quarta-feira, 20 de julho de 2022
Editorial: Simone Tebet questiona postura de dirigentes do MDB
Dirigentes da legenda emedebista se reuniram recentemente e decidiram que deverão endossar o apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, à Presidência da República, ainda no primeiro turno das eleições de outubro. Pelo menos 11 diretórios estaduais da legenda resolveram seguir tal orientação, o que, naturalmente, levantou algns questionamentos da candidata do partido à Presidência da República, a senadora Simone Tebet, que considera um equívoco a postura desses dirigentes, contribuindo para inviabilizar um nome que pudesse constituir-se como alternativa aos extremos políticos representados por Luiz Inácio Lula da Silva(PT), de um lado, e Jair Bolsonaro(PL), do outro lado.
Na realidade, não há surpresas aqui. Desde que o nome da senadora foi cogitado como alternativa da legenda como candidata da terceira via, tais segmentos do partido já manifestavam uma opinião em contrário, alguns deles em processo avançado de negociações com a candidatura de Lula, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. Algumas dessas lideranças, sequer, estiveram presentes no ato que homologou a candidatura de Simone Tebet à Presidência da República, numa clara demarcação de posições. Como o partido sempre foi controlado por uma federação de oligarquias familiares regionais com autonomia, fica difícil impor uma deliberação da cúpula partidária.
Assim, pode-se concluir que a senadora Simone Tebet - como se já não fossem suficientes os problemas inerentes à consolidação de uma alternativa de terceira-via - enfrenta sérios problemas dentro de sua própria agremiação partidária. O consolo é que inúmeros equívocos foram cometidos no processo de construção de uma alternativa política rigorosamente viável como terceira-via. Esta é uma contingência ditadas pelos padrões ou dinâmica de disputas políticas imposto pela quadra política brasileira, algo que foge completamente à sua alçada. A bem da verdade, como temos enfatizado por aqui, ela seria uma excelente alternativa.
Editorial: Implode a aliança entre PT e PDT no Ceará.
Matéria publicada no site da revista Veja informa que o PT rompeu uma aliança bem-sucedida da esquerda naquele Estado, mantida desde 2006,com o PDT, com sucessivos mandatos na condução do Palácio da Abolição. Na realidade, dois mandatos de Cid Gomes(PDT-CE), irmão do candidato à Presidência da República, Ciro Gomes(PDT-CE), e dois mandatos de Camilo Santana, do PT, que precisou se desencompatibilizar-se do cargo para concorrer ao Senado Federal nas próximas eleições de outubro, sendo substituído por sua vice, Izolda Cela, do PDT.
Com uma gestão muito bem avaliada pela população e bem articulada junto às instâncias do PT local - inclusive com simpatias nacionais dos dirigentes da legenda - Izolda credenciou-se para continuar no cargo, disputando as próximas eleições no Estado. Izolda, na realidade, nunca foi bem-digerida por setores do PDT que, numa manobra avaliada como de "arrogante", decidiu que o candidato ao Governo será o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio(PDT-CE).
Roberto é médico, um técnico que foi pinçado à condição de político pela família Ferreira Gomes, teve uma boa passagem como prefeito da cidade, mas, neste momento, não fez muito bem para os arranjos políticos no que concerne à condução da aliança entre as duas legendas. Diante da decisão de ruptura, restaria ao PT dois caminhos: apoiar o nome de Eunício Dias(MDB-CE), como candidato ao Governo, opção que poderia ter o apoio do PT nacional, ou lançar o nome de Izolda Cela(PDT-CE), mesmo diante da exiguidade de tempo para as convenções partidárias.
Editorial: Lula muda roteiro para visitar primeiro os parentes
Foto da equipe de Lula - Divulgação |
Depois dos compromissos políticos, se dirigia à residência dos Campos, no bairro de Dois Irmãos, onde degustava as delícias da culinária pernambucana, e, no final, durante a sesta, ainda dava boas gargalhadas com os causos narrados pelo dramaturgo Ariano Suassuna. Por vezes, o cardápio era anunciado pela imprensa, o que enchia a nossa boca d'água só de imaginar. Amanhã, segundo agenda divulgada, Lula irá almoçar na residência do candidato do PSB ao Governo do Estado, Danilo Cabral, mas o cardápio está mantido sob sigilo. O que está sendo muito divulgado mesmo nas redes sociais, é um vídeo onde o hoje candidato ao Governo do Estado anuncia seu voto a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff(PT-MG).
Pela programação inicial, o primeiro compromisso de Lula seria em Serra Talhada, no Sertão do Pajeú, mas ele resolveu, em primeiro plano, voltar às suas origens, ou seja, foi visitar os parentes em Caetés, cidade localizada no Agreste Meridional do Estado, onde conhecerá a réplica da casa de dona Lindu, sua mãe, construída pelos dirigentes petistas locais. Salvo melhor juízo, nem mesmo os organizadores da visita haviam colocado essa casa na sua agenda inicialmente, mas ele fez questão de afirmar que gostaria de visitá-la. Participará de evento em Garanhuns e Serra Talhada. No final da tarde do último dia, 22, vem ao recife - melhor dizendo, Olinda - onde se encontra com os partidários na Casa de Show Classic Hall.
Segundo dizem, a motivação da mudança teria a ver com as previsões de chuva na capital pernambucana, mas, na realidade, está fezendo um sol maravilhoso. Um pouco de chuva, igualmente, também não iria atrapalhar as suas andanças pelas ruas do Recife, tampouco afungentaria os simpatizantes. A questão é que eles prepararam um roteiro sob medida para evitar eventuais "surpresas".
terça-feira, 19 de julho de 2022
Editorial: O intrincado e equilibrado jogo de forças políticas em Alagoas
A vida já esteve melhor para a clã Calheiros no Estado de Alagoas. Nessas próximas eleições, o jogo de disputas políticas no Estado encontra-se bastante equilibrado sugerindo-se que o mínimo de deslize de algum competidor pode ser determinante no resultado do jogo. Neste caso específico, o grupo do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lyra, dos Progressistas, disputam voto a voto as eleições estaduais deste ano com o grupo liderado pelo senador Renan Calheiros, do MDB. Correndo por fora, mas tecnicamente empatados com os principais concorentes, o ex-presidente Fernando Collor de Mello(PTB) esboça o desejo de voltar a dirigir os destinos do Estado, bastante incentivado pelo presidente Jair Bolsonaro, a quem deverá apoiar no Estado, uma vez que Lyra segue uma raia própria, a despeito da proximidade com o presidente.
No dia ontem, o senador Renan Calheiros esteve num encontro com dirigintes emedebistas que se inclinam a apoiar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT), que já conta com apoio dos Calheiros no Estado. O grupo sempre defendeu a tese do não lançamento da candidatura da senadora Simone Tebet(MDB-MS) para a Presidência da República, contrariando os acertos dos dirigentes da legenda.Pelo que ficou decidido na reunião, 11 diretórios estaduais da legenda decidiram que apoiarão o candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Uma pá de cal nas pretenções da senadora Simone Tebet.
Em razão dos problemas inerentes à terceira via, é um fato que talvez a candidatura da senadora não se viabilize mesmo, independentemente dessas defecções. Nem o ex-governador Eduardo Leite, do PSDB, que esteve junto nessas costuras para a definição de um nome para tentar quebrar a polarização entre Lula e Bolsonaro, irá votar nela, conforme ele mesmo declarou recentemente, pois não conseguiu fechar um acordo com o MDB no seu Estado, que tentará voltar a governar.
Na realidade, a disputa no Estado terá suas repercussões no plano nacional, uma vez que poderá, dependendo dos resultados, fortalecer a posição de Arthur Lyra no Legislativo, mas também pode alavancar os projetos políticos do senador Renan Calheiros, que deverá ser um interlocutor privilegiado de Lula naquela Casa caso o ex-presidente seja eleito. Eis os números do Real Time Big Data, em pesquisa realizada entre os dias 04 e 05 e julho. TSE:AL 04092\2022. A margem de erro do Instituto é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Rodrigo Cunha (União Brasil-AL) 20%
Fernando Collor (PTB-AL) 20%
Paulo Dantas(MDB-AL) 26%
Editorial: Aliança do PDT com o PT no Ceará ameaçada?
Com dois candidatos presidenciais concorrendo ao Palácio do Planalto nas próximas eleições, a boa convivência das duas legendas naquele Estado da Federação, naturalmente, produziria alguns ruídos. Esta parceria entre o PDT e o PT, eventualmente uma relação não necessariamente harmoniosa em alguns momentos, produziu alguns bons frutos na gestão da máquina estatal. Um dos políticos hoje mais prestigiado no Estado é o ex-governador Camilo Santana, do PT, que se afastou do cargo para concorrer ao Senado Federal, numa eleição tida como certa.
Camilo chegou a ser cotado, inclusive, como um potencial candidato à Presidência da República. Camilo foi substituído no Palácio da Abolição por sua vice, Izolda Cela(PDT-CE), que vem fazendo uma gestão muito bem avaliada pela população, o que elevou sua cotação para continuar no cargo. Era uma das possibilidades, inclusive muito bem aceita pelas hostes petistas dentro e fora do Estado. Na realidade, Izolda Cela era o nome para manter a aliança entre os dois partidos mais azeitada. Em suas redes sociais, o ex-governador Camilo Santana lamentou que a primeira mulher a governar o Estado não pudesse concorrer à reeleição.
Não se sabe como o PT irá se comportar a partir de agora, uma vez que no dia de ontem, o Diretório Estadual do PDT, em votação, bateu o martelo e ratificou o nome do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio(PDT-CE) para a disputa. Políticos relevantes daquela praça lamentaram a opção do PDT, afastando a atual governadora da disputa. Optaram por um nome que guarda algumas rusgas com a legenda petista. Roberto Cláudio é uma espécie de cria dos Ferreira Gomes. Salvo melhor juízo, era um técnico pinçado para exercer um cargo político e deu certo na condução da máquina, quando foi prefeito de Fortaleza.
Editorial: Preparem o bolo de rolo que Lula está chegando
Lula chega ao Recife no próximo dia 20, onde deve permanecer até o dia 21, cumprindo uma série de compromissos políticos assumidos oficialmente com o candidato do PSB, Danilo Cabral. Uma pena mesmo que, por razões de segurança - ou seriam políticas? - ele não irá arruar pelas ruas do Recife ou experimentar um sarapatel no Mercado de São José, reduto do folclorista Liêdo Maranhão, um anfitrião de primeira, que, no passado acompanhou até o cineasta Orson Welles em suas noitadas pelos bairros boêmios do Recife.Quando esteve aqui na província, na década de 40 do século passado, este sarapatel fazia a festa do cronista capixaba Rubem Braga, que dividia a iguaria com Gilberto Freyre e Capiba. Outro apreciador de nossa boa mesa era o escritor Jorge Amado, assídio frequentador do Restaurante Leite. Jorge gostava de arruar pelas pontes do Recife.
Bolo requintado, de origem portuguesa, dos tempos da colonização, o Bolo de Rolo tornou-se um patrimônio dos pernambucanos. Os portugueses o recheavam com nozes e avelãs. Na ausência dessas oleaginosas, os pernambucanos colocaram o recheio de creme de goiaba que, possivelmente, o tornou ainda mais gostoso. Em sua origem não, mas com recheio de goiaba é coisa nossa, tipicamente pernambucana, daí a sugestão deste editor no título deste editorial.
Naqueles tempos de vacas magras, ainda na década de 80 do século passado - período em que o PT estava em formação - quando vinha a Pernambuco para visitar os campanheiros e a família em Caetés, Lula parava nas estradas deste sertão para saborear um bom capão com sangue de cabidela, feijão verde recheado de quiabo e maxixe e suco de umbu. Não sem antes, para abrir o apetite, uma boa cachaça com tira-gosto de préa ou arribaçã. Nessas andanças, era sempre acompanhado do fiel escudeiro, o hoje senador Humberto Costa, que conduzia a turma numa surrada Brasília Amarela.
Agora, naturalmente, os tempos são outros, mas, mesmo assim, Lula teria manifestado o interesse em conhecer uma réplica da residência em que ele viveu com os familiares na cidade de Caetés, próxima a Garanhuns. As cenas gravadas ali, ao que fui informado, poderão ser utilizadas em sua campanha pela televisão. Como disse no início, contingências outras, infelizmente, irão confiná-lo a um encontro fechado no Classic Hall, sem que ele possa se misturar à multidão, como ocorreu recentemente na Bahia.
segunda-feira, 18 de julho de 2022
Editorial: O estranho suicídio de um personagem chave do caso Marcelo Arruda.
A Polícia Civil do Estado do Paraná acaba de confirmar ter encontrado o corpo do vigilante Claudinei Coco Esquarcine, que, em princípio, teria cometido suicídio. Claudinei Esquarcine é um dos personagens-chave no enredo que envolveu as indisposições e culminou com a morte do militante petista Marcelo Arruda, na cidade de Foz do Iguaçu, enquando comemorava seu aniversário de 50 anos com os familiares. Num crime com todos os ingredientes de motivações políticas, Marcelo se desentendeu com o Policial Penal Federal, Jorge Garanhos que estava num outro clube, mas através de Claudinei obteve a senha que permitiu que ele tivesse acesso às câmaras e pudesse acompanhar a organização da festa de Marcelo Arruda. Em princípio, não seria usual a liberação do acesso a essas filmagens.
Possivelmente incomodado com os "temas" da decoração da festa de Marcelo Arruda - em homenagem ao ex-presidente Lula - Jorge Garanhos teria ido ao local e provocado Marcelo, que revidou atirando algo no carro de Garanhos. Depois de deixar a família em casa, Garanhos voltou ao local da festa para tomar satisfações com Marcelo, já de arma em punho, as gritos de "Aqui é Bolsonaro", de acordo com uma testemunha arrolada durante os depoimentos à polícia. A autoridade policiail que conduziu o inquérito sobre o caso não o tipificou como crime com conotações políticas, mas como um homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe.
Salvo melhor juízo, de acordo com a Constituição Federal, seria, legalmente complicado tipificar um crime de natureza política, mas que houve uma clara motivação de ódio induzido por intolerância política, ah isso houve, de acordo com proeminentes figuras do mundo jurídico ouvidos pela imprensa. Desconheço se ele teria sido ouvido durante a condução do inquérito policial. Sua morte não deixa de ser algo controverso, pois, segundo dizem, ele teria pulado de uma ponte e cometido suicídio. Não temos nenhum elemento para duvidar da versão inicial de suicídio, mas isso faz lembrar um enredo policial do passado, onde se chega àquela situação de mortes sucessivas, assim como ocorreu com o assassinato do presidente John Kennedy, onde Le Harvey Oswald foi assassinado e o seu matador foi morto na prisão.
Editorial: "A grande obra é cuidar das pessoas."
O ex-prefeito do Recife por dois mandatos, João Paulo Lima e Silva, anda um pouco esquecido do nosso mundo político, mas hoje foi lembrado - de uma maneira bastante positiva - em artigo do jurista Maurício Rands, publicado no Blog do Magno Martins. Como se sabe, João Paulo foi eleito prefeito do Recife, em 2000, pela primeira vez, numa condição bastante particular, quebrando um projeto da então União por Pernambuco, que já havia estabelecido um rodízio de nomes que deveriam se revesar na gestão da Prefeitura da Cidade do Recife e do Governo do Estado de Pernambuco. Sua vitória, em 2000, na realidade, implodiu a União Por Pernambuco. Realizou duas gestões bem-avaliadas pela população do Recife, traduzidas no slong: A grande obra é cuidar das pessoas.
Mas, afinal, o que significou isso na prática, na vida do cidadão comum, aquele que reside nos morros e alagados do Recife, uma gente vulnerável às intempéries da natureza, como as provocadas por estas últimas chuvas que caíram na capital, ceifando a vida de 130 pernambucanos, recifenses em particular. Observa o articulista que os nossos gestores não estão cuidando das pessoas como deveriam, o que explica o crescente empobrecimento de nossa população, traduzida na ocupação de praças e logradouros públicos por pessoas sem teto, ou nos pedintes que se aglomeram nos semáforos das nossas ruas engarrafadas, uma vez que o trânsito também não vai muito bem, meu caro Maurício.
Em suas duas gestões, João Paulo teria reduzido sensivelmente as áreas de risco do Recife, que voltaram a ser ampliadas nas gestões seguintes, por falta de cuidados com as pessoas, de onde se conclui que tragédias como aquela poderiam ser evitadas ou seus danos minimizados. Além do princípio republicano e programático, sobressaia-se em João Paulo uma profunda sensibilidade social, construída ao longo de sua trajetória política, sempre alinhado com os segmentos mais esquecidos da sociedade.
Editorial: TSE: equilíbrio e rigor na defesa da democracia.

O Tribunal Superior Eleitoral irá enfrentar uma de suas batalhas mais difíceis nessas eleições que se aproximam. Em todos os momentos, exige-se equilíbrio e ponderação nos momentos certos, assim como rigor e determinação quando as circunstâncias assim o exigirem. Há pouco tempo, o atual presidente daquela Corte, Ministro Edson Fachin, convocou a Polícia Federal e as Forças Armadas para acompanhar uma preleção dos técnicos da Casa sobre o acompanhamento das eleições, numa atitude equilibrada e conciliadora.
Na outra ponta, a ponta do rigor na observância às regras estipuladas para a condução do pleito, mesmo antes de assumir a Corte - fato que só ocorre a partir - de agosto - o ministro Alexandre de Moraes, determinou que fossem retiradas das redes sociais uma série de postagens que associavam o candidato Luiz Inácio Lula da Silva ao PCC. Caso as determinações não sejam cumpridas, multas pesadas aos responsáveis, dando a linha que será adotada contra os infratores das boas regras de convivência política exigidas por um regime democrático.
Como enfatiza o próprio ministro, liberdade de expressão não pode ser confudida com liberdade de agressão. O grande problema para o disciplinamento dessas fake news é que elas se tornaram uma poderosa arma política nas mãos de atores que não dão a mínima para o regime democrático. Elas se constituem numa verdadeira distorção do processo político, pois - além de ferir a honra e promover uma espécie de linchamento moral de alguns atores políticos - dispersa o eleitorado daquilo que realmente importa numa eleição: a discussão de um projeto para o país.
Editorial: Afinal, a morte de Marcelo Arruda foi ou não um crime politico?
A maior parte das matérias e artigos que li sobre o assunto, refere-se ao episódio como um crime de natureza política, bastante tipificado. Refiro-me, aqui, naturalmente, ao crime que vitimou o tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, no momento em que comemorava com a família o seu aniversário de 50 anos. O crime foi cometido por um bolsonarista convicto, o policial federal penal, Jorge Garanhos, que também foi atingido e se encontra em estado grave no hospital.
O resultado do inquérito policial, conduzido pela Polícia Civil do Estado do Paraná, conclui por um crime duplamente qualificado, por motivo torpe. Segundo a autoridade policial, não haveria elementos para qualificá-lo como um crime político, embora tais conclusões estejam causando bastante polêmicas no meio político. Nem mesmo os advogados da família de Marcelo Arruda ficaram satisfeito com o resultado do inquérito, argumetando que talvez tenha havido um certo açodamento na sua conclusão.
Ontem, um determinado veículo de comunicação trouxe uma matéria tratando do assunto, onde o articulista teve acesso a um depoimento do inquérito, com a oitiva de uma vigilante, onde a mesma confirma que Jorge Garanhos, de arma em punho e disparando contra Marcelo, gritava "Aqui é Bolsonaro". Com todo no nosso respeito ao trabalho da Polícia Civil do Estado do Paraná, fica cada vez mais difícil a sustentação da tese de que não se tratou de um crime político.
Editorial: A queda do antipetismo pode reconduzir Lula ao Planalto
Em artigo tratando deste assunto, o cientista político Felipe Nunes, do Instituto Quaest\Genial, observa que, em 10 anos - de 2002 a 2022 - os escores de antipetismo, que eram de 37% no início, baixaram para 30%. De acordo com o analista, este fato justifica a resistência do candidato Luiz Inácio Lula da Silva na liderança das pesquisas de intenção de voto. O artigo de Felipe Nunes repercutiu nas páginas da revista Veja, em matéria assinada pelo jornalista Matheus Leitão.
Particularmente, consideramos um índice ainda alto, mas, segundo o cientista político, insuficiente para impedir uma eventual vitória de Luiz Inacio Lula da Silva nas eleiçoes presidenciais de 2022. Além do pacote de bondades - corporificado na PEC Kamikaze - os estrategistas do staff político do presidente Jair Bolsonaro consideram a possibilidade de retomarem essa narrativa daqui para frente, intensificando a polarização da campanha, uma das razões para que não se abra espaço para uma terceira via, já então sepultada por alguns observadores mais atentos de nossa cena política.
domingo, 17 de julho de 2022
O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Eu ainda sei o que vocês fizeram no verão passado.

Aqui e ali, os setores mais orgânicos do Partido dos Trabalhadores questionam a ampliação do leque de abertura de Lula para o centro do espectro político, envolvendo atores que estiveram diretamente envolvidos no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff(PT-MG). Até mesmo com o ex-presidente Michel Temer(MDB-SP), que era vice de Dilma e assumiu o governo após sua deposição, Lula estabeleceu este diálogo, conhecendo suas habilidades de interlocuções com as diversas tribos políticas. Tal abertura, no entanto, é vista como fundamentalmente importante para o seu projeto de voltar a ocupar a cadeira do Palácio do Planalto, de acordo com observadores e assessores de perfil mais pragmático.
Quando Lula enfrentava um dos seus momentos políticos mais delicados - no período em que estourou o escândalo do Mensalão - que hoje passou a ser institucionalizado através do orçamento secreto, como observou em reserva um ator político - Dr. Miguel Arraes largou suas atividades no Campo das Princesas e, num gesto de grandeza política, tomou um avião e foi até Brasília emprestar sua solidariedade ao amigo, que depois retribuiu a gratidão beneficiando enormemente o governo do neto de Arraes, Eduardo Campos.
À época existia um fundo de recursos para a regiao Nordeste, dos quais pernambuco, sozinho, levava 25% do montante. Eduardo viveu em lua de mel com Lula e Dilma até que o projeto presidencial do neto de Arraes entrou em rota de distanciamento do PT. Por ocasião do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff existia uma grande interrogação sobre como se comportaria o PSB naquele contexto político. Depois de muitas idas e vindas, eles resolveram esquecer a lição de solidariedade política do Dr. Arraes e votar a favor do afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Como se sabe, eles foram fundamentais para que o projeto de impeachment fosse aprovado pela Câmara dos Deputados. Aqui em Pernambuco houve caso de então secreatários que se afastaram da pasta apenas para sufragar o voto pela impeachment de Dilma Rousseff. Agora, diante das contingências de uma reaproximação com o ex-presidente Lula, os socialistas do Estado tentam apagar essa imagem de antes, quando votaram, com tanto entusiasmo, pelo deposição da ex-presidente Dilma Rousseff. Os eleitores, no entanto, ainda sabem o que vocês fizeram no verão passado.
Editorial: A necessidade de construção de um pacto de convivência política civilizada.
O ministro da Justiça, Anderson Torres, determinou que fossem investigados os responsáveis por um vídeo que anda fazendo sucesso em uma rede social, onde o presidente Jair Bolsonaro(PL)seria, supostamente, vítima de um atentado, caracterizado com a devida indumentária que costuma usar, ao lado de sua moto, o que sugere que o atentado se dá durante uma dessas motociatas organizadas por sua campanha. O clima político do país, como se sabe é um dos mais acirrados. Possivelmente, nunca antes tivemos uma eleição realizada em tais circunstâncias de tamanha instabilidade política e institucional.
Neste domingo, mesmo que anpassant, este editor andou acompanhando as reflexões dos principais formadores de opinião do país. Todas convergem para um ponto: a necessidade de formalizarmos um pacto de convivência política civilizada. Este clima de animosidade pode produzir novas tragédias, como a que vitimou o tesoureiro do PT, Marcelo Arruda,na cidade de Foz do Iguaçu, assassinado quando comemorara o seu aniversário de 50 anos, junto com os familiares.
Certamente, situações como a relatada acima não contribuem para que possamos baixar as armas e firmarmos esse pacto de convivência política, seja lá quem seja os responsáveis pela produção dessa situação. Não vamos aqui, igualmente, tapar o sol com a peneira, pois sabemos como chegamos a este quadro caótico, estimulado como arma política, sobretudo em razão da ausências de argumentos e projetos para o país. Por outro lado, também não somos crianças para mantermos aquela postura dos velhos tempos, das peladas de várzea, onde repetíamos exaustivamente: foi você quem começou!
sábado, 16 de julho de 2022
Editorial: A aula de transparência e tolerância do Ministro Edson Fachin
O Presidente do Superior Tribunal Eleitoral, Ministro Edson Fachin, tem demonstrado o equilíbrio necessário na condução daquela Corte, que devará ser entregue, em agosto, ao colega Alexandre de Moraes, que se constituirá numa espécie de xerife das eleições de 2022. Dele se espera a tranquilidade e a ponderação - no momento certo - mas igualmente a energia e o rigor para agir, sempre que alguma regra estipulada para aquelas eleições vier a ser violada. O ministro Edson Fachin já enfrenta inúmeras intempéries, mas isso parace ser apenas o início do vendaval, a julgar pelo andar da carruagem política.
Infelizmente, a possibilidade de termos eleições tranquilas são remotas, porque nos parece que fomentar a discordia integra a plataforma da estratégia política de alguns atores. A partir da promulgação da Constituição Cidadã de 1988, um dos indicadores da saúde de nossa incipiente democracia era exatamente a realização de eleições regulares e limpas, com os atores políticos aceitando o resultado do pleito, devidamente referendado pelo Justiça Eleitoral.
Uma espertise de décadas, aperfeiçoada sistematicamente, que culminaram com o advento tecnológico das urnas eletrônicas. O ministro Edson Fachin, inúmeras vezes, tratou deste assunto, sempre enfatizando a sua segurança, rebatendo as acusações levianas em contrário. Mas, numa atitude de transparência, tolerância e respeito pelo processo democrático, mais uma vez, está convocando representantes das Forças Armadas e da Polícia Federal para acompanhar uma explicação dos técnicos daquele órgão sobre a segurança das urnas eletrônicas.
Editorial: ACMLula
Seria muito pouco provável que a situação pudesse ser revertida em favor do candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, desconhecido por 74% do eleitorado baiano. Lula até tem se esforçado, como no último dia 02 de julho, quando esteve no meio da multidão que acompanhava o desfile em comemoração à Independência dos baianos, pedindo voto para o candidato do partido. Mas trata-se de uma tarefa hercúleo, pois nem mesmo os eleitores que se identificam com Lula, ao que indicam as pesquisas, pretendem votar casado com o nome de Jerônimo Rodrigues.
Lula e o PT tem uma forte presença no Estado. Há 16 anos controlam o Palácio de Ondina, sempre com boas votações quando dos pleitos presidenciais. O atual governador, Rui Costa(PT-BA), inclusive, conta com uma boa aprovação dos baianos. Desta vez, no entanto, os eleitores tem demonstrado que pretendem devolver o controle do Estado ao herdeiro do carlismo, Antonio Carlos Magalhães Neto, depois de creditarem ao PT 16 anos de poder. Tanto tempo de exercício de poder sempre produz algum desgaste natural, o que se convenciona chamar de fadiga de material. É isso, meu caro Jerônimo Rodrigues(PT-BA).
O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: O "teste"de palanque de Lula no Estado.
As "barrigas" - ou notícias falsas - tornaram-se relativamente comuns aqui no Estado de Pernambuco, levando-nos a sempre manter uma devida cautela sobre o que se divulga em alguns blogs ou através das redes sociais. A prudência impede-nos de replicar ou reproduzir as chamadas "fake news", causando um dano ainda maior às pessoas envolvidas. Ontem foi divulgado, por exemplo, que supostamente, Lula teria mantido um diálogo com dirigentes sociaslistas, informando sobre a impossibiidade de respeitar a condição de um palanque único em pernambuco.
Não foi possivel "checar" se a notícia procede ou não, o que aconselha mantê-la em stand by. Aliás, se o dileto leitor realizar uma pesquisa na internet sobre este assunto, irá encontrar uma série de informações desencontradas, ora Lula acenando para a possibilidade de ampliação de palanques, ora fazendo juras de amor eterno e fidelização ao palanque da aliança entre o PSB e o PT no Estado, reafirmando o seu compromisso com o candidato Danilo Cabral(PSB-PE).
Mas, a rigor, com o afunilamento do calendário eleitoral, logo saberemos qual será sua postura em relação aos seus três palanques no Estado, pois, além do "oficial", existem o palanque de Marília Arraes, do Solidariedade, e o palanque de João Arnaldo, do Psol. Marília, como se sabe, vem construíndo sua campanha colada à imagem do morubixaba petista, assim como ocorre, de forma mais modesta, com o candidato do Psol.
Ambas as legendas, no plano nacional, tanto o Solidariedade quanto o Psol estão na aliança que pretende recuperar a cadeira do Palácio do Planalto para Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os dias 20 e 21 Lula deverá estar no Estado, em compromissos formais assumidos com o candidato do PSB, Danilo Cabral, quando deverá visitar as cidades de Serra Talhada, Garanhuns e Recife. Este será o primeiro grande "teste" de palanque do candidato.
Como a campanha de Marília criou uma espécie de "Lulômetro", a grande questão é saber como o tal termômetro político irá se comportar durante esses dias. Resta saber o que a equipe de Marília Arraes estaria "aprontando" para não perder sua liderança nesse instrumento, dando um jeitinho de acompanhar a visita do ex-presidente Lula ao Estado. Lideranças políticas que acompanham a candidata, inclusive - como é o caso do seu vice, Sebastião Oliveira - possuem base política na cidade de Serra Talhada, a primeira a ser visitada por Lula.
Editorial: No Ceará, enquanto PDT e PT não chegam a um acordo, Capitão Wagner segue na frente
Enquanto o PT é simpático ao nome da atual governadora, Izolda Cela(PDT-CE), o PDT prefere o nome do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio(PDT-CE), ligado aos Ferreira Gomes. Em princípio, pelos dados da última pesquisa de intenção de voto realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas naquele Estado e divulgada no dia de hoje, Roberto Cláudio aparece mais competitivo num confronto direto com o Capitão Wagner, mas há de se considerar a boa avaliação da população sobre a gestão da governadora Izolda Cela, que pode se refletir nas urnas.
Como se desenha pelo cenário, o Ceará é mais um desses Estados nordestinos onde o candidato Luiz Inácio Lula da Silva(PT) terá problemas de palanques. Aqui em Pernambuco, segundo comenta-se, Lula teria mantido um diálogo com dirigentes socialistas informando que não respeitará a exclusividade de palanque, ou seja, irá prestigiar os três candidatos ao Palácio do Campo das Princesas que o apóiam: Danilo Cabral, do PSB, Marília Arraes, do Solidariedade,e João Arnaldo, do PSOL, que já esteve com Marília, na condição de vice-candidato a prefeito do Recife nas últimas eleições. A encrenca é grande.
A pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas divulgada hoje, 16\07 sobre a corrida eleitoral no Ceará, ouviu 1.540 eleitores, entre os dias 11 e 15 de julho, com margem de erro de 2,6 para mais ou para menos, e está registrada no TSE-CE - 05080\2022.
sexta-feira, 15 de julho de 2022
Editorial: A conclusão do inquérito sobre o assassinato de Marcelo Arruda.
Mesmo ferido, Marcelo Arruda, que também era guarda municipal, sacou sua arma funcional e atirou diversas vezes contra o agressor, que acabou ferido em estado grave. Neste clima político nada amistoso que estamos vivendo, o crime tornou-se um cabo de guerra entre petistas e bolsonaristas. Dirigentes petistas chegaram a pedir a federalização do crime, o que foi negado pela Justiça, determinando que as investigações ficassem mesmo circunscrita à Polícia Civil do Estado do Paraná. A Presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, chegou a ir ao velório de Marcelo Arruda e voltou a criticar as conclusões do inquérito, reforçando a tese de sua federalização.
O presidente Jair Bolsonaro emprestou condolências à família e teria tentado um diálogo com os irmãos da vítima, simpáticos ao bolsonarismo, segundo afirmam, incomodado com o fato de a oposição estar explorando politicamente o episódio. A esposa de Marcelo, Pâmela Silva, alegou tratar-se de uma incongruência esta tentativa de diálogo do presidente Jair Bolsonaro. Na realidade, ficou tudo muito confuso e mal conduzido, ampliando ainda mais - ao invés de minimizar - o fosso político que separa petistas e bolsonaristas.
Agora vem a conclusão do inquérito sobre o caso, conduzido pelo Polícia Civil do Estado do Paraná, argumentando tratar-se de um crime sem conotação política, ou seja, Jorge Garanhos não teria matado Marcelo Arruda por ele ser petista, mas por um motivo torpe. Possivelmente, teremos muitas controvérsias em torno do assunto, uma vez que a própria família de Marcelo Arruda parece não ter ficado satisfeita com a conclusão do inquérito da Polícia Civil do Estado.
Editorial: Saiu uma nova pesquisa sobre a disputa na Bahia.
Como alguns leitores mais atentos devem ter observado, este editor tem um interesse particular sobre a disputa política na Bahia. Consideramos interessante o pdrão de escolhas do eleitor daquele Estado, que, a cada pesquisa de intenção de voto, emite indicadores de que pretendem eleger ACM Neto para o Palácio de Ondina e, de forma curiosa, eleger Lula mais uma vez para o Palácio do Planalto. Trata-se de um arranjo inusitado, o que suscita o interesse deste editor. Os escores entre ambos, inclusive, guardam uma estreita similaridade. Hoje, dia 15\07, o Instituto Quaest\Genial divulga mais uma pesquisa naquela praça, desta vez apontando uma ligeira recuperação do candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, mas ainda muito distante da liderança folgada do neto de Antonio Carlos Magalhães.
João Roma, o candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, também ainda não conseguiu convencer o eleitorado sobre ser uma boa opção para assumir o Palácio de Ondina. Jerônimo Rodrigues, do PT, praticamente dobrou as suas intenções de voto, passando de 06% para 11%, de acordo com os números das pesquisas realizadas pelo próprio Instituto. Ele, no entanto, tem um grande problema a superar, ou seja, tornar-se conhecido do eleitorado do Estado. 74% dos baianos declaram que não o conhece. O lado bom - mas que ainda não surtiu os efeitos desejados - é que as pesquisas indicam que, quando o seu nome é associado ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT), ele se torna bastante competitivo. Chegaria a cravar 38% das intenções de voto, deixando o jogo bastante equilibrado.
É nesta bala de prata que o Partido dos Trabalhadores aposta, mobilizando seus atores políticos no Estado para esta empreitada, de preferência, carregando Lula a tiracolo. Rui Costa, o atual governador, tem uma avaliação razoável dos baianos e existe, também, o concurso do ex-governador Jaques Wagner, com muita espertise, pois governou o Estado por dois mandatos e conhece todos os rincões regionais. Vamos aos números:
ACM Neto(UB-BA) 61%
Jerônimo Rodrigues(PT-BA) 11%
João Roma (PL-BA) 6%
TSE:BA - 05185\22. A pesquisa ouviu 1.140 pessoas, foi realizada entre os dias 09 e 12 de julho. Margem de erro: 2,9 para mais ou para menos.
Editorial: Como fica a PEC da Bondade depois do dia 31 de dezembro?
No dia de hoje, 15\07, os telejornais mostraram cenas preocupantes de milhares de pessoas, em todo o Brasil, em filas quilométricas para se habilitarem a receber o Auxílio Brasil, depois de se cadastrarem no Cadastro único. Algumas dessas pessoas dormiram na fila, de forma completamente improvisada, em condições desumanas. Ouvido por um desses jornais, o economista da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri, observou, baseado em um levantamento da própria Instituição, que, na série histórica de pesquisas dos últimos dez anos, o ano de 2021 marcou um recorde: nunca a população brasileira empobreceu tanto.
A observação de Neri é uma alerta sobre o que virá no dia sequinte ao dia 31 de dezembro, quando se encerra esse pacote de bandades da PEC Kamikaze, concebida não para enfrentar, de fato, os problemas sociais do país, mas para cacificar eleitoralmemte o Governo. De cara, existe o problema de tal PEC ter furado o teto dos gastos, gerando um grande problema para as contas públicas do país, seja lá quem assumir o Executivo Federal a partir de janeiro de 2023. Depois, vem um drama ainda maior: o que fazer com os beneficiários do programa a partir de então?
Segundo este editor foi informado, a assessoria de candidatos como Luiz Inácio Lula da Silva(PT), que lidera, até este momento, todas as pesquisas de intenção de voto, já estariam debruçados sobre a resolução dessa equação, pois os beneficiários do programa não poderiam ser deixados à mingua depois da refrega eleitoral. Tudo indica que o Governo irá colher os resultados concretos desse pacote de bondades durante as próximas eleições presidenciais, a julgar pelas pesquisas de intenção de voto divulgadas logo após o anúncio das medidas. Sua assessoria política mira os pobres, as mulheres e os nordestinos, eleitorado ainda refratário aos seus apelos.
quinta-feira, 14 de julho de 2022
O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Como vai estar o "Lulômetro" nos dias 20 e 21?
A estratégia da equipe de marqueteiros da candidata Marília Arraes(Solidariedade) de colar sua imagem a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) vem dando muito certo. Nem mesmo nos encontros - como este último de Brasília - onde o candidato formal da aliança PT-PSB, Danilo Cabral, está presente, ele consegue roubar a cena e arrancar aquele entusiasmo do morubixaba petista. Agora, pelas redes sociais, existe um tal de "Lulômetro" um indicador que sinaliza o grau de intimidade do candidato no que concerne à sua aproximação com Lula.
Marília, como era de se esperar, lidera o ranking, seguida do candidato formal da aliança, mas, mesmo assim, bastante distante da candidata. Na outra extremidade, naturalmente, o candidato do PL, Anderson Ferreira, apoaido pelo presidente Jair Bolsonaro(PL). Há uma grande expectativa sobre como irá se comportar esse termômetro político entre os dias 20 e 21 deste mês, quando o candidato do PT estará visitando o Estado de Pernambuco, em compromissos formais assumidos com o candidato o PSB, Danilo Cabral.
Como informamos antes, Lula deverá começar o seu périplo pela cidade de Serra Talhada, no Sertão do Pajeú, depois visita Garanhuns, no Agreste Meridional, onde curte o friozinho local e o FIG, e, finalmente, realiza uma grande concentração em Recife. Nesses dias, em tese, o candidato do PSB deve subir a temperatura do "Lulômetro", uma vez que Lula, a rigor, deve cumprir seus compromissos formais assumidos com a aliança, evitando embaraços com seus apoiadores. Resta saber como a equipe de Marília Arraes está se preparando para este dia. Veremos!
Editorial: Embarcando em três canoas, qual a real estratégia de Gilberto Kassab?
O jornalista João Pedroso de Campos, da redação da revista Veja, chama a nossa atenção sobre um tema interessante, ou seja, qual a real estratégia de um dos atores mais hábeis da atual conjuntura política brasileira, o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, Presidente Nacional do PSD. Como se sabe, Kassab, depois de ver supultada todas as suas tentativas de viabilizar um nome para concorrer às eleições presidenciais deste ano, acabou tendo como única alternativa - ou seria jogada? - a articulação de alianças localizadas com os principais concorrentes ao Palácio do Planalto.
Jair Bolsonaro(PL), em São Paulo, Luiz Inácio Lula da Silva(PT) em Minas Gerais, e Ciro Gomes(PDT) no Rio de Janeiro. Há quem advogue, que a opção dele em vincular-se ao bolsonarismo em São Paulo não teria sido uma boa jogada. No mínimo, incoerente e divergente do padrão de alianças celebradas em outras praças, o que poderia significar um lance equivocado no jogo político. Por outro lado, existe sempre aquele ditado que recomenda nunca colocar todos os ovos numa única cesta.
Importante entender, no entanto, como observa João Pedroso, que o objetivo principal daquela raposa política seria o de ampliar, o quanto possível, sua bandada de representantes no Legislativo, se cacificando para as futuras negociações de apoios no parlamento, seja lá quem for o inquilino do Palácio do Planalto. Ainda existe - como pano de fundo que, neste caso não é cueca - a questão do fundo partidário, que é calculado com base nas bancadas.
Esta, aliás, tem sido a mesma estratégia do Centrão, comandado pelo Presidente da Câmara Federal, Arthur Lyra, e o Ministro-Chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. O importante é ampliar a base de representantes, contingenciando o futuro governante a aceitar suas exigências em troca dos apoios. Tais exigências, como se sabe, tem um alto custo.
Editorial: Extremismo? Onde?
Os números ainda são modestos, mas já demonstram que o eleitorado está menos preconceituoso e mais simpático a esses grêmios partidários. Se não se cuidarem, logo logo eles caem dentro da "bacia semântica" da institucionalização. Até recentemente, o PCO foi punido pelo STF por eventual pregação antidemocrática. O PSTU teve sua origem numa ala do PT - a Convergência Socialista - que chegou a ser expulsa do partido por não mais convergir para a luta institucional que passou a ser adotada pelo partido.
Faz sentido, por exemplo, uma fala do ex-governador Jaques Wagner, do PT baiano, ao afirmar que, se Lula for eleito, não fará um governo do PT. Aliás, para ser mais preciso, um governo genuinamente do PT nunca foi feito no país. Basta observar as inúmeras reformas abortadas durante os Governos da Coalizão Petista, a despeito dos avanços conquistado no campo social e do reconhecimento dos direitos de minorias. A contingência de se aproximar cada vez mais do centro para viabilizar-se eleitoralmente é um outro indicativo.
Essas considerações vem a propósito de um debate, motivado pela morte do militante petista Marcelo Arruda, sobre extremismo. Longe de o PT representar esse extremismo. Agora, por outro lado, sim, há indícios claros de grupos que estão se formando no país que flertam com o ideário da ultra-direita de orientação fascista. Eles nunca cresceram tanto no país, possivelmente na esteira dessa "onda" de direita a que fomos submetidos em escala global.
Editorial: Quem mais beneficiou-se, em São Paulo, com a saída de Márcio França?
Comendo o mingau quente pelas beiradas, aos poucos e de forma regular, o tucano vem recuperando o histórico desempenho do partido em São Paulo, o que pode significar uma grande encrenca para seus adversários na disputa, inclusive o petista Fernando Haddad, que ostenta a maior rejeição naquele colégio eleitoral. Bolsonaro também já teve dias melhores ali, o que poderia signifcar uma eventual transferência de votos para o seu pupilo, mas, as últimas pesquisas informam que o seu prestígio não é mais o mesmo.
Quem está em lua de mel com o eleitorado, neste momento, é mesmo o candidato tucano, que ainda pode capitalizar uma menor rejeição entre os concorrentes e uma razoável aprovação de gestão, em torno de 43%, o que assegura uma possibilidade concreta de competitividade na disputa. Uma aprovação acima de 40%, de acordo com o cientista político pernambucano Antonio Lavareda, permite ao governante, aliado a outros fatores, naturalmente, a possibilidade concreta de renovação do contrato de gestor da máquina.
Em meio a tantos rebuliços no ninho tucano, os analistas chegaram a negligenciar o seu real potencial de votos naquela praça, onde eles mantiveram o ninho emplumado por mais de três décadas. Como disse antes, o PT dependerá muito da espertise de um ex-tucano, o ex-governador Geraldo Alckimin(PSB). Como está previsto, Fernando Haddad será vítima de uma artilharia pesada e precisará de muita resiliência para resistir aos ataques.
O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: O controverso - e afetuoso - encontro entre Marília e Lula em Brasilia
Ao longo de sua vida pública, a neta do ex-governador Miguel Arraes, Marília Arraes(Solidariedade), demonstra uma grande capacidade de resiliência. Não foram poucos os petardos desferidos contra a Deputada Federal, numa província onde a difamação e a mentira para atingir os desafetos tornou-se uma arma política utilizada largamente, ao ponto de fazer inveja aos chamados gabinetes do ódio. Neste último encontro do PT, em Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu os apoiadores de sua campanha para recuperar o assento no Palácio do Planalto.
Diferentemente do que está sendo veiculado por alguns canais maldosos, de Pernambuco, foram convidadas as duas candidaturas que, de alguma forma, estão vinculadas ao projeto de reeleção de Lula, ou seja, pela ordem, formalmente, Danilo Cabral, do PSB, e Marília Arraes, pelo Solidariedade. Os opositores estão tentando disseminar pelas redes sociais que Marília teria ido de penetra, o que não se constitue a verdade dos fatos.
Marilia não apenas foi convidada, como foi recebida com manifestação de maior apreço do que o candidato oficial da aliança PT-PSB, Danilo Cabral, conforme fica evidente quando se estabelece um contraponto entre as duas fotografias. Lula chega a beijar a mão de Marília Arraes, num gesto menos formal do que o dispensado ao candidato Danilo Cabral. Aliás, Não apenas Lula, mas também o seu candidato a vice, Geraldo Alckmin, se derramou em cortesia com a candidata.
Na próxima semana, Lula deverá aterrissar aqui na província para cumprir uma série de compromissos com o candidato Danilo Cabral, conforme acordo com o PSB. Começa o périplo por Serra Talhada, terra do cangaceiro Lampião, e segue para o Festival de Inverno de Garanhuns, encerrando com um grande encontro no Recife. Ele já teria manifestado o interesse de se deslocar até a cidade vizinha de Caetés, onde pretende visitar uma réplica de uma casa de sua mãe, construída pelos simpatizantes do PT.
quarta-feira, 13 de julho de 2022
Editorial: Nova pesquisa de intenção de voto para o Governo da Paraíba.
Este editor costuma acompanhar, com regularidade, o que ocorre no cenário político do Estado da Paraíba. Esta motivação está relacionada aos tempos que passamos por ali, onde são frequentes os debates sobre o assunto, mesmo em períodos não eleitorais. Já comentamos isso por aqui - mas não custa repetir - não deixa de ser curioso como os paraibanos construíram esse hábito de acompanhar programas de debates políticos junto à população. Não sei se tais programas possuem grandes audiências, mas não deixa de ser interessante essa constatação.
Por isso, sempre que estamos numa eleição - e até longe delas - voltamos nossos olhos para o que ocorre no Estado vizinho, terra dos meninos de engenho José Lins do Rego e Augusto dos Anjos. Uma pena que as pesquisas de intenção de voto sejam tão escassas naquela praça. Salvo melhor juízo, essa que discutimos agora é a segunda pesquisa a tratar da corrida ao Palácio da Redenção. Não apresenta muitas novidades em relação à primeira pesquisa, ou seja, embora com escores diferentes, tal fato não mudou a posição dos competidores na disputa, sobretudo se considerarmos a margem de erro do Instituto Opus Pesquisa, de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos.
As visitas de Lula àquele Estado são escassas, mas o presidente Jair Bolsonaro(PL), até recentemente, visitou a capital, João Pessoa, para a entrega das chaves de um conjunto habitacional à população, e foi até os festejos juninos da cidade de Campina Grande, localizada na Serra da Borborema, que se orgulha de realizar o maior forró do mundo. Em tais ocasiões, fez questão de prestigiar o candidato do PL ao Governo do Estado, o jornalista Nilvan Ferreira(PL-PB), um fiel escudeiro do bolsonarismo no Estado.
A situação do candidato do PSB naquela praça é mais confortável, pois lidera a corrida ao Palácio Redenção, seguindo pelo representante da família Cunha Lima, Pedro Cunha Lima, muito em razão do capital político acumulado pela oligarquia familiar, com atuação de décadas no Estado. Logo em seguida, aparece o representante do bolsonarismo, Nilvan Ferreira, mas ainda distante de configurar uma eventual polarização com o candidato socialista, João Azevedo. Lula também teria problemas de composição de palanque naquele Estado, uma vez que o candidato Veneziano Vital, do MDB, tem como postulante ao Senado Federal na sua chapa o ex-governador Ricardo Coutinho(PT-PB), muito próximo a Lula. Eis os números:
João Azevedo(PSB-PB) 26%
Pedro Cunha Lima(PSDB-PB) 18%
Nilvan Ferreira(PL-PB) 13%
Veneziano Vital(MDB-PB) 12%
TSE:PB: 08633\2022