pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Crônica: Cachaças do Brejo Paraibano
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terça-feira, 17 de julho de 2018

Crônica: Cachaças do Brejo Paraibano

 
 
 
 
José Luiz Gomes
 
 
 
Há alguns dias publicamos por aqui uma crônica onde mencionamos algumas cachaças produzidas na região do Brejo Paraibano. Logo em seguida, recebo alguns e-mails de apreciadores do produto, informando-nos sobre outras tantas cachaças produzidas naquela região, algumas delas de qualidade até mesmo superior às citadas naquela crônica. Já antecipo um pedido de desculpas a esses leitores, observando, no entanto, o fato de ter citado as cachaças produzidas no Brejo como as melhores do país, atestadas por rankings nacionais. Não há nenhum bairrismo aqui. Na realidade, leitores, se isso minimiza tuas críticas, devo informar de que sou mais um estudioso do que um apreciador do produto. Tomo as minhas "lapadas" justamente quando visito tua região, quase sempre acompanhado da confraria. No final de semana passado estivemos no Engenho Vaca Brava, onde apreciamos a Matuta, outra caninha branca produzida ali. Não deixa nada a dever às melhores. Se tem uma costeleta de porco para acompanhar, então...
 
Não tenham dúvidas os leitores de que há, sim, naquela crônica umas ausências notáveis, como a Triunfo, por exemplo, produzida no engenho do mesmo nome, na cidade de Areia, assim como a Cobiçada, produzida no Engenho Martiniano, em Serraria. E o que não dizer da Serra Limpa, produzida no Engenho Imaculada Conceição, na cidade de Duas Estradas? que já superou até mesmo a Volúpia, do Engenho Várzea Grande, da cidade de Alagoa Grande. Comenta o Arnaldo que o ex-presidente Lula já foi presenteado com uma Serra Limpa e fez questão de agradecer o presente pessoalmente. Na realidade, leitores, quando o assunto é gastronomia, somos muito felizes por aquelas bandas. Hoje, por exemplo, acordei com o gosto de café do Brejo na boca. Tu sabes, por experiência, que convém forrar o estômago antes de cair na bagaceira. Normalmente apreciamos a marvada acompanhada do famoso caldinho de fava. Ninguém fazia melhor do que os cozinheiros do Vale do Paraíso daqueles tempos. Mas, como disse, sou mais um estudioso do que um apreciador.

Outro dia, compramos uma briga feia porque tentaram substituí-la pelo vinho num circuito expositivo que se propõe a representar o Nordeste. Ora, a cachaça nasceu na senzala, como um subproduto utilizado, a princípio, pelos negros, com o objetivo de amaciar a carne dos caititus ou caititus, um porco do mato capturado pelos escravos. A cachaça é secular. A produção de vinho na região Nordeste é coisa recente, desses tempos dessa tal de globalização. A cachaça, ao contrário do vinho, tem uma história intrinsecamente vinculada à raça negra escravizada. Todos os grandes movimentos libertários do país, como a Inconfidência Mineira e a Revolução de 1817, em Pernambuco, foram brindados com cachaça. Em seus encontros conspiratórios na antiga Vila Rica, os conspiradores tomavam porres homéricos de cachaças mineira. Isso talvez explique os estudos tão reticentes de Kenneth Maxwell sobre aquela movimento nativista. 

Importante, leitor, é que através dessas crônicas estamos mostrando um pouco da região do Brejo Paraibano para todo o Brasil. Citada na última crônica, a Rainha, produzida no Engenho Goiamunduba, em Bananeiras, foi retirada da lista por não ser bem uma "cachaça", mas uma aguardente. A danada é muito forte. Ultrapassa o limite dos 48 de teor alcóolico exigidos. Chega aos 52. Coisa para cabra macho.  Um grande abraço deste cronista e até breve. A Confraria agradece imensamente as observações.

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