À época em que a comandava o GSI, a ABIN era um órgão subordinado ao general Augusto Heleno. É neste contexto que ele pretende ser ouvido pela Polícia Federal, que investiga atividades ilegais de contra-inteligência naquele órgão, numa estrutura supostamente montada pelo bolsonaristas, com o objetivo de monitorar os movimentos dos adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro. As investigações avançam e, na medida em que tais investigações avançam, algumas cabeças estão rolando, conforme enfatizamos mais cedo. Uma assepcia necessária, com o propósito de devolver a agência a execução de suas funções precípuas legais, republicanas, ou seja, de órgão de Estado.
Fiel escudeiro do ex-presidente Jair Bolsonaro, comandante do GSI, sugere-se que a Polícia Federal tenha elementos para supor que o general tenha algum conhecimento sobre a tal ABIN paralela. Oitivas e investigações poderão ajudar a PF a tirar suas conclusões. Vamos aguardar antes dos julgamentos precipitados. O Governo Lula precisar cercar-se de todos os cuidados ao caminhar nesse campo minado deixado como herança nefasta do bolsonarismo. Alguns órgãos estão completamente bichados, principalmente aqueles que lidam com segurança e inteligência de Estado.
As falas mais recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugere que ele começa a dimensionar corretamente o que, de fato, representou como dano instituconal tal experiência nefasta do bolsonarismo. Sua verdadeira cruzada no sentido de apear o grupo da gestão da maior capital do país, São Paulo, talvez seja um bom indicador. Ali o morubixaba petista joga todas as fichas na eleição do companheiro Guilherme Boulos. Lula considera aquela eleição um terceiro turno das últimas eleições presidenciais.
O general Heleno foi ouvido durante os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito criada para investigar a tentativa de golpe do 08 de janeiro. Pode-se dizer que se saiu muito bem, a despeito das indisposições com a relatora da comissão, a senadora Eliziane Gama, do PSD do Maranhão. Foi muito bem orientado pelos seus advogados, que também deve acompnahá-lo por ocasião da oitiva na Polícia Federal.