pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Drops Político: PT: Chamem o José Dirceu.



O ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, um dos nomes cotados para assumir a direção do PT no próximo ano, observou que o partido ressente-se da atuação de nomes como o de José Dirceu. De fato, no passado, José Dirceu foi um nome estratégico no processo de institucionalização do partido, condição essencial para credenciá-lo a assumir o poder no jogo da democracia representativa burguesa. Lula deve o seu primeiro mandato ao líder estudantil. À época, muitas correntes da legenda resistiam a este processo. Pelos seus últimos pronunciamentos, o antigo dirigente parece que ainda não perdeu o feeling do processo político. Continua afiado. Mesmo fora da ribalta, pensa o partido sobre o travesseiro, antes de dormir. Precisa assumir um papel chave no que concerne à discussão sobre como recuperar o protagonismo da legenda.  

Editorial: A "chacoalhada" que o PT precisa.



O PT passa por um dos momentos mais delicados de sua trajetória política. Neste momento, militantes e intelectuais ligados ao partido discutem o melhor caminho para reinseri-lo na luta, depois das sinalizações das ruas ou dos desgastes produzidos pelas fraturas expostas pelo fiasco das últimas eleições municipais. Não há soluções mágicas, mas o partido poderia começar por uma autocrítica profunda, onde viesse a ser apontados os diversos gargalos que ele precisa superar para se manter no jogo. Sobre este assunto, como sempre, não há consenso. 

O senador Humberto Costa, que esteve à frente do Grupo de Trabalho Eleitoral do partido nessas eleições municipais, afirmou recentemente que o partido precisa passar por uma espécie de chacoalhada, seja lá o que isso signifique. Há quem sugira que nomes como o de José Dirceu, em razão de sua experiência política e capacidade de articulação, possa voltar a apontar as diretrizes programáticas e políticas que o grêmio precisa adotar daqui para frente, criando as condições necessárias para superar essa tormenta e enfrentar essa onda de direita e escala global. Grande timoneiro do partido no passado, aquele que criou as condições institucionais para o partido chegar ao Planalto, a expertise política de Dirceu ainda é um trunfo da legenda. 

Uma conta que precisa ser feita é que, embora o centro tenha sido o grande vencedor das últimas eleições municipais, a direita obteve mais votos do que a esquerda, entre esta o PT. Sugere-se que a solução da equação para enfrentar a direita ou extrema-direita passa, necessariamente, por uma transição ou articulação ainda mais ousada para o centro do espectro político. Não sem um custo alto, sobretudo junto aos seus segmentos mais orientados ideologicamente, que cobra investimentos na saúde, na educação, no combate às desigualdades sociais? 

Editorial: Gilberto Kassab no Canal Livre.



Fazia algum tempo que não ouvíamos uma entrevista tão densa sobre conjuntura política. O entrevistado de ontem, dia 03, no Programa Canal Livre, da Rede Bandeirantes, foi o grande vencedor das últimas eleições municipais, o Presidente Nacional do PSD, Gilberto Kassab, hoje um dos homens mais hábeis no traquejo do tabuleiro do xadrez da político nacional. Vários temas foram abordados durante a sua entrevista, tornando-se impossível tratarmos aqui de todos por ocasião de um simples editorial. Dois desses temas, porém, podemos fazê-lo. 

Um deles diz respeito à propalada polarização da política nacional que, a julgar pelo resultado das últimas eleições municipais - onde o centro foi o grande vencedor - indica uma saturação do eleitorado brasileiro no tocante a este assunto. Essa tendência tem várias indicações, inclusive quando se cogita nomes e estratégias visando as eleições presidenciais de 2026. O cientista político pernambucano, Antônio Lavareda, durante uma entrevista à Revista IstoÉ, também enfatizou essa questão como uma das lições deixadas do último pleito, inclusive contrariando algumas previsões de especialistas. Os petistas que torcem por uma nova disputa polarizada, de preferência com o capitão do outro lado, podem ir colocando as barbas de molho. 

Um outro dado interessante que trazemos aqui diz respeito a uma eventual migração da tucana pernambucana, a governadora Raquel Lyra, para o PSD de Gilberto Kassab. Procurado, Kassab silencia sobre o assunto, mas isso faz parte do jogo. O convite é bem antigo e Raquel já acomoda em seu governo pessoal do PSD. Um aviso aos navegantes. Kassab tem um ótimo trânsito com os tucanos e, respondendo a uma pergunta do jornalista Fernando Mitre e ele admitiu que, sim, o PSD está assumindo o papel daquilo que já foi o PSDB no passado. Se confirmada, a guinada de Raquel Lyra, portanto, não seria nada radical assim, indicando, na realidade, possíveis arranjos que a aproximam cada vez do Palácio do Planalto, uma vez que a tendência do Governo Lula3, acossado pelas urnas, tenderia a estreitar ainda mais os laços políticos com partidos como o PSD.  

domingo, 3 de novembro de 2024

Drops Político: Temas domésticos amargos para Fernando Haddad.



Pelo menos nos pronunciamentos públicos, o PT começa a incorporar ao seu dicionário político alguns temas abominados no passado. Vai levar algum tempo até esse novo vocabulário, que inclui a palavra empreendedorismo, seja assimilado efetivamente pela legenda. A pedido do morubixaba petista, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que pretendia fazer uma viagem pela Europa, inicia a semana com a agenda dos cortes de gastos, o que está deixando o mercado em polvorosa, uma vez que o governo tem perdido credibilidade no tocante ao assunto. É um tema espinhoso, mas precisa ser enfrentado. Tente você leitor, conforme recomendava a economista Tânia Bacelar, gastar mais do que arrecada ou se endividar para assumir os compromissos com aquele bem de consumo. Quebra qualquer um e, sinceramente, acreditamos que o o próprio Haddad já está cansado de travar essa batalha dentro do governo. 

Drops Político: Caiado inicia maratona pela país em 2025.



O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, deve iniciar seu périplo pelo país em 2025. Caiado já assume sua condição de candidato ao Planalto nas próximas eleições presidenciais. O governador pilota um dos programas mais bem-sucedidos no enfrentamento da violência em seu estado, credencial que ele apresenta para habilitar-se a uma cadeira no Palácio do Planalto. Sabe-se, porém, que um candidato de tema único - mesmo em se tratando de um tema nevrálgico para o país neste momento - reúne poucas chances de ser exitoso. Certamente ele deve estar reunindo um programa de governo que possa ancorar a carruagem puxada pela segurança pública. 

Charge! Thiago via Jornal do Commércio

 


Drops Político: Aliados pedem prazo para definição de Tarcísio de Freitas.


Embora com argumentos razoáveis acerca da necessidade de cumprir um segundo mandato e sempre observando que, caso Bolsonaro habite-se para uma nova postulação ao Palácio do Planalto, ele teria essa prerrogativa, Tarcísio criou em torno de si um ambiente que o credencia à postulação de uma candidatura presidencial em 2026. Aliás, os grupos conservadores que gravitam em torno de sua postulação até o preferem ao nome de Bolsonaro, um homem de diálogo partidário difícil. Assim, o que se sugere nos bastidores da política é que tais grupos já estariam pressionando o governador no sentido de um posicionamento dentro de prazos exíguos em torno do assunto. Nunca é demais enfatizar que esses grupos preferem seu nome ao de Bolsonaro, o que significa dizer que eles podem ungirem um outro nome que não seja, necessariamente, o capitão. 

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo.

 


Drops Político: Raquel Lyra de saída do ninho tucano.


Algo nos dizia que a governadora Raquel Lyra não estava se sentindo bem acomodada no ninho tucano. Não se pode dizer que os tucanos de bico fino agiram como cucos, expulsando-a do ninho. Ao contrário, suas lideranças empreenderam todos os esforços para mantê-la na legenda. Afinal, estamos tratando aqui de uma governadora com estrela em ascendência, capaz, inclusive, conforme afirmamos em outras ocasiões, juntamente com a safra de jovens governadores da legenda eleitos em 2022, tornarem-se os responsáveis pelo soerguimento do partido, que entrou numa derrotada que sugere irreversível. Sondagens para que ela migrasse de legenda sempre existiram. Hoje, colunista do jornal O Globo, que já se equivocou em algumas previsões, sugere que ela se encontra de malas prontas para deixar o ninho e filiar-se ao partido de Gilberto Kassab, o PSD, que já participa do seu governo. Caso se confirme, o bruxo amplia ainda mais a sua capilaridade política, bastante reforçada nas últimas eleições municipais. 

Drops Político: Kamala Harris na Casa Branca.


Na terça-feira, dia 05, ocorre a tão esperada eleição americana. Nesta reata final de campanha, os candidatos à Casa Branca intensificam suas campanhas em estados que são decisivos para a definição do pleito, hoje bastante equilibrado entre Kamala Harris, do Democrata, e Donald Trump, do Republicano. As pesquisas indicam um pleito disputado voto a voto entre os dois postulantes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nos últimos dias, fez questão de manifestar sua posição em favor de uma  vitória da candidata democrata, antecipando-se aos eventuais, desdobramentos ou consequências de uma eleição de Donald Trump, identificado com os grupos de ultradireita pelo mundo afora, inclusive no Brasil. 

Drops Político: Antonio Brito mantém candidatura à Câmara dos Deputados.


O deputado federal baiano, Antonio Brito, filiado ao PSD, comandado nacionalmente por Gilberto Kassab, depois de conversas reservadas com o dirigente da legenda, optou por manter sua postulação à Presidência da Câmara dos Deputados. Antes do rolo compressor montado pelo paraibano Hugo Motta, com o auxílio prestimoso do atual presidente daquela Casa, Arthur Lira - o que envolve o apoio de partidos de todos os quadrantes ideológicos, do PCdoB ao PL - suas chances ficaram sensivelmente reduzidas. No início, o PT tinha simpatia por sua candidatura, mas acabou embarcando na onda Hugo Motta, que deve ser eleito com uma votação expressiva, mesmo sendo de um perfil que pode trazer algumas complicações para o Governo Lula3 no futuro. 

Drops Político: Racha na direita.


Questionado sobre o empresário Pablo Marçal, durante uma entrevista concedida à revista Veja desta semana, o ex-presidente elogiou o ex-candidato à Prefeitura de São Paulo e disse o óbvio: Trata-se de um quadro inteligente, mas que cometeu alguns equívocos. Nada demais, nenhuma ofensa. Na realidade, durante o pleito, especulou-se, inclusive, que o ex-presidente Bolsonaro poderia tentar ajudá-lo, algo que acabou não acontecendo, sobretudo por ingerência de pessoas mais próximas ao seu círculo, que cobraram seus compromissos anteriores com Ricardo Nunes. Desde que lançou-se candidato à Prefeitura de São Paulo, mesmo derrotado, Marçal passou a ser apontado como um potencial candidato às eleições presidenciais de 2026. Durante essas eleições municipais, uma das manobras do ex-presidente foi a de se contrapor a essas estrelas em ascensão, uma vez que assume que será candidato, mesmo na condição de inelegível. Embora ele não tenha dirigido nenhuma ofensa ao ex-coach, este resolveu se manifestar, pedindo que ele o deixasse em paz. Muito mais do que indisposições entre ambos, a manifestação é um indicativo, na realidade, de um racha da direita que já se prenuncia dois anos antes de outubro de 2026. 

sábado, 2 de novembro de 2024

Editorial: O grande trunfo de Ronaldo Caiado para as eleições presidenciais de 2026.



Eduardo Boigues, prefeito reeleito da cidade de Itaquaquecetuba, foi o gestor que obteve o maior percentual de votos para comandar uma cidade no país. Eleito no primeiro turno com 91,7o% dos votos válidos. A cidade tinha sérios problemas de segurança pública, mas o prefeito, com sua experiência de delegado de polícia, conseguiu reverter esses índices drasticamente, ancorado em políticas públicas eficientes e um programa efetivo de investimento na guarda municipal, hoje a mais bem armada em todo o Estado de São Paulo, com uso de pistolas .40, coletes balísticos, carabinas, fuzis. 

É uma das guardas municipais mais bem armadas do país. Houve um tempo em que a cidade era tão violenta que nem os bandidos, segundo o prefeito, desejavam serem transferidos para a cidade. Curioso que ele criou uma guarda municipal com características inusitadas, como uma espécie de batalhão ambiental,  batalhão Maria da Penha. Uma verdadeira polícia municipal, evidenciando-se que a solução para o problema da segurança pública passa, necessariamente, por iniciativas locais. Evidente que uma série de outras medidas, traduzidas em políticas públicas, foram adotadas, como boas práticas de zeladoria, proibições de aglomerações e perturbações da ordem. 

Somadas, investiram o prefeito de uma popularidade que atingiu as alturas. Por outro lado, não se pode negar que boa parte dessa popularidade está ancorada no enfrentamento efetivo do problema de segurança pública, hoje a principal preocupação da sociedade brasileira. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, entrou num entrevero com o presidente Lula ao abordar, em plenária recente, ocorrida na capital federal, o problema da segurança pública no país. Alguém afirma que ele fez isso de propósito, já se anunciando como um potencial opositor ao governo, de olho no pleito presidencial de 2026. Não acreditamos. 

Ele falou como um gestor público, atendendo, inclusive, ao próprio presidente que, repetindo Getúlio Vargas para os jangadeiros do Ceará, preconizou: Conte tudo. Não esconda nada. Ele o fez literalmente, evidenciando, inclusive, o descompasso e a ausência de propostas consistentes do governo neste sentido. Cumprindo seu segundo mandato como governador, Ronaldo Caiado credencia-se para o pleito de 2026. Não esconde isso de ninguém e articula-se dentro e fora do seu União Brasil. O partido estimula o governador, de um lado, do outro lado, flerta com um eventual apoio ao projeto de reeleição do presidente Lula. Difícil antecipar como esta equação será resolvida até as eleições, mas o governador sai de Goiás com o trunfo de ter tido a competência e a energia necessária para enfrentar o problema da violência em seu estado. Uma credencial que pode entusiasmar o eleitorado, assim como ocorreu em Itaquaquecetuba. 

Editorial: Não é com ironias que o problema da violência no país será enfrentado.



Grupos nas redes sociais estão festejando a estocada que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu no governador de Goiás, Ronaldo Caiado, durante sua fala no encontro sobre segurança pública, ocorrido recentemente em Brasília. Voltamos a repetir, Ronaldo Caiado não falou como um governador de oposição, tampouco sugeriu que teria alguma solução mágica para enfrentar o problema da segurança pública no país. Suas críticas ao SUSP foram consistentes, amparada em sua expertise do crime organizado no seu estado. Caiado fala com o currículo de quem ostenta os melhores índices de segurança pública no país. Precisava ser ouvido com muita atenção, de preferência com um caderninho de anotações. Mas, conforme enfatizamos antes, estamos diante de um diálogo de surdos. 

É quase impossível que se construa algum consenso sobre o assunto entre a União e os entes federados. Não temos nenhuma simpatia, tampouco alguma licença para defender o governador de Goiás, mas, por outro lado, fica evidente a alienação do poder central em relação ao assunto. Há décadas se sugere que o enfrentamento do problema passa pela asfixia das fontes que o alimenta. O Governo Federal faria um trabalho eficaz e eficiente se minimizasse a entrada de drogas e armas no país, fechando as fronteiras, quem sabe utilizando as Forças Armadas. Alguns entes federados estão criando batalhões de fronteiras com este propósito, por entender que o problema exige ser enfrentado no seu nascedouro. Não se pode entender que uma região como a Amazonas, que integra ou faz fronteiras com centros produtores de drogas, esteja completamente sob o domínio do crime organizado. Segundo Caiado, nem a FUNAI consegue mais realizar seu trabalho naquela área. 

Violência não é coisa que possa ser tratada com as reticências de ser governo ou oposição. Aqui em Pernambuco, foi concebido um dos programas mais eficientes no combate à violência, solenemente ignorado por se tratar de um projeto que possuía a marca dos governos socialistas que passaram pelo Campo das Princesas. 

Editorial: Bolsonaro em 2026: Candidato e imbrochável.



A revista Veja desta semana traz uma matéria sobre o futuro político do ex-presidente Jair Bolsonaro. Numa entrevista recente, concedida a revista IstoÉ, o cientista político pernambucano, Antônio Lavareda, aponta o ex-presidente como um dos grandes derrotados nessas eleições municipais. Há um relativismo aqui, uma vez que o capitão foi o principal expoente na estratégia de crescimento do seu partido, o PL, partido que apresentou um índice de evolução considerável em percentuais de prefeitos e vereadores eleitos, com escore de votação superior a todos os demais partidos. 

No frigir dos votos, no confronto direto, o capitão foi derrotado em Goiânia, mas venceu em Cuiabá, com  seu fiel escudeiro, Abílio Brunini. Dá empate. Olhando o cenário sem as paixões políticas, a rigor, acreditamos não ser possível apontá-lo como o grande perdedor dessas eleições. As faturas políticas que pesam contra ele, em processos conduzidos pela Polícia Federal, devem chegar à sua banca de advogados no início do próximo ano, permitindo que ele aproveite o Natal e o Ano Novo em paz com a família. 

Superada essas tormentas, como ele acredita que elas serão superadas, o candidato das forças do campo conservador para disputar as eleições presidenciais de 2026 será ele mesmo. As arestas estão bem aparadas em círculos que gravitam em seu entorno, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sempre apontado como um eventual concorrente ao Planalto. As gestões políticas no sentido de revogar sua inelegibilidade estão a todo vapor nas Casas Legislativas. O apoio do PL ao projeto de eleger o deputado federal Hugo Motta para a Presidência da Câmara dos Deputados entra nessas negociações. 

Editorial: Por que Lira divulgou o pleito do PT para apoiar Hugo Motta?



Acordos celebrados quase sempre sob juras de silêncio obsequioso, causou estranheza no meio político o anúncio do atual Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, acerca do acordo fechado com o PT para que o partido apoie o nome do deputado federal Hugo Motta como seu sucessor naquela Casa. O PT deseja indicar um nome como ministro do Tribunal de Contas da União. Logo que o acordo foi fechado, pensamos, de imediato, no nome do atual Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, que deve deixar o cargo nos próximos meses e constitui-se, hoje, num grande aliado do Governo Lula3. A indicação de fato, está reservada a um mineiro, mas não se trata de Rodrigo Pacheco. Está reservada a um deputado federal mineiro, apadrinhado, segundo dizem, por Fernando Pimentel, ex-governador mineiro. 

O destino de Pacheco é incerto. Uma vaga na Esplanada dos Ministérios? Uma indicação para o STF? Pelo andar da carruagem política uma candidatura ao Governo de Minas Gerais, nas eleições de 2026, está completamente descartada. A direita mineira já fez sua caveira naquele estado da Federação. Padrinho político de Hugo Motta, Lira fechou grandes acordos com as principais legendas políticas até este momento. Estima-se que a votação de Motta seja algo parecido com o número de votos que ele obteve quando candidatou-se ao cargo. 

Fora o pleito do PT, o outro acordo tornado público foi o celebrado com o PL, de Valdemar da Costa Neto, onde está prevista pautar a discussão, talvez até em CPI, sobre a anistia aos envolvidos no 08 de janeiro. Em entrevista à revista Veja desta semana, o capitão Bolsonaro, a despeito das encrencas jurídicas que terá que enfrentar no próximo ano, já se coloca como candidatíssimo em 2026. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Editorial: O pé-de-meia eleitoral de Camilo Santana.



Muito se especula sobre se o presidente Lula será mesmo candidato às eleições presidenciais de 2026. Como, a rigor, ele próprio não estimulou o surgimento de lideranças que possam substituí-lo, essa tecla, não raro, volta a ser batida. Lula é um astro que brilha único, numa constelação de eventuais ou potenciais substitutos, alguns deles sem o cacife político do líder ou mesmo às voltas com problemas na gestão da máquina, o que os inviabilizariam para a empreitada, a exemplo de Fernando Haddad, Ministro da Fazenda, hoje sequer ranqueado entre os possíveis ungidos para suceder o morubixaba petista. Haddad assumiu um ministério, para o qual não estava talhado, supõe-se com o projeto de viabilizar o seu nome para 2026. Nada está dando muito certo por ali, uma vez que o governo insiste em gastar o que não arrecada, desiquilibrando as contas públicas. 

Não menos relevante mencionarmos aqui o chamado fogo amigo, que já pode ter produzido algumas queimações antes mesmo da largada. Os baianos, que chegaram com todo o gás em Brasília depois de garantirem 75% dos votos do eleitorado daquele estado a Lula, hoje, depois da refrega da última eleição, estão com o prestígio em baixa. Nessa galeria, por outro lado, há um ex-governador que se sobressai. Chegou prestigiado à Esplanada dos Ministérios e, depois das últimas eleições no seu estado, sai fortalecido como o único que conseguiu eleger o prefeito de uma capital para o PT, Fortaleza. Camilo Santana, digamos assim, sedimenta o seu pé-de-meia eleitoral, cacificando-se para entrar na disputa caso o morubixaba resolva não se habilitar para as eleições presidenciais de 2026. 

Preocupa alguns programas de sua pasta, bastante identificado com o assistencialismo petista raiz, algo que começa a ser questionado por setores da própria legenda. Sabe-se que se Lula prenunciar que não será candidato a luta promete entre os integrantes da legenda. Por outro lado, o nome de Camilo na bolsa de apostas como um eventual postulante à Presidência da República vem desde a sua aprovação como governador do Estado do Ceará, alimentada, inclusive, por setores não petistas.   

Editorial: As repercussões do encontro de Lula com os governadores.



Alguns dos governadores não estiveram presentes à reunião ocorrida no dia de ontem, 31, onde o Planalto organizou uma plenária para tratar de uma PEC acerca do Sistema Único de Segurança Pública, o SUSP. Sempre que questionado sobre os graves problemas de segurança pública, o Governo Lula3 sempre argumenta que o plano existe. O problema reside nos arranjos para a sua implementação, o que envolve a participação dos entes federados, alguns deles reticentes ou pessimistas quanto à sua efetividade no combate ao crime organizado. Alguns governadores sequer compareceram à reunião, argumentando que o plano parte de alguns pressupostos ou princípios equivocados. 

Pelo andar da carruagem política, conforme antecipamos por aqui, será muito difícil construir um consenso entre a União e os entes federados. Apesar das boas intenções do governo, é tudo muito polêmico, a começar pelos esboços de "desobediência" de alguns governadores no tocante à diretriz do uso de câmara nos uniformes dos policiais em operação. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, por exemplo, já enfatizou que seus policiais não usarão as tais câmaras. E, por falar em Ronaldo Caiado, ele fez uma das intervenções mais aplaudidas da reunião. Caiado falou com a responsabilidade de governador de Estado, não como um homem de oposição ao Planalto. Segurança Pública é coisa séria e não permite essas indisposições ideológicas. 

Cada vez que um agente público se pronuncia sobre o avanço do crime organizado sobre o aparelho de Estado, é coisa para tirar o sono de qualquer cidadão. Caiado afirmou, por exemplo, que a região da Amazonas está completamente sob o domínio de facções do crime organizado, com um mix de produtos dos mais variados, atuando em consórcio com organizações internacionais. A operacionalização de um plano de segurança pública nacional, cujas diretrizes emanem de Brasília, segundo observaram alguns governadores presentes à reunião, não pode dá certo. Cada estado tem suas particularidades no tocante a este problema, sendo impensável que se possa estabelecer diretrizes nacionais que surtam os mesmos efeitos para todos os entes federados, dada a realidade de cada um. 

Os governadores têm razão neste sentido. Neste sagunda quadra que resta ao Governo Lula3,  ou pelos próximos dois anos, Lula vai precisar reatar o diálogo com parcela da sociedade brasileira. O diálogo das ruas, precarizado, se considerarmos os resultados das últimas eleições; o diálogo com o mercado, caracterizado por profundas desconfianças sobre as reais intenções de equilibrar as contas públicas; e, em relação à segurança pública, existe pessoas sérias à frente dos órgãos, as diretrizes propostas seguem orientações humanitárias, civilizatórias e republicanos, mas os amplos setores oposicionistas conservadores  já conquistaram mentes e corações da população de que a solução é outra. 

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo.

 


quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Editorial: De comunistas a liberais, todos caminham para o "Centrão".



As circunstâncias políticas estão impondo uma espécie de centralização de nossa esquerda. A tendência do Governo Lula3, sem projeto consistente, tende a abraçar este projeto, principalmente depois dos resultados pífios da ultima eleição municipal. Alguns críticos apontam que, desde sempre, Lula sempre manteve esse perspectiva. Se não acompanhamos tal raciocínio, não há como deixar de reconhecer uma espécie de capitulação. O PT perdeu a narrativa, distanciou-se de suas bases, mantém uma governabilidade sensivelmente frágil, assiste de camarote o avanço das forças conservadoras. É grave o fato de governadores de Estado deixarem de participar de uma reunião sobre segurança pública por discordarem das diretrizes do poder central. 

Na eleição na Câmara dos Deputados, de comunistas a liberais todas endossam o apoio ao candidato de Arthur Lira, Hugo Mota. É certo que os comunistas não são mais aqueles dos anos 60, que sonhavam com a utopia de uma sociedade mais justa e fraterna. Aqui em Olinda, foram eles que indicaram um bolsonarista para concorrer a vice na chapa do candidato do PT. Ao longo dos anos, eles passaram por um longo processo de decomposição ideológica. Por outro lado, cargos, comissões, pautas, propostas aceitas é a grande moeda que define as eleições na Câmara dos Deputados. Estamos todos nessa bacia semântica a qual se referia o antropólogo Gilbert Durand. Ou o PT se reinventa urgentemente e propõe uma alternativa viável politicamente a esta centrífuga conservadora ou amargaremos um longo e tenebroso inverno conservador nos próximos anos. Ainda há tempo, mas algo precisa ser feito. Comecemos por uma necessária autocrítica. 

Nestas eleições ocorreu um fato curioso. Partidos radicais, aqueles que resistiam à participarem das regras do jogo da democracia representativa liberal burguesa, estiveram participando do pleito, a exemplo do PSTU, UP, Causa Operária. O MST lançou nomes às prefeituras e câmaras municipais, saindo das urnas com bons resultados. Sugere-se que o MST já possua alguma expertise neste assunto, naquilo que a gente poderia chamar de uma bancada da terra. A CPI do MST deixou isso evidente. 

Editorial: Lula se reúne com governadores para discutir política de segurança pública.



Estamos diante de um problema de tamanha gravidade, onde seria leviano esgotá-lo apenas com um simples editorial. O presidente Lula, depois de adiar o encontro por um bom tempo, acaba de se encontrar com os governadores de Estado, além de agentes públicos vinculados à área de segurança pública, com a finalidade de discutir políticas de segurança pública no plano nacional, tendo como foco principal o combate ao crime organizado. Lula sugere uma centralização dessas políticas, uma vez que os entes federados seriam incapazes de enfrentar o problema isoladamente. Na realidade, o que Lula está propondo é que o Governo Federal volte a ser o protagonista deste enfrentamento, uma vez que os estados, principalmente aqueles administrados pela oposição, já estão tomando iniciativas neste sentido, não raro, adotando diretrizes que, a rigor, poderiam não serem as mesmas que o Governo Federal pretende implementar. 

O hiato é imenso por aqui. Repercutiu bastante nas últimas eleições municipais a votação do candidato Guilherme Boulos entre os presidiários do Sistema Prisional de São Paulo, onde ele obteve 76% dos votos. Isso ocorre porque os governos de orientação progressista, a exemplo do Governo Lula3, desenvolvem uma política de humanização do cumprimento das penas, assim como em relação à abordagem policial, o uso de câmara nos uniformes dos policiais em operação, mudanças no processo humilhante das revistas. A oposição bolsonarista deita e rola sobre o assunto, mas as razões para a votação de Boulos entre os apenados são simples e humanitárias. 

O Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, por exemplo, puniu severamente, com o afastamento da corporação, policiais que infringiram esses direitos, como aqueles que atiraram um cidadão com problemas mentais na mala de um automóvel e depois aplicaram de gás para "acalmá-lo"; ou aquele que ensinou técnicas de tortura aos formandos da corporação. Essas medidas deveriam ser reconhecidas como boas práticas de gestão, punindo servidores que transgrediram sua condição de agentes públicos. Noutros tempos, registre-se. Como vamos construir uma unidade ou convergência de pensamento entre quem age assim e quem propõe que "bandido bom é bandido morto"?  

Editorial: O PT corre algum risco com a eleição de Hugo Motta?



O deputado federal paraibano Hugo Motta, que concorre à Presidência da Câmara dos Deputados, é da mesma escola de Eduardo Cunha, aquele mesmo que infligiu um torniquete político que estrangulou o governo Dilma Rousseff, culminando com o seu afastamento do Palácio do Planalto. Os movimentos do PT sugerem que isso ficou no passado, uma vez que alas hegemônicas da legenda sinalizam para um possível apoio à eleição do paraibano. Preocupa a vaselina política que o deputado ostenta junto a setores da oposição ao governo Lula3, como no PL, com o senador Ciro Nogueira, Presidente Nacional do Progressistas,  e com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. 

Essas relações, construídas ao longo do tempo, estão muito além de serem consideradas apoios pontuais à sua eleição. Chama a atenção o aplainamento político construído por Lira para jogar a discussão sobre o PL da Anistia aos envolvidos no 08 de janeiro apenas para o próximo ano, através de uma comissão, que envolve algumas embaraços burocráticos. A proposta foi muito bem assimilada pela oposição bolsonarista, inclusive a presidente da CCJ, Caroline de Toni, que considerou razoável seus argumentos, merecendo um crédito de confiança. 

Numa entrevista recente, o senador Ciro Nogueira declarou seu apoio irrestrito ao projeto de reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro. É ele ou quem ele possa indicar. Embora ostente boas condições de assumir tal postulação, Tarcísio de Freitas já declarou que o capitão é o dono do leme em 2026.  Certamente o PT desconhece todos os acordos firmados nos arranjos que podem conduzir Hugo Motta ao cargo de Presidente da Câmara dos Deputados. Depois não adianta reclamar. Soube a pouco que o deputado Elmar Nascimento, do União Brasil, acaba de retirar sua candidatura. O União Brasil vai de Hugo Motta. 

Editorial: O que Lira prometeu a Bolsonaro?



Estava relendo recentemente o romance A Festa do Bode, do escritor peruano Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura. Num determinado momento do texto, o escritor peruano consegue, num lampejo de criatividade, colocar os poemas de amor do poeta comunista Pablo Neruda entre os livros de cabeceira do tirano Rafael Leónidas Trujillo Molina, um ditador sanguinário que aterrorizou a República Dominicana durante três décadas. Coisa de Prêmio Nobel de Literatura, uma vez que o chefe de inteligência de Trujillo,  andava com um caderninho de anotações onde estavam listadas as torturas que eram adotadas em cada país. Uma espécie de dicionário das torturas. Um gosto de leitura de pervertidos. 

Na literatura, essas viagens são perfeitamente possíveis. Na política, no entanto, convém permanecer de atenções redobradas em relação aos blefes. Com o desmonte da celeridade da votação da PEC da anistia na Comissão de Constituição e Justiça - uma espécie de pedido de vistas  proposto por Arthur Lira, sob o argumento de ampliar essa discussão e corrigir alguns eventuais usos políticos da proposta inicial - o Presidente da Câmara dos Deputados mata dois coelhos com uma cajadada só. Agrada ao Planalto, que não vê com bons olhos essa anistia aos participantes do 08 de janeiro, assim como faz sinalizações ao PL do presidente Jair Bolsonaro, que passaria a contar com a hipótese de tornar-se elegível para 2026. 

Segundo alguns analistas, o PT esperneia em público, mas, no fundo, até torceria por uma anistia ao ex-presidente, uma vez que seria retomada aquela polarização política das eleições de 2022, onde o "medo" do retrocesso poderia favorecer a legenda. Todos os demais pré-candidatos ao Planalto nas eleições de 2026 costuram um perfil menos radical em relação ao de Jair Bolsonaro. Setores conservadores sinalizam que temem a radicalidade e a incapacidade de "incorporar" do bolsonarismo ou de Jair Bolsonaro em particular.   

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Editorial: Lira define apoio, "desconversa" anistia e sinaliza para o Planalto.


Elmar Nascimento, deputado federal baiano que disputa a Presidência da Câmara dos Deputados, pensou, por alguns momentos, que pudesse contar com o apoio do atual Presidente da Casa, Arthur Lira, para o seu projeto. Ali, como se sabe, a sucessão é um jogo político dos mais intrincados. Com nomes em disputa já consolidados, eis que surge o nome de Hugo Motta, deputado federal pelo Republicanos da Paraíba, como franco favorito a vencer o pleito, depois dos arranjos e negociações realizados no dark room, onde tudo é possível.  Elmar Nascimento chegou a afirmar que a postura de Lira é a de um líder do Governo Bolsonaro. 

E, por falar em Jair Bolsonaro, ele esteve na Casa, onde se prepara um longo debate sobre a anistia aos envolvidos no 08 de janeiro. Ele também se encontra neste cipoal e, uma anistia, poderia favorecê-lo no projeto de candidatar-se ao Planalto em 2026. Numa única manobra, Lira define o apoio, adia o açodamento da Comissão de Constituição e Justiça sobre o tema anistia e, assim, amplia as negociações em relação a um apoio efetivo do Planalto ao nome de Hugo Motta. Afinal, o Planalto já estava mobilizando a sua tropa de choque contra o projeto de anistia. A manobra de Lira visa ganhar tempo e, naturalmente, apoios. O PL de Bolsonaro e os votos do Planalto em sua alça de mira. Ele já se assegura que não ficará ao relento depois que sair do cargo. Especula-se até mesmo uma vaga na Esplanada dos Ministérios.  

Havia um dirigente político que, maquiavelicamente, para não se comprometer e para não desapontar seu interlocutores, sempre que estes pleiteavam alguma coisa, usava a expressão: "Veremos". O que não queria dizer sim ou não. Se ele atendesse ao pleito, tudo ok. Se ele não atendia o pleito, também não poderia ser cobrado, uma vez que não havia se comprometido. Com a manobra ardilosa, ganhava tempo, deixava o seu interlocutor sempre na expectativa. Elmar acreditou no apoio de Lira até o ultimo minuto. Veremos, Elmar! 

Editorial: O PT na segunda divisão?




A ressaca produzida pelos resultados preocupantes obtidos pelo PT nas últimas eleições municipais de outubro estão provocando algumas reflexões desagradáveis, colocando em franca oposição algumas alas da legenda, principalmente aquelas que estão na condução do leme, que se sentiram, naturalmente atingidas, rebatendo publicamente algumas dessas afirmações, entre as quais a de que o partido corre um sério risco de rebaixamento. Em São Paulo, em particular, afloraram as críticas daqueles que nunca foram, a princípio, favoráveis à candidatura de Guilherme Boulos. Ora por interesses paroquiais, ora por considerar que o nome deveria ser outro, preferencialmente da própria legenda. Se não alguém da legenda, uma esquerda do tipo Tabata Amaral poderia ter aparado as arestas ou resistências da Faria Lima, segundo concluem.  

O vice-presidente nacional da legenda, o deputado federal Washington Quaquá, por exemplo, observou os limites ideológicos impostos por uma candidatura com o perfil de Guilherme Boulos, incapaz de furar a bolha do centro do espectro político. Para variar, aqui a observação é nossa, o PT ainda se deu ao privilégio de formar uma chapa puro-sangue. Se o PT foi mal nessas eleições, o PSOL foi pior ainda. A esquerda tradicional, pelas inúmeras razões apontadas por aqui nessas discussões, perdeu o feeling político das ruas.  É curioso como, numa entrevista concedida à revista Veja desta semana, a Presidente Nacional do PT, Gleisi Hoffmann, começa a introduzir no dicionário do partido um conjunto de palavrinhas que seriam amplamente abominadas no passado. 

O PT precisa se recolher aos aposentos e realizar aquele encontro consigo mesmo. Não se trata apenas de um conjunto de teses de dentro para fora, bem como moldar-se à plataforma da centro-direita unicamente. Precisamos aqui de uma profunda autocrítica, onde seja possível entender o ambiente político onde se opera neste momento, um ambiente pantanoso, repletos de escaramuças de toda ordem, onde a extrema-direita já opera com desenvoltura, fazendo barba, cabelo e bigode nas periferias mais empobrecidas, com a ajuda inestimável dos grupos evangélicos neopentecostais, em alguns casos consorciados com facções do crime organizado, como já se verifica em algumas praças do país. No Complexo de Israel, segundo a imprensa noticiou, contrariando a Constituição Federal, que estabelece um Estado Laico, de ampla liberdade religiosa, religiões de matriz africana estão sendo proibidas de realizarem seus ritos. Isso é muito grave. 

Charge! Pedro Vinício via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 29 de outubro de 2024

Editorial: Raquel Lyra: A estrela sobe.

Crédito da Foto: Hesiodo Goes, Folha de Pernambuco. 


Sempre enfatizamos por aqui, quem poderia soerguer o ninho tucano seria o grupo jovem de governadores saídos das urnas das eleições de 2022. Sugere-se que a velha guarda da Mangueira tucana parece que não pensa assim. Tanto isso é  verdade que as velhas raposas continuam dando as cartas na legenda, inclusive com pretensões presidenciais. Em São Paulo, depois de um cisma em torno do apoio ao nome do atual prefeito, Ricardo Nunes, eleito no dia de ontem, 27, os tucanos ficaram sem nada, não conseguindo eleger um único vereador na capital, depois de pagaram um grande mico com a candidatura do apresentador José Luiz Datena. 

Dos três governadores eleitos naquela eleição no ninho tucano, Eduardo Leite e Eduardo Riedel, apenas Raquel Lyra pode ser considerada uma vitoriosa nessas eleições municipais, pois Pernambuco foi onde o partido mais cresceu em número de prefeituras, passando de 5 para 32 prefeitos eleitos. Se considerarmos a eleição de prefeitos aliados ao seu grupo político, este número pode ser ampliado sensivelmente. Superada as dificuldades iniciais, a governadora começa a ver reconhecido os seus méritos, habilitando-se a voos políticos para além das fronteiras do estado, como uma da estrelas mais reluzentes do ninho tucano. 

Apesar de tucana, Raquel tem um bom trânsito com o Palácio do Planalto, para desconforto dos tucanos de bico fino, que desejavam um distanciamento maior. Política tem algumas coisas engraçadas. Estão aconselhando o morubixaba petista a se aproximar mais do centro, como se restasse a Lula outra opção ou se ele já não estivesse construindo este caminho há algum tempo. A feijoada política tem tantos ingredientes que permitiram, por exemplo, que Raquel Lyra apoiasse um nome como o de Mirella Almeida, prefeita eleita de Olinda depois de uma disputa acirrada com o PT, e o Ministro da Pesca, André de Paula, aliado de Raquel, do PSD, partido da prefeita eleita, assegurasse que ela receberia o apoio necessário do Planalto. 


Charge! Benett via Folha de São Paulo