pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quinta-feira, 28 de março de 2013

"O fenômeno Eduardo Campos", artigo de Elio Gaspari

 

 

Eduardo Campos é candidato a presidente da República. É ou não é? Ele está na base de apoio do governo de Dilma Rousseff. Está ou não está? Segundo o senador Jarbas Vasconcelos, o simples fato de ele ter dito que "dá para fazer muito mais" mostra que é um dissidente. Mostra ou não mostra?
Nenhuma dessas perguntas foi respondida pelo governador. Seria cedo para fazê-lo, mas indo-se às ideias que Eduardo Campos defendeu desde a sua transformação em fenômeno federal, vai-se a um abissal silêncio. Ele poderia ter ido a uma universidade com um plano para fazer melhor na educação. Poderia ter ido a um seminário sobre saúde pública. Nada. Foi a São Paulo reunir-se com empresários. Se levou ideias ou buscou apoios, não ficou claro, pois nem ele expôs propostas nem os empresários mostraram suas oferendas. Até agora, o governador cumpriu uma agenda político-gastronômica da qual resultou uma única informação de conteúdo: o cozido que o senador Jarbas Vasconcelos lhe ofereceu leva carnes de segunda com pirão de farinha de mandioca.
Suas propostas são um acúmulo de platitudes. Diz coisas assim:
"Não há grande incômodo nas grandes massas. Não há na classe média esse sentimento, nem de forma generalizada no empresariado. Mas há, nesse instante, nas elites, grande preocupação com o futuro. Há o sentimento de que as coisas podem piorar."
Seu melhor momento deu-se quando citou o avô, Miguel Arraes:
"Na política, você encontra 90% dos políticos atrás de ser alguma coisa. Dificilmente eles sabem para quê."
Não era citação, mas carapuça. Nenhum comensal de Eduardo Campos enunciou o "para quê" e muito menos ele ofereceu uma pista.
Campos propõe-se a "renovar a política". Durante a passagem da doutora Dilma por seu Estado um veículo do Instituto de Tecnologia de Pernambuco distribuía faixas louvando-o e uma jovem desempregada de 24 anos contou que prometeram-lhe R$ 20 para carregar a propaganda. Nas suas últimas campanhas presidenciais o PSDB alternou marquetagens, platitudes e cruzadas religiosas. Deu no que deu.
Um candidato que está na base do governo mas não está é uma contradição em termos, coisa de uma época que passou. Candidatos que se fizeram de rogados foram fritos. Na última eleição municipal deu-se em São Paulo um fenômeno que merece ser estudado por quem pretenda vencer uma eleição majoritária. Depois de uma campanha na qual o PT tinha um poste e o PSDB um candidato relutante, o asteroide Celso Russomanno tinha 46% das preferências na zona leste da cidade. Em duas semanas, caiu para 24%, um desfalque estimado em 270 mil votos. Ele tinha fama como apresentador de programa de TV, sem partido forte ou tempo de propaganda gratuita. Na reta final, propôs uma tarifa de ônibus diferenciada: quem fizesse percurso maior pagaria mais. Tradução: o trabalhador que mora longe do serviço tomaria uma mordida. Russomanno não chegou ao segundo turno.
As eleições brasileiras não se decidem mais num joguinho de doações, marquetagens e alianças de cúpula. Como nos cozidos, esses ingredientes temperam o prato, mas, sem carnes, nada feito, pois tanto um bilionário como um esfomeado sabem quando não há substância no prato.

domingo, 24 de março de 2013

Artigo: O Brasil visto pela casa-grande, de Anco Márcio Tenório

O Brasil visto pela casa-grande

Professor analisa filme O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho, a partir da sociologia freyriana

Publicado em 24/03/2013, às 05h42

Anco Márcio Tenório Vieira


O alerta veio do professor Luís Reis: “Vá ver O som ao redor, é um filme gilbertiano”. De fato: Não só é um filme gilbertiano, como provavelmente será a melhor homenagem que ele, Gilberto Freyre, recebe no ano em que Casa-grande & senzala completa 80 anos.
É um filme aparentemente modorrento, como era a vida nos engenhos. Mas nessa aparente modorra, onde um dia parece igual ao outro, plasmam os signos do Brasil de ontem e de hoje: o patrimonialismo; a ausência do Estado; o modo selvagem e utilitarista como estamos arruinando as nossas cidades (a lógica que destruiu a mata atlântica em prol da monocultura da cana, repete-se, agora, na ausência de um projeto urbano civilizatório); o direito individual em detrimento da coletividade; as relações de mandonismo entre patrões e empregados, e a permanência dos agregados; os ódios familiares; a interpenetração cultural e o equilíbrio dos opostos; a banalização da violência; o antagonismo entre a casa e a rua; a ausência de consciência de classe e a vingança antes por razões pessoais do que por questões ideológicas.
Urdindo todos esses signos, a metáfora do som como o modo formal de organizar o filme e explicitar o que a sua aparente ausência de ação esconde: o medo ancestral que nos acompanha desde os tempos da colônia. No caso, os incompreensíveis batuques que chegavam da senzala; os sons produzidos pela moagem (ao tempo em que multiplicavam as riquezas da terra, poderiam também promover a revolta dos escravos); os sons dos ventos, das águas e dos animais da floresta. E ante tais medos, “as portas e as janelas das casas-grandes foram se trancando a ferrolho e travessão às primeiras sombras da noite por precaução contra inimigos misteriosos que andavam no ar, que vinham do mais profundo das matas e das águas”, diz Freyre, em Nordeste. Junte-se aos sons, o temor das entidades sobrenaturais: o saci-pererê, o negro do surrão, o caipora, o boitatá, o mão-de-cabelo, a mãe-d’água, o mingau das almas, o Quibungo..., ensina-nos Casa-grande & senzala.
No Som ao redor os ruídos estão ressignificados, mas os medos, não. As grades nos separam da rua, assim como os ferrolhos e os travessões separavam a casa-grande do resto do engenho, sem impedir que ele, o medo, continue a povoar o sonho daqueles que acreditam estar protegidos pelo feitor dos tempos modernos: o segurança particular. Sons estranhos, agora não mais produzidos pelo imaginário supersticioso e pela natureza, são gerados pela cidade, que se revela um ambiente tão hostil quanto fora o Brasil rural.
Se Freyre foi acusado de escrever a partir da casa-grande, Kleber Mendonça Filho, fugindo do lugar-comum da nossa cinematografia, constrói o seu filme a partir de uma rua de classe-média. Rua esta que tem em um senhor de engenho o proprietário de quase todas as suas casas. Não há cenas de favelas (nem a cidade se faz conhecer em panorâmica), mas sabemos que ela está lá. Não só pelos seguranças, guardadores de carro, empregados domésticos e entregadores de água, mas pelo medo que esse universo social, aparentemente invisível, impõe ao nosso cotidiano. A modorra aparente esconde os nossos medos, e são esses medos, traduzidos em sons, que, como metáforas, constroem a ação do filme.
Assim, Kleber nos revela que Freyre ainda continua a ser um dos nossos grandes intérpretes, pois o seu Brasil profundo ainda continua a nos governar. Ao recorrer à sua obra (desdenhando o marxismo vulgar que impregna muitas das nossas interpretações, particularmente no cinema), Kleber parece desarmar a crítica brasileira (repetidora de chavões de orelha sobre a obra gilbertiana) ao reafirmar que foi nas casas-grandes “onde melhor se exprimiu o caráter brasileiro; a nossa continuidade social”, e que o estudo da sua história íntima “nos oferece de empolgante por uma quase rotina de vida: mas dentro dessa rotina é que melhor se sente o caráter de um povo”. Não só: ao contemporizar Freyre, ele mostra que os ruídos que nos atormentam são também os mesmos que infligem, hoje, as demais sociedades modernas (sejam elas desenvolvidas ou não): os sons das periferias, os ruídos que transformam os nossos sonhos em pesadelos.
Anco Márcio Tenório Vieira é professor do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE
(publicado originalmente no portal NE 10, do Jornal do Commércio)

sábado, 23 de março de 2013

Eduardo Campos no tradicional cozido de Jarbas Vasconcelos



 
Como diria o ex-governador Paulo Guerra, em política não existem "nunca" nem "jamais". Durante muito tempo criticada pelos Arraes, a "turma do cozido" terá como convidado o governador Eduardo Campos, hoje um aliado de Jarbas Vasconcelos. Vão se reunir neste sábado, a partir das 13 horas, para saborearem um tradicional "cozido" preparado pelo próprio Jarbas, com ingredientes adquiridos no tradicional Mercado da Encruzilhada.O tempo passa e, gradativamente, Eduardo Campos vai demonstrando até que ponto está disposto a ir para consolidar o seu projeto presidencial. Encontrou-se secretamente com José Serra, tradicional inimigo do PT; teria convidado Arthur Virgílio - que estaria insatisfeito no ninho tucano - para ingressar no PSB; estreitoru suas relações com o deputado Roberto Freire, do PPS. O caboclo está mordido pela "mosca azul".

Flagrante Tumblr!!! Araçá azul!

sexta-feira, 22 de março de 2013

Charge!Angeli!Folha de São Paulo! Cría Cuervos!!!

Datafolha: Aécio e Eduardo são retratos 3X4

Pequisa eleitoral, você decerto já ouvir dizer, é o retrato de um momento. O Datafolha acaba de fotografar o palco. Acomodada num enorme painel, Dilma ocupa a maior parte do ambiente. Marina é um porta-retrato sobre o aparador. Aécio e Eduardo são fotos 3 X 4 que sonham em virar quadros na parede.
Dilma Rousseff cresceu desde a última pesquisa. Há três meses, tinha 54% das intenções de voto. Hoje, belisca 58%. Marina Silva deslizou de 18% para 16%. Aécio Neves oscilou de 12% para 10%. E Eduardo Campos empinou ligeiramente a ponta do nariz –tinha 4% e foi a 6%.
Espremendo-se os olhos, pode-se enxergar no retrato do Datafolha a platéia ao fundo. Tomados pela autoestima e pela centimetragem de jornal, Aécio e, sobretudo, Eduardo são espetáculos extremamente badalados para cujo sucesso o público ainda não foi devidamente ensaiado.







 
(Publicado originalmente no blog do jornalista Josias de Souza, Portal UOL)





Revista IstoÉ: Região Sudeste foi a única a reduzir taxa de assassinatos entre 1998 e 2008, diz Banco Mundial.


São Paulo foi o estado que apresentou melhor resultado, com baixa de 66%

Agência Brasil

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Um estudo do Banco Mundial divulgado hoje (22) aponta que as políticas de segurança adotadas por três estados do Sudeste foram importantes para reduzir os índices de homicídio na região. A Região Sudeste foi a única que teve queda na taxa de assassinatos no Brasil, entre 1998 e 2008, de acordo com dados da instituição internacional.
Entre as políticas citadas pelo banco estão ações policiais implantadas no estado de São Paulo, como o uso de um sistema de monitoramento de ocorrências criminais, disque-denúncia (em que cidadãos denunciam crimes) e a captura de criminosos responsáveis por múltiplos assassinatos.

São Paulo é o destaque da publicação do Banco Mundial, que mostra que, de 1999 a 2008, o estado reduziu em 66% a taxa de homicídios. A cidade de São Paulo teve queda de 76% nos assassinatos no mesmo período.

Já Minas Gerais é citada como exemplo por meio do programa de integração das polícias Civil e Militar, conhecido como Igesp, que permitiu a troca rápida e contínua de informações entre as corporações, a melhoria do treinamento policial e gerenciamento com base em resultados. O principal impacto foi sentido em Belo Horizonte, que diminuiu em 32,5% o número de homicídios, entre 2003 e 2008.

Políticas como a restrição da venda de bebidas alcoólicas à noite e na madrugada em São Paulo e o aumento da apreensão de armas nesses estados também contribuíram para a queda da taxa nesses locais.

Segundo o coordenador do estudo, Rodrigo Serrano-Berthet, as experiências podem ser levadas para outros estados do país, principalmente das regiões Norte e Nordeste, que tiveram os maiores aumentos nas taxas de homicídios no período.

“Há o caso de Pernambuco, que foi o único estado da Região Nordeste com queda nos homicídios. O Programa Pacto pela Vida [lançado pelo estado em 2007] é uma política que adotou as melhores práticas de São Paulo e Minas Gerais, como a criação do Departamento de Homicídios de São Paulo e a ideia do Igesp de Minas. Acho que os outros estados têm muito a aprender com esses modelos de segurança integrada”, disse.

De acordo com Berthet, outros fatores socioeconômicos também contribuíram para a queda de homicídios na região, como a redução da proporção de jovens de 15 a 29 anos na população (parcela que mais comete e é vítima desse tipo de crime), a redução das desigualdades sociais e a melhoria dos indicadores educacionais.

Um estudo feito pelo Banco Mundial com o Bolsa Família de São Paulo mostrou que o programa teve impacto na queda da violência, na medida em que permitiu que os jovens de 16 a 17 anos ficassem mais tempo na escola.

O Rio de Janeiro, com uma redução de 60% na taxa de homicídios entre 2002 e 2008, também é citado como um bom exemplo. As políticas recentes de unidades de Polícia Pacificadora (UPP), de concessão de remuneração extra para policiais em áreas com maiores reduções de crimes e a criação de regiões integradas de segurança pública foram criadas entre o final de 2008 e meados de 2009, portanto fora do período analisado pelo Banco Mundial.

Charge!Paixão! Tiago Recchia! O preço do ovo de páscoa!

Tiago Recchia

segunda-feira, 18 de março de 2013

Charge!Amarildo! Conclave rubro negro!

Flamengo fumaca preta tecnico argentino para salvar2

O que Gerdau diria das 30 secretarias do Governo Eduardo?


Presidente da Câmara Gestão do Governo Dilma, mas muito próximo do governador pernambucano, Eduardo Campos, o empresário Jorge Gerdau criticou o excesso de ministérios do Governo, hoje com 39 ocupantes na Esplanada dos Ministérios. Em sua fala, o empresário observou que ela deve falar apenas com uma meia dúzia deles, posto que esse excesso leva a uma situação ingovernabilidade. Gerdau é um entusiasta do modelo de gestão de Eduardo Campos, principalmente naquilo que ele adota da iniciativa privada. Comentando esse assunto no microblog twitter, algo que não vinha utilizando há algum tempo, um velho amigo de tuitadas, Alexandre Porto, de bate-pronto, perguntou-me qual seria a opinião do empresário sobre as 30 secretárias do Governo do Estado. Pay attention, Gerdau!!!

Editorial: PDT: um simples puxadinho do Planalto?


Apesar do novo ministro do Trabalho, Manuel Dias, prometer que vai pacificar o partido, todos sabem que o PDT se transformou num poço até aqui de mágoas. Ainda ontem, comentando sobre os novos arranjos governistas, o senador Cristovam Buarque afirmou que o partido se transformara num “puxadinho” do Planalto ou, mais especificamente, do PT. O partido está cindido. Antes mesmo de sua convenção, Dilma já havia anunciado o nome de Manoel Dias para substituir Brizola Neto, numa evidente demonstração de que se submetera à necessidade segurar a onda da governabilidade e assegurar o apoio da máquina pedetista para o seu projeto de reeleição. Brizola não representava o partido no Governo. Urdiram-se todas as manobras contra a sua gestão no interior da agremiação. Tentando honrar o nome de Brizolão, como Dilma havia solicitado, tentou evitar que as raposas continuassem agindo no galinheiro do ministério, mesmo que, em última análise, isso significasse sua degola, o que acabou ocorrendo. Cevado nos subterrâneos da política, Carlos Lupi, uma espécie de dono do feudo partidário pedetista, moveu montanhas para miná-lo. Controlando o partido com mão-de-ferro, manteve a bancada fiel às suas ordens e, não bastasse, colocou as centrais sindicais vinculadas à agremiação em pé de guerra com o Planalto. Temeroso sobre os reflexos dessas indisposições para as próximas eleições, Lula teria recomendado a Dilma entregar a carne às hienas. Um outro agravante é o constante assédio do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, sobre a legenda. Comenta-se nos bastidores que Eduardo teria chegado até mesmo a convidar o senador Cristovam Buarque para uma composição de chapa, entregando-lhes a vice. Com o banquete definido, agora resta o choro daqueles que não foram convidados. O próprio Cristovam, Pedro Taques, o deputado pernambucano Paulo Rubem e aqueles que estiveram com Brizola Neto, algo em torno de 70 votos. Em Pernambuco, o cacique da legenda e prefeito da Princesa do Agreste, José Queiroz, é muito ligado a Carlos Lupi. Paulo tem lá suas desavenças com Queiroz e ninguém sabe ainda qual será a sua posição, diante da inevitabilidade da candidatura do governador Eduardo Campos, conforme questionou recentemente, pelas redes sociais, o vereador Edilson Silva. Em última análise, o que se pode concluir é que o presidencialismo de coalizão provoca mais uma dança das cadeiras, quase sempre, com prejuízo da res publica. Brizola Neto caiu em razão de acordos políticos duvidosos. Caiu em razão dos seus acertos. Demonstrou incapacidade de oferecer o banquete às hienas. Durante o tempo em que ocupou o ministério - menos de um ano - promoveu uma faxina ética no órgão, algo que causava urticária nas velhas raposas trabalhistas. Boa sorte, Brizola.

domingo, 17 de março de 2013

PSB só devolverá cargos a Dilma no final do ano



A disposição do PSB de devolver a Dilma Rousseff os cargos que ocupa no governo é inversamente proporcional à evolução da candidatura de Eduardo Campos à sucessão de 2014. No comando de dois ministérios, o partido do governador de Pernambuco decidiu que não vai abrir mão de suas posições antes de setembro.
A relação de Eduardo com Dilma está crivada de ironias, além da ironia maior de a presidente ter que tratar como aliado o adversário que se arma contra ela refugiado na trincheira do governismo. Neste sábado, ao formalizar a dança de cadeiras que vitaminou na Esplanada o PMDB e o PDT, Dilma soou assim:
“Eu aprendi que, numa coalizão, você tem que valorizar as pessoas que contigo estão, que são companheiros que acompanham a gente em uma jornada diuturna e que, portanto, têm que estar com a gente nos bons e nos maus momentos, e nós com eles”.
Aplicadas ao PSB, as palavras de Dilma fazem da lealdade política uma caricatura da sinceridade. Eduardo afirma que ainda não decidiu se disputará a cadeira de Dilma. E ela finge que acredita. Faz isso por saber que, numa eleição em dois turnos, não convém converter aliados implícitos em inimigos explícitos.
Um dos ministros do PSB, o pernambucano Fernando Bezerra, foi acomodado na pasta da Integração Nacional por indicação do próprio Eduardo. O outro, José Leônidas Cristino, foi alçado à pasta dos Portos sob apadrinhamento do governador do Ceará, Cid Gomes, e do irmão Ciro Gomes.
Ao debater internamente a hipótese do desembarque, Eduardo e seus operadores concluíram que a saída da dupla de ministros teria o peso de um lançamento formal da candidatura presidencial do PSB. No gogó, alega-se que o partido é contra a antecipação do calendário eleitoral. Na prática…
Pelo menos três dos seis governadores do PSB rogaram a Eduardo que retarde a formalização da candidatura. Por quê? Um deles explicou ao repórter: “Neste segundo ano da gestão Dilma, Brasília tem sido mais generosa com os Estados. Falo de verbas. Não é prudente cruzar um palanque no caminho dos convênios.”
Além de Pernambuco, o partido governa o Espírito Santo (Renato Casagrande), o Ceará (Cid Gomes), o Amapá (Camilo Capiberibe), a Paraíba (Ricardo Coutinho) e o Piauí (Wilson Martins). Para alguns desses Estados, dependendo do volume, o dinheiro federal não traz prosperidade. Mas leva.
Normalmente acomodatício, o estilo de Eduardo ferveu no final de fevereiro. Juntaram-se no noticiário três faíscas: Lula lançou a recandidatura de Dilma, Ciro Gomes disse que o PSB deveria apoiá-la, e o petismo borrifou na atmosfera um veneno: Bezerra, o ministro de Eduardo, se filiaria ao PT.
Numa reunião com seus operadores, em Recife, Eduardo ameaçou chutar o balde. Foi contido. Um dos participantes da reunião jogou sobre a mesa um chiste de Miguel Arraes, avô de Eduardo: quem engole um boi não pode se engargar com uma mosca. Recordou-se a Eduardo que, no seu caso, o boi já foi mastigado.
Para justificar a retenção dos ministérios e de todos os cargos federais que vêm embutidos neles, o PSB construiu a tese segundo a qual os postos foram obtidos não por conta do futuro, mas pelo suporte à candidatura de Dilma em 2010. Assim, se estiver incomodada, a presidente é quem deve acionar a caneta.
De resto, Eduardo costuma reproduzir conversa que teve com a própria Dilma antes de Lula adiantar a folhinha. O governador conta ter dito à presidente que, se tivesse que decidir hoje, a maioria do PSB aprovaria sua candidatura presidencial. “Mas nós vamos esperar 2014”, disse Eduardo a Dilma segundo seu próprio relato.
A conversa ocorreu no Alvorada. A anfitriã, teria reagido com naturalidade. Renovou o “respeito” que nutre pelo interlocutor e concordou em jogar a definição para mais adiante. Enquanto isso, Eduardo percorre a cena política como um governista de dois gumes. Preserva Lula e diz que é possível “fazer muito mais” do que Dilma foi capaz de realizar.

(Publicado originalmente no blog do josias de Souza, portal UOL)

sábado, 16 de março de 2013

Os males do presidencialismo de coalizão


 
 
Mal o Planalto divulgou a nota confirmando a dança de cadeiras promovida por Dilma Rousseff e Aécio Neves levou à web uma contranota. O presidenciável tucano declarou: “Nas democracias, as reformas ministeriais costumam ter como objetivo corrigir rumos, melhorar a eficiência da administração e, quando possível, ainda diminuir o peso da máquina pública. No governo da presidente Dilma ocorre o contrário.”
Prosseguiu: “A máquina só faz inchar e a busca pela eficiência foi substituída pela lógica da reeleição. Ao que parece, a prioridade é garantir alguns segundos a mais na propaganda eleitoral ao invés de fazer o governo funcionar. Quem paga a conta sempre são os brasileiros.”
Impossível desdizer Aécio. O diabo é que, na sua vez de governar, o tucano Fernando Henrique Cardoso fez coisa muito parecida. Depois dele, Lula fez ainda pior. Dilma ajusta-se à tradição, Considerando-se que Aécio e Eduardo Campos buscam no condomínio oficial parceiros que lhes forneçam “alguns segundos a mais na propaganda”, pode-se dizer que os vícios tendem a se perpetuar.

(publicado originalmente no blog do jornalista Josias de Souza, Portal UOL).

Nota do Editor: A observação do jornalista Josias de Souza, apontando um vício perpétuo entre os governantes, vítimas dessa tal "governabilidade" imposta pelo presidencialismo de coalizão, é bastante lúcida. A contranota de Aécio é apenas uma peça de oportunismo político. A demissão de Brizola Neto é bastante elucidativa. Pressionada pela trupe de Carlos Lupi e pelas centrais sindicais ligadas ao partido, Dilma acabou oferecendo a cabeça de Brizola para o banquete das raposas. Uma pena. Pode ter cometido alguns equívocos, mas cumpriu religiosamente a missão de remover os mecanismos de desvio de dinheiro público naquele órgão.


 

A democracia oligárquica, artigo de Luiz Gonzaga Belluzzo na Carta Capital

A democracia oligárquica

Anunciados os resultados das eleições italianas, o economista Joseph Stiglitz escreveu um artigo contundente no site Project Syndicate. O resultado das eleições italianas, diz Stiglitz, deveria mandar uma mensagem clara para as lideranças europeias: as políticas de austeridade recomendadas e praticadas por eles são rejeitadas pelos eleitores.
O economista considera um despropósito antidemocrático entregar os governos a tecnocratas enredados em ligações com o establishment, inclinados a adotar políticas ineficazes para atingir os objetivos proclamados, mas suficientemente cruéis para disseminar a miséria entre os cidadãos da Eurolândia.
“A realidade mostra que a maioria dos países da União Europeia está mergulhada na depressão. A queda do PIB italiano desde o início da crise é tão grande quanto a observada nos anos 1930 do século XX. Na Grécia, o desemprego entre os jovens bateu nos 60%, e na Espanha chegou a mais de 50%. Com essa destruição de capital humano, o futuro da Europa não parece brilhante.”
A grande imprensa nacional e estrangeira rodopiou em torno de seus preconceitos para estigmatizar o humorista Beppe Grillo. Tal como a grã-fina de Nelson Rodrigues, os midiáticos de anedota e champanhota lançaram de suas narinas de cadáver as mesmas ventanias desferidas contra o presidente venezuelano Hugo Chávez antes, durante e depois do anúncio de sua morte. “Populismo!”, gritam indignados, enquanto escondem sob as cuecas as vergonhas de suas ideias grotescas e as patifarias de suas políticas malfazejas.
A “impotência política” dos governos esconde os segredos da dominação oligárquica: a ocupação do Estado e de seus órgãos de regulação pelas tropas das finanças e dos interesses corporativos graúdos, sob as bênçãos da cogula midiática.
Nos 1990, sob a forte e notória influência dos lobistas das grandes instituições financeiras, os Parlamentos aceleraram as reformas da legislação para abrir caminho às práticas agressivamente “inovadoras” dos mercados.
A finança e sua lógica notabilizaram-se por sua capacidade de impor vetos às políticas macroeconômicas.
A despeito do desemprego e da desigualdade escandalosa, as ações compensatórias dos governos sofrem fortes resistências das casamatas conservadoras. Ao tornar mais livre o espaço de circulação da riqueza e da renda dos grupos privilegiados, a globalização desarticulou a velha base tributária das políticas keynesianas, nas quais prevaleciam os impostos diretos sobre a renda e a riqueza.
Os programas de redistribuição de renda, reparação de desequilíbrios regionais e assistência a grupos marginalizados têm encontrado forte resistência dentro das sociedades. Mais um ardil da razão: o novo individualismo construiu a sua base social na grande classe média emergente na longa prosperidade e as políticas igualitárias predominantes na “Idade de Ouro” do Estado do Bem-Estar.
Agora em escombros, as classes médias, nos Estados Unidos e na Europa, ziguezagueiam entre os fetiches do individualismo e as realidades de declínio social e econômico. O reconhecimento da crise como um fenômeno social é inevitável. E esse reconhecimento torna-se mais disseminado quando o desemprego e a desigualdade prosperam em meio à teimosa celebração do sucesso de alguns indivíduos.
Trata-se, isso sim, de esmagar os princípios do regime democrático representativo, movendo as engrenagens do moinho satânico. No atual funcionamento das democracias parlamentares do Ocidente, como disse Luciano Cânfora, o sistema trata de limitar a eficácia dos organismos eletivos que acabam por assumir funções periféricas ou de mera ratificação diante dos poderes oligárquicos, sobretudo no campo da economia e das finanças, enquanto a mídia de massa cuida de obstruir a capacidade de compreensão da opinião pública.
Na visão de Cânfora, as forças populares e seus partidos não foram capazes de antecipar o recurso mais eficaz da economia capitalista, a diversificação e a fragmentação crescente das classes em escala nacional e internacional. “Os poderosos são unidos e internacionalistas, prontos para enfrentar por meio de governos considerados democratas, a seu serviço em qualquer emergência; os outros não dispõem de coligação internacional, nem de partido, nem de perspectiva.”
Só os cínicos ou néscios ignoram que as tropas da Economia, essa degeneração da metafísica ocidental, transformaram os Estados numa caricatura da República, em um mercado de influências e transações suspeitas.
Essa engrenagem controla o Estado por dentro e precisa produzir as condições que a ajudem a reproduzir a si mesma.
Leia os últimos artigos de Belluzzo:
Os desafios da indústria brasileira
Os economistas

quarta-feira, 13 de março de 2013

Gregório Bezerra: 113 anos no dia de hoje. Nossos parabéns!!!



 

 Se vivo fosse, Gregório Bezerra estaria completando 113 anos no dia de hoje. Nossas sinceras homenagens a um homem honrado, que morreu em defesa daquilo que ele acreditava: uma sociedade menos desajustada socialmente. Parabéns, companheiro!!!

Serra articula candidatura para favorecer Eduardo Campos.



 

 
Em entrevista concedida ao Programa Roda Viva, da TV Cultura, o pernambucano Roberto Freire, como sempre, envolveu-se em algumas polêmicas com os jornalistas que o inquiriram, convidados pelo programa. Comunista no passado, o presidente do PPS foi uma das personalidades políticas mais respeitadas em Pernambuco. Uma verdadeira referência no compo da esquerda. Depois da queda do “Muro de Berlim”, o deputado seguiu um rumo político trôpego, muito alinhavado com forças políticas conservadoras, algo que ele não gosta muito de falar e se irrita quando questionado sobre o assunto. Bem articulado, é capaz de fazer uma defesa brilhante dessa sua trajetória política, mas nada que convença aquele eleitor que admirava sua personalidade combativa, alguém que defendia ardorosamente suas ideias em torno de uma sociedade socialmente mais justa. Questionado por um repórter sobre as perspectivas da candidatura de Eduardo Campos em São Paulo, o pós-comunista respondeu que há, sim, a possibilidade de uma “costura” em torno do seu nome na praça paulistana onde, tradicionalmente, o PSB não tem muita penetração. A candidatura de Eduardo, aliás, é uma das quais ele poderá apoiar. Os estrategistas do Palácio do Campo das Princesas, neste momento, devem estar debruçados na procura de palanques para o “Moleque” dos Jardins da Fundação Joaquim Nabuco, em regiões onde Eduardo ainda não é conhecido dos eleitores. Essa informação de Roberto Freire bate com uma notícia da crônica política no dia de hoje, dando conta de que, José Serra poderia estar articulando uma candidatura, encabeçada por dissidências de algumas agremiações, com o objetivo de prejudicar os planos de Aécio Neves naquela praça e favorecer Eduardo Campos. Em política, tudo é possível. Enquanto FHC informa que a candidatura de Eduardo é um projeto provinciano, outros grãos-tucanos estão tramando contra o principal postulante da legenda.