Crédito da Foto: Blog do Magno Martins |
Uma característica que sempre distinguiu o PT no escopo do sistema partidário brasileiro era a centralização de suas decisões, ou seja, o que era decidido por sua instância máxima era acatado nas instâncias estaduais e municipais da legenda por todo o país. Ao longo do tempo, no entanto, essa centralização tomou contornos de oligarquização e burocratização, asfixiando outras características, a exemplo da democracia interna do partido, igualmente elogiada por inúmeros estudos. Hoje, decisões tomadas por essas instâncias internas, antes solenemente respeitadas, podem sofrer sanções quando não intervenções da Executiva Nacional, como ocorreu recentemente em João Pessoa, quando as prévias para a escolha do nome que concorreria à prefeitura municipal foi abolida.
Antes, a centralização cumpria o papel de observância das diretrizes ou resoluções do partido, permitindo que a coerência ou coesão pudessem ser observadas por todo o partido, nacionalmente. Num sistema federativo como o nosso e diante das oligarquias ou clãs estaduais que controlam os partidos políticos nos estados, naqueles tempos, tal centralização, de fato, poderia se constituir num ponto forte da legenda. Há dúvidas sobre se a mesma premissa se aplicaria à realidade atual. Um bom exemplo foi esta última nota infeliz de setores da direção da legenda reconhecendo a vitória de Nicolás Maduro na Venezuela, que desagradou profundamente amplos segmentos do partido, sobretudo aqueles atores que precisam do apoio popular.
Além de infeliz, tratou-se de uma nota burocrática, escrita por burocratas, que está produzindo vários ruídos e eventuais prejuízos eleitorais já nas próximas eleições municipais, uma vez que o teor está sendo sensivelmente explorada pela oposição. Ainda ontem, durante a convenção que homologou a candidatura de Ricardo Nunes como candidato a prefeito de São Paulo, ele tocou neste assunto, num petardo direto e certeiro contra o seu principal adversário neste momento, Guilherme Boulos, que conta com o apoio do Palácio do Planalto.
Formado por grupos políticos com diversas origens, o PT sempre manteve essa característica de pluralidade. É natural, portanto, que aqui em Pernambuco possamos falar não de um PT, mas de vários PT's. O PT que se consorciou ao projeto de Eduardo Campos passou a ser apelidado de PT queijo do reino, uma vez que era vermelho por fora e amarelo por dentro. Agora surgiu um PT lilás, numa alusão a integrantes da legenda que estão se aproximando do Palácio do Campo das Princesas. Um blog local destacou a presença do deputado estadual João Paulo(PT-PE) em evento de lançamento da candidatura de Elias Gomes como candidato à Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, vestindo uma impecável camisa lilás, a cor de preferência da governadora Raquel Lyra(PSDB-PE).
Quando João Paulo faz esses movimentos e insinua que setores do partido poderão não seguir a orientação da legenda no projeto de reeleição do prefeito João Campos(PSB-PE), ele possivelmente fala por aquele PT das bases, dos movimentos sociais, um PT mais autêntico. Não seria improvável que ele esteja certo neste sentido. Este PT ainda é aquele PT que usa as já surradas camisas vermelhas dos militantes de esquerda, sempre em homenagem ao guru Karl Marx. O vermelho era a cor preferido do teórico alemão.
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