pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : agosto 2014
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domingo, 31 de agosto de 2014

A eleição, a TV, o jovem classe C e essa tal de internet

A eleição, a TV, o jovem classe C e essa tal de internet

Por Renato Rovaiagosto 28, 2014 20:08


Passados quase 10 dias de programas eleitorais de TV e de rádio pouca coisa mudou no cenário político. As mudanças significativas tiveram mais relação com a entrada de Marina no jogo do que com a força do broadcasting.
Há algum tempo a TV aberta vem perdendo força no cenário comunicacional brasileiro. Audiências como a do Jornal Nacional que antes batiam na casa dos 80%, hoje quando muito chegam a 20%.
Nos EUA, isso já aconteceu há algum tempo. Aqui até que demorou.
As manifestações de junho não tiveram nada a ver com a TV. Mas houve gente que fez questão de dar um jeito de dizer que foi a Globo que organizou os protestos. A Globo pegou carona para não ser engolida por eles.
O fenômeno dos rolezinhos nos shoppings também surpreendeu muita gente. Aquela galera nunca tinha aparecido na TV. Mas existia e tinha imenso poder de organização.
Na eleição de 2012, a TV patinou mais ainda foi muito forte. E até por isso a classe política manteve boa parte de sua apostas no broadcasting. O marketing eleitoral idem. E quase todos os candidatos aguardavam o horário eleitoral para ver o que iria acontecer.
Em 2012, o Facebook tinha 40 milhões de páginas e perfis no Brasil. Agora, em 2014, são 90 milhões. O público que está nesta plataforma mais do que dobrou.
Mas isso não explica tudo.
O fenômeno da perda da força da TV na decisão do voto tem muito mais a ver com a mudança do poder de influência da formação de opinião na família.
E também com a mudança no padrão de vida das famílias brasileiras.
Quem manda nas eleições no Brasil a partir de agora é a classe C. Ela representa 55% do eleitorado brasileiro. É ela quem vai decidir o próximo presidente da República e os próximos governadores de Estado.
Antes de Lula, a maior parte do eleitorado era das classes D e E. Um eleitorado muito suscetível ao controle do voto pelas classes A e B. E também muito influenciado pela TV.
Nas classes D e E o poder de influência, em geral, não estava nem dentro da família. Estava do lado de fora, principalmente antes do Bolsa Família.
Era a patroa que pagava menos de um salário mínimo para a empregada mãe solteira, mas que lhe dava umas roupinhas de vez em quando, que lhe aconselhava o voto.
Era o “gato” que levava o boia-fria pra se esfalfar o dia inteiro cortando cana que lhe dizia em quem deveria votar.
Na classe C não é mais assim.
O voto passa a ter uma certa dignidade, mas isso não significa que ele terá um contorno popular ou de esquerda.
Os rolezinhos do funk ostentação são muito significativos deste fenômeno. O jovem Classe C quer ser. Ele não aceita ser tratado como um não-sujeito. E ele também quer ter. Não aceita não participar da sociedade do consumo. E ele quer dizer. Ele tem a auto-estima dos batalhadores e dos vencedores e por isso quer dar opinião.
Na classe A, não é incomum você encontrar um pai doutor, mestre ou muito rico e um jovem com menos estudo e um pouco perdido na vida. Sem saber pra onde ir do ponto de vista profissional e pessoal.
Na classe C, em geral, o jovem tem mais educação que o pai e a mãe e em boa parte das vezes ganha mais que eles. Até por ter mais estudo.
Este jovem em boa medida deve ter sido incluído nesse seu novo patamar por conta de programas do governo Lula e Dilma. Mas ele acha que chegou até onde está muito mais por conta dos seus méritos.
E aí vem a questão principal. Esse jovem vê muito menos TV do que seus pais e do que as gerações anteriores. E ele é o formador de opinião.
Ele passa muito mais tempo na internet  vendo vídeos no youtube ou em games ou acessando o Facebook e outras redes.
Esse jovem quando assiste TV é para ver futebol ou uma novela na hora que a família inteira está em casa.
E ele é o mais respeitado da casa. E ele vai ser muito importante para a reflexão familiar e a decisão do voto. Até agora este jovem não está dando a mínima para a propaganda eleitoral.
Ele está noutra. O que não significa que não está nem aí para nada.
Esse jovem não tem a memória do governo FHC, mas ao mesmo tempo ele não é anti-petista. Ele gosta do Lula, mas não paga pau pra ele. Ele não teria grandes dramas em votar na Dilma, mas não sentiu ainda que ela está na pegada com ele.
Na verdade, ele não se sentiu compreendido por quase nenhum candidato e partido.
O universo dele não está nos programas de governo e nem nas propagandas eleitorais. Quando falam dele, só focam em emprego e educação. Coisas que de alguma forma ele vem conquistando. Ele quer se ver mais nas prioridades dos candidatos. Ele quer ser alcançado, mas a partir do seu universo real. Não do ilusionismo. E nem do marquetismo.
Quem entender melhor esse universo vai se dar melhor em 2014. Tanto nas eleições presidenciais quanto na dos estados. Todo mundo de alguma forma concorda que rolou um novo Brasil.
Mas na hora da campanha, os discursos, formatos e o uso dos meios de comunicação é o do Brasil que ficou pra trás.
O jovem classe C é a chave desta eleição. Ele e o seu universo.
(Renato Rovai no blog da Revista Fórum)


Os dilemas do PT: Esquerda, vou ver?

Os dilemas do PT: esquerda, vou ver?

publicada quinta-feira, 28/08/2014 às 18:44 e atualizada quinta-feira, 28/08/2014 às 18:35
“Parte do PT torce para que a elite – apavorada com a inconsistência marineira – apóie Dilma. Isso significaria aceitar que Dilma vá mais para a direita para ganhar. Outra parte do PT imagina que a melhor forma de enfrentar Marina é aprofundar um programa trabalhista: Dilma teria que defender o fim fator previdenciário, redução da jornada de trabalho, mais direitos sociais, combate ao rentismo.”
por Rodrigo Vianna

Lula vai empunhar a mão esquerda de Dilma?
Nunca acreditei que essa eleição seria decidida num turno único. O grau de insatisfação e a onda anti-petista no Brasil deixavam claro que – mesmo com Aécio e Eduardo no páreo, dois candidatos que tinham dificuldade evidente para representar a “mudança” – Dilma teria que enfrentar um turno final para conseguir o segundo mandato.
Aécio (com apoios fortes em Minas, São Paulo, Bahia e Paraná) deveria bater em 25% até o começo de outubro. Eduardo talvez chegasse a 15%. Dilma, com cerca de 37% ou 40%, teria que enfrentar os tucanos no segundo turno.
O PT se preparou pra isso. Para esse cenário. Era a velha estratégia de fazer pouca política, acreditando que mais uma vez bastaria dizer: “o governo deles é o de FHC, com desemprego e quebradeira; o nosso é o governo do povão e da inclusão social”. Agora, a campanha de Dilma parece desorientada para lidar com a nova realidade pós 13 de agosto (dia do acidente que matou Eduardo Campos), que não é propriamente nova.
Por uma questão operacional e jurídica, Marina não conseguiu legalizar a Rede ano passado. Por isso, e só por isso, o difuso mal-estar de junho de 2013 seguia ausente da campanha de 2014. Por isso, e só por isso, o número de brancos/nulos e de “não votos” era tão grande. A queda do avião mudou tudo. Marina virou a cara de junho na eleição -como escrevi aqui.
A força de Marina (com o perdão do péssimo trocadilho, nesse agosto fatídico) não caiu do céu. Ok, Marina é candidata da Neca Setúbal. Ok, esse papo de “nova política” é falso, além de perigoso e despolitizante. Mas acontece que o eleitorado que vai com a Marina não é a velha classe média anti-petista e tucana. É mais que isso. É a turma dos “celulares na mão”: Luiz Carlos Azenha foi quem melhor traduziu essa nova conjuntura aberta com junho de 2013.
Parte do PT (setor que parece ser majoritário) torce para que os tucanos desonstruam Marina – na base de escândalos e pauladas midiáticas. Mais uma vez, sem política de verdade. Ou então, para que a elite – apavorada com a inconsistência marineira – apóie Dilma num segundo turno. Isso significaria aceitar que Dilma poderia enfrentar Marina como opção pela direita. Seria desastroso para o PT, para os movimentos sociais e sindicatos.
Outra parte do PT e da militância de esquerda não se ilude com essa ideia, e imagina que a melhor (talvez a única) forma de enfrentar Marina é aprofundar um programa de esquerda. Dilma terá que caracterizar Marina como a candidata do grande capital, dos banqueiros. Ela, Dilma, terá que assumir as bandeiras da classe trabalhadora: fim do fator previdenciário, redução da jornada de trabalho, mais direitos sociais, combate ao rentismo.
A mim, parece que a primeira das escolhas é – além de tudo – uma ilusão. Acreditar que Dilma pode virar a opção “confiável” da direita seria desconhecer o ódio que leva empresários, banqueiros e donos da mídia a preferirem “qualquer coisa menos o PT” (como se ouve nas ruas dos bairros nobres de São Paulo, Rio e Brasília).
Mais que isso: quem acompanha os bastidores da eleição diz que jamais os candidatos petistas enfrentaram tamanha seca de recursos. Empresários decidiram que o PT já cumpriu seu papel, e gostariam de virar essa página.
A direção petista pode apostar na saída pela direita. E, numa conjuntura especialíssima, pode até colher uma vitória eleitoral com isso. Mas essa escolha, mesmo que traga vitória eleitoral (pouco provável), seria acompanhada de uma tripla e estrondosa derrota: política, ideológica e simbólica. Se o PT escolher esse caminho, selará seu destino ao lado do PS francês e do SPD alemão…
A outra alternativa é virar alguns graus à esquerda. Essa segunda alternativa pode levar a uma vitória apertada, num clima de grande confrontaçã política e ideológica no segundo turno. Ou pode levar a uma derrota eleitoral (com Marina ganhando apoiada pelos liberais e tucanos), mas que prepare o PT e o bloco de esquerda para uma reorganização: mais próximo dos movimentos sociais e dos sindicatos, esse bloco político pode ser decisivo no enfrentamento de uma agenda liberal que (com Marina ou com Aécio) será imposta ao Brasil. 
Trata-se, portanto, de uma eleição decisiva para os rumos do Brasil, da América Latina e também para o futuro do PT como força (ainda) capaz de comandar um processo de reformas e democratização.
(Publicado originalmente no Escrevinhador, por Rodrigo Vianna)

sábado, 30 de agosto de 2014

Propostas de Marina, "música" aos senhores da riqueza financeira.

Propostas de Marina, “música” aos senhores da riqueza financeira

publicado em 28 de agosto de 2014 às 10:30
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por Paulo Copacabana, especial para o Viomundo
Não tem como fazer omeletes sem quebrar os ovos.
Esta frase, para mim, resume os desafios políticos que temos pela frente para melhorarmos nosso país nos próximos anos.
A Nova Política só começará com uma ampla discussão e mobilização popular sobre uma reforma política que permita três coisas: ampliar os canais de participação da sociedade na definição do seu próprio destino, reduzir o poder do dinheiro sobre a política e ampliar a representação das classes populares nos parlamentos brasileiros.
Para isso, precisamos de partidos fortes, democracia interna e idéias claras sobre suas posições.
Para Marina Silva representar efetivamente este ideal, não basta dizer que representa a Nova Política. Os aliados que ela carrega e o jatinho que usou financiado por caixa 2 e empresas laranjas desmentem a todo momento esta sua profissão de fé.
Ela precisa rapidamente dizer quando, como, em que direção e com quem fará uma reforma política no Brasil, já no início do seu governo.
A princípio, Marina não parece se preocupar com partidos fortes ou idéias claras. Parece carregar apenas o “espírito do tempo”, marcada por vontades de mudanças abstratas, sem saber exatamente para onde e como. Uma certa continuidade e vertente eleitoral das jornadas de junho de 2013.
Os apolíticos e os antipolíticos parecem finalmente se juntar aos reacionários e àqueles que representam a infantilização da política (quero tudo agora e de qualquer jeito).
As dificuldades de Marina em construir a Nova Política residem exatamente nesta sua frágil base politica de sustentação.
Precisará dos movimentos sociais e trabalhadores organizados para aprofundar a democracia no Brasil. Quando e se quiser fazer este aceno, será rapidamente abandonada pela sua base eleitoral. Crise política à vista.
Por outro lado, na economia política, Marina já encarna o papel de melhor guardiã da financeirização da riqueza. As poucas famílias, empresas não financeiras e bancos, que aplicam suas riquezas em diversos produtos financeiros, estão indo ao delírio com as propostas dos gurus econômicos de Marina.
Banco Central independente, altíssimas taxas de juros que procurem levar a inflação a níveis suíços, câmbio livre, cortes nos gastos públicos, redução dos salários e “outras maldades” já reveladas soam como música aos senhores da riqueza financeira.
Deve começar seu governo já refém destes interesses poderosos. Uma verdadeira crise econômica se avizinha.
Paralisia política e crise econômica pode ser o resultado mais esperado do seu governo. Marina já acenou que planeja ficar apenas quatro anos.
Não terá outra saída. De qualquer modo, já terá cumprido o papel para os senhores do dinheiro.
Para o país, uma lição a mais: a infantilização da política não produz avanços.

(Publicado originalmente no Viomundo)

Marina Silva: Afinal, ela é contra ou a favor do casamento gay?


Há duas situações recentes na política nacional que se aproximam bastante de coisas "plantadas". Começou a circular pelas redes sociais que a candidata Marina Silva seria a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, mais precisamente, o casamento gay, algo surpreendente para alguém com suas convicções religiosas. Os grupos GLBT, principalmente os mais otimistas, logo abraçaram a tese, evidenciando uma simpatia pelas posições da candidata, o que seria natural. Os mais cautelosos estranharam a súbita posição da candidata, informando que ela não se sustentaria quando confrontada com as lideranças evangélicas. Pois muito bem. É isso que, de fato, está ocorrendo. Pelo microblog Twitter, o pastor Silas Malafaia deu um ultimato a candidata. Se ela não desfizer o "mal-entendido" até segunda-feira, a chapa esquenta. A outra informação, já desmentida, diz respeito a um colunista do PIG, que afirmou que José Dirceu teria dito que Marina seria o Lula de saia. Claro que existem petistas que não se bicam com a presidente Dilma Rousseff, mas daí a concluir por uma declaração dessa magnitude vai uma grande diferença. O fato é que a acriana continua "arrasando quarteirões'. Ela pode ser Lula, Aécio, Obama, Antonio Conselheiro, Getúlio Vargas, Max Weber e mais um monte de gente. Por enquanto, parece que ela pode tudo. Temos um pouco mais de um mês para encontrarmos um mecanismo de se contrapor a esse efeito manada. Simplesmente pelo viés religioso, não dá.

Nota do Editor: A charge é de Renato Aroeira, publicada no dia de hoje, 30/08, no Jornal O Dia, do Rio de Janeiro. Admoestada pelo pastor Silas Malafaia, Marina recuou da proposta favorável ao casamento gay, prevista no seu Programa de Governo. Portanto, no caso dela especificamente, retira-se a expressão "plantada". Era Programa de Governo mesmo. 

Foto: Afinal, ela é contra ou favor do casamento gay?

Há duas situações recentes na política nacional que se aproximam bastante de coisas "plantadas". Começou a circular pelas redes sociais que a candidata Marina Silva seria a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, mais precisamente, o casamento gay, algo surpreendente para alguém com suas convicções religiosas. Os grupos GBLT, principalmente os mais otimistas, logo abraçaram a tese, evidenciando uma simpatia pelas posições da candidata, o que seria natural. Os mais cautelosos estranharam a súbita posição da candidata, informando que ela não se sustentaria quando confrontada com as lideranças evangélicas. Pois muito bem. É isso que, de fato, está ocorrendo. Pelo microblog Twitter, o pastor Silas Malafaia deu um ultimato a candidata. Se ela não desfizer o "mal-entendido" até segunda-feira, a chapa esquenta. A outra informação, já desmentida, diz respeito a um colunista do PIG, que afirmou que José Dirceu teria dito que Marina seria o Lula de saia. Claro que existem petistas que não se bicam com a presidente Dilma Rousseff, mas daí a concluir por uma declaração dessa magnitude vai uma grande diferença. O fato é que a acriana continua "arrasando quarteirões'. Ela pode ser Lula, Aécio, Obama, Antonio Conselheiro, Getúlio Vargas, Max Weber e mais um monte de gente. Por enquanto, parece que ela pode tudo. Temos um pouco mais de um mês para encontrarmos um mecanismo de se contrapor a esse efeito manada. Simplesmente pelo viés religioso, não dá.

Paulo Câmara encosta em Armando Monteiro. Efeito manada?

Pesquisa de intenções de voto do Instituto Maurício de Nassau, publicada pelo Jornal do Commércio deste domingo, aponta um empate técnico entre os candidatos que concorrem ao Governo do Estado nas eleições de 2014. Armando Monteiro(PTB), que já liderou com folga as pesquisas anteriores, aparece com 32% das intenções de voto, enquanto o candidato Paulo Câmara(PSB/Rede) desponta com 28% das intenções de voto, caracterizando um empate técnico. Uma boa pergunta a ser respondida neste momento é o que estaria alavancando a candidatura de Paulo Câmara? O guia eleitoral pelo rádio e televisão, que o deixou mais conhecido do eleitorado? O efeito "manada" proporcionado por Marina Silva? a herança do eduardismo, como que ressuscitada com a sua morte prematura? a estratégia de marketing político montada a partir do sepultamento do ex-governador? Equívoco cometido pelo candidato Armando Monteiro? Talvez, assim como ocorre com Marina Silva, um conjunto de contingências favoráveis. É difícil diagnosticar as causas dessa subida vertiginosa, sobretudo em se tratando de um candidato burocrático, engomadinho, insosso, sem carisma. Temos aí pouco mais de um mês para observar como isso vai se refletir nas urnas. Político metropolitanizado, João Paulo encontra-se numa situação mais confortável para o Senado, a despeito da subida de FBC. É que Paulo Câmara cresce num ritmo mais célere.

Datafolha: Dilma 34%, Marina 34%, Aécio Neves 15%. Nossa elite é uma elite de muros. Nunca de pontes.



Paixão



Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada agora há pouco pelo pelo Jornal Nacional aponta um empate técnico entre as candidatas Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva(PSB/Rede). Ambas aparecem com 34%, enquanto o candidato do PSDB, senador Aécio Neves, pontua em 15% das intenções de voto. Esses números não batem com os tracking que estão sendo realizados pelo Planalto, onde Marina mantém os 24% do IBOPE, mas, segundo o jornalista Renato Rovai, a amostragem é bastante reduzida.Como se sabe, uma conjunção de fatores estão alavancando a candidatura da acriana, mesmo com as evidências inequívocas de um possível retorno do receituário neoliberal para a condução da política econômica o que vai significar, necessariamente, recessão, arrocho salarial, desemprego, ausência de crédito para os mais fragilizados socialmente. Há quem afirme que Aécio Neves não mais teria como reagir. As eleições estão perdidas para o PSDB. Será? Marina os representa, assim como representa a direita, a elite, os estratos de classe média anti-petista. As pesquisas também indicam que, se tivermos um segundo turno - hoje quase inevitável - os evangélicos a conduzirão ao Planalto. Uma tragédia tanto do ponto de vista da consolidação de nossas instituições democráticas, quanto das conquistas obtidas pela classe trabalhadora nas últimas décadas com as políticas públicas de corte inclusivo da Era Lula/Dilma. Fica evidente aquilo que o economista Márcio Pochmann falou outro dia num debate no Ceará. A elite brasileira - preocupada com as concessões aos trabalhadores - jogaria pesado para manter seus privilégios. Nossa elite é uma elite de muros. Nunca de pontes. Se depender delas, esse país jamais se encontrará consigo mesmo. Srão mantidos os guetos. As declarações do jornalista Diogo Mainardi nos forneceram a senha: tudo por Marina na estratégia obsessiva de derrotar o PT. Depois da posse, o futuro a Deus pertence.

Marina está muito mais para Jim Jones do que para Cristo.


Por José Luiz Gomes

Adam Przeworski é um cientista político polonês muito respeitado na academia. Uma de suas preocupações de estudos foi o comportamento dos partidos socialistas europeus no contexto de um sistema político hegemonizado pela democracia representativa burguesa. Segundo seus estudos, essas partidos foram, gradativamente,  institucionalizando-se, entrando nessas regras do jogo, isolando os radicais e, obviamente abdicando de algumas teses e incorporando outras. Do ponto de vista estritamente eleitoral, contingenciado pela competição imposta, logo perceberiam que o voto "politicamente orientado" não seria suficiente para conduzi-los ao poder. Isso os obrigou a acenar para novos segmentos sociais, negociar com o grande capital etc. Aqui no Brasil, um pouco orientado pelos estudos de Przeworski, o também cientista político do IUPERJ, Wanderley Guilherme dos Santos, criou a expressão a "Lei de Ferro da Competição Eleitoral", que tenta explicar esse fenômeno, afirmando que manter-se numa postura política identificada tão somente com aqueles estratos sociais que lhes dão suporte, em médio prazo, inviabilizaria eleitoralmente essas agremiações. Por esse raciocínio partidos como o PSOL e o PSTU, em algum momento, irão se deparar com essa dilema, como já ocorreu com o PT num passado recente. Outro estudo muito interessante de Przeworski é sobre a definição do voto do eleitor, consoante a escolha racional. Ele levanta várias hipóteses. Uma delas em partilhar vem a calhar com o momento político pelo qual estamos passando, com a ascensão da candidata Marina Silva nas pesquisas de intenção de voto. Pelo Datafolha, Marina já se encontra em empate técnico com Dilma Rousseff, ambas com 34%. Como seria, por exemplo, o voto do evangélico pobre, beneficiário dos programas de distribuição de renda do Governo Federal? O que pesaria mais na definição do seu voto. Não conheço estatística informando qual o montante de evangélicos beneficiários desse programa, mas, em todos os levantamentos realizados até agora, há o indicativos de que eles tendem a votar com a fé e não com a boca. A candidata Marina consegue abrir uma vantagem expressiva sobre Dilma no segmento evangélico. Como diria Michel Zaidan, até as nuvens se movem. Imagina as tendências de intenções de voto. Ainda é um pouco cedo para dizer o que vai ocorrer daqui para frente, mas, no momento, a acriana desponta como um tsunami nessas eleições. Não há como minimizar esse fenômeno. Ela preocupa - o que seria natural - os inquilinos do Palácio do Planalto. Mesmo inconsistente, eivada de contradições, matreiramente, a acriana acena para inúmeros segmentos sociais. Associou-se ao grande capital nacional; aparou as arestas com o capital internacional; foi adotada pelo elite e pelos estratos sociais de classe média anti-petista; galvanizou a comoção com a morte do ex-governador Eduardo Campos; sai forte junto aos segmentos evangélicos, sobretudo os pentecostais e neo-pentecostais; com a consequente inviabilidade de Aécio Neves, o conservadorismo brasileiro parece ter encontrado seu candidato, colocando seu aparato midiático (de)formador de opinião ao seu serviço, independentemente das consequências que poderão vir pela frente. Tudo é válido para quebrar a hegemonia de poder da coalizão petista. Mesmo com essa cobra de não sei quantas cabeças, capaz de ressuscitar a Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, de Max Weber; mesmo evangélica, alardear que legalizará o casamento entre pessoas do mesmo sexo, acenando para um segmento com o qual ela poderia ter muitas arestas, o LGBT; incorporar uma espécie de "messianismo de corte ultra-liberal" etc. Que nos perdoem seus eleitores, mas essa aventura não nos levaria ao paraíso. Está mais próxima de um Jim Jones do que de Cristo.

Foto: O tsunami Marina está mais para Jim Jones do que para Cristo. 

Por José Luiz Gomes

Adam Przeworski é um cientista político polonês muito respeitado na academia. Uma de suas preocupações de estudos foi o comportamento dos partidos socialistas europeus no contexto de um sistema político hegemonizado pela democracia representativa burquesa. Segundo seus estudos, essas partidos foram, gradativamente, se institucionalizando, entrando nessas regras do jogo, isolando os radicais e, obviamente abdicando de algumas teses e incorporando outras. Do ponto de vista estritamente eleitoral, contingenciado pela competição imposta, logo perceberiam que o voto "politicamente orientado" não seria suficiente para conduzi-los ao poder. Isso os obrigou a acenar para novos segmentos sociais, negociar com o grande capital etc. Aqui no Brasil, um pouco orientado pelos estudos de Przeworski, o também cientista político do IUPERJ, Wanderley Guilherme dos Santos, criou a expressão a "Lei de Ferro da Competição Eleitoral", que tenta explicar esse fenômeno, afirmando que manter-se numa postura política identificada tão somente com aqueles estratos sociais que lhes dão suporte, em médio prazo, inviabilizaria eleitoralmente essas agremiações. Por esse raciocínio partidos como o PSOL e o PSTU, em algum momento, irão se deparar com essa dilema, como já ocorreu com o PT num passado recente. Outro estudo muito interessante de Przeworski é sobre a definição do voto do eleitor, consoante a escolha racional. Ele levanta várias hipóteses. Uma delas em partilhar vem a calhar com o momento político pelo qual estamos passando, com a ascensão da candidata Marina Silva nas pesquisas de intenção de voto. Pelo Datafolha, Marina já se encontra em empate técnico com Dilma Rousseff, ambas com 34%. Como seria, por exemplo, o voto do evangélico pobre, beneficiário dos programas de distribuição de renda do Governo Federal? O que pesaria mais na definição do seu voto. Não conheço estatística informando qual o montante de evangélicos beneficiários desse programa, mas, em todos os levantamentos realizados até agora, há o indicativos de que eles tendem a votar com a fé e não com a boca. A candidata Marina consegue abrir uma vantagem expressiva sobre Dilma no segmento evangélico. Como diria Zaidan, até as nuvens se movem. Imagina as tendências de intenções de voto. Ainda é um pouco cedo para dizer o que vai ocorrer daqui para frente, mas, no momento, a acriana desponta como um tsunami nessas eleições. Não há como minimizar esse fenômeno. Ela preocupa - o que seria natural - os inquilinos do Palácio do Planalto. Mesmo inconsistente, eivada de contradições, matreiramente, a acriana acena para inúmeros segmentos sociais. Associou-se ao grande capital nacional; aparou as arestas com o capital internacional; foi adotada pelo elite e pelos estratos sociais de classe média anti-petista; galvanizou a comoção com a morte do ex-governador Eduardo Campos; sai forte junto aos segmentos evangélicos, sobretudo os pentecostais e neo-pentecostais; com a consequente inviabilidade de Aécio Neves, o conservadorismo brasileiro parece ter encontrado seu candidato, colocando seu aparato midiático (de)formador de opinião ao seu serviço, independentemente das consequências que poderão vir pela frente. Tudo é válido para quebrar a hegemonia de poder da coalizão petista. Mesmo com essa cobra de não sei quantas cabeças, capaz de  ressuscitar a Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, de Max Weber; mesmo evangélica, alardear que legalizará o casamento entre pessoas do mesmo sexo, acenando para um segmento com o qual ela poderia ter muitas arestas, o LBGT; incorporar uma espécie de "messianismo de corte ultra-liberal" etc. Que nos perdoem seus eleitores, mas essa aventura não nos levaria ao paraíso. Está mais próxima de um Jim Jones do que de Cristo.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Marina Silva: A farsa da terceira via

Tijolinhos do Jolugue: Neca é a candidata, Marina a testa de ferro.




Marina Silva vai tirando a máscara e aparecendo suas verdadeiras intenções: reduzir a participação dos bancos públicos e ampliar a participação dos bancos privados. Esta maravilhosa meta foi apresentada pela dona do Itaú, que não é surpresa não. Marina voltará a colocar na agenda do país a privatização do Banco do Brasil e da Caixa como pretendia FHC e pretende Aécio. Ou seja, adeus crédito para os mais pobres e a classe média baixa. Voltaremos aos patamares de crédito antes de Lula, quando só os ricos tinham acesso a ele e ainda diziam que o país era capitalista. Cada vez mais fica claro, a verdadeira candidata é a Neca Setúbal, Marina é só a testa de ferro.

Durval Muniz é professor da UFRN. Hoje, 29/08/2014, em seu perfil no Facebook

Marina é o Lula de saia? que loucura! afirma José Dirceu.

Tijolinho do Jolugue: Eleições na Paraíba: entre expertises e espertezas.

No Estado da Paraíba acontecem algumas coisas curiosas com os Institutos de Pesquisa. Aliás, comentam os amigos, pesquisas eleitorais ali é caso de polícia. Existem alguns questionamentos que são comuns em todas as pesquisas de intenções de voto. O fato de alguns Institutos prestarem serviços aos governos, as metodologias utilizadas, os dados corretos sobre o eleitorado ouvido, a vinculação do Instituto a determinados órgãos de imprensa, etc. Incontáveis vezes o Datafolha é tratado por aqui como Datafalha. Ciro Gomes, em entrevista, já afirmou que o dono do IBOPE seria capaz de vender a própria mãe. No caso da Paraíba, há inúmeras questões em jogo, como a ausência de uma expertise sobre o assunto, a terceirização dos serviços, a ausência de profissionalismo, entre outros. Mas, igualmente, se há ausência de expertise, para haver, em contraponto, muita esperteza, a julgar pelos últimos acontecimento, no que parece haver uma relação temerária entre o Instituto Souza Lopes e o Sistema Correio de Comunicação. O Instituto já foi multado em mais de 200 mil reais, teve quatro pesquisas não autorizadas pela Justiça Eleitoral, todas repletas de informações desencontradas sobre a metodologia, os dados sobre o eleitorado etc. Na última delas, pasmem, omite deliberadamente o nome de alguns concorrentes.

Foto: Eleições na Paraíba: entre expertises e espertezas.

No Estado da Paraíba acontecem algumas coisas curiosas com os Institutos de Pesquisa. Aliás, comentam os amigos, pesquisas eleitorais ali é caso de polícia. Existem alguns questionamentos que são comuns em todas as pesquisas de intenções de voto. O fato de alguns Institutos prestarem serviços aos governos, as metodologias utilizadas, os dados corretos sobre o eleitorado ouvido, a vinculação do Instituto a determinados órgãos de imprensa, etc. Incontáveis vezes o Datafolha é tratado por aqui como Datafalha. Ciro Gomes, em entrevista, já afirmou que o dono do IBOPE seria capaz de vender a própria mãe. No caso da Paraíba, há inúmeras questões em jogo, como a ausência de uma expertise sobre o assunto, a terceirização dos serviços, a ausência de profissionalismo, entre outros. Mas, igualmente, se há ausência de expertise, para haver, em contraponto, muita esperteza, a julgar pelos últimos acontecimento, no que parece haver uma relação temerária entre o Instituto Souza Lopes e o Sistema Correio de Comunicação. O Instituto já foi multado em mais de 200 mil reais, teve quatro pesquisas não autorizadas pela Justiça Eleitoral, todas repletas de informações desencontradas sobre a metodologia, os dados sobre o eleitorado etc. A última delas, pasmem, omite deliberadamente o nome de alguns concorrentes.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Michel Zaidan: Avião fantasma




A serem verdadeiras as informações trazidas pela imprensa sobre as contas bancárias onde eram depositado o pagamento pelo aluguel (700.000,00) da aeronave que transportava o ex-governador de Pernambuco, cabe à Justiça Eleitoral investigar os fundos de campanha do PSB e quem está recebendo  pelas despesas de logística da referida campanha eleitoral. Segundo o noticiário, as contas são de "laranjas" ou de correntistas fantasmas, inexistentes ou que não teriam como prestar o serviço alegado pelo comitê de campanha do PSB. Fui questionado por um correspondente de um veículo de comunicação se sabia quanto se pagava pelos voos do jatinho (cujo custo é da ordem de 1 bilhão e meio de reais) que transportava o candidato falecido. Respondi que não sabia a origem desses gastos. Agora, com o mistério em relação a quem pertence a aeronave destruída - a quem cabe a responsabilidade civil e criminal pelos prejuízos causados pelo  desastre aéreo - e mais ainda em relação às contas bancárias abastecidas pelos recursos de campanha, é hora de dona Marina Silva, abandonar a pose de vestal e informar à Justiça Eleitoral quem são os doadores de sua campanha, o montante projetado para as despesas das atividades da campanha e finalmente, quem recebe esses recursos.

O sigilo é indício de alguma coisa errada ou que não pode ser publicizada. Em se tratando de uma campanha presidencial, onde quem vai ser eleito é o titular das decisões que afetam o povo brasileiro, não é um bom indício essas névoas que recobrem ou rodeiam o financiamento da campanha e seus beneficiários. Por que até hoje não se descobriu a titularidade da aeronave destruída? A quem cabe a responsabilidade civil e criminal das consequências funestas do desastre aéreo? Quem recebe o vultuoso pagamento pelo uso da aeronave sinistrada? - Quem são os "laranjas" que consta como beneficiários dos depósitos, aqui em Pernambuco?

Um dos pontos críticos da reforma política é exatamente aquele que se refere ao financiamento público das campanhas eleitorais. Quem financia o candidato, também apresenta a conta ao eleito, em forma de obras, recursos, cargos, nomeações etc. Ou seja, como controlar o abuso do Poder Econômico  nas eleições? Como garantir que o resultado das eleições traduza fielmente a verdade eleitoral, a vontade dos eleitores e não dos doadores (anônimos) de campanha? - Sem a resposta a essas questões, jamais teremos uma democracia digna desse nome. Mas sempre uma "ação entre amigos", grupos econômicos, lobbies, corporações e assim por diante. Como evitar que o financiamento privado das campanhas eleitorais deixe de ser uma  mera fachada legal para a "lavagem de dinheiro sujo"?
Os eleitores de Pernambuco e do Brasil esperam ansiosamente por essas e outras respostas, sob o rico de serem vítimas de mais um estelionato eleitoral. Esta é a hora dos esclarecimentos, para o que as instituições judiciárias e policiais podem e devem dar uma contribuição decisiva.


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Dilma e Marina travam o 1º embate

Por , postado em agosto 27th, 2014 | 65 comentários

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Algumas observações sobre o debate dos presidenciàveis na Band, ocorrido nesta segunda-feira 26 de agosto de 2014.
Dilma encaçapou algumas bolas. Conseguiu até mesmo se sair bem na pergunta sobre regulamentação da mídia, falando contra o monopólio e mencionando a ideia de fazer uma regulação econômica. Ótimo.
Mas se confundiu em outras. Poderia ter destruído facilmente Aécio Neves, quando ele começou a repetir baboseiras da mídia sobre geração de emprego segundo o Caged. Poderia ter respondido: não gera mais tanto emprego porque todo mundo está empregado!
Ela foi bem na parte em que falou da Petrobrás, falando com paixão. Ao rebater acusações de Aécio sobre o fato de haver um diretor preso, a presidenta lembrou que a prisão fora realizada por uma instituição federal, a Polícia Federal, aparelhada e incentivada durante os governos Lula/Dilma. Antigamente, ninguém ia preso não porque não houvesse desvios, mas porque não havia investigação.
A presidenta melhora sensivelmente o seu desempenho quando fica contrariada. Quando está “fria”, engasga muito e tem dificuldade para concatenar frases.
Ela também mandou bem ao afirmar, em resposta à Marina, que o programa Mais Médicos não é paliativo. Tratar de pessoas doentes jamais é um paliativo. E um programa que atende quase 50 milhões de pessoas já pode ser chamado de “estrutural”.
Ao responder uma pergunta de Boris Casoy sobre o salário pago aos médicos cubanos, porém, Dilma enrolou-se, por causa de sua dificuldade crônica para sintetizar os assuntos.
Perguntada sobre a carga tributária, faltou-lhe dados. Poderia ter respondido que é preciso avaliar o conceito de arrecadação tributária per capita, que é muito baixa no Brasil. A afirmação do Pastor Everaldo, de que temos a quinta maior carga tributária do mundo, é uma falácia completa, além de ser uma mentira.
Ela podia ter mencionado também a alíquota máxima de imposto de renda, que é muito maior em países avançados, como EUA, Europa, Japão, China, etc.
Marina Silva mostrou-se, mais uma vez, uma mulher incrivelmente astuta, de pensamento ágil. Faz acenos para a direita, através da defesa veemente do tripé econômico, e para a esquerda, ao fazer elogios a Lula e a programas sociais de governos petistas.
Mas não conseguiu responder a contento se acredita ou não no criacionismo, e pareceu simplesmente cínica ao explicar a participação da herdeira do Itaú na coordenação de sua campanha.
Com seu papo de “unir o Brasil”, Marina revela que o eixo central de seu discurso é a “despolitização”. A dicotomia PT e PSDB, ao invés de ser um exemplo saudável de divergência democrática, é pintada como o mal em si.
Será interessante assistir aos embates entre Dilma e Marina num eventual segundo turno, apesar do perigo de termos uma “Collor” de saias na presidência.
Aécio Neves fala bem, com agilidade, mas seu discurso não tem consistência. Ele age como um boneco da mídia. Na minha opinião, já era.
Ao final do discurso, faz uma coisa patética: nomeia Armínio Fraga para ministro da Fazenda, como se Armínio fosse alguém bem visto pela maioria dos espectadores. Ora, Armínio foi presidente do Banco Central cuja primeira medida foi elevar os juros básicos para 45% ao ano, de longe os maiores do planeta.
Luciana Genro, do PSOL, é extremamente blasé, quase uma caricatura de uma radical. Fala como um robô, usando argumentos clichês.
O Pastor Everaldo é um cão reaça furioso. Deveria ser o candidato da Veja.
Estava gostando muito de Eduardo Jorge, mas ele parece ter surtado perto do final. Virou um fanfarrão.
Triste, no entanto, é ver os jornalistas da Band, que deveriam guardar suas opiniões para si – ao menos durante o debate, durante o qual os telespectadores querem saber as opiniões deles, e não dos jornalistas. As perguntas sobre a regulamentação da mídia e o decreto sobre participação social vieram impregnadas de preconceito e ódio ideológico.
Assistam vocês e dêem sua opinião.
Parte 1/5
Parte 2/5
Parte 3/5
Parte 4/5
Parte 5/5
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- (Publicado originalmente no Cafezinho, do Miguel do Rosário. 

Michel Zaidan: As nuvens se movem (quanto mais as intenções de voto)




Como era de se esperar, a primeira pesquisa de intenções de voto, depois da morte do ex-governador e do ato político-eleitoral que a seguiu, juntamente com a exploração da mídia, mostrou os efeitos conjunturais da tragédia no comportamento eleitoral dos votantes. Já se sabia, há muito tempo, que o potencial político de uma eventual candidatura de Marina Silva era muito maior do que a de Aécio Neves, que convenhamos, não se constitui propriamente numa novidade para o eleitor brasileiro: representa a volta da agenda gerencial e privatista do governo do FHC, sem o brilho acadêmico deste último. A candidata pentecostal - vinculada à Assembléia de Deus - esta sim, poderia encarnar o espírito (e a carne) da novidade, ao esconder, com uma retórica ambiental, o conservadorismo de base de sua candidatura. Agradaria a gregos e troianos: aos religiosos fundamentalistas e aos verdes. Pousaria de defensora da família cristã unida e de protetora do meio-ambiente, como crítica das injunções entrópicas do chamado "desenvolvimentismo" de Dilma e, paradoxalmente, de Eduardo Campos.
           Mas, o que faz da candidata evangélica um cometa eleitoral é a marca "anti-Dilma" que ela carrega consigo depois da eleição passada. Apresentando-se como uma vestal no cenário sórdido da campanha política, Marina pode alegar que saiu do governo petista porque ele trocou o meio-ambiente pelos imperativos do crescimento econômico a qualquer custo, partiu o IBAMA em dois pedaços, acelerou a concessão de licenças ambientais, fez a opção pelo agro-negócio, abandonou a reforma agrária etc. etc. etc. Ela não, ainda tem as mãos limpas, é uma bem intencionada, acredita em sonhos, e esse discurso tanto pode arrebanhar votos da juventude, como da classe média urbana descontente com as denúncias de corrupção no governo petista, e ainda a extensa base religiosa das várias igrejas pentecostais e neo-pentecostais. Acrescente-se a isso a postura defensiva de Dilma Rousseff nos debates eleitorais, a sua insegurança, a sua tensão.
          No entanto, há algo de curioso nesse fenômeno eleitoral "postmortem" eduardiano. Há  algo de curioso e inquietante no engajamento de pessoas da classe média na exaltação político-eleitoral do PSB, nos bairros nobres da cidade. 0 que leva este extrato da população recifense a vestir  a camisa de uma candidata pobre, doente, negra e  pentecostal? - que fez toda carreira política e sindical no PT e no governo LULA - como se fosse a "virgem do contestado" que viria redimir a política brasileira de seu vícios de deformações seculares. Será que tudo isso é obra e graça da mera espetacularização do velório e funeral do esquife do ex-governador?0 que há por atrás disso tudo?  - As artimanhas da família e dos marqueteiros do PSB?
          É isso que tem de ser investigado com profundidade e isenção. 0 que alimenta o dinamismo da conjuntura e as mudanças de intenção de voto,  pode ser uma vontade de renovação - sobretudo de setores médios  e da juventude - numa disputa sem novidades políticas e eleitorais. Vontade capturada  pela candidatura de Marina Silva (como terceiro elemento). Mas não é de se desprezar o investimento emocional e material da oligarquia de Pernambuco, que naturalmente não deseja perder o controle da sucessão estadual e nacional.
          Vamos nos preparar para o embate entre o candidato de retrocesso, a candidata obscurantista (embora travestida de pós-moderna) e "mais do mesmo". 0 Brasil merece mais do que isso!

Michel Zaidan é filósofo, historiador e professor da Universidade Federal de Pernambuco.