pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Crônica: Paraíso dos Irerês
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sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Crônica: Paraíso dos Irerês


 
José Luiz Gomes
 
Os leitores mais familiarizados com as nossas crônicas sobre Jampa já devem saber que há muitos anos atrás, onde hoje foi erguido o Parque Solon de Lucena, era uma grande área alagada, um pântano, que deixava nossa querida João Pessoa espremida naquela colina, assoreada pelo rio Sanhauá, do seu lado esquerdo, e a Lagoa dos Irerês, do seu lado direito, não permitindo que ela se expandisse. Intervenções substantivas tiveram que ser feitas naquela área alagada, tornando possível a abertura de avenidas que permitiram a expansão da cidade para o litoral. As autoridades públicas, em nome da civilização, tiveram que intervir no paraíso dos irerês, marrecos muito abundantes naquela região, que para ali se dirigiam para se alimentarem e procriarem. 

Em 1940, na gestão go governador Solon de Lucena, foram iniciadas as obras de saneamentio e construção de um parque, que contou com a assinatura do paisagista Burle Marx. De sua prancheta, saíram os famosos ipês amarelos, as acácias, os pau-brasis, os bambuzais entre outras espécies de árvores da mata atlântica. O parque ocupa uma área extensa - são 15 quilômetros de área, incluindo a lagoa, bares, restaurantes, equipamentos de lazer e ginástica - contornado por uma área de intenso comércio, onde se encontram lojas, resturantes e um shopping popular mais recentemente inaugurada, já como resultado da última intervenção, com o intuito de disciplinar a atuação do comércio ambulante nas suas imediações. Esta última intervenção é mais recente, do ano de 2013, onde até mesmo uma via de transporte foi sacrificada para se permitir mais tranquilidade aos frequentadores do parque, que antes precisavam atravessar a via para ter acesso à lagoa. 

A lagoa conta hoje com um mirante, mas sempre muito vigiado, em razão de uma tragédia ali ocorrida. No ano de 1975, 39 pessoas morreram no local, depois de uma acidente náutico, entre as quais, 29 crianças. Salvo melhor juízo, comemorava-se algo alusivo ao regime militar implantado no país depois do golpe civil-militar de 1964. O parque tem seus encantos naturais. A extensa lagoa sem dúvida é um deles. Nada se compara, no entanto, à florado dos ipês, entre os meses de Outubro e Novembro, que deixa o parque revestido de um tapete cor de amarelo. É de uma beleza estonteante, atraindo não apemas abelhas e beija-flores, mas uma multidão de aficionados nessas árvores. O cronista aqui é um deles. Não raro, deixamos o sossego de Jacumã apenas para apreciar essas floradas. No Recife existem muitos ipês amarelos, principalmente na avenida Agamenon Magalhães, mas as floradas não se comparam às de Jampa. É Primavera, comendador. Vamos organizar a agenda da confraria. 

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