pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sábado, 5 de fevereiro de 2022

Editorial: Um casamento de jacaré com cobra d"água na política.


Nas últimas semanas, passou-se a especular, em Brasília, sobre uma eventual aliança entre o futuro União Brasil e o MDB, de olho nas eleições presidenciais de 2022. Conforme já informamos em editorial anterior, apesar da musculatura política, o União Brasil patina no tocante à escolha de um nome para concorrer às eleições presidenciais. Eventualmente, apenas por formalidade, fala-se no nome do ex-ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, mas, como disse,  apenas formalmente, uma vez que o mesmo não deslancha nas pesquisas de intenção de voto, a despeito da boa gestão naquele ministério. Não sabemos se seria esse apenas o motivo, mas o certo é que não se observa as lideranças da legenda endossando a sua candidatura, o que, certamente, tem desmotivado o próprio Mandetta.

O União Brasil é um dos partidos mais cortejados pelos pré-candidatos presidenciais, o que nos levou a tratá-lo como a noiva mais cobiçada de Brasília, em editorial. O Partido tem bons dotes dofundo patdiário e eleitoral, tempo de televisão e capilaridade política nacional. Ciro Gomes(PDT), Sérgio Moro(POdemos), Lula(PT), Bolsonaro(PL), Dória(PSDB), enfim, todos já tentaram entabular alguma negociação política com esta nova legenda, resultado da fusão entre os Democratas e o PSL. Os dirigentes da legenda estão bastante otimistas quanto ao desempenho do novo(?) partido nas próximas eleições, prevendo a possibilidade concreta de fazer 10 governadores estaduais, inclusive em Pernambuco, com o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho(DEM), cuja gestão está sendo muito bem avaliada pela população.

Em entrevista recente, uma de suas principais lideranças políticas no Estado, o ex-ministro da Educação, Mendonça Filho(DEM-PE), depois de elencar a necessidade de construir uma aliança forte de oposição no Estado, puxa a brasa para a sua sardinha - ou para sua carne de bode,como queiram - o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho. A saturação de quatro gestões consecutivas dos socialistas assanham a oposição com uma possibilidade concreta de os eleitores apostarem nessa nova safra de prefeitos que se apresentam pela oposição. As pesquisas de intenção de voto, no momento, também sugerem isso. 

Se o União Brasil emite indicadores de que não joga todas as suas fichas na candidatura própria do ex-Ministro da Saúde, Henrique Mandetta, por outro lado, setores do MDB não apoiam o nome de uma eventual candidatura oficial da legenda. Na região Norte e Nordeste, algumas de suas lideranças - comandantes de oligarquias políticas regionais - praticamente já estão fechados com a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva(PT). Se ocorrer, como vem sendo anunciado, esta aliança entre o União Brasil e o MDB pode gerar um casamento de jacaré com cobra d'água, ou seja, a grande senadora Simone Tebet(MDB-MS) - uma gigante durante os trabalhos da CPI da Covid-19 - teria um vice bem diferente dela. Pelo que se presume, um dos dirigentes da futura legenda.     

Charge! Duke via O Tempo!

 


Tijolinho: Danilo Cabral e as voltas que a política dá.




Quem nos dá a honra de nos acompahar por aqui, sabe do nosso posicionamento crítico a este alinhamento do PT local ao PSB. O quadro ainda poderia ser mais desastroso, mas preferimos não comentar por aqui, para evitar as eventuais rebordosas dos métodos sórdidos utilizados pelas oligarquias políticas pernambucanas quando se sentem atingidas em seus interesses. A experiência nos ensinou que esfera pública no Brasil é uma grande utopia, a despeito dos conselhos - ou seria advertências? - de um Raymundo Faoro, de um Sérgio Buarque de Holanda. O comendador Tião diria que estamos amadurecendo.

Através da crônica politica pernambucana, somos informados sobre o bombardeio que o provável candidato da Frente Popular ao Governo do Estado, o Deputado Federal Danilo Cabral(PSB-PE), vem sofrendo nas redes sociais, em razão do seu voto em favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff(PT-MG). Ficamos por aqui imaginando quem poderia estar por trás desses bombardeios. Os grupos mais autênticos ou a militância do PT? Seria um fogo amigo dos próprios socialistas insatisfeitos com a indicação do nome de Danilo Cabral como o ungido pelo governador Paulo Câmara(PSB-PE)?

Como se sabe, Lula e os setores mais pragmáticos do PT não estão nem aí para essa escolha. Apoiariam qualquer nome escolhido em nome das articulações nacionais da legenda. Há, igualmente, uma crítica à postura contraditória do deputado Danilo Cabral no que concerne aos rasgados elogios dirigidos ao morubixaba petista. Menos,Danilo! Diriam esses críticos. Passados os anos, as verdades aparecem. Repercutiu bastante uma declaração do ministro do STF, Luiz Roberto Barroso, sobre o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, ao afirmar que ela caiu não pelas pedaladas fiscais, mas pela ausência de apoios políticos. Fica aqui uma reflexão para os socialistas locais, que deram sua essencial contribuição para a minar esses apoios políticos da ex-presidente e hoje são refém do apoio de Lula para reverter uma situação política adversa aqui na província.  São as voltas que a política dá!

Editorial: O incômodo das movimentações políticas nada "sutis" de José Dirceu



Esta semana, aliás, foi uma semana de intensas movimentações políticas, seja da situação, seja da oposição, nas esferas estaduais e federais. Na capital federal, interlocutores do União Brasil tentam uma reaproximação com o MDB, que poderia resultar no apoio ao nome da senadora Simone Tebet(MDB-MS) como candidata à Presidência de República. Quando se fala em MDB, naturalmente, é preciso situar sobre qual MDB estamos falando, uma vez que as alas da velha guarda do partido praticamente fecharam acordos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP).Em movimentos semelhantes, os tucanos tentam trazer o MDB para a sua esfera política, de preferência com o apoio daquela legenda ao nome do candidato do partido, João Dória(PSDB-SP). 

Partido de centro, fiel da balança, com dotes do fundo eleitoral e partidário, tempo de televisão e capilaridade política nacinal, Gilberto Kassab negocia o apoio do PSD a algum pré-candidato às eleições de outubro. A princípio, poderia bancar uma candidatura própria, mas o nome ventilado, Rodrigo Pacheco, Presidente do Senado Federal, não "descola-se' e, talvez por isso mesmo, relute em assumir a candidatura. Escrevi um longo editoral sobre este assunto, uma vez que as movimentações do presidente daquale legenda, imaginem!, incluiria até mesmo um convite ao governador Eduardo Leite(PSDB-RS)para assumir uma candidatura presidencial pela legenda. 

Há, igualmente, a possibilidade de o PSD vincular-se à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), líder em todas as pesquisas de intenção de voto, mas isso apenas no segundo turno das eleições de outubro, conforme calendário definido pelo próprio Kassab. Aqui na província, depois de um convescote entre o governador Paulo Câmara(PSB-PE) e o morubixaba petista, as coisas parecem estar se encaminahdo para uma definição: O Deputado Danilo Cabral(PSB-PE) deve mesmo ser o escolhido para encabeçar a chapa da Frente Popular, cabendo ao PT a indicação do nome para concorrer ao Senado Federal. 

E, por falar em PT, tem sido motivo de grande preocupação na cúpula da legenda as mvimentações de José Dirceu, segundo dizem por conta própria, sem respaldo institucional da legenda. O ex-ministro tem viajado, conversado com políticos insatisfeitos com os seus partidos, sempre com o objetivo de arregimentar apoios à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os petardos da oposição, que não serão poucos, já começaram a ser desferidos, como, por exemplo, a insinuação polêmica de que ele poderia voltar a ocupar a Casa Civil num eventual Governo Lula. Como vem tocando a sua campanha na ponta dos cascos, em razão do grau de polarização existente, o staff de campanha de Lula manisfesta uma preocupação em torno do assunto. 

Charge! Via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Teatro On line X Teatro Pobre

 Marcia Zanelatto

Teatro On line x Teatro Pobre
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O diretor polonês Jerzy Grotowski (Foto: Reprodução)

 

 

Nos anos 2020 e 2021, durante a pandemia de Covid-19, mais precisamente no período de isolamento social, em diversas regiões do Brasil, a comunidade teatral buscou soluções para se manter trabalhando mesmo com os teatros fechados e as pessoas confinadas em suas casas, evitando algo que é vital para o teatro, respirarmos o mesmo ar. Foi justamente sobre a respiração coletiva que se fez a ameaça de contaminação global e letal por um ainda hoje misterioso vírus descoberto na China nos estertores da primeira década do milênio e que dizimou até agora mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo em cerca de 2 anos. Mais de 600 mil destas no Brasil.

A prática chamada de Teatro On Line consistiu em realizar performances nas principais redes sociais como o YouTube e o Instagram, após um processo de criação que, quando envolvendo outros participantes que não só o ator, era integralmente realizado em plataformas de reunião digital como o Google Meet e o Zoom. A transmissão via dados é muitas vezes bem sucedida, mas inúmeras vezes é interrompida pela perda de sinal, o que causa transtornos como o atraso no envio da voz, o congelamento da imagem ou mesmo a perda de conexão, o que desqualifica a atenção e a concentração do espectador.

Escolher Jerzy Grotowski para pensar o teatro que se fez – que se pôde fazer – durante o período de pandemia é adequado? Porque não se precisaria de três problemas esmiuçados para supor que o teatro pandêmico, para usar uma expressão rápida, não seria teatro para o diretor polonês Jerzy Grotowski que, morrendo em 1999, se tornou um dos imortais do teatro. Com uma teoria e uma prática tão importante quanto a de Constantin Stanislavski, diretor russo considerado o maior e mais eficiente sistematizador do trabalho do ator, Grotowski foi capaz de revolucionar a ideia do que seja teatro com uma busca incansável e muito bem fundamentada de um teatro ritual em que o ator é, mais do que tudo, um elemento da natureza, do ecossistema, da Terra e do Tempo. Buscando a essência do teatro, Grotowski buscou, completamente consciente disso, a essência do que nos torna humanos.

Considerando esse ponto fundamental, friccionar o Teatro de Grotowski com o teatro pandêmico pode ser uma afronta, mas também é, no entanto, exatamente essa fricção, ou talvez até essa repulsa entre os dois materiais, que pode tornar irresistível tentar justapô-los – afinal, desde tempos imemoriais, o teatro é conflito.

Se o diretor de teatro inglês Peter Brook, ao comentar uma das maiores obras de Grotowski, Acrópolis, no documentário El Teatro Laboratorio de Jerzy Grotowski, menciona que o campo de concentração é o maior pesadelo, o mais incompreensível pesadelo do seu tempo, tendo a considerar o fenômeno comportamental que se refere ao uso compulsivo das redes sociais durante o período de pandemia, mais precisamente do isolamento social, guardadas as devidas proporções, o material mais intrigante, perigoso e revelador desse início de século, na verdade, início de milênio. Se nos campos de concentração o terror foi a invenção de um edifício que, segundo Hannah Arendt, reunia o presídio, o manicômio e a fábrica para produzir cadáveres em larga escala, o fenômeno das redes sociais foi reunir num mesmo objeto portátil televisão, terço e espelho, capaz de nos distrair das operações de necropolítica que se utilizaram da pandemia para gerar uma tempestade global de cadáveres, a maior parte deles de idosos.

Sustentada pela necessidade genuína de isolamento social para conter a disseminação do vírus, a não presença dos corpos no mesmo tempo e espaço, com todos os seus atributos sensoriais como as fruições do corpo, o cheiro, o calor, a energia vital, a linguagem corporal sutil relativa às sinapses que se formam no encontro de mínimos sinais como o suor, o ritmo que altera o significado dos gestos e os olhares cujas matizes desafiam os poetas chegando ao indizível, foi rapidamente compensada por um tipo de presença instantânea, transmitida através de dados, que se baseia na imagem de uma pessoa e na emissão da sua voz, e se pretendeu uma presença real. Essa presença, editada como uma cena, porém sem necessariamente alguma profundidade artística ou compromisso intelectual, seria, talvez, uma espécie de fake news de nível pessoal, admitida e desejada por trazer benefícios de ordem emocional, considerando a crise em curso, ou simplesmente narcísica. Mediada pela luminosidade chapada dos ecrãs e a transfusão de dados em tempo praticamente real, essa presença poderia causar uma sensação densa e fugidia de compartilhamento de espaço – ou um prazer insuspeito na conveniência de não compartilhar o mesmo espaço senão de maneira virtual.

De alguma forma, desse modo, estariam todos os usuários de redes sociais, também chamados de seguidores – dado que em determinadas redes sua identidade se baseia em seguir e ser seguido –, de posse de algum ímpeto performático, como se todos tivessem tido a oportunidade de libertar seu ator guardado. E, por outro lado, é como se o ofício do ator tivesse, então, recebido uma nova característica que o separa do elemento fundante do seu ofício e formação: a presença física, ela mesma.

Vou tentar avançar em três pontos razoavelmente específicos.

1. O Teatro Pobre x O Teatro On Line

O Teatro Pobre tem como princípio eliminar tudo aquilo que pode ajudar, mas que não é essencial ao ato teatral. Sem cenário, iluminação, figurino ou trilha sonora, o Teatro Pobre pretende dar aos atores a oportunidade da máxima vulnerabilidade para, desse estado, extrair a máxima potência.

A relação com espectadores pretendia-se direta, no terreno da percepção e da comunhão.

O que poderia haver do Teatro Pobre no Teatro On Line?

Os artistas de teatro tiveram que dispensar recursos como a iluminação e o cenário, recorrendo a trilhas sonoras caseiras e figurinos tirados dos armários dos familiares. Naturalmente, os artistas de teatro foram forçados a abrir mão do espaço físico comum ao espectador. Mas na maioria dos casos, procurou-se manter o horário para a apresentação.

Aos poucos, a precariedade do Teatro On Line se mostrou indesejável. Não se pode dizer que esse teatro pretendia fazer frente à concorrência do grande mercado da pandemia, as plataformas de streaming. Porém, lenta e convictamente a produção dos artistas de teatro se aproximou dos critérios e dos recursos do audiovisual. Primeiro, exibindo peças pré-existentes gravadas em vídeo. Depois, gravando performances criadas durante a pandemia em vídeo e apresentando com hora marcada nas redes sociais e venda de ingressos antecipados.

Nessa leva, muitas pessoas, a maior parte habitantes de pequenas cidades, viram teatro pela primeira vez na vida. Ou acharam que viram. E se não tivemos os seus aplausos, tivemos seus comentários anotados com entusiasmo e muitos emojis numa faixa à direita da tela onde se passava a peça. Donde se pode concluir que, embora estivéssemos todos ali, conectados por uma plataforma digital, não compartilhávamos a atenção exclusivamente voltada para o conteúdo exibido, como se faz no teatro. Estávamos agindo junto com os atores, comentando livremente.

O fato é que aos poucos, o que poderia se parecer de alguma forma com o Teatro Pobre de Grotowski se tornou uma manifestação artística chamada muitas vezes de híbrido, por conter elementos do teatro, principalmente um tipo específico de atuação e de texto, e elementos do audiovisual, como o uso de locações, a direção de fotografia, a edição e, muitas vezes, a pós-produção farta em efeitos visuais.

2. O Ator Santo x O Ator Verificado

Procurei perceber as diferenças cruciais do processo criativo do Teatro Pobre e do Teatro On Line no que tange seu elemento mais essencial, o ator.

Como sabemos, Grotowski advoga o ator santo – aquele indivíduo que se engaja na investigação de si mesmo para se tornar um criador. Esse engajamento exige dele a destruição de todos os estereótipos até aflorar sua verdade pura.

O ator do Teatro On Line, quando muito bem intencionado, se envolveu numa busca de certo modo inglória pela catarse ou, no mínimo, pelo ritual. Se deu a testar os limites do ritual, como fazê-lo atravessar a tela e nos fazer estar realmente juntos? Praticamente todas as religiões se deram ao mesmo desafio, missas, cultos e giras foram realizados para poucos ou para quem chegasse através de transmissão de dados ao vivo. Ninguém jamais poderá dizer ao certo qual a qualidade da atenção dispensada a esses eventos. A medida do tempo de engajamento se dá somente pela permanência de um IP – identidade de um computador na rede – num determinado site ou conteúdo, também identificado por um endereço digital. Mas o IP logado só é capaz de gerar um número, nada mais. A concentração que é a única escada capaz de levar à catarse não se pode medir por ele – o que, diga-se de passagem, contraria os sonhos do comércio da atenção, que a pretendia em pacotinhos de 10, 30, 50 ou 100 reais, a famosa venda de engajamento.

Mas, então, teria saído dessa imensa vulnerabilidade que é estar na frente de uma câmera portátil, sob uma luz circular fria que se marca em todos os olhos de como a um outro tipo de gado, fazendo um ritual para ninguém ou para alguém que realmente acha a coisa ridícula e só assiste para mostrar aos amigos a que ponto chegamos, teria sido justamente esse ponto de vulnerabilidade, que nos fez delegar a veracidade da nossa própria identidade à empresa que vende o conteúdo que produzimos de graça com a esperança de nos tornar alguém importante para alguém, mas que é muitas vezes senão uma performance rasa da nossa própria intimidade editada até virar mentira?

Será a fake news não um mecanismo de produção de notícias falsas, mas um meio de vida que consiste em nos forjar melhores do que somos?

Mas e a dor? Como realizar o ritual que atualiza o tempo, que resgata a essência, que nos torna o que sempre fomos, que nos revela em nosso verdadeiro lugar em comunhão, como propôs Grotowski, se negamos a dor de estar prescindindo do que nos é essencial? Chegaremos a algum lugar sem cuidar juntos das nossas feridas, sem sentir o cheiro delas?

O Ator Verificado não verifica a si mesmo. Sua palavra não basta. Ele é verificado pelos algoritmos planejados por técnicos em Tecnologia da Informação que se esforçam de sobremaneira para tocar com cálculos algum tipo de Verdade coletável e passiva de se tornar um produto.

Enquanto o Ator Verificado se obriga a ter uma carga de selfies que garantam o engajamento em seu life style, ele mergulha de cabeça no tsunami e se enrosca na rede. Se dedicando a não só enviar uma imagem estereotipada de si mesmo, mas a produzir ele mesmo seu próprios estereótipos, ele se condena a uma imagem da qual talvez nunca mais possa se ver livre.

Falta perguntar qual seria o sentido de ser um Ator Santo, como propôs Grotowski, numa sociedade que nada tem de blasfema, que se quer inteiramente profana? O Ator Santo só faria sentido se houvesse um real interesse na morte. Terceirizada a morte para os velhos e os números de vítimas do Covid-19, o Ator Verificado encontra seu lugar no centro de um mundo frígido.

3. O real x O virtual

Para Grotowski, o teatro só terá importância se experimentar o real, tendo desistido de fugas e fingimentos do cotidiano.

Mas o que é o real?

Bem antes da pandemia, cheguei a ouvir de um executivo de uma das mais poderosas redes sociais responder à minha inquietação quanto a elas com a pergunta Mas o que é presença? Naturalmente, respondi como uma mulher de teatro: Estarmos juntos no mesmo tempo e no mesmo espaço, e ele replicou: Mas o que é espaço, o que é tempo?

Me calei cheia de dúvidas. Se estamos nos falando através de uma tela e nos vendo e ouvindo separados por imperceptíveis átimos de segundos e se é lógico que o espaço virtual poderia, sim, por que não, ser espaço em si, conceito que Einstein sustentaria facilmente, o que restaria de nossa grandeza?, como mostrou o coro a Creonte, em Antígona?

Mas isso foi bem antes da pandemia e pensei que se chegássemos ao lugar que aquela conversa apontava, isso seria um problema em 30 anos. Talvez 20. E que, por ora, bastava observar como a coisa poderia estar se montando, se é que ela estava se montando de fato.

Quando a única solução para a pandemia se tornou evidentemente o isolamento social e quando ficou claro que essa única solução era uma tsunami na qual se poderia pescar de rede – rede tecida com fios de silício – tive a sensação de que o mundo sugerido por este amigo poderoso fora antecipado e a lembrança da conversa me sugeriu que talvez a coisa tivesse se dado de maneira muito mais premeditada do que parecia.

Anos depois, aqui estou de volta ao Templo dos Ancestrais, me havendo com Grotowski e tentando entender o Auschwitz da minha época ou ao menos se posso compreender o contexto atual como o Aschwitz de minha época ou se precisaremos avançar até isso.

O fato é que o ser humano jamais negou conhecimento. Trotamos bravamente em direção aos escombros da civilização, a fim de criar com nossos gestos algo que talvez até já existisse, mas que não era criação nossa. A virtualidade do real é uma dessas coisas. Temos o mundo dos sonhos, a imaginação, a intuição, o psiquismo e a magia, atributos desde sempre humanos. Conhecê-los não foi o suficiente para nos libertamos das amarras da ideia de que o real se compõe de matéria densa. Preferimos inventar a realidade virtual e hoje estamos de frente para a difusão do metaverso e sua popularização que nos levará em breve a algo como um Teatro em Realidade Virtual. Mas que tipo de problema isso representará se nesse mesmo período provavelmente teremos cérebros híbridos de matéria orgânica e neurochips?

Conclusão inconclusiva

Segundo Jerzy Grotowski, o grande trunfo do teatro é ser um ato gerado no encontro entre pessoas, o que o torna também um evento biológico. A realidade do teatro é instantânea e se dá de maneira fisiológica, na respiração conjunta.

Qual terá sido para o futuro a solução que demos para o teatro no momento em que tivemos que prescindir justamente da respiração conjunta?

Se fomos bem, terá sido porque conseguimos nos expor aos riscos. Se fomos mal, terá sido porque não usamos o período de confinamento como uma caverna, não usamos a treva da existência, como sugeria Hannah Arendt, o lugar onde nenhum spot de luz chega para sentir a dor de estarmos nos comportando como uma espécie doentia que sufoca a si mesma em busca de narcísica superioridade. Se fomos mal é porque não tivemos coragem de lidar com o cheiro do sangue e do pus dessa dor de sermos o que somos e talvez produzir o teatro que possa dizer ao mundo a verdade que ele insiste em não ver.

Se eu tivesse que levar a Jerzy Grotowski a descrição de como fizemos teatro durante o período de isolamento social, talvez o fizesse com grande constrangimento. Tentando manter em nível aceitável o fato de termos feito teatro à custa do próprio teatro, na medida em que, se por um lado, tínhamos a convicção de que poderíamos prescindir de todos os recursos que nos ajudam a fazer teatro, mas não são essenciais a ele, prescindimos inexoravelmente da única coisa que Grotowski considerava essencial, a presença humana.

A fim de tentar esgotar a discussão com o mestre, eu lançaria como um David em direção à sua gigantesca testa a única pedra que me restaria: Jerzy, nunca estivemos tão frágeis.

Marcia Zanelatto é dramaturga, roteirista e escritora. É autora de dezenas de peças teatrais, sendo as mais recentes Infância RoubadaMeninesGenderless – um corpo fora da leiEles não usam tênis naique e os musicais Merlin e Artur – um sonho de liberdade e Deixa Clarear – homenagem à Clara Nunes.

(Publicado originalmente no site da Revista Cult)

Charge! Gilmar via Facebook


 

Editorial: Estabilidade democrática e liberdade de expressão. Os recados de Fux.



O escritor inglês, Goerge Oswell, é talvez quem melhor tenha traduzido o que signfica, de fato, liberdade de expressão ou o jornalismo livre, sem rabo preso com os poderosos ou os governantes de turno. Jornalismo, dizia ele, se faz quando você diz o que algumas pessoas não gostariam de ouvir. Tudo mais é publicidade. O verdadeiro jornalismo, portanto, deve incomodar. O resto é cosmético. Pedimos perdão aos leitores e leitoras se não traduzimos, ipsi litteris virgulisque - afinal, para alguma coisa serviu nossas aulas de Latim com a professora Inalda, no CAC-UFPE - a frase do autor de 1984, mas, em essência, é exatamente isso. 

O exercício dessa liberdade de expressão, num Estado com as características do nosso, se constitui numa grande preocupação, uma vez que os jornais são controlados por grupos econômicos - quando não também por grupos políticos - com interesses consorciados ao aparelho de Estado. Pior do que isso, são os métodos utilizados para calar os opositores, um arsenal de fazer inveja aos regimes mais autoritários, tudo com o propósito de silenciar a voz dos irredentos. Gostaria de poupar os leitores dos pormenores desse arsenal, que inclue o uso da "máquina" para disseminar campanhas de desmoralização dos seus desafetos, através dos chamados lichamentos morais - ou virtuais - como as fake news, que, não necessariamente, foi uma invenção daquele americano. Os mecanismos foram apenas aperfeiçoados ao longo dos últimos anos, na época da mentira como arma política.  

Num Estado onde as pessoas acreditam em perna cabeluda, os danos aos indivíduos, vítimas dessas fake news, são irreparáveis. Assim, se reveste de grande importância - e também advertência - o discurso proferido pelo presidente do STF, Ministro Luiz Fux,na abertura dos trabalhos naquela Corte, em defesa intransigente da estabilidade democrática e da liberdade de expressão ou de imprensa. O ministro Fux fala com a autoridade de quem exerceu um papel importantíssimo no sentido de estancar as últimas manobras autoritátias tentadas no país. Salve Fux! Nossa democracia deve a ele e aos ministros daquela Corte o fato de termos sobrevivido aos solavancos ou ímpetos autoritários, contidos no seu tempo devido.

Repertiu bastante bem - naturalmente entre os atores que, de fato, possuem compromissos com nossas instituições democráticas - a fala do Presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux. Dizia um grande sociólogo francês, Claude Leffort, que uma democracia que não se amplia tende a morrer de inanição. Seria um pouco demasiado supor sobre a possibilidade de uma democracia plenamente consolidada entre nós, pelas inúmeras razões apontadas por este editor, ao longo dos anos que mantemos esse canal de comunicação com os leitores. Exatamente, por isso, falas como a do ministro Luiz Fux, neste momento, se revesta de tanta importância, ou seja, o de  garantir os avanços mínimos que conquistamos ao longo dos anos de experiência de uma democracia constantemente sob ameaça.     
   

Editorial: Em mais uma pesquisa, Lula amplia vantagem sobre os adversários


Em mais uma pesquisa de intenção de voto, desta vez realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva amplia a sua vantagem sobre os demais pré-candidatos às eleições presidenciais de 2022. Já estão se tornando recorrente essas informações por aqui, uma vez que o candidato do PT se mantém firme na liderança das pesquisas desde 2021, entrando com o pé direito - perdão, esquerdo! - nos primeiros meses de 2022, ainda sem um pronunciamento oficial se será ou não candidato. 

Nesta última pesquisa, o petista amplia seus percentuais em relação às pesquisas anteriores em 05 pontos, cravando 40,1% das intenções de voto. Os demais candidatos permanecem estagnados, sem alterações signficativas. Abro aqui uma exceção para registrar o percentual obtido pelo candidato André Janones, do Avante, que aparece com 1,1% das intenções de voto, embora tenha oficializado a sua pré-candidatura apenas recentemente, aqui no Recife, em evento no Mar Hotel, em Boa Viagem. É um índice para ser comemorado pelo seu staff de campanha e pelo candidato, cujo evento recebeu uma cobertura até inusitada do Jornal Nacional, da Rede Globo. 

Raposa velha na política, cevado nas adversidades, Lula trabalha com um olho na missa e outro no padre, ou seja, ao tempo em que se movimenta no sentido de articular apoios para a sua campanha, também mantém uma preocupação óbvia com a governabilidade num presidencialismo com as nossas características, que tantas dores de cabeça já trouxeram ao partido, como o Escândalo do Mensalão e o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff(PT-MG). Será necessário construir uma base sólida de apoio na Câmara dos Deputados e no Congresso Nacional. 

Embora, do ponto de vista da economia, os partidários considerem a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro(PL) reverter essa situação junto a determinado estrato do eleitorado - principalmente nordestinos dependentes dos benefícios estatais -  depois da aprovação e primeiros pagamentos do Auxílio Brasil,isso ainda não vem ocorrendo, conforme mensurou uma pesquisa realizada pelo Instituto IPESPE, até recentemente divulgada. Concretamente, nas coxias, até fiéis escudeiros de Bolsonaro já trabalham com a hipótese de uma eventual derrota nas urnas eletrônicas, dentro de um processo limpo e transparente, conforme se exige numa democracia.  

Charge! Via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: O bom exemplo dos parlamentares do"Novo" com o uso do dinheiro público.



Bons exemplos com o uso do dinheiro público são raros neste país. Outro dia comentamos por aqui sobre alguns procedimentos - não necessariamente de corte republicano - no uso dos recursos do fundo partidário e eleitoral. O levantamento foi realizado por uma revista de circulação nacional, em sua edição desta semana. Quando se pronuciou sobre o uso de recursos públicos através do expediente do orçamento secreto - as chamadas emendas do relator - a ministra do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, foi muito feliz ao afirmar, em seu despacho, que se tratava de um acinte à própria democracia. 

Peço aos meus diletos leitores e leitoras para poupá-los dos casos escabrosos, estes que acabam vindo à público, como o de um parlamentar parabaino que estoporou R$ 23,000 mil reais num único jantar. Se saísse do bolso, muito provavelmente, ele seria mais comedido.Como já afirmamos em outra oportunidade, essa turma tem gosto refinado e pouco caso com o dinheiro do erário. Em regra é isso, mas existem algumas boas exceções, dignas de nosso registro aqui pelo blog, pelos bons exemplos no que concerne à conduta de homens públicos. 

Fiquei curioso em saber, depois de uma nota da revista Veja, qual o parlamentar que mais economizou dinheiro público em seu mandato. Trata-se do parlamentar mineiro, o Deputado Federal Tiago Mitraud(Novo-MG) - formado em administração,com curso de especialização em universidades americanas - filiado ao partido "Novo". Mais adiante, a mesma publicação elenca quem são os dez deputados que menos gastos representaram para o erário público. 04 deles são do "Novo", se nos permitem o trocadilho, o que se constitui numa grande novidade e um crédito para essa agremiação política, que até recentemente, lançou, em evento aqui no Recife, o deputado André Janones(Novo-MG), como pré-candidato à Presidência da República nas próximas eleições de outubro.

Infelizmente, não há referência a algum parlamentar pernambucano na lista entre aqueles que mais econimizaram o dinheiro das verbas concedidas aos deputados, superiores aos R$ 500 mil por ano. Eis aqui mais um grande incentivo àquela mãe de todas as reformas, ou seja, a reforma política, que dificilmente encontra eco num ambiente como este, onde significaria cortar na pele, tolhendo privilégios e coibindo abusos.

Crédito da foto: Luiz Macedo(Câmara dos Deputados)

P.S.:Contexto Político: Pedimos desculpas aos nossos leitores e leitoras. Cometemos aqui um equívoco ao informar que o Deputado Federal André Janones seria do "Novo". Na realidade, ele é filiado ao "Avante". São tantas siglas que a gente acaba se confundindo.  


segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Editorial: As pesquisas qualitativas e as eleições de 2022.


Nos últimos anos, as pesquisas qualitativas assumiram  um status de grande importância nas eleições e mesmo antes delas, como ocorreu aqui em Pernambuco, quando o ex-governador Eduardo Campos as utilizou, por exemplo, para definir o nome do candidato que concorreu pelo PSB para a Prefeitura da Cidade do Recife. Assim, aqui na província, naquela época, se chegou à conclusão de que os reficenses, naquele momento, estavam à procura de um candidato com o perfil de gerente, um técnico capacitado a tocar a administração da cidade. À época, o nome de Geraldo Júlio, hoje Secretário de Desenvolvimento Econômico do Governo do  Estado de Pernambuco, caiu como uma luva para disputar o comando do Palácio Antonio Farias, num contexto de profundo desgaste para o Partido dos Trabalhadores, que vinha de experiências ruins. 

Depois de duas gestões, o nome de Geraldo Júlio(PSB-PE) seria o nome "natural' para disputar o Governo nas próximas eleições de 2022, mas, a rigor - e considerando-se os burburinhos dos bastidores da política local- já se trata de uma carta fora do baralho da sucessão na Frente Popular. Curioso que, nas falas do ex-presidente Lula sobre a sucessão no Estado, ele sempre observa que, já que não seria o candidato "natural', poderia ser qualquer um, de preferência alguém do PT. 

Essa é uma discussão que tem rendido muitas postagens da crônica política pernambucana, inclusive por aqui. Assim, não se constitui surpresa o fato de saber que alguns pré-candidatos estão recorrendo ao expediente das pesquisas qualitativas para afinar a orquestra e melhorar seu desempenho nas próximas eleições presidenciais. Um deles é o ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro(Podemos), que parece ainda não ter encontrado o mote certo para comunicar-se com seus eventuais eleitores. Anda um pouco perdido, imprensado entre os dois principais postulantes, sem emitir sinais seguros de que reúne as condições necesssárias para quebrar essa polarização. 

Possivelmente, ele irá descobrir que o tema da corrupção - que nunca deixou de ser relevante num pais como o nosso - hoje perde espaço de importância para as questões da economia, que atormenta os brasileiros com seus índices de desemprego, inflação alta e custo de vida. Mais do que isso, ele precisará fazer a autocrítica de compreender que são temas que ele não domina. Foge como o diabo da cruz quando convidado pelo candidato Ciro Gomes(PDT-CE) para tratar destes assuntos. 

domingo, 30 de janeiro de 2022

Publisher: Brazil without sufficient democratic health to enter the OECD



The beginning of the year is always a fertile period for the dissemination of reports from institutions that monitor the stage of democracy, respect for human rights and the degree of corruption in countries around the world. Unfortunately, Brazil does not appear well in these indicators, confirming previous rankings, which point to missteps regarding the preservation of democratic institutions, as well as in relation to laws and measures to protect the environment. In fact, today, we are the most threatened democracy in the world, judging by the indicators pointed out. In such circumstances, it becomes utopian to dream of joining the OECD (Organization for Economic Cooperation and Development), which brings together countries from consolidated democracies, including with regard to substantive or economic democracy.

Indicators of population education, per capita income and social inclusion are included in this content. A few years ago, we wrote a long - and no less controversial - article dealing with the development indicators of our basic education, taking the IDEB indexes as a reference, given the minimum grade requirements to enter that select group of countries. Based on the indices obtained up to the time of writing that article, we would hardly reach the required grade, that is, 6.0. I have no information on whether the OECD would have already changed this index.

Anyway, due to the political carriage, especially due to the damage caused by the pandemic, our educational indices - which were never good - must have worsened a lot, reaching more effectively, as always, the most fragile social strata. It is a historical problem, which has never been properly addressed, due to the turpitude of our elites, forged in the slave regime, which do not recognize the legitimate rights of the lower floor of the social pyramid.

It is curious to observe that, in such reports - which this editor collects with great affection - the convergences between these institutions on the problems faced by our democracy in recent years, especially since 2013, when the maneuvers to succumb them began, with the worsening in 2016, when a new type of coup, or institutional coup, took place. Anyway, if we do not improve our democratic health over the next few years, we will not have the slightest chance of joining this select club, despite the invitation made by that institution and the optimism of the Minister of Economy, Paulo Guedes, who said that "it is not long".

Charge! Duke via O Dia

 


Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


Publisher: Returning to face-to-face classes now would not be prudent



A boy raised free as a rooster from Campina, we have the real dimension of what it means, for children, the pleasure provided by the re-encounter with their peers on the return to face-to-face classes. Such affective pleasures, in turn, will be very important for the development of their personality and the processes of socialization and learning. Child psychologists, in turn, have already highlighted several psychological problems as a result of the confinement condition - imposed by Covid-19 in its first phase - where children had to monitor the activities of the school year remotely.

In an autobiographical text, Meus Verdes Anos, the writer from Paraíba, José Lins do Rêgo, reports a fact that this editor considers the worst torture for a child, that is, being deprived of contacts and games with peers. As he suffered from asthma or "pulled" - in the language of his northeastern regionalism - in moments of crisis, he was such a person who couldn't do this, couldn't do that. illness, was hearing the racket promoted by the bagaceira kids, in the early morning or late afternoon, and not being able to participate in it, as he confesses.

However, due to the level of the sanitary carriage in the country, common sense and the necessary prudence are recommended for postponing the return to face-to-face classes this semester. The country, successively, has been breaking all records for contamination by the Ômicron variant, which has contributed to a no less worrying increase in the number of deaths, which has been on an upward curve for 12 days, despite considerable advances in the vaccination rates of the virus. population.

Another complicating fact is that many children are being contaminated, precisely because they are part of the population with little vaccination coverage. Some states of the Federation are operating with the capacity of their ICU milk at the limit, if not already in conditions of saturation, starting to resume measures adopted at the beginning of the pandemic, that is, reactivating field hospitals. As the doctor Miguel Nicolelis observed, we are living the worst phase of the pandemic. Unfortunately. Vaccination coverage of the population; restrictive protocols and measures; vaccination passport requirements at events and by some commercial establishments; Educational campaigns to emphasize the need to maintain preventive measures and care for the disease have not yet been sufficient to contain the advance of transmission of the variant of the virus.

Some states are already considering the possibility of expanding or resuming some actions taken at the beginning of the pandemic. It is in this context that the resumption of face-to-face classes, at this time, would be an absolutely unwise measure. A postponement will even allow more children to be vaccinated, and a vaccination passport will be required for attendance at face-to-face classes. Municipalities such as those of Jaboatão dos Guararapes, Olinda and Paulista have already determined that face-to-face classes will be postponed. A decree from the State Government of Pernambuco would be important in the same sense. Dr. André Longo, Secretary of Health - who we so often praise around here, because of his balanced posture and in tune with health protocols - needs to take a position on this matter, after listening to his monitoring committee.

Editorial: Voltar às aulas presenciais agora não seria prudente.



Menino criado solto assim como um Galo de Campina, temos a real dimensão do que significa, para as crianças, o prazer proporcionado pelo reecontro com os coleguinhas no retorno às aulas presenciais. Tais prazeres afetivos, por sua vez, serão importantíssimos para o desevolvimento de sua personalidade e dos processos de socialização e aprendizagem. Os psicólogos infantis, por sua vez,já evidenciaram vários problemas psicológicos como consequência da condição de confinamento - impostos pela Covid-19 em sua primeira fase - onde as crianças precisaram acompanhar as atividades do ano letivo remotamente. 

Num texto autobiográfico, Meus Verdes Anos, o escritor paraibano, José Lins do Rêgo, relata um fato que este editor considera a pior das torturas para uma criança, ou seja, ser privado dos contatos e das brincadeiras com os coleguinhas. Como ele sofria de asma ou "puxado' - no linguajar do seu regionalismo nordestino - nos momentos de crise, era um tal de não podia isso, não podia aquilo. Acomodado num dos aposentos da Casa Grande, muito mais pavoroso do que os dores da doença, era ouvir as algazarras promovidas pelos moleques da bagaceira, nas primeiras horas da manhã ou ao finais de tarde, e não poder delas participar, conforme ele confessa. 

No entanto,pelo andar da carruagem sanitária no país, recomenda-se o bom-senso e a prudência necessária para o adiamento do retorno às aulas presenciais neste semestre. O país, sucessivamente, vem batendo todos os recordes de contaminação pela variante Ômicron, o que vem contribuindo para uma ampliação, não menos preocupante, do número de óbitos, em curva ascendente há 12 dias, a despeito dos consideráveis avanços nos índices de vacinação da população. 

Um outro dado complicador é o de que muitas crianças estão sendo contamindas, justamente em função de se constituirem na parcela da população ainda com pouca cobertura vacinal. Alguns Estados da Federação estão operando com a capacidade dos seus leites de UTI's no limite, quando não já em condições de saturamento, partindo para a retomada de medidas adotadas no início da pandemia, ou seja, reativando os hospitais de campanha. Conforme observou o médico Miguel Nicolelis, estamos vivendo a pior fase da pandemia. Infelizmente. Cobertura vacinal da população; protocolos e medidas restritivas; exigências do passaporte de vacinação nos eventos e por alguns estabelecimentos comerciais; campanhas educativas  no sentido de enfatizar a necessidade de se manter as medidas e os cuidados preventivos sobre a doença ainda não tem sido suficientes para conter o avanço da transmissão da variante do vírus. 

Alguns Estados já consideram a possibilidade de ampliarem ou retomarem algumas ações adotadas no início da pandemia. É neste contexto que a retomada das aulas presenciais, neste momento, seria uma medida absolutamente insensata. Um adiamento, inclusive, permitirá que mais crianças sejam vacinadas, passando-se a se exigir o passaporte vacinal para a frequência às aulas presenciais. Prefeituras como as de Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista já determinaram que as aulas presenciais serão adiadas. Seria importante um decreto do Governo do Estado de Pernambuco neste mesmo sentido. Doutor André Longo, Secretário de Saúde - que tantas vezes elogiamos por qui, em razão de sua postura de equilíbrio e sintonizada com os protocolos sanitários - precisa se posicionar sobre este assunto, depois de ouvir seu comitê de monitoramento.    

sábado, 29 de janeiro de 2022

Editorial: André Janones(Avante) é mais um pré-candidato da terceira via.



Hoje, no Recife, mais precisamente no Mar Hotel, em Boa Viagem, o partido Avante lançou o nome do Deputado Federal por Minas, André Janones, como pré-candidato à Presidência da República nas eleições de 2022. Janone é mais um candidato que se situa no escopo da terceira via, prometendo quebrar a polarização entre os canditados do PT e do PSL, que lideram a corrida sucessória para ocupar o Palácio do Planalto. Mesmo ainda muito distante das eleições de outubro, a cada nova pesquisa de intenção de voto, surgem mais incertezas do que convicções em relação à viabilidade dessa terceira via. Há eleitores, mas não há candidato. 

Ou existem tantos candidatos que o eleitor permanece confuso em relação ao seu voto. A rigor, dentre essa penca de pré-candidatos, nenhum deles, até o momento, conseguiu empolgar esse eleitorado que não se sentiria à vontade em votar em Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP) ou Jair Bolsonaro(PL). O ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro(Podemos), em razão do capital político acumulado no combate à corrupção, apresentava-se como uma alternativa forte a consolidar-se como opção, na medida em que poderia criar uma contraposição ao candidato petista e reunir o rebanho de eleitores insatisfeitos com o bolsonarismo. 

Até o momento, por alguma razão, ele demonstra não estar conseguindo nem uma coisa nem outra. Ora pelos altos índices de rejeição; ora pelas dificuldades encontradas pela ausência de estrutura partidária; ora em razão do desgaste provocado pelos petardos atirados pelos adversários,como a novela dos proventos recebidos como consultor privado de empresa americana, depois que largou a toga. Já prometemos que não voltaríamos a tratar deste assunto por aqui, mas não deixa de ser curioso alguém conseguir um salário de 10 mil reais por dia. Não se trata de nenhuma implicância - pelo menos da parte deste editor - mas ele continua tendo que dar explicações, o que não se constitui nada razoável para um pré-candidato. 

Outra pré-candidata que estava um pouco esquecida,mas voltou à ribalta foi a senadora Simone Tebet(MDB-MS), depois que o senador Tasso Jereissati(PSDB-CE) concluiu que ela seria a candidata ideal para quebrar essa polarização. Este editor não esconde a admiração pela senadora,mas é sabido que parte de sua legenda deve mesmo vincular-se à candidatura do petista Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP). A velha guarda da mangueira emedebista sequer prestigiou o lançamento de sua candidatura. André Janones é jovem, fez um discurso bastante inspirador, acenando para aqueles brasileiros e brasileiras que não têm voz. Este editor ficou surpreso com a cobertura do Jornal Nacional, da Rede Globo, que abriu um bom espaço de tempo ao evento de lançamento de sua pré-candidatura.    

Editorial: Os "excessos" com o uso do dinheiro do fundo partidário e eleitoral.


Através de uma live, o ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro(Podemos), depois de criticar a ingerência do TCU sobre o assunto, acabou informando os proventos recebidos no período em que prestou consultoria privada para uma empresa dos Estados Unidos, depois de largar a toga: 3,7 milhões de reais por alguns meses de serviço, sem que se fosse detalhado o tipo de consultoria oferecido. Diante do acirramento dos ânimos políticos em ano eleitoral, este fato, certamente, ainda terá os seus desdobramentos, mas já foi discutido o suficiente aqui pelo blog. 

A revista Veja desta semana traz uma longa matéria sobre eventuais excessos no uso do dinheiro público do fundo eleitoral e partidário. Não preciso entrar nos detalhes para os nossos ilustres leitores e leitoras, porque eles sabem que essa turma, com honrosas exceções, tem bom gosto e pouco caso com a gastança do dinheiro do erário. La Dolce Vita da maioria da nossa classe política incluem viagem em jatinhos particulares, jantares em restaurantes caros, encontros regados a canapés preparados com lagostas e camarões e Whisky acima dos doze anos envelhecidos. 

Este editor tem dado boas gargalhadas quando lê o cardápio dos produtos oferecidos nas licitações para atender às demandas dos palácios governamentais. Eles não economizam nas exigências refinadas. Carne? só picanha e filé mignon. Peixe? Serigado e Pescada Amarela. A Tainha e a Corvina - coitadas! - passam despercebidas. Ainda na mesma publicação, mas já tratando de um outro assunto, a colunista Dora Kramer lembra que a reforma político é um assunto que está em pauta desde 1997, sem que se consiga grandes êxitos ou avanços.

Curioso que ela faz referência a uma declaração de um político de direita,Jorge Bornhausen, com base política no Estado de Santa Catarina, afirmamdo ser a mesma inviável, posto que teria que ser realizada pela classe política e eles não fariam uma legislação contra os seus interesses. Seria óbvio, se não fosse trágico. Numa outra revista de circulação nacional,  a IstoÉ, uma entrevista com o general Santos Cruz, onde ele acerta o alvo num petardo certeiro sobre o tal orçamento secreto, aquele das tais emendas do relator:uma espécie de mensalão institucionalizado. 

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Tijolinho: A chapa da Frente Popular para as eleições de 2022 em Pernambuco.



Muito tem-se especulado em torno deste assunto, não raro, com algumas avaliações ingênuas, típicas de quem não conhece a realidade política aqui da província pernambucana, como supor, por exemplo, que o nome ungido pelos socialistas locais para concorrer ao Governo do Estado nas eleições de 2022, possivelmente o Deputado Federal Danilo Cabral(PSB-PE), deixaria de guardar a vaga para os projetos políticos do herdeiro legítimo do espólio do ex-governador Eduardo Campos, o seu filho e prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE). É evidente que ele cumprirá apenas um mandato, abrindo as portas do Palácio do Campo das Princesas para o atual prefeito do Recife, em 2026, se tudo ocorrer conforme o script planejado, pois ele já teria idade suficiente para concorrer ao cargo.   

Este fato também põe por terra a tese de que o nome do Deputado Federal Tadeu Alencar(PSB-PE) teria sido preterido em razão do padrão de relação familiar com a família Campos. Aqui na província, o grau de parentesco nunca foi motivo de exclusão entre as nucleações familiares. Muito ao contrário. Se, de fato, seu nome teria sido excluído - uma vez que o nome do candidato ainda não foi oficialmente anunciado - haveria, certamente, outras motivações. Matreiramente, até Lula teria embarcado nessas especulações, alimentando a possibilidade de emplacar algum nome do PT como cabeça de chapa, quando se sabe que, pelo seu projeto de voltar a ocupar a cadeira de presidente do Palácio do Planalto, ele fecharia qualquer tipo de acordo no plano estadual, principalmente em Pernambuco, um reduto político tradicionalmente controlado pelos socialistas há décadas. 

Lula já cedeu em contextos políticos onde as forças progressistas teriam amplas possibilidades de vitória, imagina se criaria algum obstáculo para impor um nome petista no Estado de Pernambuco. O cabeça de chapa socialista, em tese, já teria sido definido, embora o governador Paulo Câmara(PSB-PE) se esforce na tarefa de aparar as últimas arestas em torno do assunto no conjunto de forças que compõem a Frente Popular. Na aprazível Praia dos Carneiros, no dia de ontem, ele teria mantido uma longa conversa com o Deputado Federal pelo PDT, Wolney Queiroz, uma liderança política do Agreste pernambucano. Entre uns canapés e outros, deve ter reafirmado ao deputado que o nome de Danilo Cabral(PSB-PE) será o ungido para concorrer ao Governo do Estado pela Frente Popular nas eleições de 2022. 

Assim, restaria definir o nome do vice e do concorrente ao senado, que, em tese, teria a indicação preferencial do PT. Há uma penca de candidatos à vaga no contexto da Frente Popular, o que, naturalmente, não deve ser uma tarefa fácil construir um consenso em torno do assunto.Correndo por fora, hoje, dia 28, a crônica política pernambucana especula sobre a possibilidade da indicação do nome da vice-governadora, Luciana Santos, do PCdoB, como mais um nome no radar dos concorrentes à disputa da indicação. A despeito das boas relações do PT com o PCdoB - e mesmo considerando os acordos das duas legendas no plano nacional - é pouco provável que o PT aceite tal indicação, abdicando de indicar um nome da legenda para concorrer ao cargo, sob o sinal verde do senador Humberto Costa(PT-PE).

P.S.: do Contexto Político: Há rumores de que o PT, no plano nacional, estaria fezendo gestões pela indicação do nome da Deputada Federal Marília Arraes para concorrer ao senado na chapa da Frente Popular. Não se trata de um caso de misoginia política do PT local, mas, pelas razões já expostas pelo blog, o nome das duas mulheres sugeridas: Marília Arraes e Luciana Santos - não teriam a menor chance de serem indicadas com o aval da direção local do partido, a despeito da densidade eleitoral de Marília e do azeite político de Luciana Santos, uma exímia conciliadora. 
Em entrevista recente, Lula voltou a insistir no nome de Humberto Costa, afirmando não medir esforços para viabilizar seu nome no contexto da Frente Popular liderada pelo PSB. No contexto da Frente Popular seu nome seria inviável como cabeça de chapa e Lula sabe disso. Em via própria, o PT não possui a estrutura necessária para bancar uma candidatura ao Governo do Estado e Humberto Costa também sabe disso. Essa banca toda, creio, talvez seja no sentido de garantir, ao mínimo, a indicação ao senado federal, uma vez que a disputa tornou-se acirrada entre os partidos que compeõem a Frente Popular, cada qual apresentando um nome como postulante, alguns deles com bons padrinhos políticos.
Vamos atualizar este assunto por aqui, até o martelo ser batido. Há quem diga que até terça-feira possamos ter uma definição da chapa da Frente Popular. Nas coxias, comenta-se que, de fato, o senador Humberto Costa reivindica uma candidatura a governador com o apoio do PSB, proposta que conta com o apoio integral de Luiz Inácio Lula da Silva,que estaria estimulando o fiel escudeiro de longas datas. Tal pleito, naturalmente, colide com o conjunto de interesses dos partidos que integram a Frente Popular, além de ser um projeto que dificilmente seria assimilado pelo integrantes do clã dos Campos, herdeiros do espólio político do ex-governador Eduardo Campos. Há quem afirme que a corda estaria tão esticada entre os dois partidos que, possivelmente, poderia resultar num racha. É pouco provável.
Permanece os impasses no tocante ao anúncio do nome que deverá concorrer, pela Frente Popular, ao Governo do Estado de Pernambuco, nas eleições de 2022. Havia algumas especulações de que o nome poderia ser anunciado esta semana, mas, pelo andar da carruagem política, vamos ter que esperar mais um pouco, pois o governador Paulo Câmara(PSB-PE) encontra algumas dificuldades de construir um consenso em torno deste assunto. Um blog local - depois de ter voltado ao ar após um criminoso ataque de hackers - observou que o pretendente mais cotado nas hostes socialistas, o Deputado Federal Danilo Cabral(PSB-PE), votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff(PT-M), o que poderia sugerir um eventual veto do PT local. Não creio que o PT local, salvo honrosas exceções, compraria uma indisposição com os socialistas em nome da ex-presidente Dilma Rousseff. A direção do PT local optou por se constituir numa agremiação partidária que segue a reboque dos socialistas. Quando isso ocorre, perde-se muito em termos de altivez e no tocante à defesa de princípios.