Nós, que escrevemos sobre política, temos que estar sempre invocando Magalhães Pinto, a raposa mineira que afirmava que política são como as nuvens. Mudam constantemente. Não raro, escrevemos um artigo num dia, e no dia seguinte, ele já foi atropelado pelos acontecimentos. Até ontem os sinais eram claros no sentido de indicar um arrefecimento na relação entre o PT e o PSB, sobretudo depois que Fernando Bezerra Coelho passou a cuidar mais do Ministério da Integração e deu um refresco à gestão de João da Costa. Súbito, o PSB lança o nome do Deputado João Fernando Coutinho como candidato à Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, rompendo com uma aproximação costurada com o Presidente Nacional do PSDB, Sérgio Guerra. Não havia nenhum compromisso assumido entre Eduardo Campos e Elias Gomes, mas as relações entre ambos eram, até então, as melhores possíveis, prevendo-se que o governador pudesse apoiá-lo no projeto de reeleição. No dia de hoje, a crônica política, mais precisamente Mariza Gibson, chega mesmo a falar de uma possível irritação do governador com o prefeito, por este não ter dado os créditos devidos dos investimentos do Estado no município. Tudo isso são filigranas. O ponto de ebulição da questão está relacionado ao momento em que o Deputado, com atuação na Mata Sul, transferiu seu domicílio eleitoral para Jaboatão, algo que não foi dado muito importância à época. A transferência seu deu no bojo de uma estratégia montada pelo Palácio do Campo das Princesas, ancorada no projeto de fortalecer a postulação nacional do governador Eduardo Campos. O Diário de Pernambuco de hoje traz uma excelente matéria analisando as manobras do PSB e as cidades onde o partido resolveu impor alguns nomes, gerando atritos com aliados.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
João Paulo prevê dificuldades na reeleição de João da Costa.
Ao mesmo tempo em que tenta por panos mornos nos atritos entre o PSB e o PT – algo que vem avolumando nos últimos meses – Rochinha recomenda ao PSB mais cautela no sentido de não fracionar a unidade da Frente Popular em Pernambuco, prejudicando o projeto de reeleição do prefeito João da Costa. Às vezes, temos dúvidas sobre o discurso do ator político João Paulo, sobretudo considerando-se o ambiente onde ele é pronunciado. No Programa Ponto Final, pó exemplo, afirmou categoricamente que o prefeito João da Costa terá grandes dificuldades de reeleição, podendo comprometer os projetos da Frente Popular no Recife. Argumenta João Paulo que o prefeito sofre uma grande rejeição da sociedade civil e dificilmente construirá uma unidade em torno do seu nome, sobretudo por ter comprometido o modelo de gestão concebido e implementado pelas gestões petistas. Como integrante da Comissão Eleitoral do PT, a impressão que passa que João Paulo deve declarar-se impedido, por razões óbvias, quando questionado sobre o assunto. Do contrário, o que explica o fato de o PT nacional está endossando essa aventura do matuto que tomou água de barreira? Por falar nos Joões, outra informação que a cúpula nacional precisa saber é que, dificilmente, poderão celebrar uma união entre eles. João Paulo ficou bastante magoado com a tese levantada pelo prefeito para o rompimento entre ambos: A afirmação de que João Paulo queria continuar mandando na Prefeitura.
PSB movimenta-se no tabuleiro. É praticamente certa a candidatura de Fernando Bezerra, no Recife.
Todos os indicadores contribuem para a possibilidade real do lançamento da candidatura do Ministro Fernando Bezerra, nas eleições do Recife, em 2012. Praticamente todos militantes da legenda que transferiram seus domicílios eleitorais já confirmaram suas candidaturas, como é o caso de João Antonio Dourado, presidente da AMUPE, que deve candidatar-se em Garanhuns, João Fernando Coutinho, por Jaboatão, e Aluízio Lessa, em Goiana. Se interpretarmos corretamente o discurso dos atores da legenda, como a fala do seu presidente regional, Sileno Guedes, no sentido de que o PSB pretende transferir a tecnologia de gestão implantada na máquina pública estadual para algumas cidades importantes, consolidando, a partir de Pernambuco, o projeto nacional do governador Eduardo Campos, não resta dúvida de que teremos um gato... Ops! Na realidade,um coelho em disputa pelo Palácio Antonio Farias, em 2012.
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Fernando Henrique Cardoso: Lula pode estar certo.
Por inúmeras vezes comentamos aqui no http://blogdojolugue.blogspot.com, sobre a corrupção no país, apontando-os como um problema estrutural, impossível de ser equacionado nas atuais circunstâncias políticas – leia-se presidencialismo de coalizão – a despeito da disposição e da motivação da presidente Dilma Rousseff. Cumprindo o seu legítimo papel de oposição, o PSDB tem se empenhado em cobrar da presidente medidas mais radicais na faxina ética. Havia corrupção na máquina pública nos governos anteriores a Dilma e Lula como haverá nos próximos governos, sobretudo se mantivermos o modelo político. Exige-se, portanto, uma reforma que possa alterá-lo, se possível, como sugeriu o Cientista Político num debate recente, através da convocação de uma mini-constituinte eleita exclusivamente com essa finalidade, encerrando o mandato logo após as conclusões dos trabalhos. Essa tal reforma política, com esses políticos que aí estão, dificilmente chegará a bom termo, como eles próprios já admitiram. Surpreendeu-nos uma entrevista concedida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a revista New Yorker, onde, ao comentar sobre os problemas de corrupção da era Dilma, FHC admite que Lula estava certo quando pediu que ela fosse devagar, em função dessa tal governabilidade. Como vaticina Manuel Castells, está decretada a falência da democracia representativa burguesa.
Paraíba atinge marca de R$ 15,3 milhões de recursos liberados só este ano.
O governador Ricardo Coutinho liberou, na manhã desta segunda-feira (28), cerca de R$ 6,6 milhões em financiamentos voltados, sobretudo, à inclusão produtiva, por meio do Projeto Cooperar-PB. Com o valor liberado, o Estado já alcançou este ano a marca aproximada de R$ 15,3 milhões em financiamento de projetos pelo programa. No programa "Fala Governador”, transmitido pela Rede Tabajara Sat, Ricardo Coutinho destacou que a meta é que a Paraíba chegue a R$ 20 milhões financiados.
A liberação dos recursos na manhã desta segunda aconteceu em meio às comemorações dos 20 anos de existência do Instituto de Terras e Planejamento Agrícola do Estado da Paraíba (Interpa). "É um órgão de grande importância para aquisição de terras e regularização fundiária na Paraíba”, destacou o governador. Nos últimos três anos, o Cooperar não fez nenhuma liberação de recursos.
Só nesta segunda-feira, o Cooperar contemplou 44 projetos, beneficiando 2,2 mil famílias. Dos vários segmentos que estavam na solenidade, Ricardo Coutinho destacou os catadores de materiais de resíduos sólidos de Itabaiana e Salgado de São Félix. "Agora, com o apoio do financiamento, eles poderão fazer catação e vender produtos recicláveis a indústrias, que precisam desta matéria”, disse.
Ainda no Fala Governador, Ricardo Coutinho destacou que, em novembro do ano passado, ele foi ao Banco Mundial e tomou conhecimento que o financiamento liberado para a Paraíba já estava para vencer no início de 2013. "O Estado não tinha utilizado absolutamente nada, porque não conseguia colocar a contrapartida de 15%”, lembrou. Agora, segundo ele, a meta do Governo é, no mínimo, triplicar os financiamentos.
O governador revelou durante o programa radiofônico que, por meio do Cooperar, o Governo do Estado está começando a fazer a transição para priorizar a inclusão produtiva paraibana. "Estamos investindo prioritariamente, para que as pessoas possam produzir mais e melhor, para, com isso, ganhar mais dinheiro, dando uma vida melhor as suas respectivas famílias”.
Polo avícola – Como exemplo deste trabalho, Ricardo Coutinho citou o investimento feito na manhã desta segunda-feira, no valor de R$ 500 mil, para uma cooperativa de criação de galinha caipira, em São Sebastião de Lagoa de Roça, no agreste paraibano. "Vamos construir um abatedouro, financiar a compra de um caminhão para que facilite o transporte da produção, entre outras ações. Também iremos dotar o arranjo produtivo para vender em qualquer parte do mundo, pois os equipamentos utilizados lá sãos os mesmos de qualquer grande empresa privada. Queremos transformar a Paraíba em um grande polo avícola”.
Todos esses esforços, conforme falou Ricardo, objetiva garantir que os pequenos produtores paraibanos tenham a inclusão social e produtiva que merecem. "E, para isso, precisamos utilizar instrumentos do Estado para trazer dignidade e respeito à população”, disse.
Responsabilidade Fiscal – No Fala Governador, ainda, Ricardo Coutinho destacou a importância da responsabilidade fiscal para firmar convênios com recursos federais. "Essa lógica permite ao Estado sonhar, olhar pra frente e perceber que o futuro será melhor que o presente. Tenho coragem e dever de fazer o que é melhor para o povo”, assegurou.
Ele destacou que, no grupo III do PAC 2, a Paraíba foi, proporcionalmente, o maior Estado do País em recursos, com acesso a R$ 120 milhões. "É preciso participação do Governo Federal e estamos trabalhando muito para que as emendas apresentadas na bancada federal se tornem realidade”, acrescentou. Ele destacou, ainda, que o Governo do Estado planeja, nos próximos anos, revitalizar toda a malha rodoviária paraibana, incluindo a Transnordestina e a ponte interligando Cabedelo a Lucena.
Água para Sossego – O governador cumpre agenda no município de Sossego, onde serão retomadas as obras para construção de uma adutora, orçada em R$ 1,3 milhão, que levará água de Cubati para a cidade. A adutora terá 20 quilômetros de extensão, incluindo ainda a instalação de duas estações elevatórias. "A água chegará à torneira de todos os moradores de Sossego, que era colocada como uma cidade crítica quando se trata de acesso à água”, revelou.
Ainda nesta segunda-feira, será autorizada pelo governador a restauração da rodovia PB-137, ligando o município de Picuí à BR-104. A obra está avaliada em R$ 11,5 milhões. "Picuí, que por um lado é interligada a Soledade, passará a ser interligada, também, à BR-104 pelo outro lado. Obras como essa, só fortalecem a integração da Paraíba. Um Estado que não consegue movimentar sua economia e pessoas internamente com segurança, tem dificuldades para se desenvolver”, enfatizou o governador.
Secom-PB
A liberação dos recursos na manhã desta segunda aconteceu em meio às comemorações dos 20 anos de existência do Instituto de Terras e Planejamento Agrícola do Estado da Paraíba (Interpa). "É um órgão de grande importância para aquisição de terras e regularização fundiária na Paraíba”, destacou o governador. Nos últimos três anos, o Cooperar não fez nenhuma liberação de recursos.
Só nesta segunda-feira, o Cooperar contemplou 44 projetos, beneficiando 2,2 mil famílias. Dos vários segmentos que estavam na solenidade, Ricardo Coutinho destacou os catadores de materiais de resíduos sólidos de Itabaiana e Salgado de São Félix. "Agora, com o apoio do financiamento, eles poderão fazer catação e vender produtos recicláveis a indústrias, que precisam desta matéria”, disse.
Ainda no Fala Governador, Ricardo Coutinho destacou que, em novembro do ano passado, ele foi ao Banco Mundial e tomou conhecimento que o financiamento liberado para a Paraíba já estava para vencer no início de 2013. "O Estado não tinha utilizado absolutamente nada, porque não conseguia colocar a contrapartida de 15%”, lembrou. Agora, segundo ele, a meta do Governo é, no mínimo, triplicar os financiamentos.
O governador revelou durante o programa radiofônico que, por meio do Cooperar, o Governo do Estado está começando a fazer a transição para priorizar a inclusão produtiva paraibana. "Estamos investindo prioritariamente, para que as pessoas possam produzir mais e melhor, para, com isso, ganhar mais dinheiro, dando uma vida melhor as suas respectivas famílias”.
Polo avícola – Como exemplo deste trabalho, Ricardo Coutinho citou o investimento feito na manhã desta segunda-feira, no valor de R$ 500 mil, para uma cooperativa de criação de galinha caipira, em São Sebastião de Lagoa de Roça, no agreste paraibano. "Vamos construir um abatedouro, financiar a compra de um caminhão para que facilite o transporte da produção, entre outras ações. Também iremos dotar o arranjo produtivo para vender em qualquer parte do mundo, pois os equipamentos utilizados lá sãos os mesmos de qualquer grande empresa privada. Queremos transformar a Paraíba em um grande polo avícola”.
Todos esses esforços, conforme falou Ricardo, objetiva garantir que os pequenos produtores paraibanos tenham a inclusão social e produtiva que merecem. "E, para isso, precisamos utilizar instrumentos do Estado para trazer dignidade e respeito à população”, disse.
Responsabilidade Fiscal – No Fala Governador, ainda, Ricardo Coutinho destacou a importância da responsabilidade fiscal para firmar convênios com recursos federais. "Essa lógica permite ao Estado sonhar, olhar pra frente e perceber que o futuro será melhor que o presente. Tenho coragem e dever de fazer o que é melhor para o povo”, assegurou.
Ele destacou que, no grupo III do PAC 2, a Paraíba foi, proporcionalmente, o maior Estado do País em recursos, com acesso a R$ 120 milhões. "É preciso participação do Governo Federal e estamos trabalhando muito para que as emendas apresentadas na bancada federal se tornem realidade”, acrescentou. Ele destacou, ainda, que o Governo do Estado planeja, nos próximos anos, revitalizar toda a malha rodoviária paraibana, incluindo a Transnordestina e a ponte interligando Cabedelo a Lucena.
Água para Sossego – O governador cumpre agenda no município de Sossego, onde serão retomadas as obras para construção de uma adutora, orçada em R$ 1,3 milhão, que levará água de Cubati para a cidade. A adutora terá 20 quilômetros de extensão, incluindo ainda a instalação de duas estações elevatórias. "A água chegará à torneira de todos os moradores de Sossego, que era colocada como uma cidade crítica quando se trata de acesso à água”, revelou.
Ainda nesta segunda-feira, será autorizada pelo governador a restauração da rodovia PB-137, ligando o município de Picuí à BR-104. A obra está avaliada em R$ 11,5 milhões. "Picuí, que por um lado é interligada a Soledade, passará a ser interligada, também, à BR-104 pelo outro lado. Obras como essa, só fortalecem a integração da Paraíba. Um Estado que não consegue movimentar sua economia e pessoas internamente com segurança, tem dificuldades para se desenvolver”, enfatizou o governador.
Secom-PB
Movimento Estudantil defende o fim do voto secreto na Assembléia.
Entidades do Movimento Estudantil estiveram presentes hoje(29) com o Deputado Silvio Costa Filho(PTB), Vice-Líder do Governo e o Deputado Rodrigo Novaes(PSD). Os jovens vieram à Alepe com o objetivo de fazer um apelo aos Deputados, para que seja determinado o fim do voto secreto. Estiveram representantes da UNE, UEP, UMES, DCES, dentre outras entidades do parlamento estudantil.
No debate sobre a PEC 04(Projeto de Emenda Constitucional), que propõe o voto aberto aos parlamentares, Joaquim Francisco Presidente, Diretor da UNE, acredita que a transparência do parlamentar é fundamental para a sociedade civil “A sociedade deve estar caminhando junto com o poder legislativo, por isso é importante a transparência do voto”. Tauã Fernandes Presidente da UEP, defende que sejam promovidos mais fóruns, onde se discutam a posição que os parlamentares adotam nas votações do legislativo: “O Brasil precisa realizar uma reforma política, colocar o voto aberto como prioridade. Precisamos saber o projeto político que cada parlamentar apoia, para isso devemos fazer uma agenda de fóruns mais amplos”. José Aparecido, do movimento estudantil, acredita que antes de escolhermos um representante, devemos saber a sua posição: “Precisamos saber a posição que os representantes da Assembléia Legislativa têm em relação aos projetos, até pra saber em quem vamos confiar, saber o que eles defendem.”
O deputado Silvio Costa Filho, foi ao plenário da Assembléia Legislativa ontem, cobrar ao Deputado Raimundo Pimentel, celeridade na votação da PEC do voto aberto , tendo em vista que o prazo de tramitação na Comissão de Justiça se expirou no dia 22 de novembro, o deputado solicitou, que o projeto fosse votado na Comissão o quanto antes. Silvio Costa Filho trabalhará para até dezembro seja aprovado o voto aberto na Casa, ficou definido que as entidade farão uma visita ao Presidente da Casa Guilherme Uchoa e se mobilizarão em favor do voto aberto na Assembleia Legislativa.
Assessoria de Imprensa do Deputado Sílvio Costa.
R$ 100 milhões para apoio às vitimas do crack e outras drogas
Senador Armando Monteiro destina emenda parlamentar ao Programa Atitude, vinculado ao Pacto pela Vida
Membro titular da Subcomissão Permanente de Segurança Pública, o senador Armando Monteiro decidiu destinar, por meio de emenda de bancada, R$ 100 milhões para a prevenção e reinserção social dos usuários de crack, álcool e outras drogas, no Orçamento Geral da União de 2012.
Os recursos fortalecerão as ações de combate e prevenção ao uso de drogas desenvolvidas em Pernambuco por meio do Programa Atitude, da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Estado. A emenda de Armando Monteiro aloca os R$ 100 milhões no Funad – Fundo Nacional Antidrogas -, do Ministério da Justiça, que os repassará ao Governo de Pernambuco.
Vinculado ao Pacto pela Vida – política pública do Governo Eduardo Campos que tem como característica um trabalho integrado nas áreas de segurança, saúde, educação e ação social –, o Programa Atitude dá atenção integral aos usuários de drogas e seus familiares. Atualmente, ele é desenvolvido no Recife, Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana, e em Caruaru, no Agreste. Através de cofinanciamento, ainda há unidades em Bom Jardim, também no Agreste.
Dentre as iniciativas desenvolvidas pelo Programa Atitude, está a mobilização de uma equipe multidisciplinar de profissionais especializados, que abordam e sensibilizam os usuários de drogas, direcionando-os para a rede de atendimento à saúde pública ou centros sociais. Há ainda os espaços de acolhimento aos usuários e seus familiares, com oportunidade inclusive de internação.
Assessoria de Imprensa do senador Armando Monteiro.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Partido Socialista Verde. Um partido para Marina chamar de seu?
O congresso estadual do PPS, realizado ontem, no Recife, com a presença de pesos pesados da oposição pernambucana e do dirigente maior da agremiação, Roberto Freire, definiu duas resoluções curiosas, um delas ancoradas no movimento “Nova Política”, ou seja, a ala dissidente do PV que adotou como guru o sociólogo espanhol Manuel Castells. A primeira delas seria o lançamento de um candidato presidencial da legenda em 2014, algo que ainda precisa ser avalizado pelo Congresso Nacional da legenda e definido lá para 2013. A outra seria a mudança do nome do partido, que passaria a se chamar PSV (Partido Socialista Verde), possivelmente incorporando os dissidentes verdes à legenda. Conforme já comentamos em outros momentos, depois que o partido abandonou a bandeira socialista nunca mais se encontrou, tornando-se uma nau sem rumo. Sempre que questionado a respeito do assunto, Roberto Freire tem na ponta da língua um discurso teórico para explicar as mudanças vividas pela legenda, sobretudo depois do esfacelamento das experiências do socialismo realmente existente. Na prática, tornou-se um partido apêndice, gravitando, inclusive, em torno de legendas conservadoras, comprometendo completamente a sua identidade. Outro dia, comentando sobre o assunto, o Cientista Político Michel Zaidan afirmou, em entrevista, que o PPS tornou-se um partido residual. Não sabemos ainda como se daria o ingresso do grupo de Marina na legenda e se ela seria a possível candidata presidencial em 2014. Muito possivelmente. No Recife, o partido reafirmou a disposição de lançar a candidatura de Raul Jungmann à Prefeitura do Recife, embora as coisas ainda não estejam muito bem definidas no campo da oposição. Jarbas, por exemplo, disse que daria apoio aos amigos, embora descarte uma candidatura sua. Jarbas, que esteve presente no encontro – especulando-se muito sobre um possível apoio à candidatura Jungmann - afirmou que seria importante que a oposição lançasse apenas dois candidatos.
João Fernando Coutinho anuncia candidatura à Prefeitura de Jaboatão.
Em meio às especulações sobre a aliança branca entre o PSDB e o PSB em alguns Estados da Federação, inclusive Pernambuco, quando se previa a possibilidade de o governador Eduardo Campos apoiar a reeleição de Elias Gomes, em Jaboatão, o diretório municipal da legenda convoca João Fernando Coutinho para a disputa de 2012. A possibilidade de uma candidatura própria do partido já era prevista, sobretudo se considerarmos a transferência do domicílio eleitoral do parlamentar, com atuação na Mata Sul. Os partidários de Elias desejavam que o governador estivesse no palanque do tucano, mas a candidatura de Fernando Coutinho, por outro lado, pode enredar uma estratégia urdida pela dupla Eduardo/Sérgio. Vamos aguardar. O quadro político naquela cidade é muito complexo, exigindo, consequentemente, estratégias ousadas.
Ponto Final, o novo programa de Aldo Vilela, entrevista João da Costa.
O Sistema Jornal do Commércio vem anunciando a volta de Aldo Vilela à Televisão, desta vez, para comandar um programa de entrevistas com um forte componente político, o Ponto Final. O Programa irá ao ar sempre às 23:30 horas, de segunda à sexta. O primeiro entrevistado será o prefeito João da Costa, que deverá tratar do tema mobilidade urbana. Estranhamente, o prefeito do Recife tem recusado convites para debater o assunto, certamente um assunto central no debate das eleições de 2012. O ex-prefeito do Recife, João Paulo, que também gravou programa a ser exibido ainda nesta semana, evitou cumprimentar o prefeito durante encontro ocorrido nos corredores da TV Jornal. Conforme já afirmamos, o PT terá muito trabalho na tarefa de unir os dois Joões. Outro dia comentávamos num artigo o espaço que as TVs abertas da Paraíba destinam o debate político. Em horários nobres da grade de programação, o público tem a oportunidade de acompanhar programas de entrevistas e debates todos os dias. Um espaço bem maior do que o destinado pela TV pernambucana. O programa de Aldo Vilela, por exemplo, está indo ao ar muito tarde, não permitindo que o cidadão comum, aquele que precisa acordar cedo para preparar a marmita e tomar o metrô, possa acompanhá-lo. Uma pena.
Manifeste-se pelo Nordeste!
O
Museu do Homem do Nordeste
manifesta-se
em manifesto
O
Museu do Homem do Nordeste
manifesta-se em manifesto
Recife, 2011
NORDESTE - TEENS!
No Nordeste somos barrocos, excessivos e permissivos,
contudo somos implacavelmente lógicos quando
precisamos agir pelo avesso.
No Nordeste estamos “ruralizando” os nossos
condomínios urbanos de luxo, e “miamizando” nosso
litoral em regime de urgência!
O Museu do Homem do Nordeste condena a transformação
do patrimônio em relíquia e declara que, no
Nordeste, a missão histórica da memória no momento
é, principalmente esquecer. A cana. O viramundo.
Os barões. A seca. O fanatismo. O banditismo. Os
meninos brincando com caveirinhas. E os intelectuais
“regiônicos” que encolhem gente para caber nas medidas
sempre apertadas dos estereótipos.
No Nordeste eliminamos do nosso léxico as palavras
esquálido, braquicéfalo e messiânico.
No Nordeste decidimos adotar a segunda pessoa
do plural na linguagem coloquial, e doravante, todos
os comunicados oficiais da região devem conter, no
mínimo, uma mesóclise. Entre nós, a norma culta da
língua é considerada politicamente correta.
O problema com as ideologias, inclusive o regionalismo,
é que elas irremediavelmente passam e nós
ficamos.
O fato imutável de cada um de nós ser filho de
quem é excede a noção de fatalidade. O Nordeste
poderia ter sido no Sudeste: a História ignora pontos
cardeais.
A marcha para o Oeste se transferiu para o Nordeste.
O Museu do Homem do Nordeste anualmente
encomenda missa em intenção da alma de Oswald de
Andrade, pois não guarda ressentimentos e sabe que
ele só colocou o Museu Nacional no seu Manifesto
porque na época nós não existíamos.
Proliferam os Nordestes globalizados na era da
globalização: olhai amigos as parabólicas do sertão!
O SERTÃO NÃO VIROU MAR: VIROU CIDADE!
O Bispo Sardinha foi visto, em Caruaru, em um
rodízio de sushis.
O NORDESTE É UM MIX DE MIXÓRDIAS!
NOSSA NACIONALIDADE É TEEN-AGER!
Nunca fomos ortodoxamente ocidentais. Nós éramos
“nós” mas éramos, também, o “outro”.
Tupi or not tupi: this is not (anymore) the question.
The question is: Somos “nós” ou somos o “outro”?
Nordestes amai-vos uns aos outros!
Nordeste chega de rede: - agora é rede.
Netnetnet
Nordeste!
Anunciado ontem, oficialmente, a predominância
do Homus Globatus entre os brasileiros nascidos, nos
últimos vinte anos, entre o sul da Bahia e o norte do
Maranhão.
A Nova SUDENE será um Instituto de Neurociências.
Palavra de ordem: othering!
ABAIXO AS ETNONOSTALGIAS!
A partir de hoje cada brasileiro em geral, e cada nordestino
em particular tem o direito de ser - ou não - regional.
No Nordeste as expressões “a gente fomos”, “nós
vai” e “os pessoal foi” são crimes inafiançáveis.
No Nordeste somos jesuiticamente anti-jesuítas.
No Nordeste somos cartesianamente anti-cartesianos.
No Nordeste somos etnocentricamente anti-etnocentricos.
Nos Nordeste somos o avesso do que pensam que
somos.
NO NORDESTE A ALEGRIA DISPENSA PROVA DOS
NOVE.
Mercados em crise: Tokyo, Londres, a Bovespa e a
Bolsa do Cariri anunciaram ontem queda vertiginosa
das ações da “Lógica Binária” & Brothers. Lembrem-se
o que aconteceu com Lehman Brothers!
O Padim Ciço inaugura na próxima semana, no
Shopping Iguatemi, a primeira franchise do Santuário
do Juazeiro do Norte, e à noite profere conferência no
auditório da FIESP: o empreendedorismo do sertão.
ALTER ALTER JÁ!
VIRAL VIRAL VIRAL: OS NORDESTE-TEENS ESTÃO
CHEGANDO!
Se você é velho ou moço, se você dança forró mas não
dispensa uma rave, se você não quer viver como seu
avô vivia, se você não pensa que ser isso impede de
ser aquilo, se você odeia que pensem que você é um
coitadinho, se você prefere jaqueta dos Hell Angels a
gibão de couro, se você come cuzcuz mas freqüenta
rodízio de sushi, se você adora passar as férias em São
Paulo, se você é gay mas seria hetero, se você é hetero
mas seria gay, se você é contra qualquer gueto, se
você acha que o sertão virou cidade, se você tem santo
padroeiro e gosta de arte contemporânea, se você
pensa que a história, no fundo, acontece no presente,
se você é em princípio favorável a toda mudança, se
você pensa que uma das funções da memória também
é esquecer, se você não cabe no personagem do beato,
do cangaceiro e do retirante, se você é ligado, plugado,
linkado, mas ainda assim enraizado e se você não
vive sem uma fitinha do Bonfim, um ipod e um tablet,
então amigo ou amiga, bem vindo ao clube: você é um
NORDESTE-TEEN
.
Armando Monteiro: Pernambuco volta a crescer com a força da indústria.
Acompanhando o governador Eduardo Campos, o senador Armando Monteiro (PTB/PE) participou nesta segunda-feira (28) da solenidade de anúncio de três novas fábricas no município de Limoeiro, em Pernambuco, e diz que o Estado se reindustrializa exatamente no momento em que o Brasil passa por um processo de relativa desindustrialização. "Pernambuco cresce na indústria quando o Brasil perde espaços em alguns setores".
Veja vídeo com o discurso do senador, no qual faz uma avaliação do processo de industrialização do Estado:
Link do vídeo:
Sílvio Costa Filho cobra celeridade na votação da PEC do voto aberto.
Com o objetivo de abolir o voto secreto no âmbito legislativo, o Deputado Silvio Costa Filho(PTB), Vice-Líder do governo, foi ao plenário da Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco nesta tarde, cobrar ao Deputado Raimundo Pimentel, Presidente da Comissão de Constituição Justiça da casa, celeridade na votação da PEC do voto aberto , tendo em vista que o prazo de tramitação na Comissão de Justiça se expirou no dia 22 de novembro, o deputado solicitou, que o projeto fosse votado na Comissão o quanto antes.
O Deputado Silvio Costa Filho, defende o voto aberto “ É dever constitucional, a sociedade saber como votam os seus representantes, é bom para a democracia e para o fortalecimento do poder legislativo, que a cada dia haja mais transparência nos posicionamentos dos deputados. Trabalharei para até dezembro nós aprovarmos o voto aberto aqui na casa, o líder do governo Waldemar Borges e o Presidente da Assembléia Guilherme Uchoa, já se manifestaram favorável ao voto aberto.
O deputado Maviael Cavalcanti foi à Tribuna , contrário a proposta do Deputado Silvio Costa Filho. Ele defende, que o voto deve ser fechado, para não haver ingerência do poder executivo e entende que o voto aberto fragiliza o poder legislativo.
Amanhã o Deputado Silvio Costa Filho e o Presidente da Casa Guilherme Uchoa, estarão recebendo representantes do Movimento Estudantil UNE, UEP, UMES, DCES, entre outros representantes do Movimento Estudantil.
Assessoria de Imprensa
domingo, 27 de novembro de 2011
No ninho da oposição. Secretaria de Politicas para as Mulheres. Dilma vai acabar?
Retrocesso inaceitável
Circulam na mídia informações de que o governo Dilma Rousseff irá acabar com a Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), vinculada à Presidência da República e com status de ministério, tendo como pressuposto um pseudoaumento da eficiência da administração pública federal. Seria um retrocesso inaceitável na estrutura do Estado brasileiro e uma ofensa à luta de todas as mulheres do país, empenhadas na luta pelos direitos e pelo fim de preconceitos que persistem na sociedade moderna.
A intenção se torna ainda mais absurda se lembrarmos que a iniciativa pode vir de um governo comandado pela presidente Dilma Rousseff, a primeira mulher a ocupar o maior cargo do país. Se os seus antecessores, desde a década de 1980, criaram instâncias federais de apoio a políticas governamentais, uma mulher no cargo não pode esquecer seus compromissos com a nação e extinguir ou rebaixar o status político da secretaria.
A SPM é uma conquista inalienável de todas as mulheres brasileiras. Ela sucedeu à Secretaria de Estado dos Direitos da Mulher (Sedim), criada no governo Fernando Henrique, com status de ministério. Seu fim seria um retrocesso sem precedentes na história das lutas femininas no país.
Presidente Dilma Rousseff, a situação da mulher no Brasil é séria e ainda muito injusta do ponto de vista político, econômico e social, como a senhora bem sabe em sua trajetória de vida pessoal, política e profissional. Os recentes dados do Censo de 2010 do IBGE comprovam como a mulher continua sendo severamente discriminada no Brasil. No trabalho, por exemplo, elas recebem 42% a menos do que os homens, exercendo as mesmas funções. Sua definição é precisa: “No Brasil, a pobreza tem duas faces: negra e feminina e muitas vezes até infantil”.
Como a primeira mulher a falar na abertura da ONU, representando o Brasil, a senhora se disse “orgulhosa” de viver aquele “momento histórico” e anunciou ao mundo o seu desejo e, mais do que isso, sua convicção interior: “Tenho certeza que esse será o século da mulher”. Em outra reunião na ONU, a senhora assumiu um compromisso internacional de aumentar a participação feminina nas instâncias decisórias de seu governo.
Presidente, somos a maioria da população brasileira, mas não temos 10% de representantes no Congresso Nacional, depois de 121 anos da Proclamação da República e 68 anos da conquista do voto feminino. Nesse contexto, o governo federal não pode abrir mão de eliminar uma preciosa conquista nesta luta cotidiana que passa pelas delegacias de mulheres — ainda insuficientes no Brasil — e pela briga no Poder Judiciário para punir os homens agressores, de acordo com a Lei Maria da Penha.
Do ponto de vista formal da estrutura de Estado, a provável fusão de secretarias afronta a 4ª Conferência Mundial sobre a Mulher, que em sua plataforma de ação de Pequim define que os mecanismos de avanços na luta pelos direitos femininos nos países passa por “organismos centrais de coordenação de políticas de governos”. Em outras palavras, no caso brasileiro, da nossa SPM.
O maior fórum internacional de mulheres define, ainda, que haja recursos orçamentários suficientes e que o órgão possa exercer influência nas políticas governamentais. Pensar diferente é agir no sentido de reduzir o poder institucional da secretaria, o que limitará as ações governamentais.
A situação da secretaria já é grave. Mesmo com status de ministério, a SPM reduziu em 51,5% suas despesas nos primeiros 10 meses deste ano em relação a 2010 — caiu de R$ 82,4 milhões para R$ 39,9 milhões. O corte atingiu programas necessários para minimizar o sofrimento, discriminações e violências contra as mulheres. O corte no Programa de Enfrentamento Sexual contra Crianças e Adolescentes atingiu 94%. No Programa de Prevenção e Enfrentamento da Violência contra as Mulheres, o corte foi de 45,3%.
Essa é a dura realidade vivida pelas mulheres brasileiras. De um lado, a opressão em casa, no trabalho, nas ruas. De outro, o quase descaso das autoridades e de alguns tecnocratas de Brasília, que cortam gastos indiscriminadamente e ainda tentam mutilar a histórica conquista das mulheres, a SPM. Confiamos, presidente Dilma Rousseff, que a senhora não assinará um ato dessa magnitude sendo a primeira mulher a ocupar o maior posto do país, a Presidência da República.
PSDB Mulher, especial para o blog.
RANKING DA POLITICA PERNAMBUCANA
EM ALTA: O senador Jarbas Vasconcelos. Depois da refrega das eleições de 2010, o senador pernambucano permaneceu altivo na condição de oposição ao Governo Dilma Rousseff e Eduardo Campos, liderando a dissidência dentro do PMDB. Recentemente, em reunião na capital federal, reuniu em seu apartamento um grupo de parlamentares que, embora de partidos diversos, tem em comum o fato de fazerem oposição ao Governo. Entre esses parlamentares, o eterno candidato presidencial, José Serra, seu amigo pessoal, ainda no PSDB. Por enquanto,apenas um jantar. Mas, alguns começam a advogar que Jarbas está tentando por ordem na casa da oposição, hoje desarticulado e fragmentada.
EM BAIXA: A publicidade da Prefeitura do Recife. Já faz algum tempo que o prefeito João da Costa vem participando de festinhas na presença do marqueteiro Antonio Lavareda. O último desses encontros foi durante o aniversário do deputado Federal Sérgio Guerra, o que teve uma repercussão bastante negativa. Alguns insinuam a possibilidade de Lavareda assumir o marketing institucional da Prefeitura do Recife. Por enquanto, apenas especulação. O fato, no entanto, é que, embora invista milhões em publicidade, a Prefetura também não acertou a mão na área, ou seja, os resultados posistivos não estão aparecendo em termos de popularidade do prefeito. A estratégia mais recente foi a de associar a gestão da Prefeitura ao ritmo do Governo do Estado. O publicitário que cuidava do assunto entregou o boné. Isso, como se diz na gíria, João, é uma faca de dois legumes. Quando mal conduzida, poderia alavancar as possíveis candidaturas dos gatos amarelos, desejosos de se aninhar no teto do Palácio Antonio Farias. Pay Attention, João!
Posição de Serra inquieta grãos-tucanos em São Paulo.
A Folha de São Paulo de hoje, através do jornalista Josias de Souza, informa que a posição de Serra em relação às eleições de 2012 ,em São Paulo, tem deixado a cúpula do tucanato apreensiva. Embora haja resistência ao seu nome para 2014, grãos-tucanos de bom senso não desprezam seu capital político para a agremiação. Em São Paulo, o seu reduto, conforme já afirmamos em outras oportunidades, Serra é um agregador. Serra já manifestou a possibilidade de o PSDB sequer apresentar candidato, optando em apoiar a candidatura do PSD, através de Afif Domingos. Quatros nomes disputam a indicação do PSDB, todos sem chances, de acordo com a avaliação de José Serra: José Aníbal, Bruno Covas, Andréa Matarazzo e Ricardo Trípoli. Está agendado um encontro entre Serra e os pré-candidatos do partido. Caso Serra decida candidatar-se, o que é pouco provável em razão de sua idéia fixa de tornar-se presidente da República, o partido poderia fechar questão em torno do seu nome.
Gazeta de Alagoas: Comissão da Verdade. Entidades querem que casos sejam julgados pelo Supremo.
Por: EVANDRO ÉBOLI - AGÊNCIA O GLOBO
Brasília, DF – Antes mesmo da escolha dos integrantes da Comissão da Verdade, familiares de desaparecidos e entidades de direitos humanos já discutem os rumos que gostariam de dar ao grupo. Identificar, convocar e dar publicidade aos nomes de agentes do Estado que mataram, torturaram e desapareceram com militantes de esquerda durante a ditadura é o propósito maior desses militantes. Também é prioridade para setores do governo.
O que os diferencia é a pretensão de familiares de levar à Justiça o resultado da apuração da comissão.
A lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff não prevê a criminalização desses agentes do Estado, mas os familiares acreditam ser inevitável que, revelados nomes de torturadores, que sejam levados aos tribunais.
Familiares de vítimas juntam provas
Os familiares já começam a se mobilizar. Na quinta e na sexta-feira da semana passada, antigos militantes de esquerda, ligados hoje a comissões da Memória e Verdade, discutiram como atuar na Comissão da Verdade e se dividiram entre fazer indicações ou não ao governo de nomes para a comissão.
Maria do Rosário ouviu as queixas dos familiares e sugeriu que apresentem nomes. A ministra prometeu agendar encontro de um grupo deles com Dilma, que escolherá os sete integrantes da comissão.
“Estou à disposição para levar a ela todos os nomes e preocupações. É minha tarefa”, afirmou.
Se militantes querem indicar nomes à comissão, outros querem vetar. No encontro, vários deles se mostraram contrários à possível nomeação do ex-vice-presidente Marco Maciel para a comissão. Seu nome tem sido citado como possível integrante.
O que os diferencia é a pretensão de familiares de levar à Justiça o resultado da apuração da comissão.
A lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff não prevê a criminalização desses agentes do Estado, mas os familiares acreditam ser inevitável que, revelados nomes de torturadores, que sejam levados aos tribunais.
Familiares de vítimas juntam provas
Os familiares já começam a se mobilizar. Na quinta e na sexta-feira da semana passada, antigos militantes de esquerda, ligados hoje a comissões da Memória e Verdade, discutiram como atuar na Comissão da Verdade e se dividiram entre fazer indicações ou não ao governo de nomes para a comissão.
Maria do Rosário ouviu as queixas dos familiares e sugeriu que apresentem nomes. A ministra prometeu agendar encontro de um grupo deles com Dilma, que escolherá os sete integrantes da comissão.
“Estou à disposição para levar a ela todos os nomes e preocupações. É minha tarefa”, afirmou.
Se militantes querem indicar nomes à comissão, outros querem vetar. No encontro, vários deles se mostraram contrários à possível nomeação do ex-vice-presidente Marco Maciel para a comissão. Seu nome tem sido citado como possível integrante.
Leia mais na versão impressa
Nota do Editor: Diferentemente do que ocorreu em outros países que enfrentaram ditaduras militares, embora em algumas avaliações jurídicas a Lei da Anistia não contemporize torturadores, a Comissão da Verdade poderia idendificá-los, mas não puní-los.
Portal Tribuna do Norte: A Ordem tecnodemocrática, artigo do cientista político Gâudêncio Torquato.
Gaudêncio Torquato,
As quedas sucessivas de governos europeus - Islândia, Dinamarca, Grã-Bretanha, Grécia, Holanda, Irlanda, Eslovaquia, Portugal, Itália e Espanha - abrem intensa polêmica sobre o fenômeno da globalização, sinalizam a ascensão da tecnocracia ao centro do poder político e contribuem para mobilizar massas até então amorfas, em países credores e em devedores. Abrigados nas margens do espectro ideológico, grupos de todos os espectros passam a agir como exércitos destemidos, tomando as ruas, exigindo a saída de governantes açoitados pela crise financeira e a entrada na cena politica de figurantes e de propostas inovadoras. O status quo é jogado no colo de "elites" identificadas com mandatários responsáveis pela adoção de modelos ultrapassados. Espraia-se na Europa uma agitação que clama por mudanças drásticas, tendência que se enxerga na ação de partidos de extrema direita na Itália, França, Holanda, Áustria, Finlândia e de setores populistas que pretendem sacudir o continente e inserir na agenda amplo debate sobre os parâmetros que regulam a União Européia. A par de explícitos interesses de grupos radicais, que esquentam a polêmica e partem para o embate, o que está em jogo nesse momento, também nos Estados Unidos e em outras praças, é o próprio equilíbrio do sistema democrático, fato a ensejar a instigante questão: a crise financeira ameaça os valores da democracia?
Partamos da análise sobre os efeitos do fenômeno da globalização na vida dos países. A crítica mais comum aponta para a sensível perda das identidades nacionais. Sob a globalização, as Nações passaram a ter governos manietados ou, para usar expressao mais leve, monitorados pelo mandatário-mor do planeta, o capital internacional. Parcelas expressivas das populações européias queixam-se, por exemplo, que a erosão de suas fronteiras, a eliminação das moedas nacionais e a imposição de uma nova ordem pela troika União Européia-Banco Central Europeu-Fundo Monetário Internacional interferem em seu modo de ser, pensar e agir. Não se conformam com o enxerto em suas culturas de sementes estranhas aos solos pátrios e apontam para o esgarçamento da teia de valores que formam o caráter de seus povos. A expressão das comunidades, agora mais acesa, resgata a tese de que as economias continentais diferem bastante para ficar sob as rédeas de uma única política monetária. As assimetrias, como agora se mostram, eram bastante previsíveis. O discurso é bastante consistente.
O ordenamento do império financeiro- inspirado na proteção dos cofres e fortalecimento dos PIBs nacionais - acaba tapando os olhos para o conforto social, mesmo que as equações produzidas pelos formuladores de plantão tentem demonstrar relação de causa e efeito, ou seja, a estratégia de defender o Bem da Nação seria chave para abrir as portas do bem estar geral. Não faltarão questionamentos à abordagem, bastando lembrar a receita brasileira, que, para enfrentar a crise, prescreveu o acesso da população ao crédito e ao consumo. Explicações à parte, o fato é que as democracias vêem suas engrenagens navegarem nas ondas do Império Financeiro Global, entidade que enquadra as esferas políticas e governamentais, centrais e periféricas, de potências ou territórios de pouca expressão. Não há como deixar de constatar a existência de parâmetros similares em todos os sistemas democráticos e a corrosão de cores nas bandeiras nacionais.
Dito isto, analisemos, agora, o segundo ator importante no quadro das democracias contemporâneas: o tecnocrata. De início, é oportuno lembrar que não há mais no planeta brilhantes estrelas da política. O painel político da Humanidade locupleta-se de figurantes sem o glamour de líderes que marcaram presença na história. Os tempos são outros. Queixumes se ouvem nas praças do mundo: quem lembra a sabedoria e o tino de figuras portentosas como as De Gaulle, Churchill, e mesmo Margareth Thatcher ou Willy Brandt? As Nações dispõem, hoje, de quadros funcionais de limitado ciclo de vida política. Os conflitos do passado, cujo foco era a geopolítica e a expansão de domínios, cedem lugar às lutas internas contra o dragão que devasta as finanças e corrói os Tesouros. É natural, pois, que o perfil do momento seja aquele treinado nos salões da tecnocracia. Aliás, o termo vem a calhar nesses tempos de insegurança, pois agrega habilidade(tekne) ao poder( kratos). Isso é o que se espera dos "solucionadores de problemas", entre eles, Mário Monti, novo primeiro ministro italiano, que herda o caos deixado por Berlusconi, e Lucas Papademos, que domina a planilha de contas mas parece perdido diante dos cofres vazios da Grécia. Exímios tecnocratas, deverão por em prática as ordens de quem realmente dá o tom da Europa, Alemanha e França, cujos mandatários Ângela Merkel e Nicolas Sarkozy são jocosamente chamados de Merkozy.
Afinal, o tecnocrata faz mal à democracia? A pergunta está no ar desde a queda do Muro de Berlim, no vácuo deixado pelo desvanecimento das ideologias e pasteurização partidária. De lá para cá, governos esvaziaram seus compartimentos doutrinários, preenchendo- os com quadros burocráticos e apetrechos técnicos para obter eficiência e eficácia. Inaugurava-se o ciclo que Maurice Duverger cognomina de "tecnodemocracia", que sucede à democracia liberal. Seus eixos se apóiam em organizações complexas e racionais e, hoje, mais que nunca, levam em conta a gangorra dos capitais financeiros mundiais. A política deixou de ser uma unidade autônoma, porquanto passou a depender de mais duas hierarquias, a alta administração do Estado e os negócios. Esse é o feitio dos modernos sistemas democráticos. E é essa modelagem que explica manifestações radicais das massas em quadrantes diferentes do planeta. Busca-se um Salvador da Pátria, seja ele socialista, populista, liberal, conservador de direita, tecnocrata ou intelectual. Se ele não aparecer, um ditado conhecido dos ditadores poderá emergir: "quando nada mais se apresenta, o trunfo é paus".
sábado, 26 de novembro de 2011
Domingueira do Jolugue: Chegou o verão, uma crônica de Luiz Fernando Veríssimo.
Chegou o verão!
Verão também é sinônimo de pouca roupa e muito chifre, pouca cintura
e muita gordura, pouco trabalho e muita micose.
Verão é picolé de Kisuco no palito reciclado, é milho cozido na água
da torneira, é coco verde aberto pra comer a gosminha branca.
Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no
tênis.
Mas o principal ponto do verão é.... A praia!
Ah, como é bela a praia.
Os cachorros fazem cocô e as crianças pegam pra fazer coleção.
Os casais jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das véias.
Os jovens de jet ski atropelam os surfistas, que por sua vez, miram a
prancha pra abrir a cabeça dos banhistas.
O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, antes do
sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão
chegando.
Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três
geladeiras de isopor, cinco guarda-sóis, raquete, frango, farofa,
toalha, bola, balde, chapéu e prancha, acreditando que estão de
férias.
Em menos de cinqüenta minutos, todos já estão instalados, besuntados
e prontos pra enterrar a avó na areia.
E as crianças? Ah, que gracinhas! Os bebês chorando de desidratação,
as crianças pequenas se socando por uma conchinha do mar, os
adolescentes ouvindo walkman enquanto dormem.
As mulheres também têm muita diversão na praia, como buscar o filho
afogado e caminhar vinte quilômetros pra encontrar o outro pé do
chinelo.
Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como furar a areia pra
fincar o cabo do guarda-sol.
É mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer o guarda-sol ficar
em pé.
Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da felicidade, da
maravilha que é entrar no mar!
Aquela água tão cristalina, que dá pra ver os cardumes de latinha de
cerveja no fundo.
Aquela sensação de boiar na salmoura como um pepino em conserva.
Depois de um belo banho de mar, com o rego cheio de sal e a periquita
cheia de areia, vem àquela vontade de fritar na chapa.
A gente abre a esteira velha, com o cheiro de velório de bode, bota o
chapéu, os óculos escuros e puxa um ronco bacaninha.
Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do calor!!!!!
Mas, claro, tudo tem seu lado bom.
E à noite o sol vai embora.
Todo mundo volta pra casa tostado e vermelho como mortadela, toma
banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próximo.
O shampoo acaba e a gente acaba lavando a cabeça com qualquer coisa,
desde creme de barbear até desinfetante de privada.
As toalhas, com aquele cheirinho de mofo que só a casa da praia
oferece.
Aí, uma bela macarronada pra entupir o bucho e uma dormidinha na rede
pra adquirir um bom torcicolo e ralar as costas queimadas.
O dia termina com uma boa rodada de tranca e uma briga em família.
Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e
torcendo, pra que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo
possa se encontrar no mesmo inferno tropical...
Verão também é sinônimo de pouca roupa e muito chifre, pouca cintura
e muita gordura, pouco trabalho e muita micose.
Verão é picolé de Kisuco no palito reciclado, é milho cozido na água
da torneira, é coco verde aberto pra comer a gosminha branca.
Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no
tênis.
Mas o principal ponto do verão é.... A praia!
Ah, como é bela a praia.
Os cachorros fazem cocô e as crianças pegam pra fazer coleção.
Os casais jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das véias.
Os jovens de jet ski atropelam os surfistas, que por sua vez, miram a
prancha pra abrir a cabeça dos banhistas.
O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, antes do
sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão
chegando.
Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três
geladeiras de isopor, cinco guarda-sóis, raquete, frango, farofa,
toalha, bola, balde, chapéu e prancha, acreditando que estão de
férias.
Em menos de cinqüenta minutos, todos já estão instalados, besuntados
e prontos pra enterrar a avó na areia.
E as crianças? Ah, que gracinhas! Os bebês chorando de desidratação,
as crianças pequenas se socando por uma conchinha do mar, os
adolescentes ouvindo walkman enquanto dormem.
As mulheres também têm muita diversão na praia, como buscar o filho
afogado e caminhar vinte quilômetros pra encontrar o outro pé do
chinelo.
Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como furar a areia pra
fincar o cabo do guarda-sol.
É mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer o guarda-sol ficar
em pé.
Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da felicidade, da
maravilha que é entrar no mar!
Aquela água tão cristalina, que dá pra ver os cardumes de latinha de
cerveja no fundo.
Aquela sensação de boiar na salmoura como um pepino em conserva.
Depois de um belo banho de mar, com o rego cheio de sal e a periquita
cheia de areia, vem àquela vontade de fritar na chapa.
A gente abre a esteira velha, com o cheiro de velório de bode, bota o
chapéu, os óculos escuros e puxa um ronco bacaninha.
Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do calor!!!!!
Mas, claro, tudo tem seu lado bom.
E à noite o sol vai embora.
Todo mundo volta pra casa tostado e vermelho como mortadela, toma
banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próximo.
O shampoo acaba e a gente acaba lavando a cabeça com qualquer coisa,
desde creme de barbear até desinfetante de privada.
As toalhas, com aquele cheirinho de mofo que só a casa da praia
oferece.
Aí, uma bela macarronada pra entupir o bucho e uma dormidinha na rede
pra adquirir um bom torcicolo e ralar as costas queimadas.
O dia termina com uma boa rodada de tranca e uma briga em família.
Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e
torcendo, pra que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo
possa se encontrar no mesmo inferno tropical...
Um giro pelas semanais:Época: Os arquivos secretos da Marinha
ÉPOCA teve acesso a documentos inéditos produzidos pelo Cenimar, o serviço de informações da força naval. Eles revelam o submundo da repressão às organizações de esquerda durante a ditadura militar
LEONEL ROCHA
Confira a seguir um trecho dessa reportagem que pode ser lida na íntegra na edição da revista Época de 28/novembro/2011 |
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Uma caixinha de papelão do tamanho de um livro guardou por mais de três décadas uma valiosa coleção de segredos do regime militar implantado no Brasil em 1964. Escondidas por um militar anônimo, 2.326 páginas de documentos microfilmados daquele período foram preservadas intactas da destruição da memória ordenada pelos comandantes fardados. Os papéis copiados em minúsculos fotogramas fazem parte dos arquivos produzidos pelo Centro de Informações da Marinha (Cenimar), o serviço secreto da força naval. Ostentam as tarjas de “secretos” e “ultrassecretos”, níveis máximos para a classificação dos segredos de Estado e considerados de segurança nacional. Obtido com exclusividade por ÉPOCA, o material inédito possui grande importância histórica por manter intactos registros oficiais feitos pelos militares na época em que os fatos ocorreram. Para os brasileiros, trata-se de uma oportunidade rara de conhecer o que se passou no submundo do aparato repressivo estruturado pelas Forças Armadas depois da tomada do poder em 1964. Muitos dos mistérios desvendados pelos documentos se referem a alguns dos maiores tabus cultivados pelos envolvidos no enfrentamento entre o governo militar e as organizações de esquerda.
A mensagem |
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Para os brasileiros A investigação da Comissão da Verdade pode mexer com tabus da direita e da esquerda Para os militares Ainda há muitos documentos da ditadura militar a divulgar |
As revelações mais surpreendentes estão nas pastas rotuladas de “Secretinho”, uma espécie de cadastro dos espiões nas organizações de esquerda. Fichas e relatórios do Cenimar identificam colaboradores da ditadura, homens e mulheres, que atuavam infiltrados nas organizações que faziam oposição, armada ou não, ao regime militar. Agiam dentro dos partidos, dos grupos armados e dos movimentos estudantil e sindical. O trabalho dos informantes e agentes secretos era pago com dinheiro público e exigia prestação de contas. Muitos infiltrados eram militares treinados pelos serviços secretos das Forças Armadas que atuavam profissionalmente. Outros foram recrutados pelos serviços secretos entre os esquerdistas, por pressão ou tortura. Havia ainda dezenas de colaboradores eventuais, simpatizantes do regime, que trabalhavam em setores estratégicos, como faculdades, sindicatos e no setor público. A metódica organização da Marinha juntou relatórios, fotografias, cartas e anotações de agentes e militantes.
Reveladores, os papéis microfilmados divulgados por ÉPOCA antecipam alguns dos debates mais importantes previstos para a Comissão da Verdade, cuja lei de criação foi sancionada recentemente pela presidente Dilma Rousseff. Aprovada pelo Congresso, a comissão foi criada com o objetivo de esclarecer os abusos contra os direitos humanos cometidos, principalmente, durante a ditadura militar. Se investigar a fundo o que se passou nas entranhas do aparato repressivo, chegará à participação de militantes de esquerda nas ações que levaram à prisão, à morte e ao desaparecimento de antigos companheiros.
Durante a luta armada, as acusações de traição muitas vezes determinaram justiçamentos, com a execução dos suspeitos pelos próprios integrantes das organizações comunistas. Isso aconteceu com Salathiel Teixeira, militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) que integrou o revolucionário Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), dissidência do “Partidão” que migrou para a luta armada. Salathiel terminou morto por companheiros por suspeita de ter fornecido, sob tortura, informações aos órgãos de repressão. Os documentos da Marinha mostram como Maria Thereza, funcionária do antigo INPS do Rio de Janeiro e amiga de Salathiel, foi recrutada e paga para ajudar a prendê-lo em 1970. A prisão de Salathiel foi chave para a prisão de dirigentes do partido (leia mais na reportagem).
O Cenimar representava a Marinha na poderosa comunidade de informações do governo militar, que incluía também os serviços secretos do Exército, da Aeronáutica, da Polícia Federal e das polícias Civil e Militar. O marco inicial da estruturação dessa rede que investigava e caçava inimigos dos militares foi a criação do Serviço Nacional de Informações (SNI), em 1964, pelo então coronel Golbery do Couto e Silva, um dos homens fortes dos governos dos presidentes Humberto de Alencar Castelo Branco, Ernesto Geisel e João Figueiredo.
Para compreender bem o confronto sangrento entre as Forças Armadas e as organizações de inspiração comunista, é necessário lembrar o contexto da época. O mundo vivia a Guerra Fria, período de polarização ideológica em que Estados Unidos e União Soviética disputavam o controle de regiões inteiras do planeta. O Brasil importou o conflito internacional. O governo militar tinha o apoio dos Estados Unidos, e parte da oposição aderiu aos regimes comunistas, com forte influência de Cuba e China. O PCB se dividiu em dezenas de siglas adotadas por grupos radicais que adotaram a luta armada como instrumento para a derrubada dos militares. O PCB defendia a via pacífica para a chegada ao poder. Nem assim escapou da perseguição do aparato repressivo e muitos de seus seguidores foram mortos e desapareceram com a participação direta da comunidade de informações. Dentro do PCB sempre se soube que a ação de agentes infiltrados teve grande responsabilidade nas prisões dos comunistas. Os documentos do Cenimar revelam que um discreto dirigente do PCB em São Paulo, Álvaro Bandarra, fez um acordo com os militares em 1968 para colaborar com a caçada aos integrantes do partido.
Os documentos do Cenimar mostram ainda como agiram os espiões para ajudar no desmantelamento de algumas das dissidências do PCB. Os agentes infiltrados pela Marinha tiveram importante participação na derrocada do PCBR, da Ação Libertadora Nacional (ALN), da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e da Frente de Libertação Nacional (FLN). Os militantes viviam escondidos em casas e apartamentos, chamados por eles mesmos de “aparelhos”. Num tempo em que não havia telefone celular nem internet, marcavam locais de encontro, conhecidos como “pontos”, com semanas ou meses de antecedência para garantir o funcionamento das organizações. Num desses “pontos”, descoberto por um agente secreto de codinome “Luciano”, morreu Juarez Guimarães de Brito, um dos líderes da VPR, procurado pelo governo por ter comandado o lendário assalto ao cofre do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros.
Os arquivos da Marinha revelam também como os comunistas subestimaram a força da ditadura e cometeram erros infantis que facilitaram o trabalho da repressão. Num tempo em que os grampos telefônicos já eram comuns, guerrilheiros tramavam ações armadas e falavam despreocupadamente ao telefone. Também convidavam para participar de grupos de ação armada pessoas que mal conheciam, o que facilitou a infiltração dos agentes secretos. A fragilidade das organizações de esquerda permitiu a infiltração do fuzileiro naval Gilberto Melo em entidades do movimento estudantil no Rio de Janeiro.
A história de Gilberto guarda grande semelhança com a do mais conhecido dos agentes duplos da ditadura, José Anselmo dos Santos, conhecido por “Cabo Anselmo”. Anselmo se tornou conhecido ainda antes do golpe como presidente da Associação dos Marinheiros, um dos focos de agitação durante o governo de João Goulart, e depois se infiltrou em organizações da luta armada como informante da repressão. Gilberto passava os dias perambulando pelo restaurante Calabouço, local de encontro dos estudantes e de organização das manifestações contra o regime militar. Ele viu quando o secundarista Edson Luiz Lima Souto foi morto durante uma manifestação por policiais no Calabouço, com um tiro no peito, no dia 28 de março de 1968.
Nos dias seguintes à morte de Edson Luiz, Gilberto, conhecido no Cenimar como Soriano, participou das manifestações desencadeadas pelo assassinato, que culminaram na famosa passeata dos 100 mil, em junho de 1968, no Rio de Janeiro. Gilberto incorporou tanto o disfarce que terminou preso duas vezes. Foi espancado e torturado como se fosse um esquerdista. Nunca revelou que era agente secreto. A morte de Edson foi um dos fatos mais marcantes daquele período, que culminou com o recrudescimento da repressão pelo regime militar e a implantação do Ato Institucional Número 5 (AI-5) no final de 1968.
Os papéis microfilmados constituem um valioso acervo para a compreensão dos métodos empregados pelos órgãos de repressão. Por razões óbvias, nos registros não constam as práticas mais hediondas, como tortura, prisões ilegais, assassinatos ou desaparecimento de pessoas. Mas eles têm o mérito de expor personagens e mostrar o roteiro das perseguições aos inimigos do regime. Os relatórios do Cenimar também registram o envolvimento de oficiais da Marinha. Eles controlavam a rede de espiões espalhados pelo país, chefiavam as equipes de busca e coordenavam os interrogatórios. “Documentos que mostram relatórios de informantes, contratações e atuação direta são raros”, afirma Carlos Fico, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, um dos principais historiadores do período militar. “Provavelmente (esses documentos) deveriam ter sido expurgados. Por algum motivo, alguém os salvou.”
O expurgo mencionado por Fico foi concretizado no acervo do Centro de Informações da Aeronáutica (Cisa). O Cisa fazia o mesmo trabalho do Cenimar. Também tinha agentes e controlava elementos infiltrados em organizações de esquerda. No início do ano, o Arquivo Nacional abriu a consulta aos documentos acumulados pelo Cisa e entregues um ano antes pela Aeronáutica. Mas quem for até lá em busca de documentos como os do Cenimar vai se decepcionar. Não há nada que leve à identidade de agentes e informantes, seus relatórios, comprovantes de pagamentos, material que existe fartamente nos arquivos obtidos por ÉPOCA. Procurada, a Marinha afirmou desconhecer os documentos do arquivo secreto. “Não foram encontrados, no Centro de Inteligência da Marinha, registros pertinentes aos questionamentos apresentados”, afirmou o contra-almirante Paulo Maurício Farias Alves, diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha.
Até hoje, a história da ditadura militar no Brasil se revelou aos poucos, em imprevisíveis divulgações de documentos, relatos contraditórios de militares e incompletas declarações dos perseguidos pelo regime militar. Menos de três décadas depois de restaurada a democracia, ainda existem importantes segredos. Nas próximas semanas, ÉPOCA publicará novos capítulos dessa história ainda desconhecida.
Um giro pelas semanais: CartaCapital: Mídia: Para ganhar no grito
Sergio Lirio
Para ganhar no grito
Franklin Martins afasta o corpo da mesa, gira levemente a cabeça e contorce os lábios em um de seus gestos típicos, um misto de impaciência e desdém com um comentário que no primeiro momento lhe parece irrelevante ou fora de foco. Ele veste jeans e uma camisa social, e tem dedicado o “ano sabático” a escrever dois livros sobre a forma como a música brasileira retrata a política, projeto interrompido quando aceitou ingressar no governo Lula em 2007.
Talvez tenha sido um recurso para ganhar tempo na elaboração da resposta. Martins nem bem sentara à mesa de um café em Brasília, onde topou o encontro após uma razoável dose de insistência minha, quando observei que os meios de comunicação têm tentado nos últimos anos impingir-lhe a marca de “censor”, de um autoritário disposto a conspurcar o sagrado direito à liberdade de expressão. “É um reflexo condicionado, ideologia”, começa. “A mídia brasileira não quer se discutir nem deixar discutir. Mas não hácomoescapar, é inevitável diante das mudanças tecnológicas. Ou fazemos um debate franco e democrático sobre a regulação dos meios, com a participação de todos, ou prevalecerá a lei do mais forte.”
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Desta vez e ao contrário do passado, desconfia Martins, a selva tem um novo rei, as companhias telefônicas. “Em 2010, as empresas de mídia faturaram 13 bilhões de reais. As teles, 180 bilhões. É fácil imaginar quem vai ganhar essa disputa econômica se a -opção for o -vale-tudo, o faroeste. O problema para a sociedade é que são enormes os riscos de uma concentração ainda maior.”
Esta é uma discussão deliberadamente distorcida pela mídia. Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, os donos dos meios de comunicação barraram os projetos em acordos de bastidores. Por isso FHC é considerado um “democrata”. Sob Lula não foi diferente, os grupos sempre impuseram sua vontade no fim das contas, mas a antipatia do presidente e de parte do PT pela maneiracomoforam tratados ao longo da década levou as empresas a adotarem um discurso mais beligerante. Do confronto, mais aparente que real, -vicejou a tese de um viés autoritário cujo objetivo seria calar “a imprensa livre”.
O ex-ministro lembra, com humor, de uma frase atribuída a ele durante a conferência de comunicação patrocinada pelo governo para discutir um novo marco regulatório. À época, jornais, revistas, tevês e rádios reproduziramcomoverdade uma suposta frase sua: “Vou enfiar esta lei goela abaixo da sociedade”. Ao mesmo tempo, as associações empresariais anunciavam oficialmente a não participação na conferência. “Nunca disse isso. Perguntei aos jornalistas de onde eles haviam tirado essa informação. Ninguém conseguiu me responder, mas a pauta estava pronta.”
Não foi a primeira vez, nem será a última, que frases e intenções são arbitrariamente atribuídas a quem não as defende. Se existe um ato de censura hoje em voga no País ele parte daqueles que se proclamaram defensores das liberdades. Qualquer discussão a respeito da legislação é logo interditada sob o argumento de uma suposta matriz autoritária. Não adianta argumentar que nossas leis são antigas, confusas, não dão conta das profundas e recentes mudanças tecnológicas. Nem que o setor, em vários aspectos, vive na ilegalidade pelo fato de boa parte dos artigos da Constituição referentes à comunicação nunca terem sido regulamentados. Ou que os países desenvolvidos promoveram alterações profundas em suas leis nos últimos 20 anos e que a Unesco, em relatório independente, tenha apontado falhas graves que aproximam a legislação nativa da completa barbárie.
Discursar em favor da liberdade de expressão virou um cacoete – e serve, em geral, para desqualificar propostas que desejam ampliá-la e não reduzi-la. A insistência étantaque chega a produzir cenas patéticas,comoa de uma repórter que viu no assassinato do cinegrafista da Band durante uma operação no morro carioca, lamentável, mas parte do risco profissional, um ataque à liberdade de imprensa.
A realidade mostra, ao contrário, que o exercício do jornalismo nunca foi tão livre no Brasil. Pode-se até afirmar, com base nos fatos, que desde a decisão do Supremo Tribunal Federal de liquidar a Lei de Imprensa sem regulamentar o direito de resposta, a mídia tem sido mais algoz do que vítima de abusos diversos. Fora raras exceções a comprovar a regra, não há poder capaz de contrastar a força dos meios. Liberais da economia costumam comungar da mesma visão de mundo dos veículos de comunicação, mas até esse grupo deveria refletir. Há uma distorção dos mecanismos de livre mercado que prejudica o bom funcionamento dos agentes econômicos. Após quase três décadas da volta dos civis ao poder, e dos inúmeros choques produzidos na economia nacional, o setor de comunicação continua um raro, senão único, setor a contar com fortes barreiras protecionistas – e sua eficiência tem sido prejudicada por uma crescente oligopolização e pela limitação a novos competidores.
Nem regras simples adotadas na maioria dos países e previstas na Constituição brasileira conseguem vigorar. Qualquer cidadão concordará: o ideal para a democracia e para a economia seria impedir que um mesmo grupo controlasse, em uma mesma cidade, emissoras de tevê, rádio e jornais. É uma norma válida, por exemplo, nos Estados Unidos, onde a mídia nasceu e vicejou a partir da livre iniciativa. Também deve achar razoável que políticos em mandato ou no exercício de cargos públicos sejam proibidos de controlar meios de comunicação.
No Brasil, isso não só ocorre,comoexiste uma simbiose secular entre o controle da mídia e o poder político. Não se trata apenas do fato de a Globo, noRio de JaneiroeemSão Paulo, ser dona de tevê, rádios e veí-culos impressos. Ou de a RBS, associada à família Marinho, dominar as comunicações de forma horizontal, vertical e transversal no Sul do País. Os herdeiros de Antonio Carlos Magalhães naBahiae a família Sarney no Maranhão, para citar os dois casos notórios, mas não isolados, comandam os principais meios de comunicação em seus estados, a ponto de sufocar qualquer concorrência empresarial e política. “É o único setor da sociedade que combina economia e política. O detentor de um meio de comunicação tem um poder que nenhum outro proprietário tem”, diz Laurindo Leal Filho, professor da Escola de Comunicação e Artes da USP. “Essa situação, por si só, exigiria um olhar atento da sociedade. Há ainda o fato de as frequências de rádio e tevê serem bens finitos, pertencentes a todos os brasileiros. Portanto, não hácomocontestar a regulação.”
A influência política permite a concessionários se comportaremcomono Velho Oeste. Ninguém em sã consciência acha normal que o proprietário de uma concessão de uma usina hidrelétrica ou de uma frequência de telefonia possa vendê-la a um terceiro sem que a transação seja aprovada pelos respectivos órgãos reguladores – e em alguns casos as transações são simplesmente vetadas. Mas é o que acontece, com frequência abusiva, na radiodifusão (sem falar nos “laranjas”). E o que dizer davendade horários na programação? Alguém admitiria ir ao cinema assistir a um filme dos irmãos Coen e no meio da projeção ser obrigado a ver cenas de ação de Jackie Chan? Pois acontece na maioria das tevês abertas e em muitas rádios, que ganham dinheiro com o aluguel de largos espaços a igrejas pentecostais. Essa burla à lei permite, por exemplo, à Record concorrer de maneira desleal no mercado de televisão.
A simbiose, de um lado, e o -simples medo, de outro, impedem que a discussão- caminhe no Congresso -Nacional. O governo Fernando Henrique Cardoso chegou a preparar três projetos de modernização da radiodifusão. Todos engavetados. Lula acenou várias vezes com a possibilidade, até que Martins, em sua última missão, organizou a conferência de comunicação e dela extraiu os elementos de uma proposta. Na transição para a administração Dilma Rousseff, o texto foi entregue ao ministro Paulo Bernardo, que promete colocar a proposta em discussão pública a partir de dezembro, embora o Palácio do Planalto tenha deixado claro não se tratar de uma prioridade do mandato.
O tema também não empolga os partidos. Uma frente parlamentar reúne deputados de diversas legendas, mas as -cúpulas mantêm um claro distanciamento do grupo. Há duas exceções, talvez. Após aprovar uma resolução em seu congresso nacional, o PT patrocina na sexta-feira 25,emSão Paulo, um debate sobre o tema. A ideia é ouvir os movimentos sociais a respeito e, em certa medida, se descolar do governo, que ainda não encontrou a melhor forma de encaminhar a discussão-. Já o Psol foi a única agremiação a encampar uma ação no Supremo Tribunal Federal proposta pelo Intervozes, organização formada por jornalistas e radialistas que há oito anos defende regras para ampliar o acesso aos meios de comunicação. Na ação, a entidade civil pede que o STF exija do Ministério das Comunicações o cumprimento do capítulo da Constituição que trata dos políticos: quem estiver na ativa deve ser afastado do controle de empresas do setor.
Segundo João Brant, do Intervozes, a regulamentação dos artigos da Constituição referentes à comunicação seria um grande passo para garantir mais pluralidade e diversidade na mídia. Mas seria preciso, diz ele, avançar em alguns outros pontos, entre eles a separação entre infraestrutura e conteúdo na radiodifusão. É uma regra adotada na Europa e nos Estados Unidos e, ironicamente, incorporada à lei de tevê por assinatura no Brasil. Ela parte de uma constatação simples que tem o poder de controlar os riscos de monopólio: quem distribui conteúdo, não pode produzi-los. “Há uma tendência de concentração na mídia maior do que em outros setores. E o pior: os efeitos não se dão apenas sobre a economia. Eles afetam diretamente a democracia”, diz Brant. “Em consequência, o setor deve estar sob constante vigilância e discussão. No Reino Unido, as leis são revistas praticamente de cinco em cinco anos”.
Professor aposentado da UnB e um dos mais ativos críticos de mídia do País, Venício Lima acha que a lei de tevê por assinatura expôs novamente o ainda enorme poder político da Rede Globo. Segundo Lima, a lei conseguiu limitar o avanço das empresas de telefonia, proibidas de produzir conteúdo, enquanto na tevê aberta, a Globo sobretudo e as demais emissoras continuam a ter o direito de controlar a transmissão e ao mesmo tempo produzir o que irá ao ar. “Entre 35% e 40% dos senadores são vinculados a concessionárias de comunicação. Não vejocomoas coisas podem avançar.”
Martins é mais otimista. Segundo ele, a lei de tevê por assinatura estabeleceu um parâmetro para as -futuras discussões- de uma regulação geral. Além de separar transmissão e conteúdo, estabeleceram-se cotas para a produção nacional e regional a ser exibida, outro ponto da Carta de 1988 ainda não regulamentado. “Na sociedade do conhecimento, haverá uma oferta espetacular de informação. E o Brasil precisa se preparar.”
Paraafastar o que considera um “bode na sala”, a tese da censura, o ex-ministro propõe: “A discussão deveria se circunscrever a um conceito simples. Nada que fira a Constituição e nada que engavete a Constituição”. Martins afirma que os movimentos sociais evoluíram nos últimos anos. Uma das provas seria o fato de a expressão “controle social da mídia”, um conceito vago e autoritário antes repetido ad nauseam, ter desaparecido do léxico dos defensores da regulação.
Os representantes dos meios de comunicação continuam presos a velhos mitos. Distorcem conceitos e declarações, omitem informações e têm dificuldade em admitir que seu poder real e relativo se dilui por conta dos avanços tecnológicos mundiais e das transformações sociais no Brasil.
Seria recomendável a leitura de um artigo de 1829 do jornalista Líbero Badaró, intitulado Liberdade de Imprensa, relançado recentemente em uma elegante edição de capa dura. A intenção de quem republica o texto neste momento, um grupo de advogados paulistas, é inegável: alinhar-se a quem enxerga riscos à liberdade de expressão no Brasil.
Do lúcido texto é possível, porém, extrair outras lições. Badaró foi assassinado por partidário de dom Pedro e seu artigo, uma crítica à monarquia, concentra-se nos excessos do poder da realeza. Mas o jornalista não deixa de comentar os abusos do jornalismo: “Nada há de mais baixo, de mais vil, de mais criminoso, que mereça mais todo o peso do público opróbrio do que aquele que prostitui a sua pena”. Dois séculos depois, aqui estamos no mesmo ponto. Discutir de forma honesta a modernização das leis poderia ser uma forma de a mídia brasileira enfrentar seu pior inimigo: ela mesma
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