pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sábado, 5 de janeiro de 2013

Revista IstoÉ: Renan, o indestrutível

Renan, o indestrutível

Seis anos depois de deixar a presidência do Senado acossado por denúncias de corrupção, Renan Calheiros manobra nos bastidores e se torna favorito para comandar o Congresso

Josie Jeronimo

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SEMPRE NO TOPO
Só uma catástrofe pode tirar a vitória de Renan
Há seis anos, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) deixou a presidência do Senado pela porta dos fundos. Acusado de ter despesas pessoais pagas por uma empreiteira, Renan teve suas contas devassadas, perdeu musculatura política e não lhe restou outra saída senão renunciar ao posto. Conseguiu, porém, evitar a cassação do mandato em plenário e, agora, é considerado nome certo para comandar o Congresso até 2014, ano da corrida presidencial. Convencido do seu amplo favoritismo, Renan procurou fugir dos holofotes nos últimos dias. Só uma catástrofe tira a sua vitória. Como maior bancada do Senado, o PMDB tem a prerrogativa de indicar o novo presidente. Além de não possuir adversários em condições de derrotá-lo no interior do partido, Renan conta com a simpatia de legendas da oposição, como o PSDB, partido que ajudou a fundar na década de 1980. No apagar das luzes de 2012, senadores da chamada ala rebelde do PMDB até ensaiaram lançar uma candidatura alternativa. Foram cogitados os nomes dos senadores Luiz Henrique (SC) e Waldemir Moka (MS), mas
eles recuaram, cientes da falta de votos para superar Renan. “Só entro na disputa se tiver a certeza da vitória”, blefou Luiz Henrique, praticamente jogando a toalha.
A recuperação de Renan e sua volta ao comando do Senado, seis anos depois de ser defenestrado da principal cadeira do Congresso, confirmam a máxima de que a Casa é uma espécie de associação entre amigos. O político disposto a atender aos anseios do “clube” se credencia politicamente até ser alçado ao poder. Na lógica desse modelo, só pode alcançar o posto máximo do Senado quem for capaz de conciliar os interesses – muitas vezes escusos e nem sempre salutares para a democracia – de todos. Conhecedor dos meandros e subterrâneos do Legislativo, Renan soube trilhar esse caminho com desenvoltura. Com a eleição de José Sarney (PMDB-AP) para a presidência da Casa, ele se rearticulou e voltou a ter o comando do PMDB e de partidos da base aliada. A retomada da força política de Renan ficou clara durante a CPI de Carlinhos Cachoeira, quando o governo precisou de seu partido e ele atuou para evitar maiores transtornos para aliados do Planalto durante as investigações. Teve êxito na iniciativa.
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Com a eleição de Sarney para a presidência do Senado,
Renan voltou a ter o comando do PMDB
Embora torçam o nariz para sua eleição, porque sabem que terão de negociar cada votação importante numa mesa de cacife muito alto, integrantes do governo chegaram à conclusão de que Renan é um mal necessário. Concluíram também que o Planalto não tem como atropelar uma bancada experiente como a do PMDB no Senado para fazer valer sua vontade. O Palácio do Planalto até tentou emplacar Eduardo Braga (PMDB-AM) na cadeira de presidente, nomeando-o líder do governo. Não deu certo. O outro plano era trabalhar nos bastidores pelo nome do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Mas Lobão não quis deixar a Esplanada. “Ele quer ficar no ministério. Renan e Lobão já conversaram sobre o assunto e meu pai declinou da candidatura em favor do Renan”, conta o senador Lobão Filho (PMDB-MA). A saída do Executivo foi deixar o jogo correr sozinho. Bom para o indestrutível Renan, acostumado a altos e baixos em sua trajetória.
O gráfico do poder político de Renan sempre se moveu em ritmo de montanha-russa, desde que ele saiu da Assembleia Legislativa de Alagoas para o topo no Congresso. Quando foi eleito presidente do Senado, em 2005, o peemedebista estava longe de ser uma figura de currículo ilibado. Pesava em suas costas o passado de braço direito e líder de governo na curta gestão Fernando Collor, em 1990. Durante o impeachment do ex-presidente alagoano, Renan traiu Collor e ajudou a alimentar as denúncias contra o ex-tesoureiro Paulo César Farias. A estratégia de desvinculação da imagem funcionou. Em 1998, Renan saiu das páginas dos escândalos e deu a volta por cima ao ser nomeado ministro da Justiça no fim do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso. Sua passagem pelo ministério, porém, durou pouco mais de um ano. A saída foi precipitada por conflitos com a cúpula da Polícia Federal.
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Em 2003, Renan conseguiu se livrar dos antigos estigmas políticos e ganhou espaço no governo Luiz Inácio Lula da Silva, amparado pelo PMDB. Com a bancada do partido nas mãos, tornou-se líder natural e o principal interlocutor do PMDB no Congresso junto ao governo. Assim, pavimentou o caminho que o levou até o comando do Legislativo, em 2005. O tiro que derrubou Renan da presidência do Senado, em 2007, partiu do campo pessoal e ricocheteou nas relações da vida pública. Ele foi acusado de pagar pensão alimentícia a sua ex-amante Mônica Veloso, com quem teve uma filha, com recursos da empreiteira Mendes Júnior – empresa ativa no mercado de licitações de grandes obras governamentais. A denúncia de uso do cargo público para favorecimento próprio foi desdobrada em outras. Ao Conselho de Ética do Senado, ele teve que se explicar sobre a utilização de laranjas na compra de empresas de comunicação em Alagoas. Precisou justificar também o fato de sua família ter vendido a peso de ouro uma fábrica de refrigerantes para uma firma que, meses depois, obteve uma série de benefícios fiscais do governo. As apurações foram arquivadas na Casa, depois de sua absolvição em plenário, mas se transformaram em dois inquéritos contra o senador. Graças à ajuda de habilidosos advogados, os processos tramitam lentamente no Supremo Tribunal Federal (STF).
Para se esquivar das denúncias que pesam contra ele e ainda carecem de explicação, Renan repete um mantra. Diz ter sido vítima de uma campanha de adversários que usaram “problemas pessoais” para atingi-lo. Por isso, hoje ele prefere manter a discrição. A atuação legislativa é planejada no sentido de evitar estardalhaços. Renan ajuda a acompanhar projetos de relevância ou de grande importância para o governo, mas evita relatorias de temas de apelo midiático que o obriguem a ter contato frequente com veículos de comunicação. Tomou horror a jornalistas. Atende todos que o procuram, mas usa a habilidade com as palavras para conversar durante muito tempo sem dizer nada. “Renan mente em off” tornou-se um bordão nos corredores do Congresso para resumir a rejeição do parlamentar ao contato com a imprensa. Aos mais próximos, Renan tem repetido que está “preparado emocionalmente” para ver ressuscitado seu histórico de escândalos. Para o político alagoano, tudo vale a pena quando a recompensa é a volta ao poder.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Charge!Paixão!

Paixão

Igarassu: prefeito Mário Ricardo encontra desfibriladores novos em banheiro de hospital



 

Durante visita à Unidade Hospitalar de Igarassu (Hospital e Maternidade Municipal), o novo prefeito da cidade, Mário Ricardo (PTB) ficou chocado com a situação encontrada no local.

A estrutura física do prédio está comprometida, apenas 20% dos serviços estão em funcionamento, vários equipamentos estão abandonados, como dois desfibriladores novos armazenados dentro do banheiro, além de camas hospitalares sucateadas. Outro grave problema é que há quatro anos a Unidade de Saúde não interna um paciente,  como também a maternidade que foi reformada em 2006, está desativada e não recebe as pacientes da região. O gestor municipal registrou ainda, a presença de mofos e infiltrações nas paredes do espaço destinado a saúde.

Diante desta situação, o novo prefeito da cidade, Mário Ricardo que desde o início da semana vem realizando vistorias nos órgãos públicos de Igarassu, assumiu o compromisso de mudar a situação.  A prefeitura já iniciou um mutirão de limpeza, os aparelhos de ar condicionado  serão relocados para suprir a deficiência da unidade, os equipamentos novos estão sendo retirados do banheiro e serão testados. “Aguardamos a visita no próximo dia 10, do secretário estadual de saúde, Dr. Antônio Figueira, vamos mostrar o abandono do local e fazer um planejamento em conjunto com para mudar esse quadro deplorável que nos foi deixado”, frisou o trabalhista.


ASCOM PMI

Revista Cult: Literatura brasileira é coisa de branco?

Literatura brasileira é coisa de branco?

É o que sugere o impactante estudo de Regina Dalcastagnè
Regina Dalcastagnè, autora de "Literatura Brasileira Contemporânea - Um território contestado"
RONALDO BRESSANE
Regina Dalcastagnè, professora da Universidade de Brasília (UnB), em uma pesquisa de 15 anos, chama a atenção para uma estatística espantosa: o campo literário brasileiro é dominado por autores homens, brancos, de classe média, moradores de Rio e São Paulo, professores ou jornalistas. O mesmo acontece com os personagens de seus livros – e temos que nossa literatura mais parece ser ambientada na Suécia que no Brasil. Em exaustiva pesquisa quantitativa que analisou 258 romances brasileiros publicados entre 1990 e 2004 pelas editoras mais expressivas do setor – Companhia das Letras, Rocco e Record –, o texto final do livro, “Personagens do romance brasileiro contemporâneo”, revela em números tendências impressionantes da nossa literatura atual. Quase três quartos dos romances publicados (72,7%) foram escritos por homens; 93,9% dos autores são brancos; o local da narrativa é mesmo a metrópole em 82,6% dos casos; o contexto de 58,9% dos romances é a redemocratização, seguida da ditadura militar (21,7%). Além de o protagonista ser, na maior parte das vezes, representado como artista ou jornalista, os negros surgem quase sempre como marginais e as mulheres, como donas-de-casa ou prostitutas.
DUAS PERGUNTAS PARA A AUTORA
CULT – Por que seu estudo se ateve apenas a livros de grandes editoras? Além disso, sua pesquisa parou em 2004, e já estamos em 2012…
Regina Dalcastagnè – Pensamos em preparar um projeto com foco nas editoras menores, mas precisaríamos de uma rede de apoio em todo o país para levantarmos todas, sem falar nas di_ culdades para a aquisição de todos os livros. Em tempo: já estou com nova equipe montada para prosseguir a pesquisa junto às grandes editoras, com um recorte de 2005 a 2014.
Autores egressos de pequenas editoras para as maiores não mudariam o resultado da sua pesquisa?
Creio que, somando os autores que saíram de editoras menores para as grandes, nossos resultados seriam os mesmos. Ressalto que nossa pesquisa foi realizada sobre “os romances publicados pelas grandes editoras” – livros e autores que “costumam ser” referendados pelo campo literário brasileiro (jornalistas, críticos literários, editores, professores etc.) – ou seja, é apenas um recorte representativo do que “se considera ser” a literatura brasileira contemporânea.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Maranhão: O Estado do medo

O Estado do medo

26 de dezembro de 2012
Autor: Marco Antonio Villa
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Em meio ao processo do mensalão, as diversas operações da Polícia Federal ou a turbulenta relação entre os poderes da República, o Brasil esqueceu do Maranhão. Na fase final da guerra contra Canudos, em 1897, os oficiais militares costumavam dizer que não viam a hora de voltar para o Brasil. Quem hoje visita o Maranhão fica com a mesma impressão. É um estado onde o medo está em cada esquina, onde as leis da República são desprezadas. Lá tudo depende de um sobrenome: Sarney. Os três poderes são controlados pela família do, como diria Euclides da Cunha, senhor do baraço e do cutelo. A relação incestuosa dos poderes é considerada como algo absolutamente natural. Tanto que, em 2009, o Tribunal Regional Eleitoral anulou a eleição para o governo estadual. O vencedor foi Jackson Lago, adversário figadal da oligarquia mais nefasta da história do Brasil. O donatário da capitania – lá ainda se mantém informalmente o regime adotado em 1534 por D. João III – ficou indignado com o resultado das urnas. A eleição acabou anulada pelo TRE, que tinha como vice-presidente (depois assumiu a presidência) a tia da beneficiária, Roseana Sarney.
No estado onde o coronel tudo pode, a Constituição Federal é só um enfeite. Lá, diversos artigos que vigoram em todo o Brasil, são considerados nulos, pela jurisprudência da famiglia . O artigo 37 da nossa Constituição, tanto no caput como no §1º, é muito claro. Reza que a administração pública “obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” e “a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”. Contudo, a Constituição maranhense, no artigo 19, XXI, § 9º determina que “é proibida a denominação de obras e logradouros públicos com o nome de pessoas vivas, excetuando-se da aplicação deste dispositivo as pessoas vivas consagradas notória e internacionalmente como ilustres ou que tenham prestado relevantes serviços à comunidade na qual está localizada a obra ou logradouro”.
Note, leitor, especialmente a seguinte passagem: “excetuando-se da aplicação deste dispositivo as pessoas vivas e consagradas notória e internacionalmente como ilustres”. Nem preciso dizer quem é o “mais ilustre” daquele estado – e que o provincianismo e o mandonismo imaginam que tenha “consagração internacional.” Contudo, a redação original do artigo era bem outra: “É vedada a alteração dos nomes dos próprios públicos estaduais e municipais que contenham nome de pessoas, fatos históricos ou geográficos, salvo para correção ou adequação nos termos da lei; é vedada também a inscrição de símbolos ou nomes de autoridades ou administradores em placas indicadores de obras ou em veículos de propriedade ou a serviço da administração pública direta, indireta ou fundacional do Estado e dos Municípios, inclusive a atribuição de nome de pessoa viva a bem público de qualquer natureza pertencente ao Estado e ao Município”. Quando foi feita a mudança? A 24 de janeiro de 2003, com o apoio decisivo de Roseana Sarney. Desta forma foi permitido que centenas – centenas, sem exagero – de logradouros e edifícios públicos recebessem, em todo o estado, denominações de familiares, especialmente do chefe. Para mostrar o desprezo pela ordem legal, em 1997 foi criado o município de Presidente Sarney, isto quando a Constituição Federal proíbe e a estadual ainda proibia. Quem criou o município? Foi a filha, no exercício do governo. Mas a homenagem ficou somente na denominação do município. Pena. Os pobres sarneyenses – é o gentílico – vivem em condições miseráveis: é um dos municípios que detêm os piores índices de desenvolvimento humano no Brasil.
Como o Brasil esqueceu o Maranhão, a família faz o que bem entende. E isto desde 1965
Como o Brasil esqueceu o Maranhão, a família faz o que bem entende. E isto desde 1965! Sabe que adquiriu impunidade pelo silêncio (cúmplice) dos brasileiros. Mas, no estado onde a política se confunde com o realismo fantástico, o maior equívoco é imaginar que todas as mazelas já foram feitas. Não, absolutamente não. A governadora resolveu fazer uma lei própria sobre licitação. Como é sabido, a lei federal 8.666 regulamenta e tenta moralizar as licitações. Mas não no Maranhão. Por medida provisória, Roseana Sarney adotou uma legislação peculiar, que dispensa a “emergência”, substituída pela “urgência”. Quem determina se é ou não urgente? Bingo, claro, é ela própria. Não satisfeita resolveu eliminar qualquer restrição ao número de aditivos. Ou seja, uma obra pode custar o dobro do que foi contratada. E é tudo legal. Não é um chiste. É algo gravíssimo. E se o Brasil fosse um país sério, certamente teria ocorrido, como dispõe a Constituição, uma intervenção federal. O que lá ocorre horroriza todos aqueles que tem apreço por uma conquista histórica do povo brasileiro: o Estado Democrático de Direito.
O silêncio do Brasil custa caro, muito caro, ao povo do Maranhão. Hoje é o estado mais pobre da Federação. Seus municípios lideram a lista dos que detém os piores índices de desenvolvimento humano. Muitos dos que lá vivem lutam contra os promotores do Estado do medo. Não é tarefa fácil. Os tentáculos da oligarquia estão presentes em toda a sociedade. É como se apresassem para sempre a sociedade civil. Sabemos que o país tem inúmeros problemas, mas temos uma tarefa cívica, a de reincorporar o Maranhão ao Brasil.
Fonte: O Globo, 25/12/2012

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

RHBN: Elas no comando, mas de que?

Elas no comando, mas de quê?

Retrospectiva: partindo do cenário político na América do Sul, pesquisadora relembra a mudança da identidade social da mulher no século XX. Será que por estarem no poder elas precisam governar para as minorias?

Nashla Dahás
30/12/20
  • Maria Antonieta com a rosa, por Élisabeth Vigée-Lebrun (1783), em exposição no Palácio de Versalhes.Maria Antonieta com a rosa, por Élisabeth Vigée-Lebrun (1783), em exposição no Palácio de Versalhes.
     Em fins do século XIX, Freud previu três destinos para as mulheres: a timidez neurótica e infeliz, a homossexualidade, e o caminho mais normal, a resignação. De lá pra cá, foram tantas as transformações na ciência, nas relações de gênero, de classe, e de trabalho, no entendimento sobre o sexo e os sexos, nos padrões ocidentais de comportamento, nas percepções sobre o bem e o mal. Vivendo, adaptando-se, entregando-se às possibilidades abertas pelo mundo democrático, e negociando com os novos mecanismos de controle do corpo e do pensamento, as mulheres executaram um movimento para fora dos seus lugares tradicionais na casa, no trabalho, na rua ou na cama. Mas isso não ocorreu sem que todo o resto se movesse também.
    Talvez, Freud se surpreendesse com as conquistas do movimento feminista: diferenças biológicas entre homens e mulheres não significam diferenças de talento, capacidade de trabalho e de grandeza intelectual. Isso não tem nada de novo, como já mostraram as trajetórias de Catarina da Rússia e Maria Antonieta no século XVIII e Margaret Thatcher no XX. Possivelmente, nascidos entre a casa grande e a senzala, como já assinalava Gilberto Freyre, os povos latino-americanos, produtos de uma combinação inédita entre o meio e uma cultura híbrida, antes de tudo comemoraram a chegada de mulheres ao poder. Michele Bachelet no Chile, Cristina Kirchner na Argentina e Dilma Roussef no Brasil aparecem na nossa cultura como se tivessem necessariamente o compromisso com a transformação da vida dos excluídos, das minorias, dos pobres. A lógica desse pensamento é bastante parecida com aquela que coloca sobre os ombros de Barack Obama fardos tão impossíveis como a intenção de promover a paz entre Israel e Palestina. 
    Em grande parte, tal sectarismo é tributário do mítico maio de 1968, quando a diferença foi alçada a categoria de valor mais importante seja na vida política e social, seja para o indivíduo. Aos poucos, a diversidade foi sendo enquadrada institucionalmente, e com a participação dos movimentos feministas, negros, indígenas e homossexuais tornou-se a forma mais comum de identificar o outro e a si mesmo.
    Dois anos de governo Dilma
    Após dois anos de governo, é possível dizer que a presidenta brasileira está longe de reconstruir os alicerces da política no Brasil: personalismo, paternalismo e predomínio de interesses privados em projetos supostamente nacionais. O fato de José Sarney ter assumido a presidência temporária enquanto Dilma está fora do país parece um bom exemplo. Nos anos de 1970 Sarney integrava a ARENA- Aliança Renovadora Nacional – partido de sustentação da ditadura militar que, na mesma época torturava a guerrilheira “Wanda”, hoje presidente. Ao que tudo indica a memória das mulheres poderosas não tem nada de diferente de qualquer outro ser político do século XXI, ela está à venda.

    Foto da ficha de Dilma Rousseff no DOPS de São Paulo, tirada em janeiro de 1970.Foto da ficha de Dilma Rousseff no DOPS de São Paulo, tirada em janeiro de 1970.
    E eis um novo elemento a ser considerado caso Freud quisesse abrir, hoje, outros caminhos para o futuro feminino: o mercado. A transformação do sonho da liberdade e da onipotência sobre o destino em mercadoria tem sido acompanhada por uma subjetividade tirânica, inalcançável e também neurótica, embora profundamente encantadora. Ava Gardner, Marylin Monroe, Betty Grable e Sandra Dee, as pin-ups americanas que estamparam os maços de cigarro, calendários e pôsteres durante a Segunda Guerra, seriam apenas o começo de um mecanismo que cria padrões de beleza e comportamento específicos para as mulheres atribuindo-lhes um valor de acordo com a proximidade ou afastamento desses modelos. Já em 1913, o escritor austríaco Robert Musil deu ao seu Homem sem qualidades Leona, a amante de beleza aristocrática que deixava os homens boquiabertos, tomados de um desejo muito diferente do que “lhes inspiravam as atrevidas cantoras com penteados de dançarina de tango”. Ao descrever sua intimidade, revela, contudo, uma peculiaridade da bela moça: era incrivelmente comilona, vício que há muito saíra de moda. Nela, os instintos da personalidade ligaram-se não ao coração, mas ao tractus abdominalis, como conta o autor.
    Talvez não esteja na política stricto sensu, na reivindicação prática de uma agenda confusa que aponta para liberdade, antiviolência e legalização do aborto, o melhor exemplo de amadurecimento das mulheres em suas relações sociais. Muito arriscadamente, afirmo que está no campo afetivo das pequenas relações humanas, das contínuas contingências, o espaço para a discussão dos limites da natureza humana e da matéria bruta da poesia. Espaço único onde é possível estabelecer relações inéditas e proposições práticas para a vida em sociedade. A construção e o combate às ideologias e conceitos não tem garantido a compreensão do uso sentimental e cotidiano que deles é feito; garante a afirmação retórica da igualdade entre homens e mulheres e a conquista de leis afirmativas e exclusivamente protetoras do sexo feminino, mas não assegura a descoberta de modos de viver e conviver mais honestos e plurais.
    Da mácula de Eva, ambiguamente sedutora e responsável pelas origens do pecado, à associação natural com a feitiçaria em tempos de inquisição, passando pelas teses biológicas de superioridade masculina na era da razão, a privação ao âmbito doméstico durante a modernidade, a falta de voz, e a condenação da sexualidade desde sempre impostas pela boa educação de cada época. As mulheres compartilham desde muito tempo uma identidade histórica marcada por experiências universais de exclusão, violência e subserviência, assim como enfrentam hoje dificuldades ligadas a uma rotina velha conhecida dos pater famílias, acostumados a diferentes relações de trabalho, ao compromisso com a qualidade da vida familiar, e com a marginalidade das ruas.
    Em todos os casos, os processos que levaram ao desaparecimento as históricas situações de opressão estiveram ligados aos sentimentos, às paixões que levaram padres a largar a batina, a miscigenação pelo desejo mais forte do que o mais português dos preconceitos. Não são poucos os exemplos de coragem para enfrentar a vida moderna, de amor à causa revolucionária diante das torturas mais humilhantes, ou o respeito por si mesma, não como um lesbianismo narcisista, mas como uma capacidade de se apaixonar, de ter e querer dar prazer a partir das sensações, de uma ética profundamente individual, mais do que a partir das tradições culturais e dos padrões contemporâneos. Aliás, a atual liberdade em relação ao homoerotismo tem menos de ruptura do que falta de uma discussão histórica mais ampla, que aborde as relações femininas entre si e com a sociedade de uma perspectiva menos preocupada com demarcações de classe, gênero ou raça. O historiador Ronaldo Vainfas, por exemplo, trata do cotidiano íntimo das mulheres que, no Brasil colonial, experimentavam relações homossexuais por diversas razões como o puro desejo, a coisificação na relação com os homens, o dia a dia de mexericos, trocas de segredos, alcovitagens entre damas, escravas e mulheres livres, ou ainda a curiosidade de senhoras às vésperas do casamento.
    Marcha das vadias
     
    Não se trata de descobrir raízes de determinados comportamentos, ou soluções do passado para os enfrentamentos de hoje, mas de tentar entender as relações humanas do presente de maneira mais transversal, evitando estereótipos, preconceitos e marcas específicas da informação de cada época. Por exemplo, a imagem de sexo frágil que há muito recaiu sobre a mulher, contrasta profundamente com a Marcha das Vadias que em 2012 comandou passeatas de mulheres de todas as idades com seios à mostra e crachás de putas. Os grupos feministas que se vestiam de forma masculinizada e defendiam o ódio ao falo são bastante diferentes da estética mercadológica que hoje vende uma identidade homossexual feminina e descolada. Todos, sem exceção, são representações dos modos como esses diferentes grupos se relacionaram com a sociedade, com homens, com a família, com a imprensa, com a política, com o amor, etc., embora o pensamento contemporâneo sempre muito individualista e especializado tenda a compreender as imagens por si, cristalizando generalizações equivocadas e reforçando uma perspectiva evolucionista ou retrógrada conforme os interesses em jogo.
     
     
    Se ser livre hoje é ser vadia, será preciso entender como o termo que estigmatizou a mulher rebaixando-a, na prática, ao lixo, à mercadoria descartável, pode ajudar a reconfigurar as experiências femininas em sociedade, recriando novos limites para o que é importante, bonito, patológico, obsceno, saudável, erótico, etc. 

Le Monde Diplomatique Brasil: O elogio das revoluções.

A VOLTA DA HISTÓRIA
Elogio das revoluções
Quando, em 17 de dezembro de 2010, o jovem Mohamed Bouazizi se imolou na Tunísia, ninguém poderia imaginar que seu gesto iria iniciar uma revolta em mais de dez países. Essa característica imprevisível das revoluções obrigou os dominantes a reavaliar todos os cenários sobre o “fim da história”
por Serge Halimi
(Cairo, Egito, 2011 - Dois jovens passam em frente de camiseta com a inscrição "Revolution Youth - I love Masr - 25th of january" - Revolução Jovem - Eu amo o Egito - 25 de janeiro")
Duzentos e vinte e dois anos após 1789, o corpo da Revolução ainda se mexe. François Mitterrand, no entanto, havia convidado Margaret Thatcher e Joseph Mobutu para verificar “o enterro do defunto” durante as cerimônias do bicentenário. Como o ano da comemoração foi também o da queda do muro de Berlim, Francis Fukuyama aproveitou para anunciar o “fim da história”, isto é, a eternidade da dominação liberal sobre o mundo e o término, a seu ver definitivo, de uma época revolucionária. Mas a crise do capitalismo financeiro abala de novo a legitimidade das oligarquias no poder. O ar fica mais leve, ou mais pesado, de acordo com as preferências. Mencionando “esses intelectuais e artistas que incentivam a revolta”, o jornal Le Figaro se lamenta: “François Furet parece ter se enganado: a Revolução Francesa não acabou”.1
Como muitos outros, entretanto, o historiador em questão não poupou esforços para afastar a lembrança e a tentação próprias à Revolução. Outrora entendida como a expressão de uma necessidade histórica (Marx), de uma “nova era da história” (Goethe), uma epopeia iniciada pelos soldados do ano II, cantados por Victor Hugo – “E víamos esses imponentes pés-descalços marchar sobre um mundo maravilhado” –, da Revolução só se mostrava o sangue em suas mãos. De Rousseau a Mao, uma utopia igualitária, terrorista e virtuosa teria esmagado as liberdades individuais, dando à luz ao monstro frio do Estado totalitário. Em seguida, a “democracia” foi recuperada, vencedora, radiante, calma, de mercado. Herdeira de revoluções ela também, só que de outro caráter, à inglesa ou à norte-americana, mais políticas que sociais, “descafeinadas”.2
Também se tinha decapitado um rei do outro lado do Canal da Mancha (ver o artigo da página XX). Mas a resistência da aristocracia tendo sido menos vigorosa que na França, a burguesia não sentiu necessidade de estabelecer uma aliança com o povo para validar sua dominação. Nos meios favorecidos, tal modelo, sem “pés-descalços” nem “sans-culottes”, parece mais distinto e menos arriscado que o outro. Presidente do patronato francês, Laurence Parisot não traía o sentimento de seus representados ao declarar a um jornalista do Financial Times: “Eu adoro a história da França, mas não gosto muito da Revolução. Foi um ato de uma violência extrema, da qual sofremos ainda hoje. Ela obrigou cada um de nós a tomar partido”. Ela complementava: “Nós não praticamos a democracia com tanto sucesso quanto a Inglaterra”.3
“Tomar partido.” Esse tipo de polarização social é nefasto, quando o desejável seria, sobretudo em tempos de crise, se mostrar solidário com a sua empresa, com o seu patrão, com a sua marca – cada um mantendo seu devido lugar. Pois aos olhos daqueles que não a apreciam nem um pouco, o principal problema da revolução não é a violência, um fenômeno tristemente banal na história, mas, coisa infinitamente mais rara, a reviravolta da ordem social por ocasião de uma guerra entre abastados e proletários.
Em 1988, em busca de um argumento contundente, o presidente George Bush atacaria seu adversário democrata, Michael Dukakis, um tecnocrata perfeitamente inofensivo: “Ele quer nos dividir em classes. Isso é bom para a Europa, mas não para a América”. Classes, nos Estados Unidos! Imagina-se o horror de uma acusação como essa! A tal ponto, que vinte anos mais tarde, no momento em que o estado da economia norte-americana parece impor sacrifícios tão desigualmente repartidos quanto o foram os lucros precedentes – um verso da Internacional reivindica a devolução do que foi injustamente apropriado (“le voleur rende gorge” [o ladrão restitui aquilo que roubou])... –, o atual inquilino da Casa Branca achou prudente acalmar o descontentamento popular: “Uma das lições mais importantes a tirar dessa crise é que nossa economia só funciona se estivermos todos juntos. [...] Não temos como ver um demônio em cada investidor ou empresário que tenta realizar um lucro”.4Ao contrário do que imaginam certos adversários republicanos, Barack Obama não é um revolucionário...
“A revolução é acima de tudo uma ruptura. Aquele que não aceita essa ruptura com a ordem estabelecida, com a sociedade capitalista, não pode aderir ao Partido Socialista.” Assim falava Mitterrand em 1971. Desde então, as condições de adesão ao Partido Socialista (PS) tornaram-se menos draconianas, visto que não reprovaram nem os dirigentes do Fundo Monetário Internacional (FMI), nem os da Organização Mundial do Comércio (OMC). A ideia de uma revolução também recuou em outras frentes, inclusive nas formações mais radicais. A direita então se apropriou da palavra, aparentemente ainda portadora de esperança, para fazer dela um sinônimo de restauração, de uma destruição das proteções sociais conquistadas, até mesmo arrancadas, contra a “ordem estabelecida”.
Ao mesmo tempo, critica-se a violência das grandes revoluções. É chocante para alguns, por exemplo, o massacre dos guardas suíços na tomada do Palácio das Tulherias, em agosto de 1792; o da família imperial russa em julho de 1918, em Ecaterimburgo; ou o extermínio dos oficiais do exército de Chiang Kai-shek após a tomada de poder pelos comunistas chineses em 1949. Mas seria então mais coerente não ter ocultado a fome no Antigo Regime, sob o pano de fundo dos bailes de Versalhes e do dízimo extorquido pelos padres; centenas de manifestantes pacíficos de São Petersburgo abatidos em um “domingo vermelho” de janeiro de 1905 pelos soldados de Nicolas II; ou os revolucionários de Cantão e Xangai jogados ainda vivos, em 1927, nas caldeiras das locomotivas. Sem falar da violência cotidiana da ordem social que se queria derrubar.
O episódio dos revolucionários queimados vivos não somente marcou aqueles que se interessam pela história da China mas também ficou conhecido pelos milhões de leitores de A condição humana, de André Malraux. Pois, durante décadas, os maiores escritores e artistas apoiaram o movimento operário celebrando as revoluções, os amanhãs que cantam. Incluindo aí, é verdade, a minimização das decepções, das tragédias, das madrugadas lívidas (polícia política, culto à personalidade, campos de trabalho, execuções).
Faz trinta anos, no entanto, que só se fala nisso; é até mesmo recomendado para ter sucesso na universidade, na mídia e brilhar no mundo acadêmico. “Quem fala em revolução fala em irrupção da violência”, explica o historiador Max Gallo. “Nossas sociedades são extremamente frágeis. A responsabilidade maior de quem tem acesso à opinião pública é a de prevenir contra essa irrupção”.5Furet estimava, por sua vez, que toda tentativa de transformação radical era totalitária ou terrorista. Ele concluía que “a ideia de outra sociedade se tornou quase impossível de ser pensada”.6Podemos imaginar que tal impossibilidade não contraria a maior parte de seus leitores, protegidos das tempestades por uma existência agradável de jantares e debates.

Os limites do sufrágio
A fobia das revoluções e seu corolário, a legitimação da ordem estabelecida, encontra outros disseminadores além de Gallo e Furet. Pensemos aqui na escolha das mídias, incluindo o cinema. Há trinta anos elas determinam que, excluindo a democracia liberal, só existem regimes tirânicos e conivência entre si. Confere-se mais destaque ao pacto germano-soviético, muito mais visível que outras alianças contra a natureza, como os acordos de Munique e o aperto de mão entre Adolf Hitler e Neville Chamberlain. O nazista e o conservador tinham em comum pelo menos o ódio das frentes populares. E esse mesmo temor de classes inspirou os aristocratas de Ferrare e os mestres das forjas do vale do Ruhr quando favoreceram a chegada ao poder de Benito Mussolini e do Terceiro Reich.7Relembrar isso ainda é permitido?
Nesse caso, vamos mais longe… Ao mesmo tempo que refutava brilhantemente uma revolução do tipo soviética, qualificada por um de seus amigos de “blanquismo ao molho tártaro”, uma personalidade tão respeitada pelos professores de virtude como Léon Blum refletiu sobre os limites de uma transformação social, na qual o sufrágio universal seria o único talismã. “Não temos certeza”, prevenia em 1924, “que os representantes e dirigentes da sociedade atual, no momento em que seus princípios essenciais parecem seriamente ameaçados, não estejam saindo eles mesmos da legalidade”. De fato, as transgressões desse tipo não faltaram desde então, do pronunciamiento de Francisco Franco, em 1936, ao golpe de Estado de Augusto Pinochet, em 1973, sem esquecer da derrocada de Mohammad Mossadegh no Irã, em 1953. O chefe socialista enfatizava, no entanto, que “a República nunca foi proclamada, na França, por meio de voto legal sob a forma constitucional. Foi instaurada pela vontade do povo insurgido contra a legalidade existente”.8
Atualmente usado para desqualificar outras formas de intervenção coletiva (como as greves nos serviços públicos, comparadas ao ato de fazer reféns), o sufrágio universal teria se tornado o alfa e o ômega de toda ação política. No entanto, as questões que Blum colocava a esse respeito não envelheceram nem um pouco: “Seria hoje o sufrágio universal uma realidade plena? A influência do patrão e do proprietário não pesam sobre os eleitores com a pressão da força do dinheiro e da mídia de massa? Todo eleitor é livre do voto que dá, livre pela cultura de seu pensamento, livre pela independência de sua pessoa? E, para liberá-lo, não haveria necessidade justamente de uma revolução?”.9Entretanto, em três países europeus – Holanda, França e Irlanda – o veredito das urnas driblou as pressões conjuntas do patronato, das forças do dinheiro, da mídia por um tratado constitucional. Por essa mesma razão, ninguém o levou em conta.
“Nós perdemos todas as batalhas, mas temos as mais belas canções.” Essa frase, cujo autor seria um combatente republicano espanhol procurando refúgio na França após a vitória de Franco, resume, à sua maneira, o problema dos conservadores e sua dolorosa pedagogia da submissão. Dito de modo simples, as revoluções deixam na história e na consciência humana vestígios permanentes, mesmo tendo falhado ou sido deturpadas. Elas encarnam esse momento tão raro no qual a ideia de fatalidade desaparece e o povo ganha a vantagem.
Daí o seu sucesso universal. Pois, cada um à sua maneira, os rebeldes de Potemkin, os sobreviventes da Longa Marcha, os barbudos de Sierra Maestra ressuscitaram o gesto dos soldados do ano II, que inspirou o historiador britânico Eric Hobsbawm a fazer a seguinte reflexão: “A Revolução Francesa revelou a força do povo de um modo que nenhum governo jamais se autorizou a esquecer – fosse apenas pela lembrança de um exército improvisado de conscritos não treinados, mas vitorioso sobre a potente coalizão das mais experientes tropas de elite das monarquias europeias”.10
Não se trata apenas de uma “lembrança”: o vocabulário político moderno e a metade dos sistemas jurídicos do mundo se inspiram no código que a Revolução inventou. E se pensarmos no terceiro-mundismo dos anos 60, ou mesmo nas revoltas árabes, podemos nos perguntar se uma parte de sua popularidade na Europa não vem do sentimento de reconhecimento (nos dois sentidos do termo) que ele fez nascer. O ideal revolucionário, igualitário, emancipador das Luzes parecia então renascer no Sul, em parte, graças aos vietnamitas, argelinos, chineses e chilenos que tinham passado pelo Velho Continente.

O combate continua
O império declinava, antigas colônias assumiam seu destino, a revolução continuava. A situação atual é diferente. A emancipação da China ou da Índia, sua afirmação sobre a cena internacional provocam em lugares diversos curiosidade e simpatia, mas elas não remetem a nenhuma esperança “universal” ligada, por exemplo, à igualdade, ao direito dos oprimidos, a outro modelo de desenvolvimento, à preocupação de evitar as restaurações conservadoras nascidas do saber.
Se o entusiasmo internacional que a América Latina provoca é maior, é devido ao fato de a orientação política ser, ao mesmo tempo, democrática e social. Uma esquerda europeia justificou ao longo de vinte anos a prioridade que concedeu às demandas das classes médias, teorizando o fim do “parênteses revolucionário” e o apagamento político das categorias populares. Os dirigentes da Venezuela ou da Bolívia remobilizam, ao contrário, essas últimas, provando-lhes que seu destino é levado em consideração, que seu destino histórico não está fechado; que, em resumo, o combate continua.
Por mais desejáveis que sejam, as revoluções são raras. Elas pressupõem ao mesmo tempo uma massa de descontentes prontos para a ação; um Estado cuja legitimidade e autoridade são contestadas por uma fração de partidários habituais (devido a imperícia econômica, negligência militar, ou a divisões internas que o paralisam e fragmentam); e, enfim, a preexistência de ideias radicais de questionamento da ordem social, extremamente minoritárias de início, mas que servirão de suporte a todos aqueles cujas antigas crenças e lealdade foram dissolvidas.11
A historiadora norte-americana Victoria Bonnell estudou os operários de Moscou e de São Petersburgo às vésperas da Primeira Guerra Mundial. Como se trata do único caso no qual esse grupo social foi o ator principal de uma revolução “exitosa”, sua conclusão merece ser relembrada: “O que caracteriza a consciência revolucionária é a convicção que as reclamações somente podem ser satisfeitas pela transformação das instituições existentes e pelo estabelecimento de outra organização social”.12De todo modo, essa consciência não aparece de modo espontâneo, sem mobilização política e ebulição intelectual anterior.
Tanto é assim que, em geral, a reivindicação dos movimentos populares é, de início, defensiva. Eles têm a intenção de restabelecer um contrato social que julgam ter sido rompido pelos patrões, os proprietários de terras, os banqueiros e os governantes. O alimento, o trabalho, a moradia, os estudos, o projeto de vida. Não se trata (ainda) de um “futuro radioso”, mas “da imagem de um presente livre de aspectos mais dolorosos”.13É somente depois, quando a incapacidade dos dominantes em preencher as obrigações que legitimam seu poder e seus privilégios se tornam evidentes, que vem à tona, às vezes, a questão de saber “se os reis, os capitalistas, os padres, os generais, os burocratas, continuam a ter utilidade social”.14Podemos então falar de revolução. A transição de uma etapa para outra pode acontecer de modo rápido – dois anos em 1789, alguns meses em 1917 – ou então nunca acontecer.
Há cerca de dois séculos, milhões de militantes políticos ou sindicais, historiadores, sociólogos, examinam as variáveis que determinam o resultado: a classe dirigente está dividida e desmoralizada? Seu aparelho repressivo está intacto? As forças sociais que aspiram mudanças estão organizadas e capazes de se entender? Em nenhum outro lugar esses estudos foram mais alimentados que nos Estados Unidos: trata-se, em geral, de compreender as revoluções, entender as contribuições que trouxeram, mas também de esconjurá-las.
A credibilidade desses trabalhos revelou-se... aleatória. Em 1977, por exemplo, havia sobretudo preocupação com a “ingovernabilidade” das sociedades capitalistas. E, por contraste, perguntava-se: por que a URSS é tão estável? Nesse último caso, as explicações multiplicavam-se: a preferência dos dirigentes e da população soviética pela ordem e a estabilidade; a socialização coletiva fortalecendo os valores do regime; a natureza não cumulativa dos problemas a ser resolvidos, deixando o partido único livre para suas manobras; os bons resultados econômicos que contribuem para a estabilidade desejada; a progressão do nível de vida; o status de grande potência etc.15.
Já imensamente célebre na época, o cientista político de Yale, Samuel Huntington, só precisava concluir a partir dessa colheita de índices concordantes: “Nenhum dos desafios previstos para os próximos anos parece ser qualitativamente diferente daqueles que o sistema soviético já conseguiu resolver”.16
Todos sabemos a continuação dessa história...
Serge Halimi é o diretor de redação de Le Monde Diplomatique (França).

Ilustração: Corbis / Latinstock

(1) Le Figaro, Paris, 9 abr. 2009.
(2) “Em resumo, o que a sensibilidade liberal exige é uma revolução descafeinada, uma revolução que não tem o gosto de uma revolução”, resume Slavoj Zizek. Robespierre: entre vertu et terreur (Roberpierre: entre a virtude e o terror). Paris: Stock, 2008. p.10.
(3) Financial Times Magazine, Londres, 7-8 out. 2006.
(4) Coletiva de imprensa de 24 mar. 2009.
(5) Le Point, Paris, 25 de fev. 2009.
(6) François Furet. Le passé d’une illusion: essai sur l’idée communiste au XXe siècle, (O passado de uma ilusão: ensaio sobre a ideia comunista no século XX). Paris: Robert Laffont–Calmann-Lévy, 1995. p.572.
(7) Em 1970, os cineastas Vittorio De Sica, em O jardim dos Finzi-Contini, e Luchino Visconti, em Deuses malditos, abordaram esse tema.
(8) Léon Blum. L’idéal socialiste (O ideal socialista). ,La Revue de Paris, maio 1924. Citado por Jean Lacouture. Léon Blum. Paris: Seuil, 1977. p.201.
(9) Ibidem.
(10) Eric J. Hobsbawm. Aux armes, historiens: Deux siècles d’histoire de la Révolution française, (Às armas, historiadores: dois séculos de história da Revolução Francesa). Paris: La Découverte, 2007. p.123.
(11) Jack A. Goldstone. Revolution. Belmont: Wadsworth Publishing, 2002 ; e Theda Skocpol. Etats et révolutions sociales. (Estados e revoluções sociais). Paris: Fayard, 1985.
(12) Victoria Bonnell. The Roots of Rebellion: Workers’ Politics and Organizations in St. Petersburg and Moscow, 1900-1914 (As raízes da rebelião: organizações e políticas dos trabalhadores em São Petersburgo e Moscou). Berkeley: University of California Press, 1984. p.7.
(13) Barrington Moore. Injustice: The Social Bases of Obedience and Revolt(Injustiça: as bases sociais da obediência e da revolta). White Plains (Nova York): Sharpe, 1978. p.209.
(14) Ibidem, p.84.
(15) Seweryn Bialer. Stalin’s Successors: Leadership, Stability, and Change in the Soviet Union (Sucessores de Stalin: liderança, establidade e mudança na União Soviética). Cambridge University Press, 1977.
(16) Samuel Huntington. Remarks on the meaning of stability in the modern era (Observações sobre o significado de estabilidade na era moderna). In:, Seweryn Bialer e Sophia Sluzar (coord.). Radicalism in the Contemporary Age(Radicalismo na idade contemporânea). v.3 Strategies and Impact of Contemporary Radicalism (Estratégias e impacto do radicalismo contemporâneo). Boulder (Colorado): Westview Press, 1977. p.277.
27 de Setembro de 2011
Palavras chave: Revolução, manifestações, pressão popular, 2011, Líbia, Egito, Europa, sociedade, América Latina, jovens, democracia, contemporaneidade, governos, povo, eleições, rebeldes, redes sociais, rede, violência, levantes, história, militantes, juventude, popular, ocupação

Igarassu: Mário Ricardo inicia gestão com visitas as secretarias


No primeiro dia de trabalho da gestão municipal de Mário Ricardo (PTB), nesta terça-feira (02.01), o novo prefeito de Igarassu chegou cedo à sede da prefeitura, às 6h50 e de lá percorreu todas as secretarias da cidade. O objetivo das reuniões foi de conversar com os servidores e interagir com os funcionários a respeito da conduta que será aplicada na nova administração municipal.

Durante visita à Secretaria de Saúde, uma surpresa, Mário Ricardo se deparou com as portas fechadas do prédio público e acabou fazendo a reunião de improviso no meio da rua, localizada no centro do município. O gestor sabe das dificuldades que estão sendo encontradas na cidade, porém acredita no trabalho em conjunto para deixar Igarassu no rumo do desenvolvimento de Pernambuco.

CRÉDITO : IVANILDO PEDRO

Chris Huggins - (81) 9106.1098 / 8754 1887
Assessora de Comunicação Prefeitura Municipal de Igarassu

Armando Monteiro: "É tempo de muito trabalho no Recife"





PTB dará contribuição à gestão Geraldo Julio assumindo Secretaria de Saneamento

Otimista com a nova fase administrativa iniciada no Recife, com a posse do prefeito Geraldo Julio (PSB), o presidente estadual do PTB, senador Armando Monteiro, afirma que a cidade deve contar desde já com uma grande intervenção do poder público municipal. “E isto não se dá apenas com as obras que virão, mas sobretudo com o ordenamento urbano”, explica.

Para Armando, com a contribuição do conjunto de forças que ajudaram a Frente Popular a conquistar a Prefeitura do Recife (PCR), o prefeito Geraldo Julio vai inaugurar um novo tempo de muito trabalho na cidade. “O Recife precisa desta visão, da intervenção do poder público municipal, para ordenar os espaços de convivência. E isto é possível se fazer com um olhar mais atento”, afirma Armando, elogiando o perfil técnico e a capacidade de trabalho do prefeito eleito.

Demonstrando satisfação por ter participado ativamente da discussão em torno de um projeto para o Recife que colocasse a cidade em sintonia com o desenvolvimento de Pernambuco, Armando reforça que o PTB dará sua contribuição à administração de Geraldo Julio e lembra o nome do novo Secretário de Saneamento, o petebista João Batista.

“Independentemente de qualquer julgamento, que não me compete fazer, eu sentia que o Recife precisava estar também vivendo este novo tempo de Pernambuco. É como se houvesse um certo descompasso. E com João Batista, o PTB tem um companheiro que vai contribuir para que Recife viva este novo momento administrativo”, reforça.

Crédito da foto: Andrea Rêgo Barros/PSB

domingo, 30 de dezembro de 2012

Feliz 2013!!!


Desejamos um Feliz Ano Novo para tod@s que nos acompanharam aqui pelo blog e nas outras ferramentas das redes sociais. Para nós, 2012 foi um ano de transição, repleto de grandes reflexões, que deverão ser depuradas em 2013. O blog vai bem, entrando numa fase de ampliação de sua capilaridade, articulação política e  parcerias com a iniciativa privada e o poder público, sem perder sua independência e condição de fórum priviliegiado da liberdade de expressão. Se ao apagar das luzes de 2012, numa urdidura entre o capital e o poder público, foi aprovado - mesmo que com algumas restrições legais - o Projeto Novo Recife, logo em seguida estávamos participando das discussões, manifestando nossa opinião a respeito, algo que alcançou ótima repercussão na rede, com um internauta emitindo a opinião de que "aquele seria o texto que deveria estar nos editoriais da imprensa local, no dia seguinte à aprovação do projeto pelo CDU", o que nos deixa cada vez mais estimulados a continuar nessa batalha, sem tréguas, em defesa da cidadania, dos interesses da res publica, da justiça social. Como diria o sociólogo Boaventura de Souza Santos, solidário com as diferenças - quando essas representam o reconhecimentos de direitos legítimos de afirmação de grupos ou indivíduos - e absolutamente intransigente com as desigualdades - quando essas são reflexos das injustiças e do não reconhecimento de direitos inalienáveis. Um forte abraço a tod@s! Na foto, a filhota Maria Luísa, nossa militante, participando de campanha em defesa do meio ambiente. Pena que esteja tão concentrada na pipoca!!!

Veja como está o Complexo Turístico de Lazer na praia de Coqueirinho.



 
Um Complexo Turístico de Lazer com oito bares, sorveteria e loja de artesanato, com capacidade para receber 2.400 pessoas ao mesmo tempo, está sendo concluído na praia de Coqueirinho, uma das mais bonitas do Brasil, localizada no município do Conde, litoral sul da Paraíba.

A obra, financiada pelo Empreender PB, programa de crédito subsidiado do Governo do Estado, representa um investimento de R$ 500 mil que foram repassados pelo programa à Associação dos Donos de Barracas na Costa do Conde (ADBCC). O complexo turístico está sendo construído com 170 metros quadrados em terreno de 3.518 metros quadrados.

De acordo com o presidente da ADBCC, Emanuel Marcondes Almeida Batista, o complexo terá praça de eventos, quiosque para informações, chuveiros e banheiros. Também haverá ambulantes cadastrados e identificados com crachá para a venda de produtos avulsos.

Cerca de 2.400 pessoas sentadas poderão estar ao mesmo tempo dentro do Centro Turístico. “Um bar emprega, no mínimo, seis pessoas, serão nove estabelecimentos comerciais, fora os ambulantes. Isso será um núcleo importante na geração de renda para o Município. Estamos empregando comerciantes locais gerando 300 empregos. É só o início, temos muito pela frente”, afirmou Marcondes.

Acessibilidade – Para garantir acesso fácil para todos, o Centro foi projetado com passeios que dão acesso aos banheiros e bares. Haverá também um sistema de segurança com equipamentos e pessoal especializado. O som no ambiente é algo que os responsáveis estão discutindo. “Estamos contratando uma empresa que conhecemos na Feira do Empreendedor do Sebrae, para colocar torres de som. Nossa discussão é por um sistema de som uniforme para todos. O turismo tem que ser visto de forma profissional”, ressaltou Emanuel Marcondes.

Lixo – Um convênio firmado com uma empresa de João Pessoa prevê o incentivo à coleta seletiva na praia. A empresa vai comprar os resíduos por um valor simbólico, retirando diariamente o lixo do local. O presidente da ADBCC acredita que essa atitude vai se estender a vários estabelecimentos da área, como por exemplo, as pousadas. “O lixo será tratado com responsabilidade”, avaliou.

O terreno para a construção do Complexo Turístico de Coqueirinho (3,5 mil metros quadrados) foi cedido pela Secretaria do Patrimônio da União para os comerciantes associados à ADBCC que já possuíam barracas em local não autorizado. Fundada em 2004, a Associação iniciou a luta pelo Centro Turístico em 2006 quando o atual presidente Emanuel Marcondes Batista assumiu.

O começo – A ADBCC contou com a ajuda de parceiros e conseguiu, há quatro anos, o apoio da Prefeitura Municipal do Conde. Idealizado pelos associados e projetado pelo arquiteto Frankie Muniz, o Centro Turístico de Coqueirinho chegou ao conhecimento do Governo do Estado que liberou, em dezembro do ano passado, o valor avaliado para financiar toda a obra através do Empreender PB.

Segundo o presidente da ADBCC o projeto foi desenvolvido para oferecer ao turista um local apropriado ao descanso, lazer e contato com a cultura regional, tendo em vista a preocupação com a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável.

“Quando assumi em 2006 já havia um processo do Ministério Público Federal para a retirada de todas as barracas de Coqueirinho e resolvi assumir a luta. Criar um projeto de desenvolvimento sustentável onde cada um pudesse continuar trabalhando, mas com responsabilidade ambiental em tudo que envolve o aparelhamento turístico”, declarou Emanuel Marcondes.

José Arimateia do Nascimento, dono de um dos bares do Centro Turístico, é filho de comerciantes locais e já negocia há 14 anos na praia. Ele está trabalhando como um dos peões da obra enquanto o bar não começa a funcionar e fala com otimismo sobre a construção: “Antes a gente trabalhava preocupado porque sabia que poderia ser retirado daqui a qualquer momento. Agora a situação é outra. Vamos trabalhar tranquilos, com toda a situação regularizada para atender bem os que chegam. Os turistas não ficavam aqui muito tempo, porque não havia banheiro. Agora, com certeza o cliente que chegar não vai embora”, declarou José.

Programação cultural – Um calendário cultural já foi idealizado para ser divulgado na mídia logo depois da inauguração. De acordo com o presidente da Associação, os artistas locais serão prioridade para subir ao palco da praça de eventos do Centro Turístico de Coqueirinho.


(Portal Correio da Paraíba)

Nota do editor: Com essa obra de infraestrutura, além das belezas naturais, a praia de Coqueirinho irá proporcionar aos turistas alguns serviços essenciais para consolidar-se como uma das principais opções de lazer do litoral sul da Paraíba, conjugado ao complexo de naturismo de Tambaba e aos serviços já oferecidos no distrito de Jacumã. Um série de empreendimentos imobiliários estão sendo erguidos nas adjacências do cinturão litorâneo que compõe o complexo de praias ao norte e ao sul do distrito de Jacumã. Torna-se necessário que iniciativas do poder público municipal acompanhem os investimentos que estão sendo realizados com recursos federais e do estado, melhorando a qualidade dos serviços prestados à população. Jacumã já realiza o melhor carnaval da Paraíba, mas não há nenhuma tradição de grande réveillons - salvo em alguns hotéis e pousadas - quando o município reúne todas as condições para realizar um evento de porte. Todos os anos, organizamos um ranking com as 10 melhores coisas para se curtir por ali. Aguardem! 

Brasil 247: Goiana está prestes a virar polo industrial de PE.

PE247 – O município de Goiana, Zona da Mata Norte pernambucana, se prepara parar ser um dos maiores polos industriais do Estado. Além de abrigar um grande empreendimento, a Companhia Pernambucana de Vidros Planos (CBVP), a cidade receberá outras cinco indústrias que somarão um investimento de R$ 37,2 milhões em uma área de 12 hectares e geração de 400 empregos diretos. Terraplenagens já começam em 2013.
O polo vidreiro será formado pelas fábricas Target Engenharia, que vai custar R$ 15 milhões, Intervidro (R$ 8 milhões), Sanvidro (R$ 6,1 milhões), Norvidro (R$ 5,1 milhões) e Pórtico Esquadrias (R$ 3 milhões). Todas terão incentivos fiscais, medida aprovada na quinta-feira 27 pelo Conselho Estadual de Política Industrial, Comercial e de Serviços (Condic).
Todos esses investimentos somam-se à vinda da fábrica de motores da Fiat, cujo aporte será de R$ 500 milhões, com capacidade para produzir 150 motores por ano em uma área de 50 mil metros quadrados. A construção já começa em janeiro do próximo ano.
Goiana também conta com outra fábrica da Fiat, cujo investimento é de R$ 4 bilhões e geração de 4,5 mil empregos depois de concluída, em 2014. A expectativa é que a montadora produza entre 200 e 250 mil carros por ano com uma área de 280 mil m². Considerando as empresas fornecedoras, os investimentos devem chegar a R$ 7 bilhões.


Cuidado com esse povo, artigo de Tião Viana

Cuidado com esse povo!

 


Figurões se rebelam contra o governo do estado,tentam puxar seu tapete e depois protestam porque o governo, usando de suas prerrogativas, tira os cargos comissionados dos seus afilhados. E rangem os dentes, gritam, esperneiam, denunciam perseguição, mesquinhez do governante, o diabo a sete.


Esse tipo de comportamento era bem definido pelo meu conterrâneo Luiz Mofeta como próprio de, com licença da palavra, “homem rapariga”. Luiz era assim, desbocado, chamador de nomes feios, um verdadeiro boca suja, mas o que ele dizia ninguém contestava porque não mentia. Verdade dura, mas verdade verdadeira.


Na Paraíba nós temos muita gente assim, dessa laia, merecedora da definição mofeteana. Gente de caráter duvidoso, que não tem honra e se dá a qualquer custo, desde que ao final alcance o egoístico resultado pessoal. Gente que ri pra você com vontade de morde-lo, que elogia na frente e mete o cacete atrás, que finge ser uma coisa sem ser, que vende a mãe e empresta o pai em troca de uma vantagem, em suma, um verdadeiro “homem rapariga”.


Conheço gente ruim que só não é pior por falta de espaço. Conheço gente sem caráter, com dupla personalidade, com o feio hábito de cuspir no prato em que comeu, de apunhalar pelas costas a quem lhe deu a mão, lhe fez favores, lhe dispensou mimos. Vi dia desses uma pessoa sentar-se na cadeira antes ocupada por dileto amigo, e afirmar, assim, na bucha, com a maior cara de pau, estar retirando o lixo que fulano deixara debaixo do tapete. Dá pra tu, Mane? Mais tarde, disseram-me, essa mesma pessoa depositou ditoso beijo na face do Cristo crucificado momentos antes, repetindo o gesto de Judas, aquele dos 30 dinheiros.


Que não se espante o leitor, porque gente assim existe, de ruma, de tuia, aos montes. E o mais incrível é que essas pessoas sempre se dão bem, se arrumam, convencem, tapeiam, mentem que o rabo não sente, têm sempre um sorriso colgate para distribuir na hora do sorriso colgate e uma cara de nojo para externar na hora de sentir nojo.


Por isso acho bom quando alguém puxa o cabresto desse povo, não teme enfrentar seu veneno, sua covardia. Serve como esperança de dias melhores para nós que habitamos a planície e não ratificamos a covardia, a safadeza, o oportunismo e a falta de caráter desse time apodrecido.

Jornalista Tião Viana, www.politicapb.com.br 

Termino o ano de "alma lavada" com esse artigo do jornalista Tião Viana. Na cultura do "jeitinho brasileiro", as pessoas que não assumem esse perfil, tornam-se estranhas nos grupos sociais. Já nos disseram que não tínhamos jogo de cintura e que era preciso ter esse jogo de cintura para ocupar determinadas posições. Não pestanejei. Se é assim, vamos eleger a mulata globeleza para a presidência da República. Na realidade, não nos falta jogo de cintura. Sobra firmeza de caráter, posições assumidas e a incapacidade de transigir com a safadeza e o oportunismo. Se no Estado da Paraíba existe gente assim, colega jornalista, no nosso Estado posso citar uma penca de homens raparigas, moleques que se prestam a todo tipo de bajulação em troca de alguns favores, totalmente submetidos às conveniências dos poderosos de plantão. Imagino só as dificuldades que os chefes não encontram em "filtrar" as informações daqueles que se propõem a ser mais real do que o rei.  Não raro, extrapolam suas funções apenas para fazerem seus mimos aos chefes. Como se trata de homens raparigas, já presenciei alguns "gozarem" apenas pelo fato de pegarem a pasta do patrão. Agora mesmo, por ocasião da chegada do PT ao poder, conheci pessoas que serviram fielmente ao macielismo se transfigurarem de petistas no dia seguinte, tal qual as dianas de pastoril. Não é tudo. Na pressa, ainda jogaram a manta azul nos braços daqueles que, por convicção e identidade social, sempre estiveram engajados na luta dos trabalhadores. Infelizmente, o PT acabou de conluio com essa gente, abdicando de seus princípios mais caros.   Tião Viana, com esse artigo, encerra com chave de ouro o ano de 2012, brindando o editor do blog com um ótimo presente. Melhor, impossível. Vou aproveitar minhas férias em Jacumã e visitar a redação do site para presenteá-lo com a melhor caninha brasileira, a Volúpia, produzida no friozinho da região serrana do Brejo Paraibano, de onde, salvo algum engano, o jornalista busca inspiração para essas "tiradas" soberbas. Faço-o por admiração e respeito. Coisa rara. O artigo foi escrito em função dos problemas enfrentados pelo governador Ricardo Coutinho com a Assembléia Legislativa do Estado. Torço que os ventos soprem favoravelmente para o "Mago" em 2013 e ele tenha a têmpera necessária para enfrentar mais essa adversidade em sua gestão. Um Feliz Ano Novo para Viana e toda redação do www.politicapb.com.br.   

Revista Cult: Literatura em 2013: saiba o que vem por aí

Literatura em 2013: saiba o que vem por aí

Centenário de Vinicius de Moraes, Brasil na Feira de Frankfurt e possível inédito de Chico Buarque estão entre os destaques do ano

Marília Kodic

Veja a seguir algumas das efemérides, lançamentos e acordos que pretendem orientar o mercado literário brasileiro em 2013.
Vinicius de Moraes, Camus, Frankfurt e a Copa
Os centenários de nascimento de Albert Camus, Rubem Braga e Vinicius de Moraes devem agitar os lançamentos e eventos do ano, além de outras efemérides como os 120 anos de nascimento de Mário de Andrade, 190 de Gonçalves Dias, 90 de Millôr Fernandes, Fernando Sabino, Lygia Fagundes Telles e Italo Calvino e 80 de Rubem Alves; além dos 100 anos de morte de Ferdinand de Saussure e 50 de C. S. Lewis.
Homenageado da FLIP, Graciliano Ramos, cujos 120 anos de nascimento foram comemorados em 2012, também deve ganhar destaque. A festa, que acontece entre 3 e 7 de julho, ainda não tem escritores confirmados.
Já a Fliporto – que terá como tema “A literatura é um jogo”, pretendendo fazer um diálogo entre a literatura e o esporte, tendo em vista a Copa do Mundo e as Olimpíadas –, leva a Pernambuco entre 27 de abril e 5 de maio convidados como Ariano Suassuna, Nélida Piñon e João Ubaldo Ribeiro.
O ano da Alemanha no Brasil, que terá início em maio, deve estimular diversos projetos bilaterais, sendo o mais notável a Feira do Livro de Frankfurt (9 a 13/10), quando os olhos do mercado literário mundial se voltarão para o Brasil, homenageado do evento.
“A Feira de Frankfurt aumentará o número de vozes brasileiras falando para um público leitor maior, mais amplo. A ‘República Mundial das Letras’ precisa das nossas vozes, e é através de iniciativas como a da Feira de Frankfurt – e de outras, como a de Guadalajara, no México, a de Bolonha, para livros infantis e juvenis, e mesmo a de Londres, também para negociações de direitos – que acontece essa ampliação”, diz Felipe Lindoso, antropólogo, jornalista e consultor de políticas públicas para o livro e leitura.
Novo livro de Chico Buarque?

Em janeiro, a Bertrand lança Eu e Você, de Niccolò Ammaniti, livro que deu origem ao último filme de Bernardo Bertolucci, homônimo, que deve estrear por aqui em abril; e a Ed. 34 lança O Mistério-Bufo, de Vladímir Maiakóvski, que traz pela primeira vez ao público brasileiro a versão final da peça. Em fevereiro, a Leya reedita Mayombe e Geração Utopia, do angolano Pepetela – segundo a editora, esgotados há mais de 20 anos.
Em março, a Boitempo lança O capital – Livro I com tradução de Rubens Enderle, pela primeira vez a partir da edição preparada no âmbito do projeto alemão MEGA-2 (Marx-Engels-Gesamtausgabe). A Objetiva lança os volumes 2 e 3 de 1Q84, de Haruki Murakami, pelo selo Alfaguara, em março e novembro respectivamente e, em junho, as memórias do cineasta Cacá Diegues, ainda sem título.
A Record prevê para o primeiro semestre o lançamento de Fernando Pessoa, o livro das citações, que sai junto com uma grande edição revista da biografia premiada Fernando Pessoa: uma quase biografia, ambos de José Paulo Cavalcante Filho, além da Nova antologia de contos eróticos, de Dalton Trevisan. A Editora Globo prepara o lançamento de O rei faz a vênia e mataFera da alma, ambos de Herta Müller, e 1889, de Laurentino Gomes, ainda sem data.
Na Companhia das Letras estão previstos livros inéditos de pesos pesados da casa como Bernardo Carvalho, Marçal Aquino, Milton Hatoum e possivelmente Chico Buarque, segundo o publisher Otávio Marques da Costa. Além disso, prevê-se o segundo volume da biografia de Getúlio Vargas, por Lira Neto, que pretende trazer novas luzes sobre a Revolução de 30 e o envolvimento do Brasil na Segunda Guerra, e a crônica dos anos Lula por Fernando Morais.
No campo das traduções, o jornalista e escritor Edney Silvestre faz a previsão: “Eu aposto no interesse por Alberto Mussa, Tatiana Salem Levy, Luiz Ruffato e o João Paulo Cuenca”.
Gigantes do mercado

Segundo Felipe Lindoso, com a chegada da Amazon no Brasil, as editoras e livrarias, que já conhecem bem a voracidade monopolista da multinacional, procurarão se defender. “A Livraria Cultura já tem um acordo com a Kobo, que tem outro e-reader muito bom e que não está preso ao ecossistema da Amazon”, exemplifica.

“A Amazon induzirá fortemente as editoras a prestarem atenção à questão dos metadados, obrigando os varejistas também a melhorarem seus sites, que são todos, sem exceção, absolutamente hostis e ridiculamente ineficientes na busca dos livros, autores e contato com os clientes”, completa.
Para o crítico literário Alcir Pécora, se a Amazon seguir a mesma linha de ação que segue nos Estados Unidos e na Europa, deve possibilitar aos brasileiros o acesso a catálogos maiores a preços mais baixos. Contudo, segundo ele, “a pior parte é que deve diminuir o número de livrarias físicas, que já é pequeno”.
Outra novidade que pretende agitar o mercado é o anúncio da fusão, em outubro deste ano, entre a Penguin e a Random House, pelo grupo britânico Pearson e o conglomerado alemão Bertelsmann, resultando no maior grupo editorial do mundo. “A julgar pelo tipo ordinário de fusão econômica que ocorre usualmente, esta significa apenas mais monopólio e homogeneização do mercado”, opina Alcir Pécora.
O MinC e a polêmica dos editais setoriais

O lançamento de editais para produtores e criadores negros, anunciados pela ministra Marta Suplicy no fim de novembro, dá o tom das políticas públicas do Ministério da Cultura para os próximos anos.

Se por um lado ações afirmativas como essa são importantes e eficazes para abrir espaço, alguns especialistas discutem sua prioridade. “Num país tão deficiente em ensino básico, recursos públicos deveriam ir muito mais para a educação integral e universal de qualidade – ou seja, extensiva a brasileiros de qualquer classe, cor, credo, etc. – do que para projetos particulares de cultura”, diz Pécora.
Para Lindoso, os grandes desafios do MinC são outros: “A Lei de Direitos Autorais, por exemplo, é um nó que precisa ser desatado. A Lei que cria o Fundo para Desenvolvimento das Bibliotecas e Programas de Leitura, compromisso assumido pelo setor editorial quando da desoneração promovida pelo Presidente Lula, precisa ser implementada, assim como o Vale Cultura”.