pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : julho 2025
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sábado, 5 de julho de 2025

Editorial: Jantar em homenagem a Temer se transforma em articulação por nova federação.



Curiosamente, alguns ministros do Governo Lula 3, do MDB, estiveram presentes num jantar em homenagem ao ex-presidente Michel Temer. Eles vão alegar, coerentemente, que não poderiam recusar um convite formulado por um dos nomes mais proeminentes do partido. Por outro lado, há outros indicadores subjacentes. Até recentemente, rebento de uma das raposas mais cevadas do partido admitiu que, sem uma federação, o partido vai para a série "B" da política. Republicanos e MDB já conversam há algum tempo sobre a formação de uma possível federação. Pelo andar da carruagem política, a ideia inicial de Lula em propor uma chapa com aquele grêmio partidário, com o propósito de concorrer à reeleição em 2026, é algo fadado ao fracasso. 

Esse namoro com o Republicanos é mais um indicador de que o nome do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, continua fortalecido na corrida às eleições presidenciais de 2026, quando se sabe que Michel Temer e Gilberto Kassab estão afinando este violino. É quase certo que MDB e Republicanos fechem um acordo em torno deste assunto, ampliando sensivelmente a representação parlamentar de ambos os partidos. Isso, naturalmente, produzindo suas consequências em torno das políticas aliancistas nas quadras estaduais, a exemplo de Pernambuco, onde um dos nomes mais cotados para concorrer ao Senado Federal já está praticamente fechado com o prefeito João Campos, do PSB, que deverá ter o apoio de Lula para concorrer ao Palácio do Campo das Princesas.  

Até recentemente, o PSB praticamente fechou uma federação com o Cidadania. Não quis conversa com o PT, que deve permanecer com o seu cercadinho ideológico, ou seja, o PV e o PCdoB. Superada a contenda depois das audiências de conciliação no STF sobre a questão do aumento de impostos do IOF, sabe-se lá como Lula irá se comportar em relação à sua base aliada. Votaram contra o Governo na Câmara e chegaram a pedir ao STF que mantivesse a decisão tomada pela Legislativo em relação ao assunto, indicando uma absoluta dissonância de entendimento. 

Charge! Thiago Lucas via Jornal do Commércio.

 


Editorial: Começa a ganhar corpo a ideia de um semipresidencialismo no país.



Há alguns anos atrás, quando queríamos nos referir à crise de governabilidade no país, recorríamos sempre ao conceito de presidencialismo de coalizão, um conceito atribuído ao historiador e cientista político Luiz Felipe de Alencastro. Cabe a Alencastro, quando pouco, a popularização do conceito no país. Ao longo do tempo, o conceito deixou de dar conta da complexidade - e também das dificuldades - em se tornou a relação entre o Executivo e o Legislativo no país. Temos qualquer coisa, menos um presidencialismo de coalizão, onde, mesmo aos trancos e barrancos, ainda era possível construir alguma possibilidade de governabilidade, por vezes, quando do mensalão, por exemplo, de forma pouco republicana. Hoje, não mais. Se por, por um lado, o parlamento ganhou mais autonomia e relação ao orçamento, por outro lado, sua capacidade de legislar ficou comprometida. 

A declaração recente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, onde ele afirma que precisa recorrer ao STF se deseja governar é um atestado da falência do modelo de gestão governamental no país. É o próprio Supremo Tribunal Federal que tem esboçado, através de discursos dos seus membros, a necessidade de se encontrar uma outra alternativa de governo, como propôs recentemente o Ministro Gilmar Mendes, durante encontro em Lisboa, Portugal, onde aventou a proposta de um semipresidencialismo. A corda está muito esticada entre os Três Poderes da República. Na medida em que o Judiciário atende aos pleitos do Executivo, amplia as arestas junto ao Poder Legislativo, para alguns esvaziados, sempre que as suas decisões soberanas são revogadas. Nenhum poder pode ser muleta do outro. Cada qual no seu quadrado. 

Revoltado com a revogação do decreto do aumento do IOF pela Câmara dos Deputados e o Senado Federal, o Governo Lula 3 antecipou uma campanha publicitária que estava prevista para dar suporte de opinião pública em relação a isenção de imposto de renda para quem ganha até cinco salários mínimos. A campanha, literalmente, tirou o PT das cordas nas redes sociais, injetando um fôlego novo na militância, que já ganhou entusiasmo para convocar uma mobilização para Paulista, assim como fazem, com regularidade, os bolsonaristas. Curioso é que a campanha é do marqueteiro Otávio Antunes e não da Secom, como se poderia imaginar a princípio. 

Charge! Kleber Alves via Correio Braziliense.

 


sexta-feira, 4 de julho de 2025

Charge! Aroeira via Brasil 247

 


Editorial: "PobresXRicos" indica recuperação de popularidade do Governo Lula.


Há pouco líamos um texto onde a articulista questionava a insistência da Secom em dar prioridade, em suas campanhas de comunicação institucional, às redes sociais. O Governo Lula 3 apanha feio nas redes desde algum tempo. Desde 2013, para sermos mais precisos, quando a direita ou extrema direita ganhou as ruas, assumindo o protagonismo de um movimento de protestos que começou contra o aumento da tarifa de transporte público. Trata-se, na realidade de um projeto de poder meticulosamente pensado, planejado e executado, inclusive com a utilização de métodos sórdidos, que consiste na disseminação de fake news com o propósito de desacreditar seus opositores ou adversários. 

Entende-se a preocupação de Sidônio Palmeira, sobretudo quando se sabe que o Governo - seja ele qual for - quase sempre chega atrasado na comunicação de suas realizações. Não acompanha a velocidade e, consequentemente, não consegue desmentir a onde de boatos em tempo hábil, que se espalha feito rastilhos de pólvoras pelas big techs. Desta vez, no entanto, no caso do IOF, o tiro parece ter saído pela culatra para a Oposição. Juridicamente, o Ministro Alexandre de Moraes tornou sem efeito todas as decisões tomadas em relação ao IOF, aguardando-se uma reunião de conciliação entre Executivo e Legislativo, onde se espera que se construa algum consenso em torno do assunto.  

Do ponto de vista político, a campanha de taxação dos super ricos encetada pelo Secom e pelas redes sociais petistas, vingou e já anda incomodando os parlamentares em relação aos seus eventuais efeitos nas próximas eleições. Até as ruas sugere-se que o Governo está recuperando, se considerarmos as mobilizações do MTST na sede do Banco Itaú, na Faria Lima. Pesquisas internas confirmam que a popularidade do Governo Lula esboçou uma reação positiva com esta campanha. Já existe até lista de assinaturas circulando nas redes sociais em apoio à taxação dos super ricos.  

P.S.: Contexto Político: Na realidade, a campanha BBB do PT foi criada pelo marqueteiro Otávio Antunes. A previsão é que a campanha pudesse ser lançada daqui há alguns meses, ancorada na promessa de campanha do partido de isentar de imposto de renda que ganha até cinco mil reais. A derrubada do IOF antecipou a campanha, que está alcançando grande repercussão nas redes sociais, bem acima das expectativas e da performance do PT naquela arena. Desconhecemos se existe alguma relação entre Otávio Antunes e Sidônio Palmeira. 

Editorial: Direita devolve Lula aos braços dos pobres.

Crédito da Foto: Instagram do Diário de Pernambuco. 

A política tem algumas coisas curiosas. Lula é criticado por alguns setores mais autênticos - ou seriam radicais? - da esquerda por fazer, segundo esses críticos,  o jogo da direita. Isso dentro e fora do PT, uma vez que alguns dos postulantes à direção nacional da legenda, que terá eleição no próximo domingo, também defendem uma inflexão à esquerda do partido. Lula carrega essa pecha desde os momentos mais cruciais de sua atuação sindical, quando o então Ministro-Chefe da Casa Civil dos Governos Militares, o general Golbery do Couto e Silva, espécie de estrategista político do regime,  argumentava que os conservadores não teriam o que temer em relação aos  posicionamentos políticos do barbudo. Lula não era comunista, segundo avalizava o militar. Segundo esses setores, Lula foi usado pelas hostes conservadores para impedir a eleição de Leonel Brizola, este sim, alguém que poderia abalar as estruturas do sistema. Os radicais de esquerda tratam Lula como uma "cria" de Golbery. É preciso esclarecer aqui esses candidatos que concorrem à direção nacional da legenda defendendo uma inflexão à esquerda não chegam a dizer que Lula fez o jogo da direita, mas são críticos dessa conciliação conservadora. 

Por outro lado, eleito para um terceiro mandato nas circunstâncias em que foi eleito, exigia-se um Lula ainda mais moderado, fazendo um governo de conciliação, ampliando seus vínculos com setores conservadores da direita, excluindo-se tão somente os extremistas. Na realidade, tal condição até se impunha, uma vez que a direita venceu as últimas eleições no país. Lula até tentou, seja do ponto de vista da articulação com o Congresso, seja no tocante à gestão da máquina, onde integrantes do governo anterior continuaram exercendo cargos de confiança no Estado ou exercendo funções de conselheiros em estatais, caso da Eletrobras, com excelentes jetons, diga-se de passagem. Um deles foi indicado até para secretário-executivo de um ministério. 

Nos últimos meses esse distanciamento foi se ampliando, com derrotas sucessivas no Congresso, chegando ao limite da recusa de um convite a um membro de um partido da base aliada para assumir um ministério no Governo. Hoje, a dita base aliada- formada por partidos de centro-direita, a exemplo do União Brasil e PP - está completamente desmobilizada. Numa entrevista recente, o presidente nacional da federação União Progressista afirmou que um apoio da legenda ao projeto de reeleição de Lula é uma condição remotíssima. Até recentemente, Antonio Rueda era elogiado no Planalto por sua lealdade. O outro nome forte dessa federação, o senador Ciro Nogueira, segundo os escaninhos da política na capital federal, estaria na bolsa de apostas para integrar a chapa com o governador Tarcísio de Freitas à Presidência da República, na condição de candidato a vice.   

Acabamos de saber que o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, acaba de suspender as decisões do Executivo e do Legislativo no tocante ao aumento de impostos do IOF. O estrago, no entanto, já está feito. Aquilo que antes tratávamos aqui como indisposições e instabilidade institucional, hoje pode ser tratado como uma guerra declarada entre o Executivo e o Legislativo, antecipando, inclusive, a plataforma discursiva que poderá ser usada nas eleições de 2026. Já tem gente até erguendo a bandeira branca, incomodado com essa narrativa de que estão defendendo os interesses dos ricos, em detrimento dos mais humildes. O Planalto tem apostado todas as suas fichas de publicidade institucional nas redes sociais. Alguém andou sugerindo que isso poderia ser um equívoco. De fato pode, mas, no momento, o Governo surfa numa narrativa que vem obtendo aderência junto ao público, ou seja, apresentando Lula como uma espécie de Robin Hood. 

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


Charge! Thiago via Jornal do Commércio.

 


Editorial: Veta, Lula.


A polêmica em torno do aumento do IOF, como se diz na canção do compositor Chico Buarque de Holanda, pode ser a gota d'água que faltava para o copo transbordar no que concerne à relação entre os Três Poderes da República. Esta relação não tem sido harmoniosa faz algum tempo, mas, aos trancos e barrancos, eles vão sobrevivendo às inúmeras escaramuças armadas ao longo do tempo. Nesta questão do decreto do IOF, se o que resta da vaselina política não for devidamente empregada, podemos amargar alguns atropelos irreversíveis, como uma ruptura definitiva. Membros da Suprema Corte, sentindo o peso do ônus de uma decisão como esta, depois de sua judicialização, aconselham que o diálogo e a construção de um consenso seria o caminho mais prudente. 

Ontem ficamos sabendo que o nome de Nikolas Ferreira estaria sendo estimulado a assumir a relatoria da CPMI do INSS só para contrariar e colocar mais lenha na fogueira. Caberia, na realidade, ao PL indicar o relator, mas, convenhamos, haveria outros nomes menos inflamados ou polêmicos. Com Omar Aziz na direção dos trabalhos, talvez não passemos sequer do estágio das preliminares durante as sessões. É possível que entre em pauta o PL da Anistia, o que seria mais um petardo atirado contra o Planalto. Entendendo a complexidade do problema, sugere-se que Davi Alcolumbre esteja pensando em limitar o números de atores com prerrogativas para recorrer ao STF sempre que o Congresso toma uma decisão polêmica, a exemplo desta última do IOF. O PSOL, através do deputado Guilherme Boulos, também recorreu da decisão junto ao STF. Em entrevistas concedidas depois do episódio, o presidente Lula tem se mostrado enigmático. Ora afirma que não pode governar sem recorrer ao Supremo Tribunal Federal, ora afirma que isso não significa, necessariamente, que ele cortou o diálogo com o Congresso. 

Há uma campanha nas redes sociais, provavelmente encetada pelos hostes petistas, para que ele vete o aumento do número de deputados, projeto aprovado recentemente pela Câmara dos Deputados, contrariando a narrativa de corte de gastos e controle das contas públicas que o Legislativo cobra do Executivo. Para ser coerente com a narrativa dos próprios congressistas, Lula teria que vetar. Acreditamos que ele deverá vetar. Sugere-se que cruzamos a linha do diálogo e entramos na fase das escaramuças entre ambos os Poderes. Segundo especulou-se no dia de ontem, o2, o Ministro Alexandre de Moraes, antes de tomar uma decisão sobre o IOF, estaria propenso a jogar água nesta fervura entre Executivo e Legislativo, ou seja, tentaria construir um consenso sobre o assunto. 

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


Resenha do romance Tramas do Silêncio.



O romance reconstitui, historicamente, a decadência da industrialização têxtil no país, a partir de uma experiência observada na cidade-fábrica de Paulista, localizada na região Metropolitana do Recife, em Pernambuco. Durante o seu apogeu, o município ostentou a condição de maior polo têxtil da América Latina, situação que o coloca como um indicador seguro para entendermos como este ciclo de industrialização se deu em todo o Brasil, pois as indústrias do Grupo Lundgren, em Paulista, se constituíam numa espécie de termômetro ou parâmetro seguro para avaliarmos o que ocorria neste setor da economia no país como um todo. Este é o terceiro dos romances tratando deste assunto, abarcando o ciclo da industrialização têxtil no município desde às suas origens, com o romance Menino de Vila Operária; apogeu, com o romance Memórias de uma Cidade Tecida; e, finalmente, Tramas do Silêncio.   

Além de abordar o processo de decadência da indústria têxtil no município, o romance envereda pelas consequências daí decorrentes, uma vez que tudo, absolutamente tudo no município girava em torno dessa indústria, a Companhia de Tecidos Paulista. Como ficaria a cidade com o encerramento de suas atividades? O que fazer com o espólio de construções históricas do período? Qual a memória a ser preservada? A da oligarquia industrial – representada pelo clã da família Lundgren - ou a memória da luta dos trabalhadores e trabalhadoras por sua emancipação? A indústria fechou suas portas na década de 80 do século passado, mas, já na década de 60, refletia a crise no setor têxtil que se observava no plano nacional, de onde não haveria mais retorno, exceto pelo interregno da fase do Milagre Econômico Brasileiro, decorrente da fase inicial desenvolvimentista da ditadura militar implantada no país com o Golpe Civil-Militar de 1964. Milagre que durou muito pouco, pois o santo era de barro. O que perdurou por longos 21 anos foram os danos políticos e institucionais daí decorrentes, como a supressão de direitos, liberdades civis e a perseguição aos adversários, com seus reflexos no município, elementos que são, igualmente, tratados no romance. 

O texto está dividido em três partes. Na primeira parte abordamos os problemas enfrentados pela indústria têxtil naquele período histórico específico, envolvendo, inclusive, as sucessivas greves ali verificadas, aguçando, até o limite do possível, o conflito entre capital e trabalho. A greve de 1962 é a mais emblemática entre elas, pois ocorre num ambiente político extremamente favorável à classe trabalhadora, significando conquistas importantes, embora não duradouras, pois, logo em seguida, dois anos depois, ocorreu o Golpe Civil-Militar de 1964. Naquela oportunidade perdida para que o país pudesse encontrar o seu verdadeiro rumo, tínhamos na Presidência da República João Goulart e no Ministério do Trabalho, Almino Afonso. No Governo do Estado de Pernambuco, Dr. Miguel Arraes, que proibiu a sua Polícia Militar de reprimir as manifestações legítimas dos trabalhadores. 

A segunda parte enfoca as consequências da queda das atividades da indústria têxtil no município, pois existia um padrão de interdependência bastante acentuado entre esta indústria e os moradores locais, uma relação que extrapolava o caráter estritamente produtivo, atingido outras esferas, como a moradia - existia uma vila operária – assim como os roçados da companhia, que produziam alimentos para a população local. Naquele momento histórico específico, o município entrou numa fase de orfandade produtiva, talvez uma anomia social daí decorrente, pois a cadeia produtiva havia sido rompida. No seu período áureo, estima-se que a indústria têxtil do município chegou a empregar 20 mil trabalhadores em suas duas fábricas de tecidos.  O cinema, o Clube dos "assustados", os festejos tradicionais, a exemplo do Natal, período em que as chaminés ficavam iluminada e com uma grande estrela, algo que permaneceu na memória dos moradores locais durante décadas. 

Há uma discussão bastante interessante no texto sobre o papel das mulheres em todos os movimentos de contraposição entre capital e trabalho no município. Curiosíssimo este aspecto, uma vez que, ouvida pelo antropólogo José Sérgio Leite Lopes, uma fiandeira daquele período explica essa movimentação mais ativa das mulheres por uma razão aparentemente numérica. Afirma que sempre as mulheres foram maioria entre os empregados da companhia, uma explicação que não nos convenceu totalmente, principalmente quando se sabe que, mesmo o sindicato local sob intervenção, elas se dirigiam ao sindicato da Várzea para acompanharem as movimentações da categoria. Há até um fato emblemático aqui. Elas peitaram os coronéis para a liberação de uma hora nos seus turnos aos sábados para realizarem a feira.  

Na terceira e última parte, abordamos o quadro de ebulição política que exista no país naquele momento, no início da década de 60, de muita agitação política, sindical e estudantil, em torno das reformas de base que país reclamava, que envolvia questões relativas à reforma agraria, educação de adultos, entre outras, e como tal momento se refletia no município. Historicamente, como se sabe, tais reformas foram abortadas pelo golpe de classe articulado pelas forças conservadoras consorciadas com os militares, produzindo longos dias de trevas para o país. Como esses acontecimentos se refletiram entre os moradores do município, que registra casos de torturados, mortos e desaparecidos no período? Um dos casos mais emblemáticos neste aspecto é o que ficaria conhecido como o Massacre da Granja São Bento, onde seis guerrilheiros da VPR foram mortos, entre eles a paraguaia Soledad Barrett, de quem reproduzimos no texto seu último poema, que ela dedicou a sua mãe. 

Editorial: Por onde anda os bons exemplos de austeridade com o dinheiro público?



Nas redes sociais, estimulada por uma campanha do Planalto em favor do aumento de impostos do IOF, decreto do Executivo já derrotado pela Câmara dos Deputados, desencadeia-se uma verdadeira guerra entre pobres e ricos, com a participação efetiva da militância petista. O que ocorre, na realidade, é que ninguém deseja dá bons exemplos de austeridade com os recursos públicos. A mesma Câmara que cobra do Executivo o controle dos gastos, reduzindo a carga tributária, é a mesma Câmara que cria novos gastos, ora estuporando em emendas parlamentares, ora ampliando o número de parlamentares. Nesta conta sequer entrar as maracutaias verificadas pela Operação Overclean, da Polícia Federal, onde essas emendas estariam sendo utilizadas com outros propósitos, nenhum pouco do interesse público.  

Na última operação realizada no estado da Bahia, prefeitos de duas cidades foram afastados dos seus cargos. São espantosamente curiosos os mecanismos operacionais de um cidadão conhecido, que, com interlocuções privilegiados em Brasília, opera praticamente em todo o país, reproduzindo o modus operandi de desvio de finalidade dessas emendas. O mecanismo é tão azeitado que prepostos seus são indicados para cargo de confiança em determinadas prefeituras apenas para cumprir essa missão, fato já verificado em Belo Horizonte. No dia de ontem, um parlamentar considerou não haver nenhum problema em liberar milhões de emendas para uma entidade onde a sua família teria interesses, pois realizava negócios com o órgão.  

O STF, prudentemente, através do Ministro Flávio Dino, vem fazendo o possível para conter essa sangria de recursos públicos liberados sem controle, sem mecanismos de fiscalização seguros, culminando em situações como a mostrada na foto acima. É uma confusão sem tamanho, pois há um mal de origem que atende pelo nome de orçamento secreto. Na medida em que o STF retém, cria arestas com o Legislativo e trava o Executivo. O ambiente está se tornando tão turvo e delicado que já há sinalização da Corte de que o diálogo seria o melhor caminho pera dirimir essa questão do decreto do IOF. 

terça-feira, 1 de julho de 2025

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


Editorial: Lula na frigideira do Centrão

Cláudio de Oliveira\Folha de São Paulo. 


Jorge Messias, Ministro-Chefe da AGU, confirma que o Governo Lula vai mesmo recorrer ao STF em relação ao decreto que aumenta o IOF, recentemente rejeitado pelo Congresso. Pelo andar da carruagem política, podemos concluir que as armas estão afiadas entre Governo e Oposição, numa batalha que se estenderá até as eleições de outubro. Lula já se encontra definitivamente na frigideira do Centrão. Os ingredientes da fritura, por outro lado, não são nada agradáveis para parcelas da sociedade brasileira, uma vez que atendem a interesses patrimonialistas espúrios, ditados pela Faria Lima, replicado por setores da mídia, mancomunados com seus prepostos no Congresso. Equipe de cozinheiros afinados, que preparam esse prato há séculos, sempre com os mesmos ingredientes. Fernando Haddad tem razão ao afirmar que a proposta incomoda porque atinge o andar de cima da pirâmide, aquela que não pode ser incomodada, que nunca abdicou um milímetro de seus interesses.  

Já temos uma CPMI do INSS praticamente definida e eles tentarão criar embaraços em relação à proposta de antecipar a devolução dos recursos desviados irregularmente do INSS, como deseja o Governo Lula. Segundo o jornalista Josias de Souza, do Portal UOL, Lula pulou da frigideira quase no ponto. É verdade. O Centrão prefere as carnes mal passadas, daqueles cortes que sangram ao serem cortados. O arsenal disponível por essa gente para desgastar determinados atores é incomensurável. Já se especula, por exemplo, articulações no sentido de negociar a entrada de um senador conhecido, hoje um dos mais ilustres representantes do Centrão, na composição da chapa que deverá ser encabeçada pelo governador Tarcísio de Freitas. 

Resta saber como Lula irá agir a partir de agora, uma vez que ele havia dado provas de que sua intenção ou primeira opção seria a conversa, o diálogo, a negociação com o Legislativo. Até ocorrer o tsunami do IOF, podia-se dizer que ele estava em lua de mel com David Alcolumbre, Presidente do Senado Federal.  Há indícios que comprovam que, um pouco antes da votação, foram liberados mais de um bilhão em emendas parlamentares.  Fala-se em estimativas um pouco menores, mas a verdade é que ocorreram tais liberações, em montantes expressivos, com o intuito de cumprir o acordado com o Congresso. Nem assim as coisas funcionaram.   

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


Editorial: Ato esvaziado na Paulista preocupa bolsonaristas.



Como se diz popularmente, depois de um certo período, possivelmente a partir de 2013, grupos conservadores de direita ou extrema direita começaram a fazer barba, cabelo e bigode na política brasileira. Ganharam as ruas, as redes sociais e a representação parlamentar. Continuam bem nas redes sociais, na oposição ao Governo Lula 3 no Congresso, mas emitem sinais de ressaca no que concerne às ruas. Há um consenso entre os próprios bolsonaristas de que a última concentração realizada na Paulista esteve esvaziada, bem aquém das últimas manifestações organizadas. O declínio de público nessas manifestações, aliás, vem se verificando desde algum tempo, seja nas mobilizações programadas para a praia de Copacabana, seja na própria av. Paulista, indicando uma tendência. 

O jornal Folha de São Paulo do dia de hoje, 01, traz uma matéria onde informa uma espécie de caça às bruxas, ou seja, eles estariam procurando identificar os culpados pelo fiasco. Os bolsonaristas tinham uma grande expectativa em relação a este ato, uma vez, ao que se sugere, seria o primeiro de uma serie de mobilizações no sentido de protestar contra o andamento do julgamento dos envolvidos nos atos antidemocráticos do 08 de janeiro ou na tentativa de golpe de Estado. Difícil identificar as razões objetivas dessa "saturação", principalmente quando se sabe que este declínio não esta sendo capitalizado pelo outro lado. As manifestações convocadas pela esquerda ou pelas forças do campo progressista também enfrentam o mesmo problema. 

No mais, aquilo que já se esperava. Um Jair Bolsonaro pedindo para que seus apoiadores continuem apoiando os projetos políticos do grupo, principalmente fortalecendo-o na representação parlamentar, onde está sendo montada a trincheira de luta contra os outros poderes da República. Um Tarcísio de Freitas cauteloso, modulando o discurso, batendo forte contra o PT, mas poupando os ministros da Corte, como quem não deseja se queimar logo na largada.