Expirado o prazo para a apresentação das atas de votação que, teoricamente, dariam a vitória a Nicolás Maduro na Venezuela, países como os Estados Unidos, o Uruguai, o Peru, o Equador e a Argentina começam a reconhecer Gonzáles como o presidente eleito da Venezuela nas eleições realizadas no último domingo. O país mergulhou numa espiral de instabilidade política bastante complicada. Mais de uma dezena de pessoas foram mortas e estima-se que 1200 pessoas estão presas por protestarem contra o resultado oficial apresentado pelo CNE, o que corresponde ao TSE brasileiro.
O ex-presidente Jânio Quadros costumava afirmar que intimidade gerava filhos e aborrecimentos. A relação de intimidade do CNE com o chavismo impossibilita a sua condição isenta de árbitro legítimo das eleições do último domingo. Este é o perigo de envolver negócios públicos com as instituições que, num regime democrático, precisam guardar as reservas necessárias. Até recentemente, um árbitro de surf das olimpíada de Paris foi afastado da competição por ter tirado uma foto com um competidor. Por mais que ele viesse a atuar com o profissionalismo que o habilitou ao posto, alguém poderia questionar.
Nas instituições democráticas, quando isso ocorre, tais instituições caem no descrédito e perdem a sua condição de arbitrar contendas entre os atores com a independência necessária que se impõe. O CNE está longe de contornar o impasse sobre o resultado das eleições do domingo. A crise tende a agravar-se à medida em que se intensificam os protestos de rua.
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