pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sábado, 25 de maio de 2013

Morre o ex-deputado Temístenes Sampaio Pereira.


Faleceu no dia de hoje, em Brasília, aos 89 anos, onde estava hospitalizado para tratamento de problemas cardíacos, o ex-deputado Themístenes Sampaio Pereira. Piauense, Themístenes Sampaio, durante o Golpe Militar de 1964, protagonizou um ato que ficaria registrado nos anais da decência, da dignidade, da coragem cívica e do zelo pelos valores da democracia. Instigado pelos militares para votar pela cassação dos companheiros, foi taxativo: prefiro plantar batatas. Coisa rara num país onde as pessoas agem apenas consoantes os seus interesses particularistas, desprovidas de valores, perpetrando alianças com Deus e com Diabo. Conheço macielistas que se tornaram petistas no dia seguinte e, se amanhã (numa hipótese improvável) os militares voltarem ao poder, eles estarão lá para bajulá-los. Do que essa gente não seria capaz? 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O "estilo" Eduardo Cunha assusta o Planalto


Quando dos "debates" sobre a famigerada medida dos "portos", finalmente aprovada, estabeleceu-se um longo embate entre os Deputados Anthony Garotinho(PR) e Eduardo Cunha(PMDB), ambos líderes de seus respectivos partidos. Sem interlocutores para enfrentar Cunha, comenta-se, o Planalto teria ficado muito satisfeito com a coragem de Garotinho, que, durante sua fala, fez várias insinuações sobre o "estilo" Cunha de operar, possivelmente em nome de um forte lobby do banqueiro Daniel Dantas. A gravidade das denúncias levaram o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB), a cogitar da possibilidade de "enquadrar' o deputado Garotinho. O PR, o seu partido, também pensou em afastá-lo da liderança, mas logo voltou atrás. A despeito da "bravura indômita" de Garotinho, inclusive depois traído pelo Planalto, as relações do Governo com o Legislativo se deterioram substantivamente. Eduardo Cunha e Ideli Salvatti andam às turras, trocando farpas, à espera de um improvável entendimento. Em conversas com o Deputado Anthony Garotinho, publicada na coluna do jornalista Cláudio Humberto, a ministra de Articulação teria ficada "assustada" com o "estilo" Eduardo Cunha. Sobrou até para Michel Temer, acusado de não ter pulso para controlar a tropa. Caso algumas medidas não sejam tomadas, o período de tormentas parece ser prolongado para o Planalto, com o agravante de que no próximo ano teremos eleições presidenciais. Temer reuniu os seus comandados para uma longa conversa. Não será nada fácil rearticular as relações entre PT e PMDB.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Olha o sincericídio, Joaquim Barbosa.


 
O Ministro Joaquim Barbosa foi indicado para STF por uma escolha pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assim como em outras situações, Lula queria "fazer história", nomeando o primeiro negro para a Suprema Corte brasileira. Seu nome foi pinçado, entre tantos, pelo ex-ministro da Justiça do Governo Lula, Márcio Thomaz Bastos. De família humilde, Joaquim Barbosa é o que os americanos chamam de a self-made-man. Aplicado nos estudos, construiu uma brilhante carreira jurídica. Em nenhuma hipótese pode ser tratado como um "cotista" do Supremo Tribunal Federal. Não está lá apenas porque é negro. Imprudentemente, em meio ao turbilhão de bobagens que se dizem sobre o ministro, há alguém questionando até mesmo seus saberes jurídicos. Por ocasião do julgamento do mensalão, colocou a república acima dos interesses partidários, angariando enormes simpatias da população, especulando-se, inclusive, uma possível candidatura a algum cargo no Executivo, mais provavelmente, ao Governo de Minas Gerais, onde vem sendo muito cortejado pelos tucanos mineiros. Joaquim Barbosa, no entanto, todos os dias comete um sincericídio, que já vem dando margem a inúmeras interpretações: desconhecimento de fatos, destempero, recalque, arrogância, prepotência. Não poupa ninguém. Já se desentendeu com os seus pares do STF, com o sistema jurídico, com o Legislativo, com o Executivo, com o movimento negro, com jornalistas, entre outros. Para evitar tanta polêmica, seria interessante que o Joaquinzão, até mesmo em nome da liturgia do cargo, se tornasse uma pessoa mais discreta e evitasse tantas polêmicas com as suas declarações. Particularmente, tenho uma grande admiração pelo "negão". A sociedade brasileira tem sérias restrições quem costuma "dizer a verdade". Somos permeados por uma espécie de "vaselina social", por eufeminismos e coisas assim. Não sem motivos, as verdades ditas por Joaquim Barbosa chocam a tanta gente. Esse assunto deu um boa discussão pelas redes sociais. Em breve, publicaremos aqui.

Eduardo Campos: a volta do filho pródigo?




Não se pode dizer que o governador Eduardo Campos tenha passado um "osso" - como se dizia na nossa época de peladeiro - para a presidente Dilma Rousseff, ontem, durante a inauguração da Arena da Copa. A bola saiu "redondinha" para ela marcar seu gol de placa no Ministro Aldo Rebelo. Quem esteve dividida, no dia de hoje, sobre o episódio, foi a crônica política nacional. Alguns advogam que o tratamento entre ambos foi meramente protocolar, formal, sem o açúcar de outras épocas. Dilma , que tradicionalmente costumava almoçar na residência do governador, no Bairro de Dois Irmãos, saboreando iguarias da gastronomia pernambucana, optou por um self-service modesto com os funcionários da Arena da Copa. Ficaram no passado as orgias gastronômicas com as paletas de cordeiro e os camarões na moranga. Observou-se, então, inclusive com algumas fotos do fotógrafo do Jornal do Commércio, um distanciamento entre o governador, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, e a presidente Dilma Rousseff, pelas razões conhecidas. Outros cronistas, por sua vez, admitem um clima de distensioamento na relação entre ambos, ou, para usar uma linguagem futebolística, um "entrosamento". Liderada por Lula, estaria em jogo uma articulação no sentido de trazer Eduardo Campos de volta para o projeto de reeleição de Dilma Rousseff, mimando o PSB com mais um ministério na Esplanada e a duvidosa promessa de que ele poderia ser o candidato a presidente da base aliada em 2018, como já sugeriu o governador da Bahia, Jaques Wagner. Com escaramuças muito bem urdidas, aos poucos, po Planalto vai minando a resistência do pernambucano.

Lula articula volta de Campos ao time de Dilma

247 - A tabelinha entre a presidente Dilma Rousseff e o governador pernambucano Eduardo Campos, que resultou num gol na inauguração da Arena Pernambuco nesta segunda-feira, pode ser o prenúncio de uma jogada maior, articulada pelo técnico da base aliada, Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a cúpula do PT, Lula ainda acredita no retorno de Campos ao projeto dilmista, como na fábula do filho pródigo, que à casa torna. Mas o ex-presidente  sabe que, no jogo pré-eleitoral de 2013, mais do que qualquer outro jogador, o governador pernambucano soube valorizar seu passe.
A articulação é relativamente simples. Em 2018, como foi proposto pelo governador baiano Jaques Wagner, Campos seria o candidato à presidência da República da base aliada – ideia que tem apoio também de outro governador petista, que é Marcelo Déda, de Sergipe. Para demonstrar que o compromisso do PT com o PSB é pra valer, seria oferecido também um ministério ao aliado: no caso, o Turismo, que ficaria com o senador Rodrigo Rollemberg (PSB/DF), ex-secretário de Turismo do Distrito Federal, na administração petista de Cristovam Buarque.
Com esse movimento, Lula mataria dois coelhos com uma cajadada só. Traria Campos de volta ao campo dilmista e promoveria a reconciliação entre Rollemberg e o governador Agnelo Queiroz, do PT, que também se fortaleceu, em Brasília, depois da inauguração do Mané Garrincha.
É uma jogada ousada, que ainda não tem o aval da presidente Dilma, mas o fato é que as portas do Palácio do Planalto estão abertas para a eventual volta de Eduardo Campos.

(Publicado originalmente no PE 247)


segunda-feira, 20 de maio de 2013

Kassab manobra contra Eduardo Campos.



Kassab começou na política pelas mãos de José Serra. Não fosse por Serra e ele estaria hoje, provavelmente, como um vendedor de imóveis, sem absolutamente nenhum julgamento de valor sobre essa atividade profissional. Não se pode dizer que se trata de um ingrato. Sempre que José Serra precisou dele, lá estava Kassab para reafirmar para quem quisesse ouvir, que devia lealdade ao padrinho. A fidelidade é tão canina que, quando ele, no início, refugou o convite para ingressar na base aliada do Governo Dilma, respeitados cronistas de política concluíram, de imediato, que José Serra estava no páreo em 2014. Melhor sinalização impossível. Com Eduardo Campos, pelo menos no início, não foi diferente. O pernambucano emprestou todo apoio à criação do PSD e, durante um bom tempo, viveram, ambos, uma lua-de-mel regada à carne de siri e vinhos  produzidos em Petrolina. Ops! Eu disse Petrolina? Pois bem. Mais recentemente, Kassab esteve no Recife para um encontro com o governador Eduardo Campos. Não foi recebido com o tapete vermelho. A relação entre ambos está(va) chamuscada. Afif havia entrado na Esplanada dos Ministérios e a possibilidade de ingresso da legenda na base de apoio do Governo Dilma tornara-se, apenas, uma questão de tempo. Nas entrelinhas, ele disse para Eduardo Campos que não poderia "segurar a tropa". Não satisfeito, de olho no Palácio Bandeirantes, Kassab constrói uma ponte de pragmatismo político com o Partido dos Trabalhadores. Pelo seu raciocínio, o "fenômeno Haddad" não se repetirá e ele coloca-se como uma alternativa que poderá contar com o apoio dos petistas. Nessa costura, ajudaria o Planalto a dar o troco em Eduardo Campos em Pernambuco. Pretende atrair para a legenda do PSD e viabilizar a candidatura do Ministro Fernando Bezerra Coelho ao Governo do Estado. Nada bobo esse aprendiz de feiticeiro. A coluna do Jornalista Cláudio Humberto, no dia de hoje, traz essas informação.

domingo, 19 de maio de 2013

Tucanos vão às urnas cindidos nos dois maiores colégios eleitorais do país.


No dia de ontem o PSDB realizou sua convenção nacional, conduzindo do senador mineiro, Aécio Neves, à presidência nacional da legenda. O Deputado pernambucano, Bruno Araújo, foi conduzido à vice-presidente da legenda. Até certo ponto, as coisas aconteceram conforme os caciques da legenda esperavam. Aécio presidente, liberado de suas funções no Senado Federal e pronto para uma superexposição a partir de agora, credenciando-se melhor para a disputa de 2014. Todos, indistintamente, se refezaram nas críticas ao Governo do PT, alguns usando uma verve mais ácida, como o governador Marconi Perillo, um desafeto declarado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, de uma maneira muito deselegante, o tratou de canalha. Marconi é um dos "urubus voando de costa", embora tucano. O PSDB paulista foi contemporizado com alguns cargos, o que, aparentemente, poderia serenar os ânimos. O discurso de Serra, no entanto, remete a alguns interpretações preocupantes. Convergências apenas nas críticas à gestão petista. E só. Em nenhum momento fica claro que ele apoiará o nome de Aécio para presidente da República. Fez um discurso de opositor, não necessariamente tucano. Muito menos aecista. O rosto franzido de Aécio Neves, que estava sentado ao lado de FHC, dá a dimensão da encrenca. Os tucanos vão para mais uma campanha cindidos nos dois maiores colégios eleitorais do país. Ave de mau agouro

sábado, 18 de maio de 2013

Dilma e Aécio: Vem aí um novo Fla-Flu?

247 – Brasília viveu, neste sábado, um dia de rara agitação política. De um lado, diante de uma plateia eminentemente petista, a presidente Dilma Rousseff inaugurou o Estádio Nacional de Brasília, a mais bela arena da Copa de 2014, com suas cadeiras vermelhas como a bandeira do PT, e condenou o “complexo de vira-latas” diagnosticado por Nelson Rodrigues. “Estas arenas são exemplos da capacidade de realização do povo brasileiro”, disse a presidente, que falou também da criação de 4 milhões de empregos em dois anos.
A poucos metros dali, no centro empresarial Brasil 21,  as cores eram o azul e o amarelo do PSDB. Num evento em que muitos previam encontrar um PSDB dividido, o que se viu foi completamente diferente. Discursos engajados, com garra, gana de vitória e unidade em torno do senador Aécio Neves (PSDB-MG), pronunciados por lideranças como José Serra, Geraldo Alckmin, Marconi Perillo, Arthur Virgílio Neto e Fernando Henrique Cardoso. Entre uma fala e outra, a canção Coração Civil, de Milton Nascimento, dava um toque de emoção ao encontro. “A missão é muito difícil, mas não é impossível”, enfatizou o presidenciável tucano.
Pela primeira vez, desde que foi lançado candidato, Aécio olhou nos olhos de seus companheiros e transmitiu a ideia de que está no jogo não para competir – mas, sim, para vencer. Dilma, por sua vez, colecionou mais um trunfo importante. Das seis arenas da Copa das Confederações, cinco estão prontas e a sexta, de Recife, será entregue na segunda-feira. Para quem apostava numa Copa de 2014 medíocre, o Brasil caminha para realizar o evento em grande estilo. “Será a melhor de todos os tempos”, disse a presidente.
De certa forma, o sábado em Brasília foi quase uma prévia do que será 2014. Enquanto os petistas comemoravam estar ofuscando a convenção do PSDB, com a inauguração do Mané Garrinha, os tucanos prometiam entrar em campo para vencer. “Temos o melhor time do Brasil”, disse o senador mineiro, no encontro que teve duas presenças importantes. A do deputado Roberto Freire, do PPS, que parecia fechado com Eduardo Campos, e a do senador Agripino Maia (DEM-RN), que também pendia para o PSB.
Aécio mostrou força num momento em que muitos que apostavam numa terceira via começam a questionar a viabilidade da candidatura de Eduardo Campos. Além disso, a Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, depende do Supremo Tribunal Federal para se viabilizar. Diante desse quadro de incertezas, é possível que a eleição de 2014 seja novamente um Fla-Flu entre PT e PSDB. Até agora, os petistas levam vantagem, com as duas eleições de Lula, em 2002 e 2006, e a vitória de Dilma, em 2010, contra as duas conquistas de Fernando Henrique Carodoso, em 1994 e 1998.
Será que 2014 será mais um ano de eleição polarizada entre as duas principais forças políticas do País?

(Brasil 247)

Eduardo Campos estreita os laços com os evangélicos.




Realmente, os evangélicos exercem uma força política expressiva no município de Abreu e Lima. Talvez seja a única cidade do país onde existe uma estátua em homenagem a um pastor da Assembléia de Deus, o pastor Isaac. O município possui a maior densidade evangélica da América Latina, ou seja, comparativamente aos católicos, é a cidade onde existe a maior concentração de evangélicos, numa relação onde o número da população também entra no cálculo. Há várias explicações para o "fenômeno", sobretudo se considerarmos que, num passado recente, também havia a maior concentração de "puteiros' por metro quadrado naquela cidade . Uma verdadeira "Sodoma" que Deus poupou do enxofre. Quando vivo, o professor Robinson Cavalcanti comentava que isso poderia ser reflexo da perseguição aos evangélicos durante o Estado Novo. Sem condições de atuarem no Recife, Abreu e Lima teria sido escolhido como um refúgio seguro para as suas orações. O governador Eduardo Campos, que não é nada bobo, compareceu à festa de 25 anos de casamento do pastor Roberto José dos Santos, líder da Assembléia de Deus. Gradativamente, ele vem estreitando os laços com os evangélicos.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Ainda as denúncias de irregularidades com o uso dos cartões corporativos


Para evitar tantas polêmicas, o Governo precisava ser mais transparente acerca das despesas com os cartões corporativos. Vários equívocos já foram cometidos, contingenciado servidores a devolverem recursos usados indevidamentes aos cofres da viúva, mas, nem assim, o Governo se propõe a abrir a "caixa preta" informando à população sobre o conteúdos desses gastos. Já foram pagos cabeleireiros, compradas tapiocas, flores, bombons e até ursinhos de pelúcia. O curioso é que próceres comunistas do passado também entraram na "farra" dos cartões corportativos, evidenciando as contradições dos seres humanos ou quanto a ideologia é fluída. Todos os anos são anunciados gastos milionários com esses cartões, mas o publico não toma conhecimento sobre se esses usos atendem aos princípios de natureza republicana. Pelas denúncias de desvio, presume-se que não necessariamente. Seria prudente, portanto, que o Governo abrisse essa "caixa preta", evitando, assim, tanta polêmica. Invocar as razões de "segurança de Estado" quando pipocam denúncias de uso irregular desses cartões fica parecendo que o Governo deseja esconder alguma coisa.

Eduardo Campos no divã




Pelo andar da carruagem política, logo, logo o governador Eduardo Campos irá precisar procurar urgentemente um psicanalista. Se recusou a ouvir os "conselhos" do Governador da Bahia, Jaques Wagner, deu de ombros - pelo menos é o que se presume - sobre uma suposta mensagem de Lula, que recomendava que ele refletisse melhor sobre uma eventual candidatura à Presidência da República e, agora, é a vez do governador capibaxaba, Renato Casagrande, pedir que ele "olhe para dentro", analisando com objetividade os riscos de uma candidatura nesse momento, onde tudo parece indicar - como já antecipou o cientista político Marcos Coimbra - que se trata de uma eleição definida. Nos últimos dias, vem crescendo bastante a insatisfação dos governadores socialista acerca da virtual candidatura presidencial do governador pernambucano. As dificuldades se concentram no rearranjo das alianças estaduais para as eleições de 2014. Matreiramente, tanto o PT quanto do PMDB pressionam, como podem, ameaçando pular fora de alguns desses barcos em 2014, quando governadores socialistas tentarão a reeleição. Desde as eleições passadas, muito água correu no rio da história e algumas dessas alianças estão em franco processo de fragilização. No caso específico do Espírito Santo, entretanto, a composição de forças em torno de Renato Casagrande, une o PT,PSB e PMDB.

Está difícil servir um "pingado" entre os tucanos



Continua muito pouco provável um consenso no ninho tucaco. O tal pingado muito dificilmente será servido. Mineiros e paulistas continuam sem se entender. Nas duas últimas eleições presidenciais eles saíram divididos e, certamente, essa tendência se repetirá em 2014. Próximo à convenção que deverá eleger amanhã o senador Aécio Neves presidente da legenda, instigado a pronunciar-se sobre se o partido já teria definido um nome para concorrer às eleições de 2014, o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi categórico: o partido tem um presidente de legenda. Candidatura presidencial ainda não. É cedo. Serra, por outro lado, ameaça uma revoada apenas para provocar seus desafetos na sigla. Nunca se entendeu muito bem com Aécio Neves. Acha que o mineiro fez corpo mole nas duas eleições presidenciais que disputou, onde perdeu em Minas Gerais. Sobre o anúncio do nome do senador, o quase ex-presidente da legenda, deputado Sérgio Guerra, estabelece um raciocínio exatamento contrário ao de Alckmin. Diante das circunstâncias e do perfil de Aécio Neves, melhor seria que o partido colocasse o bloco na rua. Pelo andar da carruagem política, outubro de 2014 encontrará as aves tucanas ainda se bicando.

Sorry, opositores. Desta vez Lula e Santana deverão segurar o leme



Recentemente, o Planalto anunciou os nomes que integrarão o Comitê de Reeleição da presidente Dilma Rousseff. Senti a falta do nome do governador da Bahia, Jaques Wagner, apontado como um componente certo na equipe. A ausência do nome de Jaques pode ter sido apenas circunstancial. As más línguas, entretanto, comentam que a oposição teria vibrado com o anúncio do Comitê, em razão de alguns membros, como o Ministro da Educação, Aloízio Mercadante, o presidente nacional da legenda, Rui Falcão. Ambos, segundo essas más línguas, teriam cometidos algumas lambanças no passado, o que poderia comprometer a campanha de reeleição de Dilma Rouseff. Uma dassas lambanças - de fato uma lambança - teria sido os ataques homofóbicos de Marta Suplicy ao ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Ao questionar sobre a vida afetiva de Kassab - não casado e sem filhos - Marta teria sugerido uma suposta homossexualidade do então candidato. Isso pegou mal para caramba e Marta perdeu aquelas eleições, saindo das urnas muito menor do que entrou. Grupos organizados dentro do próprio PT rejeitaram prontamente a postura da candidata. Uma atitude muito infeliz. Não entro aqui no mérito de quem a recomendou, mas é evidente o equívoco. Sorry, opositores. Desta vez Lula e Santana deverão definir a estratégia da campanha de Dilma Rousseff.

Medida dos Portos foi aprovada, mas a que custo?




A que preço foi a aprovada a Medida Provisória dos Portos. Quantas agressões, desgastes e fragilização da base apoio do Governo Dilma no Legislativo. A fissura parece-nos irreversível. Os deputados aliados reclamaram bastante do tratamento que estão recebendo do Planalto. Numa votação tumultuada e apertada - apesar da folga dos deputados da base - alguns deles foram reconvocadas às pressas, quando já tinham se recolhido às suas residências ou restaurantes de Brasília, "ressacados" pelo processo. A presidente Dilma Rousseff sempre demonstrou muita inabilidade nesse jogo político. Não fosse isso suficiente, escolheu alguns assessores para a área de articulação que também não foram bem-sucedidos na missão de harmonizar as relações do Planalto com o Legislativo. Com a antecipação do processo eleitoral de 2014, Lula voltou a conversar com ela sobre o assunto, pedindo, em vão, que ela reavaliasse sua relação com as centrais sindicais e com o Legislativo. O primarismo foi de uma tal ordem que um dos principais defenssores do Governo, o deputado Anthony Garotinho, foi entregue às traças, enquanto o governo negociava com o rebelde Eduardo Cunha, do PMDB. A Medida dos Portos passou pelas duas instâncias do Legislativo, mas a um preço muito alto para o Governo da presisdente Dilma Rousseff. Renan, que aparece sorrindo na foto, subiu na cotação de Dilma Rousseff por ter aprovado a emenda celeremente, mas mereceu duras críticas de Jarbas Vasconcelos pela conduação da votação, conforme entrevista publicada aqui mesmo no blog.

Jarbas recusa-se a participar da votação da Medida Provisária dos Portos.

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) recusou-se a participar da sessão em que foi aprovada no Senado a medida provisória dos portos. Ele foi ao plenário, expressou sua contrariedade e foi para casa. “Não me animei a ficar lá, feito um idiota, coonestando aquilo tudo”, disse o senador em entrevista ao blog. “Achei melhor me aborrecer vendo pela televisão.” Jarbas classifica o processo de votação de “farsa”. Sustenta que o Legislativo vive hoje “uma situação pior do que a que atravessamos na época da ditadura.” Abaixo, a conversa:
— Por que não permaneceu no plenário? Fui ao plenário para registrar minha contrariedade com o absurdo a que o Senado foi submetido. Renan disse que, a partir de agora, não recebe mais medida provisória a menos de sete dias de vencer o prazo de validade. Afirmou que essa MP dos Portos seria uma excepcionalidade. Admitiu que é uma aberração. Mas recebeu. Não tenho nenhuma razão para acreditar nele. Na semana passada, o Senado já havia votado uma medida provisória recebida na véspera, sem respeitar nem o prazo mínimo de 48 horas. Foi dito que aquilo era uma exceção, que não se repetiria. Antes, na votação do projeto de lei que inibe a criação de partidos políticos, foi feita uma votação simbólica. Eles perderam. Renan fingiu que não viu. Foi preciso pedir votação nominal para derrubar a sessão por falta de quórum. O STF depois suspendeu a tramitação da proposta. Como podemos dar crédito a esse tipo de gente?
— Não se animou a enfrentar o embate dos portos? Nunca fui de fugir de embates. Mas esse embate eu já sabia o resultado. Por isso, não vi razão para permanecer em plenário. Ao contrário do que fez o presidente da Câmara, Henrique Alves, que conduziu a votação com decência, o Renan já havia deixado claro na véspera que iria atropelar. Não me animei a ficar lá, feito um idiota, coonestando aquilo tudo. Vim para casa. Achei melhor me aborrecer vendo pela televisão.
— Do modo como fala tudo parece reduzir-se a um teatro, é isso? Sem dúvida nenhuma. É uma farsa. Uma farsa comandada por alguém que não tem credenciais para que ninguém acredite nas suas boas intenções. Além disso, o teatro dessa vez é de horrores.
— Que horrores? Eu assisti pela televisão a um debate de altíssimo nível entre duas figuras de reputação ilibada. Um responde a um processo no Supremo Tribunal, o outro está condenado, em primeira instância, por formação de quadrilha. Todos os dois acusam o governo de ter colocado penduricalhos dentro da chamada MP dos Portos.
— Refere-se aos líderes do PMDB, Eduardo Cunha, e do PR, Anthony Garotinho? Sim, todo mundo viu. Foi televisionado. Como é que eu poderia votar isso aqui, sem tomar conhecimento e sem poder emendar? Como é que o Senado da República vai votar uma medida provisória em que duas pessoas de alto nível, de reputação ilibada, lá da Câmara, dizem que esta MP não presta, que esta MP atende a pessoas, a grupos e a empresas? Não dá.
— Que avaliação faz da votação da MP dos Portos na Câmara? A Câmara, que tinha uma imagem muito ruim, cumpriu o seu papel. O Henrique Alves pode ter todos os defeitos, mas presidiu as sessões de maneira satisfatória. Deixou a oposição falar, permitiu que todos se manifestassem. Em momento nenhum o presidente da Câmara tentou estrangular a oposição. A oposição fez várias questões de ordem. Umas foram acatadas; outras rejeitadas. Tudo dentro de um processo democrático. O resultado final foi acolhido por todos os lados.
— E no Senado? A farsa começa pelos prazos. A medida provisória chega ao Senado no último dia, a poucas horas de perder a validade. Todo mundo já sabia qual seria o resultado. Renan chegou lá disposto a votar de qualquer jeito. Na véspera ele já tinha anunciado na televisão que trataria a medida como excepcional. Tudo em nome do interesse do país. Ora, que interesse do país é esse que nega aos senadores o direito de votar com consciência? Dilma é estatizante. Ela tem vergonha da palavra privatização. Quem pode acreditar que a presidente Dilma tem interesse em modernizar portos? Só os tolos. Oou aqueles que servem ao governo a todo custo.
— Haveria outras formas de tratar do assunto? Claro. O governo poderia enviar ao Congresso um projeto de lei. Se quisesse, poderia requerer o regime de urgência. A análise se daria rapidamente. Não é verdadeira essa conversa de que são contrários à modernização dos portos os parlamentares que se negam a participar dessa farsa. Vivemos hoje uma situação pior do que a que atravessamos na época da ditadura.
— Como assim? Na época da ditadura, fui deputado federal em dois mandatos. Nessa época, para subir à tribuna era preciso ter coragem cívica e também física. Pois a ditadura tinha determinados acanhamentos de fazer as coisas em determinadas ocasiões. Só havia dois partidos: Arena e MDB. Em determinados momentos, a Arena ficava meio encabulada de massacrar o MDB. Agora é diferente. Eles fazem o que querem. Anunciam claramente o que vão fazer. E fazem.
— Quem é responsável por esse quadro, o Executivo que liga o trator ou o Legislativo que aceita ser tratorado? A responsabilidade é dos dois. O Executivo porque faz tudo sem nenhum apreço às regras mais básicas do processo democrárico. E o Legislativo porque não se contrapões nem se impõe. Aceita passivamente as coisas. A Câmara, nessa semana, viveu momentos inusuais. No Senado, Renan faz o que quer.
— Renan se queixou do recurso que a oposição protocolou no STF para tentar suspender a sessão. O que achou? Não vejo o menor problema em recorrer ao Supremo. Mandei dizer para o Agripino Maia que, se precisassem de minha assinatura, eu estava à disposição. O Supremo é uma instância recursal. Então a gente é massacrado e tem que ficar calado? Na ditadura não adiantava recorrer ao Supremo. Agora, pelo menos nesse aspecto, é diferente.

(Publicada originalmente no blog do Josias de Souza, Portal UOL)

Estoicismo, fisiologismo e ignorância, artigo de Carlos Chagas.

ESTOICISMO, FISIOLOGISMO E IGNORÂNCIA

Por Carlos Chagas


                                               Estoicismo, obstinação e sacrifício podem definir a longa sessão de quase 23 horas na Câmara dos Deputados, encerrada às 10 horas da manhã de ontem. No reverso da medalha,  verificou-se fisiologismo, radicalismo e ignorância.
                                               Estoicismo por parte do presidente da casa, Henrique Eduardo Alves, que presidiu os trabalhos sem ausentar-se um minuto sequer, engolindo sapos e distribuindo gentilezas, tudo na determinação de ver aprovada a Medida Provisória dos Portos e cumprir seu pacto de lealdade para com o governo Dilma.
                                                  Obstinação dos líderes da base parlamentar do governo em não ceder às manobras de obstrução das oposições.
                                                    Sacrifício feito pela maioria dos deputados que apóiam o palácio do Planalto, permanecendo em vigília por quase um dia, sem arredar pé do plenário. E isso depois de terem passado em claro a madrugada da véspera, quando se iniciaram os debates. Em suma, 36 horas sem dormir.
                                               Agora, fisiologismo aos montes, tanto por parte daqueles deputados sem nome, moradores dos grotões, que deram ao governo o troco por não terem atendidos seus pedidos de liberação de verbas, assim como pela falta de consideração da presidente Dilma para com eles.
                                                 Radicalismo das oposições que quase conseguiram obstar a aprovação da MP, dizendo-se em obstrução e não aceitando entendimento com as bancadas oficiais.
                                                E ignorância  do governo e seus coordenadores políticos, infensos a entender-se com os grupos descontentes de sua própria base parlamentar e, mais do que isso, fornecendo aos jornais de ontem manchetes como a de que o Executivo estava pronto para vetar  artigos do texto a ser aprovado, mesmo sabendo provir de amplo acordo entre os partidos que o apóiam.

UM ALERTA, QUASE UM ULTIMATO

                                               Terá  sido a última vez em que a presidente Dilma saiu vitoriosa na Câmara, se não mudar de estratégia no trato com os deputados de sua base. Grande foi a reação do PMDB, seu braço de apoio, diante do descaso com que é tratada a maioria das  bancadas do partido.  Some-se os deputados de outros partidos, também descontentes e se verá nos números a evidência dessa rebelião quase vitoriosa. Entre 513 deputados, são 410 aqueles  nominalmente governistas, mas muitas mágicas precisaram ser feitas para que 257 deles formassem o quorum imprescindível à aprovação da redação final da Medida Provisória. O presidente Henrique Alves precisou esticar a sessão,  permitindo discursos longos e inócuos dos líderes, para dar tempo aos  deputados da base que em sinal de protesto  tinham ido  para casa dormir.   Foram acordados e cederam  a apelos para retornar e dar número. Basta fazer a conta e ver que o Executivo não contará mais com  153 partidários, caso não altere seu relacionamento com o Legislativo.

QUEIXAS E ACUSAÇÕES

                                               Foram numerosas as agressões trocadas entre deputados da oposição  e da base oficial, com ênfase para o entrevero entre Anthony Garotinho, do PR, e Ronaldo Caiado, do DEM, sem esquecer que o primeiro acusou o PT e o governo  de aprovarem um texto que beneficiaria o empresário Daniel Dantas. Mesmo assim, no final,  Garotinho alinhou-se à corrente oficial.
                                               Houve até deputado que acusou a bancada da  maioria de “mulher de malandro, aquela que gosta  de apanhar”, por conta da humilhação de ceder ao autoritarismo governamental. Durante a maior parte  das 23 horas de debates foi rotina o  desrespeito entre os oradores, situação apenas esmaecida quando ficou claro, na última votação, que a MP seria aprovada.  No fim, para situação e oposição, tudo não passou de uma demonstração de que a democracia funciona entre nós.

BAIXARIA

                                               Para quem acompanhou tantas horas de discursos e firulas regimentais, saltou aos olhos um  expediente ridículo e histriônico adotado por montes de deputados, que interrompiam oradores e até o presidente da Câmara para agarrar um dos microfones de aparte e gritar que “aqui fala o deputado Fulano de Tal, para registrar que votou com o seu partido”. Ora bolas, se votaram, o painel de votações registrou e o Diário do Congresso publicará.  Na verdade, essas centenas de intervenções deviam-se apenas ao desejo desses mal-educados de aparecer na TV e na Rádio-Câmara.  A partir de uma certa hora o presidente Henrique Alves passou a desconhecer e até a desprezar essas grosseria, sem sequer agradecer pela comunicação.  Essa prática tem-se repetido há anos, mas nas  madrugadas de quarta-feira e de ontem, multiplicaram-se. Uma lástima.

SENADO OU APÊNDICE?

                                               A Câmara  levou os dias que quis, ou que pode, para aprovar  a Medida Provisória, sendo a decisão levada por volta do meio-dia de ontem para o Senado, o qual, humilhantemente, dispunha de apenas 12 horas para discutir e votar o texto, sob pena dele caducar, frustrando os interesses do governo. Transformados em apêndice desimportante  dos deputados, os senadores precisam tomar cuidado para que não germine outra vez a teve do unicameralismo no país. 

(Publicado originalmente na coluna do jornalista Cláudio Humberto)  

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Charge!Paixão! Gazeta do Povo

Paixão

Eduardo Campos no caminho da perdição?



O Dr. Miguel Arraes tinha uma frase muito utilizada para identificar os atores políticos que estavam se bandeando para o outro lado, na sua concepção, aquele lado que não era o lado das lutas populares: fulano está no caminho da perdição. Quando Jarbas alinhavou-se com as forças políticas conservadoras do Estado, na famosa União por Pernambuco, essa frase foi muito utilizada em relação ao hoje senador, o que o irritava bastante. A centrífuga política conservadora que hoje orbita em torno do governador de pernambuco, Eduardo Campos, repete, com frequência, um mantra bastante ensaiado: ele precisa afastar-se do PT para se viabilizar como alternativa nas eleições de 2014. Mordido pela mosca azul, o governador vem construíndo alianças políticas antes tidas como inusitadas para alguém com o seu perfil, seu DNA. Há alguns dias, recebeu no Recife, o presidente nacional do PRB, Marcos Pereira, que acenou com a possibilidade de o partido engajar-se em seu projeto de candidatar-se à Presidência da República em 2014. A contrapartida seria o apoio do seu PSB ao nome de Celso Russomano(PRB) como candidato ao Governo de São Paulo. Nas últimas eleições, candidato a prefeito, Celso liderou as pesquisas durante um bom tempo. Na reta final, em expressão cunhada pelo editor do blog, faltou-lhes "fôlego ético". A candidatura definhou e Haddad venceu as eleições. São Paulo é uma quadra bastante complicada, o PSB local já estabeleceu algumas parcerias, o que coloca Eduardo Campos em mais uma saia justa. Isso sem falar no caminho da perdição. Um alinhamento comprometedor de sua carreira política, uma vez que sofrerá uma refrega das urnas em 2014.Uma outra agremiação política que esboça uma aproximação ao governador é os Democratas.

Luciano Agra será candidato ao Governo da Paraíba.

Nas últimas eleições, João Pessoa tornou-se a única capital nordestina governada pelo Partido dos Trabalalhadores. Justamente na capital de um Estado onde o PT sempre esteve a reboque de outras forças políticas, cumprindo um papel coadjuvante, para não dizer marginal. Diversos fatores contribuíram para a vitória de Luciano Cartaxo - que vem fazendo uma gestão muito bem avaliada - inclusive os equívocos cometidos pelo campo governista, liderado pelo governador Ricardo Coutinho. E não foram poucos os equívocos, a começar pela escolha de uma candidata sem densidade eleitoral, fruto da quebra de acordos e da arrogância do governador. Não deu outra. Uma lapada nas urnas. Há quem subestime, mas na nossa modesta opinião, um dos fatores determinantes para a vitória de Cartaxo foi o apoio do então prefeito Luciana Agra - preterido por Ricardo Coutinho - com uma forte capilaridade política e com uma gestão muito bem avaliada pela população. Os dois Lucianos costuraram bem a aliança e, desta vez, não houve ingratidão. Cartaxo foi muito correto com Agra. O PT tomou gosto e havia quem assegurasse que lançaria candidato ao Governo do Estado em 2014. Ricardo Coutinho é candidato à reeleição e espera contar com o concurso do PR, do PMDB, talvez do PT, quem sabe reeditando a coalizão existente no plano nacional - se a candidatura de Eduardo Campos não "entornar" o meio de campo. Agra filiou-se ao PV e já afirmou que será candidato. À época da traição, Agra, decepcionado, chegou a anunciar que abandonaria a vida pública. Pelo jeito, mudou de idéia.

De passagem pelo Recife, Marina envolve-se em mais uma polêmica.



De passagem pelo Recife, colhendo assinaturas para a sua Rede Sustentabilidade, Marina Silva envolve-se em mais uma polêmica ao afirmar que o deputado Feliciano está sendo criticado apenas pelo fato de ser evangélico. Marina parece conservar uma característica que a acompanha faz algum tempo: a dubiedade. Quando no Governo de coalizão petista envolveu-se em diversas polêmicas relativas aos projetos ambientais; teve sua candidatura presidencial financiada por um grande empresário; afirma e reafima que a sua Rede Sustentabilidade não é de esquerda nem de direita...Fora o lance das declarações infelizes sobre Feliciano, no Recife, colheu a assinatura do governador Eduardo Campos para a sua Rede, numa estratégia que o governador está articulando com a oposição, de lançamento de múltiplas candidaturas, com o objetivo de viabilizar um segundo turno nas eleições de 2014.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Le Monde Diplomatique: "É preciso revolucionar as cidades"


E não tem problema se as revoluções forem pequenas. O geógrafo David Harvey, principal teórico do direito à cidade, mostra que estudar Marx ainda faz sentido e provoca as “vizinhanças” a se transformarem no centro dos movimentos políticos, que devem evitar o “fetiche da horizontalidade”
por André Deak, Lucas Pretti

Desde A urbanização do capital, de 1985, até o brilhante Rebel cities (Penguin, 2012, sem tradução no Brasil), passando por dezenas de livros sobre marxismo, David Harvey encara as grandes cidades como o amálgama social que produz e produzirá o novo. Não há nada mais fervilhante, diz ele, do que as “zonas de aculturação”, bairros em que o abandono do Estado se mistura a populações imigrantes, artistas e jovens profissionais liberais. Alguma semelhança com o movimento cultural que ocupou as ruas do Baixo Centro de São Paulo em abril com atividades culturais gratuitas e autogestionadas?
Geógrafo de 77 anos, professor emérito da City University of New York (Cuny), ele esteve no Brasil para o debate de lançamento de seu novo livro, Para entender O capital (Boitempo, 2013), em que disseca a obra-prima de Marx e se propõe a criar um “guia de leitura” para quem pretende mergulhar pela primeira vez naquele oceano. Na verdade, ele é mais apaixonado do que isso. “Todas as pessoas precisam ler um livro chamado O capital.”

DIPLOMATIQUE– O Brasil vem se preparando para realizar a Copa e a Olimpíada. E a preparação para esses eventos tem provocado remoções de pessoas e injustiças econômicas, entre vários outros absurdos. O que devemos fazer?
DAVID HARVEY – As pessoas deveriam estar atentas desde o primeiro momento quando alguém diz: “Teremos Jogos Olímpicos aqui”. Em geral, interesses comerciais e financeiros do Estado o farão remover pessoas e trabalhar na “revitalização” de locais. Eu acho que, antes mesmo de um anúncio como esse ocorrer, as pessoas deveriam estar preparadas para dizer: “Não quero que isso aconteça no meu país”. Um exemplo interessante foi a tentativa de levar os Jogos Olímpicos a Nova York. A população não concordou. Quando toda a propaganda em torno do grande evento começou, os nova-iorquinos já estavam preparados para dizer: “Não queremos”.
DIPLOMATIQUE– Não sei se isso é possível entre os brasileiros hoje. A maioria está empolgada. A propaganda oficial é muito grande, todos amam futebol e as pessoas sentem que querem a Copa, querem a Olimpíada.
HARVEY – Sim, isso é difícil. A vantagem de Nova York é que há o encontro das Nações Unidas. Todos os anos, por uma semana em outubro, todo o lado leste da cidade é completamente fechado. Você não pode se movimentar, e todos ficam de saco cheio. Aí, quando alguém fala em Jogos Olímpicos, as pessoas já rechaçam.
Quando a cidade-sede da Copa ou da Olimpíada já está escolhida, deve-se trabalhar muito para minimizar as consequências ruins. Mas é quase impossível, não dá para pensar em algo revolucionário.
A maioria das cidades que já receberam Copa ou Olimpíada perdeu muito dinheiro. Se você analisar as condições financeiras da Grécia hoje, boa parte dos problemas remonta aos Jogos Olímpicos, quando gastaram uma quantia enorme de dinheiro para construir coisas completamente inúteis. Houve apenas um projeto muito útil, a construção de um novo sistema de metrô, cujos benefícios são permanentes. O que se vê normalmente é violência de Estado, sem qualquer compensação. Vocês devem lutar por benefícios definitivos, mas sabendo que é impossível parar os Jogos.
DIPLOMATIQUE– O Brasil agora está sob holofotes em todo o mundo. E você já esteve na maioria dos países da América Latina. Há novos modelos de organização ocorrendo nesta parte do mundo?
HARVEY – Uma coisa consistente que já existe por toda a América do Sul é um tipo de rejeição às políticas neoliberais em suas formas puras. Isso não quer dizer que todos sejam anticapitalistas, mas há um antagonismo contra as estruturas da globalização: Banco Mundial, FMI e as políticas austeras que estão dominando a Europa.
Há também uma série de experimentações políticas ocorrendo, mas que tipo de políticas econômicas vai funcionar? Há diferenças entre o que Chávez fez na Venezuela, Morales na Bolívia, Correa no Equador, mas em geral a América Latina é hoje um lugar onde os movimentos sociais são ativos e muitas pessoas da esquerda sabem que esta é uma parte muito interessante do mundo hoje. Estou certo de que, já que não há como romper com o capitalismo, há um novo tipo de capitalismo que vem sendo construído.
Em O capital, Marx mostra isso claramente. Quando qualquer pessoa chega e diz: “A solução para a pobreza é mais desenvolvimento capitalista”, você deve dizer imediatamente: “Não! O capitalismo criaessa pobreza”. Acontece o mesmo com o meio ambiente. Quando alguém diz que o capitalismo pode ser sustentável para o planeta, Marx faz um bom trabalho ao mostrar a tendência eterna de o capitalismo destruir a principal fonte de recursos: a terra. Marx admirava de diversas formas as consequências positivas do desenvolvimento capitalista, mas dizia que precisamos ter controle e criar uma alternativa ao “lado negro”.
DIPLOMATIQUE− Vê-se cada vez mais no mundo, e em São Paulo também, a proliferação de hubsque pretendem ser lugares de liberdade e criatividade em vez do controle de horas. Isso é uma alternativa ao capitalismo tradicional?
HARVEY – A mudança tecnológica está criando um sentimento de redundância. O que devemos fazer em um mundo em que os trabalhadores são redundantes? Temos taxas de desemprego em crescimento em todo o mundo, e o tipo de emprego que ainda existe não está satisfazendo o trabalhador criativo. Portanto, vemos pessoas por toda parte tentando ter um estilo de vida diferente, criando sistemas alternativos de produção, economias solidárias e outras coisas do tipo. Porque, afinal, é a vida deles que está em jogo.
DIPLOMATIQUE– Cooperação em vez de competição...
HARVEY – Sim. Há diversos grupos espalhados pelo mundo tentando fazer algo, de formas bem diferentes, mas usualmente em escalas pequenas. Essas pequenas iniciativas devem ser reprodutíveis para se transformar em um movimento de massa ou precisam permanecer pequenas? É uma das grandes questões sem resposta.
DIPLOMATIQUE– Essa reorganização do espaço de trabalho pode ser considerada anticapitalista de alguma forma?
HARVEY – Pode ser parte de uma tentativa anticapitalista. Mas veja o que acontece, por exemplo, nas fábricas recuperadas na Argentina. Elas existem como ilhas dentro de um oceano capitalista, mas no fim se transformam em um centro de autoexploração por causa das pressões comerciais, financeiras etc.
Por um lado se diz que a passagem para o socialismo necessita de autogestão e trabalhadores associados no controle da produção, mas isso não sobrevive sem uma reconfiguração radical dos papéis do dinheiro, do sistema financeiro, dos mercados. Se esses elementos não mudarem, você ainda estará na prisão do capitalismo. Por outro lado, tomar a fábrica é um primeiro passo – e isso é bom. Então vem a questão: quais são o segundo, o terceiro, o quarto passos desse movimento?
DIPLOMATIQUE– Para além dos trabalhadores criativos, existe uma massa imensa de trabalhadores tradicionais, e ainda há os sindicatos, que não conseguem dialogar com os trabalhadores e não têm a importância que já tiveram. Como os trabalhadores devem se organizar nestes novos tempos?
HARVEY – Não acho que os sindicatos de trabalhadores estejam completamente mortos. Há partes do mundo em que eles ainda são significantes e muito fortes. A dificuldade dos sindicatos sempre foi conseguir benefícios para seus membros e, em sua maioria, nunca se viram como movimentos trabalhistas de vanguarda. Alguns partidos políticos fetichizaram o trabalhador da fábrica como a pessoa que iria liderar a revolução – e sempre achei que havia algo errado nessa formulação. É por isso que, no Rebel cities, eu digo que é preciso redefinir o proletariado de hoje para incluir todas as pessoas que produzem e reproduzem a vida urbana – e que, portanto, revolucionar a cidade é tão importante quanto revolucionar o local de trabalho.
Quando você analisa a Comuna de Paris e os movimentos revolucionários de 1848, há evidências históricas de que eles tinham como propósito recapturar a vida urbana para a massa da população. Esses movimentos urbanos não foram levados a sério por muitos setores da esquerda, mas deveriam. Há 34 anos eu tento, sem muito sucesso, persuadir meus colegas marxistas a levar a urbanização a sério. As pessoas nas ruas, como vimos nas revoltas do Cairo, tomando conta de regiões simbólicas das cidades, são uma força política muito significante, mesmo quando as revoluções não são exatamente anticapitalistas. Precisamos encarar as cidades como centros de legitimação política e potenciais para revoluções e transformações. Daí a necessidade de redefinir teoricamente o que são movimentos de massa ou revolucionários.
DIPLOMATIQUE– Unindo suas ideias, podemos dizer que esses trabalhadores devem então fazer coisas em pequena escala?
HARVEY – Sim. Gramsci tem uma formulação interessante sobre isso, quando escreveu sobre a organização dos trabalhadores. Ele disse que, claro, é preciso se organizar em torno das fábricas (não exatamente em sindicatos, mas em conselhos fabris), mas é preciso também organizar as vizinhanças. Porque nos bairros estão as condições como um todo da vida da classe trabalhadora. Neles estão os garis, os taxistas, os garotos de recado e tantos outros que precisam ser integrados nos movimentos políticos – e essa ideia de organizar a vizinhança está passando a ser central nos processos políticos de hoje. Gramsci via muitas vantagens na união da organização das fábricas e das vizinhanças, principalmente porque, naquela época, isso significava dar poder às mulheres, já que nas fábricas a imensa maioria dos trabalhadores era formada por homens. Isso é muito interessante. Se você analisar a estrutura dos sindicatos tradicionais, a liderança é toda masculina. Ao contrário, boa parte das lideranças comunitárias é ocupada por mulheres. Essa discrepância de gêneros tem sido uma barreira muito grande para a organização anticapitalista.
DIPLOMATIQUE– James Carville e Stan Greenberg, no livro It’s the middle class, stupid!, sustentam que, hoje, um tema só adquire potencial revolucionário quando ganha a paixão e a revolta da classe média. Qual é sua opinião sobre isso?
HARVEY – Nos Estados Unidos há uma tendência em dizer que a grande maioria do país é de classe média – mas na verdade é classe trabalhadora. Acho que existe de fato uma classe média significativa – formada por advogados, juízes, diretores de corporações e outros profissionais desse tipo –, mas muito menor do que se imagina. Em pesquisas de autoidentificação, cerca de 60% a 70% dos norte-americanos se colocam como parte da classe média. No entanto, se você faz a pergunta de outra forma, com enunciados mais sofisticados, a mesma proporção se considera classe trabalhadora. Eles trabalham, têm determinadas condições no emprego, um chefe que decide coisas, gastam xhoras por dia trabalhando etc.
DIPLOMATIQUE– O Le Monde Diplomatique Brasil, em janeiro, comparou os movimentos Tea Party e Ocupar Wall Street. O primeiro conseguiu eleger representantes no Congresso, enquanto o Ocupar não tinha esse propósito. Você acha que movimentos como esses deveriam tentar a via política tradicional?
HARVEY – Em primeiro lugar, é muito importante ressaltar que o Tea Party recebeu financiamento alto de bancos, grandes corporações etc. Já o Ocupar não teve nenhum apoio parecido. É verdade que o objetivo do Ocupar não era lutar pelo poder político – nem mesmo influenciá-lo. Mas aí é que está: influenciou. Eles ocuparam um papel muito importante na reeleição de Obama porque mudaram a pauta. Antes dos movimentos Ocupar, ninguém nos Estados Unidos estava falando sobre igualdade social. Quando eles vieram com o argumento do 1% versus99%, trouxeram a discussão sobre desigualdade – e também a necessidade de um presidente que falasse sobre isso.
DIPLOMATIQUE– Mas eles deveriam tentar espaço no Congresso?
HARVEY – Acho que não, na verdade.
DIPLOMATIQUE– Deveriam reivindicar algo específico?
HARVEY – Eles fazem pedidos: queremos democracia real, igualdade social, diminuir o gap entre os 99% e o 1%... É interessante observar que o poder político não reagiu com violência da polícia ou do Exército contra o Tea Party, mas sim contra o Ocupar. Todos em Wall Street sabem que fazem coisas ilegais todos os dias e que deveriam estar na cadeia. Eles sabem disso! Por isso ficaram aterrorizados, principalmente se Obama se elegesse e houvesse um movimento popular como na Islândia, em que os banqueiros foram todos presos. Então veio o Furacão Sandy, e a maioria das pessoas no Ocupar se organizou num processo de comunicação muito eficiente, levando comida, produtos de primeira necessidade etc. Aí o Ocupar começou a ganhar atenção positiva da imprensa, elogios do New York Times e, como dizem muitos amigos meus que estavam envolvidos, a política desapareceu. Tudo virou um caso humanitário, mas que tinha por trás um novo processo de organização de extrema importância política.
DIPLOMATIQUE– Em 2001, na Argentina, ocorreu algo similar, com o “corralito”. Todos foram para as ruas, ocuparam a Praça de Maio, se organizaram de forma diferente. Mas logo tudo passou e os partidos políticos seguem iguais. Por quê? Vai ser sempre assim?
HARVEY – Nos últimos quinze anos, os movimentos sociais têm sofrido de muita volatilidade. Os movimentos de massa, que envolvem milhões de pessoas, emergem com rapidez impressionante. Um grande exemplo é o de fevereiro de 2003, o protesto global contra a possibilidade de guerra no Iraque. Maravilhoso! Milhões de pessoas no mundo todo! E então desapareceu. Se esses milhões de pessoas de repente decidissem ficar nas ruas, o que aconteceria? Vemos muito esse tipo de política hoje, que é muito volátil.
DIPLOMATIQUE– Também vemos muito hoje o conceito da horizontalidade: milhares ou milhões de pessoas sem líder. Em Rebel cities, você levanta o problema da “fetichização da horizontalidade”.
HARVEY– Esse é um problema real. Muitas pessoas envolvidas são simpatizantes da ideia de que mais democracia significa menos lideranças. Mas o próprio exemplo do Ocupar-Sandy mostra que a centralização foi necessária para fazer as coisas que precisavam ser feitas. Organizações políticas precisam da combinação entre horizontalidade e algum conceito de verticalidade. Se você fetichiza a horizontalidade e a autonomia, acaba colocando a si mesmo em uma caixa fechada, sem poder nenhum. Um exemplo ao contrário são os zapatistas, uma organização militar que obviamente não era horizontal, tinha uma estrutura de controle. Parece mais simples usar o modelo de assembleias para tudo, mas não é. Algum senso de controle é necessário.
André Deak
Pós-Jornalista, professor, mestre em Teoria da Comunicação pela Universidade de São Paulo e cofundador da Casa da Cultura Digital


Lucas Pretti Pós-jornalista, ator, produtor cultural e idealizador do Festival BaixoCentro.


Ilustração: Manohead
01 de Maio de 2013
Palavras chave: David Harvey, marxismo, cidades, metrópoles, capital, horizontalidade, orçamento participativo, O Capital, Brasil, Marx, revolução, paradigma, teoria, América Latina, Occupy Wall Street, New York Times, Congresso, Tea Party, classe média, trabalhadores, Estados Unidos, EUA, trabalho, operários, política, cooperação, Copa do Mundo

Carrascos voluntários, artigo de Michel Zaidan Filho



Por Michel Zaidan

Estamos vivendo uma época de franco retrocesso das conquistas garantistas e protetivas dos direitos humanos. A lei Maria da Penha, o RPDD e a tentativa de antecipação da maioridade penal dos adolscentes e infantes, na opinião dos especialistas, acrescentando-se a equivocada tentativa de mudança do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma prova disso. Tempos duros e difíceis: a lei e os direitos são responsabilizados pela delinquência infanto-juvenil. E outras leis são apontados como a solução para os crimes e a violência. Se a solução para a criminalidade violenta (e cada vez mais precoce), o país de maior população carcerária do mundo (os EE.UU.) teria diminuido o número de crimes e de criminosos, com o apoio do rigor e a dureza da legislação penal. E no entanto, só aumentam os crimes e os criminosos e a periculosidade dos crimes.

Talvez o enfoque devesse ser outro: pesquisar as causas, não as consequencias. O horror das consequencias tem sido bom para vender jornais, aumentar a audiencia, ajudar a gestores em crise de popularidade e cortejar o sentimento de vingança e retaliação da classe média urbana brasileira. Mas não ajuda a entender o que se passa nas grandes cidades brasileiras, onde a crise da família, a crise da escola e as disfunções do mercado de trabalho estão presentes. O crime é uma metáfora social, como disse muito bem uma colunista da Folha de São Paulo, a propósito do rumoroso sequestro do publicitário W. Olivetto. É uma metáfora porque o "instinto maligno" ou a personalidade criminosa não são inatos ou hereditários, como alguns desinformados costumam pensar. Por outro lado, há muito tempo que a origem do direito penal está associada à vindinta ou a retaliação, desde os costumes bárbaros dos god os e visigodos no início da era cristã. Sendo a legislação moderna uma racionalização dessa vindinta ou retaliação. O filósofo alemão Nietzsche também disse o mesmo em "a genealogia da moral", justificando a violência dos fortes contra os fracos.

De toda maneira, a ética cristã é que inaugurou a idéia, não da vingança mas do perdão, da compreensão, da sublimação do ódio em face da dor de uma perda de um ente querido ou familiar. E outro grande reformador do direito, Beccaria, foi quem instituiu a gradação racional dos delitos e das penas. O passo seguinte foi pensar o castigo e a prisão como espaço de ressocialização das atitudes humanas, no sentido na reinserção produtivo dos apenados à sociedade. De toda maneira, quando se compara a chamada "era dos direitos" e a universalização da dignidade humana como valor, em lugar da honra e do status, a sensação que fica é que todo o avanço na compreensão do crime e do criminoso ficou para atrás. A impotência da sociedade (e do seu aparelho de segurança) diante do desajuste social e de suas instituições de controle (a família, a escola, a igreja e o trabalho), conduziu a uma pato logização e criminalização do desajuste social,sem querer colocar em causa os valores, a mentalidade, a forma de vida, os padrões de sucesso e realização pessoal das pessoas. Que sociedade é essa que condena crianças e adolescentes ao encaceramento precoce, sem se perguntar por que deliquem, por que roubam ou matam?

Talvez porque seja mais fácil e mais cômodo acusar as vítimas do que apontar as causas sociais. Talvez não se queira admitir, em função de um perverso mecanismo de defesa, que há muita coisa errada na organização desta sociedade, sempre pronta a punir pobres, pretos, homossexuais e prostitutas, do que a aceitar que a desigualdade, o efeito de demonstração da sociedade de consumo e os modelos de exito e reconhecimento social estão errados. Que as políticas públicas não estão produzindo os efeitos desejados e o discursos de políticos, psiquiatras, desembargadores, publicistas e outros em torno da maioridade penal, são muito semelhantes ao dos carracos voluntários, da Alemanha nazista. Sejam claros e direitos e defendam abertamente a faxina social, a limpeza étnica ou o extermínio dos pobres e miseráveis, para ver se dormem em paz durante a noite, sem ouvir os gritos e os apelos dos que sof rem, dos que não têm onde dormir ou o que comer.

Dilma e o PMDB: O domador e o leão, artigo de Carlos Chagas


Por Carlos Chagas
Continuam num duelo de espadas  florentinas, mas sabendo  da impossibilidade de ser vibrado o derradeiro  golpe, já que a um interessa a preservação do outro, e vice-versa. Falamos das atuais relações entre  Dilma e o PMDB. Ela precisa do partido e o partido, dela, caso contrário a reeleição de 2014 pode ir para as profundezas. O problema é que a presidente imagina manter a legenda subserviente a seus interesses, e a legenda procura tirar o máximo da presidente em termos de espaços de poder.   Por isso batem de frente, numa disputa que transcende questões pontuais como a MP dos Portos. Trata-se de uma tertúlia que vem da  eleição de 2010 e permanecerá até  2018, se tiverem sucesso na conquista do segundo mandato para Dilma e para Michel Temer.
                                               Fica evidente que não são para valer as  exigências e as ameaças de parte a parte. O PMDB inseriu Eduardo Cunha na liderança da Câmara, sabendo que ele se constituía numa pedrinha no sapato de Dilma, que de seu turno limita as liberações de verbas para emendas individuais peemedebistas.  É mais ou menos como no circo, onde o domador estala o chicote e o leão ruge, sabendo ambos que toda noite tem espetáculo. No trapézio,  torcendo pelo leão,  o PT gostaria que Dilma liquidasse ou ao menos  se indispusesse   em termos definitivos com seu maior aliado, tornando-se a única base parlamentar do governo que teoricamente é dele, mas na prática está aberto a outros personagens circenses, inclusive os palhaços.
                                               Ouve-se com  insistência que falta um diretor de cena no picadeiro, pois qualquer um que seja testado acaba fracassando, de Ideli Salvatti e Gleise Hoffmann. Mas enquanto o dono do circo permanecer na bilheteria, faturando e  selecionando as próximas cidades para onde se deslocará a troupe, as coisas permanecerão como estão. O diabo é se o Lula resolver que o leão está velho e desdentado, devendo ser substituído por outro bicho...

Seminário Avançado de Museologia Social

    Inscrições: museudohomemdonordeste@fundaj.gov.br

terça-feira, 14 de maio de 2013

Garotinho:PSDB conhece bem o Daniel Dantas

247 - O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) acaba de colocar mais lenha na fogueira da guerra dos portos. O líder do PR subiu à tribuna para questionar a postura do PSDB, que usou suas denúncias, sobre um suposto assédio de lobistas a parlamentares, para obstruir a votação da MP dos Portos. "O PSDB está obstruindo, mas por outras razões", disse ele. "Eu só estive com o empresário Daniel Dantas uma única vez em toda a minha vida, quando ele era dono do consórcio Opportrans, do metrô do Rio de Janeiro", afirmou Garotinho. "Eu não tenho o telefone dele, mas o PSDB tem. Se quiserem saber o que está acontecendo aqui no Congresso, peguem o telefone e liguem para ele, que sabe mais do que a maioria dos parlamentares". 
Como Dantas é um dos sócios da Santos Brasil, que administra o maior terminal de contêineres do Brasil, Garotinho insinuou que o empresário pode estar por trás do assédio a parlamentares. Sua provocação não ficou sem resposta. Citado na fala de Garotinho, o líder do PSDB, Carlos Sampaio (PSDB-SP) também foi à tribuna. "Eu só estive com o senhor Daniel Dantas em CPIs em que decidi investigá-lo", afirmou. "Essa é a relação do PSDB com este empresário". Segundo Sampaio, a "espada da suspeição" hoje paira sobre todos os parlamentares e ele voltou a defender a obstrução.
Fora do Congresso, a disputa dos portos tem sido retratada entre uma disputa entre os grupos que administram concessões nos portos públicos, como o Opportunity, e os que pretendem entrar no setor, como a Odebrecht.