A condução da senhora Marta Suplicy para o Ministério da Cultura
envolveu arranjos políticos relacionados à candidatura de Fernando
Haddad à Prefeitura de São Paulo. À época, Marta pleiteava a
candidatura, apoidada por setores importantes do PT Paulista, esse que
sempre deu dores de cabeça a presidente Dilma Rousseff. Há alguns
acertos naquela pasta, como as políticas desenvolvidas com a juventude
quilombola, o Mais Cultura nas Escolas, numa parceria com o Ministério
da Educação, e os projetos bem-sucedidos da Secretaria de Economia
Criativa, sobretudo os voltados à organização dos arranjos produtivos
locais. Recentemente, no entanto, o Ministério torrou milhões do erário
para financiar um desfile de moda em Paris, numa ação que mereceu
reprovação unânime de todos os agentes culturais. O que nos parece ser
um outro equívoco é destinar dinheiro público para um show como este que
está ocorrendo no Teatro da UFPE, o Disney Live - Festival Musical do
Mickey. Peço a gentileza de não comunicarem o fato ao escritor Ariano
Suassuna. Isso poderia agravar seus problemas de saúde. Os ingressos
custam os olhos da cara, interditando a acessibilidade aos contingentes
populacionais mais fragilizados, o que depõe contra esse investimento
financiado, segundo dizem, entre outras fontes, com dinheiro público.
Pratica-se aqui, lembrando de uma expressão usada pelo professor Michel
Zaidan, uma espécie de inversão hobinhoodeana, ou seja, tira-se dinheiro
dos mais pobres para financiar a diversão de uns poucos privilegiados.
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