pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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terça-feira, 15 de abril de 2014

O efeito Rachel Sheherazade



 
 
JOSÉ LUIZ GOMES ESCREVE:

                                                               Em 1651, Thomas Hobbes escreveu um livro que se tornou um clássico entre os manuais de ciência política. O livro se tornaria uma das principais referências da chamada Teoria do Contrato Social. Escrito em meio ao caos provocado pela Guerra Civil Inglesa, O Leviatã se constitui numa antítese ao "Bellum ominium contra omnes", ou seja, a guerra dos homens contra os homens, também chamada pelo autor como estado de natureza.
                                               Nesse contexto, Hobbes propõe um governo central forte e eclesiástico, além de uma "sociedade", que pode ser traduzida como padrões civilizatórios de convivência, com direitos delegados ao Estado - que arbitraria os litígios - para que pudéssemos fugir da barbárie. Naturalmente, outras leituras são possíveis a partir do texto do autor inglês, inclusive no que concerne à constituição desse governo forte e eclesiástico, adjetivos que podem remeter às tendências de corte autocráticas e limitadoras das manifestações religiosas.
                                               Essa introdução vem a propósito do ainda recente pronunciamento da jornalista do SBT, Rachel Sheherazade, quando do episódio envolvendo aquele jovem negro espancado e amarrado em praça pública pela população no Rio de Janeiro. À época, em comentário no Jornal do SBT, a jornalista insinuou que a população estaria cansada de esperar uma providência do Estado e havia decidido, por conta própria, adotar tal medida punitiva ao suposto infrator. Pois bem. Logo em seguida - além da repercussão negativa produzida por sua fala, o que mobilizaria até mesmo entidades da sociedade civil organizada - surgiram uma série de atos do gênero - onde a população resolveu fazer "justiça" com as próprias mãos, em alguns casos, possivelmente, trucidando inocentes.
                                               Não foram poucos. Alguns deles bastante "festejado" pelas redes sociais. Lembro de um jovem que teve seus dedos decepados, outro de 17 anos que foi espancado até a morte. Todos jovens negros. É o que estamos denominando aqui de "Efeito Sheherazade". Indícios perigosos da volta do "estado de natureza" descrito por Hobbes, circunscritos – ainda bem - em alguns setores da população. Um quadro profundamente lamentável. O pior é que essas situações servem como fermento para alimentar a sanha de alguns irresponsáveis, que clamam pela volta de governos ditatoriais, abdicando do Estado Democrático de Direito, com argumentos insustentáveis, do tipo: "Tá com pena? Leva ele para casa".
                                               Embora tenha merecido as providenciais medidas de algumas entidades contra essa atitude – até certo ponto racista – a jornalista envolveu-se numa polêmica que contou – pasmem – com a solidariedade de alguns indivíduos, que a festejam – como já afirmamos – pelas redes sociais. Já li muitas manifestações de solidariedade a jornalista. Segundo consta, o Sistema Brasileiro de Televisão teria sido pressionado por patrocinadores no sentido de exonerar a jornalista dos seus quadros, o que não ocorreu. Seu patrão, Sílvio Santos, afirmou que não cederia às pressões. Embora tenha acatado a decisão de retirá-la dos comentários, irá mantê-la na emissora e no jornal.
                                               O que nos deixa profundamente preocupados, no entanto, é a ocorrência de situações congêneres àquela que ocorreu no Rio de Janeiro, um fenômeno que vem se verificando em todo o Brasil. Essas cenas são mostradas cotidianamente pelas redes sociais, com um número expressivo de “curtidas” e “compartilhamentos”. Mais do que a evidência de uma “patologia social”, estamos diante de uma situação  remissiva à subtração das liberdades individuais, do direito de defesa e julgamento, e a extrapolação de ações - constitucionalmente apenas facultadas ao Estado - como aplicação de penas aos cidadãos que desrespeitam as leis. Legalmente, inclusive, o país não tem pena de morte.  
                                               Aqui em Pernambuco, numa cidadezinha conhecida como Camaragibe – onde está sendo construída a cidade da Copa - foi assassinada, há alguns anos atrás, uma jovem conhecida como “Um real” – ela não tinha nome?  – numa referência ao que valor que ela cobrava pra fazer programas. Viciada em crack, talvez em função de dívidas com traficantes, a jovem foi morta a pauladas. Qual a sua idade? 12 anos. Perdi essa aula de psicologia, mas talvez ainda possamos enquadrá-la como uma criança. Esse caso nunca foi esclarecido, assim como outros tantos onde nunca se descobriu os verdadeiros assassinos.
                                               Está aqui uma evidência de que é preciso analisar essas situações com mais prudência, bom-senso, sensibilidade. No quadro de “um real”, todos temos nossa parcela de culpa. Falhou a Família, falhou a Igreja, a Escola, a sociedade, o Estado. Todos nós falhamos. Já ocorreram casos em que esses atos de “justiça com as próprias mãos” se mostraram equivocados. As vítimas eram inocentes.
                                               O “Ovo da Serpente”, então, é a tolerância ou permissividade à atitudes como a descrita, criando um ambiente perigosamente favorável ao totalitarismo e o endurecimento das ações do Estado no enfrentamento dessas situações. É interessante observar que as pessoas que defendem aqueles que praticam a “justiça com as próprias mãos” são, quase sempre, as mesmas que advogam a volta de regimes ditatoriais. Não deve ser por acaso.
                                              
                                  

Rede Globo investe contra os ditos blogs "sujos"



Em breve estaremos migrando para um site com estrutura um pouco melhor, mas deve dizer que, assim como ocorre com os demais blogs "sujos", o nosso também não conta com patrocínios oficiais, exceto a colaboração de alguns poucos amigos. Recentemente o ex-presidente Lula concedeu entrevista aos blogueiros. Tivemos a oportunidade de acompanhar uma boa parte dessa entrevista. Informalmente, Lula falou sobre muitas coisas, como a realização da copa, a economia do país, os seus governos, a reeleição de Dilma Rousseff. Eis que então, a famigerada Rede Globo resolve realizar uma entrevista com os blogueiros que participaram da entrevista, numa evidente tentativa de associá-los ao Governo, possivelmente insinuando o recebimento de algum benefício. Acabei de ler o desabafo do jornalista Rodrigo Viana, do "Escrevinhador", profundamente incomodado com o assédio das organizações dos Marinhos. Segundo o jornalista - que já trabalhou na emissora - ele tira dinheiro do próprio bolso para manter o blog. Muito interessante, na ausência de outro termo, essa investida da Rede Globo contra a blogosfera. Segundo informações do próprio Ridrigo Viana, já são 06 blogueiros processados por Ali Kamel, o diretor de jornalismo da emissora. Alguns deles vivem fazendo campanha nos seus blogs para pagarem os advogados de defesa. Em última análise, o que esses blogs estão fazendo é transmitir para o público uma outra informação, para além das famosas "edições" do jornalismo da emissora dos irmãos Marinhos. Isso deve estar incomodando profundamente. Aqui em Pernambuco, por exemplo, os jornais locais estão se transformando em verdadeiros panfletos de campahna de um certo candidato presidencial. Ai de nós se não tivéssemos outras fontes para nos informar. No final, Rodrigo Viana até se propõe a conceder a entrevista, desde de que a Rede Globo apresente a DARF de quitação de sua dívida ( acima de um bilhão de reais) com a Receita Federal. Muito justo. Justíssimo, como diria José Wilker, de saudosa memória.

Tá com pena? Leva ele para sua casa.É a volta do estado de natureza. Selvageria pura.



Em 1651 Thomas Hobbes escreveria um livro que se tornou um clássico entre os manuais de ciência política. O livro se tornaria uma das principais referências na chamada Teoria do Contrato Social. Escrito em meio ao caos provocado pela Guerra Civil Inglesa, o Leviatã se constitui numa antítese ao "Bellum ominium contra omnes", ou seja, a guerra dos homens contra os homens, também chamada pelo autor como estado de natureza. Neste contexto, Hobbes propõe um governo central forte e eclesiástico, além de uma "sociedade", que pode ser traduzida como padrões civilizatórios de convivência, com direitos delegados ao Estado - que arbitraria os litígios - para que pudéssemos fugir da babárie. Naturalmente, outras leituras são possíveis a partir do texto do autor inglês, inclusive no que concerne à constituição desse governo forte e eclesiástico, adjetivos que podem remeter à tendências autocráticas e limitadoras das manifestações religiosas. Essa introdução vem a propósito do ainda recente pronunciamento da jornalista do SBT, Rachel Sheherazade, quando do episódio envolvendo aquele jovem negro espancado e amarrado pela população no Rio de Janeiro. Pois bem. Logo em seguida - além da repercussão negativa produzida por sua fala - surgiram uma série de atos do gênero - onde a população resolveu fazer "justiça" com as próprias mãos, em alguns casos, possivelmente, trucidano inocentes. Não foram poucos. Alguns deles bastante "festejado" pelas redes sociais. Lembro de um jovem que teve seus dedos decepados, um outro de 17 anos que foi espancado até a morte. Todos jovens negros. É o que estamos denominando aqui de "Efeito Sheherazade". Indícios perigosos da volta do "estado de natureza" descrito por Hobbes. Um quadro profundamente lamentável. O pior é que essas situações servem como fermento para alimentar a sanha de alguns irresponsáveis, que clamam pela volta de governos ditatoriais, abdicando do Estado Democrático de Direito, com argumentos insustentáveis, do tipo: "Tá com pena? leva ele para a sua casa"

O politicídio contra o PT

 

O escritor e jornalista Bernardo Kucinski, autor do premiado 'K', enxerga uma mobilização em marcha para erradicar o PT da sociedade brasileira.

por: Saul Leblon

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A ideia de que só existe uma coisa a fazer em termos de política econômica– ‘a coisa certa’—é um daqueles  mantras com os quais o conservadorismo  elide as escolhas e conflitos inerentes à luta pelo desenvolvimento.

O ardil para desautorizar  a discussão do que importa –desenvolvimento para quem, desenvolvimento para o quê e desenvolvimento como?-- passa pela desqualificação moral do adversário.

A criminalização do agente contamina  sua agenda.

O escritor e jornalista Bernardo Kucinski –autor do premiado ‘K’, romance apontado como uma das grandes vozes do ciclo ditatorial brasileiro-- resgata o termo ‘politicídio’ para expressar o espanto com o que se passa no país.

Politicídio, grosso modo, é o extermínio de uma comunidade política.

Kucinski enxerga uma mobilização  em marcha  para exterminar o PT da sociedade brasileira, a começar pela sua presença no imaginário da população.

A aspiração  não é nova nas fileiras conservadoras. Em  2005, já se preconizava livrar  o país ‘ dessa raça pelos próximos trinta anos’.

Jorge Bornhausen, autor da frase, reúne credenciais  e determinação para  levar adiante seu intento. Hoje ele os exercita na articulação da campanha de Eduardo Campos e Marina Silva.

A verdadeira novidade  é a forma passiva como  um pedaço da própria intelectualidade progressista passou a reagir diante  dessa renovada determinação de exterminar o PT da vida política nacional.

Doze anos de presença do partido no aparelho de Estado, sem maioria no Congresso, por conta do estilhaçamento  intrínseco ao sistema político , explicam um pedaço do desencanto.

O ex-ministro Franklin Martins, em entrevista nesta página, resumiu  em uma frase  a raiz da desilusão: ‘o PT elege o presidente da República há três eleições e não elege 20% dos deputados federais (...) Se não se resolver isso, teremos uma crise permanente e o discurso de que o Brasil não tem mesmo jeito só se fortalecerá’.

Coube a Maria Inês Nassif, em coluna também  nesta página (leia: ‘Como um parlamentar adquire poder de chantagem?) debulhar o mecanismo através do qual o sistema de financiamento de campanha alimenta a chantagem do Congresso contra o Executivo e delega a  “pessoas com tão pouco senso público  credenciais para nomear ministros ou diretores de estatais”.

O politicídio contra o PT  faz o resto ao  descarregar nos erros do partido  –que não são poucos--  a tragédia da democracia brasileira.
 
Uma  inestimável contribuição à chacina foi providenciada pelas togas do STF ao sancionarem uma  leitura rasa, indigente, das distorções  implícitas à  construção de maiorias parlamentares na esfera federal.

Espetar  no coração do ex-ministro José Dirceu a indevida paternidade  --‘chefe de quadrilha’--  pela teia que  restringe a soberania do voto  é o ponto alto da asfixia do esclarecimento pelo  politicídio contra o PT.

O passo seguinte do roteiro conservador é estender a desqualificação do partido aos resultados do governo Dilma na economia.

A transfusão é indispensável  para emprestar  aromas de pertinência –‘fazer a coisa certa’--  ao lacto purga que o PSDB  tem para oferecer  às urnas de outubro: retomar aquilo que iniciou nos anos 90, o desmonte completo do Estado brasileiro.
A prostração de uma parte da intelectualidade progressista diante dessa manobra subtrai da sociedade uma de suas importantes sirenes de alerta quando a tempestade  congestiona o horizonte.

Por trás das ideias,  melhor dizendo, à frente delas, caminham os interesses.
Cortar a  ‘gastança’, por exemplo, é a marca-fantasia  que reveste a intenção de destroçar o pouco da capacidade de fazer política pública restaurada na última década.

Subjacente à panacéia  do contracionismo-expansionista (destruir o Estado para a abrir espaço ao crescimento privado) existe um peculato histórico.

É justamente ele que está na origem de boa parte dos impasses enfrentados pelo desenvolvimento brasileiro nos dias que correm.

O principal déficit do país  não é propriamente de natureza  fiscal, como querem os contracionistas, mas um  déficit de capacidade de coordenação do Estado sobre os mercados.

As empresas estatais, cujos projetos e orçamentos, permitiram durante décadas manter a taxa de investimento nacional acima dos 22%, em media, contra algo em torno de 18% atualmente, perderam o papel que desempenharam  até a crise da dívida externa nos anos 80, como ferramenta indutora da economia.

Nos anos 90, o governo do PSDB promoveu sua liquidação.

Sem elas não há política keynesiana capaz de tanger  o mercado a sair da morbidez rentista  para o campo aberto do investimento produtivo.

Sobretudo, não há estabilidade de horizonte econômico que garanta a continuidade dos investimentos  de longo prazo, aqueles que atravessam e modulam os picos de bonança e os ciclos de baixa.

O  que sobra são espasmos  e apelos bem intencionados, fornidos de concessões de crédito e renúncias fiscais, frequentemente respondidos de forma decepcionante por uma classe dominante que se comporta, toda ela, como capital estrangeiro dissociado do  país.

Não há contradição em se ter equilíbrio em gastos correntes e uma carteira pesada de investimentos públicos, como  faz a Petrobrás, que deve investir quase US$ 237 bilhões até 2017.

A cota de contribuição da estatal para mitigar as pressões inflacionárias decorrentes de choques externos  --vender gasolina e diesel 20% abaixo do preço importado—não a  impediu de fechar 2013 como a petroleira que mais investe no mundo: mais de US$ 40 bilhões/ano, o dobro da média mundial do setor, o que a tornou  campeã mundial no decisivo quesito da prospecção de novas reservas.

O conjunto explica o interesse conservador em destruir esse  incomodo paradigma de eficiência estatal, antes que ele faça do pré-sal uma alavanca industrializante  demolidora  das teses dos livres mercados.

À falta de novas Petrobras –elas não nascem em gabinetes, mas nas ruas--   a coerência macroeconômica do desenvolvimento  terá que ser buscada em um aprofundamento da democracia participativa no país.

A chegada do PT ao governo em plena era da supremacia das finanças desreguladas, deixou ao partido a tarefa de fazer da justiça social a nova fronteira da soberania no século XXI.

Essa compreensão renovada da âncora do desenvolvimento  orientou prioridades,  destinou crédito, criou demandas, gerou  aspirações e alimenta as expectativas de uma fatia da população que  compõe  53%  do mercado de consumo do país.

Ficou muito difícil  governar o Brasil em confronto com esse novo protagonista.

Daí o empenho em desqualificar seu criador.

E em desacreditar suas políticas e lideranças diante da criatura.

É o politicídio em marcha.

Se a construção de uma democracia  social for entendida pelo PT  –e pelos intelectuais progressistas que ora se dissociam de sua sorte--  como a derradeira chance de renovar o desenvolvimento  e a sociedade, ficará muito difícil para o  conservadorismo  levar a cabo o politicídio.

A menos que queira transformá-lo em um democídio: um governo contra toda a nação.

(Publicado no Portal Carta Maior)

Rodrigo Viana: Globo, que não mostrou o DARF, tenta intimidar blogueiros por causa de Lula.

publicado em 15 de abril de 2014 às 10:22

Jogo Sujo

Globo, que não mostrou o DARF, tenta intimidar blogueiros por causa de Lula
publicada segunda-feira, 14/04/2014 às 23:00 e atualizada segunda-feira, 14/04/2014 às 23:21
“proponho à Redação de “O Globo” uma troca singela: dou entrevista e respondo tudo o que quiserem saber, desde que a família Marinho (que ficou bilionária graças a uma concessão pública) apresente o famoso DARF e esclareça se pagou (ou não) a suposta dívida com a Receita Federal.”
por Rodrigo Vianna, no Escrevinhador
Não devo um tostão em impostos. Não sei se as “Organizações Globo” podem dizer o mesmo.
O fato é que os bilionários da família Marinho estão incomodados, e querem intimidar os blogueiros. É uma batalha descomunal. Eu – que batuco meus textos num escritório improvisado no fundo de casa – de repente virei tema de “reportagem” de um império midiático com centenas de jornalistas Brasil afora?
Vejam só. Na tarde de segunda-feira (14/abril), fui procurado por uma suposta jornalista de “O Globo”, que me enviou a singela mensagem: “Prezado Rodrigo, Sou repórter do jornal O Globo e estou fazendo uma matéria sobre a entrevista coletiva do ex-presidente Lula com blogueiros na semana passada. Nós poderíamos conversar por telefone? Atenciosamente, Barbara Marcolini -Jornal O Globo”.
Curioso que o jornal conservador da zona sul carioca tenha levado uma semana para se interessar pelo tema, não? A entrevista de Lula aos blogueiros foi um sucesso enorme, gerando manchetes Brasil afora. A imprensa velha passou recibo. Ficou furiosa.
Editoriais, comentários na TV e rádio, colunistas conservadores: muitos se mobilizaram para atacar os blogueiros “sujos”. Alguns ataques vieram com acusações graves: fomos acusados de ser “financiados” pelo governo federal. E os mais incomodados parecem ser os colunistas das chamadas “Organizações Globo”.
Nada disso é por acaso. Trabalhei na Globo. Sei como essas coisas são. Quando jornal, TV, internet e rádio da família Marinho começam a bater na mesma tecla – ao mesmo tempo – é porque há uma ordem superior, uma determinação do patrão (ou de seus prepostos) para ir fundo naquele assunto.
Pedi que a repórter Barbara me enviasse as perguntas por escrito. Tenho pela repórter (a quem não conheço) respeito profissional. Mas considero “O Globo” e as “Organizações Globo” adversários. E sei que os prepostos da família Marinho me tratam como inimigo. Pessoa de minha família foi demitida da TV Globo, em 2010, depois que passei a assumir um posicionamento político claro em meu blog. Eles chegam a esse nível. São vingativos. Por isso, não há hipótese de responder nada a “O Globo” – a não ser por escrito.
Até as 21h, as perguntas de Barbara não vieram. Mas eu soube que outros blogueiros também foram procurados por jornalistas de “O Globo” – com a mesma pauta: a entrevista de Lula. Pelo menos 3 repórteres diferentes do jornal foram mobilizados na Operação. Objetivo era estabelecer vinculações “comprometedoras” entre os blogueiros e determinadas empresas, entidades e/ou governo (veja aqui a resposta do Fernando Brito, do Tijolaço, à tentativa de intimidação).
Mas não era só isso. Uma das repórteres globais chegou a perguntar a um blogueiro (a entrevista está gravada) se ele tinha filiação partidária. Sim, o macartismo da Globo avançou até esse ponto.
Trata-se de uma Operação para intimidar aqueles que nos últimos anos – ainda que de forma limitada – criaram um contraponto ao poder da velha mídia. Os barões da imprensa velhaca não se conformam com o fato de meia dúzia de blogueiros “sujos” oferecerem uma outra narrativa ao Brasil. A Globo, a Abril e a Folha seguem a ter imenso poder. Mas já não falam sozinhas.
Seria bom que soubessem: com essa tentativa de cerco, em vez de intimidar, vão mobilizar ainda mais blogueiros e internautas.
A Globo não tem estatura moral para cobrar explicações de ninguém. Vamos relembrar alguns episódios recentes:
– a Globo foi acusada de sonegar impostos (mais de 1 bilhão em valores atualizados – clique aqui para saber mais), e até hoje não esclareceu o episódio;
– o processo fiscal em que a Globo era investigada por bilionária sonegação “sumiu” (na verdade, teria sido roubado) de uma agência da Receita Federal no Rio, e a Globo até hoje não explicou o caso;
– um diretor da Globo, Ali Kamel, processa pelos menos 6 blogueiros (entre eles este escrevinhador), numa tentativa clara de intimidação judicial, de calar as vozes que em 2006 e 2010 ajudaram a desmascarar a tentativa da Globo de interferir no processo eleitoral;
– por fim, a Globo (estou falando só da TV) recebeu quase 6 bilhões do governo federal nos últimos anos – como mostra a tabela abaixo, publicada pelo VioMundo e pelo jornalista Fernando Rodrigues.
E essa mesma Globo de 6 bilhões em recursos públicos (recursos dos seus, dos meus impostos!) quer acusar blogueiros de serem “financiados” pelo governo?!
É piada.
De minha parte, sou jornalista profissional. Vivo do trabalho como repórter de TV. Já vendi minha força de trabalho para a “Folha”, a “TV Cultura”, a “TV Globo” – e hoje sou repórter na “TV Record”. Jamais vendi meu cérebro para nenhum patrão. Tenho posições políticas claras. Públicas. E por conta delas comprei briga com a Globo em 2006 – deixando a emissora.
Não vejo nada de anormal em blogs e sites sem vinculação com a velha mídia pleitearem publicidade. Mas, felizmente, não preciso disso para seguir travando o bom combate. Nunca entrei na SECOM do governo federal para tratar de dinheiro. E nem em qualquer outra secretaria de Comunicação Brasil afora.
Minha questão é política. Encaro o debate de forma aberta – jamais de braços dados com ditadores, ou beneficiado por acordos obscuros com embaixadas e governos estrangeiros. O Escrevinhador não tem em seu currículo: TimeLife, apoio a uma ditadura assassina, escândalo Proconsult contra Brizola em 82, manipulação da cobertura das Diretas-Já, edição criminosa do debate Lula/Collor em 89, combate ao Bolsa-Família, oposição às quotas para negros, tentativa de transformar bolinha de papel num míssil em 2010…
Os gastos mensais para manter meu blog hoje são de aproximadamente 2,5 mil reais. Conto com anúncios do Google (valores irrisórios) e com a colaboração de leitores, e ainda tiro dinheiro do meu bolso para cobrir as despesas. Em 6 anos, devo ter recebido 6 anúncios pontuais de governos ou entidades sindicais. Nenhum deles por mais de um mês. Nenhum deles superior a 2 mil reais (ou seja, no total os anúncios não chegaram a 15 mil reais em quase 6 anos – contra despesas de aproximadamente 150 mil no mesmo período).
Tenho lutado para que os blogueiros se organizem, façam parcerias com empresas ou criem associações para disputar, sim, o direito a participar do bolo publicitário – inclusive as verbas oficiais, que ajudaram a família Marinho a ficar bilionária nos últimos anos.
Aliás, proponho à Redação de “O Globo” uma troca singela: dou entrevista e respondo tudo o que quiserem saber, desde que a família Marinho (que ficou bilionária graças a uma concessão pública) abra suas contas e apresente o famoso DARF – esclarecendo se pagou (ou não) a suposta dívida com a Receita Federal.
Que tal, Bárbara? Passa a sugestão pros seus chefes aí!

O Globo tenta detonar o Tijolaço. Essesd irmãos Marinho...

publicado em 14 de abril de 2014 às 21:28
Como O Globo pode ajudar a manter o Tijolaço
Fernando Brito, n’o Tijolaço, em 14.04.2014
Soube que o jornal O Globo está procurando uma associação entre este blog e publicidade oficial ou financiamento por algum órgão público, empresa ou político.
Então, vou facilitar a vida do colega escalado para fazer o “serviço”.
O Tijolaço sempre foi registrado em meu nome.
Já tentei fazer algumas parcerias para editá-lo, infelizmente, mal-sucedidas.
Ele é uma microempresa – Blog Tijolaço Comunicação Ltda ME , CNPJ 19.438.674/0001-09 – que recebe e paga exclusivamente através da conta corrente 50629-X, agência 1578-4, do Banco do Brasil.
Dela, somos sócios eu e Miguel do Rosário. Apenas, ninguém mais.
Disponho aqui, e usarei, do extrato bancário da conta que foi, finalmente, aberta em fevereiro, depois de muita burocracia, onde se verá que as únicas entradas de dinheiro em nossa conta são provenientes de depósitos modestos de nossos leitores (à exceção de dois, feitos por pessoas que tiveram a generosidade de depositar R$ 500 e R$ 1 mil). Todos entre R$ 10 e R$ 200, além de transferências do Pay Pal (assinatura por cartão de crédito) e R$ 4.600 provenientes de anúncios do Google, além de um único frila que fiz para uma empresa privada, referente à pesquisa de dados na Internet.
Nunca houve qualquer outra conta bancária, pagamento ou recebimento do Tijolaço.
Teria todo o direito, de, com quase quatro milhões de pageviews no mês passado, receber publicidade. Mas anunciantes, públicos ou privados, se retraem e tem medo de veicular nos blogs e ficarem “mal-vistos”.
Também usarei, se necessário, meu próprio extrato bancário, demonstrando que “comi”, no ano passado, o que havia economizado nos tempos em que tive cargo público e, muito embora engravatado, vivi modestamente, almoçando no “a quilo” Sertão e Mar, ali na Vila Planalto, em Brasília, que talvez algum de seus repórteres em Brasília possa conhecer dos tempos de vida dura.
Se o jornal estiver interessado em documentos comprometedores ou em alguma relação profissional que tive no passado, terei prazer em exibir os contracheques de pagamento feitos a mim por O Globo em 1978 – a data é esta, mesmo.
Basta me mandar um e-mail e marco dia e hora, em local público, para mostrar todos os documentos, desde que o jornal os publique.
E eu também os publicarei aqui.
Não apenas não recebi para participar da entrevista com Lula como ainda paguei a passagem do meu bolso, que anda apertadíssimo.
Se for uma matéria simplesmente jornalística, ótimo, a casa agradece.
Sobre minhas posições políticas, estão no blog, públicas, publicadas e assinadas.
Sobre quem financia o blog, agora também estão.
Não há nada o que esconder.
Mas não vou ser ingênuo de não entender que, mais importante do que a intenção do repórter é o desejo do jornal.
Agora, se O Globo pensa em se vingar do Tijolaço porque eu revelei – depois de 20 anos – ter redigido o texto do direito de resposta de Leonel Brizola na Rede Globo, meu desejo ardente é o que publique qualquer insinuação sobre nós.
Será, afinal, uma forma de ajudar a financiar este blog, porque será movido, imediatamente, um processo contra a empresa.
Aqui não tem ninguém medroso, que dobre os joelhos quando ouve o nome da Globo.
Tive vinte e dois anos de escola com Leonel Brizola, não vou desaprender agora.
Se algum repórter me procurar, será muito bem atendido, mas as informações já estão públicas.
PS do Viomundo: Você vai ficar aí parado, enquanto os irmãos Marinho atacam e tentam destruir a blogosfera? Ajude-nos ou você vai ficar falando no deserto!
(Publicado originalmente no Viomundo)

domingo, 13 de abril de 2014

Dois telespectadores se espantaram com o Jornal Nacional

publicado em 12 de abril de 2014 às 19:51


do Muda Mais
2 DE ABRIL DE 2014
ERRARAM
Plim plim: dois pesos, duas medidas
O equilíbrio é um princípio importante para o bom jornalismo. Especialmente quando está baseado em critérios objetivos e pode, de alguma forma, ser verificado. Junto à busca pela verdade e à pluralidade de opiniões, ele forja os princípios da atividade jornalística moderna.
Se você tem a impressão de que este equilíbrio é muitas vezes colocado de lado na cobertura dos casos mais rumorosos da política nacional, você está certo. O Muda Mais fez os cálculos do noticiário do Jornal Nacional sobre as denúncias de formação de cartel e pagamento de propinas no Metrô de São Paulo e os comparou com a cobertura da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobrás. Resultado: a média de exposição diária do caso Petrobrás é nada menos do que 13 vezes maior do que o caso Alstom/Metrô de SP.
Entre 7 de novembro de 2013 e 25 de março último, ou seja, em 130 edições do JN, as denúncias e investigações sobre corrupção no Metrô de SP ocuparam cerca de 77 minutos do telejornal. Foram divulgadas 23 matérias. A mais longa teve 8 minutos e 15 segundos. Cinco delas duraram menos de 1 minuto. Em todas, o assunto era bem ponderado. Todos os acusados tinham direito de resposta para rebater as acusações. E todos, claro, refutaram. As expressões usadas nos textos das reportagem também são bem suaves. Para o Jornal Nacional, não há quadrilha, mas um “suposto cartel”. E não há acusados, mas suspeitos.
Em comparação, desde que o caso Petrobras/Pasadena eclodiu, há 11 dias, o Jornal Nacional dedicou a ele 64,5 minutos de cobertura. Foram 10 matérias, três delas com pelo menos 10 minutos cada. Nenhuma com menos de 3 minutos. E em todas não há suspeitos, mas acusados. E não há supostas questões contratuais no processo de aquisição da refinaria, mas irregularidades na compra da refinaria.
Vale a pena destrinchar os dados relativos às exposições dos dois casos no telejornal – que vai ao ar de segunda a sábado. Desde que surgiram as primeiras denúncias do caso do Metrô de São Paulo, os telespectadores ouviram “boa noite” da bancada do JN cerca de 130 vezes. Durante cinco meses completos, o tema foi abordado em 23 edições. Por outro lado, em apenas 11 dias – ou seja, 10 edições, excluindo-se o domingo – o caso Petrobras foi abordado em todas as oportunidades, ininterruptamente.
Portanto, se dividirmos o tempo total de exposição de cada um dos temas pelo número de edições que foram ao ar do telejornal desde a primeira aparição deles no noticiário, teremos algo curioso. Para o Metrô de São Paulo, nas 130 edições, houve 77 minutos de cobertura, ou seja, uma média de exposição diária de 35 segundos. Já o caso Petrobras chegou ao horário nobre da TV Globo por 64,5 minutos nas 10 edições, o equivalente a uma média de 6 minutos e 30 segundos de exposição diária. Os cálculos apontam para uma cobertura, proporcionalmente, 13 vezes maior do caso Petobrás em comparação ao do Metrô.
É compreensível que, em 130 edições, a temática acabe por se diluir e, portanto, apareça menos frequentemente ao longo do tempo. Chama a atenção, no entanto, que em apenas 10 edições, o caso Petrobras já tenha um tempo de exposição tão próximo ao caso do Metrô.
O tratamento desproporcional dado pelo Jornal Nacional a temas ligados ao PSDB e ao PT, ou, se você preferir, ao governo federal e ao governo do estado de São Paulo, não é propriamente uma novidade. Mas é sempre bom ir para a prancheta e colocar os pingos nos is. Se “ouvir os dois lados” é um princípio do bom jornalismo, que nome se dá quando eles são tratados com dois pesos e duas medidas?
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A resposta da Globo a Dilma
Eduardo Guimarães, no blog da Cidadania, em 14.02.2014
A coluna da jornalista Monica Bergamo na Folha de São Paulo da última quinta-feira feira (10) deu uma informação algo surpreendente: na segunda-feira (8), a presidente Dilma Rousseff recebeu o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, que foi a ela com pleitos sobre a suposta interferência da rede de telefonia celular 4G na transmissão de tevê digital.
Segundo a jornalista em questão, Dilma teria manifestado a Marinho desconforto com o noticiário da Globo contra o governo federal. A matéria, tal como foi veiculada na coluna de Bergamo, deixa entender que a presidente teria, de alguma forma, vinculado o atendimento do pleito do barão da mídia a maior comedimento no partidarismo político da Globo.
Não se sabe se houve mesmo algo nesse sentido, mas não parece verossímil que Dilma propusesse tal barganha. O mais provável é que ela apenas tenha aproveitado a oportunidade, mas sem proposição de qualquer troca de favores. Até porque, para os barões da mídia seria uma troca muito aquém de suas pretensões hegemônicas.
Seja como for, Dilma teria ponderado com Marinho que sua emissora vem “carregando nas tintas” do noticiário contra o governo federal, e não só no caso Petrobrás. O Jornal Nacional da mesma terça-feira em que o vice-presidente da Globo e a presidente da República se encontraram teve 16 minutos de pancadaria contra o governo.
O telejornal em questão tem duração de pouco mais de 30 minutos. Ou seja: a Globo gastou metade de seu principal telejornal para atacar o governo com atraso nas obras da Copa, críticas à economia e, claro, com ataques à Petrobrás.
Naquele mesmo dia, enquanto Dilma e Marinho se encontravam, Lula dava entrevista a blogueiros…
Na noite do mesmo 8 de abril, o Jornal Nacional começou a artilharia com uma matéria sobre atraso em obras da Copa que durou 4:01 minutos. Mais 2:27 minutos foram gastos com o tema que levou Marinho a Dilma, a interferência da rede 4G na TV digital. E mais pancadaria sobre o governo com matéria sobre baixo crescimento da economia que durou 35 segundos, com o caso do deputado André Vargas por 2:47 minutos, com ataques à Petrobrás por 3:08 minutos, com a CPI da Petrobrás por mais 2:36 minutos. No total, foram 15 minutos e 56 segundos de espancamento do governo.
Até aí, a ponderação de Dilma com Marinho talvez não pudesse ter surtido efeito; tinham conversado horas antes da edição massacrante do JN. Vejamos, então, o que ocorreu nos dias seguintes.
Em 9 de abril, em 5 minutos de Jornal Nacional, durante 21 segundos o primeiro ataque ao governo Dilma se dá na questão da energia elétrica, supostamente subfaturada aos brasileiros por razões políticas. Eis que, como que para afetar “isenção”, o JN apresenta uma reportagem de 1:05 minuto desfavorável ao PSDB, sobre o racionamento de água que já ocorre na grande São Paulo, mas a Globo não diz. E a reportagem não toca na responsabilidade do governo Alckmin, apenas apresenta o problema que pode se abater sobre a grande São Paulo. Porém, logo o telejornal retoma o ataque ao governo. Foram 2:38 minutos para o deputado André Vargas, 2:04 minutos para a inflação, 2:58 minutos para a CPI da Petrobrás. Ao total, foram 7:23 minutos contra o governo do PT e 1:05 minuto contra o do PSDB.
Em 10 de abril, dia da nota na Folha sobre a queixa de Dilma a Marinho, mais 2:19 minutos para inflação, 2:02 minutos para incentivar as pessoas a economizarem água em São Paulo (uma bela ajuda a Alckmin), 2:39 minutos para criticar atraso nas obras das Olimpíadas de 2016, 38 segundos (isso mesmo, 38 segundos) para noticiar que o ex-ministro de FHC e candidato de Aécio ao governo de Minas Gerais (Pimenta da Veiga) foi indiciado por lavagem de dinheiro, 43 segundos contra o deputado André Vargas, 4:25 minutos para vincular Dilma e Lula a compra por FHC em 2001 de usinas termelétricas da Alstom (o que obrigou os petistas a manterem contratos que o tucano assinou), 23 segundos contra a Petrobrás e 1:44 minutos para dar razão à oposição contra o governo na ampliação do escopo da CPI da Petrobrás, atacando decisão de Renan Calheiros de permitir a investigação, também, de escândalos envolvendo PSDB e PSB. No total, foram 12:23 minutos contra o governo, 2:02 minutos a favor de Alckmin e 43 segundos contra o PSDB.
Em 11 de abril, o JN começa com Dilma na defensiva, dando explicações sobre a inflação em matéria de 52 segundos. Em seguida, notícia distorcida de 2:21 minutos de duração sobre recuo na atividade econômica, reportagem de 23 segundos sobre problemas nas obras da Copa, reportagem de 1:57 minuto sobre corrupção na Petrobrás, mais 1:36 minuto sobre o mesmo tema e mais 33 segundos sobre o doleiro envolvido com o deputado André Vargas. Desta vez, foram “só” 7:10 minutos, mas só contra o governo Dilma e o PT, sem nada contra a oposição.
Em ano eleitoral, quando a mídia escolhe maioria tão avassaladora de matérias desfavoráveis a um lado e gasta tão pouco contra o outro lado, provoca efeitos eleitorais. Alguns dirão que tudo que o JN noticiou contra o governo Dilma e o PT tinha que ser noticiado. Só que não existem problemas só desse lado.
O caso de Pimenta da Veiga, candidato do presidenciável Aécio Neves ao governo de Minas e que foi indiciado por lavagem de dinheiro, por certo mereceria bem mais do que 38 segundos. O racionamento de água no maior centro urbano da América Latina – bem como as responsabilidades pelo problema – mereceria muito mais atenção de um jornalismo sério. O escândalo do cartel de trens em São Paulo, já em fase adiantada de investigação, inclusive com políticos do PSDB sendo investigados pelo STF, esse sumiu de vez.
Ao deputado André Vargas poder-se-ia contrapor Robson Marinho, homem forte do tucanato paulista no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e que está envolvido até o pescoço no escândalo dos trens paulistas, mas continua trabalhando normalmente. Ou poder-se-ia contrapor o caso de Pimenta da Veiga, muito mais grave. Mas o JN faz suas escolhas…
O que impressiona é a presidente Dilma ter achado – se é que a matéria de Monica Bergamo é verdadeira – que poderia chamar um dos irmãos Marinho à razão. Aliás, melhor dizendo, chamá-lo à responsabilidade, já que, por ser uma concessão pública, a faixa do espectro radioelétrico que a Globo ocupa não pode ser usada com fins político-partidários.
PS do Viomundo: Surpresos? Agora vocês entendem o que foi que revoltou um grupo de jornalistas da TV Globo de São Paulo, durante a campanha eleitoral de 2006. Além dos escândalos produzidos pelo serviço de inteligência da campanha tucana, que passam a dominar o noticiário, o viés do Jornal Nacional torna-se completamente amargo alguns meses antes das eleições. Mera coincidência.
(Publicado originalmente no Viomundo)

Jovem negro é espancado até a morte. A barbárie está de volta.

Aos gritos de “mata logo” e de vários xingamentos, jovem negro com problemas mentais é torturado e apedrejado até a morte. “Peçam perdão a Deus pelo que fizeram”, diz mãe do garoto

jovem negro morto espírito santo
Jovem negro é espancado e morto por populares no Espírito Santo (Ilustração: Pragmatismo Político)
Douglas Belchior, CartaCapital
Fontes: 123 e fotos de reprodução – facebook
O corpo negro ensanguentado e o olhar assustado que você na foto é do menino Alailton Ferreira, de 17 anos, cercado por um grupo armado com pedras, barras de ferro e pedaços de madeira. Momentos depois, ele seria foi alvo de um espancamento coletivo. Desacordado, foi levado ao hospital, mas não resistiu e morreu na noite de terça-feira (8).
Aos gritos de “mata logo” e de vários xingamentos, o espancamento aconteceu às margens da BR 101, na tarde do último domingo (6), no bairro de Vista da Serra II, cidade de Serra, a cerca de 30km da capital Vitória, no Espírito Santo. Só depois de duas horas de muita violência, a Polícia Militar chegou ao local, colocou o jovem na viatura e o levou até a Unidade de Pronto Atendimento. “Os policiais militares descreveram no boletim de ocorrência que foi necessário utilizar spray de pimenta para conter os populares” disse o delegado-chefe do DPJ, Ludogério Ralff.

Acusações

O motivo do linchamento foi causado por acusações controversas. Alguns disseram que o jovem teria tentado estuprar uma mulher. Outros que ele seria suspeito de tentar roubar uma moto e abusar de uma criança de 10 anos. Tudo ocorreu no domingo (6), mas até esta quarta-feira, dia em que Alailton foi enterrado, não havia qualquer denúncia ou relato de testemunhas, segundo a Polícia Civil.
O irmão contesta as acusações e diz que o adolescente sofria de problemas mentais: “Ele chamou a menina, ela se assustou e correu para chamar a família. Os familiares e vizinhos correram atrás dele. Por isso as pessoas falaram que ele era estuprador. Se ele quisesse roubar uma moto, teria feito no próprio bairro, mas ele nem sabe pilotar”. Segundo o tio do jovem, foi um ato de covardia. “Ele estava com uns problemas de saúde e ficava assustado com frequência”.
O morador Uelder Santos, 29, em entrevista para um jornal também colocou as acusações sob suspeita: “Ninguém viu esse tal estupro ou mesmo noticias da suposta vítima”.

“Peçam perdão a Deus pelo que fizeram”, diz a Mãe

Em entrevista a um jornal, a mãe de Alailton, a doméstica Diva Suterio Ferreira, 46, disse que o filho teria sido vítima de uma injustiça: “Ele já foi preso por furto, usava droga, mas não estuprou ninguém, jamais faria isso”. Cristã, disse que se apega a Deus para socorrê-la nesse momento difícil: “Meu filho era amado, sonhava em me dar uma casa. Dizia que queria um quarto para ele, um para mim e um para irmã. Minha filha, de 11 anos, só chora, tem medo de sair à rua depois do que aconteceu. Acredito na justiça divina. Peço que essas pessoas peçam perdão a Deus pelo que fizeram ao meu filho”.

Violência endêmica e elemento racial (nada) subjetivo

O escritório das Nações Unidas apresentou nesta quinta-feira (10) um levantamento sobre as taxas de homicídio em que conclui que as Américas são as regiões mais violentas do planeta. O Brasil está entre países mais violentos. Das 30 cidades mais violentas do planeta, 11 são brasileiras. Segundo a publicação, Maceió é a quinta cidade do mundo com mais homicídios por cada 100 mil habitantes. A cidade de Vitória do Espírito Santo, vizinha ao local onde Alailton foi assassinado por populares, é a 14ª da lista mundial.
Não gosto de suposições, por isso fico nas perguntas: qual seria o resultado de uma amostragem com o recorte racial das vítimas desses homicídios em toda América? Teríamos uma proporção parecida com a média brasileira, que aponta 70% de vítimas negras?
Não sei se Alailton estuprou alguém. Era mulher feita ou uma criança de 10 anos? Ambos os crimes são gravíssimos. Mesmo que tenha sido uma “apenas” uma tentativa ou ainda que o jovem tivesse problemas mentais, sem dúvida caberia alguma punição. E a Lei prevê. Mas jamais um linchamento. Jamais!
E pior: nada leva a crer que houve de fato o crime. Aliás, ao que parece (não sou investigador, nem gostaria), ele teria sim sido “vítima de uma injustiça”, como disse a mãe doméstica.
O fato de ser um menino negro teria sido um elemento potencializador do ódio coletivo e da precipitação de um julgamento instantâneo – acusação, julgamento, condenação e execução: Foi ele! Pega ele! Só pode ter sido ele!?
E se fosse um menino branco, a história teria tais requintes de crueldade e terminaria no cemitério?

A bala não é de festim, aqui não tem dublê!

O assassinato covarde do menino negro Alailton Ferreira me fez lembrar dois filmes norte-americanos muito famosos. O primeiro é o clássico “O sol é para todos”, de 1962, que conta a história de Tom Robinson (Brock Peters), um jovem negro que fora acusado de estuprar Mayella Violet Ewell (Collin Wilcox Paxton), uma jovem branca. Atticus Finch, um advogado extremamente íntegro, interpretado por Gregory Peck – que viria ganhar o Oscar de melhor ator com esse trabalho, concordou em defendê-lo e, apesar de boa parte da cidade ser contra sua posição, ele decidiu ir adiante e fazer de tudo para absolver o réu. Nos Estados Unidos como aqui, sempre fora comum acusações de estupros e outros crimes recaírem sobre negros, sem que haja grandes contestações.
O outro filme, esse mais recente (1996), faz ainda mais sentido com o momento que vivemos, inclusive no nome:“Tempo de Matar”, que se passa em Canton no Mississipi, onde Carl Lee (Samuel L. Jackson), um negro que, ao matar dois brancos que espancaram e estupraram sua filha de 10 anos é preso, e um advogado branco Jake Brigance (Matthew McConaughey ) e Ellen (Sandra Bullock) uma obstinada estudante de Direito, ambos se voltam contra o preconceito e o racismo existente na comunidade daquela cidade para defender o acusado.
Já no fim da trama, quando tudo parecia perdido, afinal a cidade queria a condenação do acusado, no Tribunal Jake solicita a todos os presentes que fechem os olhos e ouçam a ele e a si mesmos, então ele começa a contar a história de uma garotinha que volta do armazém, e de repente surge uma “pick-up” de onde saltam dois homens e a agarram, eles a arrastam para uma clareira e, depois de amarrá-la, arrancam-lhe as roupas do corpo e montam nela, primeiro um, depois o outro, eles a estupram tirando toda a sua inocência com brutais arremetidas. Depois de acabarem, e de ter matado qualquer chance daquele pequeno útero ter filhos, os dois rapazes começaram então a usar a garotinha como alvo, acertando-a com latas cheias de cerveja, cortando sua carne até o osso. Não satisfeitos, eles ainda urinaram sobre ela, e com uma corda fazem um laço e a enrolamo no seu pescoço e num puxão repentino a suspende no ar, esperneando e sem encontrar o chão até o galho quebrar e, milagrosamente cair no chão. Nesse momento, eles a colocaram na “pick-up” e, ao chegar em uma ponte, jogam-na de cima da mureta, de onde ela cai de uma altura de 10 metros até o fundo de um córrego. Jake então pára a história e pergunta aos presentes se conseguem vê-la, se conseguem imaginar o corpo daquela garotinha estuprado, espancado, massacrado, molhado da urina, do sêmen deles e do próprio sangue, e depois abandonado para morrer…
E novamente repete para que todos façam uma imagem dessa garotinha, aguarda um instante e pergunta: “Agora imaginem que essa garotinha é branca”!
Carl Lee é inocentado pelo júri.
Ora, “impoluto escrevente”, me perguntaria um dos meus algozes sempre presentes nos comentários deste Blog: “Mas não está a criticar a ideia da justiça pelas próprias mãos? Contraditório o exemplo deste filme, não?”.
E eu responderia:
Sim e não.
Sim. E essa é a parte que não gosto no filme. Ele justifica a ideia de que, em alguns casos, pode-se aceitar a justiça feita pelas próprias mãos. E não podemos tolerá-la em hipótese alguma. Menos ainda quando o pressuposto é inexistente – como parece ser neste caso do Espírito Santo.
E não.
Não por que faz todo o sentido imaginar que, diante da violência sistemática, continuada e explícita contra a população negra, não seria absurdo imaginar que em algum momento pode haver reações, bastando para isso que aflore a percepção – por parte da população negra, de que vivemos sim um estado de desigualdades e de violência racial.
Mas se dirá: Loucura! Radicalismo deste blogueiro afro-lunático racialista! E diante da fúria democrata-gilberto-freyreana presente inclusive na parte bolchevique do mapa, diria por fim:
Sempre caberá o terrível e necessário pedido de reflexão feito pelo advogado branco, Jake Brigance (Matthew McConaughey ), em Tempo de Matar:
“Agora imaginem que essa garotinha é branca”!
Imagine que Alailton é branco!
Imagine que Cláudia é branca!
Imagine que Amarildo é branco!
Imagine que Douglas é branco!
Imagine que o menino torturado e amarrado nú em um poste na zona sul do Rio de Jaineiro é branco.
Imagine que, quem a polícia mata 3 vezes mais que negros, são os brancos.
Imagine um mundo onde as pessoas pudessem viver em paz.
Consegue?
(Publicado originalmente no site Pragmatismo Político)

sábado, 12 de abril de 2014

Ainda a polêmica em torno da doação da Fábrica Tacarana


Não é fácil encontrar uma solução para essas massas falidas do período do apogeu do setor têxtil. Uma série de referências históricas do período já se encontram irremediavelmente perdidas. Isso ocorre em todo o Brasil e Pernambuco não seria uma exceção. Os exemplos saltam aos olhos. Fábrica de Camaragibe - onde possivelmente foi construída a primeira vila operária da América Latina - A Fábrica da Macaxeira, A Fábrica da Torre, A Fábrica de Tecidos de Goiana - cujo acervo é mantido há muito custo pelos familiares - as companhias da família Lundgren, em Paulista(PE) e Rio Tinto(PB), em cujos terrenos vislumbra-se a construção de um shopping center. A questão não é tão simples, uma vez que envolve espólios familiares em litígio, além de inúmeros embaraços jurídicos. Soma-se a isso, os altos custos de manutenção desses colossos. Certamente o Estado teria instrumentos para intervir no sentido de dar a esses espólios uma destinação mais adequada. Em Pilar, na Paraíba, o antigo Engenho Corredor - onde o escritor José Lins do Rego passou sua infância e escreveu todos os romances do ciclo da cana-de-açúcar - quase vinha abaixo, em razão de uma pendenga familiar. Em relação à Fábrica Tacaruna, fruto de uma polêmica recente, o que nos parece ter indignado a população é o enredo nebuloso de uma negociação profundamente lesiva os interesses do Estado. Se não, vejamos: a) O Estado de Pernambuco pagou, em 2006, a quantia de 14 milhões pelo espólio. Como é que agora faz uma doação sem ônus a uma multinacional? b) Há um projeto concebido de destinação àquele logradouro. Embora nunca materializado, não significa dizer que não seria de melhor proveito para a população; c) Conforme já comentamos, também existem estudos no sentido de integrar todos aqueles equipamentos do entorno - Espaço Ciência, Centro de Convenções, Shopping Tacaruna - com a requalificação da Praia Del Chifre. Em última análise, diferentemente dos elogios da imprensa tupiniquin à medida, havia outras possibilidades em curso e a medida fere frontalmente os interesses públicos. Alguém estava questionando aqui pelas redes, ainda hoje, a omissão dos órgãos de fiscalização das ações do poder público. Cadê o TCE, TCU - já que, segundo consta, o Estado também teria recebido recursos federais para investir no prédio - o Ministério Público, o IPHAN?

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Falta espírito público aos políticos de Paulista

Todas as eleições dirijo-me à cidade de Paulista, onde nasci, para cumprir o dever cívico de votar. Nunca transferi meu título. Os amigos de infância já não os vejo, mas é uma ótima oportunidade de contemplar as frondosas paineiras de minha meninice, refazer os caminhos dos verdes anos, quando tomava banhos nos açudes da mata do frio, ouvia o canto das Arapongas (Ferreiros) e, lá pelas tardinhas, organizava uma tradicional pelada nos campos de várzea que não existem mais. O entusiasmo é o de sempre, embora a quadra política municipal continue me decepcionando. Paulista é carente de homens com espírito público.O quadro que se avizinha para as próximas candidaturas municipais à Câmara Federal e para a Assembléia Legislativa é um bom exemplo disso. Numa atitude tipicamente coronelista, o Palácio do Campo das Princesas já teria determinado que o atual prefeito apoie o nome de um dos nossos senadores para a Deputado Federal. As ações e atitudes de um dos seus secretários dimensionam tipicamente que o cargo lhes foi dado de bandeja para ele se esbaldar em campanha aberta e sem o menor pudor. Uma vergonha. O outro candidato do município à ALEPE é um ex-prefeito de dois mandatos que não foi capaz de melhorar os indicadores de educação da cidade, um dos piores na avaliação do IDEB. Para completar o enredo, foi convidado, possivelmente em nome de sua competência, para assumir uma assessoria especial no Palácio. 

Os punhos fechados dos socialistas tupiniquins

Que os socialistas do PSB já abandonaram as propostas socialistas isso todo mundo já sabe. Que o candidato Paulo Câmara, que era um burocrata até bem pouco tempo, também teria dificuldades com o microfone, igualmente. O que não se sabe é o que os assessores estariam indicando para o candidato do Palácio do Campo das Princesas. Segundo comenta-se, ele estaria fazendo um cursinho intensivo para aparecer melhor diante das câmaras, melhorar a oratória etc. Em sua despedida do Governo, Eduardo Campos foi flagrado por fotógrafo Diário de Pernambuco erguendo o punho fechado. Uma atitude que deixou o experiente ex-governador Joaquim Francisco com os olhos esbugalhados. Eis que Paulo Câmara resolveu imitar o ato. Em discurso recente, também aparece com os punhos fechados e erguidos, uma atitude muito característica dos militantes dos partidos comunistas de outrora. Alguém nos alertou que ele teria levantado o pulso no "tempo errado". Se assim foi, mais um erro. Atenção, assessoria.

Agressão à mulher...em casa, na rua, também no coletivo.

Profissionais que são selecionadas dentro de um determinado contexto social, os policiais acabam refletindo, em suas ações, as mazelas dessa sociedade, hierarquizada, conservadora, machista, preconceituosa. Até bem pouco tempo, um Secretário de Defesa Social caiu em desgraça por emitir algumas declarações bastante infelizes. Assim como as mulheres seriam as culpadas por sofrerem agressões sexuais por andarem de roupas curtas- como evidenciou a pesquisa do IPEA - também as nossas adolescentes seriam culpadas pelos estupros sofridos, uma vez que sentiam verdadeiros fetiches por homens fardados. Os policiais agora estão dando uma de cientistas sociais e recorreram, justamente, àquele notório sociólogo do nobre e afrodisíaco bairro de Apipucos. Começaram mal ou não o interpretaram muito bem. Há muito tempo que a formação dos policiais no Estado, tanto na Polícia Militar quanto na Polícia Civil, envolve uma ampla discussão sobre o tema dos direitos humanos, o respeito à diversidade e atitudes não preconceituosas contra pobres, negros, homossexuais, mulheres etc. Mesmo assim, vamos encontrar situações como as relatadas pelas redes sociais, quando um policial militar foi flagrado esmurrando uma senhora num coletivo, uma situação que não pode ser generalizada, mas refletem, ainda, o despreparo de alguns policiais para o enfrentamento de determinadas situações cotidianas. Compete ao Estado tomar as medidas cabíveis em situações como essa e refletir sobre a necessidade de ampliar a carga horária de humanas nos cursos de formação de policiais.

Detran em situação calamitosa em Pernambuco. Seria o modelo de gestão tucana?

Quando ocorreu a aliança entre o PSB e o PSDB em Pernambuco, um acordo selado com o aval do ex-deputado Sérgio Guerra, coube ao tucanos a gestão da Secretaria dos Transportes e o Detran. À época, publicamos um longo artigo sobre o assunto, publicado num site nacional, com enorme repercussão. Por alguns dias, a postagem que mereceu o maior número de de comentários e curtidas dos internautas. Comentários inteligentes valem por um outro artigo, além de levar o autor a um aprofundamento ou revisão de alguns temas. Leio todos. Aqui na província, infelizmente, os comentários que observamos nos blogs assumem um caráter de simples agressividade. Alguém já denunciou que existem pessoas pagas para esse propósito. Comigo eles quebram a cara porque nunca respondi agressividade com agressividade. Como isso aqui é uma tribuna de debates entre pessoas que pensam diferente, nada mais justo que tenhamos que adotar uma certa dose de tolerância. Pois muito bem. Um desses comentadores ao nosso artigo, logo lembrou que os tucanos haviam "sucateado" o Detran do Rio Grande do Sul. Seu prognóstico era de que os mesmos fatos deveriam ocorrer em Pernambuco. Pelo andar da carruagem política, é isso mesmo que está ocorrendo - inclusive com denúncias de servidores daquele órgão. Haja palavras cruzadas para desanuviar o ambiente.

Dilma em Pernambuco. O camarão na moranga e a rapadura ficaram no passado.

Dilma está vindo a Pernambuco na próxima segunda-feira, uma data que coincide com as movimentações do ex-governador Eduardo Campos como candidato à Presidência da República. Por uma questão de "protocolo", o atual governador do Estado, João Lyra Neto, deverá acompanhá-la. João Lyra, aliás, diferentemente do ex-governador, procura manter os canais azeitados com o Planalto e vem se pautando com bastante polidez com o Governo de Dilma Roussef, reconhecendo que os investimentos federais foram importantes para alavancar a economia do Estado. Noutras épocas, quando o "Galeguinho" ainda pertencia à base aliada, o clima era o melhor possível. Depois dos encontros protocolares, as orgias gastronômicas servidas na residência de Dois Irmãos. Bolo de rolo, tapiocas, camarão na moranga, paleta de cordeiro, rapadura e, possivelmente um queijo de cabra produzido no Cariri paraibano. Hoje o clima está batante tenso. O Planalto organiza uma tropa de choque para enfrentar o poderio do governador no Estado. Deseja derrotá-lo em seu reduto. Depois do PRB, PP, comenta-se que o PDT - apesar de José Queiroz - deverá fechar com a candidatura do senador Armando Monteiro. A chapa de oposição vem se tornando cada dia mais competitiva. Penso que não será uma tarefa tão simples eleger o cobrador de impostos.

Policial agride mulher no ônibus