pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
Powered By Blogger

quinta-feira, 14 de abril de 2022

Editorial: A reação de João Dória


As duas pesquisas de intenção de voto mais recentes foram as realizadas pelo IPESPE, circunscrita ao Estado de São Paulo, e a do PoderData, com cobertura nacional. A primeira abre algumas credenciais para o ex-governador João Dória(PSDB-SP) colocar na mesa das negociações em torno de uma decisão conjunta, de uma candidatura presidencial, pela terceira via, a ser tomada pela frente formada pelos partidos União Brasil, PSDB, MDB e Cidadania. Tucanos do bico fino e de alta plumagem estão decididos a apoiarem o nome do ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite(PSDB-RS), mesmo que ele seja o vice da senadora Simone Tebet(MDB-MS). 

Isto é o que dizem as nuvens neste momento, para usarmos a metáfora da raposa mineira Magalhães Pinto. Na pesquisa do IPESPE ele aparece com 6% das intenções de voto em São Paulo - como dissemos no início, sobre o universo da pesquisa - de onde pode-se concluir, quem sabe, que ele seja um dos herdeiros dos votos do ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro. Hoje, 14, ele anunciou que terá,ainda como trunfo, um cabo eleitoral de peso, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso(PSDB_SP), que, em alguns momentos, já foi unanimidade no ninho tucano. Hoje, não se sabe o tamanho exato do seu exército. 

No plano nacional, a pesquisa do Poderdata é mais uma ducha de água fria nos planos da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), que já passou a admitir uma luta renhida nas eleiçõe de 2022. Numa escala crescente de recuperação nas pesquisas de intenção de voto, o presidente Jair Bolsonaro(PL) reduz ainda mais a diferença entre ambos, que caiu para 5 pontos percentuais. Lula crava 40%, Jair Bolsonaro 35%. Neste ritmo de recuperação, não seria supreendente que, nos próximos meses, apesar dos problemas inerentes à inflação em alta, Jair Bolsonaro possa superar Lula. 

Pode ser Lula que tenha que recuperar o prejuízo, a partir do segundo semestre, equilibrando o jogo em outubro. Seus estrategistas de campanha já o aconselharam a parar de falar da classe média, da elite, dos militares e centrar fogo na carestia, na alta dos preços, no desemprego. A tomate e a cenoura podem ter um peso maior junto ao eleitorado do que o viagra e o leite condensado, se é que vocês me entendem. É curioso que, mesmo diante dos preços em alta, o presidente Jair Bolsonaro continue recuperando alguns pontos preciosos, capaz de equilibrar um jogo antes bem mais favorável ao petista. Os institutos de pesquisa precisam ter uma explicação para este fenômeno.  

segunda-feira, 11 de abril de 2022

Editorial: Enquanto Haddad dá um banho, Bolsonaro encosta em Lula em São Paulo, acusa IPESPE.



As eleições em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, costumam ser bastante equilibradas, daí se entender que não seria prudente comemorar com muito entusiasmo esta liderança ostentada pelo candidato do PT ao Governo do Estado, Fernando Haddad. Mas também não queremos aqui aventar a possibilidade de um malogro petista na reta final, para não atrair a ira dos militantes, que estão demonizando o senador Randolfo Rodrigues, da Rede, que levantou essa hipótese em relação ao candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), diante da reação do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto. 

Em princípio, há de se entender que o PT nunca teve vida fácil naquela praça. Todas as vitórias eleitorais ali obtidas foram a partir de lutas renhidas, com arranjos inusitadas, ao apagar das luzes, já na prorrogação do segundo tempo,digo, turno. Como se trata da vitrine mais importante do país, não cessam de ser divulgadas pesquisas de intenção de voto sobre aquela quadra específica. Ali, por exemplo, já se sabe até mesmo a capacidade física - e eleitoral - de Lula em carregar o andor. Aqui na província pernambucana este dado ainda é uma grande incógnita, apesar de sua popularidade e boa intenção de voto. 

Mas, convém não esquecer, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Aqui em Pernambuco, mesmo não estando no mesmo palanque, Lula pode ajudar muito mais Marília a se eleger do que o candidato socialista, Danilo Cabral(PSB-PE), embora seja ele o candidato ao Governo do Estado com o qual assumiu o compromisso de apoiar. Por isso seria de fundamental importância desvendar esse inigma eleitoral. Em São Paulo, a ajuda é recíproca. Tanto Lula ajuda Haddad, quanto Haddad ajuda Lula, o que se constitui num alento para a campanha presidencial petista. 

O ex-governador Geraldo Alckmin, candidato a vice na chapa de Lula, também cumpre um papel estratégico, posto que possui um eleitoraldo conservador consolidado, quem sabe, impedindo o assédio do candidato do Planalto sobre tais redutos eleitorais, o ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Por outro lado, como não há nada ruim ( como as últimas infelizes declarações ) que não possa piorar, há dois indicadores que devem preocupar o petista. Em princípio, pelos escores de ambos, sua capacidade de transferência de votos para o pupilo Haddad pode ter encostado no teto, enquando Bolsonaro pode melhorar sensivelmente os escores de seu candidato, Tarcísio de Freitas. Outra dor de cabeça é que a pesquisa do IPESPE, no plano nacional, aponta praticamente um empate técnico entre Lula e Bolsonaro: 34% a 30%. Para o Governo do Estado de São Paulo, os números são estes:  


Fernando Haddad 29%

Márcio França 19%

Tarcísio de Freitas 13%

Garcia 5%

domingo, 10 de abril de 2022

Pinga Fogo: Ciro pode ser o nome presidencial de Kassab?

 


É o que vem se especulando pelas editorias de política em todo o país. O próprio presidente do PDT, Carlos Lupi, confirma que há interesse da legenda em formalizar uma aliança com o PSD de Gilberto Kassab. Em Estados como Rio de Janeiro e Minas Gerais estas negociações estão bastante avançadas,o que emite indicadores de uma aproximação mais efetiva no plano nacional. Na Bahia, Ciro aliou-se ao União Brasil. Não se sabe se o PSD vai junto, depois de uma tentativa frustrada de Lula em costurar uma aliança com a legenda, visando as eleições para o Governo daquele Estado. Vamos aguardar. Afinal, Kassab não tem muitos pretendentes, depois das desistências de Rodrigo Pacheco e Eduardo Leite. 

Como era a produção do açúcar nos engenhos nordestinos.

Editorial: Ciro Gomes come o mingau quente pelas beiradas



Embora do mesmo partido, há evidentes divergência de projetos entre Luciano Bivar e ACM Neto. Enquanto o primeiro alimenta projetos nacionais, ACM Neto só tem olhos para o seu Estado, a Bahia, onde pretende retomar o controle do poder político, nas mãos do PT há 16 anos. Os grandes oligarcas do MDB já se manifestam contra as articulações do partido em torno da candidatura própria da senadora Simone Tebet(MDB-MS), através de uma aliança política que envolve, além de setores do próprio MDB, o União Brasil, o PSDB e o Cidadania. Não chega a ser surpresa essa reação da velha guarda da mangueira emedebista, alguns deles já comprometidos com a candidatua de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. 

Confusão de um lado, confusão do outro no plano nacional, o candidato do PDT, Ciro Gomes, resolveu comer o mingau quente pelas beiradas, como se diz no Nordeste, para não queimar a língua, como se isso fosse possível em se tratando de Ciro Gomes. A desistência de Sérgio Moro deve ter injetado algum ânimo na candidatura do pedetista, mas é preciso observar que ele não herdou as intenções de voto no ex-juiz da Lava-Jato. Quem somou quatro pontos preciosos em suas intenções de voto foi o presidente Jair Bolsonaro(PL). 

Em todo caso, vale a estratégia adotada, pois, como diz Carlos Lupi, Presidente Nacional do PDT, isso amplia sua capilaridade política. Neste sentido, ele já fechou um acordo para apoiar o nome de ACM Neto como candidato ao Governo do Estado da Bahia; costura um acordo com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes(PSD-RJ); tem mantido conversas com Ronaldo Caiado(UB-GO), em Goiás; O União Brasil e o PSD de Gilberto Kassab parecem ser seus alvos principais, embora, oficialmente, no plano nacional, ele não seria o nome que Gilberto Kassab procura para chamar de seu candidato presidencial.

A essa altura do jogo das eleições presidenciais de 2022, a ideologia política parece ter perdido espaço para o pragmatismo político. Lula, por exemplo, enfrentou forte resistância de setores do partido para emplacar o nome de Geraldo Alckmin(PSB-SP) como candidato a vice em sua chapa. Alckmin nunca vestiu um figurino de esquerda. É um estranho no ninho petista e jamais será bem digerido pelos grupos históricos da legenda. Diante desses fatos, o que dizer dessas andanças de Ciro Gomes com essa gente? Quem atira a primeira pedra?    

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 9 de abril de 2022

Macumba - o que há num nome?

Quilombos - A luta de resistência dos povos negros escravizados

Editorial: Um eleitor chamado inflação.



A alta dos preços dos alimentos, neste momento, é o maior problema enfrentado pelo presidente Jair Bolsonaro(PL) em seu projeto de reeleição. Não sei se o seu staff de campanha estaria avaliando corretamente a situação, mas é um fato que a inflação pode se constituir numa grande dor de cabeça para a sua campanha, ao corroer o poder de compra dos mais pobres e da classe média. Com absoluta razão, o economista Roberto Campos afirmava que a parte mais sensível do ser humano é o bolso. Dos eleitores também. Os apoios recebidos com a distribuição do um Auxílio Emergencial podem ser transformados num malogro caso a alto dos preços não seja contida.  

Lula, seu principal concorrente, já atingiu o seu teto, algo em torno de 44% das intenções de voto, enquando o presidente Jair Bolsonaro, a cada nova pesquisa, emite sinais de recuperação, diminuindo sua diferença em relação ao primeiro colocado. O fato, seria de supor, tem sido bastante comemorado pelo Palácio do Planalto. Para complicar ainda mais o cenário da oposição, Lula, depois das estocadas, passou a não conter a língua e fazer declarações infelizes, como esta sobre o aborto, indispondo-o mais ainda com um eleitorado reticente ao seu nome, como os milhões de eleitores evangélicos. 

Alguns petistas mais ponderados consideram que a situação fugiu um pouco ao controle. A metralhadora verbal precisa ser contida. Numa única rajada, Lula disparou contra a classe média amostrada, a elite escravagista. Sobrou até para Deus, acusado de ser petista. No caso de Bolsonaro, apesar da boa performance que ele vem obtendo  nas últimas pesquisas, há uma nuvem negra da alta dos preços no seu céu de brigadeiro. Sobre o assunto, convém nunca esquecer uma observação do cientista político pernambucano, Antonio Lavareda, do IPESPE, advertindo que nenhum governo no mundo deixa de ser afetado pela alta dos preços.

Para alguns setores do Partido dos Trabalhadores, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi bastante infeliz em suas últimas declarações. Fazer afagos em sua base de sustentação histórica não seria o mais prudente neste momento. É o que se supôs de suas delcarações mais recentes sobre o aborto. Ele precisa avançar, isso sim, nos redutos da situação, ou seja, em setores do eleitorado que possam desequilibar o jogo em seu favor ou conter a sangria do avanço do seu principal oponente. Seus equívocos, possivelmente, podem ser atribúidos às pressões que ele vem sofrendo nos últimos dias. 

Charge! Duke via O Tempo

 


Charge! Via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 7 de abril de 2022

Editorial: A desistência de Moro foi o maior presente para Jair Bolsonaro



Bolsonaro vive um dos seus melhores momentos, seja em relação à avaliação do seu Governo, seja em relação à sua reação nas pesquisas de intenção de voto, o que, de certa forma, estão correlacionados. Para a alegria do Planalto e sua base aliada, a cada nova pesquisa ele amplia esses índices, encostando perigosamente em Lula. Já existem bolsonaristas prevendo que, em meados do ano, eles já estejam em empate técnico - numa avaliação ponderada - ou até mesmo superado o petista, numa avaliação mais otimista.

A última pesquisa IPESPE confirma essa tendência, indicando que ele vem acumulando alguns pontinhos importantes, de forma gradual e segura. Melhora na avaliação do Governo, melhora nos índices de avaliação da condução da política econômica e, consequentemente, melhora nos índices de intenção de voto, numa performance, segundo Antonio Lavareda, "vigorosa", num intervalo tão curto. Até este momento, a saída de Sérgio Moro do páreo foi o melhor presente que Bolsonaro poderia ter recebido. 

Por outro lado, na casa do adversário, todos brigam e ninguém tem razão. Lula tem sido chamado constantemente pelos correligionários para mudar sua postura, diante desses fatos adversos, tornando-se "plural', ampliando o diálogo com a Faria Lima e com o Beco da Fome, conforme sugestão do senador Randolfo Rodrigues, do seu staff de campanha. Ele parece ter despertado para o problema, mas entrou num terreno polêmico, como os conselhos dados à militância para ir às casas dos parlamentares ou assumir uma posição sobre o aborto legal, o que o aproxima dos grupos feministas, mas o demoniza junto aos setores evangélicos. 

Ouvido pela redação da revista Veja, o cientista político pernambucano, Antonio Lavareda, fez algumas observações sobre os resultados alcançados por Jair Bolsonaro, a partir dos indicadores revelados pela última pesquisa do seu Instituto, o IPESPE. Entre outras questões, ele observa - como já mencionado acima - que o maior presente para a candidatura de Jair Bolsonaro foi a desistência de Sérgio Moro em concorrer à Presidência da República. Bolsonaro herdou quatro pontinhos preciosos do ex-juiz nos seus índices de intenção de voto, o que não seria uma surpresa, se considerarmos que o eleitorado do ex-juiz teria uma identificação maior com o bolsonarismo.

Em momentos assim, sempre surgem propostas de uma grande união das forças do campo progressista. O PT tem uma enorme dificuldade em construir essa frente, em razão da premissa de que precisa ser o protagonista do processo. Quem tiver alguma dúvida sobre isso, pergunte ao finado Leonel Brizola ou a Ciro Gomes(PDT-CE). De fato o momento é delicado e já perdeu-se o primeiro round, ou seja, quando da migração de parlamentares por ocasião da janela partidária, quando uma esmagadora maioria de deputados filiarem-se aos partidos da base governista. Um indicador preocupante.   

Pinga Fogo: As falas polêmicas de Lula


O Partido dos Trabalhadores encontra-se rigorosamente cindido em relação a essas últimas falas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para uns, o aborto é um tema polêmico e não deveria ter sido tratado neste momento, sob pena de fornecer munição aos bolsonaristas, principalmete a sua base de apoio evangélica. Para outros, Lula precisava sair da inércia e ir para um enfrentamento mais incisivo com Bolsonaro, que cresce perigosamente nas pesquisas de intenção de voto. Com o gesto, Lula faz um afago em sua base histórica, quem sabe uma espécie de vaselina política para uma melhor recepção ao nome de Geraldo Alckmin. 

Pinga Fogo: O candidato de consenso sou eu mesmo



Ficamos aqui na expectativa para saber quem será o nome de consenso que deverá disputar a Presidência da República, indicado pela federação formada pelos partidos: União Brasil, Cidadania, MDB e PSDB. Segundo comenta-se nos escaninhos da política, até mesmo o Presidente Nacional do União Brasil, Luciano Bivar, já se apresenta como postulante. Para ele, o tal nome de consenso seria ele mesmo, o que significa dizer que teremos enormes dificuldades pela frente no que concerne à definição de tal nome de consenso nesta federação. Apostaria em Simone Tebet(MDB-MS), mas não será tarefa simples bater este martelo.  

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 4 de abril de 2022

Editorial: Randolfo Rodrigues sugere uma reação de Lula ao avanço do bolsonarismo.

 


Quando as coisas não vão bem, existem muitos culpados, já diziam os mais experientes. Essa premissa se aplica à campanha presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP). Interlocutores confiáveis estão se dirigindo ao mandachuva do PT no sentido de convencê-lo a adotar uma postura mais agressiva, consoante as dificuldades que sua campanha está enfrentando neste momento, onde se observa o avanço gradual e constante do adversário Jair Bolsonaro(PL). Isso em todas as frentes, ou seja, diminue sua diferença em relação ao oponente e vê crescer o número de parlamentares filiados aos partidos que lhes dão sustentação no Congresso, como o PL, o PP e os Republicanos.

Não faz muito tempo, Guilherme Boulos, Presidente Nacional do PSOL, alertou para os "perigos" relativos ao programa Auxílio Brasil, um programa emergencial do Governo Federal, destinado a distribuir um certo recurso financeiro a milhões de brasileiros pobres, majoritariamente localizados nas regiões Norte e Nordeste do país. Trata-se de um contingente expressivo, calculado em 38 milhões de pessoas, naquela faixa de renda não superior aos dois salários mínimos. Em última análise, são milhões de brasileiros e brasileiras com título de eleitores. Uma grande aposta do Governo no seu projeto de reeleição.  

As pesquisas de intenção de voto, realizadas logo em seguida à distribuição do Auxílio Brasil, indicaram que o presidente Bolsonaro vem melhorando sua popularidade junto a este segmento do eleitorado, o que confirma a preocupação do dirigente do PSOL. Havia, a princípio, uma identidade de classe e até regional desse eleitorado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), o que significa dizer que, logicamente, eleitores até então identificados com Lula poderiam estar migrando para o outro lado. 

Com a polarização em processo de consolidação e a desistência do ex-juiz Sérgio Moro em disputar a Presidência da República, não seria improvável que seus votos possam migrar para Jair Bolsonaro, já que ambos pertencem a mesma matriz ideológica. Sérgio Moro é cria do bolsonarismo e nunca escondeu isso de ninguém. A campanha eleitoral de Moro tinha, entre suas estratégias, penetrar nos redutos insatisfeitos do conservadorimo bolsonarista, como os evangélicos e gente do agronegócio. 

De acordo com o jornalista Thomas Traumann, em mais de um artigo para a revista Veja, a mãe de todas as pesquisas seria concluída com a janela partidária, uma vez que os políticos iriam migrar para o lado que pudesse significar sua sobrevivência política. Preocupa para os estrategistas da campanha de Lula a constatação de que os partidos que mais cresceram estão na base governista, ou seja, o PP,PL e Republicanos, que foram extremamente beneficiados com a janela partidária. Algum indicador aqui? Segundo Traumann, sim. Esses parlamentares acreditam concretamente numa possibilidade de vitória do presidente Jair Bolsonaro. É uma primeira vitória da base governista contra Lula. Mesmo se Lula vencer as eleições de outubro, enfrentará um congresso sensivelmente hostil. Como se sabe, tais conquistas não se deram por expedientes, digamos assim, necessariamente republicanos. Mas isso já é um outro debate. 

Neste caso, as forças do campo progressista acumularam mais um revés por aqui. O que fazer, então? O senador Randolfo Rodrigues, que assessora a campanha do petista, sugere que ele caia em campo, vá às ruas, converse com as pessoas, amplie o diálogo do chão da fábrica a Faria Lima. Converse com bancários e banqueiros, enfim, saia da inércia em que está metido, permitindo que o adversário conquiste espaços, reequilibrando as forças para o embate de outubro. O cientista político Felipe Nunes, diretor do Quaest\Genial, observava algo que poderia representar uma grande dor de cabeça para a campanha do petista, a partir de uma avaliação sobre a performance do presidente Jair Bolsonaro em dois dos três colégios eleitorais mais importantes do país: Rio de Janeiro e Minas Gerais. Ele não fazia, até então, referência ao caso de São Paulo, onde Jair Bolsonaro já aparece empatado com Lula, dentro da margem de erro, segundo a última pesquisa do Instituro Paraná Pesquisas. 

No Rio de Janeiro, o seu reduto eleitoral, o candidato do PL, Cláudio Castro,  lidera todas as pesquisas de intenção de voto até aqui realizadas, o que sugere não ser improvável que Jair Bolsonaro possa desequilibrar o jogo, hoje bastante equilibrado entre ambos. Em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, há evidentes afinidades entre o governador Romeu Zema, do Novo, que deve disputar a reeleição, e o  presidente Jair Bolsonaro.

domingo, 3 de abril de 2022

Pinga Fogo: O sonho acabou para Sérgio Moro.



Os principais caciques do União Brasil, Luciano Bivar e ACM Neto, acabam de lançar uma nota onde estabelecem que o projeto de Sérgio Moro na legenda está circunscrito ao Estado de São Paulo. Mesmo conhecendo essa realidade, o ex-juiz da Lava-Jato manteve as movimentações políticas como se ainda fosse um candidato presidencial às eleições de outubro, estabelecendo contatos com vários pretendentes ao Palácio do Planalto, situados na conformação da terceira via. O jogo político com essas raposas não é de brincadeira. Já antecipávamos esse desfecho. 

Editorial: Marília, a arengueira.



No site da revista Veja, uma longa matéria sobre a Deputada Federal Marília Arraes, recentemente filiada ao Solidariedade. Nas linhas da matéria, se sobressaem adjetivos como egoísta, personalista, desagregadora, arengueira. Nas entrelinhas, atribuídos às pessoas de sua convivência aqui no Estado e em seu antigo partido, o PT, observações duvidosas e, portanto, impublicáveis. Como este blog não é dedicado aos tititis, chama a nossa atenção na matéria três questões de natureza política. A primeira delas sugere que os problemas da sua indicação para concorrer ao Senado Federal na chapa da Frente Popular, como chegou a ser aventado aqui na província, de fato, haviam sido contornados, tendo o governador Paulo Câmara(PSB-PE), concordado em indicá-la ao cargo na chapa, mesmo diante das enormes dificuldades encontradas no contexto da família Campos e da Frente Popular, onde haviam vários postulantes à indicação. 

Marília nega que as costuras entre as duas legendas estivessem chegado nesse padrão de ajustamento político. A outra questão, já discutida aqui em outras oportunidades, é a explicação mais convincente para a sua boa performance nas primeiras pesquisas de intenção de voto para o Governo do Estado, depois de sair do PT e filiar-se ao Solidariedade. Somente boas pesquisas qualitativas poderiam explicar, com mais precisão, essa motivação do voto do eleitorado do Estado em Marília. 

Ela já vinha apresentando um bom desempenho nas pesquisas de intenção de voto para o Senado Federal, daí sua insistência pertinente em ser indicada ao cargo pelo PT, no contexto da Frente Popular. Tudo indica que ela conseguiu levar para a sua candidatuta ao Governo do Estado, a mesma tendência de voto, pois aparece liderando as pesquisas. A explicação dada por um professor da UFPE de que os seus atributos eleitorais estão relacionados à sua identificação ao PT é duvidosa. Ela é bem maior do que o PT em Pernambuco. Ela era a única alternativa para um grito de liberdade do partido, que se tornou um apêndice do PSB.

A última questão - que a revista sugere que está causando ruídos e desconfortos entre as duas legendas, o PSB e o PT - seria a insistência de Marília em associar o seu nome ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já assumiu o compromisso formal de carregar o andor do PSB no Estado. Apesar da admiração e respeito recíprocos, Lula não assumiu nenhum compromisso com Marília Arraes. Será o andar da carruagem político que deve ditar os apoios formais - e informais - das próximas eleições aqui no Estado. 


   

Editorial: Um imbróglio chamado terceira via



No atual contexto político das eleições presidenciais de outubro, a impressão que se passa é que a terceira via é mesmo um cadáver insepulto. Alguns analistas políticos já jogaram uma pá de cal no assunto, mas ainda existe um batalhão de candidaturas que tentam conquistar um lugar ao sol através do caminho de uma alternativa política à polarização representada pelas candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva,pelo PT, e Jair Bolsonaro, pelo PL, que tenta sua reeleição. O fato concreto é que, até o momento, nenhuma dessas candidaturas se mostraram viáveis eleitoralmente, nem mesmo a de Ciro Gomes, que já vem nessa peleja há algumas eleições. 

O ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro(União Brasil), vem fazendo um périplo, conversando com vários nomes que se identificam com este perfil, sempre com o propósito de construir uma alternativa de consenso que, preferencialmente, seria ele mesmo. Trata-se, naturalmente, de uma cruzada inglória, quando se sabe que ele encontra resistâncias dentro do próprio partido que acabou de filiar-se, o União Brasil. A melhor saída para ele seria abandonar esse seu projeto presidencial de uma vez e, humildemente, candidatar-se a uma vaga na Câmara Federal, o que garantiria o foro privilegiado para as investidas que deverá enfrentar a partir de janairo de 2023, seja lá quem for eleito Presidente da República Federativa do Brasil. 

O governador Eduardo Leite(PSDB-RS) tenta a sorte num arranjo político complexo, que depende de inúmeras variáveis, urdido por tucanos de alta plumagem, com o propósito de isolar João Dória(PSDB-SP) - o candidato "oficial" do partido - e viabilizá-lo como candidato presidencial pela legenda. Trabalham com o dispositivo da convenção partidária, que teria prerrogativas para reverter o resultado das prévias, onde Dória sagrou-se vitorioso. A ideia é que o nome de João Dória não seja posto na mesa de negociações políticas com os integrantes das legendas que tentam unir forças e apresentar um nome de consenso para a disputa presidencial.

Simone Tebet, do MDB, seria um bom nome - talvez o melhor deles - embora também não apareça bem nas pesquisas de intenção de voto - mas não conta com o apoio de vários coronéis da legenda do próprio MDB, então já comprometidos com a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), principalmente nas regiões Norte e Nordeste. A despeito desses problemas internos, ela continua no páreo e presente na mesa de negociações. Já se chegou a pensar, inclusive, numa chapa presidencial envolvendo o seu nome e o do governador gaúcho, Eduardo Leite. Vamos aguardar os próximos lances.    

Charge! Jean Galvão via Folha de Sãop Paulo

 


sábado, 2 de abril de 2022

Pinga Fogo: As incríveis movimentações políticas de Sérgio Moro



Não deixam de ser curiosas essas movimentações políticas do ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro, logo depois de anunciar sua filiação ao União Brasil,com o propósito de renunciar à sua candidatura à Presidência da República, optando por concorrer a uma vaga na Câmara Federal,pelo Estado de São Paulo. Esta foi a condição anunciada para que a sua ficha naquela agremiação política fosse abonada. Nos escaninhos da política, parece ter havido aqui um outro acordo celebrado entre atores políticos, certamente sem combinarem com o neto de Antonio Carlos Magalhães, o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, nada satisfeito com essa "desenvoltura" do ex-juiz. Vem rebordosa por aí. Podem esperar. 

Editorial: Finalmente, Moro parece ter feito uma avaliação correta de sua situação política. Será?



Acaba de ser divulgada uma pesquisa de intenção de voto, circunscrita ao Estado de São Paulo, realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, onde Lula aparece empatado com Jair Bolsonaro(PL), dentro da margem de erro do Instituto, ou seja, 2,3%. Lula crava 34,1% enquanto Bolsonaro aparece com 31%. O ex-juiz da Lava Jato desponta com 9% das intenções de voto para a Presidência da República - embora não seja mais candidato -, mas isso significa que poderá ser eleito com facilidade para Deputado Federal por aquele Estado, bem como se constituir num bom puxador de votos para a legenda União Brasil. 

Estes são os fatos. A "guerra" das eleições de outubro de 2022 começa a ser travada e sabemos que não será fácil para ninguém, tampouco para a Justiça Eleitoral, diante de tantos e indevidos questionamentos. Por enquanto, nenhuma alternativa da chamada terceira via tornou-se viável eleitoralmente, o que quer dizer que o embate deve mesmo se dar entre as candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. 

Neste contexto, a decisão do ex-juiz Sérgio Moro de abdicar de sua candidatura à Presidência da República, filiar-se ao União Brasil, com o propósito de candidatar-se a uma vaga à Câmara Federal pelo Estado de São Paulo, foi uma decisão das mais acertadas, uma vez que, seja quem for o eleito para a Presidência da República, sua vida não teria sossego sem um foro priviliegiado. Mesmo aqui, porém, o ex-juiz parece trocar os pés pelas mãos, ao tentar, quem sabe, dar uma de João Doria, com o seu salto duplo carpado mal-sucedido. 

Depois das mágoas dos antigos aliados do Podemos e a recepção no União Brasil - apenas na condição de uma candidatuta à Câmara Federal, como os novos aliados deixaram claro - eis que ele afirma que ainda não desistiu de seu projeto presidencial, possivelmente acreditando em alguma promessa vã de alguma liderança da legenda. Dos herdeiros do Carlismo certamente não foi. ACM Neto ficou bastante irritado com o pronunciamento do ex-juiz e já anunciou que irá usar seus dispositivos e prerrogativas dentro da nova legenda para pedir a impugnação de sua filiação. É mais provável que a turma dos panos mornos interceda e ele aceite que o projeto presidencial está enterrado. Pelo menos por enquanto.  

Pinga Fogo: O problema de Porto de Galinhas é a ausência de Estado.



Quando tenho a oportunidade de conhecer esses balneários turísticos, converso bastante com as pessoas locais para conhecer mais de perto cada realidade. Nesse caso, já podemos formar uma convicção a esse respeito. Em todos eles, já ouvimos relatos acerca da presença de facções criminosas que se dedicam ao comércio ilegal de drogas. Pipa, Canoa Quebrada, Porto de Galinhas. Jericoacoara talvez um pouco menos, em razão da logística e algumas medidas adotadas pelos comerciantes locais, como a resistência aos bancos 24 horas. Posso até estar equivocado em relação a este último balneário, mas é que quando o conheci estava mais preocupado com outras questões, como os Galos de Campina que nos acompanhavam nos cafés da manhã da pousada. Em todos esses balneários são comuns os relatos de que quem toma providências para evitar pequenos furtos e assaltos são os próprios traficantes locais, numa evidente transgressão legal e ausência da autoridade que deveria estar sendo exercida pelo aparelho de Estado. Esta situação surreal não poderia ser mantida por muito tempo. Em algum momento a  corda arrebentaria. Arrebentou. 

Pinga Fogo: As preocupações do ministro Edson Fachin com as eleições e a democracia.



Não retiro uma vírgula do pronunciamento recente do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, atualmente ocupando a Presidência do Tribunal Superior Eleitoral. O que ele afirmou a respeito das ameaças ao processo eleitoral, assim como em relação aos assédios de corte autoritários à democracia brasileira é algo que estamos acompanhando desde alguns ano atrás, quando essas ervas daninhas foram lançadas e continuam fazendo seus estragos nas lavouras da tolerância religiosa, de gênero, opção sexual; dos princípios basilares que regem um regime democrático e republicano, como, por exemplo,  autonomia dos três poderes; a observância do Estado Democrático de Direito; o respeito às regras do processo eleitoral. Não há dúvidas de que precisaremos de uma grande coragem cívica para evitarmos um retrocesso nesses dias bicudos que estamos vivendo.  

Pinga Fogo: A impugnação da filiação de Moro ao União Brasil



Outro dia escrevemos por aqui um editorial tratando dos inúmeros erros de avaliação cometidos pelo ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro. Imaginávamos que pudéssemos parar por ali, mas tudo nos levam a crer que esses erros de avaliação continuam sendo cometidos pelo juiz. Candidato à Presidência da República por um partido sem dinheiro e sem estrutura nos Estados, Sérgio Moro, em tese, teria desistido de suas pretenções para o Executivo Federal e optado por filiar-se ao União Brasil para tentar obter uma cadeira de Deputado Federal pelo Estado de São Paulo. Oficialmente, este foi o acordo anunciado. Quando do seu pronunciamento no ato de filiação, o ex-juiz reafirmou que não havia desistido de nada, o que causou uma grande perplexidade no grupo do morubixaba ACM Neto, que deve pedir a impugnação de sua filiação ao partido. 

Charge! Duke via OTempo

 


Charge! Via Folha de Sao Paulo!

 


sexta-feira, 1 de abril de 2022

Editorial: O duplo twist carpado de João Dória deu certo?

 


O salto duplo twist carpado do governador João Doria foi o assunto mais comentado no mundo político no dia de ontem. Ele mesmo admitiu tratar-se de uma manobra política com o propósito de arrancar da direção nacional dos tucanos um pronunciamento oficial acerca das prévias do partido, onde ele sagrou-se vencedor, derrotando o governador gaúcho Eduardo Leite(PSDB-RS). Havia uma manobra interna- conduzida por tucanos do bico fino e alta plumagem - com o propósito de não aceitarem os seus resultados e reverterem a situação em favor de Eduardo Leite na Convenção Nacional da legenda. Segundo dizem, haveria prerrogativas jurídicas para sustentar tal medida, indicando um outro nome que não o vencedor das prévias. Como sempre, em se tratando de tucanos, há controvérsias. 

Doria, sem exageros, chegou a falar que estava sendo vítima de um golpe. Como bom político, evitando se queimar antes do momento certo nessas disputas internas, Bruno Araújo(PSDB-PE), que preside a legenda no plano nacional, lavou as mãos, assim como Pôncio Pilatos. Até mais recentemente, o PSDB havia feito um esforço enorme para evitar que o governador gaúcho saísse da legenda. É quase certo que tenha acenado para uma eventual candidatura presidencial, mesmo sabendo do imbróglio que isso representaria, uma vez que tal intento ainda não havia sido combinado com João Doria,vencedor das prévias, mesmo diante das enormes dificuldades que uma provável candidatura presidencial pela terceira via representaria. 

Doria não vai bem. Doria, muito provavelmente, não irá bem, apesar do belo salto duplo twist carpado do dia ontem. Nas olimpíadas presidenciais, talvez ele não consiga nem uma medalha de bronze. Muito pouco  possível que ele consiga  constituir-se numa alternativa de terceira via competitiva. Não há alternativa viável de terceira via, muito menos esta que atende pelo nome de João Doria. Bons analistas políticos já admitem concretamente a impossibilidade de se quebrar essa polarização política capitaneada pelos candidatos Luiz Inácio Lula da Silva(PT) e Jair Bolsonaro(PL). A saíde do juiz Sérgio Moro do jogo mexe um pouco com o tabuleiro desse xadrez, mas nada que mude essa conformação.  

Empresário bem-sucedido, João Doria acabou trazendo alguns comportamentos do meio corporativo para o campo político, numa atitude bastante criticada pelo ex-governador Geraldo Alckmin(PSB-SP) um dos seus desafetos no ninho tucano, que acabou de deixar, para compor uma chapa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT). Não nos parece uma boa prática de Doria fazer essa transmutação automática do campo corporativo para o campo político,o que pode explicar algumas de sua atitudes amplamente rejeitadas pelos seus pares. Penso que Geraldo Alckmin(PSB-SP) foi preciso no seu diagnóstico. 

Soma-se a isso a relação que o eleitorado paulista mantém com o governador, uma relação que acena pela recusa em encampar o seu projeto presidencial. Pontualmente, até reconhece alguns dos seus méritos - como a sua elogiável conduta durante o enfrentamento da pandemia da Covid-19 - mas isso não se reflete em apoios efetivos, traduzidos em votos. Com este salto duplo carpado - apenas anunciado uma suposto recuo do seu projeto presidencial e a permanência no cargo - o seu vice, Rodrigo Garcia, entrou em pânico, ameaçando um possível processo de impeachment do governador paulista. 

O pânico tem uma explicação: ele não teria a menor chance se fosse carregado por João Doria(PSDB-SP). Ocupando o cargo, nesses nove meses, com a caneta na mão, ainda lhes resta alguma possibilidade. Fora do cargo e contando com o apoio do governador, suas chances ficariam reduzidas a quase zero, se considerarmos o rolo compressor das candidaturas de Fernando Haddad, pelo PT, e de Tarcísio Freitas, pelo PL, com o apoio do presidente Jair Baolsonaro(PL). São Paulo é o maior colégio eleitoral do país, um colégio importante para todos quantos tenham pretensões presidenciais. Era objetivo de Doria que o Estado lhes oferecesse a alavanca política para os seus projetos presidenciais. Por enquanto, isso não vem se configurando. 

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Marília Arraes desequilibra o jogo



Há bem pouco tempo, publicamos por aqui uma postagem sobre o cenário político pernambucano, onde apontávamos para uma provável liderança de duas mulheres na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas, nas próximas eleições de outubro. Por outro lado, em outra postagem, também deixávamos claro que uma chapa "Luluzinha", ou seja, composta pelas mulheres Marília Arraes(Solidariedade), Raquel Lyra(PSDB-PE) e Priscila Krause(Cidadania), lacrava as eleições de outubro. Essa composição até chegou a ser tentada, mas sem sucesso. 

Depois de enfrentar uma corrida de obstáculos no seu antigo partido, o PT, e no conjunto da Frente Popular, a Deputada Federal Marília Arraes, literalmente, chutou o pau da barraca e resolveu o impasse de uma maneira simples: usou de sua bravura conhecida e do seu capital político expressivo no Estado. O ato, em si, causou um grande desconforto em alguns atores políticos e, principalmente, desarranjou completamente o tabuleiro político no Estado. Na primeira pesquisa com ela já no jogo da disputa pelo Governo do Estado, deu-se o que este blog já havia antecipado, ou seja, ela passa liderar a corrida pelo Campo das Princesas, desbancando a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, do PSDB, que liderava todas as pesquisas realizadas até então.

Com percentuais parecidos, ela acaba levando para a disputa de um outro cargo, a mesma tendência de voto que possuía se viesse a disputar a vaga para o Senado Federal, indicando um eleitorado fiel, que segue com ela para qualquer disputa: de síndica de prédio à governadora do Estado. Este era um outro questionamento que faziamos pelo blog. Depois de dessa última pesquisa de intenção de voto publicada pelo blog do Magno Martins, uma pergunta se coloca como pertinente: O que explica essa performance de Marília Arraes? Somente boas pesquisas qualitativas poderiam, de fato, desvendar esse mistério. 

Antes dessas pesquisas serem realizadas, vamos considerar algumas possibilidades:Ela possui uma excelente penetração e densidade eleitoral na Região Metropolitana do Recife; Nos redutos interioranos, quem sabe o seu sobrenome "Arraes" poderia, ainda, gerar alguns dividendos eleitorais; e, aqui, vai um diagnóstico mais preciso deste humilde observador da nossa cena política local: Ela representa, como nenhum outro ator político, o sentimento  anti-PSB na política pernambucana. Nunhum outro ator político foi tão atingido pelas manobras dese grupo que detém o controle do poder no Estado há 16 anos.

Mantida tais condições, pelo andar da carruagem política, Marília não precisará fazer um grande esforço para ter o apoio do ex-presidente Lula, mesmo que informalmente, uma vez que o candidato socialista continua na rabeira das pesquisas. Não seria improvável que, ao longo da campanha, Lula deixasse o andor pelo caminho, alegando dificuldades, digamos assim, em razão de sua idade avançada. A entrada de Marília Arraes no jogo sucessório mexeu profundamente com o tabuleiro político local, tanto em relação à situação quanto em relação à oposição.