quinta-feira, 24 de agosto de 2023
Editorial: A briga entre Luciano Bivar e ACM Neto pelo controle do União Brasil.
A estratégia de Luciano Bivar é a de compor ambientes nos diretórios regionais com atores políticos favoráveis a ele. Salvo melhor juízo, pelo andar da carruagem política, em maio do próximo ano deverá ocorrer novas eleições para a presidência da legenda e já existe uma movimentação de bastidores no sentido de apear Luciano Bivar do cargo. As eleiçoes internas serão duras e, provavelmente, cogita-se a possibilidade de o jovem babalorixá baiano habilitar-se ao cargo. É briga de gente grande, de atores políticos de enorme espertise e poder de fogo.
E, por falar no neto de ACM, repercutiu bastante uma declaração de apoio dele ao futuro candidato à Prefeitura da Cidade de São Paulo, o Deputado Federal Kim Kataguiri(União Brasil-SP). O deputado é identificado como de perfil ultra-conservador, o que suscitou, naturalmente, as manifestações de desaprovação do polo mais progressista - aquele do outro lado - o que não seria surpreendente neste clima de beligerância em que o país está mergulhado.
Editorial: Quem decide sobre exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas é o IBAMA.
No dia de ontem, conforme já comentamos por aqui, a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, compareceu a uma audiência no Senado Federal, exatamente numa comissão daquele órgão do Poder Legislativo que se debruça sobre a questão ambiental. Polida e tecnicamente bem-preparara, Marina Silva teve um excelente desempenho, mesmo quando confrontada por parlamentares ligados ao agronegócio, que tentaram indispor a ministra em relação a algumas declarações descontextualizadas do passado.
Mesmo acossada, a ministra conseguiu separar o joio do trigo, observando que o problema não é o agro, mas o ogro, ou seja, uma meia dúzia de produtores rurais que se preocupam apenas em maximizar seus lucros, sem medir as consequências em relação à preservação do espaço fisico e, muito menos, com a saúde dos consumidores. O traquejo político da ministra, por outro lado, impediu que ela caísse nas armadilhas lançadas pela oposição.
Uma questão que não poderia ficar ausente desses debates é a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas. O ministério é contra, orientado por um parecer técnico emitido pelo IBAMA. Interessante nessa defesa de posicionamentos é que os componentes jurídicos e políticos, em tese, deverima se subordinarem ao parecer técnico. Por outro lado, o presidente Lula sofre inúmeras pressões para tomar uma posição política em relação a esta questão, o que significa a liberação de licenças de exploração. Há, inclusive, figuras de proa do Centrão por trás desse lobby.
Editorial: Polícia Civil do Distrito Federal cumpre mandado de busca e apreensão contra Jair Renan Bolsonaro.
Não há nada tão ruim que não possa piorar, conforme ensina os mais idosos. "Velhos" seria o termo mais apropriado, mas, nesses tempos de politicamente correto, convém tomar alguns cuidados. Outro dia, um amigo foi ademoestado por usar a expressão "samba do crioulo doido", ao se referir aos problemas recorrentes do elevador do prédio onde reside. No dia de ontem, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi internado em São Paulo, segundo dizem, para se submeter a exames de rotina.
Já na condição de cidadão comum, sem os privilégios que cercam os governantes, o ex-presidente chegou a ser destratado em voo. Os Bolsonaro convivem com uma espécie de inferno astral. Não fossem suficientes os problemas dos pais, agora é o filho 04, Jair Renan Bolsonaro, que se tornou vítima de uma operação de busca e apreensão em sua residência, realizada pela Polícia Civil do Distrito Federal. A motivação seria fraude financeira. Vamos aquardar seus desdobramentos, antes de emitir maiores considerações.
O mais curioso, entretanto, seria uma suposta manobra dos advogados do ex-presidente no sentido de sugerir que o mandatário teria feito uma "confusão" entre o público e o privado no que concerne às doações de joias do Governo da Arábia Saudita. Do tipo assim: "foi engano". Narrativa absurda, completamente desmentida pelos fatos até aqui apurados pela Polícia Federal.
O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: O PT está costeando o alambrado do Campo das Princesas.
O saudoso ex-governador Leonel Brizola costumava usar a expressão fulano está costeando o alambrado para definir que um sujeito estava se movmentando no sentido de pular a cerca para o outro lado, a exemplo do que fazem os gados, desejosos de comerem o pasto fresco da fazenda vizinha. Aqui no Recife, tal expressão está sendo empregada para definir o movimento de algumas figuras de proa da legenda petista no sentido de se aproximarem do Palácio do Campo das Princesas.
A governadora Raquel Lyra, ao lado de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, e de Eduardo Riedel, governador do Mato Grosso do Sul formavam um núcleo de jovens governadores que poderiam injetar sangue novo à legenda tucana, embalando, inclusive, o acalentado projeto presidencial do governador gaúcho. A própria governadora Raquel Lyra chegou a figurar numa lista de presidenciáveis. Seus movimentos hoje, porém, segundo algumas avaliações, indicam que ela poderá integrar em breve a base de sustentação do Governo Lula, quem sabe deixando o ninho tucano para ingressar no PSD de Gilberto Kassab, aqui no estado sob o comando do Ministro da Pesca, André de Paula.
Recentemente, a filha de André de Paula, Cacau de Paula, foi nomeada Secretária de Cultura do Estado de Pernambuco. A governadora amplia os canais de interlocução com o Governo Federal e já teria cruzado a faixa do estritamente republicano, ou seja, aqueles parâmetros impostos pelo federalismo. Figura emblemática da legenda petista no estado, por outro lado, está costeando o alambrado do Campo das Pricesas, em movimentos que também superam o estágio das formalidades de governança.
Em princípio, as relações entre a legenda petista e o prefeito João Campos não foram abaladas. O PT ocupa duas secretarias municipais e o trânsito político do prefeito em Brasília está bastante azeitado. O problema são as nuvens políticas, que deverão, contingencialmente, mudarem a partir dos embates eleitorais que deveráo ser travados até o enfrentamente direto entre o prefeito e a governadora, nas eleições estaduais de 2026. As eleições municipais de 2024 é um desses embates.
quarta-feira, 23 de agosto de 2023
Editorial: Bolsonarismo em pânico.
O ex-presidente Jair Bolsonaro acaba de ser internado em um hospital de São Paulo. Ainda existem poucas informações sobre o assunto, mas, a rigor, não deixa de ser algo preocupante, embora a tese de "exames de rotina" seja sempre aventada. Na realidade, o bolsonarismo passa por um momento delicado. A Polícia Federal acaba de intimar para prestar depoimento, simultaneamente, o próprio Jair Bolsonaro, sua esposa, Michelle Bolsonaro, o advogado do ex-presidente, Frederick Wassef, e o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, assim como o seu pai, Mauro César Lorena Cid. Todos serão ouvidos sobre questões envolvendo as joias doadas pelo Governo da Arábia Saudita.
Como já comentamos anteriormente, neste caso específico, o moído é grande, como dizem os pedreiros contratadas para fazer alguma reforma doméstica. Um exame técnico realizado pela Polícia Federal apenas num dos colares - em matéria que foi veiculada pelo Programa Fantástico - haveria milhares de diamantes, elevando o seu valor para mais de quatro milhões de reais. A coisa é tão complicada que até a hipótese subjetiva de eventuais compensações pela subavaliação do valor da venda da refinaria da Bahia pode cair por terra.
Nos escaninhos da política, existe a possibilidade de adoção de um timing político adotado nessas investigações da Polícia Federal. Não estamos tratando aqui de "perseguição política", como aventa os bolsonaristas mais radicais. A questão é técnica. Há irregularidades evidentes e a PF cumpre, neste caso, suas prerrogativas constitucionais, orientando-se por critérios republicanos, em nome do interesse público. É preciso, no entanto, aguardar a remoção de alguns entulhos deixados pelo ancien régime. Existe um "engavetador" contumaz ainda na ativa.
Editorial: Guerra de narrativas.
Embora seus índices de aprovação tenham melhorado sensivelmente, as lives com o presidente Lula continuam com baixa audiência. Segundo comenta-se nos escaninhos da política, o Governo estaria contratando três empresas especializadas em redes sociais para turbinar os perfis do Planalto. A guerra de narrativas tem sido uma constante e elas são sempre bem-vindas num ambiente democrático. Agora mesmo, por exemplo, a Revista Oeste, integrado por uma equipe de críticos contumazes do Governo Lula subiu ao topo do Trending Topics Twitter.
Por vezes, de forma irresponsável, alguns órgãos ou pessoas cometem excessos ou disseminam informações equivocadas - as chamadas fake news - impondo-se a necessidade de se estabelecer regras de convivência civilizada, tomando como parâmetro permitir sempre a liberdade de opinião com responsabilidade. Democracia é convencimento, construção de consensos, formação de maioria, nunca a imposição. No dia de ontem, pelo andar da carruagem política, o grau de divergência ficou tão acentuado durante uma pré-reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos Antidemocráticos que seus membros optaram por remarcar a reunião deliberativa que estava agendada.
Hoje, dia 23\08, o Senado Federal está ouvindo, em audiência pública, a Ministra do Meio-Ambiente Marina Silva. O debate está bastante interessante, mesmo quando a ministra precisa se colocar sobre temas espinhosos, como a exploração de petróleo na foz equatorial do Rio Amazonas, vetada por parecer técnico do IBAMA. Não há como discutir politicamente uma decisão técnica, advoga a ministra.
terça-feira, 22 de agosto de 2023
Editorial: Haverá condições institucionais para punir os sabotadores da democracia? Como anda nossa saúde institucional?
Na semana passada, o STF determinou a prisão de toda a cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal, baseada em dados que apontam que eles estiveram, de alguma forma - seja por participação direta ou omissão - envolvidos criminalmente nos atos do dia 08 de janeiro. Assim, conforme divulgou-se, a corda ficou bastante esticada entre autoridades civis e o estamento militar, que costuma manifestar suas insatisfações através das redes sociais. Neste momento, os militares enfrentam uma grande oportunidade de voltarem de vez à caserna, cuidarem de suas atividades inerentes e melhorar sua imagem junto à população.
Pesquisa recente, realizada pelo Instituto Genial\Quaest evidencia que ocorreu uma erosão de imagem das Forças Armadas junto à população. Ainda não conhecemos os pormenores dessa pesquisa, mas não precisamos de um grande esforço para entendermos as eventuais razões. Agora e torcer pela saúde de nossas instituições democráticas, rogando que elas tenham as condições essenciais para a tomada de decisões necessárias em contraponto aos atores que tramaram contra elas.
Editorial: Antes da viagem à Africa, Lula tentou aparar as arestas com militares.
segunda-feira, 21 de agosto de 2023
Editorial: Anuncia logo essa reforma ministerial, Lula.
Continua incerta a situação de Wellington Dias, petista do núcleo duro, mas ameaçado pelos pleitos do Centrão ao seu ministério, em razão dos recursos da pasta, o maior da Esplanada dos Ministérios. A demora de Lula em bater o martelo sobre essa questão vem incomodando profundamente o Centrão. O morubixaba petista ganhou mais uma semana, diante da contingência desta última viagem. Segundo as coxias da capital federal, Lula estaria bastante satisfeito com o trabalho do Ministro do Turismo, Sabino, que assumiu o cargo recentemente. Não seria pelo seu desempenho na pasta, mas em razão de suas articulações políticas no parlamento, indicando que o nomeado estaria produzindo bons resultados.
O socialista Márcio França pode ser contemplado com o Ministério das Pequenas e Médias Empresas. Seria uma forma de compensar o socialista e evitar rusgas maiores com a legenda, que reclamou bastante sobre uma eventual perda de participação no Governo Lula. Não seria surpresa se enfrentarmos algumas novidades por aqui, mas, em princípio, é este o desenho da minirreforma ministerial.
Editorial: As rusgas entre militares e a Polícia Federal.
Embora este dado da realidade não seja muito confortável, todos os governos apresentam suas ranhuras internas. Até bem pouco tempo, se discutiu bastante, por exemplo, o nível das escaramuças internas entre o núcleo duro petista, em torno de uma eventual disputa interna pela benção do morubixaba para sucedê-lo nas eleições presidenciais de 2026. A calmaria voltou depois de o próprio Lula emitir sinais de que pode disputar a reeleição em 2026. Hoje, próceres petistas ja advogam que tal embate interno só deverá ocorrer mesmo em 2030.
Qualquer analista com um mínimo de bom-senso e consequente advogaria que a melhor - e talvez a única - solução para os militares no Governo Lula seria o retorno à caserna, de onde, aliás, eles não deveriam ter saído, a julgar pelas encrencas em que alguns deles se meteram. Militares legalistas, de confiança, em funções estratégicas seria o objetivo máximo a ser alcançado pelo petista, evitando-se, assim, novos arroubos. A composição de um grupo de "militares de Lula" também não seria de bom alvitre. Por razões óbvias. Este, no entanto, parece não ser o entendimento de alguns deles, que preferem continuar atuando políticamente neste fase pós-Bolsonaro.
Assim, algumas ações da Polícia Federal está sendo encarada por segmentos militares como uma manobra para evitar essa aproximação desses militares com o Planalto. Nesta última viagem de Lula, por exemplo, comenta-se nos escaninhos da política que o entendimento das rotinas de segurança entre o GSI e agentes da Polícia Federal teriam sido prejudicadas.
Editorial: Termina em confusão reunião do Cidadania.
Roberto Freire mantém o controle da legenda Cidadania há alguns anos. Ontem, por ocasião de uma reunião virtual dos membros daquela agremiação, pintou um climão entre eles, que atingiu os níveis dos xingamentos pessoais impublicáveis. Um dos mais exaltados foi o pernambucano Daniel Coelho, que saiu em defesa de Roberto Freire, exigindo respeito à liderança nacional da legenda. Em princípio, o que está em jogo seria o controle da agremiação e, consequentemente, seu posicionamento em relação ao Governo Lula.
Enquanto Roberto Freire defende uma posição bastante equidistante do governo - sugerindo, inclusive, a ampliação das negociações federativas com o PSDB\MDB - membros da legenda consideram a possibilidade de uma aproximação da base governista, mesmo que isso não implique em ocupação de cargos na máquina. Afinal, como aponta Cristovão Buarque, o partido não é bolsonarista. Se algumas medidas não forem adotadas, o partido corre o risco de desaparecer, conforme vaticina o ex-governador do Distrito Federal.
Aqui em Pernambuco, as nuvens políticas estão mudando com uma velocidade impressionante. Abrindo espaços no seu governo para o PSD de André de Paula, Ministro da Pesca, acredita-se que o próximo passo da governadora Raquel Lyra(PSDB\PE) seria sua filiação ao PSD, legenda pela qual disputaria a reeleição em 2026, já devidamente integrada à base governista. Em tal cenário, entende-se os convescotes recorrentes de figuras de proa do Partido dos Trabalhadores com a governadora. Secretário de Turismo, Daniel Ceolho é tido como um eventual candidato às eleições municipais de 2024. Hoje seria pouco provável que seu nome viesse a ser ungido como candidato do Campo das Princesas, se considerarmos as nuvens políticas atuais. Mas, conforme advertimos, tais nuvens mudam bastante.
domingo, 20 de agosto de 2023
Editorial: Sai um pingado para Bolsonaro?
A democracia brasileira vive um momento de inflexão. Ou vai ou racha. A corda está esticada, como sugerem alguns órgãos de imprensa, reproduzindo a narrativa de alguns atores estratégicos nesse jogo entre democracia ou barbárie. Todos os brasileiros e brasileiras teriam a obrigação de saber o que significa a perda dos referencias democráticos entre nós. Antes de sair por aí, irresponsavelmente, pedindo intervenção militar. Ao longo dos últimos anos - principalmente a partir de 2013 - os estragos produzidos contra as nossas instituições democráticas são visíveis e os entulhos autoritários só serão completamente removidos com muito esforço. Nem mesmo a Constituição Cidadã e Republicana de 1988 conseguiu tal proeza.
A prisão da cúpula da Polícia Mililtar do Distrito Federal pode ter sido o epicentro desse embate, a julgar pela reação dos corporações militares, incomodadas com as ações determinadas pelo STF. Quisera estivéssemos numa democracia plenamente consolidada e as próprias corporações militares dariam o bom exemplo de punir, com o rigor necessário, aqueles que atentatam contra as instituições democráticas do país. A corda esticada aqui pode ser interpretada como uma perigosa e preocupante postura corportativa.
Talvez por conviver constantemente diante desses solavancos institucionais - num ambiente democrático que pode ser atingido por um míssil lançado pelo Twitter - outro dia ficamos impressionados quando assistimos um filme, onde um comandante militar aplica uma repremenda num militar subordinado que havia desobedecido uma autoridade civil. Em tom enérgico, o comandante afirmava que o subordinado havia cometido uma falta grave, ao não acatar a determinação de uma autoridade civil. Por aqui, infelizmente, as coisas não funcionam assim.
A Polícia Federal reúne informações e provas insofismáveis de que membros do alto escalão militar estiveram no epicentro das tramas autoritárias contra as nossas instituições democráticas, além de atitudes irregulares em seu ofício na condição de servidores do Planalto. Não existe outra alternativa que não a de puni-los. Encrencado até a medula, seria bastante prudente, em tais cricunstâncias, que o ex-ajudante de ordens abrisse logo essa caixa preta do tal Rolex. Seria muito interessante vê-lo cantar como um canário belga durante uma sessão da CPMI dos Atos Antidemocráticos.
sábado, 19 de agosto de 2023
Editorial: Justiça para a Yalorixá e líder quilombola Maria Bernadete.
Segundo podemos presumir, só seríamos bem-recebidos pelas comunidades quilombolas se tivéssemos a sinalização da associação. A experiência foi tão interessante que passamos a estudar o assunto em profundade e mantivemos contatos estreitos até hoje com o MABE - Movimento dos Atingidos pela Base de Lançamento de Foguetes de Alcântara. Alcântara é uma cidade emblemática para entendermos a evolução das polítucas públicas sobre as comunidades quilombolas no país, pois várias experiências pioneiras foram ali materializadas, numa época onde ainda era exigido um laudo antropológico para se conceder a titulação de comunidade quilombola. No primeiro Governo Lula tal laudo foi abolido.
No último dia 17, vários homens armados entraram num terreiro da Bahia, amarraram os presentes e assassinaram Maria Bernadete, líder do Quilombo de Pitangas, conflagrado, em clima beligerancia com os latifundiários locais, que já assassinaram o se filho, em circunstâncias até hoje não devidamente esclarecidas. Maria Bernadete é mais ma guerreira que tomba na luta pelo direito à terra neste país de grandes latifundiários, grileiros armados, dispostos a tirarem a vida de quem se insurge contra essas injustiças.
Editorial: O mar revolto que ronda nossas instituições democráticas.
O jornalista Ricardo Noblat, através de postagem nas redes sociais, informa que se especula entre os militares que o coronel Mauro Cid poderá "ir para o barro", que, na gíria da caserna, significa que o militar poderá ser punido com a perda da patente e consequente exclusão dos quadros das Forças Armadas. Por outro lado, na mesma caserna circulam rumores dando conta de que alguns militares teriam ficado insatisfeitos com a decretação da prisão da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal. O comandante do Exército, inclusive, teria agendado um encontro com o presidente da CPMI dos Atos Antidemocráticos do dia 08 de janeiro, o deputado Arthur Maia(UB-BA), que, aliás, vem realizando um excelente trabalho na condução da comissão.
São históricas as relações entre as polícias militares e as Forças Armadas, daí se entender que eles também se sintam atingidos com tais prisões. Na realidade, em linguagem figurada, existe um batalhão inteiro de militares envolvidos nas tessituras golpistas do 08 de janeiro. A questão é saber se teremos a determinação e as condições institucionais de puni-los pelos seus atos contra as instituições democráticas. Atentar contra as instituições democráticas não é o tipo de coisa que se resolva com um simples tapinha nas costas. Será necessário cortar na pele, sob pena de abrirmos precedentes perigosos.
Não deixa de ser curioso tentarmos entender como alguns militares de alta patente foram arrastados para essa aventura. Pelos diálogos divulgados até agora eles tinham a convicção de que a engrenagem golpista seria irreversível. Ainda existem "dispositivos" que precisam ser desativados, como as denúncias de que agentes do serviços de inteligência e segurança de Estado estariam passando informações sigilosas sobre os deslocamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
sexta-feira, 18 de agosto de 2023
Editorial: A revista Veja acaba de divulgar áudio de entrevista com o advogado de Mauro Cid.
Na realidade, o fato é que a Polícia Federal já arrolou o número de evidências suficientes para o indiciamento de alguns peixes graúdos. Numa sintonia incomum, alguns atores proeminentes do nosso campo político saíram em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o Presidente Nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, e o Presidente da Câmara dos Deputados, o Deputado Federal Arthur Lira(PP-AL). O ex-presidente anunciou que seus advogados entrarão com uma representação contra o racker Walter Delgatti, que, em audiência na CPMI dos Atos Antidemocráticos, no dia de ontem, produziu um arsenal de declarações comprometedoras envolvendo o ex-presidente. Se tais declarações forem confirmadas, estamos diante de acontecimentos gravíssimos.
Como já antecipamos em postagem anterior, o moído é grande. As nossas instituições democráticas enfrentam uma prova de fogo. Importante agora é saber como elas reagirão diante da contigência imposta de tomar medidas cabíveis contra aqueles atores políticos que não se orientaram pelas regras do jogo democrático.
Editorial: PMs "bichadas" pelo bolsonarismo.
A prisão de toda a cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal confirma a tese que estamos comentando por aqui há alguns meses: o grau de contaminção das Polícias Militares pelo bolsonarismo. Se tal medida drástica fosse estendida para todo o país, não haveriam celas para prender tanta gente. Aqui mesmo em Pernambuco, durante uma manifestação organizada por sindicalistas ligados ao PT, eles abusaram de suas prerrogativas com o objetivo de repremir os manifestantes, contrariando, inclusive, as recomendações do próprio governador à época, o senhor Paulo Câmara, hoje na Presidência do Banco do Nordeste.
Situações do gênero foram verificadas em todo país, numa demonstração evidente do comprometimento dessas corporações policiais com o bolsonarismo. Além de corrigir esse problema junto às Forças Armadas - que a cada dia se impõe como absolutamente necessário esse enfrentamento - o Governo Lula terá que concentrar suas preocupações em relação às polícias militares estaduais. Uma missão hercúlea para os ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos. Há problemas históricos - como uma corporação policial que teve sua origem nos capitães do mato - até a recente esponja às pregações fascitas, violentas e violadoras dos direitos humanos atreladas ao governo anterior.
Não precisa ser um especialista em segurança pública para se verificar que ocorreram falhas clamorosas na estratégia de enfrentamento aos manifestantes do dia 08 de janeiro. A grande questão colocada era a identificação dos responsáveis por essas "falhas", que hoje já assumem um caráter de omissão ou mesmo "conivência", a julgar pela determinação do STF em decretar a prisão de alguns atores que estiveram no epicentro daqueles acontecimentos.
Editorial: Coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, confessa sua participação no "rolo" das joias.
quinta-feira, 17 de agosto de 2023
Editorial: O desenho da minirreforma ministerial começa a surgir.
Finalmente, começa a aparecer as nuvens cinzas da minirreforma ministerial do Governo Lula. Devem surgir outros nomes no horizonte, mas, a rigor, já podemos apontar alguns cargos que serão ocupados pelos partidos Progressistas e Republicanos. O União Brasil já teria sido contemporizado com o Ministério do Turismo, como eles desejavam. Os Republicanos, através do Deputado Federal pernambucano Sívio Costa Filho, deverá assumir o comando do Ministério dos Portos e Aeroportos, apeando os socialistas do cargo.
É cedo para dizer como eles reagiriam ao afastamebto de Márcio França. Em princípio, Silvio Costa poderia assumir o Ministério dos Esportes, com orçamento previsto de dois bilhões. O PP foi um partido atendido de forma gererosa, embora o seu presidente nacional Ciro Nogueira, continue um crítico contundente do governo. Os Progressistas foram contemporizados com o Ministério do Desenvolvimento Social e a Caixa Econômica Federal, de porteira fechada, do presidente ao estagiário.
Outra questão diz respeito ao nome de Tarcísio de Freitas, governador paulista, uma estrela de quinta grandeza entre os Republicanos, sua agremiação.Há uma possibilidade de Tarcísio deixar a legenda, ingressando no PL. Tarcísio de Freitas, embora negue, aparece em todos os retrovisores das eleições presidenciais de 2026. É um nome que vem sendo trabalhado para o projeto da direita - e até da extrema-direita - no sentido de retomar o controle do Palácio do Planalto.
Editorial: O depoimento mais bombástico da CPMI dos Atos Antidemocráticos.
Quando algum depoente abre o bico, consegue-se avançar no processo de investigações. Vários elos puderam ser conectados com o depoimento de Delgatti. Agora nossas instituições democráticas enfrentam uma prova de fogo. Reunir as condições para responsabilizar e punir os atores envolvidos nesses atos antidemocráticos, que tentaram minar as nossas instituições. Algumas delas precisam cortar na pele, o que nem sempre é uma tarefa fácil, em face do corporativismo reinante num país com as nossas características patrimonialistas, onde existem verdadeiros "vespeiros". Não vamos aqui entrar nos detalhes, mas os leitores e leitoras mais argutos podem imaginar sobre quais são esses "vespeiros" aos quais estamos nos referindo.
Uma das grandes preocupações é que os "dispositivos antidemocráticos" continuam ativos, podendo ser acionados a qualquer momento. Como adverte o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, o Brasil se tornou um laboratório de experimentos nefastos da extrema-direita internacional. A queda de braço entre democratas e fascistas devem prometer novos rounds. Roguemos pelo Estado Democrático de Direito.
Editorial: A avaliação do Governo Lula.

Difícil fazer algum prognóstico mais preciso sobre o assunto, mas, no dia de ontem, um conhecido blogueiro assegurou que seria apenas uma questão de horas para a prisão do ex-presidente ser decretada. A nova tese dos advogados do ex-ajudante de ordens vai no sentido de informar que ele apenas cumpria ordens. Tal narrativa converge com uma preocupação já manifestada pelo seu pai, sugerindo que o filho estaria sendo penalizado sozinho nesse processo.
HOje, 17, a CPMI dos Atos Antidemocráticos ouve o hacker Walter Delgatti, que teria declarado à Polícia Federal ter invadido alguns sites, irregularmente, a pedido de uma deputada, tendo sido remunerado pelo trabalho. O ministro Edson Fachin, do STF, concedeu habeas corpus ao senhor Walter Delgatti para ele se manter em silêncio quando indagado sobre questões que poderiam comprometê-lo. Alguns depoentes ja fizeram tais pedidos, mas falaram no momento da audiência. Esperamos que este seja o caso do hacker.