Até recentemente, a Fundação Getúlio Vargas Social divulgou seu relatório de pesquisa sobre a condição de pobreza e extrema pobreza da sociedade brasileira. Os números são estarrecedores, indicando que o país nunca empobreceu tanto em tão pouco tempo. O Brasil, para ser mais preciso, enfrenta uma crise política e social sem precedentes. Atualmente, somos a democracia mais vulnerável do mundo. A democracia política e a democracia econômica estão perigosamente ameaçadas.
Como se sabe, uma combinação explosiva, pois quem passa fome não teria muito a apostar num regime político que não atende às suas demandas elementares. Há um ambiente fértil para a desconstrução do ambiente democrático, numa evidente vulnerabilidade às pregações das patologias políticas. Historicamente, este hiato entre democracia política e democracia econômica sempre se constituiu num entrave à consolidação de nossa jovem democracia, sempre susceptível aos solavancos autoritários.
De acordo com aquela instituição, somente entre os anos de 2020 e 2021, 11 milhões de brasileiros e brasileiras foram jogados no limbo da pobreza. 76 milhões encontram-se na situação de insegurança alimentar, ou seja, não estão seguros sobre a refeição seguinte. Um percentual bastante expressivo desse montante são negros e encontram-se no Nordeste, expondo as vísceras do nosso racismo estrutural e das desigualdades regionais.
Agora, por ocasião das férias de julho, onde ocorre o recesso escolar, bate um desespero nas mães, por encontrarem-se sem condições de assegurar as refeições do filhos no ambiente familiar. Esses bilhões que estão sendo gastos por essas PECs de ocasião ou através do orçamento secreto, possivelmente, seriam muito bem vindo, se empregados de forma consciente, permanente, através de programas estruturadores, para enfrentar o drama da fome no país, denunciado pelo sociólogo Josué de Castro desde a década de 40 do século passado.
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