Neste final de semana, o PMDB pernambucano deverá se reunir, possivelmente, em Vitória de Santo Antão, numa faculdade conhecida. Dividido e fragilizado, suas alternativas são escassas. Na realidade, há poucos dias, cunhamos uma expressão bem típica para definir o atual momento da agremiação peemedebista: o PMDB do cozido e o PMDB do bode. O primeiro grupo gravita em torno do nome de Jarbas Vasconcelos, que deve apoiar o nome que o governador Eduardo Campos indicar para concorrer à sua sucessão. Até bem pouco tempo, o apoio do governador à sua reeleição ao Senado Federal era tido como certo. Política, entretanto, como afirma uma raposa mineira, muda como as nuvens. Ambos já passaram da fase do só vou se você for. Neste intervalo, melhorou bastante o diálogo entre Jarbas e o senador Armando Monteiro. Nunca se sabe. Um tucano emplumado anda conversando sob a sombra do baobá da praça do Campo das Princesas. O segundo grupo gravita em torno do prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio, uma estrela ascendente, prestigiado nacionalmente pela agremiação. É tido como certo o seu apoio ao nome do senador Armando Monteiro(PTB) ao Governo do Estado, em 2014. Já convidaram Dilma para saborear uma autêntica chã de bode lá no Bodódromo, com direito a uma sobremesa de sorvete de rapadura. Uma delícia.
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Tijolaço do Jolugue: Lóssio: "Querem cassar a oposição em Pernambuco".
Alguns livros já nascem clássicos, como "Coronelismo, Enxada e Voto", de Victor Nunes Leal, escrito no final da década de 40, mas profundamente perene para analisarmos as categorias do coronelismo até os dias de hoje. Comenta-se muito numa espécie de neo-coronelismo, mas, a rigor, trocando em miúdos, mudaram apenas os métodos - com o suporte dos avanços da tecnologia de comunicação midiática - mas permaneceram as mesmas práticas de sempre, caracterizadas pela perseguição aos inimigos políticos, o mandonismo, o familismo e outros "ismos", tão bem conhecidos dos nossos leitores. Pernambuco já foi governador por um coronel do Sertão, filho de Serra Talhada, que teria deixado para a história política do Estado - além de muita truculência - uma frase célebre sobre o perfil dos governantes que incorporam esse perfil: "Aos amigos, tudo. Aos inimigos, os rigores da lei". Acrescentaríamos que até fora da lei, se depender dos áulicos, que não veem limites para agradar os chefetes de plantão. Outro dia comentávamos aqui a "crise" vivida pelo clã Sarney no Maranhão. Sem herdeiro diretos e amargando uma rejeição incomum, o grupo encontra dificuldades de manter a hegemonia política no Estado, que já perdura por quase cinco décadas. Uma notícia alvissareira, porque seria mais uma oligarquia que denota sinais de enfraquecimento, no contexto de nossa frágil democracia, onde a res publica foi praticamente loteada entre esses senhores. Eis que, curiosamente, um jovem governador, herdeiro político de um homem de inegáveis convicções democráticas e sensibilidade social, parece-nos desejar enveredar por uma trilha caracterizada pela prepotência, pela imposição de sua vontade, pela utilização do aparelho de Estado consoante seus interesses e o interesse dos seus asseclas, numa clara violação de direitos constitucionais e dos princípios que devem reger a convivência democrática. O cidadão iniciou a vida pública com humildade, encontrou muitas dificuldades para se eleger governador, mas, logo em seguida, movido por uma ambição desmedida, passou a ampliar seus tentáculos e parece ter tomado gosto por impor sua vontade, independentemente das opiniões contrárias. Esses tentáculos envolvem um controle do Legislativo, influência sobre o judiciário e "direcionamento" das ações dos órgãos de fiscalização do estado. Pois bem. Depois de sofrer duas derrotas nas urnas e uma no tapetão para o prefeito Júlio Lóssio, de Petrolina, ontem foi anunciada uma auditoria especial do TCE nas contas daquela prefeitura do Sertão do São Francisco. Não há como não ficar configurada uma espécie de perseguição ao prefeito do PMDB do bode, que vem dando uma dor de cabeça aos palacianos. Afinal, quantas prefeituras do Estado estariam com suas contas sob suspeita de malversação? Por que justamente Petrolina foi a "escolhida'? Eles, que num passado recente criticavam tanto o "cozido" passaram a apreciar a iguaria. Gostaria de informar aos palacianos que bode não é indigesto. O que nos parece indigesta é essa geração, curtida no movimento social e estudantil, convivendo com atores políticos da envergadura moral de um Dr. Arraes, se permitir a essas práticas persecutórias, absolutamente incompatíveis com o estado democrático de direito. Que sandice é essa, gente? tem razão o jovem prefeito petrolinense ao afirmar que "Querem cassar a oposição em Pernambuco".
Tijolaço do Jolugue: Prisão e multa de 30 mil para quem ofender políticos pelas redes sociais.
Este país, de fato, não pode ser levado muito a sério. Um conhecido senador da República, de um Estado vizinho ao nosso, recentemente cometeu, digamos, assim, uma indelicadeza com o erário: torrou R$ 7,7 mil num jantar na rede de restaurantes O Porcão. A conta foi encaminhada ao Senado Federal. Confesso que andei pensando como é que alguém consome tudo isso apenas num jantar. Apenas para se ter ideia, uma família de 04 pessoas almoça muito bem, num dos melhores restaurantes de comidas regionais de João Pessoa, o Mangai, com direito a sobremesa e uma jarra de suco de seriguela - pode ser outra, mas eu prefiro essa -, numa comanda que não ultrapassa R$ 250,00. Confesso que não frequento com assiduidade esses restaurantes "chico", como diria Maria Luísa, minha caçulinha. Ainda prefiro um bom boteco. Homem de raízes, prefiro um ensopado de bode guizado ou guiné, com cuscuz, na beira da estrada, logo cedinho, com um bom café quentinho, de preferência preparado por uma mulata, que vem com o sabor de suas ancas, como diria Gilberto Freyre. Quando o colesterol permitia, nada melhor do que um pirão de rabada com uma cajuína geladinha, no Mercado da Boa Vista, aqui no Recife. Com vinte contos a gente resolvia essas paradas. Depois dessas postagens, recebi um e-mail de alguém perguntando se eu tinha alguma ligação com o Mangai. Quero informar que apenas conheço o pessoal e gosto do restaurante, onde divido a mesa com amigos jornalistas e blogueiros daquele Estado. Peço perdão pela simplicidade do meu repertório gastronômico, mas, até mesmo quem frequenta bons restaurantes consideraram a quantia de R$ 7,7 mil exorbitante para ser consumida apenas num jantar. Isso repercutiu muito mal para o senador. Em nosso blog, pelo menos três postagens trataram do assunto. Pois bem. O cidadão, um dos principais articuladores da candidatura de Aécio Neves à presidência da República, agora está apresentando um projeto de lei no sentido de estabelecer prisão de um ano e multa de R$ 30 mil para quem fizer postagens ofensivas aos políticos. Fico sem entender o que ele insinua como "postagens ofensivas". Ofensivo mesmo, senador, é torrar o dinheiro do contribuinte da forma como o senhor fez. O fato curioso é que os tucanos agora deram para armar um circo em defesa de interesses corporativos. Não gostaram nenhum pouco do envio das denúncias de corrupção envolvendo alguns emplumados do ninho para a Polícia Federal, onde se configura, concretamente, a possibilidade de recebimentos de propinas, de acordo com o denunciante. Também ficaram profundamente zangados com as brincadeiras dos fakes da rede Facebook. O que está acontecendo com os tucanos, afinal? Tão pródigos e festivos com a prisão de alguns petistas?
Ilustração com charge de Aroeira via Aroeira.
Jango, JFK e Globo
Dois acontecimentos de densidade histórica, como a exumação dos restos de Jango e sua recepção em Brasília foram relegados à parte inferior de O Globo.
@DarioPignotti
São Borja e Brasília -
Para ler o jornal O Globo em São Borja “geralmente temos que esperar até
o meio-dia quando ele vem pelos ônibus que chegam de Porto Alegre”, diz
um taxista que me leva até o centro da cidade, na praça 15 de Novembro,
em frente à Igreja Matriz, onde o presidente João Goulart foi velado
com o caixão aberto em dezembro de 1976. Naquela noite os saoborjenses
desafiaram a ditadura lotando a igreja para dar um adeus (não sabiam que
era só o primeiro) ao seu líder, apesar de as autoridades do III
Exército terem ordenado que ele fosse enterrado imediatamente após
chegar da Argentina, onde faleceu no dia 6 de dezembro de causas até
hoje não esclarecidas.
“Eu me lembro do velório de Jango, quando o povo quis ir se despedir do presidente. Ele era muito querido aqui, havia uma multidão de gente na Igreja”, recorda outro taxista, coincidentemente apelidado de Jango, que veste uma camiseta colorada do Internacional enquanto me conduz até o Cemitério Jardim da Paz onde os restos do ex-mandatário foram exumados na madrugada de 14 de novembro para, horas mais tarde, serem recebidos pela presidenta Dilma em Brasília com honras de Estado.
Na cidade de São Borja a memória da ditadura continua tão viva que impregna a vida cotidiana: as suspeitas sobre o envenenamento de Jango são compartilhadas pelo ancião com bombachas e chapéu de gaúcho parado em frente ao cemitério e pelos estudantes de Ciências Políticas da Universidade Federal participantes da audiência pública onde se exigiu do governo federal que seus restos sejam devolvidos logo depois dos estudos que se realizam em Brasília.
O país visto desde São Borja, onde Goulart é uma espécie de Camelot mitológico, é diferente do narrado no jornal O Globo e outros veículos de propriedade dos herdeiros de Roberto Marinho.
A exumação do presidente morto no exílio quando estava na mira do Plano Condor, responsável pelos assassinatos (alguns por envenenamento) de vários líderes da região, possivelmente seja o acontecimento mais consistente ocorrido no Brasil no caminha na direção do resgate da memória e da verdade sobre o que ocorreu sob a ditadura, a menos investigada da América Latina.
Fatos similares, como a exumação sob a supervisão de especialistas internacionais (como ocorreu com Goulart) do ex-presidente Salvador Allende e, posteriormente, do prêmio Nobel Pablo Neruda, no Chile, absorveram a atenção pública e o interesse da imprensa por semanas. Aqui não foi assim.
Dois acontecimentos de densidade histórica, como a exumação dos restos de Jango e sua recepção em Brasília por Dilma, Lula e outros ex-presidentes, foram relegados à terça parte inferior da capa do jornal O Globo, no dia 15 de novembro. A parte superior foi dedicada à notícia da possibilidade de que o ministro Joaquim Barbosa ordenasse a detenção dos condenados pelo mensalão. A Folha de S.Paulo adotou uma perspectiva similar. Para a empresa de Frias Filho, o fato de maior destaque foi o engarrafamento de 309 quilômetros ocorrido em São Paulo, publicado como manchete com uma generosa foto, muito acima do retorno de Goulart a Brasília, 37 anos depois de sua morte e 49 do golpe de Estado que o destituiu para estabelecer uma “ditabranda”.
Nada se fará até 2029
Os crimes de Estado, de Júlio César até John Fitzgerald Kennedy, foram perpetrados por uma teia de interesses nunca revelados por completo, disse o procurador norte-americano Jim Garrison em sua intervenção perante uma corte de Nova Orleans em 1969, quando apresentou vasta informação sobre a participação de agentes da CIA combinados com mafiosos anticastristas no assassinato do presidente dos EUA, no dia 22 de novembro de 1963. A grande imprensa, denunciou Garrison em sua batalha solitária, foi cúmplice do encobrimento excitando o público com mentiras sonoras, campanhas patrióticas e outras artimanhas de desinformação, para desviar a atenção da verdadeira trama escondida debaixo dos disparos que destroçaram o crânio do presidente a bordo do Lincoln preto na sulista e racista Dallas.
A autópsia de Kennedy foi manipulada por peritos militares, testemunhas incômodas e cúmplices suspeitos da conspiração morreram em circunstâncias estranhas. Uma comissão tutelada pela Casa Branca concluiu que o magnicídio havia sido urdido e executado por um mitômano Lee Oswald, caracterizado como um sujeito antissocial e pervertido pelo ideário comunista da União Soviética. Uma tese tão discutível como a que assegura que foram naturais as causas da morte de João Goulart e ridiculariza a suspeita de um plano para envenená-lo, como denunciou o ex-agente dos serviços uruguaios Mario Neira Barreiro, preso na penitenciária de Charqueadas, no Rio Grande do Sul.
Questiona-se, e é correto fazê-lo, a credibilidade de alguém como Neira Barreiro que foi parte da organização terrorista Condor e confessa ter participado na morte de Goulart e no plano para eliminá-lo.
Os anais dos crimes políticos estão repletos de personagens como Neira Barreiro, cujas confissões (se verdadeiras) são chave para descerrar o véu da mentira. Um exemplo é o colaborador da CIA, David Ferrie, membro da organização que teria matado Kennedy, que, ao ver-se cercado por seus companheiros, aceitou colaborar com o promotor Garrison. Antes de depor perante o júri, o anticastrista e anti-Kennedy Ferrie apareceu morto em seu apartamento. Derrotado na corte e ridicularizado pela indústria midiática, Garrison se limitou a dizer que essa derrota jurídica era o primeiro passo para uma vitória política que chegaria em 2029, quando serão liberados os arquivos da Casa Branca.
O glamour do golpista
Em São Borja já se fala do segundo enterro de Jango previsto para 6 de dezembro (37 anos depois do primeiro) quando seus restos retornaram ao jazigo familiar do Cemitério Jardim da Paz depois de terem sido analisados no Instituto de Criminalística de Brasília e suas mostras enviadas a laboratórios estrangeiros onde se procurará, se ainda for possível, determinar a causa de sua morte.
Em uma audiência pública realizada no centro de tradições gaúchas, a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, e seu colega da Justiça, José Eduardo Cardozo, firmaram, ante a comunidade de São Borja, uma ata de compromisso que garante o retorno do corpo de Jango a sua terra. Surpreende o contraste entre a memória ainda viva do povo de São Borja e a imprensa que ainda domina, com menos hegemonia que outrora, as estruturas de formação da opinião de massas.
Aguardei sem sucesso durante dois finais de semana a publicação de grandes suplementos históricos sobre a saga de Goulart, de volta à vida política 36 anos depois do enterro. Supus que seriam editados extensos cadernos com reportagens investigativas e ensaios sobre o líder democrático das reformas de base deposto, de modo similar ao que ocorreu na imprensa do Chile em setembro deste ano por ocasião dos 40 anos do golpe e da morte de Salvador Allende, ou na imprensa dos EUA, nos 50 anos do assassinato de Dallas.
Nada ou quase nada foi publicado nos grandes jornais do eixo Rio-São Paulo, no formato de caderno especial, sobre João Goulart reposto em sua condição de presidente em Brasília. Por outro lado foram editadas páginas especiais dedicadas a John Fitzgerald Kennedy.
O ápice do despropósito editorial, além de condenar Goulart à morte noticiosa, foi ter tratado o mandatário norte-americano como um personagem fascinante ou, para citar O Globo de 22 de novembro, “Presidente Celebridade”. Em rigor, para os brasileiros, Kennedy foi algo muito distinto ao galante democrata de acordo com o olhar do diário da família Marinho, provincianamente fascinado com o mito de Camelot.
Longe dessa leitura forjada pela Globo, a realidade histórica brasileira, materializada no golpe de 1964, ensina que JFK, na verdade, foi um anticomunista primário, um conspirador que avaliou desde o Salão Oval da Casa Branca, durante um encontro com o embaixador Lincoln Gordon, a progressão da desestabilização contra Jango, como ficou refletido no notável documentário “O Dia que durou 21 anos”.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
“Eu me lembro do velório de Jango, quando o povo quis ir se despedir do presidente. Ele era muito querido aqui, havia uma multidão de gente na Igreja”, recorda outro taxista, coincidentemente apelidado de Jango, que veste uma camiseta colorada do Internacional enquanto me conduz até o Cemitério Jardim da Paz onde os restos do ex-mandatário foram exumados na madrugada de 14 de novembro para, horas mais tarde, serem recebidos pela presidenta Dilma em Brasília com honras de Estado.
Na cidade de São Borja a memória da ditadura continua tão viva que impregna a vida cotidiana: as suspeitas sobre o envenenamento de Jango são compartilhadas pelo ancião com bombachas e chapéu de gaúcho parado em frente ao cemitério e pelos estudantes de Ciências Políticas da Universidade Federal participantes da audiência pública onde se exigiu do governo federal que seus restos sejam devolvidos logo depois dos estudos que se realizam em Brasília.
O país visto desde São Borja, onde Goulart é uma espécie de Camelot mitológico, é diferente do narrado no jornal O Globo e outros veículos de propriedade dos herdeiros de Roberto Marinho.
A exumação do presidente morto no exílio quando estava na mira do Plano Condor, responsável pelos assassinatos (alguns por envenenamento) de vários líderes da região, possivelmente seja o acontecimento mais consistente ocorrido no Brasil no caminha na direção do resgate da memória e da verdade sobre o que ocorreu sob a ditadura, a menos investigada da América Latina.
Fatos similares, como a exumação sob a supervisão de especialistas internacionais (como ocorreu com Goulart) do ex-presidente Salvador Allende e, posteriormente, do prêmio Nobel Pablo Neruda, no Chile, absorveram a atenção pública e o interesse da imprensa por semanas. Aqui não foi assim.
Dois acontecimentos de densidade histórica, como a exumação dos restos de Jango e sua recepção em Brasília por Dilma, Lula e outros ex-presidentes, foram relegados à terça parte inferior da capa do jornal O Globo, no dia 15 de novembro. A parte superior foi dedicada à notícia da possibilidade de que o ministro Joaquim Barbosa ordenasse a detenção dos condenados pelo mensalão. A Folha de S.Paulo adotou uma perspectiva similar. Para a empresa de Frias Filho, o fato de maior destaque foi o engarrafamento de 309 quilômetros ocorrido em São Paulo, publicado como manchete com uma generosa foto, muito acima do retorno de Goulart a Brasília, 37 anos depois de sua morte e 49 do golpe de Estado que o destituiu para estabelecer uma “ditabranda”.
Nada se fará até 2029
Os crimes de Estado, de Júlio César até John Fitzgerald Kennedy, foram perpetrados por uma teia de interesses nunca revelados por completo, disse o procurador norte-americano Jim Garrison em sua intervenção perante uma corte de Nova Orleans em 1969, quando apresentou vasta informação sobre a participação de agentes da CIA combinados com mafiosos anticastristas no assassinato do presidente dos EUA, no dia 22 de novembro de 1963. A grande imprensa, denunciou Garrison em sua batalha solitária, foi cúmplice do encobrimento excitando o público com mentiras sonoras, campanhas patrióticas e outras artimanhas de desinformação, para desviar a atenção da verdadeira trama escondida debaixo dos disparos que destroçaram o crânio do presidente a bordo do Lincoln preto na sulista e racista Dallas.
A autópsia de Kennedy foi manipulada por peritos militares, testemunhas incômodas e cúmplices suspeitos da conspiração morreram em circunstâncias estranhas. Uma comissão tutelada pela Casa Branca concluiu que o magnicídio havia sido urdido e executado por um mitômano Lee Oswald, caracterizado como um sujeito antissocial e pervertido pelo ideário comunista da União Soviética. Uma tese tão discutível como a que assegura que foram naturais as causas da morte de João Goulart e ridiculariza a suspeita de um plano para envenená-lo, como denunciou o ex-agente dos serviços uruguaios Mario Neira Barreiro, preso na penitenciária de Charqueadas, no Rio Grande do Sul.
Questiona-se, e é correto fazê-lo, a credibilidade de alguém como Neira Barreiro que foi parte da organização terrorista Condor e confessa ter participado na morte de Goulart e no plano para eliminá-lo.
Os anais dos crimes políticos estão repletos de personagens como Neira Barreiro, cujas confissões (se verdadeiras) são chave para descerrar o véu da mentira. Um exemplo é o colaborador da CIA, David Ferrie, membro da organização que teria matado Kennedy, que, ao ver-se cercado por seus companheiros, aceitou colaborar com o promotor Garrison. Antes de depor perante o júri, o anticastrista e anti-Kennedy Ferrie apareceu morto em seu apartamento. Derrotado na corte e ridicularizado pela indústria midiática, Garrison se limitou a dizer que essa derrota jurídica era o primeiro passo para uma vitória política que chegaria em 2029, quando serão liberados os arquivos da Casa Branca.
O glamour do golpista
Em São Borja já se fala do segundo enterro de Jango previsto para 6 de dezembro (37 anos depois do primeiro) quando seus restos retornaram ao jazigo familiar do Cemitério Jardim da Paz depois de terem sido analisados no Instituto de Criminalística de Brasília e suas mostras enviadas a laboratórios estrangeiros onde se procurará, se ainda for possível, determinar a causa de sua morte.
Em uma audiência pública realizada no centro de tradições gaúchas, a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, e seu colega da Justiça, José Eduardo Cardozo, firmaram, ante a comunidade de São Borja, uma ata de compromisso que garante o retorno do corpo de Jango a sua terra. Surpreende o contraste entre a memória ainda viva do povo de São Borja e a imprensa que ainda domina, com menos hegemonia que outrora, as estruturas de formação da opinião de massas.
Aguardei sem sucesso durante dois finais de semana a publicação de grandes suplementos históricos sobre a saga de Goulart, de volta à vida política 36 anos depois do enterro. Supus que seriam editados extensos cadernos com reportagens investigativas e ensaios sobre o líder democrático das reformas de base deposto, de modo similar ao que ocorreu na imprensa do Chile em setembro deste ano por ocasião dos 40 anos do golpe e da morte de Salvador Allende, ou na imprensa dos EUA, nos 50 anos do assassinato de Dallas.
Nada ou quase nada foi publicado nos grandes jornais do eixo Rio-São Paulo, no formato de caderno especial, sobre João Goulart reposto em sua condição de presidente em Brasília. Por outro lado foram editadas páginas especiais dedicadas a John Fitzgerald Kennedy.
O ápice do despropósito editorial, além de condenar Goulart à morte noticiosa, foi ter tratado o mandatário norte-americano como um personagem fascinante ou, para citar O Globo de 22 de novembro, “Presidente Celebridade”. Em rigor, para os brasileiros, Kennedy foi algo muito distinto ao galante democrata de acordo com o olhar do diário da família Marinho, provincianamente fascinado com o mito de Camelot.
Longe dessa leitura forjada pela Globo, a realidade histórica brasileira, materializada no golpe de 1964, ensina que JFK, na verdade, foi um anticomunista primário, um conspirador que avaliou desde o Salão Oval da Casa Branca, durante um encontro com o embaixador Lincoln Gordon, a progressão da desestabilização contra Jango, como ficou refletido no notável documentário “O Dia que durou 21 anos”.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
(Publicado originalmente no portal Carta Maior)
Viomundo: Amauri Teixeira: PSDB faz até "showzinho" para abafar propinoduto tucano
publicado em 29 de novembro de 2013 às 13:11
por Amauri Teixeira, especial para o Viomundo
O PSDB, encabeçado pelo senador Aécio Neves (MG), mostra mais uma vez
que está sem rumo e que gosta de se fazer de vítima quando é
denunciado por envolvimento em esquemas de corrupção. Os tucanos gostam
de um showzinho para desviar o assunto, mas não conseguem explicar a
enxurrada de denúncias que vêm da Justiça da Suiça e que se confirmam em
documentos de ex-executivos das multinacionais Alston e Siemens sobre
um megaescândalo de corrupção em São Paulo, envolvendo direcionamento
nas licitações para aquisição e reformas de trens, construção e extensão
de linhas metroferroviárias no estado. Como sempre, tentam abafar o
caso com a ajuda da mídia amiga.
É quase surreal, flagrados, com provas documentais de que há algo
muito sério no mundo tucano paulista, agora querem culpar o ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo, por ter encaminhado documentos à Polícia
Federal para que haja apuração do caso, conforme determina a lei.
Tucanos de todas as plumagens estrilam, tentam confundir e não explicam
nada à sociedade brasileira, pois há vinte anos, por manobras, abafam
CPIs, na Assembleia Legislativa de São Paulo, que poderiam desvendar
redes criminosas que operam nos subterrâneos do governo paulista.
A prova maior de como procede o PSDB está no fato de nenhum deputado
estadual desse partido ter assinado o pedido de CPI do Cartel da
Corrupção no Metrô. A função do Legislativo é fiscalizar o Executivo.
Mas, na Assembleia Legislativa de São Paulo, quem fala mais alto é o
rolo compressor dos governos do PSDB. Essa intolerância à apuração da
verdade caracteriza o modus operandi do tucanato, bem diferente da maneira petista de se relacionar com o patrimônio e o interesse públicos .
O PSDB gosta de CPIs…em Brasília
Os governos dos tucanos Geraldo Alckmin e José
Serra, em São Paulo, são marcados pela política do “abafa” a exemplo
do que ocorreu nos dois mandatos de FHC, que não enfrentou nenhuma CPI,
ao contrário do presidente Lula, que enfrentou várias em seus oito
anos de mandato , sendo que três delas foram simultâneas, o que rendeu
uma saraivada de acusações contra seu governo e também contra o Partido
dos Trabalhadores.
O caso atual, dos tucanos atacando o ministro da Justiça, merece
reflexões, pois mostra as diferenças nítidas entre o PT e o PSDB no
cuidado com o patrimônio público e no tratamento de denúncias relativas a
corrupção. Esse escandaloso desvio de recursos públicos do metrô de
São Paulo faz ressuscitar um personagem de triste memória de nossa
história recente: o procurador-geral da República do governo FHC,
Geraldo Brindeiro, fartamente criticado por sua falta de apetite de
colocar corruptos e corruptores na cadeia, durante o período em que
permaneceu à frente daquele órgão, nos anos de 1995 a 2002.
Vamos aos números: de 626 inquéritos criminais que recebeu, Brindeiro
engavetou 242 e arquivou outros 217. Somente 60 denúncias foram
aceitas. As acusações recaíam sobre 194 deputados, 33 senadores, 11
ministros e quatro sobre o próprio presidente FHC. Por conta disso,
Brindeiro recebeu o certeiro apelido de“engavetador-geral da República”. Entre
as denúncias que engavetou está a de compra de votos para aprovação da
emenda constitucional que aprovou a reeleição para presidente,
beneficiando o então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Só o comportamento do procurador-geral da República na era tucana
serve para ilustrar a diferença abissal que separa o governo FHC e o
modo petista de conduzir os assuntos da Nação brasileira. Esse
contraste é acentuado na forma de se acolher e apurar denúncias contra o
Erário e a República. Enquanto o procurador-geral Brindeiro agia de
forma facciosa, os governos dos presidentes Lula e Dilma agem de forma
republicana, em obediência estrita aos mandamentos de nossa Constituição
Cidadã.
Interferência
Não se tem notícias de qualquer interferência
governamental, de 2003 para cá, em qualquer investigação ou acolhimento
de denúncia em órgão direta ou indiretamente ligado ao presidente ou a
seus ministros. O exemplo mais patente é o da Ação Penal 470, que
julgou e condenou injustamente diversos companheiros do Partido dos
Trabalhadores.
Discordamos frontalmente dos métodos empregados e do conteúdo dessas
sentenças, mas até os mais ferrenhos adversários reconhecem que não
houve nenhum traço de interferência oficial para o livre desenrolar
dessas ações. Não há registro de nenhuma conversa reservada de
integrante do alto escalão petista com membros de outros poderes para
mitigar, ou mesmo frear, o curso das investigações e o andamento
processual da AP 470.
Esse é, em síntese, o modo petista de se portar à frente dos
governos. Qualquer que seja sua esfera: municipal, estadual ou federal.
Não à toa, os governos petistas, em números absolutos e relativos, são
os que mais observam a Lei de Responsabilidade Fiscal e os que menos têm
administradores investigados e condenados por atos contra a
Administração Pública.
Agora, diante da tentativa do PSDB de tentar desviar o foco da
denúncias sobre o propinoduto em São Paulo, que prosperou durante os
quase vinte anos de governos do PSDB naquele estado, o próprio
Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reafirmou a continuidade
dessa linha de atuação. Disse ele que a “época do engavetador-geral da
República já acabou, e que não tem nada de disputa política a
investigação da Polícia Federal envolvendo as graves denúncias sobre um
grande esquema de propina na compra de equipamentos para o metrô de São
Paulo”.
E acrescentou ainda o ministro da Justiça: “ É meu dever ético e
jurídico encaminhar à Polícia Federal e ao Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade) qualquer denúncia que chegue até mim, não
importa contra quem quer que seja, o ministro tem que pedir
investigação. Senão é prevaricação”.
O ministro Cardozo é movido pelo senso de justiça que sempre o
caracterizou. No caso de São Paulo, três pontos são inquestionáveis.
Senão, vejamos: O primeiro é que a multinacional Siemens confessou ter
atuado em um cartel entre 1998 e 2008 com o objetivo de partilhar obras e
elevar o preço das concorrências em São Paulo. Gigantes como a Alstom, a
Bombardier, a CAF e a Mitsui teriam integrado o esquema; o segundo é a
condenação, na Suíça, de um ex-diretor da CPTM acusado de lavar
dinheiro de corrupção; por fim, uma conta atribuída a Robson Marinho,
que foi chefe da Casa Civil de Covas, foi bloqueada no mesmo país por
suspeita de ter recebido propina.
As investigações do caso Alstom e Siemens começaram em 2004 na
Suíça. Com o acúmulo de provas, a partir de 2008, a Liderança do PT na
Assembleia Legislativa de São Paulo entrou com mais de 15
representações nos ministérios públicos estadual e federal, que
denunciavam direcionamento nas licitações para aquisição e reformas de
trens, construção e extensão de linhas metroferroviárias no estado de
São Paulo. Denunciou prática de corrupção, formação de cartel, lavagem
de dinheiro, pagamento de propinas a autoridades públicas e
prorrogações ilegais de contratos. O Ministério Público alemão condenou a
Siemens e apontou pagamento de propinas de R$ 24,4 milhões para
funcionários de alto escalão do governo do PSDB.
É falacioso dizer, como fez o senador Aécio Neves (PSDB-MG) , que
tudo não passa de uma reedição do episódio dos “aloprados”, quando
petistas foram presos com dinheiro que seria supostamente usado para
comprar um dossiê contra Serra.
A atuação das bancadas estadual e federal se pauta dentro das
prerrogativas do trabalho parlamentar, entre as quais se inclui a função
de fiscalizar as ações do Executivo, diferente de como age o governador
tucano Geraldo Alckmin que, ciente das denúncias que apresentam fatos
relevantes e robustos sobre a existência de cartel, desconsiderou o
Ministério Público e criou uma Comissão de Notáveis que, até o momento,
não apresentou nenhum resultado.
Foi ótimo os deputados do PSDB se pronunciarem sobre as tentativas do
PT de politizar as denúncias do propinoduto do metrô de São Paulo. Os
fatos, por si sós, estão agora desmentindo mais claramente todos os
discursos que os tucanos vêm fazendo aqui e em São Paulo. Os órgãos de
investigação de São Paulo e os de nível federal já têm provas
suficientes para fazer o elo entre as empresas corruptoras e os altos
escalões do tucanato.
As justiças da Suiça e da Alemanha vão na mesma linha. As falas dos
tucanos só podem ser justificadas por uma questão de desespero, pois
eles sabem que é questão de tempo o esclarecimento das perigosas e
danosas relações do PSDB paulista com o refinado esquema de corrupção
que está vindo à tona.
(Publicado originalmente no site Viomundo)
A opinião pública tratada como gado.
O documentado condomínio entre o PSDB, cartéis e a prática sistêmica de sobrepreço nas licitações do metrô paulista era do conhecimento da mídia desde 2009.
A régua seletiva da emissão conservadora vive mais uma quadra de exibição pedagógica.
Vísceras, troncos e membros do grupo proprietário do Hotel Saint Peter, em Brasília, no qual trabalhará o ex-ministro José Dirceu, por apreciáveis R$ 20 mil, diga-se – se fossem R$ 5 mil ou R$ 10 mil as suspeitas seriam menores?-- estão sendo trazidos a público em cortes sugestivos.
Chegam desossados e moídos.
Salgados e pré-cozidos, basta engolir, sendo facilmente digeríveis em sua linearidade.
Sem guarnição, recomenda o chef.
Assim costuma ser, em geral, com as informações que formam o cardápio de fatos ou acusações relacionados ao PT.
Uma farofa seca de areia com arame farpado.
E assim será com o exercício do regime semiaberto facultado ao ex-ministro.
A lente da suspeição equivale desde já a um segundo julgamento.
Com as mesmas características do primeiro.
Recorde-se o jornalismo associado ao crime organizado que não hesitou em invadir o quarto de hotel do ex-ministro, em Brasília, para instalar aparelhos de escuta, espionar gente e conversas no afã de adicionar chibatadas ao pelourinho da AP 470.
O cenário esquadrejado em menos de uma semana –o emprego foi contratado na última 6ª feira— diz que não será diferente agora.
O dono do hotel é filiado a partido da base do governo (PTN), revela a Folha. Tem negócios na área da comunicação. Uma de suas emissoras, a Top TV, com sede em Francisco Morato (SP), conquistou recentemente o direito de transferir a antena para a Avenida Paulista.
Suspeita.
A Anatel informa que não, a licença foi antecedida de audiência pública. Sim, mas a Folha desta 5ª feira argui tecnicalidades, cogita riscos de interferência em outros canais etc
Não só.
Dono também de rádios, o empregador de Dirceu operou irregularmente uma antena instalada em terraço do Saint Peter, diz o jornal ainda sem mencionar o andar.
Deve ser o 13º.
A mesma Folha investiga ainda encontros do empresário --membro de partido da base aliada-- com o ministro Paulo Bernardo. Da Comunicação. A esposa do ministro é pré-candidata ao governo do Paraná..
Vai por aí a coisa.
Alguém com o domínio de suas faculdades mentais imaginaria que o ex-ministro José Dirceu, um talismã eleitoral lixiviado há mais de cinco anos no cinzel conservador, obteria um emprego em qualquer latitude do planeta sem a ajuda de aliados ou amigos?
O ponto a reter é outro.
Avulta dessa blitzkrieg uma desconcertante contrapartida de omissão: quando se trata de cercar pratos compostos de personagens e enredos até mais explosivos, extração diversa, impera a inapetência investigativa.
O braço financeiro da confiança de José Serra, Mauro Ricardo, seria um desses casos de inconcebível omissão se as suas credenciais circulassem na órbita do PT?
A isso se denomina jornalismo de rabo preso com o leitor?
Tido como personalidade arestosa, algo soberba, Mauro Ricardo reúne predicados e rastros que o credenciariam a ser um ‘prato cheio’ do jornalismo investigativo.
O economista acompanha Serra desde quando o tucano foi ministro do Planejamento (1995/96); seguiu-o na pasta da Saúde (1998/2002), sendo seu homem na Funasa, de cujos funcionários demitidos Serra ganharia então o sonoro apelido de ‘Presidengue’, na desastrosa derrota presidencial de 2002.
Nem por isso Mauro Ricardo perdeu a confiança do chefe, sendo requisitado por Serra quando este assumiu a prefeitura de São Paulo, em 2004/2006, ademais de acompanha-lo, a seguir, no governo do Estado.
Quando o tucano foi derrotado pela 2ª vez nas eleições presidenciais de 2010, Mauro Ricardo voltou ao controle do caixa da prefeitura, sob a gestão Kassab.
Esse, o trajeto da caneta que mandou arquivar as investigações contra aquilo que se revelaria depois a maior lambança da história da administração pública brasileira: o desvio de R$ 500 milhões do ISS de São Paulo, drenados ao longo do ciclo Serra/Kassab por uma máfia de fiscais sob a jurisdição de Mauro Ricardo.
O que mais se sabe sobre esse centurião?
Muito pouco.
Seus vínculos, eventuais negócios ou sócios, círculos de relacionamento e histórias da parceria carnal com o candidato de estimação da mídia conservadora nunca mobilizaram esforço investigativo equivalente ao requisitado na descoberta de uma antena irregular num terraço do Hotel Saint Peter, em Brasília.
Evidencia-se a régua seletiva.
Que faculta ao tucano Aécio –e assemelhados- exercitar xiliques de indignação ante as evidências de uma fusão estrutural entre o tucanato de SP, cartéis multinacionais e a prática sistêmica de sobrepreço nas compras do metrô paulista - desde o governo Covas.
Dados minuciosos do longevo, profícuo matrimônio, são conhecidos e circulam nos bastidores da mídia, de forma documentada, desde 2009.
Quem confessa é o jornal Folha de SP desta 5ª feira.
Repita-se, o repórter Mario Cesar Carvalho admite, na página 11, da edição de 28/11/2003 do jornal, que se sabia desde 2009 da denúncia liberada agora pelo ‘Estadão’ –cujo limbo financeiro pode explicar a tentativa de expandir o universo leitor com algum farelo de isenção.
Por que em 2009 esse paiol não mereceu um empenho investigativo ao menos equivalente ao que se destina aos futuros empregadores de José Dirceu?
O calendário político da Folha responde.
Em 2010 havia eleições presidenciais; o jornal preferiu investir na ficha falsa da Dilma a seguir os trilhos do caixa 2 tucano em SP.
No seu conjunto, a mídia tocava o concerto do ‘mensalão petista’. Dissonâncias não eram, nem são bem-vindas.
Transita-se, portanto, em algo além do simples desequilíbrio editorial.
Temas ou versões conflitantes com a demonização petista mereceram, ao longo de todos esses anos, o destino que lhes reserva a prática dos elegantes manuais de redação: ouvir o outro lado, sem nunca permitir que erga a cabeça acima da linha da irrelevância.
Assim foi, assim é.
Só agora – picados e salgados os alvos em praça pública-- o pressuroso STF lembrou-se de acionar o Banco do Brasil para cobrar o suposto assalto aos ‘cofres públicos’ da AP 470.
Pedra angular das toneladas de saliva com as quais se untou os autos do maior julgamento-palanque da história brasileira, só agora, encerrado o banquete, cogita-se do prato principal de R$ 70 milhões esquecido na cozinha?
O esquecimento serviu a uma lógica.
Até segunda ordem, perícia rigorosa providenciada pelo BB ofereceu uma radiografia minuciosa de recibos e provas materiais dando conta do uso efetivo do dinheiro nas finalidades de patrocínio e publicidade contratadas.
O documento capaz de trincar a abóboda da grande narrativa conservadora, nunca mereceu espaço à altura de seus decibéis no libreto dominante.
Ao mesmo tempo, o que a Folha admite agora, como se isso mitigasse o escândalo do metrô (‘Papéis que acusam o PSDB circulam há mais de quatro anos’) corrobora a percepção de que estamos diante de uma linha de coerência superlativa.
Ela traz a marca de ferro do que de pior pode ostentar quem se evoca a prerrogativa da informação isenta.
‘Cumplicidade’ diz o baixo relevo inscrito nas páginas e na pele daqueles que ironicamente, destinaram à opinião pública, durante todos estes anos, o livre discernimento que se dispensa ao gado na seringa do abate.
Vísceras, troncos e membros do grupo proprietário do Hotel Saint Peter, em Brasília, no qual trabalhará o ex-ministro José Dirceu, por apreciáveis R$ 20 mil, diga-se – se fossem R$ 5 mil ou R$ 10 mil as suspeitas seriam menores?-- estão sendo trazidos a público em cortes sugestivos.
Chegam desossados e moídos.
Salgados e pré-cozidos, basta engolir, sendo facilmente digeríveis em sua linearidade.
Sem guarnição, recomenda o chef.
Assim costuma ser, em geral, com as informações que formam o cardápio de fatos ou acusações relacionados ao PT.
Uma farofa seca de areia com arame farpado.
E assim será com o exercício do regime semiaberto facultado ao ex-ministro.
A lente da suspeição equivale desde já a um segundo julgamento.
Com as mesmas características do primeiro.
Recorde-se o jornalismo associado ao crime organizado que não hesitou em invadir o quarto de hotel do ex-ministro, em Brasília, para instalar aparelhos de escuta, espionar gente e conversas no afã de adicionar chibatadas ao pelourinho da AP 470.
O cenário esquadrejado em menos de uma semana –o emprego foi contratado na última 6ª feira— diz que não será diferente agora.
O dono do hotel é filiado a partido da base do governo (PTN), revela a Folha. Tem negócios na área da comunicação. Uma de suas emissoras, a Top TV, com sede em Francisco Morato (SP), conquistou recentemente o direito de transferir a antena para a Avenida Paulista.
Suspeita.
A Anatel informa que não, a licença foi antecedida de audiência pública. Sim, mas a Folha desta 5ª feira argui tecnicalidades, cogita riscos de interferência em outros canais etc
Não só.
Dono também de rádios, o empregador de Dirceu operou irregularmente uma antena instalada em terraço do Saint Peter, diz o jornal ainda sem mencionar o andar.
Deve ser o 13º.
A mesma Folha investiga ainda encontros do empresário --membro de partido da base aliada-- com o ministro Paulo Bernardo. Da Comunicação. A esposa do ministro é pré-candidata ao governo do Paraná..
Vai por aí a coisa.
Alguém com o domínio de suas faculdades mentais imaginaria que o ex-ministro José Dirceu, um talismã eleitoral lixiviado há mais de cinco anos no cinzel conservador, obteria um emprego em qualquer latitude do planeta sem a ajuda de aliados ou amigos?
O ponto a reter é outro.
Avulta dessa blitzkrieg uma desconcertante contrapartida de omissão: quando se trata de cercar pratos compostos de personagens e enredos até mais explosivos, extração diversa, impera a inapetência investigativa.
O braço financeiro da confiança de José Serra, Mauro Ricardo, seria um desses casos de inconcebível omissão se as suas credenciais circulassem na órbita do PT?
A isso se denomina jornalismo de rabo preso com o leitor?
Tido como personalidade arestosa, algo soberba, Mauro Ricardo reúne predicados e rastros que o credenciariam a ser um ‘prato cheio’ do jornalismo investigativo.
O economista acompanha Serra desde quando o tucano foi ministro do Planejamento (1995/96); seguiu-o na pasta da Saúde (1998/2002), sendo seu homem na Funasa, de cujos funcionários demitidos Serra ganharia então o sonoro apelido de ‘Presidengue’, na desastrosa derrota presidencial de 2002.
Nem por isso Mauro Ricardo perdeu a confiança do chefe, sendo requisitado por Serra quando este assumiu a prefeitura de São Paulo, em 2004/2006, ademais de acompanha-lo, a seguir, no governo do Estado.
Quando o tucano foi derrotado pela 2ª vez nas eleições presidenciais de 2010, Mauro Ricardo voltou ao controle do caixa da prefeitura, sob a gestão Kassab.
Esse, o trajeto da caneta que mandou arquivar as investigações contra aquilo que se revelaria depois a maior lambança da história da administração pública brasileira: o desvio de R$ 500 milhões do ISS de São Paulo, drenados ao longo do ciclo Serra/Kassab por uma máfia de fiscais sob a jurisdição de Mauro Ricardo.
O que mais se sabe sobre esse centurião?
Muito pouco.
Seus vínculos, eventuais negócios ou sócios, círculos de relacionamento e histórias da parceria carnal com o candidato de estimação da mídia conservadora nunca mobilizaram esforço investigativo equivalente ao requisitado na descoberta de uma antena irregular num terraço do Hotel Saint Peter, em Brasília.
Evidencia-se a régua seletiva.
Que faculta ao tucano Aécio –e assemelhados- exercitar xiliques de indignação ante as evidências de uma fusão estrutural entre o tucanato de SP, cartéis multinacionais e a prática sistêmica de sobrepreço nas compras do metrô paulista - desde o governo Covas.
Dados minuciosos do longevo, profícuo matrimônio, são conhecidos e circulam nos bastidores da mídia, de forma documentada, desde 2009.
Quem confessa é o jornal Folha de SP desta 5ª feira.
Repita-se, o repórter Mario Cesar Carvalho admite, na página 11, da edição de 28/11/2003 do jornal, que se sabia desde 2009 da denúncia liberada agora pelo ‘Estadão’ –cujo limbo financeiro pode explicar a tentativa de expandir o universo leitor com algum farelo de isenção.
Por que em 2009 esse paiol não mereceu um empenho investigativo ao menos equivalente ao que se destina aos futuros empregadores de José Dirceu?
O calendário político da Folha responde.
Em 2010 havia eleições presidenciais; o jornal preferiu investir na ficha falsa da Dilma a seguir os trilhos do caixa 2 tucano em SP.
No seu conjunto, a mídia tocava o concerto do ‘mensalão petista’. Dissonâncias não eram, nem são bem-vindas.
Transita-se, portanto, em algo além do simples desequilíbrio editorial.
Temas ou versões conflitantes com a demonização petista mereceram, ao longo de todos esses anos, o destino que lhes reserva a prática dos elegantes manuais de redação: ouvir o outro lado, sem nunca permitir que erga a cabeça acima da linha da irrelevância.
Assim foi, assim é.
Só agora – picados e salgados os alvos em praça pública-- o pressuroso STF lembrou-se de acionar o Banco do Brasil para cobrar o suposto assalto aos ‘cofres públicos’ da AP 470.
Pedra angular das toneladas de saliva com as quais se untou os autos do maior julgamento-palanque da história brasileira, só agora, encerrado o banquete, cogita-se do prato principal de R$ 70 milhões esquecido na cozinha?
O esquecimento serviu a uma lógica.
Até segunda ordem, perícia rigorosa providenciada pelo BB ofereceu uma radiografia minuciosa de recibos e provas materiais dando conta do uso efetivo do dinheiro nas finalidades de patrocínio e publicidade contratadas.
O documento capaz de trincar a abóboda da grande narrativa conservadora, nunca mereceu espaço à altura de seus decibéis no libreto dominante.
Ao mesmo tempo, o que a Folha admite agora, como se isso mitigasse o escândalo do metrô (‘Papéis que acusam o PSDB circulam há mais de quatro anos’) corrobora a percepção de que estamos diante de uma linha de coerência superlativa.
Ela traz a marca de ferro do que de pior pode ostentar quem se evoca a prerrogativa da informação isenta.
‘Cumplicidade’ diz o baixo relevo inscrito nas páginas e na pele daqueles que ironicamente, destinaram à opinião pública, durante todos estes anos, o livre discernimento que se dispensa ao gado na seringa do abate.
(Publicado originalmente no portal Carta Maior)
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Tijolaço do Jolugue: A guerra do Maranhão.
O comitê de reeleição de Dilma Rousseff deverá se reunir no Planalto,
neste sábado. Sobre a mesa, um mapeamento detalhado em relação à
situação da coalizão governista em cada Estado da Federação. Mais uma
vez, a cúpula do PMDB vai exigir de
Dilma apoio ao nome que a família Sarney indicar para disputar o
Governo do Estado do Maranhão. Aquele Estado proporcionará uma das
disputas mais renhidas das eleições de 2014. São quase cinco décadas de
uma hegemonia política que poderão ser quebrados, caso a oposição assuma
o comando político do Estado, desbancando o clã Sarney. Eles estão
acuados. As manifestações de rua que ocorreram em São Luiz, entre outras
coisas, propuseram o fim dessa hegemonia política que penaliza um dos
Estados mais pobres da Federação. Neste vácuo, ganharam força as
candidatura de opositores como Flávio Dino(PCdoB) e Eliziane Gama(PPS).
Até o momento, Flávio lidera todas as pesquisas de opinião, mas os
arranjos políticos são complicados na terra dos Sarney. O PCdoB gostaria
muito que o Planalto apoiasse o nome de Flávio, uma hipótese pouco
provável, diante das contigências impostas pelo PMDB, que já ameaçou o
Planalto de retaliações caso isso ocorra. Está em curso até um plano "B"
com objetivo de viabilizar o nome da atual governadora, Roseana Sarney,
para o Senado Federal. Roseana seria uma espécie de fiscal da oposição,
criando embaraços políticos para o governador. O PSB do governador
Eduardo Campos esboçou apoio ao nome de Flávio Dino, mas, depois de
reatar o diálogo com o PPS de Roberto Freire, há, concretamente, a
possibilidade de o partido retirar o apoio a Dino e apoiar o nome de
Eliziane Gama(PPS), uma jovem liderança política surgida em Imperatriz,
que também vem representando uma dor de cabeça para os Sarney. O clã
Sarney ainda estuda a possibilidade de lançar o nome do Ministro das
Minas e Energia, Édson Lobão, fiel escudeiro da família, mas esse não se
sente muito motivado. As primeiras pesquisas de intenção de voto
apontam a liderança de Flávio Dino (PCdoB), com 60%. O Maranhão,
portanto, promete uma das disputas mais acirradas do pleito de 2014.
Vamos acompanhar de perto o que ocorre por ali.
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
Tijolaço do Jolugue: PPS na iminência de fechar um acordo com o PSB
Permanecem as costuras entre o PPS e o PSB. Ainda neste final se
semana, possivelmente, o líder do PPS, o pernambucano Roberto Freire,
deverá ter um encontro com o governador Eduardo Campos com
o objetivo de fechar alguns acordos, mesmo diante das dificuldades de
construir um consenso na legenda pós-comunista, que sempre gravitou em
torno dos tucanos. Basicamente, os pós-comunistas se dividem em três
posições: uma candidatura própria; a permanência na esfera de influência
tucana, emprestando apoio ao candidato Aécio Neves; e uma ala que pode
seguir a orientação do seu líder no sentido de apoiar o nome do
governador Eduardo Campos. Caso o acordo seja fechado, Roberto exigirá
de Campos algumas contrapartidas. Entre elas, o apoio do PSB ao nome de
Eliziane Gama, uma jovem liderança política do Maranhão que, assim como
Flávio Dino, está trazendo algumas dores de cabeça para o clã Sarney.
Mesmo com uma agenda apertada, Eliziane encontrou um tempinho para dar
uma passadinha no último encontro do PSB naquele Estado. Muda um pouco a
correlação de forças naquela quadra, uma vez que o PSB estava
praticamente fechado com a candidatura de Flávio Dino, do PCdoB.
Tijolaço do Jolugue: Vicente Matheus: "Quem sai na chuva é para se queimar", governador.
Vicente Matheus foi um folclórico dirigente do Corinthians. Talvez o
seu dirigente mais fanático. Assim como o ex-presidente, Jânio Quadros,
responsável pelas tiradas mais
engraçadas do folclore político brasileiro. Vicente costumava dizer que
"Quem sai na chuva é para se queimar". Isso vem a propósito de uma
recusa do governador Eduardo Campos em participar de um programa de
entrevistas, o Cidade Viva, mantido por uma empresa de comunicação
local. Até entendo que a agenda do governador está "apertada", mas, a
sua condição de homem público, que deve satisfações aos seus eleitores e
à sociedade como um todo, não lhes facultaria esse disparate. Como se
trata de um programa onde não seria possível combinar com antecedência
as perguntas dos cidadãos, certamente, temendo alguns questionamentos
embaraçosos, sua assessoria resolveu aconselhá-lo a não se expor
demasiadamente. Já existiam mais de 200 perguntas dirigidas ao
governador. Sua participação no Programa do Jô foi muito comedida,
conforme comentamos. Algumas "regras" desses programas apenas contribuem
para "engessar" os participantes, tornando tudo tão previsível que é
melhor mudar de canal. O formato do "Cidade Viva", pelo que nos parece,
nos proporcionaria uma debate mais substantitivo. Ultimamente, com o
bloco na rua, o governador vem recebendo uma saraivada de críticas ao
seu Governo. Até mesmo a área de segurança pública - a menina dos olhos
verdes - começou a ser chamuscada diante uma possível postura
autoritária assumida com relação aos manifestantes dos protestos de rua.
A caixa-preta do Governo Estadual já foi aberta. Uma longa matéria do
Jornal Valor Econômico, por exemplo, evidencia que no Estado adotou-se
um modelo de crescimento onde as questões ambientais e sociais foram
relegadas a um segundo plano. O IDH do Estado, segundo essa mesma
publicação, estacionou ou apresentou curva descendente nos últimos anos.
Pouca coisa mudou em relação ao IDEB. Não entendo muito bem de
economia, mas os altos índices do PIB estadual foram obtidos através de
um modelo que não privilegiou os empregos locais, além da adoção de uma
política de renúncia fiscal não necesariamente salutar aos interesses da
população como um todo. Há algum tempo venho observando que na UFPE
está surgindo um grupo de reflexões críticas ao Governo de Eduardo
Campos. Talvez não fosse um bom momento para ele se recusar a defender o
seu Governo.
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Ao gosto do freguês, por Michel Zaidan Filho.
Estava eu na antesala de um canal de TV, esperando a minha hora de
participar em um debate, quando ouvi uma confissão preciosa de um dos
donos de um instituto de pesquisas de opinião em Pernambuco. Dizia ele
com extrema franqueza que sabia da existência de vários institutos que
vendiam pontos de avaliação das candidaturas, de acordo com o gosto e as
posses do freguês.
Dessa forma, seria possível fazer o plano amostral, colher as respostas e
produzir resultados de acordo com a vontade expressa do contrante e o
pagamento da pesquisa. Mas ressalvava ele, o seu instituto não fazia
isso, porque o maior capital de uma empresa de pesquisa era sua
credibilidade junto á opinião pública.
Ora, todo esse preâmbulo foi só para comentar os resultados de uma
pesquisa recentemente publicada em jornal da cidade, dando conta da
aprovação por parte de 70% dos entrevistados a gestão do "perfeito"
Geraldo Júlio. Quando vi a publicação do resultado dessa pesquisa de
opinião, me lembrei imediatamente da cândida confissão do empresário das
pesquisas. A pesquisa encomendada por um gestor ou seu partido, para
ser publicizada em jornais diários, é semelhante a uma manobra
publicitária: ou ela mascara a realidade, produzindo o resultado
desejado (mediante pagamento) ou ela é uma visão parcial, momentânea do
estado de espirito dos entrevistados. Jamais será fruto de uma análise
criteriosa do conjunto do plano de gestão.
Porque se fosse, o resultado seria totalmente diferente. A palavra de
ordem dessa administração "cripto-eduardista" é imobilidade conjugada
com especulação imobiliária. Nunca um gestor produziu um resultado tão
contrário ao que prometeu em campanha eleitoral, como o
atual-quase-virtual prefeito do Recife.
Prometendo, com o apoio do governador e da presidente da república,
construir maravilhosas avenidas do futuro, que partiriam de não se sabe
da onde até o centro da cidade, em via expressa, rápida, barata e
confortável, o gerente do governador nos deu o inferno, não de Dante,
mais dos pobres usuários que necessitam se locomover pelos principais
corredores de trânsito da cidade , hoje todos atravancados com entulhos,
cavaletes, canaletas etc. Um homem que veio da pasta do planejamento,
nunca ouviu falar na necessidade de planejar as obras viárias da
capital, para não imobilizá-la de vez, fazendo as pessoas perderem 2,3,4
horas num trânsito abarrotado de carros particulares, com um único
passageiro (o motorista)?
Outro ponto grave, gravíssimo é a liberdade absoluta para os negócios da
especulação imobiliária no Recife. Ou a chamada "urbanização vertical".
Cadê o planejamento urbano, o disciplinamento da ocupação do solo
urbano, a proibição da invasão das Zeis e Prezeis ou áreas de interesse
social ou público? Não existe mais?
Está "liberado geral" para os empresários da construção civil, aju dados
pelas PPP da vida, pela renúncia fiscal e a autorização para destruir
áreas de mangue ou de preservação ambiental? - E o impacto
sócio-ambiental desse modelo? - O acúmulo dos resíduos sólidos gerados
pelos aglomerados urbanos desses empreendimentos imobiliários? A
poluição sonora? A quantidade carros particulares por apartamento?
É por essas e outras, que essa pesquisa deve ter sido realizada em Marte
ou em Júpiter, não com certeza no calderação rodoviário e imobiliário
do Recife.
Michel Zaidan Filho, sociólogo e professor da Universidade Federal de Pernambuco
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