Houve um tempo em que as delações premiadas eram bastante festejadas. Uma determinada operação, que adotou procedimentos ilegais - onde se arrancava sob torturas medievais tais delações - acabou por desmoralizar tal procedimento. Até mesmo a delação premiada de um ex-auxiliar de ordens do Governo Bolsonaro acabou por cair no descrédito popular, apesar das revelações comprometedoras. A anunciada delação premiada de um dos envolvidos no assassinato da vereadora Marielle Franco e o seu motorista, Anderson Gomes, no entanto, voltou a causar aquele frisson em amplos setores da sociedade brasileira, principalmente entre os setores mais progressistas, que há muito tempo reclamava de uma elucidação completa do crime.
A pergunta que não queria calar, quem mandou matar Marielle?, finalmente, poderia ser esclarecida. Mas, logo em seguida, começaram a surgir as ponderações em torno do assunto. A Polícia Federal não confirmou tal delação; Os advogados de Ronnie Lessa, abandoram sua defesa; E o Ministro da Justiça, Flávio Dino, que teria todo o interesse do mundo em confirmar que o caso estava, finalmente escalrecido, sugeriu que o caso ainda está em andamento.
A banda institucional da Polícia Civil carioca - nesses tempos bicudos, se impõe fazermos tal distinção sempre que abordarmos tal assunto - chegou ao nome do ex-militar Ronnie Lessa, como executor do crime, depois de um amplo e primoroso trabalho de investigação. Tratava-se de um crime cometido com alto índice de complexidade, envolvendo o uso de armas sofisticadas. À época se concluiu que apenas dois executores reuniriam as habilidades técnicas suficientes para executar o crime com aquela precisão: Adriano da Nóbrega e Ronnie Lessa, que, já então, expulsos da corporação policial, atuavam no submundo miliciano. Como, naquele momento, Adriano da Nóbrega atuava noutro "serviço", restou centrar esforços sobre o nome de Ronnie Lessa. A delação premiada de Élcio de Queiroz, que diria o carro, praticamente selou o destino de Ronnie Lessa como executor do crime.
Roniee Lessa acusa Domingos Brasão de ser um dos responsáveis pela ordem de mandar matar Marielle. Existiriam outro mandantes, então? As eventuais delcarações do ex-militar Ronnie Lessa confirmam boa parte do enredo envolvendo as motivações do crime. As indisposições de grupos milicianos com o trabalho desenvolvido pela vereadora, também assessora do então Deputado Estadual, Marcelo Freixo. Haveria uma rixa pessoal entre Domingos Brasão e Marcelo Freixo, a partir de uma CPI sobre a atuação de grupos milicianos no Estado do Rio de Janeiro. Acomodado numa poltrona do Tribunal de Contas do Estado, na condição de conselheiro, Domingos Brasão conta com forum priviliado. Nos resta aguardar os desdobramentos.
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