pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Cid Benjamim: Gracias a la vida




Hoje é aniversário do golpe militar que derrubou Salvador Allende no Chile, em 1973, dando início a uma das mais sangrentas ditaduras na América Latina.
Assim, como um grande número de brasileiros, eu estava exilado naquele país.
Como acontece a cada 11 de setembro, me lembro, emocionado, do que aconteceu.
Transcrevo aqui uma passagem de meu livro de memórias - "Gracias a la vida" - em que falo desse dia fatídico.

"O processo político chileno caminhava para um impasse. A direita, com o apoio aberto dos Estados Unidos, fazia de tudo para criar dificuldades para o governo Allende. Seu objetivo era tornar a vida das pessoas tão difícil que estas acabassem apoiando quem se apresentasse como capaz de restabelecer a ordem. A CIA (a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) esteve por trás de uma greve nacional de caminhoneiros que se estendeu por meses e interrompeu a chamada Carretera Central, que corta o país de Norte a Sul. Com isso, prejudicou enormemente o abastecimento de gêneros de primeira necessidade. Essa participação da CIA foi comprovada anos depois, com a divulgação de documentos oficiais pelo próprio governo americano.
"Nos supermercados começavam a faltar produtos básicos: carne, leite, laticínios, sabão em pó, sabonete, papel higiênico. As pessoas corriam para avisar aos amigos quando num determinado lugar chegava tal ou qual produto. Que, por sinal, logo acabava.
"Os trabalhadores reagiam de diferentes formas, inclusive as mais heterodoxas. Em certo momento, os lixeiros resolveram dar o troco à direita e passaram a não recolher mais o lixo em bairros da burguesia. Viam-se, então, empregados domésticos uniformizados queimando lixo em ruas chiques de Santiago.
"A sociedade se dividia. Como as Forças Armadas chilenas tinham uma tradição de legalidade, muita gente achava que manteriam essa postura. A ilusão custou caro.
"A situação no Chile em 1973 chegou a tal ponto que Allende resolveu submeter a continuação de seu governo a um plebiscito. Se vencesse, o que era perfeitamente viável, ganharia novo fôlego e a direita se veria sem condições políticas para dar o golpe. Mas os militares, a essa altura já comandados pelo general Augusto Pinochet, pois Prats tinha pedido para passar para a reserva, apressaram seus planos e agiram antes que Allende anunciasse a realização do plebiscito.
"No dia 11 de setembro, veio o golpe, que, em seu momento inicial, talvez tenha sido o mais violento dentre todos os acontecidos na América Latina.
Na ocasião, já estávamos há poucas semanas, eu, Isolde e Ani, em outra casa, melhor do que o apartamento em que, até então, tínhamos morado.

"No dia do golpe, saí cedo para uma reunião política com brasileiros. Na rua, senti um clima estranho. E havia grande movimento de helicópteros e aviões. Perguntei a um transeunte se tinha acontecido algo.
“Los milicos se alzaran”, foi a resposta.

"Voltei para casa e avisei Isolde, pedindo para ela preparar as coisas para o caso de termos que sair abruptamente. Já não havia quase ônibus. Pegando carona e caminhando comecei a me deslocar pela cidade, àquela altura repleta de veículos militares com soldados. Contatei militantes chilenos que conhecia, mas eles estavam desorientados. Os esquemas de resistência dos partidos de esquerda se baseavam, em grande medida, nas emissoras de rádio de que cada um deles dispunha. Mas todas receberam um ultimato dos militares para que entrassem em cadeia com uma emissora já ocupada por eles. Ainda assim, uma delas, a Rádio Magallanes, transmitiu o último discurso de Allende, feito quando o Palácio de La Moneda estava sendo bombardeado pela Força Aérea. Esse discurso é uma peça histórica. Não o escutei no dia, mas me emociono com a inteireza política, a lucidez e a coragem demonstrada pelo presidente chileno cada vez que o ouço, mesmo anos depois.
"A Allende foi oferecida pelos golpistas a alternativa de seguir para o exílio, levando consigo todas as pessoas que desejasse, sem limite de número. Era uma tentativa de, além de pôr fim à experiência da Unidade Popular, desmoralizar seu líder máximo.
"Allende recusou a proposta. Teve a compreensão de seu papel histórico. Percebeu que não tinha o direito de render-se para poupar a sua vida e as de pessoas próximas, deixando o povo chileno entregue à sanha dos golpistas. Morreu de fuzil em punho no Palácio de La Moneda.
"Andando nas ruas para um lado e outro, em busca de contatos com militantes de esquerda que conhecia, tentei, ainda, chegar aos cordões industriais, o conjunto de fábricas na periferia de Santiago. Lá eu conhecia ativistas que tinham forte liderança. Mas a região já estava sendo cercada por forças do Exército.
"Dei meia volta e comecei uma caminhada para casa. Ela duraria umas boas duas ou três horas. Presenciei, então, uma das cenas mais tristes de toda a minha vida: centenas de trabalhadores andando cabisbaixos, em fila indiana, muitos com marmitas nas mãos, depois de deixar as fábricas, e sendo monitorados por soldados do Exército armados de fuzis. A derrota estava estampada no rosto de cada um deles. Tive vontade de chorar.
"Pouco depois encontrei por acaso Sérgio de Castro Lopes, um brasileiro que vivia legalmente no Chile. Ele era filho de Valdecir, o amigo do meu pai que tinha arcado com as despesas do parto da Isolde. Sérgio estava de carro e me deu uma informação fundamental: a partir das 14h, mais ou menos duas horas depois, entraria em vigor o toque de recolher. Quem estivesse nas ruas seria preso.
"Fez mais: ofereceu-se para me dar carona até a minha casa e, depois, me levar, com Isolde e Ani, para a residência de uns amigos ingleses. Seria um lugar muito mais seguro. Aceitei de bom grado. Para não despertar suspeitas, fomos só com a roupa do corpo e as fraldas e mamadeiras da Ani para a casa dos ingleses. Eles moravam num local amplo, com um vasto quintal arborizado e nos receberam muito bem. Ficamos lá uns dois dias. Nesse meio tempo, nos intervalos do toque de recolher, saí umas duas ou três vezes para encontrar conhecidos brasileiros e chilenos, mas ninguém tinha a mínima idéia de como resistir.
"Diante disso, consideramos inútil continuar no Chile. O casal de ingleses nos levou de carro à porta da Embaixada do México, a mais próxima de onde estávamos, onde nos refugiamos. Depois soubemos que a casa em que morávamos tinha sido invadida e saqueada pelo Exército.
"Tivemos muita sorte. Primeiro, por eu ter encontrado Sérgio – pessoa extremamente amiga e solidária – que me trouxe a informação preciosa sobre o toque de recolher, me deu carona e nos conseguiu guarida com o casal de ingleses. Mas também porque minutos depois de termos entrado, sem problemas, na Embaixada do México, ela foi cercada por carabineiros.
"Passamos uns 20 dias na embaixada. Havia cerca de 200 pessoas na casa, que era grande, mas sem capacidade para receber tanta gente. As janelas tinham que ficar permanentemente fechadas, para evitar o risco de franco-atiradores, que já haviam assassinado com um tiro de fuzil uma refugiada que estava no gramado da Embaixada da Itália.
"O embaixador e os diplomatas mexicanos se esmeravam, mas tinham dificuldades para receber e alimentar tanta gente. Na casa, nos revezávamos para dormir, porque não havia lugar para todo mundo deitar, mesmo no chão. Os banheiros não davam conta da quantidade de gente e, logo, os vasos sanitários começaram a entupir. Muitas crianças passaram a ter diarréia. Foi uma situação difícil. Mas, pelo menos, estávamos a salvo da barbárie que se instalou naquele lindo país – na época o mais politizado da América do Sul.
"As dificuldades não eram só de ordem material. Como era natural, os chilenos estavam, ainda, mais tocados do que os estrangeiros com a derrota. Na embaixada, algumas discussões entre partidários da PC, adeptos da estratégia desenvolvida por Allende e a Unidade Popular, e militantes do MIR, defensores da inevitabilidade de um enfrentamento armado no caminho para o socialismo, não ajudavam muito naquela situação.
"Como tínhamos criança pequena, fomos escalados para seguir rumo ao México no primeiro vôo de refugiados a deixar a embaixada.
"Viajei de coração partido. Criara vínculos afetivos com o Chile e antevia dias muito difíceis para aquele povo acolhedor e generoso."

Cid Benjamim

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Michel Zaidan Filho: Por que não esquecer Eduardo Campos?





Meus  abusados leitores eduardianos reclamam porque não  esqueço de Eduardo  Campos. Gostaria muito que, uma vez falecido, ele descanse em paz, como todo bom morto. Infelizmente, neste caso isso não é possível. A revista paulistana CARTA CAPITAL, dessa semana, publicou uma notícia do além: segundo o periódico de São Paulo o ilustre falecido de Pernambuco e ex-candidato à Presidência da República pelo PSB teria doado a Marina Silva a singela importância de 2.500.000,00 reais, para a campanha dela, DEPOIS DE MORTO! ou seja, no dia seguinte ao acidente aéreo que o vitimou. Como se vê, é difícil esquecer um falecido assim, que, mesmo depois de morto, ainda continuou operando, agindo, interferindo no rumo das eleições presidenciais. Seria o caso de a Justiça Eleitoral e o Ministério Público Eleitoral perguntar pelo endereço do Centro  Espírita (e o nome do médium) onde  foi feita essa "doação". Ao que sabe, os mortos não podem votar, nem serem votados e nem doarem dinheiro para campanha eleitoral. Caso não previsto pela legislação atinente aos candidatos vivos. Ainda não há uma legislação eleitoral para candidatos mortos. Embora eles ajam por aí, com a conivência explícita dos familiares e correligionários.

E  por falar em doação para a campanha eleitoral, os comunicadores do sistema JC vieram me indagar sobre a revelação do ex-diretor da Petrobras sobre o pagamento regular de propinas  aos políticos e governadores da base aliado do governo federal, incluindo aí, nada mais nada menos, do que o falecido. Está vendo por que a gente não consegue esquecer o nome dele? - Perguntaram qual a influência que essas revelações poderiam ter sobre os rumos da eleição presidencial.
Primeiro, o aumento do ressentimento da opinião pública contra a política, os partidos e os candidatos.

Segundo, o aumento do desgaste político da  imagem do Governo Federal. Afinal, o principal responsável pela moralidade da administração pública na país é o Presidente. Ele é que nomeia e demite os seus assessores.
Terceiro, o financiamento da campanha do PSB. Afinal de contas: de que fonte abundante e generosa jorra tanto dinheiro para financiar a campanha da candidata do PSB? - do Céu? do Pastor Silas Malafaia? da Assembléia de Deus? -
Existem muitas perguntas sem respostas em torno dos doadores (deste e do outro mundo) da campanha de Marina Silva à Presidência da República. Como ela costuma posar de vestal, pura, renovada, na propaganda eleitoral do PSB, seria muito bom, necessário e oportuno que ela começasse a se explicar quem são os financiadores de sua campanha, o que eles querem, o que foi prometido (em nome de Deus) a eles.
Amém.

Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador e professor da Universidade Federal de Pernambuco.

Tuiteiro Gerson, deprimido: "Aécio, como pode me incluir fora dessa?"

publicado em 10 de setembro de 2014 às 0:02
Gerson Carneiro
Carta aberta do tuiteiro Gerson Carneiro a Aécio Neves
Pessoal, boa noite.
Só agora, quase 36 horas após a hecatombe é que recuperei minhas forças e posso tocar no assunto.
É verdade. Fui ao psicólogo. Deprimido.
Anos e anos. Dias após dias. Madrugadas atrás de madrugadas…
Aí vem o Aécio. E processa esse mundo de gente.
Meu coração acelerou quando me deram a notícia. Pensei em mãinha. Corri. Fui conferir.
E o meu nome. O meu nome? Não estava lá.
Caí em prantos. Me senti ultrajado. Hiper desprestigiado.
Que é isso Aécio? Como pode me incluir fora dessa?
Logo eu?!
Como darei essa notícia à mãinha?
Ela está com 82 anos, gente!
Nem eu estou aguentando esse banque.
Como dizia o Tim Maia:
“É, engraçado, ás vezes a gente sente, e fica pensando
Que está sendo amado, que está amando, e que
Encontrou tudo o que a vida poderia oferecer
E em cima disso a gente constrói os nossos sonhos
Os nossos castelos, e cria um mundo de encanto onde tudo é belo
Até que a alguém que a gente ama, vacila e põe tudo a perder
E põe tudo a perder… e põe tudo a perder.
Me dê motivo.”
Mas eu vou recuperar minhas forças.
Um dia Aécio há de olhar pra mim.
Valeu pessoal. Meus seguidores em especial. Peço desculpas por decepcioná-los. Aonde foi que eu errei?
Mas ao menos um alento:
Estou na lista de espera aguardando a segunda chamada.
Beijo pra quem é de beijo. Abraço pra quem é de abraço.
Axé babá!
A luta continua.
Gerson Carneiro.
PS do Viomundo: Gerson, a NaMariaNews está deveras sensibilizada com a tua dor. Pediu a mim, Conceição Lemes, que lhe dissesse que está orando muito para São Serapião lhe dar conforto nesta dura hora e que  você alcance o teu tão sonhado desejo. Em solidariedade, ela acaba de criar o grupo dos MALS. O Movimento Aécim dos Sem Lista. Alvíssaras.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Luis Nassif: Uma entrevista-bomba do economista de Marina

publicado em 9 de setembro de 2014 às 13:39

marinagiannetti
Uma entrevista-bomba de Eduardo Gianetti
Luis Nassif, no GGN 
A entrevista de Eduardo Gianetti – o economista de Marina Silva – ao jornal Valor Econômico (está abaixo)  é literalmente uma bomba. Gianetti – que é um filósofo – avançou radicalmente além das chinelas e, em nome de Marina Silva,  apresentou um conjunto de propostas econômicas desconjuntadas e imprudentes.
Ele vai despejando medidas, parecendo atender às demandas de cada grupo aliado, sem conseguir desenhar o cenário resultante. É como se cada medida se bastasse a si própria, sem consequências para o todo.
Comporta-se como o jogador de xadrez novato que só consegue analisar a jogada em curso, sem  discernimento sobre seus  desdobramentos.
***
Por exemplo, tem-se um problema: as interferências de Dilma nos preços administrados criaram uma inflação represada que impede a convergência das expectativas de mercado. Ninguém sabe para onde irá a inflação quando os preços forem liberados.
Dilma propõe – para o pós-eleições, é claro – um reajuste gradual das tarifas no tempo, para evitar um choque inflacionário.
Gianetti defende um choque tarifário – a correção imediata dos preços administrados. Se tem um problema – diz o valente – temos que enfrentá-lo.
De fato, tirará do horizonte uma variável indefinida. Mas a converterá uma expectativa de inflação em uma inflação concreta.
Quais os efeitos de um aumento súbito da inflação nas expectativas empresariais? Gianetti não saberia avaliar, mas sabe de uma coisa: choques semelhantes foram aplicados no início do governo FHC e Lula, sendo bem sucedidos.
O excelente entrevistador educadamente lembra Gianetti que, nos exemplos citados, o grande peso da inflação era dado pelo câmbio (que sofreu grandes desvalorizações nos dois casos) e não havia o quadro de emprego e renda que se tem hoje.
Confrontado com a informação, qual a reação do bravo Gianetti? Admite que “a situação em certos aspectos era diferente da atual, de fato” – o emprego do “certos aspectos” passa a ideia de conhecimento de todos os aspectos, sem a necessidade dele enumerá-los. E como tratar a situação diversa que se tem hoje? Da mesma forma. Limita-se a acreditar “sem a menor dúvida”, como ele diz, “de que há um custo de fazer o ajuste hoje, mas ele certamente é menor do que o custo de não fazê-lo”.
***
Todas suas afirmações são reforçadas por demonstrações de fé e confiança, “sem a menor dúvida”, “certamente”. Não desenvolve raciocínios sobre os problemas apresentados, não estima desdobramentos. Mas “certamente” ele tem certeza de que o caminho que escolher é o melhor.
Suas teorias poderiam ser taxadas de “autoengano” promovido pelo excesso de fé e pouco uso da razão.
***
Mas não fica nisso.
Não bastasse o alinhamento tarifário, ele defende a bandeira de que não haverá mais aumento da carga tributária – conforme a expectativa de vários ambientes em que foi vender seu peixe – mas propõe também a volta da CIDE (o imposto sobre combustíveis) – conforme a expectativa dos produtores de álcool com quem esteve recentemente. Ou seja, propõe dois choques  para a gasolina: o realinhamento tarifário e a volta da CIDE.
Mas a volta da CIDE significa um aumento da carga tributária, observa o entrevistador astuto. Sim – admite Gianetti, que provavelmente não tinha atinado com essa obviedade. Mas responde com outra obviedade: cortaremos em outros despesas.
Quais delas?
***
O que se tem até agora são dois choques tarifários disparando a inflação. A peça seguinte é um Banco Central independente, levando a Selic onde for necessária, mas sendo auxiliado por um choque fiscal, para dar coerência ao pacote.
E onde vai cortar? No crédito subsidiado, diz o filósofo do autoengano, em um momento em que Dilma Rousseff martela diariamente na sua campanha eleitoral sobre o significado de acabar com o crédito subsidiado. Hoje em dia, há crédito subsidiado para a indústria, agricultura e programas sociais.
Gianetti é adepto da tese de que a indústria chora por vício, não por necessidade. “Acho que a indústria deve se preparar para uma operação desmame. Ela está acostumada a chorar e ser atendida”.
Com a eleição da Marina, a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) do BNDES vai subir para não haver subsídio. Considera-se subsídio a diferença entre a TJLP e a Selic. A taxa distorcida é a Selic (que remunera os títulos da dívida pública); mas Gianetti trata a TJLP (que serve de base para os financiamentos) como se fosse a abusiva.
Toda a política agrícola é fundada em crédito subsidiado, assim como um sem-número de políticas sociais, como Minha Casa, Minha Vida.
***
A indústria se verá frente ao aumento da inflação, aumento de juros de curto prazo (com a Selic) e de longo prazo (com a TJLP); câmbio apreciado, por conta da entrada de dólares atrás dos juros; choque tarifário, com o adicional do CIDE; sem políticas industriais pela frente. E como ficará o emprego?
O mágico Gianetti, o economista que não tem dúvidas, responde que “o desemprego já é uma realidade e a ideia é que termine o quanto antes”. Como? Fé cega e tesoura amolada. “A experiência mostra que a capacidade de resposta da sociedade brasileira é muito forte. Tendo a crer que ainda em 2015 será possível ver a volta da economia ao crescimento, se for muito bem feito”.
Não se trata de nenhuma afirmação científica, calçada em dados, analisando todos os desdobramentos da política econômica. Trata-se de matéria de fé: “Tendo a crer (…) se for tudo muito bem feito…”
Esquece que um choque inflacionário afeta diretamente as expectativas e a confiança dos agentes econômicos. Se junto com o choque inflacionária derrubar o mercado de consumo, quebrará a única perna que sustenta o PIB hoje em dia. E se, junto com a inflação, sobrevier uma recessão – fruto do choque fiscal e tarifário – só um milagre para  empresários sem mercado e sem estabilidade de preços manterem a confiança na economia.
Perde a agricultura, perde a indústria e não ganham os programas sociais.
Eles serão mantidos apenas na hipótese de haver folga fiscal, como garante nosso bravo filósofo macroeconomista.
***
Indagado sobre qual a diferença de Marina sobre os demais candidatos, Gianetti é cândido: “Não vemos a economia como um fim em si mesmo, ela é pré-condição para uma vida melhor para todos, de uma realização mais plena. O sonho que nos move é que a economia deixe de ocupar o lugar de proeminência que ela ocupa hoje no debate brasileiro para que a gente possa focar em questões ligadas à cidadania, à realização humana, à felicidade”.
do Valor
Programa de Marina será cumprido quando conta fiscal permitir
Por Denise Neumann e Catherine Vieira | De São Paulo
Direto e sincero, o economista Eduardo Giannetti, um dos principais conselheiros de Marina Silva, candidata do PSB à Presidência da República, não doura a pílula ao falar como vão ser enfrentados os desafios que ele vê hoje no país, em eventual vitória da sua candidata. A opção para fazer o ajuste econômico será pela via mais dura (porque permite uma volta mais rápida ao crescimento), os compromisso sociais assumidos no programa vão depender do equilíbrio fiscal e a indústria pode se preparar para uma operação “desmame”. Embora evite detalhar como seria feito o ajuste econômico, e se ele incluiria aumento de juros, ou corte de despesas, para elevar o superávit primário, Giannetti admite que ele não será simples.
Antes de iniciar a entrevista, Giannetti avisa que não é “o” porta-voz econômico da campanha, mas um conselheiro e um dos formuladores do programa. Dito isso, admite que não será simples “arrumar” o Brasil. “Não tenho a menor dúvida de que há um custo de fazer o ajuste, mas ele certamente é menor do que o custo de não fazê-lo”, disse. Questionado se os compromissos assumidos no programa não são conflitantes com a perna fiscal do tripé macroeconômico, foi muito claro. “Os compromissos serão cumpridos à medida que as condições viabilizarem, sem prejuízo do equilíbrio fiscal.”
Ao falar sobre a formação de um eventual governo Marina, ele deixou claro que a campanha espera adesões já no segundo turno, e repetiu que não se vê como ministro da Fazenda. Perguntado se técnicos do PSDB podem ter cargos no governo, disse que sim, e fez referência espontânea, sem citar nomes, aos quadros técnicos do PT do primeiro mandato de Lula, “que são de extraordinária qualidade”. Faziam parte daquele grupo Joaquim Levy, Marcos Lisboa e Bernard Appy, entre outros. Leia, a seguir, trechos da entrevista.
Valor: Quais os principais problemas da economia brasileira?
Eduardo Giannetti: O problema básico do Brasil hoje é uma combinação pouco usual de três fatos que não costumam caminhar juntos. Temos baixo crescimento crônico, inflação teimosamente na vizinhança do teto definido pelo sistema de metas com o agravante de que ela está artificialmente controlada tanto por preços administrados represados quanto por câmbio artificialmente mantido num patamar sobrevalorizado, e déficit em conta corrente de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) que nos coloca em uma situação de eventual vulnerabilidade externa. É muito estranho que essas três coisas se combinem simultaneamente. Com crescimento tão baixo, a inflação deveria estar bem comportada, e se você tem um déficit em conta corrente de 3,5% do PIB, você estaria investindo a uma taxa expressiva. Cada um desses fatos isolados já seria um ponto de apreensão, os três juntos é sinal de coisas realmente fora do lugar.
Valor: E quando se pensa na correção, que ajuste é esse?
Giannetti: Vejo dois movimentos importantes. Um de ações corretivas, de desfazer equívocos, distorções e desequilíbrios que vieram se acumulando nos últimos anos e, ao mesmo tempo, uma nova agenda de reformas microeconômicas, institucionais e de melhoria do ambiente de negócios que libere o potencial de crescimento do Brasil e dê mais confiança e previsibilidade para que se volte a investir.
Valor: Que ações corretivas?
Giannetti: Vamos ter que voltar e reconstruir o tripé macroeconômico. É um retrocesso ter que voltar a falar isso, pois era algo amadurecido no Brasil, como uma base a partir da qual se pensava para frente, mas o governo Dilma foi tão desastrado e irresponsável que fragilizou as três pernas do tripé. A fiscal, a monetária e a cambial.
Valor: Para fazer essa correção será preciso aumentar juros?
Giannetti: Não vejo isso como necessariamente o caso. Vai depender de o governo voltar a agir de maneira integrada, coisa que não vem acontecendo. Temos política fiscal expansionista acompanhada de politica monetária contracionista, parte do governo expande o crédito e dá estímulos e outra parte aperta a política monetária e tenta conter a oferta de credito e segurar a demanda. O simples fato de integrar as peças da politica macroeconômica já diminui a necessidade eventual de mais juros. Mas reduzir o juro tem que ser o objetivo de longo prazo.
Valor: Precisa aumentar o superávit fiscal?
Giannetti: A primeiríssima coisa é aumentar a transparência, tomar pé da verdadeira situação fiscal, que hoje está difícil de saber qual é. O governo inventou tantas artimanhas, truques e malabarismos para manipular números que está difícil tomar pé da situação. Precisa colocar a situação fiscal em ordem e produzir superávits fiscais necessários para se restabelecer a confiança e a sustentabilidade das contas públicas.
“Não tenho dúvida de que há um custo de fazer o ajuste hoje, mas ele certamente é menor do que o de não fazê-lo”
Valor: O sr. desenha um cenário atual de deterioração muito forte da economia. Não precisa de um remédio igualmente forte?
Giannetti: Na vida, você se depara com duas opções, muitas vezes. Diante de uma situação de anomalia, você pode aceitar uma dor mais aguda e curta ou uma situação em que a dor é prolongada, você não enfrenta situação de intensidade imediata, mas o problema se prolonga por muito mais tempo.
Valor: Qual a opção de vocês?
Giannetti: A julgar por experiências recentes de ajustamento macroeconômico no Brasil, eu tendo a crer que vale a pena fazer o que precisa ser feito rapidamente. Em relação a preços administrados, por exemplo, se não convencer de que o que tinha que ser feito foi feito, a expectativa do que falta fazer vai alimentar a expectativa de inflação futura, o que dificulta fazer as expectativas convergirem de novo para o centro da meta. As experiências recentes de ajustamento macroeconômico foram bem-sucedidas. Isso aconteceu em 1999, na virada do primeiro para o segundo mandato de Fernando Henrique, e depois em 2003, no primeiro mandato de Lula.
Valor: Mas naquele momento o grande peso na inflação era o câmbio, e não havia esse quadro de emprego e renda que temos hoje..
Giannetti: A situação em certos aspectos era diferente da atual, de fato. Não tenho a menor dúvida de que há um custo de fazer o ajuste hoje, mas ele certamente é menor do que o custo de não fazê-lo. A diferença fundamental é você estar enfrentando uma dificuldade que é legitima porque restabelece um horizonte de volta ao crescimento versus estar enfrentando uma situação de dificuldade sem nenhuma perspectiva de reconquistar a confiança e um horizonte de normalização. São as duas coisas que estão em jogo hoje no Brasil. Não pode contar só com o choque de confiança, ele é parte importante e ele vai ser ainda mais importante se vier acompanhado de um movimento crível de que as coisas voltaram a se direcionar no caminho certo. A confiança é fundamental, mas precisa ter lastro.
Valor: Esse ajuste passa por desemprego e queda de renda?
Giannetti: O desemprego já é uma realidade e a ideia é que termine o quanto antes. Não está nos planos de ninguém fazer ajuste recessivo. Não é disso que se trata. Se trata de restabelecer a confiança e mostrar que a economia voltou a um bom caminho. A experiência mostra que a capacidade de resposta da sociedade brasileira é muito forte. Tendo a crer que ainda em 2015 será possível ver a volta da economia ao crescimento, se for muito bem feito.
Valor: No programa vocês defendem a volta do tripé macroeconômico. Mas a perna de austeridade fiscal não conflita com a democracia de alta intensidade e com a pauta das ruas no ano passado?
Giannetti: Os compromissos assumidos no programa serão cumpridos à medida que as condições viabilizarem, sem prejuízo do equilíbrio fiscal. Quais são as condições que viabilizarão isso? A revisão das prioridades nos orçamentos fiscal e parafiscal, a evolução da arrecadação, a retomada do crescimento e a melhoria da gestão do Estado. Os compromissos assumidos serão cumpridos, mas condicionados à evolução fiscal.
Valor: Talvez eles não sejam cumpridos nos primeiros anos?
Giannetti: Sem a menor dúvida. Esses compromissos se distribuem no tempo. É um erro grave imaginar que o que está colocado no programa vai se materializar no primeiro orçamento. Não será o caso. É preciso construir condições adequadas para que isso possa acontecer ao longo do mandato.
Valor: É possível aumentar gastos sem elevar a carga tributária?
Giannetti: É um compromisso não aumentar a carga tributária.
Valor: E como isso será possível?
Giannetti: Pela revisão das prioridades no orçamento, o que inclui desonerações, subsídios explícitos e ocultos que hoje estão prejudicando muito esses compromissos de caráter mais social. Vai depender da evolução da arrecadação, à medida que a economia for retomando, vai depender do PIB, vai depender da gestão, de reduzir o desperdício.
Valor: Vocês identificam despesas que poderiam ser cortadas?
Giannetti: É muito difícil para quem está fora do governo e não tem acesso, rubrica por rubrica, dar essa resposta. Mas vejo uma extravagância muito grande na expansão do crédito subsidiado no Brasil, vejo uma isenção da Cide sobre combustível que prejudica a arrecadação e prejudicou um setor importante da economia, que é o etanol, e que em algum momento vai ter que ser revista, porque não adianta subsidiar e estimular o combustível particular.
Valor: Isso significa que a Cide pode voltar?
Giannetti: Isso vai ser debatido.
Valor: Mas não seria um aumento de carga tributária?
Giannetti: A Cide vai voltar, mas outras coisas podem sair. Quando se fala em carga tributária é a bruta, de 36% do PIB. Ela cresceu em todos os governos desde a Constituição de 88.
Valor: Falando em prioridades, é possível desmontar de imediato essa operação de repasses para BNDES e demais bancos públicos?
Giannetti: Não, não vai ser um choque, porque teria um efeito traumático e ninguém quer isso, mas vai ter que rever essa política extravagante que levou a uma expansão de 9% do PIB na oferta de crédito subsidiado financiado com dívida pública. O BNDES é um típico caso de remédio-veneno. Não tem nenhum problema em, durante uma crise como 2009, financiar um aumento da oferta de crédito via BNDES por meio do endividamento bruto do Tesouro. É perfeitamente legítimo. O problema é que o governo Dilma levou ao limite o uso desse tipo de “funding” para que o BNDES escolha campeões nacionais e transfira recursos do contribuinte em subsídios para seus parceiros, que são grandes empresas que poderiam se financiar no mercado de crédito ou com lucros retidos ou no mercado internacional. Segundo cálculo do Mansueto Almeida, o subsídio implícito no descasamento de juros entre o que o Tesouro paga, que é no mínimo a Selic, e o que o BNDES recebe é superior ao volume total do Bolsa Família.
Valor: O remédio-veneno é pelo fiscal e pelo mercado de crédito?
Giannetti: Sim, ele tolheu o mercado de capitais, distorceu o mercado de crédito, prejudicou a política do Banco Central de aperto monetário, fora a falta de transparência, que é gravíssima no estado de direito. Não é nenhum problema manter subsídio no estado de direito, mas é uma regra de ouro que ele seja explícito e passe pelo orçamento. Do modo como ele está sendo feito no BNDES ele é oculto, ele não foi negociado e ele está transferindo para grupos privilegiados recursos da sociedade brasileira. Isso é política parafiscal.
Valor: A indústria precisa se preparar para receber menos de um eventual governo Marina?
Giannetti: Acho que a indústria deve se preparar para uma operação desmame. Ela está acostumada a chorar e ser atendida. Ela vai ter que se acostumar a uma situação em que ela será vitoriosa se for bem na competição. E ela irá bem na competição de mercado se for eficiente e inovadora. Temos que sair da situação em que vale mais a pena para uma empresa ter uma boa rodada de negociação em Brasília para uma situação em que vale a pena para ela concentrar sua atenção e seus esforços em fazer melhor o que ela faz ou em fazer algo que ninguém está fazendo.
Valor: A indústria diz que para dentro da fábrica ela é competitiva. Que o problema é para fora, o juro alto, o câmbio, carga tributária…
Giannetti: O que vai precisar é integrar mais a economia brasileira, fazer uma nova rodada de abertura comercial, de mais integração competitiva, e dar para o empresário a confiança de que as regras são permanentes e não vão ser negociadas de maneira arbitrária na base da pressão setorial. Elas valem para todos, serão horizontais e visam ao aprimoramento do ambiente de negócios. No governo Dilma houve um retrocesso para um modelo de microgerenciamento, que gerou uma espiral intervencionista no Brasil.
Valor: O sr. disse que seria possível num eventual governo Marina ter Fernando Henrique e Lula, como isso se daria?
Giannetti: Não se trata de participar no sentido de ter um cargo ou integrar o governo. Significa que são líderes de forças políticas relevantes com as quais nós certamente desejamos trabalhar.
“A indústria deve se preparar para uma operação desmame. Ela está acostumada a chorar e ser atendida”
Valor: Quanto a perda do Eduardo Campos pode prejudicar o projeto da ‘nova política’ de reunir líderes importantes de diversos partidos, excluindo a parte pior?
Giannetti: A perda do Eduardo Campos é irreparável e vai se fazer sentir por muitas gerações no Brasil. Uma liderança como a dele não se improvisa, é obra de uma dedicação e de um empenho infatigáveis, uma espécie de dom da natureza. Há pessoas que são nascidas e talhadas para a liderança. Vai fazer muita falta especialmente em duas dimensões: competência de gestão e de articulação política. Deixa um déficit, uma lacuna e na dimensão em que ele era capaz, acho que é impossível preencher.
Valor: E como vocês pretendem suprir isso, dado que há projetos de reformas política e tributária logo para o começo do governo?
Giannetti: Isso é o que se está muito empenhado em definir e trabalhar e não há uma resposta que eu possa dar satisfatória a essa altura, mas acho possível encontrar essa resposta. Tenho impressão que, quando estiver definido o segundo turno, vai haver um reordenamento das forças políticas no Brasil.
Valor: E não é a velha política que virá para vocês..?
Giannetti: Depende de como é feito, vão vir bons e ruins. Virá também um contingente de oportunistas querendo tirar beneficio de uma nova situação de poder. Nós vamos ser muito criteriosos em saber se aliar àqueles que têm a agregar e que têm realmente afinidade de projeto com as nossas propostas.
Valor: O sr. vê nomes que estão com o PSDB na equipe de Marina?
Giannetti: Evidente que sim. E quadros que não tiveram experiência de governo também. O Brasil felizmente tem técnicos e pessoas dispostas a se engajar em politicas publicas nos mais diferentes setores, não só em economia. E por que não quadros técnicos do PT no primeiro mandato do Lula, que são de extraordinária qualidade? Não restringiria isso ao PSBD de forma nenhuma.
Valor: Que nomes vocês gostariam de ter na equipe de governo?
Giannetti: Não vou entrar em nomes, mas a equipe do ministro [Antonio] Palocci no primeiro mandato do Lula é uma equipe de primeiríssima qualidade.
Valor: O sr. se vê ministro da Fazenda?
Giannetti: Não, eu não me preparei para isso na vida, não tenho tino para isso e não tenho ambição. Eu gosto de estudar, de escrever, de pensar. Posso ajudar na formulação, em estratégia, e, se for chamado a fazê-lo, posso ajudar na escolha de nomes.
Valor: E o ministro da Fazenda pode, então, ser o Arminio Fraga?
Giannetti: Acho prematuro discutir nomes, agora. Tenho extraordinária admiração por ele.
Valor: O setor financeiro parece entusiasmado com a Marina, mas há resistência entre empresários..
Giannetti: Entre os setores, a maior resistência parecia vir do agronegócio. É onde havia um ruído desnecessário, e nas últimas semanas claramente houve um avanço de abrir um canal de comunicação e entendimento de que, ao contrário do que erroneamente possa ter parecido, temos enorme apreço e pretendemos dar ao setor do agronegócio brasileiro plenas condições de um crescimento saudável e sustentável.
Valor: O que diferencia o projeto da Marina dos demais?
Giannetti: Uma das diferenças do projeto liderado pela Marina é que não vemos a economia como um fim em si mesmo, ela é pré-condição para uma vida melhor para todos, de uma realização mais plena. O sonho que nos move é que a economia deixe de ocupar o lugar de proeminência que ela ocupa hoje no debate brasileiro para que a gente possa focar em questões ligadas à cidadania, à realização humana, à felicidade.

(Publicado originalmente no site Viomundo)

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Perseguição a tuiteiros. Liberdade de expressão em risco.


Já houve uma época em que éramos muito ativos no microblog Twitter, onde ainda mantemos no nosso perfil, mas sem o mesmo acompanhamento de antes. É com tristeza que, ao ler a lista dos 66 tuiteiros acionados pela Justiça - a partir de uma ação do candidato Aécio Neves - encontro muito dos meus seguidores e amigos. Eram pessoas com as quais mantínhamos um diálogo cotidiano, sempre à noite e nos finais de semana. Profundamente infeliz essa atitude do candidato Aécio Neves. Logo se vê que os tucanos não assumem qualquer compromisso com a liberdade de expressã, apesar de um discurso que advoga justamente o contrário. Um colega de ninho, também senador da República pelo Estado da Paraíba, estaria apresentando um projeto de lei que prevê multas pesadas a quem se pronunciar de forma "ofensiva" contra parlamentares pelas redes sociais. Não sei o que os tucanos ganham com isso. Eleições, certamente, não é. Na realidade, a atitude perece-nos um indicativo de desespero de causa. Desde o início da campanha que ele manifesta essa preocupação, insinuando que os boatos sobre a sua conduta são produzidos pela submundo da internet. Outro dia um blogueiro "sujo" - suas vítimas preferenciais - tratando de um desses episódios, perguntou se um determinado jornalista esportivo, muito conhecido, estaria nesse cipoal, já que teria sido ele quem havia afirmado o fato. Lamentamos profundamente a atitude que, muito mais do que um atentado à liberdade de expressão, demonstra como esse partido iria lidar com essa questão. A ação atinge tuiteiros que sequer reúnem concidções de bancar um bom advogado para a defesa. Jornalista do Estadão escreveu um artigo bem mais contundente sobre o candidato e ele não o acionou juridicamente. Tomamos o cuidado de ler as reações de jornalistas como Azenha, Miro, Rodrigo Vianna. Todos acham que não vai dar em nada,mas vale o alerta de sua conduta como governador das alterosas. Naquele Estado da Federação, há jornalistas presos, preocessados e desempregados em função de críticas ao seu governo. Na republiqueta neo-socialista tupiniquim, aqui no Estado de Pernambuco, as coisas não funcionam muito diferente. Deteminados assuntos sequer entram na pauta dos grandes jornais locais. A chantagem é feito pelo poder econômico. Parece-nos que aqui, como lá, como enfatiza o professor e cientista político Michel Zaidan Filho, o cidadão comum, trabalhador, que vota, paga seus impostos, parace que tem que pedir "autorização' para criticar os governantes de turno.

Foto: Perseguição a tuiteiros. Liberdade de expressão em risco.

Já houve uma época em que éramos muito ativos no microblog Twitter, onde ainda mantemos no nosso perfil, mas sem o mesmo acompanhamento de antes. É com tristeza que, ao ler a lista dos 66 tuiteiros acionados pela Justiça - a partir de ação do candidato Aécio Neves - encontro muito dos meus seguidores e amigos. Eram pessoas com as quais mantínhamos um diálogo cotidiano, sempre à noite e nos finais de semana. Profundamente infeliz essa atitude do candidato Aécio Neves. Logo se vê que os tucanos não assumem qualquer compromisso com a liberdade de expressão. Um colega de ninho, também senador da República pelo Estado da Paraíba, estaria apresentando um projeto de lei que prevê multas pesadas a quem se pronunciar de forma "ofensiva" contra parlamentares pelas redes sociais. Não sei o que os tucanos ganham com isso. Eleições, certamente, não é. Na realidade, a atitude perece-nos um indicativo de desespero de causa. Desde o início da campanha que ele manifesta essa preocupação, insinuando que os boatos sobre a sua conduta são produzidos pela submundo da internet. Outro dia um blogueiro "sujo" - suas vítimas preferenciais - sobre um desses episódios, perguntou se um determinado jornalista esportivo, muito conhecido, estaria nesse cipoal, já que teria sido ele quem havia afirmado o fato. Lamentamos profundamente a atitude que, muito mais do que um atentado à liberdade de expressão, demonstra como esse partido iria lidar com essa questão.

Aécio e o ataque à Liberdade de Expressão



O desespero autoritário de Aécio contra a Liberdade de Expressão nas Redes Sociais.
O desespero autoritário de Aécio contra a Liberdade de Expressão nas Redes Sociais.
Toda vez que leio, ouço ou assisto alguém falando de “liberdade de expressão”, já dá vontade de mudar de canal, mudar de estação ou pular de matéria. A coisa piora quando esta frase vem de algum político da Direita, pois tenho a convicção de que não passa de um engodo ainda maior, pois o que ele faz, em regra, é exatamente o oposto. Entretanto pega bem falar de “liberdade de expressão” ou “liberdade de imprensa”, parece moderno e em linha com a realidade. A mídia é a porta-voz maior desta bobagem, ou seria sua autoproteção para mentir, enxovalhar os outros sem que sofra qualquer sanção legal?
Este fim de semana, mais uma vez testemunhamos a demagogia da tal “liberdade”, desta vez, mais um político, Aécio Neves, o candidato tucano ao planalto, atacou-a de forma covarde. É preciso lembrar que este é mesmo político que vive falando de “liberdade de expressão” e vive a acusar o PT de querer tolher a liberdade de imprensa, amordaçá-la, mesmo que jamais isto tenha ocorrido nos seus quase 12 anos de governo central, ao contrário, em nenhum momento Lula ou Dilma, mesmo com razão de fazê-lo, não partiram para processar ou pressionar qualquer jornalista ou órgão de imprensa, ainda que constantemente caluniados por eles e por seus colunistas, inclusive publicando livros com títulos jocosos e ofensivos, para faturar algum vintém.
Num ataque sem tamanho à liberdade de expressão, Aécio Neves, o “defensor” da “Liberdade de Imprensa”, com a conivência da tal “imprensa livre,  entrou com ação na justiça em face do Twitter (uma das principais Redes Sociais do mundo) para que este fizesse  notificar 66 tuiteiros e/ou blogueiros, alegando que eles se associaram ou são pagos para o atacar. Com um detalhe sórdido, pediu “segredo de justiça”, para esconder do grande público o seu espírito “republicano”. Percebemos que são os mesmos que gritam que o PT é autoritário, sem nenhuma prova, que abusam do poder , intimidando as pessoas nas redes sociais, por se acharem imunes às críticas.  É a incapacidade dos tucanos de conviverem com as diferenças, sem agredir ou ameaçar.
São 66 nomes (@ = arroubas), todos notificados para informarem seus dados, IP ( Internet Protocol) sobre seus acessos, o juiz acatou a ação e oficiou o Twitter, mas não aceitou o tal “Segredo de Justiça”, pois segundo a própria inicial, eles já estavam de posse do conteúdo das postagens de cada um. A questão é gravíssima, fere completamente a noção de democracia e liberdade, estamos diante de uma ameaça clara, de uma intimidação seletiva, além, em muitos casos tratar-se ação caluniosa, que não se pode ficar calado, mesmo que sejamos ameaçados por ele e pelo poder econômico  que o sustenta.
Aécio_processo_twitter
Pela lista tem-se a impressão de que foi algo cirúrgico, de uma ameaça ampla, pois junta desde militantes das redes sociais sem vinculações orgânicas com o PT, até blogueiros com relativo peso neste novo contexto da mídia, como o DCM (Diário do Centro do Mundo) um dos blogs mais acessados do Brasil que é dirigido por Paulo Nogueira, jornalista que já esteve nas principais redações do Brasil, como Veja e Época. O Blog do Miro, um dos mentores e líderes do grupo de mídia alternativo, o BlogProg, não mero coincidência, estes blogueiros foram chamados de “blogs sujos” pelo ex-candidato do PSDB à Presidência, em 2010, José Serra.
Só que agora se avançou o sinal, o processo, ainda que seja inicial, por enquanto uma notificação, o que se tem em mente é duas coisas bem claras: A primeira, que o PSDB e a Direita não tolera críticas, como na mídia há um arranjo de segurar ataques mais pesados, não se conseguirá o mesmo nas redes sociais. A segunda, é que a cada dia ganha mais importância a mídia alternativa, mesmo que incipiente, com militância dispersa, já provoca o temor, não apenas dos candidatos, mas também da grande mídia, que publica laudas e laudas sobre Liberdade de Expressão, mas não dá uma nota sobre este ataque frontal à mesma.
Por fim, uma questão me vem à cabeça: onde estão os indignados seletivos que vivem escandalizados com o PT ou qualquer coisa relacionada ao governo federal, mas agora só vejo o silêncio conivente com este ataque covarde e brutal.
(Publicado originalmente no site de Arnóbio Rocha)

domingo, 7 de setembro de 2014

Michel Zaidan Filho: Quietum, non movere




A expressão  em  latim quer dizer:"não mexa com  quem  está quieto".  Como se sabe, não se deve mexer com os mortos. A própria religião ensina que  os  mortos cuidem   dos mortos.  E  os vivos que vão  cuidar  de   suas   vidas.  Infelizmente essas recomendações não  valem para Pernambuco e para  as  próximas eleições.O morto não  pode  descansar em paz. E não é porque  as Brs,pes, avenidas, pontes,  viadutos e anúncios  luminosos   insistem  na   presença  do morto  entre nós. Mas acumulam-se, de uma  maneira  preocupante,   indícios  de  coisas estranhas  relacionadas  à campanha  eleitoral do  Partido Socialista Brasileiro. Já não bastassem  as   questões quem envolvem o acidente aéreo, a compra   da  aeronave,  a titularidade da   aeronave, as   contas fantasmas  que receberam  os depósitos  pelo "aluguel"  da   aeronave,   a  participação de   empresas  beneficiadas   pelo   atual candidato a  governandor pelo  PSB,   na   intermediação da compra  da   aeronave   que transportava  o ex-governado. Agora  surge a  denúncia pública  do  ex-diretor da  Petrobras  do  pagamento de propina a  Eduardo Campos, por conta   da   construção da   refinaria Abreu  e Lima.  A isso acrescente-se a informação do  envolvimento do marido   da presidenciável do PSB,  com  a  extração  e venda ilegal  de madeiras, no Estado do Acre.
 
Acumulam-se muitos   indícios   sobre a  existência   de   irregularidade  no  financiamento  das   campanhas  eleitorais.  É de  se   esperar  que  o Ministério  Público  Eleitoral  e   a Justiça   Eleitoral  não   permaneçam inermes e   passivos  diante deste  estado de   coisas.  Principalmente,  num momento   em   que   se   faz    uma bela   e oportuna    campanha   cívica  pela    lisura   das eleições e que   esteja   ocorrendo  nesses  dias   uma imensa mobilização  social    pela   aprovação de  uma  constituinte    exclusiva   para fazer   a reforma   política,    apoiada pela CNBB,  entidades   sindicais e   outras  instituições.
 
Se  nada for feito  para   a apuração  cabal  dessas denúncias e   a   responsabilização   civil   e criminal  dos  denunciados, será feito  uma  "tábua  rasa"  de todos os esforços da sociedade civil e   suas entidades   representativas para   moralização   dos costumes  políticos  no Brasil.  E ninguém mais vai  acreditar em nenhuma  promessa  de  reforma   das instituições políticas no Brasil.   Será  esta  a herança  política e institucional que deixaremos  para  os que virão depois  de nós?

Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador e professor da Universidade Federal de Pernambuco.
 

José Luiz Gomes: O eleitor consequente não mudaria seu voto em função das denúncias de Paulo Roberto.


As denúncias de Paulo Roberto Costa é o segundo avião a cair nessas eleições. Aliás, o terceiro avião, se considerarmos aqui o do Aeroporto de Claudio, que envolvia o candidato do PSDB, senador Aécio Neves. Os historiadores já teriam um bom mote para estabelecer suas referências sobre as eleições presidenciais de 2014. Estamos nos aproximando da pista de pouso e este é um momento de profundo acirramento, turbulências,bombardeios, manobras escusas e precipitações. Apertem o cinto. O momento do vale tudo, desde que os adversários sejam eliminados do jogo. Jornalistas experientes advertem sobre os cuidados em relação à matéria da VEJA, que deu uma enorme repercussão às declarações de Paulo Roberto Costa. 

Penso que o propósito subjacente é óbvio, ou seja, acionar a bomba no colo do Governo Federal, o mais prejudicado, sobretudo por se tratar do gestor de uma empresa estatal, a Petrobras, e ter alguns membros da base aliada envolvidos no escândalo. Não cremos que isso seja suficiente para trazer danos irreversíveis à candidatura de Dilma Rousseff. Primeiro porque se trata de uma gestora íntegra. Íntegra é incapaz de resolver o problema de corrupção por decreto ou governar sem os corruptos. Infelizmente, vamos precisar avançar bastante no Brasil em relação a essa questão. Trata-se de um problema mais ético/cultural do que propriamente econômico. Está instalado até a medula no país. Vai desde a propina ao guarda de trânsito até os altos corredores de Brasília. 

Existem algumas situações inusitadas. Em determinado momento, a presidente Dilma precisava indicar um nome do partido do senhor Paulo Roberto para assumir um cargo na Esplanada. Da lista apresentada, todos estavam envolvidos em maracutaias ou respondendo a processo por corrupção. Ou seja, "governabilidade" neste país é sinônimo de convivência com certo padrão na corrupção na máquina pública. Dilma recusou-se a fazer as indicações. Estávamos diante de um impasse. Muito mais do que um impasse, chantagens conhecidas. Conhecedora das atitudes equivocadas de Paulo, Dilma o demitiu da Petrobras. Um eleitor consequente e consciente, não deixa de votar em Dilma em função desse escândalo. Dilma está com as mãos limpas. O que precisamos é fortalecê-la e cobrar dela as reformas necessárias, que facultem ao governante, seja ele quem for, sentar numa cadeira respaldado pelos mecanismos e expediente republicanos que o permita governar sem compactuar com essas bandalheiras. 

A gestão tucana não tem qualquer moral para cobrar nada de Dilma Rousseff. Na sua época, os escândalos de corrupção do Governo eram simplesmente engavetados. Estão explorando o escândalo no guia, mas, acredito que não surtirá grandes efeitos. Marina também já montou seu timaço de gente do bem. Banqueiros gananciosos, o capital internacional, militares golpistas, a direita conservadora, uma leva de insatisfeito com as concessões da gestão petista ao andar de baixo da pirâmide social. O sistema político está doente e não nos parece haver cura a curto prazo. Precisamos, sim, nos mobilizarmos - como fizemos em junho - para exigir reformas como a fiscal, a política; fortalecimento dos órgãos de controle e fiscalização; novos padrões de relação entre representados e representantes; democratização da mídia; uma nova agenda pública de investimentos na saúde, educação, mobilidade etc. O dilema é claro: se há equívocos na gestão petista, não podemos nos permitir a um retrocesso ou a um tiro no escuro.

José Luiz Gomes da Silva é cientista político.

Bandido é quem faz delação premiada, não santo.

Bandido é quem faz delação premiada, não santo

Por Renato Rovaisetembro 6, 2014 21:12


Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, fez uma delação premiada. Ou seja, ele foi pego cometendo uma série de crimes e aconselhado por advogados especializados neste tipo de acordo a revelar detalhes de uma história que pode livrá-lo da cadeia. A previsão é que seria condenado por até 50 anos.
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras fez os depoimentos na Custódia da Polícia Federal em Curitiba. A PF filmou as sessões de depoimentos a procuradores da República. Os depoimentos foram posteriormente criptografados e enviados a ao Procurador Geral da República. Mas hoje, mesmo com todo o cuidado,  teria havido vazamento de alguns dos nomes citados.
Chega a ser leviano que esses nomes sejam revelados sem que haja nem sequer uma única fonte ou sequer um pedaço de papel com um texto escrito a lápis para sustentar a denúncia.
Essa é a primeira questão. Veículos de comunicação não deveriam sair acusando pessoas sem que elas tenham como se defender, porque não conhecem a acusação, e sem que haja uma evidência clara de que o que estão publicando não é só alga baseado no ouvir dizer.
Depois, quem faz delação premida é bandido. E como bons bandidos, delatores têm uma estratégia para tentar sair do enrosco em que se meteram.
Ou seja, é evidente que a narrativa que Paulo Roberto Costa vai sustentar irá misturar histórias reais com algumas falsas. Até porque se na primeira fase do depoimento ele não vier a conseguir o perdão que almeja, terá mais o que falar para buscar um prêmio maior.
Há também o fato de que o delator tem suspeitos de o terem acusado e tem inimigos políticos. E esses ele vai dar um jeito de culpabilizar na sua narrativa. Mesmo que sejam absolutamente inocentes.
Em várias outras delações isso ocorreu. Não há porque não ocorra nessa.
Cabe ao jornalista responsável e ao juiz correto esperar que a investigação aconteça de forma ampla para que os acusados não sejam condenados por antecipação.
Isso não significa que tudo que Costa falou deve ser ignorado.  A corrupção no Brasil é sistêmica e precisa ser combatida quase como uma epidemia. Mas não é diferente da de outros países e nem é maior no setor público do que no privado. São as empresas que costumam incentivar a corrupção como forma para garantir contratos de forma mais fácil.
Veja e seus derivados midiáticos estão tentando transformar a eleição que se avizinha em mais uma disputa moral. Podem até conseguir. Mas seria um retrocesso imenso. Há programas de governos bastante diferentes em discussão e isso deveria ser o centro da definição do voto.
Com todos os erros cometidos pelos governos do PT  nos últimos 12 anos, os órgãos de investigação ampliaram em muito sua autonomia para investigar e combater a corrupção. Isso é o que importa. Fazer com que essa investigação se realize e leve à cadeia os culpados. E que ela não termine como a do helicóptero da família Perrela, cujo pó foi literalmente jogado para baixo do tapete. E cujos envolvidos estão soltinhos da Silva.
(Publicado originalmente no blog do Renato Rovai)

sábado, 6 de setembro de 2014

Durval Muniz: A aventura Marina: propostas inconsistentes e inconciliáveis




Ao repetir o mantra de que vai unir o Brasil, ao se colocar como um terceira via que uniria numa só pessoa FHC e Lula, a candidata Marina Silva criou mesmo foi um monstro bifronte e acéfalo. Não é possível seguir o receituário neoliberal de FHC, agradando bancos e o mercado e ao mesmo tempo manter as políticas de inclusão social dos governos do PT. Ao vender estes engodo ela cai no mero farisaísmo e na dissimulação de suas verdadeiras intenções.

Manter o que ela chama de tripé macroeconômico implica em redução de salários, de investimentos e portanto em desemprego.Todos os estudos mostram que a redução da miséria no Brasil nos últimos anos se deu por causa da abertura crescente de empregos, da melhoria dos níveis salariais, da politica de valorização do salario minimo, que Marina não teria como manter se opta por reduzir o tamanho do Estado, de cortar gastos públicos, de fazer superávits ainda maiores para alimentar o apetite dos credores.
Além do bolsa família que poderia ser mantido mas com reajustes menores, reduzir a miséria foi também possível pela politica de credito consignado feito pelos bancos públicos. Reduzir a participação dos bancos públicos inviabilizaria isso, levaria ao retorno da exclusão bancaria que Lula encontrou. Esta politica só é boa para os bancos privados , para a Neca do Itaú.
O preconceito verdista contra o petróleo e pré-sal além de reduzir recursos para educação e saúde, acabaria com a politica de compras da industria nacional, como a industria naval, que foi destruída por FHC e que renasceu com o PT, que emprega 80 mil trabalhadores que poderiam ver seus empregos irem pro espaço, tudo em beneficio do empresariado estrangeiro que tem sido mantido informado do andamento da eleição por boletins diários do Itau.
Sem bancos públicos fortalecidos e sem uma politica pesada de subsídios estatais seria inviabilizados programas como o Minha Casa, Minha Vida e Pronatec. Portanto, juntar FHC com Lula é um engodo. 
Quando se governa, embora se governe pra todos, tem que se escolher um lado para dar prioridade. Esta historia de agradar a todos não existe. Não se pode melhorar saúde, educação e segurança sem cobrar impostos e sabemos que uma das razões do mal humor do mercado com Dilma é que ela cobra mesmo os impostos, embora tenha feito politicas de desoneração como nenhum antes. Não se pode governar para os bancos e para os trabalhadores. Ou vc fica do lado do Itaú ou vc fica do lado dos mais necessitados, as duas coisas não da, a não ser na retorica demagógica, abstrata e vazia de Marina, nossa bispa.


Durval Muniz é historiador e professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 

Fernando Brito: Delação premiada em véspera de eleição parece desespero


publicado em 6 de setembro de 2014 às 10:21
vejacosta
Delação em véspera de eleição tem mau cheiro. Parece desespero.
por Fernando Brito, no Tijolaço
Segundo o que já foi divulgado pela revista Veja – porque será que 11 entre 10 policiais federais e promotores preferem a Veja para vazar informações sigilosas? – a lista de nomes apresentada pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, atingiria meio mundo, ou pouco mais, da política.
Do falecido Eduardo Campos a deputados de partidos do governo e de outros,  integrantes de coligações anti-Dilma, passando pelos presidentes da Câmara e do Senado, a lista de Costa tem um imenso potencial explosivo.
Por isso mesmo, deve ser encarada com muita cautela.
A começar pelo fato de que é algo que parte de um homem em situação de desespero, apanhado em um monte de negócios irregulares aqui e lá fora, que estava ameaçado de 30 anos de prisão e ao qual se acena com uma, na prática, absolvição.
É o que narra o Estadão:
Calcula-se que Costa poderia pegar pena superior a 50 anos de cadeia se respondesse a todos os processos derivados da Lava Jato – já é réu em duas ações penais, uma sobre lavagem de dinheiro desviado da Petrobras, outra sobre ocultação e destruição de documentos e é investigado em vários outros inquéritos.
Angustiado com a possibilidade de não sair tão cedo da prisão, ele decidiu delatar como operava a rede de malfeitos na Petrobras. O acordo prevê que, em troca de suas revelações, Costa deverá sofrer uma pena tão reduzida, que se aproxima do perdão judicial”. 
Agora, antes que esse acordo fosse homologado no Supremo, vaza o sigilo e, claro, mesmo que haja pouca consistência nas suas declarações, cria-se um clima político para que elas sejam aceitas como verdade absoluta.
Isso a um mês das eleições.
Uns dizem que a lista de Costa contém 39 nomes, outros dizem 42 e a “nominata” da Veja elenca, segundo divulgado no blog de Ricardo Noblat elenca 12.
Seja qual for o tamanho e sejam quais forem os integrantes, não basta a delação de um homem acuado, é preciso que haja elementos e fatos para sustentá-la.
Que empresas financiam campanhas eleitorais, todos sabem e, infelizmente, é essa a regra num modelo político de financiamento privado de eleições. Só no financiamento exclusivamente público, proposto por este governo e repelido, de forma quase unânime, pelos políticos e pela mídia, candidatos não dependem de empresários.
O que se tem de verificar, portanto, são quais destes favores empresariais foram clandestinos e, pior, quais deles foram destinados a enriquecer pessoalmente seus beneficiários.
Tudo isso cheira mal e já vinha cheirando, desde que Luís Nassif nos chamou a atenção sobre um “abraço de afogado” de Aécio Neves.
E não é apenas o cheiro dos negócios sujos de Costa, aliás afastado do cargo, contra a vontade dos políticos,  pela mulher a quem se procura atingir: Dilma Rousseff.
Verdade, no Brasil, é algo que quando aparece, é só pela metade.
PS do Viomundo: A lista publicada por Veja e reproduzida pelo blog de Ricardo Noblat é esta:
Edison Lobão, ministro das Minas e Energia, PMDB
João Vaccari Neto, secretário nacional de finanças do PT
Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara dos Deputados, PMDB
Renan Calheiros, presidente do Senado, PMDB
Ciro Nogueira, senador e presidente nacional do PP
Romero Jucá, senador do PMDB
Cândido Vaccarezza, deputado federal do PT
João Pizzolatti, deputado federal do PT
Mario Negromonte, ex-ministro das Cidades, PP
Sergio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, PMDB
Roseana Sarney, governadora do Maranhão, PMDB
Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, PSB – morto no mês passado em um acidente aéreo
João Pizzolati, diferentemente do que aparece na lista, é do PP de Santa Catarina.

(Publicado originalmente no site Viomundo)

Tijolinho do Jolugue: Lista de Paulo Roberto pega os políticos de calças curtas e um país que precisa avançar bastante no combate à corrupção.


Por José Luiz Gomes

De uma coisa eu tenho certeza. Não estou envolvido na lista de Paulo Teixeira. Possivelmente alguns dos meus mais fiéis leitores também não foram listados. Informo, de antemão, que votarei em Dilma Rousseff nas eleições de 2014. Reconheço os avanços sociais conquistados pelo andar de baixo nas gestões petistas. Se esses "caras" voltam, certamente, não permitirão nem que os mais pobres possam usufruir do que cai da mesa "dessa gente", como afirma um colega de trabalho. Corre-se também um risco de engessamento dos poucos avanços que conquistamos no caminho para a consolidação de nossa frágil democracia. A página de Dilma faz uma confissão de culpa, ao invocar a necessidade de convocar a população para participar dos debates sobre uma necessária reforma política, que lhes permitiria governar numa poltrona institucionalmente mais confortável e não "sentada" na putaria, como licença poética do Ciro Gomes. Apesar do fortalecimento dos órgãos de controle e fiscalização do Estado, ainda somos, historicamente, um país corrupto. Nos últimos anos, até melhoramos nossa posição nesse ranking, mas nossos índices ainda são muito preocupantes. A lista que veio à boca do palco com a delação premiado de Paulo Teixeira não deixa qualquer dúvida sobre isso. O que tenho lido por aqui são "recortes" propositadamente elaborados para criticar "A" ou "B" consoante as conveniências de cada grupo político. Dilma é uma pessoa íntegra, mas até mesmo pessoas ligadas ao seu grêmio político estão listados por Paulo Teixeira. Há políticos de todos os quadrantes ideológicos o que, em última análise, levou alguns analistas a concluírem que candidaturas natimortas como a do senador Aécio Neves poderiam ser ressuscitadas, tirando proveito da situação.É uma verdade aparente. Embora não apareça nomes ligados ao tucanos nessa lista específica, os eleitores estão cansados de saber que os tucanos também estão de bicos sujos. Embora essa bomba, de alguma forma, caia no colo do Governo, vamos aguardar seus efeitos. Não é que nos surpreende, mas a queda do avião, conforme já dissemos antes, parece ter sido "providencial". Com as nuvens dissipadas, parece-nos que estava sendo montada uma engrenagem perversa de ilicitudes e desvios de recursos públicos, profundamente lesivas aos interesses republicanos.

Foto: Lista de Paulo Roberto Costa pega os políticos de calças curtas e um país que precisa avançar bastante no combate à corrupção.

Por José Luiz Gomes

De uma coisa eu tenho certeza. Não estou envolvido na lista de Paulo Teixeira. Possivelmente alguns dos meus mais fiéis leitores também não foram listados. Informo, de antemão, que votarei em Dilma Rousseff nas eleições de 2014. Reconheço os avanços sociais conquistados pelo andar de baixo nas gestões petistas. Se esses "caras" voltam, certamente, não permitirão nem que os mais pobres possam usufruir do que cai da mesa "dessa gente", como afirma um colega de trabalho. Corre-se também um risco de engessamento dos poucos avanços que conquistamos no caminho para a consolidação de nossa frágil democracia. A página de Dilma faz uma confissão de culpa, ao invocar a necessidade de convocar a população para participar dos debates sobre uma necessária reforma política, que lhes permitiria governar numa poltrona institucionalmente mais confortável e não "sentada" na putaria, como licença poética do Ciro Gomes. Apesar do fortalecimento dos órgãos de controle e fiscalização do Estado, ainda somos, historicamente, um país corrupto. Nos últimos anos, até melhoramos nossa posição nesse ranking, mas nossos índices ainda são muito preocupantes. A lista que veio à boca do palco com a delação premiado de Paulo Teixeira não deixa qualquer dúvida sobre isso. O que tenho lido por aqui são "recortes" propositadamente elaborados para criticar "A" ou "B" consoante as conveniências de cada grupo político. Dilma é uma pessoa íntegra, mas até mesmo pessoas ligadas ao seu grêmio político estão listados por Paulo Teixeira. Há políticos de todos os quadrantes ideológicos o que, em última análise, levou alguns analistas a concluírem que candidaturas natimortas como a do senador Aécio Neves poderiam ser ressuscitadas, tirando proveito da situação.É uma verdade aparente. Embora não apareça nomes ligados ao tucanos nessa lista específica, os eleitores estão cansados de saber que os tucanos também estão de bicos sujos. Embora essa bomba, de alguma forma, caia no colo do Governo, vamos aguardar seus efeitos. Não é que nos surpreende, mas a queda do avião, conforme já dissemos antes, parece ter sido "providencial". Com as nuvens dissipadas, parece-nos que estava sendo montada uma engrenagem perversa de ilicitudes e desvios de recursos públicos, profundamente lesivas aos interesses republicanos.