba, produzindo consequências funestas para as instituições republicanas no país. Essas práticas jurídicas abjetas são reflexos desse período, onde se praticava não o regime jurídico estabelecido e o respeito à Constituição, mas ao código pessoal do russo.   

Editorial: MST prepara chumbo-grosso contra os ruralistas.



A viagem que o líder do MST, João Pedro Stédile fez à China recentemente, integrando a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, certamente será bastante explorada pelos parlamentares oposicionistas que integram a CPI do MST. A comissão deve começar os trabalhos nesta semana e já estamos anciosos para acompanhar os embates que deverão serem travados. Por razões óbvias, Stédile será um dos convidados de honra dessa comissão. O Governo Lula, porém, parece ter acordado do sono profundo e, através do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, estaria preparando um dossiê sobre as irregularidades cometidas pelo agronegócio, que vão muito além do uso indevido de agrotóxicos, envenenando nossos alimentos. 

As denúncias são cabeludas e envolvem até mesmo, segundo fomos informados, a apropriação indevida de recursos públicos destinados à produção agropecuária, procedimentos que seriam recorrentes desde o Escândalo da Mandioca, onde falsos produtores rurais do Sertão Pernambucano se apropriavam de recursos do Banco do Brasil, sob o pretexto de plantarem mandioca, e desviavam esses recursos para outras finalidades. Esse fato ocorreu na década de 80 do século passado, e resultou no covarde assassinato do procurador Pedro Jorge, que fez a denúncia através do Ministério Público. 

A mentalidade desse grupo é a mesma de 500 anos atrás. Pouca coisa mudou desde então, sobretudo quando se está em discussão a propriedade da terra, as relações de trabalho e coisas do gênero. Os grilhões de antes da abolição formal e institucional da escravidão ainda estão presos aos membros dos trabalhadores, a julgar pelos recorrentes episódios de trabalho análogo à escravidão. É bom que o MST tenha feito o seu dever de casa. Será uma oportunidade de mostrar ao país o que ocorre no campo e como esses grupos se organizam para tramarem contra as instituições democráticas, pois eles estão no epicentro do retrocesso político, dando suporte essas últimas mobilizações antidemocráticas.       

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 21 de maio de 2023

Editorial: Centrão deseja o "passe" de Tarcísio de Freitas.



Numa entrevista recente, o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, não escondeu seu entusiasmo com uma eventual candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas(Progressistas), como opção da oposição a candidato às eleições presidenciais de 2026. Oposição, leia-se, na realidade, Centrão, capitaneado pelo PL e outras nucleações partidárias menores. Valdemar manisfestou o desejo, inclusive, de que ele venha a se filiar ao PL. Em princípio, a chapa dos sonhos seria uma dobradinha entre Tarcísio e a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro,mas, assim como o marido, é bem provável que ela se torne inelegível, em razão das encrencas jurídicas. 

O cálculo político é aparentemente simples. Tarcísio partiria com um potencial expressivo no maior colégio eleitoral do país, enquanto Michelle agregaria à chapa a sua capilaridade política nacional, principalmente entre os nichos eleitorais das mulheres e dos evangélicos. Na prática, isso nem sempre funciona assim de forma orgânica, mas, no momento, seria essa a hipótese. A direita sempre foi melhor nesses arranjos, chegando a construção de consensos com mais facilidade. 

No Governo Lula, por outro lado, já existiria uma briga feia de bastidores em torno do assunto, colocando aliados em luta fratricida em torno da condição de vir a ser o ungido como sucessor de Lula. É muita gente na disputa ao trono, o que poderia estar travando o Governo. Alguém até sugeriu que, neste momento, talvez fosse estratégio Lula assumir que pretende disputar mais um mandato, para serenar os ânimos. Apenas para serenar os ânimos, entenda-se, uma vez que seria pouco plausível tal hipótese. Aparentemente.    

Editorial: Polícia Federal suspeita de sabotagem nas investigações sobre a morte de Marielle Franco.



O Governo Lula, através do Ministério da Justiça, já se comprometeu a esclarecer a morte da vereadora Marielle Franco. Embora ainda não tenhamos superado o atoleiro da crise institucional em que estamos metidos, o empenho da Polícia Federal no caso deverá elucidar aqueles episódios nebulosos, apontando as circunstâncias e, principalmente, os mandantes do crime. Há indícios de que a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro teria manobrado para conduzir o processo de forma pouco republicana. Ressalto aqui que não se pode fazer generalizações ao trabalho da corporação, informando que quem agiu assim foram alguns policiais da Instituição, designados para investigar o caso. 

Esses fatos não seriam incomuns, principalmente num Estado como o Rio de Janeiro, onde as milícias são formadas, em sua maioria, por policiais corruptos e ex-policiais, afastados da corporação por má-conduta. No Rio de Janeiro as instituições do Estado estão irremediavelmente contaminadas, daí a federalização das novas investigações. Os executores da militante Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes, são dois ex-policiais militares afastados da corporação.    

Ontem mesmo surgiu uma informação de que a UERJ teria repassado, através de uma folha de pagamento secreta, milhões de reais a uma pessoa ligada à "família", um pouco antes das últimas eleições. Como se diz no linguajar popular, está tudo dominado. Felizmente, o rosário de crimes cometidos estão subindo à superfície, em razão da inexistência dos expedientes que antes os mantiveram no subsolo, protegidos por sigilos. Um dia as coisas fogem ao controle, como é o que parece que vem ocorrendo.      

sábado, 20 de maio de 2023

Editorial: MST - A CPI do fim do mundo.



O mantra em Brasília é que as CPI's a gente sabe como começam, mas não sabemos como terminam. Essa premissa, atribuíada ao grande Ulisses Guimarães, se aplica perfeitamente a CPI do MST. Em certos aspectos, ela está assumindo alguns contornos políticos até mais releventes do que a CPMI dos Atos Antidemocráticos do dia 08 de janeiro. Mais uma razão que reforça a nossa tese de que o Governo perdeu o feeling político no que concerne a tal CPI, ao permitir o total protagonismo da oposição em sua composição, que deve ficar com a relatoria e com a presidência. 

Antes mesmo de começarem os trabalhos, a estridência é grande, assim como o foco dos seus trabalho se ampliam a cada dia. Somente no dia de ontem, o relator, o Deputado Federal Ricardo Salles, protagonizou uma indisposição com Guilherme Boulos, do PSOL, ligado ao MTST, e com o senador Randolfe Rodrigue, ao comentar sobre o seu desligamento da Rede. O deputado também ouviu os apartes de uma deputada contra a sua indicação à relatoria dos trabalhos da comissão, pois, segundo ela, Salles não reuniria as condições mais adequadas para assumir o cargo. Seria uma raposa tomando conta do galinheiro. 

Como é sabido, Ricardo Salles teve uma passagem polêmica como Ministro do Meio Ambiente do Governo Bolsonaro, sendo afastado do cargo depois de uma série de denúncias de irregularidades na pasta, com pendências jurídicas em andamento.  Ficou conhecido como ministro motosserra, em razão das políticas liberacionistas dos órgãos subordinados à pasta, que deveriam, na realidade, preservar o meio ambiente, com total permissibilidade para a boiada passar. A oposição começa bem posicionada para os trabalhos dessa comissão, restando ao Governo Lula acordar do sono político e adotar uma estratégia mais condizente na condução dos trabalhos. Com grande exposição, Salles está sendo "dissecado". Já descobriram seus financiadores de campanha e até um curso de pós-graduação na prestigiada Universidade de Yale, que se discute se realmente foi realizado.     

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 19 de maio de 2023

Editorial: Moro com as barbas de molho



Esse último retrocesso político que o país experimentou fez muito mal a nossa gente. Quando a mentira é utilizada, sistematicamente, como arma política, para atingir os adversários e desafetos, não se pode esperar coisas boas. Conforme enfatizamos sempre, não se pode dizer que já atravessamos essa tormenta. Ainda estamos mergulhados numa crise de valores e institucional que deve chegar aos próximos verões. Logo após a cassação do mandato do ex-Deputado Federal Dalton Dallagnol, começaram a pipocar informações - verídicas ou fake - em torno do assunto. 

Uma delas diz que Lula chegou a comemorar o fato com pessoas mais próximas, brindando-o com taças de champanhe. Haveria um colunista dando conta de que o senador Sérgio Moro, temendo igual destino, estaria pensando em renunciar e deixar o país. Nada disso podemos confirmar, portanto, fica no plano das meras especulações. De concreto mesmo, apenas uma entrevista concedida pelo ex-ministro do STF, Marco Aurélio Mello - por quem temos profundo respeito - assegurando que haveria eventuais equívocos jurídicos em torno da decisão do STF. Deixemos essa discussão para os juristas. Dessa área ele entende muito bem. Vamos respeitá-lo. 

Marco Aurélio também faz um comentário no terreno político, observado que, diante do andar da carruagem, o ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro, deveria precaver-se, traduzida livremente pelo editor como "ficar com as barbas de molho". Salvo melhor juízo, existiriam algumas irregularidades na prestação de contas de campanha do ex-juiz, o que deve ser apreciado pelo STE. A se confirmar uma tendência... 

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


Editorial: O silêncio insurdecedor do ajudante de ordens



O ex-ajudante de ordens do Governo Bolsonaro, Tenente-Coronel Mauro Cid, resolveu ficar em silêncio no depoimento que prestou à Polícia Federal, no dia de ontem. É uma prerrogativa dele, mas é aquele tipo de silêncio que diz muito e incomda bastante as hostes do bolsonarismo. O que ele estaria querendo dizer com este silêncio, uma vez que o silêncio, por vezes, pode revelar muita coisa, principalmente para a mídia, que repercutiu bastante o comportamento do ex-ajudante de ordens. 

Recentemente, ocorreu uma mudança em sua defesa, o que pode significar uma nova linha de conduta do ex-ajudante de ordens. De uma família de militares, o pai ja teria demonstrado sua insatisfação com a conduta dos envolvidos no caso, que estariam usando de um estratagema para deixar Mauro Cid se comprometer sozinho. Ninguém é obrigado a produzir provas contra si, conforme preconiza a constituição. Ficar em silêncio, por outro lado, pode não ser a mehor estratégia de defesa, principalmente quando o Estado já possui elementos que podem comprometer o suspeito. Nossa avaliação aqui é de ordem genérica e não em relação ao caso específico.  

A fala, neste caso, poderia diluir as eventuais formação de convicções ou de provas arroladas contra o suspeito. Desde o início que se percebe uma tentativa de blindagem em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A ideia é formar um cordão sanitário que impeça que ele seja atingido por essas denúncias. Resta saber se o grupo que o acompanhava ou dos anônimos envolvidos estarão dispostos a ir para o sacrifício sozinhos, assumindo a condição de bodes expiatórios, o que seria muito improvável, daí a preocupação com o silêncio ensurdecedor de Mauro Cid.    

quinta-feira, 18 de maio de 2023

Editorial: O IBAMA voltou. Vetou a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas.


O senador Randolfe Rodrigues acaba de anunciar seu desligamento da Rede Sustentabilidade, depois da decisão do IBAMA de vetar a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. A decisão não foi política, mas embasada em estudos técnicos que apontam os danos ambientais a projetos dessa natureza. Mas, no Governo Lula, existia uma queda de braços entre a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o senador, que tem base política no Amapá, um Estado que poderia ser beneficiado com a exploração de petróleo na bacia amazônica. 

O senador Randolfe é reconhecido nacionalmente por suas posições corretas, republicanas, sempre do lado certo. Desta vez, parece-nos que errou, pois o que está em jogo na tomada de decisão do IBAMA é a preservação do meio ambiente, antes de quaisquer outras considerações. Esperamos que essa indisposição seja circunscrita ao problema pessoal com a ministra e não se estenda a outras esferas. Mas, de qualquer forma, o episódio acende mais uma luz amarela nas entranhas do Governo, assim como as rusgas entre os ministros para assumirem, desde já, a condição de ungido para suceder Lula nas eleições de 2026. 

O Governo precisa voltar aos trilhos, assumir a sua condição de protagonista do processo político, não permitindo ficar a reboque das provocações e exposto ao desgate produzido pela oposição que, como se diz aqui no Sertão Nordestino, estão à procura de um pé. Ou seria uma "cabeça"? O Governo Lula vai mal de comunicação; Perdeu a guerra de narrativas sobre o PL das fake news; Permitiu o total controle da CPI do MST à oposição; escancarou as porteiras da máquina pública para ex-bolsonaristas; Liberou 90 bilhões de emendas parlamentares através de expedientes nebulosos como o orçamento secreto. É preciso criar condições de governabilidade o menos possível dependente do Centrão, pois o apetite dessa gente é insaciável. E quando não houver mais condições de satisfazê-los?      

Editorial: As consequências de uma CPI do MST controlada pela oposição.



Desde as eleições que a relação do PT como os ruralistas não anda muito bem. O agronegócio é um nicho muito identificado com o bolsonarismo e tende a manter essa posição. Curioso que Lula indicou um ruralista para o Ministério da Agricultura, o senador Carlos Fávaro, mas, mesmo assim, o clima de desconfiança permanece. O ministro acabou sendo desconvidado da Agrishow, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro foi recebido com entusiasmo pelos presentes ao evento. Curioso que a bancada ruralista considerou uma espécie de afronta a presença de Lula e do vice Geraldo Alckmin num evento organizado recentemente pelo MST. 

Alckmin saiu entusiasmado da feira do MST, alardeando que a sociedade brasileira precisa conhecer o trabalho ali realizado. De fato, sim, o MST é pop. Vem realizando um trabalho excepcional de economia sustentável, um ótimo exemplo para o país. Todos os países com o mínimo de vergonha na cara fizeram suas reformas agrárias. No Brasil, um país construído sob a égide dos grandes latifúndios e do trabalho escravo, tal reforma agrária tornou-se uma tarefa hercúlea. 

Por vezes, o MST dá uma forcinha para que o processo ande, levando o Governo a tomar decisões necessárias. Durante o abril vermelho, o MST invadiu algumas propriedades rurais no país, exaltando os ânimos dos ruralistar e dos seus representantes na Câmara dos Deputados, que possui uma bancada exclusiva. Talvez mais preocupado com a CPMI dos atos golpistas de 08 de janeiro, o governo abriu as porteiras para a oposição deitar e rolar na composição da CPI do MST. 

Eles assumirão  a presidência e a relatoria, que ficará a cargo do ex-Ministro do Meio ambiente do Governo Jair Bolsonaro, Ricardo Salles, um bolsonarista raiz, que deve produzir um relatório onde até as vírgulas tentarão comprometer o Governo Lula. Se depender da disposição dessa gente em criar embaraços, Lula terá uma dor de cabeça pela frente, pois se especula sobre a possibilidade de enquadramento do presidente por crime de responsabilidade.        

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 17 de maio de 2023

Editorial: Valdemar da Costa Neto deixou de seguir duas lições básicas de política.



Há duas lições básicas do campo da política que deixaram de ser seguidas por Valdemar da Costa Neto, Presidente Nacional do Partido Liberal. Não se pode dizer que o presidente da legenda seja, assim, um ingênuo, mas, por vezes, até as grandes raposas cometem equívocos, como o de ontem, quando ele resolveu atender a um convite de uma emissora de TV fechada para conceder uma entrevista para tratar de assuntos espinhosos, como o rolo do uso irregular dos cartões corporativos no governo anterior. 

Uma dessas lições vem da grande escola mineira, onde se diz que suas raposas só compareciam às reuniões quando tudo já estava aprioristicamente decidido. As reuniões mineiras cumpririam apenas as formalidades de praxe. Não necessariamente com tanta precisão, seria possível antever as eventuais perguntas. Com uma margem de manobra de cometimento de erros mínimos, ele deveria ir para a reunião com um conjunto de respostas ajustadas. 

Uma outra lição vem aqui de Pernambuco mesmo, onde a velha raposa Miguel Arraes só aparecia nos eventos em condições favoráveis, evitando os desconfortos de ir a ambientes hostis. Essas duas premissas não foram observadas pelo presidente do PL, que se embaralhou completamente diante das perguntas da bancada de repórteres que o entrevistou. Resultado? um desastre, seja para ele, seja para os ouvintes e até mesmo para os envolvidos que, possivelmente, não gostaram de suas respostas. A expressão "Bolsonaro não é uma pessoa normal" está alcançando ampla repercussão nas redes sociais.  

Editorial: A cassação de Dalton Dallagnol


Dalton Dallagnol, até outro dia, comemorava, pelas redes sociais, sua eleição como Deputado Federal pelo Estado do Paraná, com uma votação das mais expressivas. No dia de ontem, por unanimidade, o TSE cassou o seu mandato, pois, diante dos processos a que responde e que se encontra em tramitação, sua eleição não poderia ser legalmente referendada. Uma questão de natureza jurídica, unicamente, mas que está assumindo contornos políticos inevitáveis, diante desse clima de polarização em que o país encontra-se mergulhado. 

Até o dispositivo legal está sendo invocado, numa refefência ao Ministro da Justiça, Flávio Dino, autor do mesmo, quando exercia o cargo de Deputado Federal. O papel exercido por Dalton Dallagnol durante os trabalhos da Operação Lava-Jato é o "X" da questão, o motivo das comemorações de setores ligados ao Partido dos Trabalhadores, que nunca perdoaram Dalton pela sua atuação na condenação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Outros nomes estão no retrovisor dos petistas, como o do senador Sérgio Moro. Não é verade que Lula governa com o fígado - como sugeriu um veículo de comunicação - mas ele mesmo fez questão de deixar claro que guarda ressentimentos em relação ao senador. Há um esforço danada para desarmar esses palanques, mas eles resistem. Um dos termos que tornou-se comum no dicionário político do momento é o "produzir desgaste". Se Lula indicar Zanin para o STF, a oposição sabe que o seu nome será referendado, mas vai fazer um barulho daqueles apenas para desgastar o Governo.  

Editorial: Marília deve ser indicada para a Hemobrás



Nos escaninhos da política comenta-se que o Ministro da Casa-Civil, Rui Costa, possui, sobre sua mesa, algo em torno de 200 nomes indicados pelos partidos aliados, aguardando nomeação para algum cargo na máquina. A ausência de agilidade nessas nomeações estariam, inclusive, criando alguns problemas para o Governo Lula em suas negociações para votações importantes e de interesse do Governo na Câmara Federal. Pelo andar da carruagem política, uma dessas nomeações devem estar saindo nos próximos dias. Trata-se da indicação do nome da pernambucana Marília Arraes, que deve assumir a Hemobrás, segundo informações da revista Veja

Em princípio, o que se especulava é que tanto o partido Solidariedde quanto a neta de Arraes desejavam a indicação para a SUDENE, qua acabou não se viabilizando. Qual seria o futuro político da neta do Dr. Arraes? Vamos arriscar um "incerto" para não incorrermos em equívocos - com o tempo a gente vai aprendendo - mas é provável que ela volte a disputar o Governo do Estado nas eleições de 2026, a julgar pela sua disposição de fazer oposição a governadora Raquel Lyra.  

Não acreditamos que ela volte a bater chapa com o primo nas eleições para a Prefeitura da Cidade do Recife, em 2024. Marília foi isolada politicamente, a despeito de seu perfil conciliador. A banda queijo do reino do PT alinhou-se aos socialistas, inviabilizando seus projetos políticos na província desde algum tempo. Num arranjo político inusitiado, nas últimas eleições para o Governo do Estado, ela resolveu alinhar-se a esse grupo, selando seu destino naquelas eleições. 

Agora, o mesmo grupo tramou para que não saísse a sua indicação para a SUDENE. É bom ela ir colocando as barbas de molho porque esse grupo tem um longo projeto político pela frente, com o propósito de fazer de João Campos o fututo governador de Estado, a partir de 2026, como herdeiro do espólio político do ex-governador Eduardo Campos. Tenho muitas dúvidas se estava nos planos de João Campos tornar-se um político. Ele foi jogado na arena pelas contingências produzidas pela morte prematura do pai. Seus movimentos mais recentes, no entanto, indicam que ele está tomando gosto pela coisa, fazendo política com o cérebro, conversando com todas as tribos, "acomodando" todo mundo, bem a exemplo do seu pai, quando tinha projeto de tornar-se Presidente da República.       

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 16 de maio de 2023

Editorial: Lula é candidato à reeleição?



Eis aqui uma questão que o próprio Lula respondeu antes mesmo de vencer as últimas eleições e assumir o seu terceiro mandato. Seria natural, em razão de sua idade avançada e os entreveros políticos enfrentados nos últimos anos, chegando mesmo a cumprir pena por condenação processos duvidosos, que já foram anulados. Para o indivíduo ser feliz não precisa de muita coisa não, como observou Ariano Suassuna em uma de suas Aulas espetáculo. Como bom nordestino, Lula sabe o valor de uma carne do ceará com farofa, acompahada de suco de pitanga - a pitanga é uma fruta tipicamente do bioma Caatinga - uma boa rede armada debaixo do sombreiro de um pé de umbu. 

Será que a vaidade pelo exercício do poder é tanta assim? Ao ponto de exercer fascínio no petista? Não acreditamos. O mais sensato seria ele se recolher aos aposentos. Lula enfrenta um fardo pesado neste terceiro mandato. Ora são os grupos de direita e ultra-direita, que escolheram o Brasil como um laboratório para as suas experiências macabras; setores da grande imprensa, que não dão a menor trégua ao petista, publicando, sistematicamente, matérias e editoriais contra o Governo; os planos da oposição para fazê-lo sangrar; os probremas gigantescos de governabilidade, tendo que abrir espaço na máquina e liberar emendas através desse expediente nefasto do orçamento secreto. Curiosa essas ciladas da política. Em princípio, o que se previa era uma desbolsonarização da máquina, mas está ocorrendo exatamente o contrário. A máquina voltou a ser bolsonarizada, por pressão dos partidos "aliados". Não faltou nem mesmo os admiradores do coronel Brilhante Ustra, indicado para controlar os fundos de autarquia. 

A Coluna do jornalista Cláudio Humberto, no dia de hoje, no entanto, traz uma informação acerca da guerra aberta nos corredores do poder em Brasília, entre petistas, pela condição ser ungido como sucessor de Lula. Eis aqui um outro fator que poderia estar prejudicando o desempenho do terceiro Governo Lula. Existem uma penca de pretendentes a esta condição, cada qual tentando parecer mais confiável ao chefe. Neste sentido, o jornalista sugere que aventar uma hipótese de uma candidatura à reeleição de Lula poderia contribuir para serenar os ânimos. Quem sabe ele tem razão.