quinta-feira, 31 de agosto de 2023
Editorial: Uma sessão tumultuada na CPMI dos Atos Antidemocráticos.
Editorial: Um 07 de setembro em casa.
Na última reunião da comissão dos atos antidemocráticos, o senador oposicionista, Magno Malta, deixou escapar uma possibilidade: Um sete de setembro em casa. Os bolsonaristas, que costumavam usar a data para organizarem grandes manifestações por todo país - inclusive com um caráter golpista - desta vez parece que resolveram protestar de outra forma, ou seja, ficar em casa. Seria uma maneira de protestar contra os militares. Este parece ser o entendimento do grupo, uma vez que eles consideram que os militares deixaram de cumprir a sua missão.
Essa missão, graças aos militares legalistas, não foi cumprida, optando-se pelo respeito e defesa dos preceitos constitucionais. Infelizmente, haveria, sim, militares mancumunados com as tessituras golpistas, conforme depois seria comprovado. Há, inclusive, alguns deles presos, depois do arrolamento de provas robustas de comprovação de suas responsabilidades, apoios e conivência com essas manobras de caráter antidemocrático.
Editorial: O dilema do prisioneiro do bolsonarismo está para cooperação ou traição?
Em princípio, pelo andar da carrugem política, a tendência do resultado do jogo do dilema do prisioneiro do bolsonarismo poderá ser mesmo a cooperação, ou seja, ninguém abre o bico, obrigando a Polícia Federal a se arranjar com as provas colhidas até o momento para o indiciamento dos réus. 08 deles estão sendo ouvidos no dia de hoje, em depoimentos simultâneos. Entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, Mauro Cid, Wassef. Neste caso em particular, as investigações da PF se referem ao rolo das joias doadas pelo Governo da Arábia Saudita.
A tendência do resultado do jogo poderia ser este, a considerar pelo que setores da imprensa andou informando, ou seja, que haveria um pacto de silêncio celebrado entre eles. Por outro lado, um dos passarinhos resolveu cantar, embora por estrofes, sem dar conta de toda a melodia. Já é um começo. Nestes casos, a pressão psicológica é muito grande e, gradativamente, as resistência vão sendo vencidas. É muito pouco provável que algum dele não venha a trair o grupo, com o intuito de auferir alguma vantagem.
Os brasileiros estão aguardando, ansiosamente, o desfecho deste caso nebuloso, envolvendo o rolo dessas joias. A começar pela generosidade do Governo da Arábia Saudita em oferecer essas joias ao Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Trata-se de um enredo que envolve irregularidades em todas etapas, como já afirmamos por aqui.
Editorial: É hoje! General Gonçalves Dias em audiência na CPMI dos Atos Antidemocráticos.
Está agendado para logo mais a sessão da CPMI dos Atos Antidemocráticos, que contará com a presença do general Gonçalves Dias, ex-chefe do GSI do Governo Lula, na condição de dpoente. Segundo um site de política, a oposição teria feito até uma reunião prévia, com o propósito de definir a estratégia da condução dos trabalhos. Como se sabe, o clima é de bastante hostilidade. Os oposicionistas defendem a narrativa que o que ocorreu em 08 de janeiro, em Brasília, foi uma armação do Governo Lula. A sessão promete ser quente, uma vez que o general deverá ser, literalmente, "massacrado' pela oposição.
Urbano, educado, republicano, disciplinado, homem de muitas batalhas, duvido muito que o general recorrerá ao expediente ou ao direito de permanecer em silêncio. Como já não tem sido fácil a condução dos trabalhos, o elegante deputado Arthur Maia terá que usar de toda a sua habilidade e diplomacia para gerenciar as farpas entre Governo e Oposição. Certamente, estamos diante de uma das sessões mais importantes da comissão. Para complicar ainda mais o meio de campo, a CPMI solicitou cópia de vídeos ao Ministério da Justiça e foram atendidos apenas em parte. O Ministério da Justiça enviou duas fitas, depois de um longo pucha-encolhe, o que desagradou profundamente a oposição. Até parlamentares governistas se posicionaram contra a atitude do Ministério da Justiça, como foi o caso do senador Omar Aziz.
Existe,em duas das comissões mais importantes, a do 08 de janeiro e a do MST, a narrativa dos relatórios prontos. No caso da comissão do MST, a condução dos trabalhos permitem fazer alguma inferência neste sentido, uma vez que o relator é um notório opositor do Governo e, consequentemente, dos movimentos sociais. A dos Atos Antidemocráticos assumiu um espectro bem mais amplo e só não avançou para o rolo das joias por interferência do seu presidente. Deve produzir um relatório bem mais robusto, identificando atores e apontando desvios de conduta cívica, democrática e republicana, que atentatam contra os pilares de nossa democracia.
quarta-feira, 30 de agosto de 2023
Editorial: O julgamento de Moro.
Sempre tratamos todos por aqui com cortesia, urbanidade, dentro de um espírito democrático e republicano. Isso vale para os amigos, assim como para os desafetos ou adversários políticos. Sem distinção. Nosso jogo é no plano dos argumentos. Sempre nos pautamos pela defesa intransigente de causas ou princípios republicanos. O blog não recebe um centavo de ninguém, o que talvez seja até mesmo aconselhável, pois nos facultam uma liberdade maior para emitir nossas opiniões. Nosso compromisso é com a verdade, com a res publica, com a defesa inalienável dos pilares e das regras do jogo democrático.
Em vários momentos, em nossas postagens, o hoje senador Sérgio Moro(UB-PA) foi mencionado, mas sempre de forma cortez, respeitosa e republicana. Já comentamos, por exemplo, que ele cometeu vários erros de avaliação durante sua trajetória profissional. É possível até que ele concorde com este escriba. No nosso entendimento, melhor seria que ele terminasse seu trabalho como Juiz da Lava Jato, se mantivesse no Judiciário, dando suas aulas, curtindo sua família, com uma vida modesta, sem holofotes, mas com aquela paz espírito com qual todos nós sonhamos.
Os erros de avaliação cometidos, não raro, sãos suscetíveis de nos envolver em alguns enredos, sobre os quais possamos não ter um controle absoluto. Não foi uma boa escolha abandonar sua carreira de juiz, concursado, com emprego efetivo, para ir à capital federal assumir o Ministério da Justiça, sob a perspectiva, segundo dizem, de ser indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Por sua experiênca como magistrado, daria para antecipar os eventuais problemas com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Depois de uma trajetória confusa, onde tentou até mesmo habilitar-se como candidato à Presidência da República, eis que ele acaba, no final, concorrendo a uma vaga de senador por seu estado natal, o Paraná, onde sagra-se vitorioso, mas existem alguns questionamentos sobre eventuais equívocos cometidos durante o processo eleitoral, o que pode provocar a perda do seu mandato. Até o final de novembro o seu julgamento deve ser concluído e existe quase uma unanimidade entre os juristas de que a possibilidade de uma penalidade que implique na cassação do seu mandato torna-se bastante provável. Pela capilaridade política conquistada, ele não ficaria ao relento, mas não deixa de ser complicado perder o mandato neste momento, tornando-o ainda mais vulnerável às inevitáveis hostilidades governistas.
Editorial: O passarinho resolveu cantar, mas é apenas uma estrofe. A melodia, no entanto, é longa.
Pelo que está sendo divulgado pela imprensa, a partir de informações oficiais, um dos passarinhos resolveu cantar,mas, ao que se sabe, é apenas uma estrofe, embora a melodia seja longa. Bastante seletivo, esse passarinho, nos surpreendeu até mesmo pela estrofe selecionada: as tratativas golpistas que culminaram com o 08 de janeiro. Ainda não vazaram os termos dessa confissão negociada com as autoridades policiais. Em todo caso, abre-se um precedente importante nas investigações sobre fatos nebulosos envolvendo o ancien régime.
Como já antecipamos, é um enredo que inspiraria os melhores escritores de séries policiais. A cada dia se descobre fatos novos e inusitados. O passarinho, mesmo na gaiola, ainda conseguiu movimentar alpiste para o exterior. Um dos principais envolvidos nessas transações de corte nada republicanos, fazia movimentação de dinheiro atraves da conta corrente do seu advogado. Existe a suspeita de que verbas desviadas dos cofres públicos através de transações ou licitaçãos fraudulentas, envolvendo órgãos públicos, foram parar em empresas de fachada até chegar nas mãos de beneficiários. Neste caso, a lavanderia era uma madereira.
Cremos que, em alguns aspectos, eles foram até inovadores, quanto se discute a tecnologia de desvios de recursos públicos conhecidas. A melodia completa pode está nos celulares apreendidos com o advogado. A polícia já antecipou que a melodia é encantadora, digna das melhores aves de nossa fauna, como a Saíra Militar. Juntamente com a Saíra-Sete-Cores, esta era a única ave que fazia a gurizada, dos tempos de infância, abandonar as brincadeiras no balde da levada para apreciar o seu canto e a sua beleza.
Editorial: Garimpo ilegal arde no Amazonas
Até recentemente, a Polícia Federal realizou a maior apreensão de ouro da década. Foram 111 quilos de ouro, avaliado em 34 milhões de reais, que estava sendo transportado num avião, a apreensão ocorreu no Estado de Goiás. Infelizmente, essas apreensões já se tornaram recorrentes, sobretudo na região Norte do país, em razão da extração do minérios, sobretudo em garimpos ilegais localizados em terras indígenas, produzindo todo tipo de desordem ambiental e humanitária, como poluição dos rios por metais pesados, prostituição de crianças indígenas, assassinatos e até mesmo criando dificuldade de agentes de Estado prestarem assistência às comunidades indígenas, provocando tragédias como a dos povos Yanomamis.
A questão é tão preocupante que alguns analistas observam que nem mesmo as Forças Armadas teriam um controle absoluto sobre alguns trechos da região, hoje controlados por grupos de traficantes armados. A política do governo anterior era uma política de terra arrasada - do tipo quanto pior melhor - pois, como se sabe, não havia compromisso algum com a preservação do meio ambiente, tampouco dos povos originários. A política aliás, era a de exterminino dos povos indígenas para a exploração das riquezas existentes no solo de suas reservas.
Com essa licenciosidade e permissividade, os garimpos ilegais proliferaram na região. Hoje, o Ministro Flávio Dino anunciou uma série de operações com o propósito romper com a herança de inércia e leniência do governo anterior, coibindo esses abusos. Vários garimpos ilegias ardem em fogo no Amazonas. O que se podemos dizer por aqui? Ponto para o senhor Flávio Dino.
Editorial: Essa nossa governabilidade é uma tragédia.
Continuaria algo pontual, para atender as expectativas no que concerne a algumas votações específicas, muito distante de uma aliança efetiva pela governabildade, pois o Governo Lula irá precisar de ampliar, em muito, a oferta do butim. Estamos praticamente no início do governo e tudo indica que iremos nesse diapasão até o final de de 2026. Ou não. De repente, as indisposições se ampliam e uma dos inúmeros processos de impeachment entram na ordem do dia. É assim que funciona.
O Legislativo, há alguns anos atrás, literalmente, fez a ex-presidente Dilma Rousseff sangrar até a morte, materializada pelo impeachment de 2016. Vamos usar aqui este termo para não incomodar alguns órgãos de imprensa, que insistem nas pedaladas fiscais. Acusaram até o presidente Lula de ter cometido pedalada moral, ao proclamar a inocência da ex-presidente.
Editorial: O desenho da minirreforma do Governo Lula.
A tão aguardada minirreforma do Governo Lula deve ser anunciada logo mais. A julgar pelas nuvesn cinzas, a imprensa cometeu apenas alguns equívocos pontuais ao antecipá-la. O ministério de Desenvolvimento Social será entregue aos Progressistas, ao passo em que os Republicanos devem assumir a pasta deixada pelo socialista Márcio França, que será convidado a assumir um ministério novo, o de Médias e Pequenas Empresas, que estava sob o guarda-chuva do Ministério da Indústria, comandado pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Petista do núcleo duro, Wellington Dias não ficará na varanda, sob o sereno e a chuva, como ocorreu com o escritor Franz Kafka. Os Progressistas não levam o Bolsa Família, assim como outros programas sociais importentes para o PT, que ficarão sob a tutela de um novo ministério criado, sob medida, para acomodar Wellington Dias. Nas coxias, o comentário é que a reforma demorou bastante, entre outros motivos, em razão do lobby exercido pelo núcleo duro petista para não entregar o Desenvolvimento Social ao Centrão. Este ministério agrega o maior orçamento da Esplanada, daí ter atiçado a cobiça das raposas políticas do grupo.
Preparem os bolsos, porque a Caixa Econômica também foi entregue de porteira fechada ao Centrão. Trata-se de uma solução esdrúxula a criação de novos ministérios, apenas exercer esse papel de cooptação política. Não faz nenhum sentido emprestar o status de ministério à Secretaria de Micro e Pequenas Empresas. Outra questão diz respeito ao Porto de Santos, que os Republicanos desejam privatizar, agora sob a responsabilidade do pernambucano Sílvio Costa.
Editorial: A audiência do general Gonçalves Dias na CPMI dos Atos Antidemocráticos promete.
Amanhã, dia 31, está agendada a audiência do general Gonçalves Dias na CPMI dos Atos Antidemocráticos. O general, que dirigia o GSI à epoca da invasão da sede dos Três Poderes, em Brasília, tornou-se, para a oposição, uma peça-chave para se entender, de fato, os acontecimentos daquele dia fatídico, onde hordas de bolsonaristas enfurecidos tentaram criar as condições ideais para solapar as instituições democráticas do país. Por "condiçõe ideais" aqui entenda-se instauração do caos, abrindo espaço para uma intervenção militar. Até a minuta do golpe já estava pronta, conforme depois ficaria constatado. A invasão dos Três Poderes seria o pretexto para executá-la.
Durante audiência na CPM do Distrito Federal, que tem o mesmo objeto de investigação, o general Gonçalves Dias falou bastante, sempre de maneira cortez, urbana, colaborando enormemente com os trabalhos daquela comissão. Durante sua fala, o general enfatizou bastante os problemas relativos aos informes emitidos pelos órgãos de inteligência. Seria como se tais relatórios não dimensionassem corretamente a gravidade da situação. Durante uma audiência e outra, a CPMI da Câmara dos Deputados teve a oportunidade de ouvir um ex-diretor da ABIN, cuja fala não ratifica as impressões emitidas pelo general Gonçalves Dias. O ex-diretor é um profissional de carreira, com uma longa ficha de trabalhos executados na agência. Um técnico, sem vinclações políticas. Não teria motivos para mentir durante uma audiência pública.
Este deve ser um dos temas enfatizados e naturalmente bastante explorado pelos parlamentares da oposição, que devem pular em cima do pescoço do general assim como uma alcateia de lobos famintos. Eles continuam batendo na tecla de que a tentativa de golpe teria sido uma armação do Governo Lula. Mesmo com todos os fatos demonstrados até aqui, eles insistem nessa narrativa. Ontem, por exemplo, durante a oitiva do comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, repercutiu bastante os batalhões da Guarda Nacional, estacionados próximo ao Ministério da Justiça, e que só teriam sido acionados apenas depois das invasões. O general costuma falar e conduzir-se por procedimentos republicanos e urbanos. Difícil saber como reagirá a uma audiência tão hostil. Infelizmente, talvez recorra ao direito de permanecer em silêncio.
terça-feira, 29 de agosto de 2023
Editorial: O fator regional na próxima indicação de Lula ao STF.
Há quem advogue que a escolha deve recair observando-se o critério de gênero, raça e coisas assim. Por essas avaliações uma juíza mulher, negra, seria o ideal. Mas, pelo andar da carruagem política, Lula deve acrescentar o critério regional, segundo se especula. Lula, aliás, tem um bom histórico de escolhas para aquela Corte. Foi Lula quem indicou o primeiro ministro negro ao STF, Joaquim Barbosa, que atuou com absoluta indepedência, inclusive condenando petistas durante o período do mensalão.
Existem alguns nomes que estão listados na bolsa de apostas, mas preferimos não especular em torno desses nomes. Vamos aguardar o rumo da carruagem política. E, possivelmente, a saraivada de críticas desses setores indispostos com o Governo Lula, independentemente dos seus critérios de escolha.
Editorial: Os passarinhos, finalmente, começaram a cantar. Será que teremos uma araponga no plantel?
No dia de ontem, um dos envolvidos nas tessituras golpistas do dia 08 de janeiro passou um período de mais de oito horas em depoimento, o que começou a suscitar a possibilidade de ele ter aberto o bico e começado a cantar o que sabe sobre as urdiduras da trama contra as nossas instituições democráticas. Hoje, essas premissas começam a tomar corpo e setores da imprensa repercutem que o passarinho começou a cantar. Vamos torcer que seja o canto de uma araponga, essa magnífica ave da Mata Atlântica.
Essa ave exerceu um fascínio tão marcante em nossa infância que, quando escrevemos nosso primeiro romance, Menino de Vila Operária - que traz alguns elementos autobiográficos - confessamos nossa saída da escola para ouvir o seu canto, na casa de um cidadão que mantinha uma delas em cativeiro. Mesmo em tais circunstâncias, ela sempre regozijáva-nos com os seus cantos estridentes e igualmente encantadores.
É preciso entender que o silêncio, em algumas situações, pode se constituir num elemento incriminador ou de confissão de culpa. Dependendo dos rumos das investigações, o indivíduo pode ser responsabilizado individualmente, livrando a cara dos reais responsáveis pelos delitos. Os chamados peixes graúdos. É mais ou menos este o caso do passarinho que começou a cantar. Ele fazia parte de uma nebulosa engrenagem. A engrenagem é tão pervesa que esses atores fizeram o impossível para se manter no poder, temendo as revelações dos seus estertores.
Editorial: Deputado Ricardo Salles torna-se réu.
Com uma medida do Ministério Público, o Deputado Federal Ricardo Salles, parlamentar do PL paulista e relator da comissão parlamentar de inquérito sobre o MST, torna-se réu por corrupção passiva e exportação ilegal de madeira. A ação diz respeito às nebulosas transições ilegais de exportação de madeira para os Estados Unidos, quando o deputado exercia o cargo de Ministro do Meio Ambiente, na época do Governo de Jair Bolsonaro. Não estamos muito atualizados quanto às novas audiências da CPI do MST, mas, certamente, já teremos uma pauta explosiva, a ser explorada pelos parlamentares governistas.
O clima ali é de absoluta beligerância entre situação e oposição. O presidente dos trabalhos, o Deputado Federal coronel Zucco, terá um enorme trabalho em serenar os ânimos. Não vamos aqui entrar no âmbito das denúncias e o processo que corre na justiça, pois isso está afeito aos órgãos competentes. O parlamentar tenta viabilzar o seu nome para concorrer à prefeitura da Cidade de São Paulo nas próximas eleições municipais. Já sofreu uma refrega, quando a cúpula do PL não referendou o seu nome, preferindo, preliminarmente, endossar o apoio ao atual gestor, Ricardo Nunes, do MDB, que tentará a reeleição.
Como as entabulações estão apenas no início, convém aguardar um pouco mais para uma "decantação política" natural. O próprio Bolsonaro, que continua com algum capital polítco, já afirmou que Salles poderia ser apoiado pelo PL. Parece-nos que os "passarinhos" começaram a cantar. Isso é fundamental para esclarecermos alguns fatos. Como dizem os evangélicos, pode não sobrar pedra sobre pedra.
Editorial: O que dizem os celulares de Frederick Wasseff?
Segundo avaliações da Polícia Federal, que já teria concluído a perícia nos aparelhos, eles dizem muita coisa. Uma série de conecções puderam ser estabelecidas a partir desses áudios, capazes de identificar eventuais delitos, assim como apontar a responsabilidade de cada ator nesses atos. Bolsonaristas estariam em polvorosa com a possibilidade de o advogado ter gravado algumas dessas conversas, o que poderia se constituir em algo potencialmente devastador. Segundo informaões de bastidores, o advogado não teria fornecido as senhas, mas a tecnologia permitiu aos peritos da PF realizarem seu trabalho assim mesmo. Ao todo, foram quatro celulares apreendidos.
Caso se confirmem tais gravações, elas atingiriam um grau de comprometimento bem mais amplo do que a Polícia Federal estaria, em princípio, investigando, como o rolo das joias doadas pela Governo da Arábia Saudita, assim como as eventuais tratativas em torno das urdiduras contra as instituições democráticas. É aqui que a porca torce o rabo, uma vez que tais áudios poderiam desvelar toda a engrenagem que moeu os estertores do bolsonarismo nos últimos anos. O trabalho deixou os investigadores da Polícia Federal em estado de graça, em razão da riqueza de detalhes encontrados.
O enredo é de fazer enveja aos melhores roteiristas de séries policiais. É preciso ficar bastante atento para não perder o fio da meada. Em certa medida, o bolsonarismo seguiu um script tradicional do submundo das irregularidades, mas, possivelmente, trouxe alguns fatos e procedimentos inovadores para compor tal banco de dados.
Editorial: O conceito de Cristiano Zanin caiu bastante entre os petistas mais radicais.
O então ex-advogado de Lula, Cristiano Zanin, tornou-se uma unanimidade entre os petistas, por ocasião da indicação de um nome para vaga aberta no STF. Além de suas credenciais inegáveis, Cristiano Zanin também representava uma forma de se contrapor ao ex-juiz da Lava Jato, o hoje senador Sérgio Moro(UB-PA). A indicação do advogado Cristiano Zanin era entendida como uma desforra, que seria o termo mais adequado. Cristiano Zanin sofreu horrores durante a defesa do presidente Lula. Segundo informações dos escaninhos da política, Lula, antes de bater o martelo, teria realizado uma consulta junto ao seu núcleo duro, onde o nome do então advogado foi aclamado.
Em suas primeiras votações na Corte, no entanto, a lua-de-mel parece ter encerrado. No dia de ontem, uma simples autorização para que um dos comandantes da Polícia Militar do Distrito Federal - que deverá ser ouvido no dia de hoje, durante os trabalhos da CPMI dos Atos Antidemocráticos - se mantenha em silêncio naquilo que possa incriminá-lo ou produzir provas contra ele, foi suficiente para atiçar as hordas petistas pelas redes sociais. Por mais que isso incomode os parlamentares e a nós, que acompanhamos os trabalhos, trata-se aqui de uma prerrogativa constitucional, com o propósito de proteger os direitos do acusado. Até aqui, todos os magistrados seguiram essa linha de raciocínio. Impossível conceber que o hoje ministro do STF, Cristiano Zanin, faria o contrário.
Nessas últimas votações, o voto do ministro Cristiano Zanin está convergindo com os votos dos ministros indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para a Suprema Corte. Aí é que os radicais petistas não perdoam mesmo. Para completar o enredo, somente as declaraçoes de um ex-ministro do STF, Marco Aurélio Mello, demonstrando sua satisfação com os primeiros votos de Zanin, informando que acompanharia seu voto se ainda estivesse na ativa. O patrulhamente ideológico é terrível e não perdoa. Seja de um lado, seja do outro. O país continua "cindido".
segunda-feira, 28 de agosto de 2023
Editorial: Mauro Cid é ouvido pela Polícia Federal.
Desta vez, segundo comenta-se, a outiva diz respeito às declarações do hacker de Araraquara, Walter Delgatti Neto, durante audiência na CPMI dos Atos Antidemocráticos. Aliás, até este momento, o hacker foi quem mais falou, criando embaraços, inclusive, para o ex-Ministro da Defesa do Governo Bolsonaro, no que concerne às urnas eletrônicas. O hacker fala de encontros no Ministério da Defesa para tratar da segurança das urnas eletrônicas. Salvo melhor juízo, num desses encontros ele teria mencionado o nome do ex-ajudante de ordens.
A CPMI entra numa fase decisiva e, a cada momento, recrudesce as animosidades entre Governo e Oposição. Irá concluir seus trabalhos num ambiente de quase nenhum consenso construído entre esses parlamentares. As confusões protagonizadas no último encontro dão bem a dimensão do problema.
Editorial: Inversão de valores. Tarcísio demite secretário-executivo que entregou relatório apontando eventuais fraudes na construção de estradas.
Parece-nos que a inversão de valores vai se tornando uma marca registrada da administração do governador Tárcísio de Freitas em São Paulo. Por vezes, ele tem um "surto" de antibolsonarismo mas isso é passageiro. Bastante passageiro, aliás. O governador não consegue esconder o seu DNA por muito tempo. Agora mesmo terá que explicar ao STF porque resolveu homenagear um ilustre representante da ditadura militar, denominando um viaduto com o seu nome. Tantos anos depois, ainda aparecem governantes dispostos a prestarem homenagens a esses atores que estiveram no epicentro das trevas que o país enfrentou durante o regime militar.
No dia de hoje, o noticário traz a informação de que ele demitiu o Secretário-Executivo da Agricultura e Abastecimento, Marcos Renato Bottcher, em razão de uma motivação de caráter republicano. O Secretário-Executivo da pasta entregou ao Tribunal de Contas do Estado um relatório apontando eventuais irregularidades nas licitações envolvendo a construção de estradas. A cada dia o governador se enrosca mais neste enredo nebuloso da práxis bolsonaista, caracterizada por práticas e ações desumanas, antirrepublicanos, anticivizatórias, que serve como "alimento" para as hordas de bolsonaristas país afora, como a última operação policial no Guarujá, marcada por patentes violações dos direitos humanos, conforme estão sendo demonstradas pelas perícias realizadas nas vítimas.
Os leitores e leitoras vão nos permitir uma expressão pouco comum ao linguajar desse editor, mas bem emblemática. Política é uma atividade tão escrota que o Governo Lula prevê colocar na mesa de negociações com o Republicanos a administração do Porto de Santos. Isso poderia facilitar as articulações entre a legenda e o Palácio do Planalto. Tarcísio de Freitas é contra tal aproximação da base governista, mas, por outro lado, daria tudo para privatizar o Porto de Santos. Com Márcio França sendo substituído nas pasta de Portos e Aeroportos, talvez as coisas se tornem mais simples.
Editorial: Operação 07 de setembro.
Depois do advento do bolsonarismo, as comemorações do 07 de setembro no país passaram a se constituir numa grande dor de cabeça para os governantes. Até tentativas de golpe de Estado foram programadas para a data da indepedência do Brasil. Como se trata de um evento que envolve a participação efetiva de militares, o evento tornou-se uma espécie de emblema para os bolsonaristas, que aproveitam a data para a programação de manifestações por todo o país. O país continua dividido e o bolsonarismo ativo. O clima de beligerância não foi completamente dissipado, o que suscita, naturalmente, as preocupações do Planalto, que procura tomar providências para evitar os possíveis constrangimentos para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,durante a cerimônia em Brasília, como eventuais apupos.
Os órgãos de informação e inteligência devem ter dados mais precisos sobre os preparativos ou programação dos partidários do ex-presidente Jair Bolsonaro para a data. A rigor, nada de grande envergadura, presumivelmente, embora nunca se saiba ao certo, daí a necessidade de precaver-se. Pelas redes sociais, observa-se muitas críticas dos bolsonaristas às Forças Armadas. Eles se sentem frustrados pelo fato de alas moderadas e legalistas entre os militares não terem dado apoio às expectativas de um golpe de Estado.
Até recentemente, uma pesquisa apontou uma queda de popularidade das Forças Armadas Brasileiras. Se estratificarmos esses dados, não surpreenderia o fato de os bolsonaristas terem dado uma grande contribuição para esses indicadores desfavoráveis de avaliação.
Editorial: General Gonçalves Dias na CPMI dos Atos Antidemocráticos do 08 de janeiro.
Assim como ocorreu por ocasião de numa audiência da CPI do MST, o general deve ser massacrado pela oposição. Diferentemente do tenente-coronel Mauro Cid, o general costuma falar. Seu melhor desempenho foi na CPI do 08 de janeiro, instaurada no Distrito Federal, onde se comportou de forma polida, republicana, cortez. Talvez porque ali os trabalhos seguiram uma linha de bastante urbanidade, ambiente improvável de se obter no dia 31 de agosto.
A CPMI irá propor uma delação premiada para o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, o tenente-coronel Mauro Cid, mas é pouco provável que ele aceite. Por ocasião de sua audiência na CPI do Distrito Federal ele se manteve em silêncio durante a inquirição dos parlamentares. Apesar da polêmica em torno do assunto, o militar compapreceu fardado à audiência.
domingo, 27 de agosto de 2023
Editorial: Governo Lula busca uma reparação simbólica para Dilma Rousseff.
Hoje os jornais dão conta de uma volta do ex-candidato à presidência da República, Aécio Neves, hoje deputado federal pelo estado de Minas Gerais. Aécio, pelas razões conhecidas, se recolheru aos seus aposentos, aguardando a temperatura política abaixar. Pelo andar da carruagem política, resolveu que agota seria o timing ideal, embora tenhamos algumas dúvidas sobre se ele ajustou bem o relógio - afinal, Aécio usa Piaget ou Rolex? - pois a temperatura continua em níveis elevados, em padrãoes de fervura, e parece que vai continuar neste diapasão pelos próximos anos.
Como já discutimos antes, ao discordar ou por em dúvidas o reultado da eleição que disputou com a ex-presidente Dilma Rousseff, Aécio abriu um precedente perigoso para as nossas instituições democráticas, que acabou descambando para um processo autoritário, de natureza fascista, que produz suas consequências até os dias de hoje. Assim como Dilma Rousseff, Aécio Neves foi inocentado pelo STF, o que inflou bastante sua decisão de voltar à ribalta da política.
Dilma Rousseff, além de perder o mandato, amargou um longo e tenebroso inverno, submetida à tortura de ter sido apeada do cargo sem uma razão técnica que justificasse tal medida extrema. O próprio Michel Temer, que era o seu vice e assumiu o cargo depois do impedimento, chegou a admitir que seu impeachment se sustentou numa motivação política. O Governo Lula procura uma maneira de compensar simbolicamente esses danos.
Editorial: Nossa irrestrita solidariedade ao padre Júlio Lancellotti
Editorial: PSDB tenta resgatar Aécio Neves. Nem Lula nem Bolsonaro.
Depois de um longo processo de agonia política, os tucanos, finalmente, parecem esboçar uma reação. O PSDB perdeu capilaridade num dos seus ninhos mais emplumados, o estado de São Paulo, onde ficou sensivelmente reduzido. Nas últimas eleições estaduais, despontou com quatro lideranças novas e promissoras, que poderiam injetar sangue novo na legenda. Três delas forma eleitas governadores de estado, como é o caso de Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul, Raquel Lyra, em Pernambuco, e Eduardo Riedil, em Mato Grosso do Sul. No estado da Paraíba, um herdeiro dos Cunha Lima, Pedro Cunha Lima, que naõ conseguiu se eleger. No nosso entendimento, deveria partir daqui essa "renovação".
Mas, cumprindo uma máxima de que essas legendas acabam sucumbindo ao processo de oligarquização, uma velha raposa do partido acaba sendo resgatado para conduzir o seu espólio, o hoje deputado federal Aécio Neves(PSDB-MG), recentemente ovacionado num encontro do partido. Aécio aparece de visual novo, usando barba,e, como ele mesmo admite, ensaia um retorno à ribalta, depois de mergulhar num processo de submersão política.
Aqui em Pernambuco, uma antiga e emérita liderança da Igreja Católica Progressista, o saudoso Dom Hélder Câmara, eterno arcebispo de Olinda e Recife, costumava enfatizar que haveria um tempo para emergir e um tempo para submergir. Nos cálculos do político mineiro, é chegada a hora de emergir. Sinceramente? Não vislumbramos nenhum futuro político para este cidadão. Com a sua não submissão e acatamento do resultado das urnas na eleição que perdeu para a ex-presidente Dilma Rousseff, ele praticamente disparou o gatilho que degringolou o nosso processo democrático, culminando com a manobra institucional marota de 2016 e o recrudescimento do processo autoritário no país a partir de então.
Editorial: Um pacto de silêncio entre os bolsonaristas.
Talvez com o propósito de evitar eventuais combinações de narrativas entre os investigados, a Polícia Federal agendou depoimentos simultâneos para ouvir o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua "comitiva", no dia 31 de agosto. Por outro lado, por determinação do STF, o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, foi terminantemente proibido de estabelecer qualquer contato com Jair Bolsonaro. Como diria o personagem Chaves, o que a Polícia Federal e o STF não contavam era com a astúcia dessa gente.
Correm rumores de que eles teriam estabelecidos um pacto de silênio, ou seja, deverão permancer calados durante os depoimentos. Segundo informações dos escaninhos da política, no entanto, o que se sabe é que os telefones apreendidos já falaram por eles, ou seja, há indícios claros que deverão serem apurados, imputando-se responsabilização de irregularidades cometidas por alguns atores, independentemente do silêncio manifestado por eles durante as oitivas.
Como já alertamos anteriormente, as irregularidades com essas joias saltam aos olhos, a partir do momento e circunstâncias sobre as quais elas foram doadas pelo Governo da Arábia Saudita ao Governo Brasileiro. Para essas joias entrarem no país foi um problema; para classificá-las um outro problema, onde teria ocorrido até casos de "carteiradas" para retirá-las dos órgãos de fiscalização e controle. Depois, elas foram parar nos Estados Unidos, em voo oficial, avaliadas e vendidas em casas especializadas em leilões e depois recompradas. Um rolo dos diabos, como diria o comendador Arnaldo.
Não há como se estabelecer uma narrativa plausível em torno deste assunto. Seria muito interessante que alguém resolvesse logo falar e explicar os detalhes dessas nebulosas transações que, certamente, acarretaram prejuízos republicanos ao país. A cada dia este editor fica mais impressionado com as artimanhas montadas por essa gente. Existe a possibilidade de que um ex-presidente esteja usando a conta corrente do seu advogado para movimentar dinheiro sem levantar suspeitas.
sábado, 26 de agosto de 2023
Editorial: Um acordo de delação premiada para Mauro Cid.
Não há mais como combinar alguma narrativa em comum entre as defesas dos envolvidos, já que eles não podem se comunicarem entre si e serão ouvidos simultaneamente. Talvez ele esteja aguardando o foro mais apropriado para se pronunciar - nos autos dos processos, por exemplo - e tal, foro, pelo que se presume até este momento, não seja as CPIs. Pode ser uma estratégia de sua defesa. O militar já foi ouvido pela segunda vez e se manteve em silêncio.
Em todo caso, num precedente inusitado, a CPMI dos Atos Antidemocráticos, pretende oferecer ao oficial um termo de delação premiada. Não sabemos o que será oferecido em troca de uma delação, tampouco se o oficial irá aceitar a proposta, o que consideramos improvável. Elogiável, digna de nosso respeito e admiração, a forma como os trabalhos daquela comissão estão sendo conduzidos pelo deputado federal Arthur Maia, dando nó em água para suportar os constantes comportamentos inadequados entre os parlamentares da oposição.
Editorial: Zanin, o conservador?
Vencidas essas dificuldades iniciais, o ex-advogado de Lula foi eleito para a Suprema Corte sem maiores problemas. Naquele momento, passou quase despercebida uma manifestação do pastor Silas Malafaia, depois de um encontro com o então pretendente ao STF, onde o pastor tecia loas ao candidato, a partir de algumas considerações sobre princípios pétreos para os evangélicos. Salvo melhor juízo, até a senadora Damares acompanhou tal entusiasmo, embora nada disso tenha ofuscado o apoio irrestrito da esquerda, mesmo diante de um ambiente politicamente tão polarizado.
As duas últimas votações de Zanin - envolvendo temas polêmicos, como a descriminalização do porte de drogas - deixaram alas de esquerda de queixo caído pelo seu conservadorismo. O voto do ministro Cristiano Zanin, destoou, inclusive, do voto de uma maioria de membros daquela Corte. Assim, Zanin sofreu um verdadeiro massacre pelas redes sociais, mas, a rigor, um pouco de agudeza, poderia pressupor que alguém que recebe as bençãos de Silas Malafaia não se pronunciaria em contrário a esses temas nevrálgicos.
Editorial: A esquerda "Pé na Jaca" de Pernambuco.
Pernambuco sempre deu uma grande contribuição ao folclore político nacional. Nas décadas de 30\40 do século passado, por exemplo, tínhamos aqui na província uma raposa política que deixou reflexões emblemáticas sobre o exercicio ou arte do fazer política, como o ex-governador e ex-interventor Agamenon Magalhães. Em períodos de ambientes políticos igualmente nublados, como o pós-1964, figuras como a do governador biônico Paulo Guerra também deixaram suas contribuições ao folclore político pernambucano, ao cunhar expressões das mais realísticas sobre o nosso cotidiano.
O ex-governador pernambucano - ungido ao cargo pelos militares em razão de sua origem social e ligações com as tessituras golpistas de então - observava que, em política, não existem as palavras "nunca" nem "jamais", quando se referia aos arranjos ou acordos políticos quase impossíveis de serem explicados pelo caminho da racionalidade ou da coerência ideológica. Ou seja, estávamos tratando aqui de acordos celebrados apenas em razão dos interesses pessoais - não necessariamente de caráter republicanos - entre os atores políticos.
O ex-governador Eduardo Campos, neto de Miguel Arraes, acabou evidenciando que a tese de Paulo Guerra fazia todo sentido, ao homenageá-lo com o nome do Hospital da Restauração, que passou a ser denominado de Hospital da Restauração Governador Paulo Guerra. Ao longo do tempo, revelações históricas iriam demonstrar que ele não caiu nas graças dos militares apenas pelo seu paladar açucarado, uma vez que pertencia à chamada açucarocracia pernambucana. O que não há mais como saber é se o ex-governador Eduardo Campos conhecia esses fatos.
O Brasil como um todo, mas Pernambuco em particular, é marcado por uma ambiente político visceralmente fisiológico, patrimonialista, orientado por interesses familiares ou de grupelhos a eles consorciados, naquilo que o cientista político Edward Benfield definiu muito bem em tratado como o familismo amoral. O estudo de Benfield - frequentemente convidado a visitar o nosso estado por este editor - foi realizado numa aldeia da Itália, mas cai como uma luva se desejarmos entender a dinâmica do nosso ambiente político provinciano.
522 anos depois do descobrimento, nas últimas eleições estaduais, os eleitores pernambucanos tiveram como opção eleger para o Governo do Estado rebentos ou herdeiros de três grandes estruturas oligárquicas\familiares, com décadas de atuação política. Nossa dita "esquerda", com raríssimas e honrosas exceções, por osmose, acabou se adaptando demasiadamente a tal ambiente político, e passou a arientar-se por interesses particularistas, fisiológicos, fazendo jus à identificação de uma esquerda do tipo caviar, carnavalesca, que negocia seus princípios pelas prependas oferecidas por essas oligarquias, fazendo vistas grossas às injustiças cometidas no plano dos indivíduos subjugados e difamados em razão do delito de opinião e coisas do gênero.
Como se já não bastassem os cargos ocupados em instituições federais com representação no Estado, alguns dos seus ilustres representantes já estão coxeando o alambrado do Palácio do Campo das Princesas, à procura de espaço para acomodar seus apaninguados. O pior é que esses atores ungidos assumem esses cargos sem nunhum projeto em mente, cumprindo apenas os ritos comezinhos e auferindo os dividendos e liturgias do cargo, representando, em última análise, um grande prejuízo para a mais-valia pública. Isso para não entrarmos aqui nas outras possibilidades, menos republicanas ainda.
A despeito das narrativas e lacrações conhecidas, eles se assemelham bastante às mesmas práticas condenadas nos adversários políticos. A expressão usada por um amigo, Esqueda Pé na Jaca, se aplica perfeitamente a tal contexto, determinando o DNA ou perfil de nossa esquerda festiva, movida unicamente por interesses pessoais, que abandonou completamente os projetos coletivos. Mais grave é que ainda usam, em vão, o nome do autêntico educador pernambucano Paulo Freire para se escudarem em relação a essas críticas. Tenham pelo menos a decência de permitir um pouco de paz ao educador do país de Casa Amarela. É injusto que ele seja usado, literalmente, como escudo de proteção ética para pessoas sem escrúpulos, guiados por motivações vis, travestidos de bons samaritanos.
Aliás, o termo "travestidos" se aplica perfeitamente a alguns desses atores, pois, assim como as Dianas de Pastoril - com todo o respeito que as Dianas merecem deste editor - eles usam sempre vestes de duas cores e são passíveis de mudarem de lado a qualquer momento, consoante as nuvens políticas sinalizem alguma mudança. A coisa é tão asquerosa e abjeta que, se porventura os militares voltassem ao pode através de um golpe de Estado, no outro dia haveria uma fila de lambedores de botas para recebê-los, com honras, em algumas repartições públicas.
Editorial: STF pede explicações a Tarcísio de Freitas sobre homenagem a Erasmo Dias.
Nos últimos anos, depois do advento do bolsonarismo, o Brasil tornou-se um país perigoso. Na realidade, conforme já comentamos em outros momentos, o bolsonarismo foi apenas o gatilho que disparou tudo que temos de mais perverso em nossa formação histórica, ou seja, uma junção de autoritarismo, racismo estrutural, desigualdades sociais e a cultura do genocídio contra minorias. O retrocesso civilitário foi imenso e pagamos as consequências até os dias de hoje. Por vezes, a ponta do iceberg aparece mais nítida, como se percebe no desvelamento das tessituras golpistas que foram montadas para solapar as nossas instituições democráticas. Tudo muito bem urdido, com ações de alta periculosidade,incluindo, inclusive, o planejamento de atentados terroristas que, por muito pouco, não se materializaram.
Por vezes, os estertores desse ambiente nefasto aparece de forma mais sutil, como nas homenagens a próceres atores que estiveram no epicentro dos horrores praticados durante a ditadura instaurada no país com o Golpe-Civil Militar de 1964. No dia de ontem, dando aqui mais um exemplo, a Câmara do Município de Porto Alegre instituiu o dia 08 de janeiro como o Dia do Patriota. Em São Paulo, sob os auspícios de um governador forjado no bolsonarismo, essas atitudes se tornaram recorrentes. Ele já homenageou o bandeirante Fernão Dias - preterindo o educador Paulo Freire -e, agora, o coronel Eramso Dias, o que causou grande indignação entre entidades da sociedade civil, que entraram com uma ação junto ao STF pedindo a revogação da homenagem.
A Ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármem Lúcia, deu cinco dias para o governador explicar tal homenagem. Este editor gostaria muito de conhecer os "argumentos" de sua assessoria jurídica. Numa sessão da Câmara dos Deputados, durante os trabalhos da CPI do MST, o relator, Ricardo Salles, tentou indispor o general Gonçalves Dias com os seus pares, ao inquiri-lo sobre o que ele pensava sobre o Golpe Civil-Militar de 1964. Como estamos numa guerra de narrativas, eles também possuem a deles.
Editorial: Republicanos recusa butim do Planalto.
Ocorre, porém, que o partido deseja muito mais do que o Ministério dos Esportes e as negociações com o Governo Lula estão em standy by. Agora é aguardar o retorno do morubixaba petista de sua viagem ao continente africano e voltarem à mesa de negociações. As conversas com os Progressistas teriam avançado mais em razão das iniciativas dos parlamentares da legenda, contando ou não com o sinal verde dos caciques. Aliás, em alguns momentos, fica evidente que os caciques não endossam a postura dos subordinados, como é o caso do senador Ciro Nogueira(PP-PI), que permanece com seus posicionamentos críticos em relação ao Governo.
Os Republicanos possuem uma bancada federal com mais de quarenta parlamentares e, certamente, vão vender caro um eventual ingresso na base de sustentação do Governo Lula. Diretorias da Caixa Econômica e até do Banco do Brasil entraram na negociação, mas foram recusadas.
sexta-feira, 25 de agosto de 2023
Editorial: E o Mauro Cid não falou.
No dia de ontem, durante os trabalhos da comissão que investiga os atos de 08 de janeiro, instaurada no Distrito Federal, formou-se uma grande expectativa em torno da convocação do ex-ajudante de ordens da Presidência da República, o tenente-coronel Mauro Cid. As expectativas se davam em razão da mudança de estratégia de sua defesa, que esboçou uma narrativa de que o ex-ajudante de ordens apenas cumpria ordens, ou seja, se o militar se envolveu em alguma irregularidade, seus superiores devem ser responsabiizados igualmente.
Mas, por alguma razão, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro resolveu permanecer em silêncio. Salvo melhor juízo, o mesmo deve ocorrer quando de sua reconvocação pela Câmara Federal, quando dos trabalhos de comissão similiar, que investiga o mesmo objeto, os atos antidemocráticos do dia 08 de janeiro. A frustração, então, será generalizada. Para completar esse enredo macabro, só mesmo a instituição do dia 08 de janeiro como o Dia do Patriota, em ato da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Quando a gente pensa que já viu de tudo...
Todos nós cometemos alguns erros de avaliação neste plano terrestre. Tais erros nos auxiliam a termos mais cuidados ao fazer nossas escolhas ou tomar decisões. Segundo podemos apurar, o tenente-coronel Mauro Cid construiu uma carreira brilhante nas Forças Armadas Brasileiras, se destacando como aluno ou instrutor nos diversos cursos que participou. Um exemplo para a corporação militar. Foi envolvido, no entanto, nesta gosma bolsonarista ensandecida que tomou conta do país. Há rumores de que o militar possa ir para o barro. Seria uma desonra para alguém com um currículo tão brilhante.
Editorial: Vão bloquear os PIXES de Bolsonaro?
Segundo informações divulgadas no dia de ontem, a Polícia Federal objetiva solicitar ao Supremo Tribunal Federal uma espécie de bloqueio dos valores dos PIXES enviados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Desejam realizar um pente-fino sobre as pessoas físicas que encaminharam doações ao ex-presidente usando tal expediente. De fato, os números são impressionantes. Estima-se que o presidente tenha amealhado a bagatela de mais de R$ 17 milhões de reais através da vaquinha.
A chiadeira nas hostes bolsonaristas são evidentes. O ex-presidente é apresentado como um coitadinho que está sendo perseguido, injustamente, por uma polícia política de uma ditadura instaurada no país, nos moldes da Venezuela. Essa narrativa vem assumindo contornos preocupantes nas falas dos parlamentares de oposição. Não é nosso propósito alimentar essa polêmica por aqui, posto que inútil, uma vez que a força dos argumentos são solapados pela bílis da ira ideológica.
A Polícia Federal levanta algumas suspeitas sobre essas doações. É tido como certo que o STF delibere favoravelmente sobre o pedido da Polícia Federal. Há motivos robustos para interrogações em torno do assunto. No dia ontem, em depoimento da CPMI dos Atos Antidemocráticos, um ex-assessor da presidência do Governo Jair Bolsonato enrolou-se completamente ao tentar explicar como milhões foram movimentados em suas transações bancárias. Neste caso em particular, a conta não bate. A impressão final é a de que nem ele mesmo ficou convencido sobre tais explicações. A engrenagem é de uma perversão sem tamanho com recursos público. Envolve verbas liberadas de licitações para a CODEVASF, que foram parar em madeireiras, que movimentaram milhões, mesmo com orçamentos minguados. Os estertores fedem e a PF já deve ter detectado o odor.
Editorial: A insegurança de Lula
Os problemas relativos ao aparelhamento bolsonarista dos órgãos de segurança e inteligência do Estado permanecem, mesmo com o Governo Lula concebendo ou partindo da premissa sobre a necessidade absoluta de promover uma reestruração radical nesses órgãos. Várias medidas foram tomadas, é verdade, mas perece-nos, pelo andar da carraugem política, que ainda foram insuficientes. Não faz muito tempo, divulgou-se que dados sigilosos sobre a segurança do presidente poderiam ter sido encaminhados a atores proeminentes do governo anterior. Com que propósito? Bastante preocupante.
Outro dia vazou pelas redes sociais uma foto com um suposto segurança de Lula portando uma submetralhadora. A repercussão negativa, como seria previsto, foi bastane explorada pelas hordas de bolsonaristas, que logo advogaram que o presidente defendia uma coisa em público - como a restrição à liberação do porte de armas - e faria outra no particular, ou seja, seus seguranças andavam armadas até os dentes. Aqui a questão é apenas de retórica, bravatas ou narrativas.
Agora a Polícia Federal descobre, pasmém, que um dos seus seguranças participava de grupos de Zap favoráveis à tentativa do golpe de 08 de janeiro. Como já afirmamos antes, neste aspecto, todas as medidas de segurança são insuficientes. Para agravar ainda mais a situação, já se sabe que Militares e a Polícia Federal não se bicam em relação a essa questão. Alguém precica arbitrar imediatamentes essas indisposições. Só faltava essa. Bolsonaristas radicais participando da segurança do presidente Lula.É grave. Informamos que a pessoa que aparece na foto acima é apenas para ilustrar a questão da arma por ele portada. Desconnhecemos quem seja o agente da segurança de Lula que caiu na malha da PF.