pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Crônica: De que adianta se o Recife está longe, a saudade é tão grande...
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sexta-feira, 22 de junho de 2018

Crônica: De que adianta se o Recife está longe, a saudade é tão grande...





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José Luiz Gomes



Que eu até me embaraço. Umas das melhores satisfações de quem escreve é o feedback dos seus leitores. Quando publicava meus artigos de politica num jornal local, fazia questão de responder a todos que comentavam o assunto, inclusive a um deles que atendia pelo codinome de Lins, que hoje se sabe tratar-se uma pessoa escalada para bater deliberadamente nos críticos de um grupo político do Estado. Tenho um profundo respeito por esses comentários, que, críticos ou elogiosos, sempre nos ajudam no sentido de corrigir algumas imperfeições do texto, dos argumentos expostos, equívocos de informações. Por outro lado, isso também se constitui num indicador da capacidade de convivência democrática de quem escreve.

Quando tinha apenas 08 anos de idade, Gilberto Freyre, de acordo com os seus biógrafos, abandonou o bairro de Apipucos, onde vivia, e fugiu para Olinda. Depois, já adulto, escreveria um guia sentimental da cidade. Estas são as únicas informações sobre este episódio na vida do autor de Casa Grande & Senzala. Ocorreu lembrar desse episódio depois de ler, numa revista de circulação nacional, uma descrição apavorante - este é o termo - sobre o Rio Capibaribe. Ora, em épocas passadas este rio ganhou até homenagem em poema do poeta Manuel Bandeira, amigo de Gilberto Freyre. Mas, as homenagens ao rio não se limitaram ao poema de Manuel Bandeira. Grandes compositores o incluíram em suas canções, por tratar-se de um rio que se confunde com a própria cidade do Recife. Numa de nossas últimas crônicas, afirmamos que a música Recife Manhã de Sol do compositor J. Michiles, era a cara do Recife. Uma leitora discordou e a crônica de hoje é dedicada a esta leitora. 


Na realidade, ela nos critica por termos escolhido a música do J.Michiles como a música símbolo em homenagem ao Recife. Não creio ter cometido aqui alguma injustiça, leitora, embora compreenda que as músicas e os autores citados, de fato, produziram verdadeiras obras-primas em homenagem à Veneza brasileira. Tem coisa mais linda do que ouvir um Frevo nº03, de Antônio Maria, por exemplo:

Sou do Recife
Com orgulho e com saudade
Sou do Recife
Com vontade de chorar
E o rio passa
Levando barcaça
Pro alto do mar
E em mim não passa
Essa vontade de voltar
Recife mandou me chamar
Capiba e Zumba
Esta hora onde é que estão?
Inês e Rosa
Em que reinado reinarão?
Ascenso me mande um cartão


Rua antiga da Harmonia
Da Amizade, da Saudade e da União
São lembranças noite e dia
Nelson Ferreira toque aquela introdução


Ou mesmo o Frevo nº 02, do mesmo Antônio Maria, na voz de Maria Betânia.

Ai, ai, saudade
Saudade tão grande
Saudade que eu sinto
Do Clube dos Pás, dos Vassouras
Passistas traçando tesouras
Nas ruas repletos de lá
Batidas de bumbo
São maracatus retardados '
Que voltam pra casa cansados
Com seus estandartes pro ar
Quando eu me lembro
O Recife tá longe
A saudade é tão grande
Eu até me embaraço
Parece que eu vejo
O Haroldo Matias no passo
Valfrido e Cebola, Colasso
Recife tá perto de mim
Saudade que eu tenho

São maracatus retardados
Que voltam pra casa cansados
Com seus estandartes pro ar



São coisas assim que nos emocionam bastante leitora. Até te entendo, amiga, mas a escolha do Michiles não foi absolutamente injusta. 

 

Vejo o Recife prateado
À luz da lua que surgiu
Há um poema aos namorados
No céu e nas águas dos rios
Um seresteiro, um violão
Anunciando o amanhecer
Um sino ao longe a badalar
Recife inteiro vai render
Ave Maria ao pé do altar

Bumba-meu-boi, Maracatu
Recife dos meus carnavais
Não vejo mais sinhá mocinha
Á luz de um lampião de gás
És primavera dos amores
Do horizonte és arrebol
Vai madrugada serena
Traz delirante poema
Recife manhã de sol




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