pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
Powered By Blogger

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Em Pernambuco, a disputa pelos votos de Miguel Arraes.

publicado em 15 de agosto de 2014 às 12:03

eduardo_arraes
por Luiz Carlos Azenha, de Recife
Resumindo conversas com gente de Pernambuco, disseram-me algo assim: “Fora daqui, ninguém imagina os ecos da existência do Miguel Arraes. Nem os que reconhecem a imensa contribuição dele à política nacional”.
O que queriam me explicar, obviamente, era a ousadia de Eduardo Campos ao romper uma aliança razoavelmente estável com o PT, eleger o prefeito do Recife e sair candidato ao Planalto pelo PSB, partido no qual ingressou junto com o avô, em 1990.
Dizem os petistas, nas redes sociais, que foi “trairagem”. Que Campos surfou nos investimentos maciços feitos no estado por outro pernambucano, o ex-presidente Lula.
Os três, aliás, se conheceram quando Arraes retornou de quase 15 anos de exílio na Argélia, em 1979. Lula estava lá. Campos, em uma foto, aparece bem atrás do avô.
Arraes teve oito filhos. A filha Ana, hoje no TCU, foi eleita deputada federal duas vezes. Mas ninguém teve o sucesso do neto, que aprendeu todos os macetes da política com o avô.
Estamos aqui no campo da tradicional política brasileira: personalista e baseada em clãs.
A fortíssima devoção dos pernambucanos a Arraes, aliás, “Doutor Arraes”, tem relação com benefícios diretos concedidos a eles num tempo em que os latifundiários reinavam absolutos no estado. Brincou um amigo: o Arraes inventou o Fome Zero, era o programa Chapéu de Palha, de benefício aos sertanejos. No imaginário popular, foi um “pai” — e pai a gente nunca esquece.
Antes de fazer toda sorte de concessão aos grandes negócios, Eduardo Campos tratou de retomar na prática a trilha do avô. Os adversários atribuem à marquetagem, mas o fato concreto é que alguns bairros simbólicos do Recife, como a ilha de Deus, foram tirados da miséria por ele.
Quanto às concessões, apoiadores de Campos apontam as que foram feitas por Lula a banqueiros e empreiteiras. Jogo empatado?
Campos provavelmente venceria a eleição presidencial em Pernambuco por boa margem. O jovem ambicioso — um “trator” nos bastidores, dizem — queria fazer o que o avô nunca conseguiu. Para os apoiadores, percebeu a guinada à direita do PSDB e antevia a demolição do Centrão de Sarney. Decidiu marcar posição como alternativa “moderna” ao PT.
Embora o avô Arraes, por propaganda da direita, tenha entrado na História como um vilão radical, contam-me que só foi eleito pela primeira vez governador de Pernambuco por saber costurar alianças, uma característica que o neto teria herdado.
O fato concreto é que, quando Eduardo Campos for sepultado, no mesmo jazigo do avô, o ciclo político de uma dinastia terá sido encerrado em Pernambuco, pelo menos no curto prazo.
Marina Silva, embora apoiada por familiares de Campos, tem menos chances de vencer Dilma em Pernambuco que o candidato do PSB. Do ponto-de-vista meramente eleitoral, a disputa agora é pelo espólio político de Miguel Arraes e o ex-presidente Lula obviamente será a chave para o PT reconquistar uma parcela dele. Não duvido que o PT, a essa altura, esteja tentando atrair o PSB ou parcelas do PSB de volta à coalizão governista.
Por outro lado, como já escrevi anteriormente, por motivos reais ou imaginários há um profundo desencanto com a política, parte do qual pode ser atribuído à campanha diuturna da mídia corporativa para promover o antipetismo, especialmente durante o julgamento do mensalão.
Minhas observações pessoais, não estatísticas, indicam que o antipetismo chegou aos grotões e contaminou parcela considerável dos que se beneficiaram da ascensão social despolitizada promovida pelos governos Lula-Dilma. Disso deriva o risco real e concreto de um segundo turno muito difícil para Dilma Rousseff.
Vamos ver se o horário eleitoral gratuito, com Lula comandando o canhão, tem o poder de evitar isso.

(Publicado originalmente no site Viomundo)

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

A vantagem de Dilma a partir do horário eleitoral passa a ser imensa

Por Renato Rovai

agosto 11, 2014 16:34


A presidenta Dilma vem desde junho de 2013 atravessando um deserto. Antes de junho do ano passado, vivia-se uma letargia controlada. Sabia-se que as coisas não iam tão bem quanto alguns governistas achavam, mas ao mesmo tempo imaginava-se que o risco de que ela viesse a ser derrotada em seu projeto de reeleição era baixo. Depois de junho, tudo mudou.
A popularidade da presidenta caiu pela metade, deu uma leve subida depois, mas estacionou num patamar baixo. Aí entrou o período do #ImaginaNaCopa e o Brasil era pintando em verso e prosa pela mídia tradicional como um dos piores países do mundo. O catastrofismo imperava no noticiário. Iríamos passar um vexame terrível.
A Copa foi bem sucedida do ponto de vista organizativo e não fosse os 7 a 1 contra a Alemanha, que reacendeu o nosso complexo de cachorro vira lata, o governo teria lucrado uns pontos no seu índice de aprovação.
A Copa mal acabou e voltaram os discursos de ruína econômica. O nosso problema passou a ser a volta da inflação e do desemprego. A primeira já dá indícios de estar controlada. Por conta do discurso de que estava em disparada, parece que até o remédio utilizado foi forte. Corre-se o risco de perda de crescimento. E o desemprego no Brasil é muito baixo e não há nenhuma chance de se tornar um problema concreto em curto espaço de tempo.
Com tudo isso, a presidenta Dilma manteve-se num patamar próximo de 38% dos votos totais nas pesquisas eleitorais. Tomando porrada todo dia e com uma comunicação bem desarticulada de defesa de sua gestão. Daqui a oito dias começa o horário eleitoral e Dilma terá mais de 11 minutos três vezes por semana para mostrar o que fez. E mais uma batelada de inserções de 15 e 30 segundos durante a programação todos os dias.
Em condições normais de temperatura e pressão isso poderia não ser assim algo tão importante. Mas como a presidenta contou pouco a história do seu governo, como sua comunicação durante esses três anos e meio foi perto de desastrosa e como a mídia tradicional vem socando-a sem dó e nem piedade quase todos os dias, isso pode fazer muita diferença.
Dilma não fez um governo melhor do que o de Lula, mas tem muito o que mostrar. Fez programas importantíssimos como o Pronatec e o Minha Casa Minha Vida, só para citar dois. Além de ter criado o Mais Médicos.
Dilma precisa de 43 a 45% dos votos totais pra ganhar no primeiro turno. Ou seja, precisa ampliar em uns 15% seu eleitorado. Pode parecer pouco, mas não é. Terá que mudar a opinião de muitas pessoas,  principalmente de São Paulo, onde precisa  chegar perto dos 40% dos votos no estado. Se conseguir isso, acaba com a eleição no dia 5 de outubro.
A Globo, a Veja e outros parceiros da mídia tradicional vão fazer de tudo para que isso não aconteça. Mas pesquisas que forem feitas depois da primeira semana do horário eleitoral serão o termômetro de muita coisa. Inclusive das doações e do reposicionamento ou não de alguns setores empresariais. Mesmo aqueles que hoje torcem o nariz pra presidenta mudarão suas cartas caso passem a achar que sua reeleição é inevitável. E aí, o jogo ficará muito mais difícil para a oposição. Muito mais difícil.

(Publicado originalmente no blog do Rovai, Revista Fórum)

domingo, 10 de agosto de 2014

No dia dos pais, Flávio Dino é atacado por morte do filho

Michel Zaidan: Histórias edificantes sobre os políticos de Pernambuco



                                        Quando me encontrava, ainda, na Coordenação do programa de Pós-graduação de Ciência Política, recebi uma demanda do professor Jocildo, do Depto. de Economia, da parte do então candidato a deputado federal Armando Monteiro Neto. Em resumo, tratava-se de armar um palanque na universidade para que o candidato apresentasse seu programa político. Argumentei ao meu interlocutor armandista que só faria o debate com um deputado ou político que representasse o contraditório. Pensei inicialmente no meu amigo, já falecido, Edson Mororó Moura, mas ele não aceitou. Então a professora Tânia Bacelar sugeriu o nome de Sérgio Guerra, vinculado nessa época ao PSB. O debate se realizou na Centro de Ciências Sociais Aplicadas. E foi interessante  ouvir o contraponto da visão moderna, empresarial, de mercado do deputado pessebista vis-a-vis ao programa de defesa da caprinocultura e da cotonicultura  pernambucanas, defendida por Armando Monteiro Neto. Frise-se, que antes dessa troca de opiniões sobre a economia do Estado, tive a oportunidade de ler, como mediador do debate, uma pesquisa realizada pelo nosso Programa sobre o perfil dos chamados "empresários modernos" da FIEP, que de modernos tinham muito pouco, porque também viviam de olho nos recursos do BNDES.
                                      Passado esse evento, Armando Monteiro candidatou-se a Presidente da CNI. Foi quando a revista Carta Capital publicou um imenso dossiê sobre a vida empresarial do candidato, dizendo tratar-se de um membro de tradicional família de usineiros de PE e de empresários pouco eficientes e dizia que, costumeiramente, a CNI era alvo das oligarquias políticas do NE, ao contrário da FIESP que era onde se encontravam os empresários modernos, competitivos do Brasil. Armando Monteiro ganhou, como previsto, a eleição para a CNI. E na condição de presidente da entidade e deputado federal apresentou um projeto de lei reduzindo os direitos trabalhistas dos operários brasileiros, como condição do aumento da competitividade da indústria nacional!
                                      Trocando o PMDB, pelo qual se elegeu deputado, pela legenda do PTB, passou a fazer parte da base política de ex-governador do Estado, sendo eleito senador   na legenda do PSB. Agora se apresenta como candidato ao governo do Estado, ao lado de Paulo Rubem e João Paulo Lima, contra o candidato do ex-governador e seu partido. O que mais chama a atenção não é o troca-troca de legenda ou aliados de acordo com as conveniências políticas do momento, facilitada pela frouxidão da legislação partidária brasileira. O que surpreende a todos é como um representante do empresariado mais atrasado do Brasil  fale em nome dos trabalhadores de Pernambuco!   Desde quando usineiros, patrões, empresários ou homens de negócios defendem os interesses da classe trabalhadora? - Só num regime fascista ou corporativista que prevê a proibição da luta de classes e prega abertamente a colaboração das classes sociais, é possível entender o significado de uma tal candidatura.
                                       Um coisa é certa: os trabalhadores terão muito pouco a ganhar com essa candidatura. Se com o  "pau mandado"  do ex-governador e sua agenda gerencial do Estado, definitivamente ninguém ganha nada; com essa mistificação eleitoral - reforçada com o apoio de João Paulo e Paulo Rubem, muito menos. Não há nesta candidatura nenhum programa coletivo, de interesse público. Muito menos, trabalhista. Trata-se unicamente de um  projeto político-eleitoral de natureza pessoal. Apenas isso.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Sem limites para linchar reputações, imprensa rejeita direito de resposta

Sem limites para linchar reputações, imprensa rejeita direito de resposta

publicada terça-feira, 05/08/2014 às 23:03 e atualizada terça-feira, 05/08/2014 às 23:03
Por Felipe Bianchi, para Barão de Itararé*
Histórias como a do padre paulistano Júlio Lancellotti e a do ex-ministro do Esporte Orlando Silva, que tiveram suas reputações colocadas em xeque mesmo considerados inocentes após os julgamentos de seus respectivos casos, mostram o quão prejudicial pode ser a falta de espaço e voz para que os cidadãos se defendam de ofensas, calúnias e difamações veiculadas na mídia.
Para Lancellotti, pároco da Igreja São Miguel Arcanjo, no tradicional bairro da Mooca, em São Paulo, “com a mesma rapidez que a imprensa constrói e consagra uma história ou um cidadão, ela os destrói”.
O seu caso remete ao ano de 2007, quando a polícia civil de São Paulo abriu inquérito a fim de apurar uma denúncia de extorsão feita pelo padre: ele era forçado a pagar enormes quantias em dinheiro a um ex-detento da Fundação Casa sob ameaça de ser denunciado à imprensa por abuso sexual.
No dia 23 de maio de 2011, Anderson Batista e Conceição Eletério, casal responsável pelo esquema de extorsão, foram condenados pela Justiça a partir de imagens registradas em câmera que flagrou abordagem violenta ao padre. Mas para Lancellotti a repercussão deste fato nos meios de comunicação foi bem mais discreta que o “apedrejamento” promovido contra ele anteriormente, sem que pudesse fazer uso do direito de resposta.
“Quando denunciei o esquema e sofri acusações de pedofilia”, recorda Lancellotti, “a imprensa fez um acampamento em frente à minha casa e instalou um verdadeiro inferno”. Ele descreve os artifícios usados pelas equipes de reportagem, ansiosas por flagrá-lo em situação constrangedora:
“Chegaram a colocar um adesivo em cima da campainha de minha casa, de forma que ela não parasse de tocar e eu tivesse que sair, irritado, para desligá-la”, lembra, acrescentando que “também sacudiam o portão e jogavam restos de lanche”. Mesmo com sua absolvição, Lancellotti, conhecido por ser um histórico defensor dos moradores de rua, salienta que a cicatriz do “linchamento midiático” que sofreu é irreversível.
Em relação ao direito de resposta, ele afirma que, “para não ser injusto”, um ou outro veículo o procurou para escutá-lo, mas até mesmo cartas de personalidades renomadas brasileiras, em sua defesa, foram ignoradas pelos grandes jornais. “Quanto ao direito de resposta propriamente dito, acredito que é uma ilusão. Buscá-lo na Justiça é complicado e, até lá, a grande mídia publica o que ela quer e do jeito que bem entende”, dispara.
O caso do soteropolitano Orlando Silva, por sua vez, ilustra como a ausência do direito de resposta também atinge o mundo da política, no qual “os meios de comunicação guardam interesses próprios, tanto econômicos quanto ideológicos”.
Em 19 outubro de 2011, a revista Veja publicou reportagem de capa acusando o então ministro do Esporte de receber propina, em plena garagem do Ministério, em Brasília, referente a um esquema de corrupção envolvendo uma organização não-governamental.
A única fonte da revista era João Ferreira Dias, ex-cabo da Polícia Militar com histórico de denúncias vazias contra figuras públicas, além de envolvimento em diversas ocorrências criminosas – em 2013, inclusive, foi preso por receptação em Samambaia, no Distrito Federal.
Ignorando a “ficha suja” da fonte e sem nenhuma evidência das acusações feitas, os grandes meios de comunicação amplificaram a denúncia da revista Veja, repercutindo ostensivamente o caso. A pressão resultou na derrubada do ministro apenas 11 dias após a reportagem em questão.
“Eu passei todos aqueles dias sabendo que não teria saída, já que aquilo havia se tornado um massacre. Então usei esse período para erguer minha voz contra essa operação, denunciado a manipulação grotesca da qual fui vítima”.
Seu gabinete até tentou fazer uso do direito de resposta, mas o benefício depende da interpretação de cada juiz e Orlando Silva não obteve sucesso. “Enviamos textos, respondemos reportagens e pedimos o direito de resposta na Justiça, mas não fomos atendidos”, relata.
Em 11 de junho de 2012, a Comissão de Ética da Presidência da República decidiu arquivar o processo contra ele. O motivo: falta absoluta de provas. Diferentemente da acusação, a absolvição não ganhou manchetes e grandes chamadas de capa – “ela foi praticamente escondida”.
“O que mais dói é que até a minha companheira, atriz com passagem por diversas companhias de teatro, foi envolvida em boatos sobre expressão de tráfico de influência praticada por mim, por conta de um patrocínio da Petrobras, que já dura mais de dez anos, à companhia em que atua. Beira a requintes de crueldade”.
O primeiro caso do período eleitoral e a chiadeira da Folha
Na edição impressa da Folha de S. Paulo do dia 2 de agosto, o jornal publicou texto de autoria do candidato ao governo de Pernambuco, Paulo Câmara, após determinação da Justiça Eleitoral.
O direito de resposta foi solicitado por conta de uma reportagem em que o deputado federal José Augusto Maia alegou ter recebido oferta de propina em troca de apoio à coligação que lançaria a candidatura de Câmara. A matéria traz ainda duas outras fontes, mantidas em condição de anonimato, que confirmam a versão de Maia.
Irritada com a concessão da Justiça Eleitoral, a Folha produziu no mesmo dia da publicação do texto uma segunda matéria escutando fontes ligadas, principalmente, aos proprietários de grandes meios de comunicação, como a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
Elas criticaram o direito de resposta sob o argumento de que este “cercearia a liberdade de expressão” e de que “a sociedade deixa de ser informada” (pelo motivo de o acusado ter direito à defesa nas mesmas linhas que o atacaram).
Uma terceira reportagem foi publicada no dia seguinte (3 de agosto), em que Celso Schröder, da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), além de um ministro, cuja identidade não foi revelada, defendem a importância de que o direito de resposta tenha regras definidas para que não comprometa a autonomia do jornalismo, mas também não cometa injustiças com quem se sente ofendido ou caluniado. Na legislação eleitoral, porém, essas definições já existem e foram levadas em conta no caso específico da Folha.
Constituição e as regras do jogo
O artigo 5º da Constituição Federal assegura “o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”. A lacuna em relação ao tema foi deixada pelo fim da Lei de Imprensa, criada em plena ditadura militar (1967) e extinta pelo Supremo Tribunal Federal em 2009. Desde então, a Justiça é obrigada a julgar caso a caso os pedidos de direito de resposta, deixando o tema amplamente aberto à interpretação.
O Projeto de Lei (PL 6446/2013) apresentado pelo senador Roberto Requião em 2011 busca preencher esse “vazio legal” em relação ao tema, já tendo passado pelo Senado e tramitando, atualmente, na Câmara dos Deputados. De acordo com a deputada Luciana Santos, relatora do Projeto, há pouca esperança de que ele seja votado no curto espaço de tempo que a Câmara dispõe até as eleições, no dia 5 de outubro, mas é grande a expectativa de que se confirme maioria para aprová-lo. O texto do Projeto de Lei garante ao ofendido o direito de se manifestar na mesma periodicidade, dimensão e intensidade da agressão sofrida – ou seja, de forma proporcional à ofensa.
Na avaliação da deputada, a dificuldade em aprovar leis que envolvam os interesses da imprensa, mesmo quando tratam de direitos democráticos, é que todo debate que se faz sobre mídia no Brasil é boicotado e tachado como tentativa de censura. “Há interesses econômicos, ideológicos e políticos”, argumenta.
A disputa eleitoral, em sua visão, escancara a polarização em relação ao papel que a mídia cumpre. A recifense afirma que “é uma ilusão imaginar que os veículos de comunicação são imparciais, como mostra a história recente do país”. “A informação forma conceitos, reflete comportamentos, influencia a tomada de decisões e é, por isso, que a comunicação deve ser tratada como um direito humano”, opina. “O direito de resposta é mais um dos direitos que devem ser básicos ao cidadão”.
Direitos (de resposta) para todos
Mas e quando o ataque não é contra apenas um indivíduo, atingindo grupos sociais inteiros – negros, indígenas, homossexuais ou até mesmo casos de machismo e discriminação de gênero? Bia Barbosa, do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, lembra o caso do programa Tardes Quentes, produzido pela RedeTV!.
“Em 2005, já havia, tanto no Ministério Público Federal (MPF) quanto entre organizações que lutam pelos direitos humanos, a ideia de denunciar o programa recheado de pegadinhas preconceituosas apresentado por João Kléber”, conta. “Levamos o caso à Justiça e, até de forma surpreendente, a decisão foi favorável a nós”.
Ela relata que a juíza Rosana Ferri Vidor exigiu direito de resposta imediato para os grupos ofendidos, além de que o programa parasse de produzir conteúdos como os considerados ofensivos.
A RedeTV! descumpriu a ordem judicial e, por isso, teve seu sinal cortado, permanecendo fora do ar por 24 horas. Para Barbosa, a desobediência da emissora escancara o cenário dos meios de comunicação no Brasil: “O desrespeito à lei é sistemático, como se fosse opcional e as empresas estivessem acima dela”.
O fato de o canal ter passado um dia inteiro fora do ar virou notícia e, para ter o sinal restabelecido, os proprietários da RedeTV! tiveram que assinar um termo de ajustamento de conduta prevendo a veiculação de 30 programas, a serem indicados por organizações de direitos humanos, em substituição ao Tardes Quentes.
“Foram 30 edições do ‘Direitos de Resposta’, nome que faz trocadilho com a questão do direito de resposta e a luta pelos direitos que consideramos atacados pela emissora”, explica. “O programa reuniu especialistas e representantes de movimentos sociais para discutir um tema a cada edição, sendo que quase toda a equipe, da apresentadora aos roteiristas, era voluntária”.
Além disso, a jornalista também lembra que foi lançado um chamado público informando o caso e fazendo um convite para que os cidadãos enviassem vídeos relacionados aos assuntos debatidos no programa. “Em 15, dias, recebemos mais de 400 colaborações”, lembra. “Usávamos um blog bastante simples para nos comunicarmos, já que as redes sociais ainda não eram tão populares em 2005”.
Na avaliação de Bia Barbosa, os resultados foram extremamente positivos: a audiência média do Direitos de Resposta era equivalente à do programa de João Kléber, chegando até a superá-la. “Outra vitória foi termos mostrado que é possível falar de direitos da população, inclusive do direito de resposta, de forma atrativa ao público”, acrescenta.
Os próximos capítulos
Apesar do PL do Direito de Resposta regulamentar o artigo da Constituição que garante ao ofendido o direito de se defender, há ainda alguns obstáculos a serem superados. De acordo com a deputada Luciana Santos, uma das emendas que serão votadas juntas ao projeto defende interesses de empresas como a Rede Globo, propondo que o direito de resposta seja praticado por um terceiro no caso do rádio e da televisão – ou seja, um jornalista da empresa concederia a resposta publicamente, e não o ofendido.
Já o direito de resposta em nome de grupos sociais, como no caso do programa Direitos de Resposta, que substituiu e igualou a audiência do Tardes Quentes, na RedeTV!, não aparece no Projeto de Lei do senador Roberto Requião. Para Bia Barbosa, porém, a prioridade é que ele seja aprovado de forma a garantir, de uma vez por todas, o direito de resposta. “Depois, sim, devemos aprimorá-lo a fim de ampliar a lei”.
Fruto do esforço de diversas entidades que compõem o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), o Projeto de Lei da Mídia Democrática , engloba, entre diversas propostas para a promoção da democracia na comunicação, a questão do Direito de Resposta – incluindo, em sua proposição, o direito de resposta coletivo.
O PL é de Iniciativa Popular, ou seja, necessita cerca de 1,3 milhão de assinaturas para ser encaminhado ao Congresso Nacional, e serve como instrumento de pressão por parte das organizações que lutam pela democratização da comunicação no país.

Publicado originalmente no site O Escrevinhador, por Rodrigo Vianna

Michel Zaidan Filho: O que têm a ganhar os trabalhadores com a próxima eleição?

 

                                        Não bastasse a crise de representação política de nosso sistema partidário e eleitoral, evidenciada pelas "jornadas de Junho" do ano passado, os candidatos em disputa pela cargo do governo estadual estão muito longe de "representar" os interesses dos trabalhadores pernambucanos. Um, por ser oriundo da burocracia estadual, ungido pelo ex-governador de PE, seu primo em quinto grau. O outro, por ser empresário e a favor da redução (ou eliminação dos direitos trabalhistas). Trata-se, sem dúvida, de uma disputa de interesses políticos, mas não necessariamente republicanos ou de interesse público ligado à massa trabalhadora do nosso Estado. Neste caso, como em muitos outros, as siglas partidárias não significam absolutamente nada. Houve uma espécie de erosão semântica no nome das legendas que abrigam as pretensões políticas de uns e outros. Senão, vejamos. O auto-denominado "Partido Socialista Brasileiro" (PSB)  foi capturado por uma oligarquia familiar, tradicional do Estado de Pernambuco. O presidente deste partido, aqui em Pernambuco, era o professor e filósofo Walteir Silva. Uma pessoa de uma integridade política e pessoal acima de qualquer dúvida. O Dr. Walteir Silva teve a sua legenda praticamente ocupada pela família Arraes e seus correligionários íntimos. 0 PSB tornou-se um patrimônio dessa família, passado de avô para neto o controle da legenda, como uma espécie de latifúndio partidário para exploração de interesses familiares. É de se perguntar o que tem de "socialista", "operário", "trabalhista", uma legenda política que foi capturada por uma oligarquia familiar? - No que tem de "novo" é a  proximidade ideológica com o PSDB, ou seja a agenda gerencial do Estado brasileiro. Mas aí é que não tem nada a ver mesmo com o interesse da massa trabalhadora: privatização, Estado mínimo, publicização dos serviços públicos, demissão dos servidores públicos etc.
                                            E o chamado "Partido Trabalhista Brasileiro" dos Patrões e Empresários?- Esse é uma piada semântica. Seu representante é de uma família de tradicionais usineiros do Estado. Como empresários distinguiram-se em discutir como utilizar recursos do BNDES para suas empresas pouco eficientes e competitivas. Sempre que convidados a discutir publicamente suas teses na Universidade, enviaram prepostos ou se desculparam por não poder ir.  Acho que só o deputado petista João Paulo Lima, por ingenuidade e não por má-fé, acredita no espírito trabalhista desse candidato. As desconfianças começam com a legenda "PTB", entregue pela ditadura militar a Ivete Vargas, para não cair nas mãos do herdeiro de Getúlio - Leonel Brizola, que teve de criar um novo partido - o PDT. De lá para cá, a história do PTB  é a de uma autêntica legenda de aluguel, que passa de mão em mão, desfigurada, sem nenhuma relação com o movimento trabalhista brasileiro, a não ser com o "pelego"  Paulinho da Força Sindical, aluno aplicado do outro superpelego Luis Antonio Medeiros.
                                           É preciso abrir os olhos dos trabalhadores pernambucanos para o embuste eleitoral que se avizinha. Muitos falarão em nome dos trabalhadores, mas provavelmente nunca trabalharão um único dia na vida. Vivem do trabalho e da ignorância dos outros. 

Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador e professor da Universidade Federal de Pernambuco

terça-feira, 5 de agosto de 2014

429 anos de João Pessoa: Festa das Neves sem Bagaceira não presta.






Começou a Festa das Neves e eu já estou reclamando. Reclamando sim, da falta da Bagaceira. Prefeito Luciano, o senhor que gosta tanto de manter as tradições, bote de volta a Bagaceira na Festa da Padroeira, faça isso antes que o arcebispo acabe com tudo como é do seu desejo. O senhor não tem culpa do que fizeram com a festa,mas levará consigo os louros de ter retornado à Ladeira da Borborema o encontro dos boêmios com as putas e intelectuais de nossa cidade.

Quiseram modernizar a festa acabando com a alegria dos pobres, dos cornos e das mulheres infiéis, numa demonstração inequívoca de preconceito. É interessante notar como os políticos adoram os pobres na hora de pedir o voto e ficam alérgicos ao cheiro de grude depois que tomam posse. Sempre foi assim e assim foi com a "Bagaceira" da Festa das Neves. Acabaram com a única coisa boa que tinha na festa.

E como era boa! Eu mesmo fazia ponto na barraca de Zilda, velha conterrânea que se mudou para cá depois que suas carnes  já não atraíam mais a exigente clientela do cabaré de Estrela. Fixou residência no Baixo Róger, por trás da linha do trem e fez vida novamente, só que desta vez conquistando os clientes pelo estômago. Seu tempero sertanejo ficou famoso. Sua buchada de bode na "Bagaceira" da Festa das Neves atraia para o gueto da santa desde os cabeceiros grosseiros do porto, às mocinhas intelectuais da província, aquelas que recitavam versos vestindo blusa de saco e exibindo tufos de cabelos em seus suvacos brancos.
Além disso tudo, era bom demais mijar na Ladeira da Borborema, aquela que Mané Caixa D`água, num rasgo de genialidade poética, recitou: "Ladeira da Borborema/tu és mais arta do que eu/mas eu posso subir in tu/e tu num pode subir neu". Os rios de mijo desciam buscando a Rua da Areia e de lá subia aquele cheiro de mijo com cerveja que perfumava mais do que extrato da Avon.
Foi ali que Zé Alan Abrantes mijou no capacete de um soldado, arrancou as divisas de um sargento e chamou para a briga um guarda noturno da Prefeitura, sendo levado pra cadeia e solto antes de chegar, graças a intervenção de Mundinho de Nezinho.
Pois muito bem, acabaram a "Bagaceira", a festa definhou e para fechar o firo apareceu o arcebispo Dom Pagoto pregando o fim de tudo.


Escrito pelo Jornalista Tião Lucena

Nota do Editor: Nossa Senhora das Neves é a padroeira da cidade de João Pessoa, que acaba de completar 429 anos de fundação. Dom Aldo Pagotto é o arcebispo da cidade, que já manifestou a intenção de acabar com os aspectos profanos da tradicional festa, muito popular entre os pessoenses. Pelo que pudemos apurar, há uma grande insatisfação por parte de segmentos da população em relação às medidas de Dom Aldo, um arcebispo conservador, que lembra o nosso Dom José Cardoso. 

A história do massacre palestino, por um judeu lúcido: o filho do general.

4 de agosto de 2014 | 10:38 Autor: Fernando Brito

heart
Miko Peled é um ativista da causa de um Estado Palestino.
Com características muito especiais.
Peled é judeu.
E filho de um dos mais importantes generais das Forças de Defesa Israelense (IDF), eufemístico nome de seu exército, Mattityahu “Matti” Peled, um dos integrantes do Estado-Maior israelense na Guerra dos Seis Dias, quando Israel conquistou os territórios da Cisjordânia, Gaza, Golan e o Sinai.
O próprio Peled chegou a ser militar.
Sua família e ele foram atingidos pela tragédia: uma sobrinha, de 13 anos, morreu num ataque de homens-bomba.
Neste vídeo, mencionado por Ricardo Mello em sua coluna na Folha, Miko Peled conta a história da qual ele e seus pais participaram.
Reproduzo porque é preciso que as pessoas, como ele, retomem a lucidez.
Porque, como Peled diz com sabedoria, não há mais lugar no mundo para regimes racistas e segregacionistas.
Mas estes, quanto mais agonizam, tornam-se mais brutos e selvagens e, claro, provocam reações iguais e contrárias, em bora, como Peled tragicamente exemplifica com os efeitos de um foguete palestino e uma bomba israelense, ambos sejam desproporcionais.
Assista o vídeo.
É a prova de que quando a guerra é insana, é muito mais valente quem pensa na paz do que aqueles que atiram.
(Publicado originalmente no site Tijolaço)

Michel Zaidan Filho: Lição não aprendida



                                            Faria bem ao candidato ao governo do Estado, apoiado pelo ex-governador e postulante à Presidência da República, assimilar as lições da derrota de Mendocinha (DEM) para o seu patrocinador,  na disputa pela sucessão do senador Jarbas Vasconcelos. Mendoncinha era vice-governador, tinha o apoio do ex-governador do Estado, um longo tempo de Televisão e uma cara estrutura de campanha. Mesmo assim perdeu fragorosamente para Campos, no primeiro turno do pleito eleitoral. Muito se discutiu com o próprio Mendonça Filho as causas dessa derrota política, quando parecia que estava tudo pronto para ele ganhar - inclusive as pesquisas do empresário Antonio Lavareda, que davam como certa a sua vitória. O mesmo ocorreu com Roberto Magalhães, na disputa com João Paulo para a Prefeitura do  Recife, incluindo-se naturalmente a arrogância e o sapato alto desse candidato. De nada adianta encher as ruas, as pontes, as calçadas e estradas, de cavaletes com foto e imagem, se ninguém conhece o passado do candidato, de suas capacidades e talentos administrativos. Só se a expectativa dos patrocinadores do candidato estejam ancoradas na presuntiva transferência de votos do ex-governador para o seu protegido, como ocorreu com o atual prefeito do Recife. Só que aí, existe uma grande diferença: o colégio eleitoral é outro, não é o Recife. As alianças, são outras. E o desempenho da campanha presidencial de Campos tem se mostrado pífio, até agora (não passando dos 10%). Longe do  Poder Executivo e com um desempenho sofrível, a influência eleitoral do ex-governador promete ser pequena. E como  o seu candidato local é desconhecido, não será a mera propaganda visual (ou o tempo de televisão) que vai ajudar eleger  o ungido pelo PSB.
                                             Do outro lado, a coligação que sustenta a candidatura do senador Armando Monteiro padece de uma inconsistência programática muito grande. Como é que um membro de uma tradicional família de usineiros e de industriais em concordata, que usou a estrutura da FIEP, CNI e sistema S para fazer carreira política, e que ainda como deputado federal apresentou projeto extinguindo direitos trabalhistas, em nome da competitividade da empresa nacional, pode se apresentar como representante dos trabalhadores de Pernambuco? - Acho que só o deputado João Paulo de Lima acredita (?) nessa falácia eleitoral. A sigla partidária PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) já há muito tempo tornou-se uma legenda de aluguel para políticos que nada têm de trabalhista ou trabalharam uma única vez na vida. Foi criada por Getúlio Vargas, durante o fim da ditadura do Estado Novo, para garantir a eleição de políticos de sua confiança. Os militares não devolveram a Leonel Brizola a legenda, que lhe era de direito como herdeiro do legado varguista. Deram-na a Ivete Vargas que repassou a políticos clientelistas e fisiológicos no Congresso. De lá para cá, tornou-se uma autêntica legenda de aluguel sem nenhuma significação semântica  digna desse nome. A captura dessa legenda desfigurada pelos políticos de Pernambuco é o último capítulo dessa triste história partidária. Mais lamentável é a aliança com o PT. Afinal de contas, qual é o propósito de uma aliança como essa? - Os interesses da classe trabalhadora? - Duvido. É uma aliança eleitoral, como as outras. Sem nenhuma identidade programática ou ideológica. Pode até ganhar as eleições no estado, mas os trabalhadores não terão muito a ganhar com essa aliança do empresário (pouco eficiente) com o ex-metalúrgico da Ação Operária Católica. Que Deus abençoe a todos!

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Tijolinho do Jolugue: Festival Caminhos do Frio chega à Serraria


O Festival Caminhos do Frio chega hoje, dia 04/08, à cidade de Serraria(PB), distante 90 km da capital do Estado, João Pessoa, uma rota obrigatória para quem deseja curtir o friozinho da Serra da Borborema, saborear uma deliciosa cachaça, acompanhada da cozinha regional, preparada no fogão de lenha. Serraria guarda um passado histórico ainda preservado, da época do apogeu do ciclo da cana-de-açúcar. São dezenas de engenhos, alguns deles ainda em funcionamento, produzindo, hoje, a melhor caninha branca do Brasil, a Volúpia. Como opção de hospedagem, a Pousada Engenho Laranjeiras. À noite, um show de Antônio Carlos e Jocafi. 

Nota do Editor: Procede as reclamações dos amigos paraibanos argumentando que não demos o destaque devido ao festival Rota Cultural Caminhos do Frio neste ano. Ocorre que o blog ficou um pouco concentrado nos temas políticos, com o propósito de consolidarmos uma identidade. Pedimos nossas desculpas por pegarmos o trem andando. Como diria o poeta Marcus Accioly, que saudade de bosta!!! Um abraço fraterno em todos vocês.

Tijolinho do Jolugue: Dilma ganha a "guerra" nas redes sociais

Dilma está ganhando a "guerra" pelas redes sociais, mesmo sem o "Dilma Bolada", uma página no Facebook, bastante popular, mas interrompida por seu idealizador, Jeferson Monteiro,alegando problemas com o grau de agressividade do qual estaria sendo vítima, embora existam muitas controvérsias sobre o assunto. O Planalto, segundo se informa, estaria disposto a conversar com Jefferson para tentar dissuadi-lo da ideia. Em todo caso - mais uma vez - as "feras' do PT mantém uma tradição de longa datas: continuam dando um banho pelas redes sociais. Segundo levantamento da empresa de monitoramento R:18, nos últimos meses, 1.19 milhões de vezes Dilma foi citada nas principais redes, Facebook, Twitter e Instagram, um número bem superior aos seus concorrentes, Aécio Neves e Eduardo Campos. Aproveitamos para informar que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, segundo informações fornecidas pelo próprio Facebook, "pagou" por sua popularidade na rede, aumentando sensivelmente o número de seguidores, o que fere dispositivo da legislação eleitoral. 

Foto: Dilma ganha a "guerra" nas redes sociais.

Dilma está ganhando a "guerra" pelas redes sociais, mesmo sem o "Dilma Bolada", uma página no Facebook, bastante popular, mas interrompida por seu idealizador, Jeferson Monteiro,alegando problemas com  o grau de agressividade do qual estaria sendo vítima, embora existam muitas controvérsias sobre o assunto. O Planalto, segundo se informa, estaria disposto a conversar com Jefferson para tentar dissuadi-lo da ideia. Em todo caso - mais uma vez - as "feras' do PT mantém uma tradição de longa datas: continuam dando um banho pelas redes sociais. Segundo levantamento da empresa de monitoramento R:18, nos últimos meses, 1.19 milhões de vezes Dilma foi citada nas principais redes, Facebook, Twitter e Instagram, um número bem superior aos seus concorrentes, Aécio Neves e Eduardo Campos.

Tijolinho do Jolugue: Onze mortos no último final de semana. O Estado perdeu o controle do Pacto pela Vida?

Voltamos aos números trágicos. Foram registrados 11 homicídios neste final de semana no Recife, entre Sexta-Feira e Domingo. O Estado está perdendo o controle de uma de suas principais vitrines, o Pacto pela Vida. O Programa nunca foi perfeito, inclusive no que concerne à "seletividade" das ocorrências, como uma opção clara no sentido de combater os homicídios por causas violentas, diminuindo seus indicadores. Por outro lado, não se pode negar que a decisão do Estado em enfrentar o problema, planejando as ações, estipulando metas, acompanhado as estatísticas, definindo estratégias foi um grande acerto. Não se combate a violência sem ações planejadas, de longo prazo. Colocar policiais nas ruas, ampliar o número de delegacias, sem que haja objetivos previamente traçados - acompanhados de estatísticas seguras - não resolve o problema. O caso das UPPs é um bom exemplo disso. Havia nas favelas do Rio de Janeiro e São Paulo o que os sociólogos chamam de "Ausência de Estado". O Estado cometeu alguns equívocos quando resolveu enfrentar o problema. Cometeram, por assim dizer, alguns erros de avaliação: ações policiais não acompanhadas de ações sociais, transformaram as UPPs em zonas militarizadas, uma espécie de poder paralelo só que agora sob o comando da polícia, cujos membros - alguns, naturalmente - acharam que podiam tudo, como dar sumiço em pessoas das comunidade, como ocorreu com Amarildo. Passamos, então, a lidar com mais um componente grave, a violação dos direitos humanos. Há de se "tentar" um controle rígido sobre a ação dos policiais que estão nas ruas, sob risco iminente de transgressões, em função da vulnerabilidade do exercício de suas atividades. Quando o Estado perde esse controle ou, noutro extremo, "delega" uma autoridade demasiada, as consequências nefastas são inevitáveis. Penso que as coisas começaram a desandar em Pernambuco quando culparam o "fetiche" da farda como argumento para o estupro de adolescentes vulneráveis por membros da corporação militar. Outro erro gravíssimo foi a política de "endurecimento" contra os movimentos sociais, o que representou, aqui, uma "frouxidão" do Estado Democrático de Direito. Num país com os problemas estruturais como o nosso, a violência explode como num passe de mágica. 

Tijolinho do Jolugue: Como se explica a erosão de "imagem" do Governo de Eduardo Campos em Pernambuco?

Daqui alguns anos alguém vai precisar se debruçar em estudos para explicar o que ocorreu com o Governo de Eduardo Campos, embora já existam estudos muito bons sobre o assunto, como o do professor da Universidade Federal de Pernambuco, Michel Zaidan Filho, intitulado: A Honra do Imperador, que tivemos a oportunidade de ler recentemente. Quiçá um estudo do ponto de vista do marketing institucional, capaz de identificar como foi montado esse "escudo de proteção" do Governo, que impediu durante um bom tempo que a população identificasse seus equívocos, suas falhas, seus erros crassos. Penso que somente o fato de ter calculado mal o rompimento com o Governo Federal não explica esse verdadeiro "desmoronamento" de imagem. Outro dia um colega, Clóvis Barreto, estava questionando por aqui as pesquisas de popularidade - ou de avaliação - que colocavam o governador pernambucano nas alturas. Um prestígio, dizia ele - e com razão - que foi capaz de eleger Geraldo Júlio para prefeito da  capital e influenciar decisivamente na eleição de um séquito de prefeitos do cinturão da região metropolitana do Recife. De fato. O que é que estava errado, então? As pesquisas anteriores? A pecha de "traidor" seria suficiente para criar essa antipatia junto aos eleitorado? Seriam as contradições do seu discurso? Um caçador de raposas que anda acompanhado delas? Um Governo que reprime as manifestações de rua e convoca os jovens para ocuparem as ruas, as universidades e as redes sociais? Um choque de gestão que não consegue mudar os índices de desenvolvimento humano no Estado? Como diria o saudoso cientista político Robinson Cavalcanti, está aqui um bom mote para uma dissertação de mestrado ou tese de doutorado. Faço essas observações diante da nova pesquisa do Instituto Maurício de Nassau, que avalia a popularidade dos presidenciáveis em Pernambuco, onde Dilma Rousseff aparece com 40% das intensões de voto, enquanto o candidato Eduardo Campos, que governou o Estado por dois mandatos, aparece com 30%. Talvez Lula tenha matado a charada: Quem cuidou dos pobres em Pernambuco foi o Governo Federal.

domingo, 3 de agosto de 2014

"Denúncia" de Veja, repercutida em 4 minutos e 45 segundos do Jornal Nacional, faz lembrar ofensiva midiática de 2006

publicado em 3 de agosto de 2014 às 16:56

trama
De volta ao passado: o objetivo então era levar ao segundo turno. Levaram
por Luiz Carlos Azenha
O “novo escândalo” da Veja, sobre suposto vazamento de perguntas — que de qualquer forma seriam públicas — aos que foram ouvidos na CPI da Petrobras me parece uma manobra diversionista para mudar de assunto. Tirar o noticiário de Cláudio e Montezuma e trazer Dilma Rousseff mais uma vez para o domínio absoluto das manchetes.
Quando eu era repórter da TV Globo, em 2005, antecedendo minha primeira cobertura de eleições presidenciais no Brasil — havia morado quase duas décadas nos Estados Unidos –, uma investigação que fizemos sobre caixa 2 em Goiás acabou em uma das CPIs que trabalhavam simultaneamente em Brasília.
Vi com meus próprios olhos uma importante jornalista da Globo, de alta patente, que me ciceroneava em um ambiente desconhecido, visitando gabinetes de deputados e senadores para troca de informações. No do então deputado ACM Neto, que participaria do depoimento do homem investigado por nós, houve até entrega de documentos e sugestão de perguntas. Eu vi isso acontecer e, francamente, não me espantei.
Se o objetivo de uma CPI é esclarecer os fatos, não há perguntas, nem assuntos secretos. Os depoentes devem trazer todos os esclarecimentos que forem necessários à opinião pública. A existência de parlamentares de diferentes correntes políticas é garantia de que teremos todo tipo de pergunta, das “levantadas de bola” às “pegadinhas”, das críticas às bajuladoras. Não há motivo para guardar nenhuma informação em sigilo, se se pretende de fato esclarecer o assunto.
Qual é o problema de perguntas serem organizadas para facilitar os esclarecimentos do depoente? Isso não significa que ele vá responder apenas àquelas perguntas, já que a oposição estará presente. O problema está nas mentiras do deponte, não nas perguntas feitas a ele. Não há nada de errado quando um governo tenta vender à opinião pública sua versão dos fatos, desde que a oposição possa, igualmente, fazê-lo. Vamos combinar que não falta espaço na mídia à oposição brasileira, certo?
Portanto, trata-se de uma denúncia tola, transformada em manchete por uma gravação subterrânea, vendida como “comprometedora”.
O que me chamou a atenção naquela CPI de 2005, na verdade, foi que o homem por nós investigado, dono de uma seguradora, quando abriu os arquivos em seu depoimento deixou claro que havia feito doações por fora a todos os partidos políticos, não só ao PT mas também ao PSDB, PMDB, PFL e outros. Assim que isso ficou explícito e demonstrado, acabou nossa investigação. Fui mandado de volta a São Paulo…
Naquele período eleitoral, também constatei por dentro a mecânica da mídia: denúncia na capa da Vejaentre sexta e sábado, repercussão acrítica no Jornal Nacional de sábado, bola rolando a partir de domingo na Folha, Estadão e O Globo.
Não foi o que se chama de “nota pelada” do Jornal Nacional, algo passageiro, sem imagens, na edição de ontem. Foram 4 minutos e 42 segundos falando sobre a denúncia de Veja, uma enormidade! Se fosse em comerciais, teria um custo próximo dos R$ 4 milhões. Frequentemente, quando eu era correspondente em Nova York, precisava explicar assuntos complexos, como a crise que precedeu a invasão do Iraque, em 60 segundos.
O que a Globo fez ontem se chama no meio jornalístico de “dar pernas” a uma denúncia.
Eu mesmo, num plantão, fui convocado para fazer uma destas “reportagens”, que envolvia um irmão do então presidente Lula. Argumentei com meu chefe direto que seria impossível fazer uma apuração independente do conteúdo da revista. Estávamos dando tudo aquilo como límpido e verdadeiro. O certo seria fazer nossa própria apuração a partir dos dados trazidos pela Veja. E se as informações não se confirmassem? Resposta dele: é isso mesmo, é apenas para reproduzir trechos da revista.
Foi nesse quadro que, mais tarde, houve um revolta interna na redação da Globo de São Paulo, que envolveu um grande número de profissionais, resultou na demissão de Rodrigo Vianna e, mais tarde, influenciou minha decisão de pedir rescisão antecipada de meu contrato, que venceria quase dois anos depois, para estudar internet nos Estados Unidos. Não me arrependo e, a julgar pelo que aconteceu neste fim-de-semana, vejo que o método da mídia corporativa não mudou. Saiu na capa de Veja, teve grande repercussão no Jornal Nacional e…
A suspeita que eu tinha então agora está desfeita. Não duvido mais que seja tudo combinado. Se não fosse, por que a denúncia da Folha sobre o aeroporto de Cláudio não detonou imediatamente o mesmo rolo compressor investigativo?
Talvez a existência dos blogs e das redes sociais tenha acabado com as mentiras mais deslavadas. A manipulação da mídia corporativa agora é exercida na escolha da pauta e nos recursos direcionados para apurar este ou aquele assunto, de acordo com as conveniências políticas, econômicas ou ideológicas. De volta a 2006!
(Publicado originalmente no site Viomundo)