pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Editorial: Formada a federação, quem será o candidato presidencial do União Brasil, o MDB e o PSDB?


A crônica política local noticia um encontro entre o Presidente Nacional do União Brasil, O Deputado Federal Luciano Bivar(PSL), e o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho(DEM), de olho nas costuras políticas no plano nacional e, mais importante ainda, seus reflexos aqui na província, onde o jovem prefeito praticamente pode ser considerado candidato ao Governo do Estado nas próximas eleições. Foi uma espécie de reunião de "ajustes', uma vez que haveria a possibilidade de alguém estar costeando o alambrado, para usarmos uma expressão do ex-governador Leonel Brizola. 

No plano nacional, tudo caminha para a formação de uma federação entre o União Brasil, O MDB e o PSDB. Trata-se de uma federação praticamente consolidada, restando apenas alguns ajustes, pois os dois pré-candidatos das legendas PSDB, o governador João Dória(PSDB-SP) e a senadora Simone Tebet(MDB-MS), pré-candidata do MDB, renunciaram às suas pré-candidaturas em nome da indicação de um nome de consenso da federação. Nas pesquisas de intenção de voto até agora realizadas, João Dória leva uma ligeira vantagem sobre a senadora Simone Tebet,mas essa tem muito menos arestas a aparar no conjunto da federação. 

Simone é mulher, jovem, excelente parlamentar e não colecionou desafetos pelo caminho. São curiosas essas movimentações políticas. Não é improvável que os partidários do governador João Dória tenha fechado algum compromisso com os caciques dessas legendas, do tipo: quem estiver melhor nas pesquisas tera o apoio da federação. Se depender dos dissidentes tucanos, talvez haja até a possibilidade de incluir, nessa lista de eventuais pré-candidatos, o nome do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, cujo passe tem sido muito valorizado no mundo político de Brasília. 

Enquanto tais acordos são fechados em Brasília, aqui na província pernambucana os pré-candidatos ao Governo do Estado procuram se ajustar a essas novas realidades. Até bem pouco tempo, esse blog informou sobre a possibilidade de o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, apoiar o nome do ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro(Podemos), como candidato à Presidência da República, uma vez que o União Brasil estava costurando um possível apoio ao pré-candidato. Hoje, essa hipótese está completamente descartada. Outra grande indagação diz respeito ao candidato presidencial a ser apoiado aqui pela prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, do PSDB, que tem, na formação de seu palanque, um forte aliado do PL, partido do presidente da República.  

Editorial: Afinal, para onde caminha o governador gaúcho Eduardo Leite?


O fato de ter perdido as prévias no PSDB para o governador paulista João Dória Junior(PSDB_SP), possivelmente, causou alguns problemas para o governador gaúcho, Eduardo Leite(PSDB-RS), que deseja habilitar-se para disputar a Presidência da República nas próximas eleições. Ainda é bastante jovem, mas, como ele mesmo afirma, cavalo selado não pode passar batido. Dória até tentou, mas não há como reestabelecer os padrões de relação entre vencedores e derrotados. Há um grupo de tucanos do bico fino dissidentes, que, em sua maioria, orbita em torno de Eduardo Leite, e pretendem inserir o governador no processo sucessório, dentro das dimensões que ele conquistou no cenário político nacional. 

Há, por outro lado, frequentes namoros do PSD de Gilberto Kassab ao governador, numa perspectiva, inclusive, de que ele possa constituir-se num plano "B", como pré-candidato presidencial, caso o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco(PSD-MG), desista da empreitada. O nome de Rodrigo Pacheco foi lançado com grandes pombas, mas a chamada terceira via parece não deslanchar. Especula-se que até mesmo o pré-candidato melhor posicionado neste ranking, o ex-juiz Sérgio Moro(Podemos) possa desistir da candidatura. 

A articulação dos dissidentes do PSDB seria no sentido de uma aproximação com o MDB, tendo como referência a pré-candidata Simone Tebet(MDB-MS). Antecipando-se a estas manobras, o grupo do PSDB que apoia o governador João Dória costura uma federação com o MDB e o União Brasil, esvaziando, assim, as tecituras dos dissidentes tucanos. O Presidente Nacional da legenda tucana, o pernambucano Bruno Araújo(PSDB-PE), terá muito trabalho pela frente, no sentido de apaziguar as coisas dentro do ninho. Já andou fazendo um apelo para que o governador gaúcho não deixe a legenda, filiando-se ao PSD de Kassab.

Difícil fazer alguma previsão sobre o destino do governador gaúcho, que contou com o apoio de muita gente boa dentro - e fora, ao que parece - do ninho tucano. Apesar do seu flerte com o bolsonarismo no passado, Eduardo Leite é um nome leve, possivelmente com um futuro muito promissor na política. Quando esteve aqui no Estado, foi muito bem recebido pela prefeita de Caruaru, Raquel Lyra(PSDB-PE), candidata ao Governo do Estado nas próximas eleições. Falar em carne para gaúcho é um tanto quanto temerário, mas não é improvável que ele tenha experimentado a chã de bode do Alto do Moura.     

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Tijolinho: O bom momento político do prefeito Anderson Ferreira



Assim como as inquietações que ficaram neste encontro entre o governador capixaba, Renato Casagrande(PSB), e o ex-juiz Sérgio Moro, do Podemos, pairam dúvidas sobre os acertos e acordos estabelecidos entre o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, e o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira(PL-PE). Anderson manteve um encontro recente com o presidente da legenda, em Brasília, e voltou todo ancho para a província, reconduzido ao comando da legenda no Estado e com uma carta branca renovada para estabelecer as diretrizes do partido bolsonarista nas eleições estaduais deste ano. 

Como já avaliamos antes, Anderson possui alguns trunfos políticos. Lidera uma família que possui vínculos fortes com grupos neopentecostais vinculados à base de apoio do presidente Bolsonaro; não esconde sua condição de político de perfil conservador e de oposição efetiva aos socialistas no Estado; possui uma gestão muito bem avaliada, reconhecida por organismos internacionais, como a ONU; sua gestão abriu um canal direto de negociações com o Governo Federal para o estabelecimento de convênios e projetos importantes para o município, responsável pelo aporte de recursos para obras estruturadoras. Entende-se que esteja de bem com o cacique da legenda,Valdemar da Costa Neto.  

A grande questão é o seu vínculo ao movimento Levanta Pernambuco, encabeçado no Estado, por uma prefeita tucana, Raquel Lyra(PSDB-PE), o que causa um certo desconforto entre os bolsonaristas raízes, aqueles mais chegados ao presidente Jair Bolsonaro. A rigor, do ponto de vista ideológico, não existiria um grande estranhamento aqui, uma vez que já faz algum tempo que os tucanos estabelecem um bom diáolgo com o bolsonarismo. No entanto, raposas políticas que orbitam a candidatura de Raquel Lyra já declararam que não endossam o palanque de Bolsonaro no Estado. Raquel Lyra, que, a julgar pelo desempenho nas pesquisas de intenção de voto, deverá ser a candidato ao Governo pelo movimento, por sua vez, não dá indicadores de que poderia apoiar o nome de Jair Bolsonaro à Presidência da República. Eita equação política difícil de resolver para o jovem político da família Ferreira.  

Charge! via Folha de São Paulo

 


domingo, 13 de fevereiro de 2022

Editorial: Um momento difícil para as conciliações políticas.



No mundo político, no dia de ontem, causou uma certa estranheza um encontro entre o governador capixaba, Renato Casagrande, do PSB, e o pré-candidato do Podemos à Presidência da República, o ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro. Conforme comentamos aqui, noves fora as boas regras de convivência dentro de um mundo político civilizado, há, sim, motivos para um certo estranhamento. Estranhamentos - e até aborrecimentos, registre-se - conforme já externado pela Presidente Nacional do PT, Gleisi Hoffmann, cujo partido costura a formação de uma federação com os socialistas. 

Seria necessário mais informações das coxias para compreedermos o que, de fato, teria se passado pelo cabeça de Sérgio Moro ao procurar, para conversar, justamente um governador socialista. Algumas hipóteses são plausíveis, outras nem tanto. Sérgio Moro vem esboçando um certo desconforto com a sua agremiação partidária. Já se especulou que ele, inclusive, teria sondado outros grêmios partidários. O Podemos ainda é um partido em processo de estruturação, sem capilaridade nos Estados e com pouca reserva de recursos do fundo eleitoral quando comparado à legendas como o União Brasil, o MDB, o PSL. Isso conta bastante numa eleição. 

Ele chegou a sentar à mesa com os caciques do União Brasil, a noiva mais cobiçada de Brasília, mas as conversações não prosperaram. Hoje é dada como certa uma federação entre aquela legenda e o MDB, quem sabe com o concurso dos tucanos, num projeto bastante ambicioso. No passado recente, ali pelo ano de 2016, o PSB já andou costeando o alambrado, como diria o ex-governador Leonel Brizola, o que sugere não embarcar com os dois pés nesta canoa.

Mas, independentemente de tais indisposições entre o PT e o PSB, no geral, estamos vivendo um momento de não entendimentos entre os grêmios partidários. A própria fusão entre o DEM e o PSL - dadas como favas contadas e já homologada pelo STE - ainda enfrenta problemas de conciliações entre os seus caciques. O União Brasil está em vias de fechar um acordo com o MDB, onde poderiam apoiar a pré-candidata Simene Tebet(MDB-MS) à Presidência da República, indicando o vice na chapa. Simone Tebet é uma excelente candidata, sempre muito festejada entre os diversos grêmios partidários. A dissidência tucana também deseja o seu passe.   

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


Drops político para reflexão: Costeando o alambrado



 "O grande Leonel Brizola, um frasista mordaz, quando queria insinuar que alguém estaria se bandeando para o outro lado - em alguns casos traindo seus princípios - dizia que ele estava costeando o alambrado, numa alusão ao comportamento do gado, que passa a se encostar demasiadamente no alambrado, quando deseja pular a cerca. Ontem, no Brasil e em Pernambuco, o comportamento de alguns políticos sugerem que a premissa do ex-governador gaúcho estaria se confirmando."

José Luiz Gomes, cientista político.   

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Editorial: Moro encontra-se com o governador Renato Casagrande

 

Repercutiu bastante, no dia de hoje,um encontro entre o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, do PSB, e o ex-juiz da Lava-Jato - e hoje pré-candidato do Podemos à Presidência da República - Sérgio Moro. Traduzido por ambos como um encontro informal, dentro das regras de convivência civilizada entre um pré-candidato presidencial e um governador de Estado, o fato concreto é que muitos ruídos estão sendo produzidos em torno do assunto. Moro anda realizando um périplo pelo país, onde seria até natural que ale pudesse se encontrar com alguns governadores de Estado, que, independentemente de sua vinculação partidária a este ou àquele partido, mantivesse uma postura republicana. 

Os petistas, no entanto, que estão entabulando com o PSB uma eventual formação de uma federação, estranharam bastante o encontro. O clima, que já não andava bem entre os dois partidos, azedou de vez. Nos burburinhos da política comenta-se que o presidente da legenda socialista, Carlos Siqueira, perdeu de vez sua interlocução com o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad(PT-SP), que disputa com Márcio França(PSB-SP), uma eventual indicação para concorrer ao Governo do Estado de São Paulo, depois da formação da federação. 

Gleisi Hoffmann, Presidente Nacional do PT, já antecipou que atitudes como as do governador capixaba seriam inadmissíveis no contexto das negociações em torno da construção de uma federação entre o PT e o PSB. Sinceramente? não conseguimos entender - salvo por mais um desses erros de avaliação - este encontro entre o pré-candidato Sérgio Moro e o governador Renato Casagrande. Sérgio Moro(Podemos) não vive um bom momento. Permanece dentro de patamares estagnados nas pesquisas de intenção de voto; anda às turras com os problemas decorrentes de seus proventos na iniciativa privada, depois de deixar a toga; Seu partido, o Podemos, não tem dinheiro tampouco estrutura para facilitar a vida como pré-candidato. 

Não menciono aqui - e já mencionando - os eventuais desgastes dos constantes convites formulados pelo pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, para os debates. Ciro, aliás, também anda com as suas conversas pelo país, mas, a rigor, são conversas que podem ser entendidas como eventuais formação de apoios, como o encontro agendado com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, do PSD. Ambos os partidos, PDT e PSD andam conversando. Já existe, por exemplo, um entendimento entre as duas legendas no Rio de Janeiro.  

Editorial: As dificuldades de formação da federação entre o PSB e o PT


Um levantamento do Instituto Locomotiva, comentado por Renato Meireles, no site da revista Veja, informa que apenas 1\3 dos eleitores brasileiros podem ser enquadrados entre os estridentes, radicais ou com níveis acentuados de intolerância. São eles os responsáveis pelo esgarçamento do nosso cenário político, em alguns casos, extremamente polarizado. 2\3 são moderados, de convivência civilizada, usam argumentos para defenderem suas posições e costumam falar na hora certa, ou seja, em outubro, nas urnas, de acordo com Renato Meireles. Felizmente, são esses eleitores que devem decidir o pleito presidencial. Este fato não deixa de ser alentador, em meio ao radicalismo que  tornou-se tão comum no nosso campo político nos últimos anos. 

No dia de ontem, partidos de esquerda como o PSB, o PT, o PCdoB e o PV se reuniram com o propósito de formar uma federação para disputar as próximas eleições. A reunião ocorreu num clima de azedume, uma vez que o PT sempre se posiciona de forma hegemônica nessas circunstâncias, criando muitas dificuldades para a construção de algum consenso. Não é de hoje que o partido recebe duras críticas da esquerda em relação a esta postura. Por vezes exageradas, não raro, essas críticas tem alguma procedência. 

Formalmente contornados os problemas em Pernambuco - a julgar pela clima de amenidades que circula nas redes sociais, onde os caciques da legenda aparecem nas fotos ao lado do Deputado Danilo Cabral(PSB-PE) - o maior foco de discórida está em São Paulo, onde o PSB deseja que o ex-governador Márcio França seja o candidato ao Governo do Estado. O PT, por sua vez, não abre mão da candidatura do pupilo de Lula, Fernando Haddad(PT-SP).Márcio França é um político de grandes gestos, mas, desta vez, já afirmou que não abre mão de sua candidatura, algo que foi posto para o PT desde o início do entabulamento das negociações em torno da formação de uma federação entre as legendas. 

Consideramos que, neste caso, quem deve ceder é o PT. Não dá para fazer barba, cabelo e bigode, como deseja Luiz Inácio Lula da Silva, que almeja ocupar os dois Palácios: O Palácio do Planalto e o dos Bandeirantes. O PSB já fez concessões suficientes ao PT. Entendemos que Fernando Haddad(PT-SP)é um fiel escudeiro, tem uma longa ficha de bons serviços prestados ao país, é bem preparado,mas a vez é de Márcio França(PSB-SP). As forças do campo progressista estariam muito bem representadas com ele na administração do Governo de São Paulo. 


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Editorial: Pela nova IPESPE, uma luz no fim do túnel para Bolsonaro?


Hoje, dia 11, o IPESPE divulgou uma nova rodada de pesquisa de intenção de voto. A rigor, para um observador menos atento - o que não seria o caso do cientista político pernambucano Antonio Lavareda - a pesquisa não apresentaria grandes novidades, exceto por alguns indicadores, como uma ligeira melhoria na avaliação do Governo de Jair Bolsonaro(PL), além da percepção dos eleitores sobre o rumo da economia. Apesar de ainda incipientes ou residuais, esses números podem deixar o staff de campanha do presidente em festa, uma vez que estanca uma tendência negativa que já perdurava meses. 

Ponderado como sempre, o guru das pesquisas antecipa que ainda é cedo para fazer algum tipo de projeção ou conjectura a esse respeito. Seria preciso que esses indicadores se repetissem nas próximas pesquisas, indicando alguma tendência. A pesquisa, comentada pelo articulista da revista Veja,Matheus Leitão, sugere, igualmente, uma espécie de estagnação da chamada terceira-via. Os índices de rejeição e desaprovação do Governo Bolsonaro ainda são muito altos, praticamente inviabilizando, no momento, um projeto de reeleição, mas estas somente ocorrem em outubro, tempo suficiente para atiçar as expectativas dos concorrentes. 

Nos números frios da intenção de voto, nenhuma novidade. Lula 43%; Bolsonaro 25%; Ciro Gomes 8%; Sérgio Moro 8% e João Dória 3%. O candidato do Avante, o deputado federal André Janones, que aparece com índices bons nas duas últimas pesquisas, não é citado na pesquisa do IPESPE. O governador de São Paulo, João Dória(PSDB-SP), aparece com índices insatisfatórios, ainda dentro de uma performance que não animaria nem o candidato, tampouco a sua agremiação partidária, o PSDB, que já anda em articulações com eventuais outros nomes para a disputa. Se ele deslanchar, seria a maneira mais eficente de estancar tais manobras dos tucanos ainda no ninho, mas que hoje agem como cucos.

Ciro Gomes(PDT-CE), como se sabe, nao consegue achar o seu espaço nesta disputa. Há algum estigma que ele não consegue identificar e, mais que isso, superar. Esforços não tem faltado ao candidato, registre-se, que, aliás, é um concorrente muito bem preparado. Mantém um eleitorado cativo desde outras disputas onde se apresentou como candidato, mas não consegue ultrapassar esses limites. Sérgio Moro(Podemos), por sua vez ainda às turras com as explicações sobre as remunerações recebidas depois que largou a toga. Para complicar ainda mais, o seu partido, o Podemos, não tem estrutura de campanha para oferecer ao candidato.  

Tijolinho: A corrida de obstáculos de Marília Arraes.



Nas coxias da política pernambucana surgiu a especulação de que a Deputada Federal pelo PT, Marília Arraes, seria o pivô da mais recente  discórdia ocorrida na Frente Popular de Pernambuco. Supostamente, o deputado ungido para disputar a cabeça de chapa teria afirmado que o nome da deputada do PT seria uma melhor indicação para concorrer ao Senado Federal ao seu lado, por entender que ela agrega, soma e tem densidade eleitoral. Até aqui tudo bem , não há como discordar de suas afirmações. O grande problema é que Marília tem dificuldades no PT, talvez no conjunto dos partidos que formam a Frente Popular e com a família Campos, em razão das farpas trocadas durante a campanha para a Prefeitura da Cidade do Recife, nas eleições de 2020. 

No PT, a burocracia do partido não permitiria sua viabilidade política, uma vez que o comando da legenda está em mãos de opositores da deputada. No conjunto da Frente Popular -a despeito de partidos alinhados com o presidente Jair Bolsonaro no plano nacional - convém não esquecer que membros dessas agremiações, em circunstãncias especiais - como as eleições de 2020 - emprestaram seu apoio, naquele momento, à candidata, no segundo turno daquelas eleiçoes. Pelo andar da carruagem política, hoje se entende que atores políticos do campo conservador convergiram para Marília em razão do esboço de formação de um conjunto de forças em contraposição à hegemonia socialista na gestão do Estado. 

Pelo crivo da família Campos, no entanto, ela não passaria. É neste cenário que, ontem, pelas redes sociais, começaram as especulações acerca de uma eventual mudança de partido da deputado, com o propósito de compor uma aliança com o PSOL, de olho na formação de uma chapa para disputar o Governo do Estado nas eleições de 2022. O candidato recentemente escolhido pelo PSOL para disputar o Governo do Estado, João Arnaldo, sairia como vice e o Deputado Federal Túlio Gadelha(PDT-PE) concorreria ao Senado Federal. Seja bem-vinda, Marília. Parece não haver outra alternativa no horizonte político pernambucano para transpor essa corrida de obstáculos. 

Editorial: As manobras de Dória. As manobras contra Dória.


Diante das indefinições políticas aqui na província, vamos tratar dos assuntos políticos nacionais, embora tenhamos elaborado um esboço de um editorial sobre a quadra política pernambucana, principalmente sobre o imbróglio que se tornou a definição do nome que deverá disputar o Governo do Estado pela Frente Popular. Quando existia um nome quase fechado, as negociações em torno do assunto refluíram ao estágio de zerado. O PSB, definitivamente, não vive um bom momento. Não precisamos entrar nos detalhes porque o eleitor minimamente informado sabe o que se passa nesses conclaves partidários da Frente Popular, por enquanto, sem o menor sinal de fumaça branca. E mesmo quando ela sair das chaminés do Campo das Princesas, ainda estará turvada, a julgar pelo andar da carruagem política.

No plano nacional as costuras políticas -e as manobras de bastidores, acrescento - estão a todo vapor. As contingências estão obrigando alguns definições do atores políticos que disputarão a cadeira do Palácio do Planalto nas próximas eleições de outubro. O que está ocorrendo com o governador de São Paulo, João Dória(PSDB-SP), constitui-se num bom exemplo dessa nossa assertiva. Dória não enfrenta um bom momento. Seja nas pesquisas de intenção de voto - onde ele não consegue decolar - seja nos bastidores de sua agremiação política, o PSDB, onde existem tucanos de bico fino que ainda não engoliram sua vitória nas prévias e tentam impedir sua candidatura. 

Tentarão esgotar as manobras partidárias previstas no estatuto da agremiação, mas já trabalham com a possibilidade de rearticular o nome do derrotado naquelas prévias, o governador gaúcho, Eduardo Leite(PSDB-RG). Essas articulações incluiriam negociações políticas com o MDB de Simone Tebet(MDB-MS). Sabem os leitores que, ao tratar dessa agremiação política é preciso ser bem específico. Os caciques das oligarquias regionais, por exemplo, estão praticamente fechados com a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP). 

Em sua trincheira paulista, João Dória tenta se defender como pode. Tenta negociar uma aliança com o MDB para esvaziar as manobras dos desafetos da legenda e, por outro lado, passou a bater forte no candidato Lula, talvez com o objetivo de atrair os holofotes - e possivelmente os eleitores anti-Lula - para ele. Antes, seu alvo principal era o presidente Jair Bolsonaro(PL), principalmente em razão do seu capital político adquirido durante a guerra das vacinas. Em relação a Lula, antes, ele apenas acenava para o seu contingente de eleitores mais fiéis, ou seja, a parcela mais empobrecida da população brasileira. Difícil predizer os resultados dessa nova estratégia dos seus marqueteiros antes dos resultados que poderão ser aferidos nas próximas rodadas de pesquisas de intenção de voto.    

Charge! Duke via O Tempo

 


Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Tijolinho: A chapa da Frente Popular.

 


Aos poucos, o axioma de uma raposa da política pernambucana, Marco Maciel, que costumava enfatizar que "Quem tem tempo não tem pressa', vai ficando para trás, diante do quadro de definições políticas que estão se desenhando no horizonte. A própria dinâmica do processo político vai impondo algumas dessas decisões, como, por exemplo, a disputa acirrada que se instaurou no conjunto de partidos que integram a Frente Popular, em Pernambuco, ávidos por indicarem nomes para compor a chapa que deverá disputar as próximas eleições. 

O governador Paulo Câmara(PSB-PE) precisou de muita paciência e capacidade de diálogo para aparar as arestas e costurar os nomes que formarão a chapa. Pelo andar da carruagem política - com um forte componente de articulações no plano nacional - finalmente, nas próximas horas devem estar sendo anunciado esses nomes. A rigor sem muitas surpresas, posto que alguns deles acabam vazando para a imprensa antes do tempo. O Deputado Federal Danilo Cabral, do PSB, deve disputar o Governo do Estado. O Deputado Federal André de Paula, do PSD de Gilberto Kassab, um macielista de carteirinha, entra na disputa na condição de vice. Coube mesmo ao PT indicar a vaga ao Senado Federal e o nome indicado é o de um outro Deputado Federal, Carlos Veras, do PT, fiel escudeiro do senador Humberto Costa(PT-PE). 

Seria complicado fazer algumas considerações mais consistentes neste momento, mas é certo que os socialistas terão muitas dificuldades a superar pela frente, se desejam continuar como inquilinos do Palácio do Campo das Princesas. O desgaste de 16 anos consecutivos de gestão serão confrontados com uma safra de prefeitos novos, bem avaliados em sua respectivas gestões, com muitas chances de se contrapor a esta hegemonia, a despeito de o andor ser carregado por ninguém menos do que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP). 


P.S: do Contexto Político: Por incrível que possa parecer, depois de idas e vindas e intensas negociações políticas, o prego ainda não está batido, tampouco com a ponta virada. De fato, entre os nomes propostos para a composição da possível chapa, o Deputado Danilo Cabral é aquele ator político de maior densidade eleitoral, daí se entender que ele poderia ter sugerido um outro nome para concorrer ao Senado Federal, que não o do Deputado Federal Carlos Vera(PT-PE), o nome indicado pela cúpula do PT. O nome de Marília Arraes(PT-PE), certamente, agrega mais em todos os sentidos. É mulher e possui densidade eleitoral. Por outro lado, não passa na peneira do partido, tampouco receberia o sinal verde da família Campos. Por outro lado, igualmente comenta-se, que ainda existiria gestões no sentido da indicação de um outro nome como cabeça de chapa, mais afinado com o prefeito João Campos(PSB-PE) e setores do PSB local. Diante do exposto, o governador Paulo Câmara, mais uma vez, resolveu adiar o anúncio dos ungidos, tentando aparar as arestas ainda existentes.    

Editorial: Em mais uma pesquisa, Lula consolida liderança com chances de vencer no primeiro turno.


Como afirmamos num dos nossos editoriais, nos últimos dias as movimentações políticas tornaram-se intensas entre os pré-candidatos presidenciais às eleições de outubro. Isso ocorre, naturalmente, em razão de uma conjunção de fatores. Há, por exemplo, entre alguns deles, uma espécie de pelotão do "balão de ensaio" que podem ou não viabilizarem-se como candidatos presidenciais efetivos. Candidatos mesmo, por enquanto, apenas o presidente Jair Bolsonaro(PL), que concorre à reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), que pretende retomar o assento no Palácio do Planalto. 

O ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro(Podemos) ostenta uma taxa altíssima de rejeição - principalmente aqui no Nordeste - e o seu partido, o Podemos, não possui a capilaridade política que ele gostaria, facilitando a construção de palanques nos Estados. Anda tão nervoso com os constantes convites de Ciro Gomes(PDT-CE) para os debates que acabou, no dia de ontem, em visita ao Ceará, tropeçando na geografia ao identificar, naquele Estado da Federação, uma região de Agreste. Aquele Estado, depois do belo litoral, possui um castigado Sertão. 

João Dória não decola nas pesquisas e ainda conta com a artilharia pesado do "fogo amigo', ou seja, tucanos de bico fino que rejeitam sua candidatura e retomam o diálogo com o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB-RS),assediado pelo PSD de Gilberto Kassab, que tenta viabilizar sua candidatura presidencial pela legenda. O próprio MDB - seria melhor especificar parte dele - teria interesse em seu passe, quem sabe para compor uma chapa com a pré-candidata oficial da legenda,a senadora Simone Tebet(MDB-MS). Não nego que poderia ser uma boa parceria. 

Em mais uma pesquisa de intenção de voto, desta vez realizada pelo Instituto Quaest\Genial, e divulgada no dia de ontem, o ex-presidente Lula consolida sua liderança e abre a possibilidade de vencer o pleito ainda no primeiro turno. Lula crava 45% das intenções de voto. Embora essa possibilidade apareça em mais de uma pesquisa, seria precipitado concluir por sua assertiva, uma vez que a campanha pretende ser pesada e estamos apenas no iníciodo jogo. Aliás, legalmente, nem no início. 

Registro aqui, como um fato novo nessas pesquisas, o bom desempenho do pré-candidato do Avante, o Deputado Federal por Minas Gerais, André Janones, cravando 2,2% das intenções de voto. Sua pré-candidatura foi lançada há bem pouco tempo, aqui no Recife. É surpreendente que ele já apareça com os mesmos percentuais do governador paulista João Dória, que governa um Estado como São Paulo e prenuncie sua candidatura desde longas datas. Outro fato curioso é que André, mesmo considerando as margens de erro desses institutos, apresenta o dobro de crescimento em relação a última pesquisa de intenção de voto divulgada.  

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Tijolinho: Bolsonaristas raízes querem tirar o "aconchego" de Anderson Ferreira.


Hoje se sabe que qualquer projeto bolsonarista no Estado de Pernambuco passa pelo Ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, um fiel escudeiro do presidente Jair Bolsonaro(PL), que faz questão de prestigiá-lo quando vem aqui na província, a exemplo do dia de ontem, onde esteve no Sertão, acompanhando inauguração de trechos de obras de transposição do Rio São Francisco. A questão é que uma das principais legendas da base governista, o PL, no Estado, é liderado por um jovem prefeito, Anderson Ferreira(PL-PE), que, antes dos arranjos do partido em Brasília - que passou a abrigar o presidente - mantinha intensas articulações políticas com o movimento Levanta Pernambuco, encabeçado pela prefeita do município de Caruaru, Raquel Lyra(PSDB-PE). 

Diante dessas incongruências, Anderson foi chamado à Brasília, mas voltou fortalecido pelo presidente nacional da legenda, Waldemar da Costa Neto, que lhes ofereceu carta branca para assumir qualquer projeto político, desde que em apoio ao projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Mesmo diante de tais circunstâncias, Anderson Ferreira preferiu continuar no aconchego do Levanta Pernambuco, onde, em tese, poderia viabilizar sua candidatura ao Senado Federal ou até mesmo governador, caso ele apareça melhor nas pesquisas de intenção de voto.  

Ocorre que os prazos de definição estão se estreitando e Anderson Ferreira precisa tomar uma decisão com a devida urgência, sob pena de sua cabeça ser pedida pelos bolsonaristas raízes do Estado. O clima não é dos melhores. Nos seus discursos, o presidente Jair Bolsonaro faz questão de fazer referências ao nome do ministro Gilson Machado, empresário e tocador de viola nas horas vagas. O bolsonarismo no Estado tem organizado encontros onde essas questões estão aflorando. A corda está sendo esticada e Anderson Ferreira precisa decidir se puxa de vez ou solta. Não existe outra alternativa.    

Editorial: Um momento de intensas costuras políticas.



Um analista político menos atento pode ficar perdido diante das intensas movimentações políticas dos últimos dias no cenário nacional. Setores descontentes com o resultado das prévias do PSDB estariam procurando desembarcar noutro grêmio partidário com o propósito de apoiar outra candidatura que não a do vencedor, o governador de São Paulo, João Dória(PSDB-SP). Dória ainda não aparece bem nas pesquisas de intenção de voto, mas as desavenças foram construídas bem antes das prévias. A verdade é que existem tucanos de bico fino que não engolem o engomadinho. 

Uma dessas lideranças, o senador cearense Tasso Jereissati(PSDB-CE), por exemplo, é um entusiasta do nome da companheira de Senado Federal, Simone Tebet(MDB-MS). Essa união poderia envolver, igualmente, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, hoje um ator político bastante cortejado. Segundo dizem, até mesmo o PSD, de Gilberto Kassab, estaria sondando o político gaúcho para assumir uma candidatura presidencial pela legenda. E, por falar em PSD e Gilberto Kassab, hoje ele esteve com o pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, numa conversa para costurar o apoio da legenda ao partido já no primeiro turno das próximas eleições presidenciais. Lula possui um grande trunfo. Lidera todas as pesquisas de intenção de voto, podendo vencer as eleições aianda no primeiro turno. 

Matreiro, Kassab afirmou existir uma fenda, mas o partido prefere aguardar as sinalizações das nuvens. Lula, na realidade, procura antecipar-se às movimentações do pré-candidato Ciro Gomes(PDT-CE), que saiu uma casa na frente, mantendo um proveitoso encontro com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, estabelecendo uma aliança para disputar o Governo do Rio de Janeiro nas próximas eleições. As articulações entre o PDT e o PSD no Rio de Janeiro foram tão bem-sucedidas que o pré-candidato presidencial pedetista pretende ampliá-la para o plano nacional.O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil(PSD-MG), seria o próximo alvo no radar do pré-candidato do PDT. 

Como a noiva mais cobiçada da capital federal, o União Brasil continua fazendo-se de difícil, ante os sinais emitidos  por diversas legendas. O MDB de Simone Tebet(MDB-MS) é - e não aquele MDB controlado por oligarquias regionais - hoje, o pretendente que consegue os maiores avanços em obter sua mão. Caso tais negociações se viabilizem, um dirigente da futura legenda deve indicar um candidato a vice. Por enquanto, Simone Tebet ainda não aparece bem nas pesquisas de intenção de voto, mas existe uma grande expectativa em torno do seu nome.  

Charge! Mor via Folha de São Paulo



Editorial: Um encontro protocolar entre Alexandre de Moraes e Jair Bolsonaro.



No mundo da política, bem que poderíamos dar o título de "Grande Encontro' a este editorial, parafraseando uma série de CDs que foram lançados no passado, reunindo grandes nomes da música popular brasileira, como Zé Ramalho, Raimundo Fagner, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Amelinha entre outros monstros. No campo da política, estamos tratando aqui do encontro, nesta segunda-feira, entre os ministro do STF, Edson Fachin e Alexandre de Moraes, e o Presidente da República, Jair Bolsonaro(PL). Essas distenções são sempre importantes,sobretudo porque vivemos num regime democrático, onde pressupõe-se um equilíbrio entre os três poderes. É o jogo de freios, pesos e contrapesos, tão importante para manter as coisas equilibradas. 

No Brasil, já faz algum tempo que essa propalada harmonia entre os poderes da República foi tisnada, em razão dos acirramentos políticos. Há um clima de azedume e cabo de guerra entre alguns atores representantes dos poderes Judiciário, Executivo e Legislativo. O tensionamento mais recente foi uma determinação do STF para que o presidente Jair Bolsonaro comparecesse à Polícia Federal para prestar um depoimento, o que acabou não ocorrendo. 

Enquanto nossos artistas promoviam grandes encontros para cantarem, harmoniosamente, lindas canções da MPB, já se sabia que a mesma afinação não se daria no encontro Entre os membros da Corte Suprema e o chefe do Executivo. Previsto para durar meia-hora, durou apenas 10 minutos, embora, formalmente, tenha-se enfatizado a importância desse diálogo, na expectativa de que se promova, quem sabe, uma reaproximação. Os ministros do STF foram até o Planalto para entregarem um convite para a cerimônia no STE, onde ambos serão empossados naquela Corte, que presidirá os trabalhos das próximas eleições de outubro. Raposa cevada na experiência política, aqui em Pernambuco se dizia que o Dr. Miguel Arraes só aparecia em eventos favoráveis à sua pessoa. Cumpriu-se uma missão protocolar fundamental, mas esse não era, necessariamente, o tipo de evento favorável aos ministros do STF. Não havia "clima", como poderia afirmar o Dr. Miguel Arraes, que costumava "fechar" as feiras no sertão do Estado com a sua presença.  

Como é de praxe, os ministros do STF acabam se revesando na presidência do STE e, depois de Luiz Fachin - que prometeu deixar a casa arrumada para as eleições de outubro - em agosto Alexandre de Moraes assume o cargo de presidente daquela Corte, disposto a cumprir seu papel de guardião das regras do jogo eleitoral e constitucional. Todo o processo eleitoral deve ocorrer consoante as regras determinadas e em sintonia com os princípios da democracia. No estágio de polarização política que estamos vivendo, certamente o ministro Alexandre de Moraes terá muito trabalho pela frente. 

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Editorial: A necessidade de uma autocrítica petista



Parece não haver dúvidas de que o Partido dos Trabalhadores precisa passar por um processo consistente de autocrítica, um procedimento não muito simples para grupos - seja de que natureza for - que se colocam como os únicos donos da razão. Partidos de esquerda, de alguma forma, estão inseridos neste contexto. Alguns equívocos foram cometidos nas gestões da Coalizão Petista e isso precisa ser exposto, uma vez que o partido será veementemente cobrado em torno do assunto. Aliás, não raro, este editor tem cobrado por aqui, mas trata-se de uma cobrança com a vaselina política de esquerda para a esquerda. A direita ou ultradireita, por sua vez - principalmente em ano eleitoral - não costumam usar vaselina. 

Embora a chamada onda antipetista - até mesmo pela performance de Lula nas pesquisas de intenção de voto - tenha sido arrefecida ao longo dos anos, alguns opositores não medirão esforços em refrescar a memória dos eleitores. Temas mais urgentes no cotidiano do eleitorado parecem ter assumido um status de relevância maior do que a associação do partido à corrupção - algo bastante enfatizado em eleições passadas. Segundo observam alguns analistas, determinante para a derrota do partido nas urnas. Hoje, fome, desemprego, pandemia, inflação alta, custo de vida elevado, devem orientar as decisões dos eleitores até outubro. 

Segundo dizem, o Governo Bolsonaro(PL) faz figa para que a onda da Ômicron acabe logo, bem antes de outubro. De preferência que suas subvariantes não contribuam para o aumento de casos de infectados e mortes. Conforme enfatizamos por aqui, a forma como os governos se conduziram no tocante à crise sanitária terá um peso nessas eleições. Entendo muito pouco de economia, mas existe um consenso entre os economistas de que o Governo da ex-presidente Dilma Rousseff(PT-MG) cometeu alguns equívocos na condução da política econômica.Em sendo assim, convém admitir tais equívocos para o mercado e principalmente para a população, antes mesmo das saraivadas de críticas dos adversários, que, de tão ousados, já especulam sobre um eventual ministério petista. Quem, afinal, seria o homem forte da economia num possível Governo de Coalizão Petista a partir de 2022? 

De acordo com o ex-ministro Guido Mantega, um assessor informal, o Posto Ypiranga de Lula é o próprio Lula. A indicaçã de Guido Mantega, pelo staff de campanha de Lula, para responder a uma solicitação do jornal Folha de São Paulo - sobre uma série de entrevistas entre assessores econômicos dos pré-candidatos - prevê alguns analistas, confirmaria essa tese. Muitas arestas precisam ser aparadas porque o bombardeio será grande e ele já começou. Numa atitude com contornos de misoginia, já chegaram a sugerir que a  ex-presidente Dilma Rousseff poderia assumir o Ministério da Defesa, apelando-se, quiçá, para eventuais comportamentos machistas entre os militares. Os adversários já deram demonstrações cabais de que tentarão de tudo. Compete ao PT criar os escudos necesssários para se proteger e um desses escudos seria, por incrível que possa parecer, calçar as sandálias da humildade e proceder uma autocrítica sobre alguns equívocos cometidos no passado, quando esteve no comando do país.


P.S.: Contexto Político: Para alguns analistas, o PT, ao ser instigado pelo jornal Folha de São Paulo para apresentar seu possível homem forte da economia, optou por não fazê-lo, tendo indicado o economista Guido Mantega para a missão, evitando, assim, queimar cartuchos antes da hora correta. É uma hipótese.    

Charge! Via Folha de São Paulo

 


Charge! Duke via O Tempo

 


domingo, 6 de fevereiro de 2022

Nós, vitorianos, e nossas verdades secretas com o Estado.

 

Marco Túlio de Urzêda-Freitas

Nós, vitorianos, e nossas verdades secretas com o Estado
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(Foto: Divulgação)

 

Indecente, imoral, obscena… Assim é definida a novela Verdades secretas 2 em uma de suas chamadas. Escrita por Walcyr Carrasco, a segunda temporada da produção vencedora do Emmy Internacional (2016) estreou em outubro do ano passado, sob forte expectativa do público, na plataforma de streaming Globoplay. A expectativa devia-se tanto à ansiedade dos fãs pela continuação da novela quanto à promessa de “cenas quentes” ao longo dos capítulos. Embora o sexo ocupe um lugar importante no enredo desde a primeira temporada, a sua importância foi consideravelmente ampliada na sequência da história, que tem como foco a investigação da morte do empresário Alex Ticiano (Rodrigo Lombardi), amante da protagonista, Arlete/Angel (Camila Queiroz). Às vésperas da estreia, foi noticiado que a novela teria 67 cenas de sexo distribuídas em 50 capítulos, abrangendo práticas sexuais diversas e múltiplas formas de expressão da sexualidade.

Desde o princípio, o enfoque sexual de Verdades secretas 2 parecia materializar uma resposta da dramaturgia ao momento pretensamente conservador que vivemos no Brasil. Afinal, toda forma de arte se realiza em um dado contexto sócio-histórico, o que a faz interagir, de algum modo, com os arranjos e disputas que permeiam esse contexto. A interação da arte com o seu contexto de produção compele o artista a fazer escolhas, tornando o processo criativo um fazer essencialmente político, como defende Walter Benjamin em A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica (2012). Outro ponto a ser colocado é que a arte permite a circulação de pensamentos censurados, o que, na visão de Freud em Escritores criativos e devaneio (1970), propicia a experiência de um prazer libidinal, relacionado à concretização de um desejo recalcado, e de um prazer estético, referente à percepção do caráter simbólico da criação artística. Em ambos os casos, a arte é vista como uma atividade atravessada por fatores que a localizam no espaço, no tempo e na vida. Como afirma James Baldwin: “A arte é uma forma de confissão” (Conversations with James Baldwin, 1989).

Nesse sentido, considero que Verdades secretas 2 tem algo a confessar sobre o contexto em que foi produzida. Mas qual seria o teor dessa confissão? De modo geral, percebo que a novela de Walcyr Carrasco mobiliza duas confissões importantes sobre nós, brasileiros: o nosso desejo de ver e falar sobre sexo, e a nossa percepção moralista – e, portanto, conservadora – da sexualidade. Acerca da primeira confissão, é curioso notar que, mesmo com as fissuras socioculturais observadas no âmbito da sexualidade ao longo das últimas décadas, ainda vemos o sexo como um território sobre o qual paira uma névoa de mistério e interdição, o que justifica o nosso desejo de ver e falar sobre ele. Essa é uma das questões abordadas pelo filósofo Michel Foucault em História da Sexualidade 1 – a vontade de saber (1988), cujo objetivo é mapear os efeitos sociodiscursivos da repressão sexual que se pretendeu construir no Ocidente a partir do século 17. Na visão do autor, as interdições impostas à época no campo sexual acabaram produzindo um efeito reverso, já que, tomando por base os três últimos séculos, nota-se que “em torno e a propósito do sexo há uma verdadeira explosão discursiva”.

Já a segunda confissão destaca o olhar moralista que muitos de nós ainda lançam sobre a sexualidade, fato que remete à Era Vitoriana (1837-1901), marcada por um forte moralismo sexual e tentativa de repressão da sexualidade, que acabaram se espalhando pelo mundo ocidental devido à influência do Império Britânico. Esse olhar vitoriano – que, segundo o historiador Jason Tebbe, “não está morto, nem de longe” –, pode ser observado no desconforto que várias pessoas demonstraram sentir perante as cenas de sexo em Verdades secretas 2. Como exemplo, vejamos alguns comentários postados em notícias sobre a novela nas redes sociais:

  1. “Tá apelando demais … esqueceram a história e focaram na sacanagem !!!”
  2. “Meoldeols!!! Tem mais nhanhação nessa série que enredo… o povo não pode se encostar que estão nhanhando.”
  3. “[…] me decepcionou um pouco essa nova temporada de Verdades secretas muito apelo e pouco conteúdo.”
  4. “[…] me senti decepcionada… muito vuco vuco e nada de conteúdo… meio sem sentido.”
  5. “Muito ruim!!! Só trepa trepa dá não… Aliás geral “dá” muito e o enredo péssimo.”

A decepção enfatizada nesses comentários se relaciona à forte presença do sexo na segunda temporada da novela, o que teria resultado em uma narrativa com “pouco conteúdo” (3), “meio sem sentido” (4) e com “enredo péssimo” (5). Durante a exibição dos 20 primeiros capítulos, ouvi também, inclusive de pessoas progressistas, que a maioria das cenas de sexo “não têm contexto”. Na posição de telespectador, concordo que Verdades secretas 2 apresenta falhas consideráveis no roteiro e que muitas cenas poderiam ser descartadas, seja por sua irrelevância na construção da narrativa ou pela falta de um contexto que justifique a sua inserção na trama. Logo, a pergunta que não cala é: em meio a tantas cenas dispensáveis e/ou sem contexto, por que escolheríamos justamente as cenas de sexo para desqualificar o enredo? E mais: por que nos surpreenderíamos com o “apelo sexual” de uma história que, desde o princípio, deixou claro que teria o sexo como protagonista?

Trata-se, a meu ver, de uma resposta simples e direta: porque, a despeito de nossas orientações políticas, não percebemos – ou negamos – o protagonismo do sexo em nossas vidas e na realidade em que estamos inseridos. O que não deixa de ser uma posição curiosa, já que um rápido olhar sobre as diversas configurações afetivas que nos cercam – relações (não) monogâmicas, pessoas solteiras com vida sexual ativa, praticantes do autoprazer, casais que (não) querem ter filhos, pessoas que abdicam de seus sonhos para manter o relacionamento etc. – é capaz de revelar o destaque que o sexo possui na forma como as nossas vidas se organizam. Se analisarmos essas configurações honesta e criticamente, veremos que o sexo constitui a base de todas elas e, como tal, produz efeitos concretos sobre as nossas vivências. Até mesmo aqueles que optam por uma vida não sexual mantêm um vínculo direto com o sexo, pois, no plano do significado, a negação implica uma relação de contradição, formando, assim, uma classificação dicotômica – no caso, sexo/não-sexo.

Acerca da exigência de um “contexto” para as cenas de sexo, é interessante questionar sobre o que entendemos por um contexto que justifique o ato sexual. Além do desejo, o que mais poderia justificar a busca pelo prazer? Essa pergunta não me parece indevida, posto que, ao exigir um contexto plausível para o sexo, e sendo a arte uma espécie de imitação da realidade, colocamos o prazer sexual como um objetivo a ser buscado em situações específicas e pré-determinadas. Ora, se o que nos motiva para o sexo é o desejo de prazer, por que é difícil aceitar que esse seja também o “contexto” para as cenas de sexo na ficção? O debate se torna mais complexo quando reconhecemos que a “falta de contexto” parece não ser um problema em outros recortes ficcionais, como em cenas de violência, que, via de regra, performam situações em que pessoas são ofendidas, torturadas e/ou assassinadas. Em algum nível, esse dado revela que a estranheza com que vemos o sexo não se estende à violência: entre um e outro, preferimos enxergar a violência como fato. Não por acaso, o sexólogo espanhol Manuel Lucas Matheu conclui, após observar 66 culturas diferentes, que “as sociedades mais pacíficas são aquelas em que a moralidade sexual é mais flexível”.

O desconhecimento – ou a negação – do protagonismo sexual em nossas vidas mostra que ainda nos orientamos, em maior ou menor grau, por uma visão conservadora da sexualidade. Inclusive, há momentos em que essa visão se expressa com tamanha força que chegamos a negar o sexo discursivamente, a exemplo dos comentários em que a palavra sexo é substituída por outros termos, como “sacanagem” (1), “nhanhação” (2), “apelo” (3) e “vuco vuco” (4). A impressão é que a “explosão discursiva” em torno da sexualidade nos permitiu falar mais sobre o sexo, mas, em contrapartida, nos impediu de chamá-lo pelo nome. É como se a palavra sexo ainda remetesse a uma prática imoral e pecaminosa que não deve ser enunciada para além das paredes do quarto. Talvez isso ajude a explicar por que algumas pessoas se orgulham em dizer que o prazer sexual deixou de ser importante na relação, como se o sexo designasse um ato indecoroso e avesso do amor, ao qual devemos nos submeter até que os laços afetivos se fortaleçam. Uma posição que não deixa restar dúvidas sobre o que disse Foucault: “por muito tempo, teríamos suportado um regime vitoriano e a ele nos sujeitaríamos ainda hoje”.

O problema de uma visão conservadora da sexualidade é que ela tende a reiterar a negação do sexo como uma questão de Estado. Se lançarmos um olhar crítico sobre a história, veremos que o sexo constitui a base da formação do Estado moderno, já que ele foi um elemento-chave na elaboração e imposição dos sentidos, práticas e configurações afetivas que materializaram o projeto de sociedade que nos trouxe até aqui. Na obra Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva (2017), a filósofa Silvia Federici mostra como o surgimento do Estado está inextricavelmente relacionado à instituição de um conjunto de políticas sexuais, como a legalização do estupro, a degradação social das mulheres, o incentivo à abertura de bordeis e a perseguição de mulheres “selvagens”. Foi a partir dessa relação que, nas palavras da autora, o Estado se tornou “o supervisor da reprodução da força de trabalho”. No caso do Brasil, o vínculo entre sexo e Estado torna-se flagrante quando constatamos que a ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência da República, em 2018, se deu em grande parte devido às políticas sexuais conservadoras que estruturam a sua proposta de governo, as quais envolvem temas como legalização do abortoigualdade de gênero e educação para a diversidade. O sexo, portanto, está na alma do bolsonarismo.

Esse atrelamento pode também ser observado na obsessão que Bolsonaro e sua base aliada nutrem por temas sexuais. No dia 10 de novembro de 2020, o presidente declarou, em uma cerimônia no Palácio do Planalto, referindo-se ao trágico cenário da pandemia no Brasil: “Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas. […] Temos que enfrentar de peito aberto, lutar. Que geração é essa?”. Não é preciso muito esforço para compreender que a palavra maricas faz uma referência explícita ao campo da sexualidade, na medida em que se trata de um termo culturalmente utilizado para nomear pejorativamente homens gays e diferenciá-los de homens heterossexuais. Logo, o objetivo era dizer que deveríamos enfrentar a pandemia como “homens de verdade”, e não como “maricas”, que supostamente marcam uma geração de homens covardes e sentimentais – naquele momento, o país contabilizava mais de 162.000 óbitos pela Covid-19. Somada a outros dizeres de mesma ordem enunciados por Bolsonaro e seus aliados, essa fala revela que, ao contrário do que se pretende fazer acreditar, o bolsonarismo não somente opera com base em uma lógica sexual, como depende dela para sobreviver: o sexo está em todos os poros da sua epiderme sociocultural. O que não deveria ser visto como novidade, pois, como mostra a história, esse é um aspecto notável de movimentos antidemocráticos e violentos, a exemplo do fascismo. Em diálogo com Freud, Theodor W. Adorno afirma em Freudian theory and the pattern of fascist propaganda (2001) que a propaganda fascista emerge dos vínculos libidinais entre o líder e seus seguidores; por isso, “ela precisa ser orientada psicologicamente e mobilizar processos irracionais, inconscientes e regressivos” para convencer as massas.

Assim posto, não seria infundado dizer que o Estado é uma instituição sexuada e que visões conservadoras da sexualidade que emergem de campos progressistas podem construir laços discursivos com projetos nefastos de poder, já que são essas visões que respaldam e sustentam as políticas sexuais de governos autoritários e hipocritamente moralistas como o de Jair Bolsonaro. Digo isso porque a linguagem é uma atividade líquida, o que significa entender que as palavras e os sentidos que elas mobilizam não encerram a sua trajetória nos espaços em que são postos em circulação, podendo estabelecer vínculos com outros repertórios, em uma infinidade de espaços interativos, para muito além das nossas intenções. Como afirma o linguista Jan Blommaert em Discourse (2005), discursos são descontextualizados e recontextualizados, “de modo que se tornam um novo discurso, associado a um novo contexto”. Outro ponto importante é que a linguagem não se limita à descrição de coisas ou fatos da vida real; ela opera como forma de ação sobre o mundo e a realidade em que vivemos. A própria ascensão do Bolsonarismo e sua manutenção no poder podem ser compreendidas como efeitos da circulação massiva de enunciados injuriosos e moralistas, como posições misóginas e homo(trans)fóbicas, e comentários que abominam a “ideologia de gênero” e reiteram a supremacia da “família tradicional brasileira” no país.

Diante do exposto, vale uma (auto)provocação: em que medida as nossas visões conservadoras da sexualidade se contrapõem aos discursos que produziram e sustentam a realidade brasileira atual? Será que os discursos mobilizados por essas visões não favorecem, de algum modo, a construção de políticas sexuais moralistas e excludentes, que recaem sobre temas diretamente ligados ao bem-estar coletivo e, por assim dizer, à ideia de um Estado Democrático? A despeito de nossos argumentos, é interessante notar que Verdades secretas 2 acabou, ironicamente, confessando algumas de nossas próprias verdades, que, além de secretas, são perigosas, visto que tendem a se articular a outras verdades, não tão secretas, que produzem efeitos altamente perniciosos na vida social. Entretanto, o fato de a novela ter se tornado um fenômeno de audiência, ultrapassando o número de 50 milhões de visualizações, revela uma situação curiosa: ainda que o nosso olhar para a sexualidade tenda a seguir uma lógica moralista/vitoriana, queremos ver e falar sobre sexo. O que é corroborado pelos dados do Google Trends, segundo os quais a busca pelo termo XVideos – site de conteúdo sexual – foi consideravelmente maior do que a busca pelo termo Bíblia no Brasil – país dito “cristão e conservador” –, no período de 2004 a 2021. Ou seja, para além do que dizemos, o sexo é uma questão para nós. Assim como também o é, talvez de forma ainda mais pronunciada, para Bolsonaro e aqueles que aplaudem a sua propaganda irracional, inconsciente e regressiva, como diria Adorno.

Tendo em vista o cenário que se descortinou para nós nos últimos anos, acredito que um dos nossos grandes desafios contemporâneos é questionar visões conservadoras da sexualidade, o que não significa precisamente nos abrir para todas as práticas sexuais disponíveis, mas encarar o sexo de frente, reconhecendo-o como discurso, como fator estruturante da vida e, sobretudo, como uma questão de Estado. É preciso chamar o sexo pelo nome. Do contrário, seguiremos ignorando os arranjos e disputas que atravessam o campo da sexualidade, e negando a centralidade do sexo e das pautas sexuais nos movimentos de resistência e mudança. É um tanto complexo reivindicar-se progressista e, ao mesmo tempo, desqualificar uma produção artística por conta do seu “apelo sexual”. Mais complexo ainda é proclamar-se oposição a um governo como o de Jair Bolsonaro e se aparelhar com os seus repertórios na leitura de uma obra ficcional. Se quisermos nos opor radicalmente a projetos autoritários e construir uma sociedade mais livre, democrática e plural, deveremos perceber o sexo como parte da luta. Isso porque, como bem lembra Foucault, o sexo é uma causa política e, por isso, “também se inscreve no futuro”.

Marco Túlio de Urzêda-Freitas é doutor em Estudos Linguísticos pela UFG, professor dos cursos de Letras da PUC-GO e da UNIP e autor do livro Ensino de línguas como transgressão: corpo, discursos de identidades e mudança social.

(Publicado originalmente no site da revista Cult)



Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 5 de fevereiro de 2022

Editorial: Um casamento de jacaré com cobra d"água na política.


Nas últimas semanas, passou-se a especular, em Brasília, sobre uma eventual aliança entre o futuro União Brasil e o MDB, de olho nas eleições presidenciais de 2022. Conforme já informamos em editorial anterior, apesar da musculatura política, o União Brasil patina no tocante à escolha de um nome para concorrer às eleições presidenciais. Eventualmente, apenas por formalidade, fala-se no nome do ex-ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, mas, como disse,  apenas formalmente, uma vez que o mesmo não deslancha nas pesquisas de intenção de voto, a despeito da boa gestão naquele ministério. Não sabemos se seria esse apenas o motivo, mas o certo é que não se observa as lideranças da legenda endossando a sua candidatura, o que, certamente, tem desmotivado o próprio Mandetta.

O União Brasil é um dos partidos mais cortejados pelos pré-candidatos presidenciais, o que nos levou a tratá-lo como a noiva mais cobiçada de Brasília, em editorial. O Partido tem bons dotes dofundo patdiário e eleitoral, tempo de televisão e capilaridade política nacional. Ciro Gomes(PDT), Sérgio Moro(POdemos), Lula(PT), Bolsonaro(PL), Dória(PSDB), enfim, todos já tentaram entabular alguma negociação política com esta nova legenda, resultado da fusão entre os Democratas e o PSL. Os dirigentes da legenda estão bastante otimistas quanto ao desempenho do novo(?) partido nas próximas eleições, prevendo a possibilidade concreta de fazer 10 governadores estaduais, inclusive em Pernambuco, com o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho(DEM), cuja gestão está sendo muito bem avaliada pela população.

Em entrevista recente, uma de suas principais lideranças políticas no Estado, o ex-ministro da Educação, Mendonça Filho(DEM-PE), depois de elencar a necessidade de construir uma aliança forte de oposição no Estado, puxa a brasa para a sua sardinha - ou para sua carne de bode,como queiram - o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho. A saturação de quatro gestões consecutivas dos socialistas assanham a oposição com uma possibilidade concreta de os eleitores apostarem nessa nova safra de prefeitos que se apresentam pela oposição. As pesquisas de intenção de voto, no momento, também sugerem isso. 

Se o União Brasil emite indicadores de que não joga todas as suas fichas na candidatura própria do ex-Ministro da Saúde, Henrique Mandetta, por outro lado, setores do MDB não apoiam o nome de uma eventual candidatura oficial da legenda. Na região Norte e Nordeste, algumas de suas lideranças - comandantes de oligarquias políticas regionais - praticamente já estão fechados com a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva(PT). Se ocorrer, como vem sendo anunciado, esta aliança entre o União Brasil e o MDB pode gerar um casamento de jacaré com cobra d'água, ou seja, a grande senadora Simone Tebet(MDB-MS) - uma gigante durante os trabalhos da CPI da Covid-19 - teria um vice bem diferente dela. Pelo que se presume, um dos dirigentes da futura legenda.