pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sábado, 8 de setembro de 2012

Uma nova visão para a Educação pernambucana.

                     
Uma nova visão para a Educação pernambucanaFoto: Makspogonii/Shutterstock

Professoras de universidades pernambucanas avaliam uma nova maneira de se trabalhar a educação dentro e fora da sala de aula; família também tem papel fundamental no processo de aprendizagem dos jovens

08 de Setembro de 2012 às 09:48
Leonardo Lucena_PE247 – “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Assim dizia o filósofo e educador pernambucano Paulo Freire (1921-1997). E, tendo como base a forma de lecionar, surgem questionamentos sobre a forma de construir um universo no qual o jovem possa desfrutar do aprendizado, de modo que perpetue este processo para o seu desenvolvimento psicológico e intelectual.
Segundo a professora de Pedagogia da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Maria Helena da Rosa Carvalho, o docente é considerado, muitas vezes, o “vilão” do baixo desempenho dos alunos, servindo como uma espécie de “bode expiatório” do sistema educacional.
“É preciso considerar que professores e alunos não operam no vácuo. assumem papéis e estabelecem relações em contextos concretos, dentro dos limites postos pela forma de organização da escola e das determinações sociais mais amplas”, afirma.
É sabido que, dentre vários reflexos de uma educação ainda precária no país, a repetência é um deles. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000, a taxa de repetência no Brasil foi de 14,8% no Ensino Fundamental I (EFI) e 15,2% no EFII. Dez anos depois, esse percentual abaixou para 8,3% e 12,6%, respectivamente.
No caso de Pernambuco, em 2000, a porcentagem neste quesito foi de 19,6% no EFI, caindo para 9,6% em 2010. Já no EFII, 22,9%, passando para 14,2% no ano retrasado. De todo modo, segundo a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), o Brasil como um todo precisa melhor consideravelmente suas taxas referentes à educação.
Paralelamente às discussões sobre a melhoria da qualidade do ensino, a tese de não reprovação começou a ganhar corpo no século 21. O Conselho Nacional de Educação (CNE) criou em 2010 o projeto Ciclo de Alfabetização e Letramento, através do qual os alunos dos três primeiros anos do Ensino Fundamental I (seis, sete e oito anos de idade) não reprovam, apenas tem de completar todo um processo de alfabetização até que a equipe pedagógica entenda que o estudante está apto a passar dessa etapa. Neste caso, trata-se de uma progressão continuada em que o estudante recebe atenção especial do(a) professor(a) para não desestimular o aluno a estudar.
“A organização da escola em ciclos contraria a lógica da escola seriada e excludente o que, por si só, já representa um avanço. No entanto, não basta eliminar a seriação e redefinir os tempos e espaços escolares. é preciso oferecer condições para o atendimento diferenciado, evitando o acúmulo das dificuldades o professor Luiz Carlos de Freitas (da Universidade de Campinas e autor de livro Ciclos, Seriação e Avaliação: confronto de lógicas) denomina de ‘eliminação adiada’”, explica Maria Helena.
Por sua vez, a professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Rosenilda Teles, chama a atenção para o fato de que outros fatores também devem ser analisados a fim de o aluno tenha um conhecimento mais sólido, como estrutura familiar e maior planejamento de aula por parte dos professores.
“A escola não pode assumir sozinha o papel de educar, é preciso contar com as parcerias das famílias. Quando estas não cumprem seu papel, dificulta o trabalho da escola, que, por vezes, gasta mais tempo lidando com questões pessoais dos alunos do que com o ensino de conteúdos específicos” avalia.
Para Rosenilda, a alta carga de trabalho dos magistérios também prejudica o aprendizado dos alunos. “Outro fator que interfere na qualidade são as condições de trabalho do professor. Para um bom ensino, é necessário planejamento. Na maioria das vezes o professor precisa vivenciar várias jornadas de trabalho num único dia, o que inviabiliza a organização, a contento, das suas aulas”, complementa.

Editorial: Em defesa de Michel Zaidan ou o direito à liberdade de expressão.




Ao longo de sua bem-sucedida carreira acadêmica, o professor Michel Zaidan Filho entrou em diversas polêmicas, o que apenas evidencia seu espírito combativo e a sua capacidade de indignação. Quem teve o privilégio de ser aluno, orientando e amigo sabe perfeitamente porque ele tem sido vítima constante dos poderosos de ocasião, das carcomidas oligarquias locais e de subservientes bajuladores, mesmo que, em alguns casos, estes ostentem perfis acadêmicos, embora se comportem como lacaios de interesses mesquinhos.

                                   A lista de polemistas com quem Michel estabeleceu  algum embate é extensa e, possivelmente, ocuparia todo o espaço desse editorial, sobretudo se entrássemos nos detalhes. Enfatize-se, entretanto, que os motivos que levaram o professor Zaidan a entrar nesses embates são princípios nobres, eivados de espírito público, sempre na defesa dos valores da democracia, da liberdade de expressão, em defesa do patrimônio público, da res publica, dos movimentos sociais de trabalhadores, contra o mandonismo, o arbítrio, a oligarquização da política local, a privatização ou familiarização do interesse público.

                                   Em sua trincheira do CFCH/UFPE, o mestre montou uma torre de vigilância sempre atenta aos desmandos e abusos contra o interesse público. Num momento de debandada de acadêmicos ao apelo de corte instrumental ou meramente adesivo ao Governo FHC, o príncipe dos sociólogos, Michel se manteve em seu reduto, orientando-se pela defesa dos seus caros princípios, em sua salinha empilhada de livros e uma velha máquina Olivetti, onde até hoje escreve seus artigos, atendendo seus alunos, acompanhando os movimentos estudantis, participando de barricadas, opinando sobre a política, lendo suas teses, escrevendo seus livros. A ele não se aplica a crítica de Sartre a Maurice Merleau Ponty, a quem acusava de ser um intelectual de gabinete. Do mestre pode-se dizer que é um militante político.

                                   Num momento em que ocupou a Coordenação do Mestrado em Ciência Política, numa nomeação de Robinson Cavalcanti, além de todas essas atividades, quem ligasse para aquela Coordenação, ainda podia ter a surpresa de ter seu telefonema atendido pelo próprio Coordenador do Departamento. Nos anos em que frequentei aquele Centro só houve um momento em que cheguei antes do mestre, por ocasião da nossa defesa de dissertação de mestrado, quando chegamos às 07h00, naquele dia específico, como brincou o mestre, literalmente abrimos o Programa, movido pela ansiedade.

                                   Em sua defesa aos ataques desferidos por pessoas ligadas do Palácio do Campo das Princesas, manteve a serenidade, apontando os argumentos pelos quais conduzia seu raciocínio, tudo dentro de parâmetros civilizados, não esquecendo inclusive, governador Eduardo Campos, de honrar a memória e a integridade do seu avô, Dr. Miguel Arraes, sobretudo num ponto nevrálgico, a defesa da redemocratização do país e a sensibilidade social, um DNA herdado por vossa excelência, até prova em contrário.

                                   Como afirmou o mestre, ele tem o direito de se encontrar entre os 5% que talvez não concordem com a gestão que Vossa Excelência está imprimindo ao Estado, sobretudo nos pontos que foram invocados. Essas contingências políticas são complicadas, mas competia à sua assessoria tomar alguns cuidados quando se reportasse aos 5% que, de alguma forma, discordam de sua gestão, seja ele um respeitado acadêmico ou um cidadão comum do Alto José do Pinho que, dentro de uma república, merecem o mesmo respeito.

                                   Já dizia o poeta que toda unanimidade é burra. Já afirmei em outras ocasiões e volto a fazê-lo, muito cuidado com os “clipadores” do Campo das Princesas, esses que põe em sua mesa de trabalho os artigos e reportagens sobre o seu Governo, limitando-se a informá-los: Esses são contra, esses são a favo. Não se avança com a bajulação. Eles não agregam, a não ser uma massagem no ego dos governantes e o “entreguismo” visceral, por vezes criminoso, como forma de ganhar “ponto” junto aos poderosos, numa manifestação cabal de sua subserviência. Sobretudo quando eles resolvem escrever suas réplicas e pedir para alguns incautos assinarem. Não sei se Vossa Excelência leu o artigo, mas trata-se de um texto muito mal escrito, que, pela absoluta ausência de argumentos consistentes, descamba para as agressões pessoais, isca que o mestre, em sua tréplica, não engoliu.

                                   Aprendi a admirar o seu avô, Dr. Miguel Arraes, desde criança. Meu pai foi um ex-operário da Companhia de Tecidos Paulista, da família Lundgren, de Paulista, e nos ensinou a admirar aquele político que se orientava pela defesa dos mais humildes. Quando, no Governo Jarbas, ele foi virulentamente atacado por tecer algumas críticas ao Governo, tomamos a liberdade de escrever para os jornais, defendendo seu direito de se opor. Nossas posições sobre o seu Governo são conhecidas. Não raro Vossa Excelência aparece em nosso blog. Quando preciso, reconheço os acertos, quando necessário, apontamos equívocos como forma, inclusive, de contribuir com sua gestão.

                                   Em palestra recente na Fundação Joaquim Nabuco, o professor Antonio Paulo de Resende comentou sobre os limites da democracia, argumentando que se tratava de uma utopia histórica. De fato, nenhuma modelo de organização social conseguiu conviver harmoniosamente e de forma plena com a democracia, utilizando em maior ou menor escala os tradicionais mecanismos de controle social, exaustivamente discutidos pelo filósofo Michel Foucault. Michel, inclusive, afirmava que algumas conquistas nesse terreno - obtidas através da luta dos movimentos sociais - seriam pontuais e meramente pontuais, jamais atingindo o âmago das relações de poder. Em certa medida, era um pessimista não quanto aos valores, mas sobre a materialização da democracia.

                                   Mas, a utopia nos faz sonhar e não são poucos os estudiosos que se orientam em defesa da democracia e de sua ampliação, embora, como afirmava o filósofo político italiano Norberto Bobbio, comentando sobre o desmonte da experiência socialista, o grade dilema da humanidade é que ainda não se resolveu a equação entre liberdade e igualdade. Conquistas como a liberdade de expressão entra no campo dos avanços pontuais, como advogava Foucault. Democratizar a democracia, portanto, é nossa utopia, digamos assim. Deve ser muito triste deixar de acreditar numa utopia. Isso pode ser comparado ao recente acidente vascular que acometeu o escritor pernambucano Raimundo Carrero, que afirmou ser o seu maior temor perder a faculdade de “imaginar”.

                                   O sociólogo francês, Claude Lefort, defendia a tese de que deveríamos nos empenhar por sua ampliação, uma vez que uma democracia que não se ampliava tendia a morrer de inanição. O problema são seus limites e “incertezas” inerentes, como advogava o cientista político polonês, Adam Przeworski. Quais são os reais limite, afinal? Historicamente, ela, a democracia, vem sendo testada cotidianamente. A experiência do socialismo realmente existente, conforme defendia Bobbio, é uma prova insofismável das dificuldades de conciliação entre liberdade e igualdade. Países como Cuba, por exemplo, a despeito dos avanços sociais – talvez o único país do mundo a erradicar a desnutrição infantil, dado atestado pela UNICEF- suprime as liberdades individuais, não permitindo que seus cidadãos expressem, livremente, suas opiniões, praticando uma espécie de "crime de consciência", imaginem vocês. O cidadão é preso, perseguido, torturado por pensar diferente, numa evidente demonstração de intolerância.

                                   As economias liberais, por sua vez, apesar de alardearem a liberdade de expressão, até mesmo do ponto de vista jurídico, na prática, adotam alguns dispositivos sutis de censura, quando não investe, deliberadamente, sobre o controle dos meios de comunicação, como se tentou no país, através dos marcos regulatórios da imprensa. Felizmente, a presidente Dilma Rousseff, logo que assumiu o Governo, adotou uma postura de corte democrático, em defesa do interesse público, não permitindo que essas investidas se tornassem exitosas. Em todo caso, não são poucos os que, no Governo, ainda tentam desencavar esses expedientes.

                                   O linguista Noam Chomski tem sido um grande crítico da indústria de comunicação dos Estados Unidos, apontando seu poder de manipulação, definindo pautas consoantes interesses corporativos e de grupos econômicos e políticos. Seus debates com os grandes empresários do setor se tornaram antológicos e, não raro, os reproduzimos em nosso blog. Numa palestra na Fundação Joaquim Nabuco, um economista da USP, após fazer sua explanação, comentou ter sido censurado pela grande imprensa paulista por emitir opiniões contrárias aos interesses do establishment governista da época. Convidado a conceder uma entrevista, emitiu suas opiniões sobre o Plano Real, que nunca foram publicadas.

                                   Num segundo momento, o mesmo jornal, ligou para o departamento procurando outro pesquisador para se pronunciar sobre o assunto. Ao encerrar sua fala na sala Calouste Gulbenkian, um dos participantes retrucou suas observações, afirmando que, naquele momento, ele não havia sido censurado, estando livre para emitir suas opiniões. O economista então respondeu que ali, sim, ele podia falar. Afinal, logo após a palestra aqueles ouvinte iriam tomar seus carros com ar-condicionado e se dirigirem aos seus apartamentos e - ele não falou, mas eu acrescento - deixariam seus apartamentos, num sábado, para participarem de um protesto que ficou batizado de Movimento pela Mobilidade das Hilux, que ocorreu recentemente no bairro de Parnamirim, contra a ciclovia da Estrada do Arraial, sem o menor desprendimento de alteridade. Houve até um locutor que informava que aqueles privilegiados não usavam transporte coletivo ou precisavam de ciclovias, algo muito mais próximo dos moradores dos morros adjacentes.

                                   Quando do seu primeiro mandato, o governador Eduardo Campos convidou o professor Michel Zaidan para debater um possível programa de Governo, numa reunião ocorrida em Olinda, se houver algum engano nessa informação, peço perdão. Lembro-me de uma entrevista, logo em seguida, onde o mestre comentou sobre os graves problemas hídricos do Estado. Em conversa com outro cientista político do nosso grupo, ele nos confidenciou que Eduardo teria afirmado que Michel Zaidan e uma economista de renome no Estado, cada um dentro de suas áreas específicas, poderia dizer o que quisessem sobre o Governo, sem correr o risco de serem censurados ou processados. Não é o que parece quem vem ocorrendo, pelo menos em relação ao cientista político Michel Zaidan.

                                   Michel Zaidan não chegou a integrar o Governo – penso que nem pretendia – apeado, segundo dizem, por pessoas que não sabem conviver com opiniões contrárias à sua e, certamente, incomodadas com a sua altivez, independência e sinceridade. Quem acompanha o nosso Blog do Jolugue sabe que o editor, não raro, aponta dois equívocos no Governo de Eduardo Campos: o primeiro diz respeito ao descaso com questões relativas ao meio-ambiente, sobretudo em seu primeiro mandato, algo que vem tentando se corrigir. O outro, de natureza, política, é que observamos que o Governo, entremeado pelo pragmatismo fisiológico da tradição política brasileira – deixou de dar ênfase à meritocracia, de corte republicano, tão enfatizada em seus primeiros anos de Governo.

                                   Quem não se lembra de um antológico diálogo proposto aqui no Blog do Jolugue, entre Eduardo Campos e conhecido oligarca do Estado do Maranhão? Entre seus novos amigos, há aqueles que o aconselham a afasta-se do PT e antecipou que, em algum momento, ele teria que emendar o bigode com este oligarca, que ainda possui algumas capitanias hereditárias na República. República que avança em certos aspectos, mas permanece recheada dessas práticas fisiológicas, patrimonialista, numa espécie de neo-patrimonialismo mitigado entre inovação e continuísmo, eficiência e práticas reificadas, permitindo-se que interesses de grupelhos se sobressaiam sobre o interesse público. Mais arguto do que o discípulo, o mestre apontou alguns equívocos na condução das políticas públicas do Estado na área de saúde e de educação.

                                   O Governo do Estado, que enfatiza tanto o aspecto profissional da gestão, precisa tomar mais cuidado com a imagem do seu Governo, respondendo as críticas dentro de parâmetros civilizados, urbanos, respeitosos, republicanos, jamais se permitindo levar para o campo pessoal as observações sobre a gestão da máquina. Michel Zaidan é uma das pessoas pelas quais o editor do Blog do Jolugue possui uma profunda admiração. Cuidados com réplicas que usam a bílis e não argumentos consistentes apenas contribuem para confirmar os argumentos que estão sendo postos.

                                   O mestre é alguém que merece nosso respeito, governador. Ao contrário do que afirma o ghost writer do Palácio do Campo das Princesas, é alguém respeitado no circuito acadêmico. Não vai aqui nenhuma demonstração de “arrogância acadêmica”, mas nós não observamos quantos artigos foram escritos pelo ghost writer, quais foram seus temas de estudos, de quantas bancas de defesa de mestrado ou doutorado ele participou, quantos alunos ele orientou ao longo de sua vida acadêmica, quantos artigos científicos publicou em revistas especializadas ou algo parecido. Confesso que, nesses anos todos, nunca esbarrei com ele pelo CFCH, sequer, acompanhando uma palestra sobre o movimento operário, um dos temas em que mestre especializou-se. Certamente, ele teria muito que aprender com Michel Zaidan. Noutros tempos, eu convidaria para saborear um “Tropical” na Cantina do Daniel, em nossa companhia.

                                   Volto a repetir, não entenda isso como uma sobreposição de saberes, até porque tanto ele como eu temos profundo respeito pelos humildes analfabetos, alguns deles, sequer, tiveram facultado o direito a uma educação pública de qualidade, uma obrigação do Estado. Argumentos, na realidade, se responde com argumentos, não com agressão ou censura. Não há como responder, governador?

José Luiz Gomes da Silva, Cientista Político, Editor do Blog.

(Crédito da foto: Diário de Pernambuco).

                                    

 

 

Ricardo afirma que há um "mercado sujo" de pesquisas eleitorais na Paraíba.

 


O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB) declarou, na tarde desta sexta-feira (7), que não está convencido pela resposta oficial do Ibope sobre o caso das fichas de pesquisa sem o nome da candidata Estela Bezerra (PSB). “Quanto mais se mexe, mas as coisas aparecem. A nota que esse instituto divulgou é uma nota de fantasia, que acha que o povo de João Pessoa é bobo, mas ele não é. O que eu digo e repito é que há um mercado sujo de pesquisas encomendadas dentro da política de João Pessoa e não é de um só instituto, são vários”, afirmou.

Ricardo ainda acredita que as pesquisas foram alteradas durante as eleições de 2010, quando foi candidato a governador, e em 2004, quando foi candidato a prefeito. “Esse mercado vem tentado enganar o povo, mas agora foi desmascarado, porque não cabe na cabeça de ninguém esquecer o nome de alguém que é apoiado por aqueles que governaram e mudaram a cidade durante oito anos”, disse.

O governador ainda compara a situação como esquecer o nome de Eduardo Paes em uma pesquisa no Rio de Janeiro ou o de Geraldo Júlio, em Recife, e ainda completa com uma dúvida: a quem interessaria a alteração da pesquisa. “Quem está por trás disso? Quem é que está financiando extraoficialmente tudo isso? Acho que, de um vez por todas, essas pesquisas estão desmoralizadas. Tentaram mais uma vez aplicar um golpe, que não era contra Estela ou contra Ricardo, mas sim contra o povo. As explicações não convencem”, finalizou Ricardo Coutinho.
Fonte: Assessoria
Nota do Editor: Na realidade, foram os próprios "Institutos" de fachadas que denegriram a credibilidade das pesquisas naquele Estado. Em cada eleição, não raro, surge um novo "Instituto", criado às pressas, financiados por empresários e políticos com interesse específico, apresentando números fabricados em favor deste ou daquele candidato, apesar do rigor do TRE, que disciplina todo o processo envolvendo essas pesquisas. Isso é muito comum naquele Estado, como afirma o governador Ricardo Coutinho. Por outro lado, Institutos tradicionais e de grande credibilidade, por exemplo, terceirizam suas pesquisas com "Institutos" daquele Estado, não adotando critérios rigorosos sobre a confiabilidade do órgão, o que também pode contribuir para distorcer os resultados das pesquisas eleitorais. Em todo caso, conforme advertíamos desde o início, eleição não é "concurso de bumbum', onde somos tentado a dar nota 10 a todas as candidatas, quando se gosta da fruta. Agra tinha uma capilaridade bem mais robusta junto ao eleitorado de João Pessoa.

Haddad: "Nefasto é sair antes de cumprir o mandato".

                    
“Nefasto é sair antes de cumprir o mandato”Foto: Alessandro Shinoda/Folhapress

No primeiro evento de campanha ao lado de Fernando Haddad, a ex-prefeita Marta Suplicy partiu para a briga com José Serra e rebateu ataques feitos pelo tucano ao PT; no horário eleitoral, Serra afirmou que o “STF está mandando para a cadeia forma nefasta de governar”; campanha esquenta de vez

08 de Setembro de 2012 às 06:21
247 – Depois de muitas idas e vindas, a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, finalmente entrou na campanha de Fernando Haddad. E mergulhou de cabeça, rebatendo ataques feitos por José Serra no horário eleitoral – segundo o tucano, com o julgamento do mensalão, o STF está “mandando para a cadeia uma forma nefasta de fazer política” (leia mais aqui). Marta não deixou por menos. “Forma nefasta de governar é não cumprir as promessas, deixar a mediocridade se instalar na cidade de SP e sair antes cumprir o mandato", escreveu no seu Twitter.
Depois participou de uma carreata com Haddad no bairro do M Boi Mirim, na Zona Sul de São Paulo. No último Datafolha, Serra teve 21% e Haddad 16%. Como a margem de erro é de três pontos percentuais, os dois estão tecnicamente empatados na segunda posição – Celso Russomano lidera com 35% e também foi criticado por Marta. “Para governar a cidade de SP, precisa ser mais do que um defensor do consumidor. É necessário ter experiência, partido e projeto”, postou no Twittter.
No mesmo dia em que Marta e Haddad, enfim, se afinaram, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso falou em “cansaço” do eleitor com a hegemonia do PSDB em São Paulo e em fadiga de material. Na capital paulista, a disputa esquentou de vez.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Fadiga de material, a expressão do momento.


Fadiga de material. Essa é uma das expressões mais usadas pelos colunistas de política no momento. Ela traduz o cansaço do eleitorado com partidos ou candidatos que exercem o poder ou já se apresentaram demais ao eleitorado, mesmo não sendo bem-sucedidos. Essa seria uma das razões para o que vem ocorrendo nas eleições paulista – com o candidato do PSDB, José Serra – e com o candidato do PT no Recife, senador Humberto Costa. A candidatura de Humberto Costa, comenta-se nos bastidores, caiu como uma luva nos planos do Campo das Princesas. Há quem afirme que o governador Eduardo Campos teria rido bastante quando soube de sua homologação. Os palacianos, através de pesquisas, já teriam observado essa tendência do eleitorado. Em São Paulo o quadro nos parece ainda mais complicado com a sucessão de erros cometidos pelo candidato José Serra, a começar pela escolha do mesmo marqueteiro que levou à derrota em 2010.

Daniel Coelho: Um possível segundo turno?


O que poderá ocorrer com a candidatura do PSDB à Prefeitura da Cidade do Recife, representada pelo deputado estadual Daniel Coelho, é uma incógnita. Analisando os dados da pesquisa do IPMN, cujos números causaram um verdadeiro frisson nas hostes petistas ao apresentar o candidato do PSB abrindo 08 pontos de diferença sobre Humberto Costa, o economista Maurício Romão observa – corretamente – que Daniel Coelho é o único que pode comemorar os possíveis efeitos do Guia Eleitoral pelo rádio e televisão. Na realidade, ele teve uma arrancada vertiginosa depois do Guia, ultrapassando Mendonça Filho (DEM) e assumindo a terceira posição. Numa avaliação de seu staff de campanha, nos planos traçados inicialmente, ele já teria atingido seus objetivos, ou seja, pavimentar um palanque para a candidatura presidencial do senador Aécio Neves em 2014. O candidato, naturalmente, alimenta a expectativa de ir para o segundo turno, provocando uma situação inusitada na quadra política recifense. Caso isso ocorra, os coordenadores da campanha de Geraldo Júlio terão que apressar o passo no sentido de fechar a fatura ainda no primeiro turno, um quadro que, no momento, ainda não se configurou. Eles possuem uma estratégia de campanha montada numa disputa com o candidato do PT. O PT, por sua vez, caso ocorra um segundo turno entre Daniel Coelho e Geraldo Júlio, contingenciado pelo pragmatismo da realpolitik, poderá apoiar o nome de Daniel, reeditando no Recife, a experiência malograda em Belo Horizonte recentemente. Neutros eles não ficarão e uma reaproximação com o PSB, neste momento, em razão do clima de intensa animosidade, seria mais improvável do que justificar uma união com o tucano de bico verde. A situação ficaria mais confortável para Geraldo Júlio, num eventual segundo turno com Humberto Costa, onde, certamente o mandachuva do PSDB, Sérgio Guerra, bateria o martelo em favor do apoio do partido ao candidato do Campo das Princesas. O curioso, fato apontado por Romão, é que o PT, no ritmo de decréscimo que vem apresentando, já se encontra abaixo do seu reduto tradicional de penetração no eleitorado da capital, em torno de 30%. É bom frisar que o candidato Daniel Coelho apresentou uma ligeira oscilação para baixo em relação à pesquisa do IBOPE, mas nos parece que ainda na margem de erro do Instituto.   
(crédito da foto: Léo Motta)

Em nova pesquisa, Geraldo abre 8 pontos de vantagem

                    
Em nova pesquisa, Geraldo abre 8 pontos de vantagemFoto: Edição/247

Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Maurício de Nassau aponta para a liderança do socialista com 34% contra 26% de Humberto Costa (PT); Daniel Coelho (PSDB) é o terceiro, com 12%, e Mendonça Filho (DEM) o quarto, com 9%; margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos

06 de Setembro de 2012 às 15:36
Raphael Coutinho _PE247– Confirmando a ascensão na corrida eleitoral à Prefeitura do Recife, o candidato Geraldo Julio (PSB) aparece em liderando as intenções de voto em mais uma pesquisa. O Instituto de Pesquisas Maurício de Nassau (IPMN) e o Jornal do Commercio divulgaram nesta quinta-feira (6) o resultado do último levantamento, onde o socialista aparece com 34% na escolha dos eleitores contra 26% de Humberto Costa (PT), segundo colocado.
O prefeiturável Daniel Coelho (PSDB) também demonstra crescimento, aparecendo na terceira posição com 12%, enquanto Mendonça Filho (DEM) caiu para o quarto lugar, com 9%. Seguindo a lista dos candidatos, o quinto lugar é ocupado por Esteves Jacinto (PRTB), que registrou 2% das intenções. No entanto, sua candidatura ainda está sub judice.
Na sequência aparecem Roberto Numeriano (PCB), Edna Costa (PPL) e Jair Pedro (PSTU), que juntos somam 1% da intenção do eleitorado. Votos em brancos ou nulos marcaram 9%, enquanto os que não souberam ou não responderam a pesquisa marcaram 8%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Em relação ao levantamento anterior, feito pelo IPMN/JC e divulgado em 23 de agosto, Geraldo Julio apresentou um crescimento de 11,8 pontos percentuais, quando registrou 22,2%. Daniel Coelho também subiu na tabela, marcando elevação de 6,3 pontos, contra 5,7% no estudo anterior. Já Humberto Costa caiu de 31,1% para 26%, enquanto Mendonça Filho registrou queda, saindo de 15,1% para 9% no último levantamento.
A pesquisa foi realizada nos dias 3 e 4 deste mês com 1.080 pessoas. O levantamento foi registrado no Tribunal Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) com o número 00096/2012.
 
Nota do editor: Começou a temporada das contestações das pesquisas eleitorais, da luta dos candidatos em relação aos números apresentados, sobretudo quando estes não lhes são favoráveis. Nas últimas eleições, travamos bons debates sobre o assunto pelo mivroblog Twitter, uma rede que não tenho usado com a mesma frequência de antes. Segundo as últimas informações, o PT entrou com uma ação exigindo a abertura da "caixa preta" da pesquisa do Instituto Maurício de Nassau, acatada pela justiça, processo que já se encontra em execução. Em Paulista, na região metropolitana do Recife, os partidários de umn candidato que caiu nas pesquisas estão, equivocadamente, apresentando como manipulada uma pesquisa realizada pelo Instituto Exxata, publicada recentemente pelo jornal Folha de Pernambuco, algo que mereceria até mesmo uma contestação ou pronunciamento oficial do Instituto. Pesquisa realizada pelo Instituto Opinião, na Princesa do Agreste, apontando José Queiroz na dianteira da disputa, também gerou grandes protestos dos partidários da candidata Miriam Lacerda, algo que vem sendo respondido pelo Blog do Magno Martins com uma outra pesquisa, de um outro Instituto, apresentando números bastante parecidos, embora deva-se considerar o pouco tempo de atuação desse último Instituto. Ontem circulou nas redes sociais a informação de que um determinado jornal estaria recebendo pressão para não divulgar os resultados de uma pesquisa realizada na cidade de Petrolina.

Lula ainda sem data definida para vir ao Recife

                      
Lula ainda sem data definida para vir ao RecifeFoto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula e Tarsio Alves/Divulgação


Assessoria do ex-presidente informou que a vinda da liderança do PT ao Recife ainda não foi definida e que poderá ficar para o final de setembro ou início de outubro; saúde do cardeal petista é a justificativa para o entrave

06 de Setembro de 2012 às 19:28
Raphael Coutinho _PE247– A aguardada vinda do ex-presidente Lula para participar da campanha de Humberto Costa à Prefeitura do Recife parece estar longe de se concretizar. De acordo com o Blog da Folha, a grande liderança do Partido dos Trabalhadores só tem confirmado quatro eventos, sendo dois em São Paulo (dias 11 e 16), Salvador (14) e Manaus (20) este mês. A expectativa da legenda na capital pernambucana era que o cardeal petista pisasse em solo recifense no dia 13.
A assessoria do Instituto Lula informou ao blog que Lula deverá vir ao Recife apenas no final do mês ou no início de outubro, mas sem confirmação ainda. “Houve apenas consultas e conversas, mas nada foi fechado. Talvez, a ansiedade do pessoal tenha provocado a antecipação da notícia”, disse o assessor do ex-presidente, José Chrispiniano. O entrave para as viagens do petista é o diagnóstico da equipe médica que trata da saúde do ex-presidente que teria detectado uma baixa no sistema imunológico.
Entretanto, Lula continua participando na campanha dos candidatos do PT através de vídeos. Nesta quinta-feira (6), o ex-presidente gravou imagens de apoio aos prefeituráveis Pedro Eugênio, de Ipojuca, e Sérgio Leite, de Paulista, ambas na Região Metropolitana do Recife (RMR). A previsão é que o cardeal continue evitando participação em caminhadas e comícios. Uma nova avaliação médica será feita na próxima semana e a assessoria de Lula divulgará como vai ser a participação na campanha.
A coordenação de campanha de Humberto Costa, no entanto, ainda trabalha com a vinda do ex-presidente. Segundo o coordenador, Gustavo Couto, a expectativa é que nos próximos dias a data exata seja fechada. “Temos essa expectativa com a vinda não só de Lula, mas também da presidente Dilma Rousseff e demais autoridades, como ministros e lideranças”, avaliou Couto. “A situação da saúde dele e as outras cidades onde o PT disputa a prefeitura também precisam ser respeitadas”, acrescentou.
Com poucos recursos financeiros e acossado pelo crescimento do socialista Geraldo Júlio, Humberto Costa tem apostado na popularidade do ex-presidente para alavancar a sua candidatura. A expectativa era de que com o ingresso de Lula na campanha de Belo Horizonte, ele viesse ao Recife no próximo dia 13, o que não foi confirmado, muito embora ele já tenha acertado que estará em Salvador na data seguinte. A especaulação corrente é que Lula não quer trombar de frente com o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos. O PSB foi um dos primeiros partidos a apoiar a indicação do petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo. O partido também integra a base governista federal e, caso o PT venha perder a disputa eleitoral, a derrota respingaria diretamente sobre o prestígio de Lula na região.
Resta saber se esta situação seria mesmo a razão para que Lula não participasse pessoalmente de nenhum ato de campanha do correligionário Humberto Costa.Com uma campanha com poucos recursos financeiros - a do candidato pelo PSb já arrecadou quatro vezes mais - e em queda nas pesquisas a situação do PT na capital pernambucana fica cada vez mais desconfortável. Caso o ex-presidente não venha ao Recife

Com atraso de uma semana, Michel Zaidan rebate Júnior Matuto criticando Eduardo Campos.

 

 

A REPRODUÇÃO DA OLIGARQUIA POLÍTICA DE PE (2)

Por Michel Zaidan Filho

Há quase um consenso, entre os observadores economicos do estado, de que houve uma profunda diversificação da matriz economica de Pernambuco. Saimos de uma agro-industria ineficiente e de baixa produtividade para um parque produtivo moderno, capaz de atrair investimentos de grande porte, sejam públicos ou privados. Nacionais ou estrangeiros.
Estamos vivendo uma "lua de mel" economica, como nunca mais se viu na região. O que não ocorreu em Pernambuco foi a correspondente renovação e diversificação da matriz política, oligárquica, familista, atrasada, que mantem e aprofunda a polarização histórica que caracteriza a vida política do estado. Polarização que, hoje, já não possui nenhuma conotação ideológica ou programática.
É como se Pernambuco tivesse aderido a uma modalidade incompleta de gerenc ialismo, mas conservando uma boa dose de patrimonialismo na política e no estado.

A tão esperada terceira via nunca vingou entre nós. O Partido que poderia ter desempenhado este papel salutar na renovação da vida política regional tornou-se um mero coadjuvante de um dos lados predominantes, sem força, sem unidade, sem vontade política para romper com o "statu quo".

Esta mistura de familismo e gerencialismo parece ter sido o ponto máximo de nossa evolução política. O ex-governador Miguel Arraes de Alencar não só morreu, mas levou consigo o que restava de espírito público, de política de desenvolvimento regional integrada, de preocupação com as questões sociais, mesmo banhado nas contradições e ambiguidades do nacional-desenvolvimentismo.
A mudança veio com a Aliança de Jarbas Vasconcelos com os pefelistas e com a assunção de uma agenda privatizante, apoiada na guerra fiscal, no fundo público e na precarização do trabalho. Essa agenda pre parou o caminho para essa modalidade espúria de gerencialismo caboclo, alimentada por uma pirotecnia de estatísticas e publicidade, destinada a convencer a opinião pública de uma pseudo-unanimidade em torno da ação do dirigente estatal.
Certamente, que o dirigente estatal pode sempre alegar que tem 95% de apoio popular, com base nessa propaganda. Mas não tem os 100%. Nos fazemos parte desses 5% que não comparatilham com esse modelo de gestão. E não precisamos pedir licença a ninguém, para discordar dessa ou das gestões anteriores.

Quando dizemos que não compartilhamos desse "estilo" de administração é porque nao aceitamos que a prestação de serviços públicos essenciais (como saude, educação, segurança, habitação etc.), tutelados juridicamente pelo Estado - segundo a Constituição Federal - sejam transferidos, sem mais, para entidades privadas (sejam ou não filantropicas).
Que o SUS - uma conquista da sociedade brasileira - seja desmontado em prol de uma fundação privada de amigos do governador. Que a educação pública seja entregue a fundações empresariais, que cobram para prestar seus serviços educacionais. Que a política ambiental seja destruida, com a conivencia dos órgãos de fiscalização e punição dos crimes ambientais, em benefício de empresas que querem se instalar no estado.
Que o pacto federativo e a cobrança e o compartilhamento de tributos possam fazer as vezes de política industrial. E sobretudo que o governo tome como a sua maior obra o patrocinio de alguns jogos de pouca importância na futura Copa do Mundo no Brasil.

É inadmissível que diante dos inúmeros e ingentes problemas enfrentados pelo povo pernambucano, o primeiro mandatário do estado faça de sua administração um mero ativo - de alta especificidade - para utilizá-lo na sucessão presidencial. Pernambuco merece respeito, a natureza merece respeito, o contribuinte merece respeito.
E acima de tudo, o direito de discordar, de não aceitar ou compartilhar dessa "política", merece respeito.
Pior do que os liberticidas que mandam processar os insatisfeitos e críticos de sua gestão, são os pseudo-democratas que pagam, estipendiam com dinheiro público esbirros, sequazes, gente desqualificada para atacar pela colunas dos jornais aqueles que tem a coragem de dizer não a esse tipo de gestão.
É de se perguntar como ficará Pernambuco, depois que o "moderno coronel do PSB" fôr se juntar a Kassab, Aecio Neves, Beto Richa e outros para barganhar espaço político na próxima sucessão presidencial?
(Publicado originalmente no Blog de Jamildo, Jornal do Commércio).

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Michel Zaidan: Quando a saúde se transforma num grande negócio

Quando a saúde se transforma num grande negócio


 

Por Michel Zaidan Filho

No mesmo instante em que o governador Eduardo Campos e o seu secretário da Saúde anunciavam o fim do Centro Médico do Hemope, com a doação de equipamentos de última geração, suspensão de comida para os internos e outras medidas restritivas, o IMIP anunciava a inauguração de novos leitos para pacientes de leucemia ou hemodiálise.

Não deve ter sido mera coincidência os dois eventos.

Na verdade, a política de saúde do governador parece ser o desmonte do Sistema Único de Saúde e a transferência da assistência médica pública para a fundação privada.

A questão que se pergunta, nem pela natureza desse socialismo do PSB (porque de socialismo não tem mais nada, sim, familismo), mas o que será da saúde pública depois que Eduardo Campos sair do governo de Pernambuco?

O povo terá que se submeter às condições e exigências de uma fundação privada (financiada com dinheiro público) para obter o seu tratamento ou terá que pagar - direta ou indiretamente - ao IMIP para ter um direito líquido e certo, tutelado juridicamente pelo Estado?

Não se sabe se o neto de Arraes já tinha essa intenção deliberada, desde que assumiu, ou se foi depois das trapalhadas dos secretários de saúde da primeira gestão.

O fato é que o governador sempre alimentou a idéia de transferir determinados serviços públicos para a iniciativa privada, como forma de escapar da responsabilidade social e penal pela má prestação dos serviços.

Tudo agora parece dar razão a quem desconfiava da intenção privatizante do dirigente estadual, sob alegação de mais eficiência nas políticas públicas.

Não está longe o dia em que se concretizará o prognóstico de um dirigente sindical dos médicos de que o IMIP reunirá os melhores quadros profissionais, com a ajuda do Poder Público Estadual, egressos da Faculdade de Medicina, do Hospital das Clínicas, do Serviço Público de Saúde etc.

A questão de fundo é que legitimidade tem o governador de Pernambuco para transferir para uma instituição privada recursos, pessoal e equipamentos, em detrimento do sistema público de saúde, em aberta contradição com a Constituição Federal que reza ser a saúde, como a educação e demais direitos sociais, uma obrigação do Estado e um Direito do cidadão?

(Publicado originalmente no Blog de Jamildo, Jornal do Commércio)

Quem autorizou Eduardo Campos a fazer esta gestão público-privada, que esvazia a competência do Estado em oferecer políticas públicas de qualidade aos cidadãos e realoca os recursos no chamado "terceiro setor", sob a desculpa da busca pela efetividade, a eficácia e a eficiência, como proclama o catecismo da concepção gerencial da administração pública?

O pior é que essa modalidade espúria de "gerencialismo" se casa com uma imagem de "falimismo" que parece transformar a gestão pública em propriedade particular da família Arraes em Pernambuco.


Ora é o irmão que usa como lhe convém os recursos destinados à cultura, ora é a mãe, nomeada ministra do Tribunal de Contas da União, ora é a prima-noiva do neto do escritor Ariano Suassuna- que tem de ser publicamente defendida, enfim, é um misto de duas tendências ruins: uma modalidade subdesenvolvida de gerencialismo - entendida como mera transferência de políticas públicas para o setor privado - e o velho familismo que se arrasta desde os tempos coloniais através de Casas Grandes, que se reproduzem ao longo da história.

O que o ministério público tem a dizer sobre isso?

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O namoro entre FHC e Dilma já passou da fase do só vou se você for.


Já se sabia que esse namoro entre Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso não iria muito longe. Era desnecessária, portanto, essa ciumeira petista em torno do assunto, criticando os selinhos entre ambos, no início do namoro. Quando foi questionado a esse respeito, brincando, Fernando Henrique Cardoso afirmou que não se poderia esperar muita coisa de um cidadão com 80 anos de idade. Dilma, por sua vez, sempre alegou os encargos litúrgicos da Presidência da República como sendo a principal razão para manter uma relação com o ex-presidente dentro de parâmetros civilizados. Foi mais além da civilidade e reconheceu os méritos do ex-presidente, sobretudo no que concerne à estabilidade econômica, fundamental para os avanços sociais da era Lula, que Fernando Henrique insiste em negar. FHC quebrou a cara ao imaginar que Dilma se deixaria seduzir pelo seu charme, levando-a a esquecer como ele entregou o Governo a Lula e como Lula o entregou a Dilma, com as finanças saneadas e um dos maiores avanços na área social já registrados em nossa história, tirando milhões de brasileiro da extrema pobreza. A resposta contundente de Dilma Rousseff levou muitos petistas a comemorarem, mas nem precisava. Se há uma coisa da qual Dilma não pode ser acusada é de ingratidão, embora o exercício da presidência, em muitas situações, tenha provocado o estremecimento da relação entre ela e Lula. 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Advogado admite possibilidade de prisão de João Paulo Cunha. Tensão no PT.



O Estado de S.Paulo
O advogado de João Paulo Cunha, Alberto Zacharias Toron, afirmou em entrevista à TV Estadão que há possibilidade de entrar com recurso para tentar reverter a condenação de seu cliente, um dos réus do mensalão que teve o caso avaliado na primeira fatia do julgamento. Para Toron, há possibilidade de Cunha ser preso. Ele, no entanto, sinaliza que até a redação do acórdão final, a situação do petista pode mudar.
O sentimento no PT, na ala aliada de João Paulo Cunha, é de angústia e preocupação. Rui Falcão, presidente nacional do PT, se referiu à condenação como “um golpe da oposição conservadora, suja e reacionária pela mídia e pelo poder Judiciário para destruir o partido”. No ato de lançamento do substituto de João Paulo na disputa em Osasco – o ex-secretário municipal de Governo Jorge Lapas (PT), Falcão avisou: “Não mexam com o PT, porque quando o PT é provocado, ele cresce, reage”.
A reação dos petistas não reflete a mesma confiança apresentada antes de o julgamento ter sequer a data marcada. Em vídeo gravado quando ainda era pré-candidato, Cunha pede aos aliados que não desistam de dar apoio a ele na disputa. “Eu não deixo companheiros pela estrada. Quem está comigo, está comigo. (…) Esse trabalho não vai ser fácil, vai ser difícil de executar. Vocês sabem das minhas dificuldades. Se eu pudesse pedir um desejo a Deus, eu pediria para ninguém ter constrangimento ou qualquer problema comigo”.
Antes disso, o deputado afirmava que tinha certeza que seria absolvido do processo, apesar de as pessoas o condenarem independente da decisão da Justiça. Cunha explicou, em entrevista à TV Estadão em outubro de 2010, que solicitou o dinheiro ao tesoureiro do PT para o pagamento de pesquisas eleitorais pedida a ele por aliados políticos e sustentou a tese de caixa 2. “Houve de fato um problema de crime eleitoral no mensalão: o exercício de caixa 2. Isso é verdade e nós já admitimos”, justificou. Cunha ainda citou que a conta da qual retirou o dinheiro pertencia a Marcos Valério. “Mas eu não tinha obrigação de saber”, explicou.
O petista chegou a iniciar a campanha eleitoral para a Prefeitura de Osasco, mas foi obrigado a renunciar após a decisão do Supremo Tribunal Federal, que analisou o seu caso e o condenou em 2 dos 4 crimes dos quais foi acusado. Um deles, o de lavagem de dinheiro, ainda espera o voto da ministra Rosa Weber.

sábado, 1 de setembro de 2012

Artigo: Cinquenta tons de amarelo. A iminente derrota do PT em sua principal vitrine regional.


O XADREZ POLÍTICO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012 NO RECIFE. Cinquenta tons de amarelo. A iminente derrota do Partido dos Trabalhadores em sua principal vitrine regional.

 

José Luiz Gomes escreve:

                                   Pelo menos dois episódios são emblemáticos para entendermos os desacertos da candidatura do Partido dos Trabalhadores no Recife. No dia de ontem, através de uma entrevista concedida ao Jornal do Commércio, o atual prefeito João da Costa (PT), que se sentiu provocado, quebrou o silêncio, defendeu sua gestão dos ataques do “fogo amigo” e teceu alguns comentários sobre a personalidade de João Paulo, insinuando que ele não atua bem como ator coadjuvante. Se eleito como vice de Humberto, logo estaria querendo mandar na gestão, criando arestas com o companheiro. Coxias e camarins não fazem bem a João, que gosta de atuar na boca do palco, numa fala que reabre as feridas dos reais motivos do rompimento entre ambos.

                                   O sociólogo Gilberto Freyre, costumeiramente, utilizava uma expressão conhecida, o tempo tríbio. As observações de João da Costa confirmam a tese da ressaca da gestão petista, que esteve à frente do Palácio Antonio Farias nos últimos 12 anos. Mais do nunca vale a observação de Eliot, ou seja, o tempo presente e o tempo passado estão ambos, talvez, no tempo futuro. Um futuro que, salvo algum fato novo ou mal gerenciado, se prenuncia pouco alvissareiro para o PT.

                                   Cansado dessas refregas, o eleitorado passa um recado claro ao partido, ou seja, o de que não pretende acompanhar, como meros expectadores, as brigas constantes de integrantes da legenda e suas inevitáveis conseqüências para a condução da máquina pública, com prejuízo direto do contribuinte, que paga seus impostos e quer soluções concretas para os graves problemas que a cidade do Recife enfrenta.  

                                   As derrotas infringidas pelo grupo de Humberto Costa na Casa de José Mariano ao prefeito João da Costa – em plena mobilização das prévias – dão bem a dimensão da ausência de uma postura republicana ou de um compromisso de espírito público da legenda. Como observa João da Costa, uma possível vitória de Humberto Costa levaria, inevitavelmente, às arengas entre ambos, Humberto e João Paulo, tão logo se encerrassem as eleições. João da Costa antecipou o final da novela petista no Recife. Com ela, aliado a outros fatores que discutiremos mais adiante, o PT encerra seu ciclo na gestão da capital pernambucana, seguramente, a mais reluzente vitrine do partido na região, uma praça onde a legenda tentava, a todo custo, evitar uma derrota.

                                   Hoje, no nosso entendimento, nem a vinda de Lula, prometida para setembro, teria condições de reverter esse quadro. Lula encontrará o PT recifense sangrando em praça pública, amargando o risco iminente de uma derrota – no ritmo de crescimento do candidato Geraldo Julio – ainda no primeiro turno, numa estratégia traçada pelos palacianos. O núcleo duro de campanha do senador Humberto Costa resolveu ignorar as declarações de João da Costa, mas fizeram questão de informar que ele poderia estar fazendo o jogo do candidato Geraldo Julio, num script previamente ensaiado pelo PSB. Ignorando ou não, o fato é que as declarações do prefeito tocam no ponto nevrálgico do PT, atingindo-o em cheio, num momento em que tudo parece dar errado, antecipando cenários preocupantes.

                                   Até recentemente, Geraldo Julio engatinhava nas pesquisas. Logo conseguiria reverter essa situação, aparecendo muito bem nas últimas sondagens de intenção de voto, fato confirmado por mais de um instituto. Já se encontra tecnicamente empatado com Humberto Costa, com 29% pelo último IBOPE, sempre em curva ascendente. Há, inclusive, a expectativa de que um desses institutos já sinalize para a  superação do candidato petista pelo socialista, o que apenas confirmariam uma tendência que vem se verificando desde que o candidato foi lançado pelo PSB, provocando um frisson entre Eduardo Campos e Lula.

                                   Outro fator desconcertante na campanha do senador Humberto Costa é a sua estratégia de campanha que, parece-nos, está batendo cabeça. Enquanto aparece um Lula, no guia, tentando desconstruir essa idéia de “choque de gestão”, do técnico competente, mas que, segundo ele, não tem coração, as inserções do partido tentam passar a imagem de que o senador Humberto Costa também é um homem público competente. Afinal, foi convidado por Lula para assumir o Ministério da Saúde e pelo próprio Eduardo Campos para assumir a Secretaria das Cidades. O eleitor não é bobo e sabe que o que pesou para esses convites não foi a competência técnica de Humberto, mas os arranjos políticos inerentes em cada um desses momentos.

                                   No caso da composição da equipe de Eduardo, salvo essas excepcionalidades dos arranjos políticos inevitáveis, a competência técnica, a meritocracia também pesaram na escolha de seus auxiliares. Eduardo montou uma equipe – tocada por Geraldo Julio – geradora de políticas públicas importantes na área de saúde, educação, segurança pública. O Estado de Pernambuco tornou-se uma das máquinas públicas mais bem administradas do país, elevando Eduardo à condição de um dos principais concorrentes ao Planalto, criando uma área de atrito com o PT.

                                   Aliás, num confronto direto entre os dois candidatos sobre competências técnicas, Geraldo Julio leva vantagem. Se não quisermos entrar nessas minúcias, numa sociedade do espetáculo, políticas públicas como o “Pacto pela Vida”, com direito à premiação da ONU, acompanhado de uma bem-sucedida estratégia de marketing, superaram, de longe, os feitos de Humberto em sua passagem pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria das Cidades.

                                   São inúmeros os fatores que determinam a vitória ou a derrota desse ou daquele candidato numa eleição. No pleito para a Prefeitura da Cidade do Recife, a candidatura do senador Humberto Costa, pelo PT, enfrenta uma série de percalços que podem ser determinantes no resultado dessas eleições, culminando com a derrota do partido numa das praças mais importantes para a agremiação.

                                   A sangria do PT no Recife é um processo lento e doloroso. Vai às urnas numa “união” arranjada, com o atual gestor “amuado” e um candidato imposto pela Executiva Nacional, travado entre militantes e rejeitado por parcelas do eleitorado. Trocando os pés pelas mãos, para lembrarmos uma observação do ex-ministro da Justiça e ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Fernando Lyra, que afirmou que o ex-prefeito, João Paulo, deveria estar na cabeça de chapa.

 

                                   Evidente que o PT possui o legado dos 12 anos de mandato na gestão da cidade, com uma experiência, inclusive, de muita sensibilidade junto aos setores historicamente fragilizados da sociedade recifense. Hoje, esse apelo emocional, no entanto, muito utilizado por Lula ao falar no “coração” de Humberto Costa, já não consegue mobilizar o eleitorado como antes. Pesa contra o partido a “saturação” natural de tantos anos no poder, não apresentando soluções para alguns “gargalos” da cidade. A educação municipal, por exemplo, no último IDEB, foi cabalmente reprovada, sem chances de ir para a final.

                                   Geraldo Julio não é necessariamente, um técnico sem coração, como parece querer insinuar Lula. Erra os marqueteiros de Humberto, igualmente, ao querer estabelecer um confronto de gestão entre ambos, caindo numa armadilha criada pelo marqueteiro do PSB, Raimundo Luedy, que já trabalhou para os petistas. Geraldo Júlio foi uma espécie de regente de uma orquestra de uma gestão pública, conforme já afirmamos, das mais bem-sucedidas do Brasil, responsável por inovações importantes na condução da máquina o que, habilita, inclusive, o pleito presidencial do governador Eduardo Campos.

                                   Tentar “desconstruir” isso, igualmente, num momento, em que se observa um eleitorado pragmaticamente orientado pelas decisões que deverão ser tomadas no tocante à gestão dos problemas da cidade, do seu dia-a-dia, da sua mobilidade, é também um grave equívoco. Jogar nos dois campos, como vem se fazendo, é um equívoco ainda maior.

                                   O técnico e o modelo de gestão estão consolidados na cabeça do eleitor como algo positivo no candidato Geraldo Julio. Se você faz uma gestão ruim da cidade, sofrem todos, os mais abastados e os menos favorecidos. O modelo de gestão popular do PT – sobretudo uma herança do ex-prefeito João Paulo – também sofreu um profundo desgaste nos últimos anos, levando a muitos questionamentos, sobretudo se consideramos que, em tese, João da Costa deu prosseguimento a tal modelo de gestão, como ele afirma, embora os partidários do ex-prefeito João Paulo advoguem exatamente o contrário.

                                   Ademais, se são os partidários de João da Costa ou se são os partidários de João Paulo que tem razão, o fato é que o modelo de gestão popular – traduzido, em parte, pelo controle do orçamento público através do orçamento participativo – em razão do percentual ínfimo de recursos que são submetidos às decisões públicas e a efetiva concretização de obras que são decididas pela população, também passaram a ser bastante criticados. Faltou criatividade ou inovação na gestão pública petista.

                                   O que, na realidade, determina o voto do eleitor neste ou naquele candidato. Essa pergunta nunca foi devidamente respondida, dada sua complexidade. Há uma série de variáveis de natureza sócio-econômicas, identificação partidária, fatores religiosos, motivações afetivas, valores, que dificultam a identificação da determinação do voto. O cientista político polonês Adam Przeworski, em certo momento de suas reflexões sobre o assunto, apresenta um fato curioso de um eleitor no seguinte dilema: ele é evangélico, servidor público prestes a se aposentar e pretende tornar-se um empreendedor, vivendo numa cidade abandonada pelo poder público. Qual dessas identidades teria um peso maior na hora dele depositar seu voto na urna?

                                   A campanha do candidato Geraldo Julio parece-nos estar sendo conduzida com o objetivo de manter sob controle todos os mecanismos indutores do voto, ou seja, há um apelo ao emocional e, ao mesmo, tempo uma postura pragmática no sentido de apresentá-lo como o homem que possui capacidade para resolver os problemas da cidade. Nem os pentecostais e neopentecostais foram esquecidos, uma vez que essas igrejas são mais competentes na busca de votos do que propriamente as máquinas partidárias.

                                   No quesito emocional, são elencadas as relações familiares e afetivas do candidato, apresentado-o, como nos comerciais de margarina, tomando café da manhã com a família, arrumando a pasta para ir ao trabalho, entremeado pelos comentários da esposa de que se trata de um bom moço, bom pai, bom marido. Um exemplo disso é a aparição em publico, como ocorreu num encontro no Marco Zero, com toda a família, inclusive um bebê.

                                   No aspecto trabalho, melhor impossível. Geraldo é aquele que pega cedo no batente, que ingressou no serviço público através dos dispositivos republicanos do concurso público, que tem hora para começar, mas apenas finaliza seus compromissos com os trabalhos realizados. Aquele que, no início da campanha, dedicava-se a vinte horas de maratona e dormia apenas 04. Um bom exemplo dessa marca é o capacete utilizado em suas peças publicitárias ou o criativo adesivo colocados nos carros, onde aparece uma família utilizando um capacete de sua campanha.

                                   Agora, pelas redes sociais, as cartadas finais de criatividade, numa concorrência “desleal” com o adversário. Recomenda  a propaganda de Geraldo esquecer o “passado”, de buracos, de obras não concluídas, de prédios abandonados, das enchentes, pegando o eleitorado pelo “pé”, literalmente falando.Depois, as propostas pontuais de implantar o Ganhando o Mundo nas escolas municipais, o “Pacto pela Vida” municipal – comandado pessoalmente por Geraldo – umas Upinhas aqui outras acolá. Como o trânsito está estrangulando na Estrada do Arraial, depois do binário – tivemos a oportunidade de observar, numa das placas do candidato, a promessa de construção de 04 Upinhas naquele bairro, com atendimento 24 horas. Com isso e o endosso do governador Eduardo Campos, a campanha de Geraldo Julio fecha a conta e passa a régua. O Partido dos Trabalhadores encerra seu ciclo na gestão da Veneza brasileira.

 

           

Antonio Paulo de Resende no Museu do Homem do Nordeste


 
Acompanhamos atentamente a palestra do professor Antonio Paulo de Resende, ontem, dia 29, no auditório Benício Dias, do Museu do Homem do Nordeste. Foi uma palestra bastante concorrida. Primeiro, pela legião de ex-alunos e admiradores de Paulo e, depois, pelos posicionamentos políticos e a sólida formação acadêmica do palestrante. Imagino que Paulo não deve ter feito outra coisa na vida além de ensinar. Tenho amigos que já concluíram o doutorado e lembram-se dele como professor secundarista.
                                   Não foram poucos os momentos em que, no CFCH-UFPE, nos deparamos com aquela figura franzina que, no início de uma bem-sucedida carreira acadêmica, adorava falar sobre o Movimento Operário, com certa predileção pelos anarquistas. O Movimento Operário foi um dos primeiros temas de concentração de Paulo. Não por acaso, estava em nossa banca de examinadores quando discutíamos a formação do Partido dos Trabalhadores. Nunca tivemos a oportunidade de participar de nenhuma disciplina ministrada por Paulo, mas ficamos muito felizes e recordando de nossa atuação em sala de aula, quando ele enfatizou a questão do afeto na sua relação metodológica com o alunado.
                                   De fato, há alguns professores – como bem lembrou Paulo – que apagam as luzes, deixam os alunos isolados e abusam de tecnologias que sequer permitem uma troca de olhares entre educando e educador. No momento em que, em sua prática, o professor permite os “olhares”, quantas questões podem aflorar, quantas cidadanias podem ser exercidas, quantos “peixes” podem ser vendidos. Com esses aparatos metodológicos que não permitem a interatividade, não raros fazemos descobertas tardias, como aqueles alunos - como numa expressão de Louis Althusser, que já se encontram "interpelados e asujeitados” – implorando para serem ouvidos.
                                   Ou, mais até mais grave, aqueles alunos que já são vítimas das sócio-patologias modernas – como bem lembrou o professor – que vivenciam a angústia do isolamento, mesmo convivendo com multidões. Por falar em companhia, Paulo estava muito bem acompanhado. Além de uma platéia atenta à sua fala, estavam do seu lado alguns pensadores emblemáticos, como Lacan, Marx, Foucault, Baudrillard, Bourdieu, Derridá, um pouco de Barthes, além de uma gama de pensadores que se debruçaram sobre a sociedade de consumo, bastante criticada pelo palestrante.
                                   No contexto de uma sociedade de consumo, como lembrou Paulo durante sua fala, não é de se estranhar que a condição de cidadania do indivíduo limita-se às suas posses ou acessos. Bem típico dessa mentalidade da chamada nova classe “C”, forjada num imaginário já antecipado pelo antropólogo Roberto DaMatta, ou seja, o grande frisson é a freqüência ao Shopping Center, a compra de um carro como ostentação e “diferenciação” e a contratação de uma empregada doméstica, uma atividade em extinção.
                                   Apesar de lembrar o livreto de Jean Baudrillard, um desafeto de Foucault – que nos recomenda esquecê-lo - Paulo flerta com Foucault em diversos momentos de sua fala. A “construção e a desconstrução do discurso é um dos seus “motes”. “Não há ordem sem transgressão nem transgressão sem ordem”, “A cultura é uma construção de significados. Cultura é atribuir significados”, “A História é uma invenção, uma construção”; “A História não tem sentido”, “A grande utopia da História é a democracia”.
                                   Neste momento, ele se revela foucaultiano de carteirinha. No momento em que ele discute as relações de poder como algo que independe das relações sociais de produção. Indivíduo bom é o indivíduo dócil e útil. A observação de Foucault é dirigida aos liberais e socialistas, soterrando, igualmente, a utopia anarquista. Historicamente, não tivemos nenhuma experiência do chamado socialismo real de corte democrático, embora, advogue-se em seu favor avanços no concerne à justiça social.  As conquistas dos movimentos feministas, ambientalistas e dos trabalhadores são pontuais e serão sempre pontuais, jamais atingindo o âmago dessas relações opressoras. O capitalismo, então, é um primor de violência simbólica, uma das mais danosas. A liberdade também produz muita desigualdade.
                                   Diante das observações de Paulo, vale apena recordar  outro francês, Claude Lefort, que afirmara que uma democracia que não se amplia tende a morrer de inanição. Quais são, afinal, os limites de ampliação desses espaços de democratização da democracia? O Museu do Homem do Nordeste se sentiu honrado com a sua presença, Paulo. Próximos encontros deverão ser agendados, sempre em nossa Casa. Esteja certo de que não será no carro ou num bar chique da cidade. Um grande abraço!!!