pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 9 de março de 2015

O alerta de Mauro Santayana ao PT e o PSDB: A arte de cevar urubus.

publicado em 08 de março de 2015 às 22:14

O panelaço em bairro de classe média de Belo Horizonte
da Redação
O artigo caiu em nossas mãos depois de uma curiosa situação que vivemos na noite de domingo. Transitamos de um bairro pobre de São Paulo para um bairro de classe média durante o discurso de Dilma Rousseff no Dia Internacional da Mulher.
E o que não existia lá atrás, de repente, mostrou seu rosto, assim que ingressamos em Perdizes: panelas, buzinas, gritos e xingamentos.
Já em Higienópolis, o porteiro petista que ouviu a balbúrdia brincou conosco: “Hoje a caçarola do FHC deu perda total”.
Fiquem, pois, com a reflexão de Santayana, certamente escrita antes do panelaço, mas que cai muito bem neste momento:
O PT, O PSDB E A ARTE DE CEVAR OS URUBUS
Se houve um erro recorrente, que pode ser trágico em suas consequências, cometido pela geração  que participou da luta pela redemocratização do Brasil, foi permitir que a flor da liberdade e da democracia, germinada naqueles tempos memoráveis, fosse abandonada, à sua própria sorte, no coração do povo, relegada a segundo plano pela batalha, encarniçada e imediatista, das suas diferentes facções, pelo poder.
Perdeu-se a oportunidade — e nisso também devemos nos penitenciar — de aproveitar o impulso democrático, surgido da morte trágica de Tancredo Neves, para se inserir, no currículo escolar  de instituições públicas e privadas, obrigatoriamente, o ensino de noções de cidadania e de democracia, assim como o dos Direitos do Homem, estabelecidos na Carta das Nações Unidas, e esse tema poderia ter sido especificamente tratado na Constituição de 1988 e não o foi.
Não se tendo feito isso, naquele momento, a ascensão ao poder de um auto-exilado, o senhor Fernando Henrique Cardoso, poderia ter levado ao enfrentamento dessa mazela histórica, e, mais ainda, pelas mesmas e mais fortes razões, a questão deveria ter sido enfrentada quando da chegada ao poder de um líder sindical oriundo da camada menos favorecida da população, pronto a entender a  importância de dar a outras pessoas como ele, o acesso à formação política que lhe permitiu mudar a si mesmo, e tentar, de alguma forma, fazer o mesmo com o seu  país.
Em vários anos, nada foi feito, no entanto, nesse sentido.
Mesmo tratando-se de questão fundamental — a de explicar aos brasileiros para além das eventuais campanhas feitas pela Justiça Eleitoral a divisão e a atribuição dos Três Poderes da República, noções do funcionamento do Estado, dos direitos e deveres do cidadão, e de como se processa, por meio do voto, a participação da população — nunca houve, e tratamos do tema muitas vezes, nenhuma iniciativa desse tipo, mesmo que pudesse ter sido adotada, a qualquer momento, por qualquer administração municipal.
Pensou-se, erroneamente, que bastava voltar à eleição, pelo voto direto, do Presidente da República,  e redigir e promulgar um novo texto constitucional, para que se consolidasse a Democracia  no Brasil.
Na verdade, essas duas circunstâncias deveriam ter sido vistas apenas como o primeiro passo para uma mudança mais efetiva e profunda, que teria de ter começado por uma verdadeira educação cívica e política da população.
Imprimiu-se a Democracia em milhões de exemplares da Constituição da República, mas não nos corações e mentes da população brasileira.
De um povo que vinha, historicamente, de uma série de curtas experiências democráticas, entrecortadas por numerosos golpes, contra-golpes, de todo tipo; educado ao longo das duas décadas anteriores, dentro dos ritos e mitos de uma ditadura que precisava justificar, de forma peremptória, a derrubada de um governo democrático e nacionalista — ungido pelo plebiscito que deu vitória ao presidencialismo — com a desculpa do bovino anticomunismo da Guerra Fria, cego e ideologicamente manipulado a partir de uma potência estrangeira, os Estados Unidos.
À ausência de um programa de educação democrática para a população brasileira e da defesa da Democracia como parte integrante, permanente, necessária, no nível do Congresso e dos partidos, do discurso político nacional, somou-se, nos últimos tempos, a deletéria criminalização e judicialização da política, antes, depois e durante as campanhas eleitorais.
Assim como parece não perceber que a desestruturação da Petrobras, do BNDES, das grandes empresas de infra-estrutura, de outros bancos públicos, criará um efeito cascata que prejudicará toda a nação, legando-lhe uma vitória de Pirro,  caso venha a chegar ao poder em 2018, a oposição também não compreende, que ao incentivar ou se omitir, oficialmente, com relação a ataques à Democracia e aos apelos ao golpismo por parte de alguns segmentos da população, está dando um tiro pela culatra, que só  favorecerá uma terceira força, com relação à qual comete terrível engano, se acredita que tem a menor possibilidade de vir a controlar.
A mesma parcela do público radicalmente contrária ao Partido dos Trabalhadores, estende agora, paulatinamente, o processo de criminalização da política ao PSDB e a outros partidos contrários ao PT, e já há quem defenda, na internet, e nas redes sociais, a tese de que o país precisa livrar-se das duas legendas, e de que a saída só virá por meio do rápido  surgimento de outra alternativa política, ou de uma intervenção militar.
Bem intencionado na área social, na macroeconomia, em alguns momentos, e em áreas como as Relações Exteriores e a Defesa, e atuando quase sempre  sob pressão, o PT cometeu inúmeros erros — e não apenas de ordem política — nos últimos anos.
Deixar de investigar, com o mesmo rigor que vigora agora, certos episódios ocorridos nos oito anos anteriores à sua chegada ao poder, foi um deles.
Abrir a porta a páraquedistas que nada tinham a ver com os ideais de sua origem, atraídos pela perspectiva de poder, também foi um equívoco.
Como foi fechar os olhos para o fato de que alguns de seus militantes estavam caindo, paulatinamente, na tentação de se deixar seduzir e contaminar, também, pelas benesses e possibilidades decorrentes das vitórias nas urnas.
O maior de todos, no entanto, foi se omitir de responder, do começo, àqueles ataques mais espatafurdios, sem outra motivação do que a do ódio e do preconceito, que passou a receber desde que chegou à Presidência da República.
Ao adotar, de forma persistente, essa posição, o PT prestou um terrível, quase irreparável, desserviço à Democracia.
Em um país em que blogueiros são condenados a pagar indenizações por chamar alguém de sacripanta, a própria liturgia do cargo exige que um Presidente ou uma Presidente da República usem a força da Lei para coibir e exemplar quem os qualifica, pública e diuturnamente, na internet, de fdp, ladrão, bandido, assassina, terrorista, vaca, anta, prostituta, etc, etc, etc.
E tal liturgia exige que isso se faça desde a posse, não apenas para preservar a  autoridade máxima da República, que a ninguém pertence pessoalmente,  já que conferida foi pelo voto de milhões de brasileiros, mas, sobretudo, para defender a democracia em um país e uma região do mundo em que quase sempre esteve ameaçada.
Existe, é claro, a liberdade de expressão, e existem a calúnia, o ataque às instituições, ao Estado de Direito, à Constituição, que ameaçam a estabilidade do país e a paz social, e o governo que se furta a  defender tais pressupostos, nos quais se fundamentam Estado e Nação, deveria responsabilizar-se direta, senão criminalmente, por essa omissão.
Se Lula, Dilma, e outras lideranças não se defendem, nem mesmo quando acusadas de crimes como esquartejamento, o PT, como partido, faz o mesmo, e incorre no mesmo erro, ao omitir-se de ampla e coordenada defesa da democracia — e não apenas em proveito próprio — dentro e fora do ambiente virtual.
Em plena ascensão do discurso anticomunista e “anti-bolivariano” — o Brasil agora  é um país “comunista”, com 55 bilhões de reais de lucro para os bancos e 65 bilhões de dólares de Investimento Estrangeiro Direto no ano passado, e perigosos marxistas, como Katia Abreu, Guilherme Afif Domingos e Joaquim Levy no governo — sua militância insiste em se vestir de vermelho como o diabo, como adoram lembrar seus adversários, a cada vez que bota o pé na rua.
Isso, enquanto, estranhamente, abandona, ao mesmo tempo, o espaço de comentários dos grandes portais e redes sociais, lidos pela maioria dos internautas, a golpistas que se apropriam das cores da bandeira, agora até mesmo como slogan.
Ao fazer o que estão fazendo, o Governo, o PT e o PSDB, estão fortalecendo uma terceira força, e especializando-se na perigosa arte de cevar os urubus.
De que se alimenta a extrema direita?
Do ódio, da violência, do preconceito, da criminalização da política, da infiltração e do aparelhamento do estado, do divisionismo, da disseminação terrorista da calúnia, do boato e da desinformação.
No futuro, quando for estudado o curto período de 30 anos que nos separa da redemocratização, será possível ver com clareza — e isso cobrarão os patriotas pósteros, se ainda os houver, nesta Nação — como a hesitação, a imprevisibilidade, a aversão ao planejamento, a anemia partidária e a mais absoluta incompetência por parte da comunicação do PT, principalmente na enumeração e disseminação de dados irrefutáveis; e o irresponsável fomento ao anti-nacionalismo e à paulatina criminalização e judicialização da política, por parte, PSDB à frente, da oposição, conseguiram transformar o país libertário, uno e nacionalista, que emergiu da luta pela Democracia e que reunia milhões de pessoas nas ruas para defender esses ideais há 30 anos, em uma nação fascista, retrógrada, politicamente anacrônica, anti-nacional e conservadora, que reúne, agora, nas ruas, pessoas para atacar o Estado de Direito, a quebra das regras que o sustentam, e a interrupção do processo democrático.
Um país cada vez mais influenciado por uma direita “emergente” e boçal — abjeta e submissa ao estrangeiro e preconceituosa e arrogante com a maioria da população brasileira — estúpida, golpista e violenta, que está estendendo sua influência sobre setores da classe média e do lumpen proletariado, e crescendo, como câncer, na  estrutura de administração do estado, na área de segurança, nos meios religiosos, na mídia e na comunicação.
Destruiu-se a aliança entre burguesia nacionalista e trabalhadores, que conduziu o país à Campanha das Diretas e à eleição de Tancredo Neves como primeiro presidente civil, depois de 21 anos de interrupção do processo democrático.
Destruiu-se a articulação das organizações e setores mais importantes da sociedade civil, na defesa do país, do desenvolvimento e da democracia.
Destruiu-se, sobretudo, a esperança e o nacionalismo, que, hoje, só a muito custo persistem, no coração abnegado de patriotas que lutam, como quixotes aguerridos e impolutos, em pequenas organizações,  e, sobretudo, na internet, para evitar que a Nação naufrague, definitivamente, em meio à desinformação, ao escolho moral e à apatia suicida da atualidade; ao pesado bombardeio das forças que cobiçam, do exterior, nossas riquezas; e que o Brasil abandone e relegue, como quinto maior país do mundo em território e população, qualquer intenção que já tenha tido de ocupar, de forma altiva e soberana, o lugar que lhe cabe no concerto das Nações.
Quando se vêem brasileiros encaminhando pedidos à Casa Branca de intervenção na vida nacional, defendendo a  total privatização, desnacionalização e entrega de nossas maiores empresas, em troca, alegadamente, de comprar, como no país do Tio Sam,  por um real um litro de gasolina — se for por esta razão, por que não se mudam para a Venezuela, e vão abastecer seus carros em postos PDVSA, empresa 100% estatal, onde ela está custando 15 centavos ? —  tratando meios de comunicação estrangeiros e pseudo organizações de todo tipo sediadas na Europa e nos Estados Unidos como incontestáveis oráculos aos que se deve reverência e obediência absolutas, os inimigos do Brasil riem, e sua boca se enche de saliva, antecipando a divisão e o esgarçamento da nossa sociedade, e nossa entrega e capitulação aos seus ditames, com a definitiva colonização da nossa Pátria, e, sobretudo, da alma brasileira.
Pouco mais há a fazer — correndo o risco de sermos tachados mais uma vez de loucos, ridículos e senis, extintos, e sem mais lugar neste mundo, do que os répteis que outrora cruzavam as planícies de Pangea — do que pregar, como João Batista, no deserto, mastigando os gafanhotos do ódio e do sarcasmo.
É preciso reunir os democratas e os nacionalistas onde os houver, para evitar e se contrapor, de forma inteligente, coordenada, ao fortalecimento descontrolado, já quase inevitável, das forças antidemocráticas e anti-nacionais.
O governo e a oposição — ao menos a mais equilibrada — precisam parar de cevar as aves de rapina, que, dentro, e fora do país, anseiam e já antevêem nossa destruição, e o controle definitivo de nossa população e de nossas riquezas.
Quando acabarem, pelo natural esgotamento e imposição das circunstâncias, os equívocos, as concessões, os enganos, as omissões, as pequenas felonias, as traições à verdade, ao passado e ao futuro, de que se alimentarão os urubus?
PS do Viomundo: O PT e Dilma Rousseff só vão acordar domingo que vem. Será tarde?

(Publicado originalmente no site Viomundo)

Altamiro Borges: Envenenada pela mídia, direita está excitada com a possibilidade de derrubar o Governo

publicado em 08 de março de 2015 às 23:31

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A revolução das varandas
As vaias golpistas. Acorda Dilma!
Durante o pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff em rede nacional de rádio e televisão, neste domingo (8), vaias e panelaços foram ouvidos em alguns bairros da capital paulista.
Pelas internet foi foi possível notar que os protestos, aos berros de “Fora Dilma”, “Fora PT” e de alguns adjetivos mais raivosos, partiram de regiões da chamada classe média paulistana.
De qualquer forma, o barulho deve servir para acordar a presidenta recém-eleita pela maioria do povo brasileiro.
Envenenada pela mídia tucana, a direita está excitada com a possibilidade de derrubar governo. Ou Dilma parte para ofensiva política ou o seu mandato poderá ser encurtado pelas manobras golpistas.
A jornalista Barbara Gancia, que participa de um programa da GloboNews e não pode ser acusada de governista, ficou impressionada com a reação de alguns bairros “nobres” de São Paulo.
Na sua conta no Twitter, ela registrou: “Barulho de bate panela e vaia ensurdecedores no Itaim Bibi. Discurso de Dilma estará sendo recebido com o mesmo ‘entusiasmo’ no Itaim Paulista [periferia]?”.
De imediato, vários de seus seguidores descreveram a situação dos seus locais de moradia, o que confirma que as vaias, panelaços e apitaços foram “classistas”, da elite alienada e hidrófoba da capital paulista.
Marco Barretto postou: “Aqui nos Jardins foi o maior barulho!”. Mari Andrade relatou: “Morumbi fez barulho”. E Luciana Vozza acrescentou: “Acabei de ver um vídeo de Moema. Muitos gritos. Aqui em Pinheiros, divisa com Vila Madalena, começando barulhinhos”.
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Já Marcos Alves, da região operária do ABC paulista, brincou: “Em Santo André só barulho da chuva, que delícia”. Rovilson de Freitas também deu seu relato da periferia. “Pirituba, silêncio…”. Ju Oliveira completou: “O bom de morar na perifa é isso. Não ouço nada”. E outro internauta ainda deu uma alfinetada nos tucanos aloprados: “Aqui tá normal! Mas avisa o povo para não suar muito porque não tem água para tomar banho”.
Apesar das diferenças geográficas e de classe, as vaias orquestradas neste domingo a partir das redes sociais indicam que a polarização social se aprofunda no país.
O discurso do ódio está nas ruas e na internet. Em seu pronunciamento em rede nacional de rádio e tevê, Dilma Rousseff até reconheceu que a situação do país é delicada.
Há uma crise mundial que afeta a economia brasileira e prevalece a desinformação que irrita a sociedade.
Conforme enfatizou, “o Brasil passa por um momento diferente do que vivemos nos últimos anos, mas nem de longe está vivendo uma crise na dimensão que dizem alguns”.
Ela ainda alertou os telespectadores de que situação “é muito diferente daquelas crises do passado que quebravam e paralisavam o país”, relembrando o triste reinado tucano de FHC.
A presidenta ainda justificou as medidas de ajuste fiscal adotadas no início do seu segundo mandato, mas garantiu que elas não prejudicarão “as conquistas dos trabalhadores e da classe média” — o que é bem difícil de acreditar.
Seu discurso foi sincero, mas insuficiente para conter o ódio dos golpistas e para animar os setores sociais que garantiram sua reeleição em outubro passado.
Para derrotar a onda direitistas em curso — que terá um teste decisivo nas marchas golpistas marcadas para 15 de março –, Dilma Rousseff precisará de muito mais.
De imediato, ela precisará deixar o ‘bolha’ do Palácio de Planalto e voltar às ruas, em especial nas regiões brasileiras que manifestaram maior esperança no seu segundo mandato; deverá apresentar uma agenda positiva, com propostas que correspondem ao clamor de mudanças expresso nas urnas; e precisará reforçar a “batalha de comunicação” que polemize com as elites golpistas.
Sem uma agenda mais aguerrida e radical, Dilma Rousseff terá dificuldades para concluir o seu segundo governo ou será “sangrada” e emparedada durante todo o seu mandato. A conferir!

domingo, 8 de março de 2015

Tijolinho real: Será que os alicerces de nossa democracia representativa suporta as investigações da Operação Lava Jato?


A lista de Janot sobre os envolvidos nas investigações sobre os desvios de recursos públicos na estatal Petrobras, que ficou conhecida como "Operação Lava Jato", finalmente, foi divulgada. Muita tinta foi gasta sobre o assunto até o momento. Dependendo dos atores políticos e dos interesses em jogo, a lista é comentada sob as mais diversas perspectivas. Independentemente das colorações das observações, alguns aspectos deveriam causar náuseas nos brasileiros decentes, estes que sobrevivem nos limites de suas condições, com muita dignidade, sem se envolver nessas falcatruas contra o Erário.Durante a nossa experiência com a "máquina" pública, observei casos escabrosos. Impublicáveis. Mas, a rigor, nem preciso publicá-los - se me provocarem o farei. Esses absurdos - verdadeiros estupros da Viúva - estão sendo divulgados todos os dias pela imprensa. A farra com o dinheiro público tornou-se lugar comum neste país. Os cadáveres de Sérgio Buarque de Holanda e Benfild continuam assombrando nossas repartições públicas. Penso que entramos numa fase perigosa, num caminho sem volta no que concerne ao enfrentamento da corrupção no país. A grande questão que se coloca é se os alicerces da nossa frágil democracia irá sobreviver a essa cruzada moralista. Louve-se a atitude da presidente Dilma Rousseff em não interferir na atuação da Polícia Federal, do Ministério Público, da Justiça Federal, da PGR. A chefe do nosso Executivo não compactua com a bandalheira. Renan não tem a menor moral para alardear que ela interferiu na composição dessa lista. Uma pena que os alicerces de nossa democracia representativa sejam tão frágeis. Renan, Cunha e corja estão preparando munição e manobras contra a presidente Dilma, a PGR e, quiçá, contra o STF. À exceção da presidente - que já sofre retaliação - alguns desses atores são imunes às suas manobras, à exemplo de Janot e o STF. O fato é que a res publica comprou uma briga com gente poderosa e cheia de ardis. Acuados, eles serão capazes de tudo. Afinal, colocar dois gatunos na presidência do poder Legislativo já significa que não estamos no melhor dos mundos. O Estado de Pernambuco aparece muito bem representado nessa lista, com deputados, ex-deputados e um senador da República. O que mais nos chama atenção é a citação do ex-deputado federal do PP, Pedro Correia Neto. Um leitor mais atento já deve ter observado que não há um grande escândalo de corrupção nacional ao qual o seu nome não esteja envolvido. Cumpre pena por condenação no escândalo do Mensalão e já se vê envolvido nessa nova lista do Petrolão. Quanto ao senador Humberto Costa, é só uma questão de tempo para que fique provada a sua inocência. Conheço um Humberto Costa desde os tempos da Brasília Amarela. No final, uma referência elogiosa às editorias de capa dos jornais locais. A turma é boa.
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sábado, 7 de março de 2015

Michel Zaidan Filho: Do Estado ético à miséria política brasileira




Estava eu lendo uma tese de Doutorado em Filosofia sobre a proposta hegeliana de um Estado Ético, onde a liberdade do cidadão encontra-se no respeito à lei e me vi obrigado a opinar sobre os desdobramentos da Operação Lava-Jato, sobre a política e o Congresso Nacional. Como se já não bastasse o ambiente turvo da economia brasileira, com aumento de impostos e redução de direitos trabalhistas, em nome do ajuste fiscal, parece que entramos no pior dos mundos possíveis. Num regime presidencialista como o nosso a pior coisa que pode acontecer é um presidente da República fraco ou que se veja obrigado a fazer tantas concessões aos "aliados" que termine por desfigurar a sua gestão.Nesse nosso arremedo de presidencialismo de coalizão (embora o melhor termo seja de cooptação), há quem admita que os avanços legislativos - econômicos e sociais - só foram possíveis a partir de coalizões centralizadoras, onde o Poder Legislativo foi posto de lado. Mas isso só é possível em situações excepcionais, com o Congresso fechado ou sem suas prerrogativas constitucionais. Em situações normais, com a Casa funcionando plenamente o exercício do Poder Executivo e a possibilidade da execução de sua agenda política dependem necessariamente do apoio de uma maioria parlamentar nas duas casas do Congresso. É  aí onde se encontra os desafios à governabilidade da atual gestão presidencial. Parece que a Presidenta acaba de perder o apoio da maioria em ambas as casas, apesar de formalmente desfrutar do apoio do maior partido do Congresso Nacional ( o PMDB de Jarbas, Renan, Jader, Sarney etc.)
 
                            Os indícios levam a pensar que o resultado das eleições presidenciais, no ano passado, preparou esse cenário de crise que estamos assistindo: o PMDB deve ter visto na vitória apertada da Presidente Dilma uma forma de chantageá-la, a todo momento. Se a eleição da Presidência da Câmara dos Deputados era previsível, em função do alto grau de fragmentação e conservadorismo da atual legislatura, pior - muito pior - foi a eleição de Renan Calheiros para a Presidência do Senado Federal, onde se esperava que a Chefe do Poder Executivo dispusesse de uma ampla e confortável maioria. Enganou-se. Se no Estado Ético da filosofia hegeliana o império da lei ou da legalidade é a base do governo, na República brasileira, pelo visto,  é o atendimento ou não dos interesses da chamada base aliada. Tendo o nobre senador sido contrariado em algumas de suas demandas particulares, a retaliação não se fez esperar através do jogo de cena da rejeição da MP do aumento da contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento das empresas.
 
                            Não se discute aqui a técnica legislativa, o escopo da Medida Provisória ou se era constitucional ou não o aumento de impostos por essa via. O fato é que se outro fosse o relacionamento do Poder Executivo, com o Congresso, os partidos políticos e os nobres parlamentares, nada disso poderia ter acontecido. Mais grave é a imensa sombra da famosa lista do procurador geral da República sobre os atuais membros do Poder Legislativo. Há muita angústia e apreensão entre vivos e mortos e parentes de mortos sobre os nomes que lá estarão estampados e que muito brevemente serão amplamente veiculados pela imprensa, logo que o relator do processo autorize a quebra do sigilo e aceite os pedidos de investigação. Embora no Direito penal brasileiro, a presunção de inocência seja um princípio basilar, a reputação moral dos nomes que estão naquela lista será profundamente afetada pela sua veiculação. Não há certidão de inocência ou de "nada consta" que ajude a reparar os danos morais provocados pelo estrago da divulgação. Os parlamentares (fala-se em 52 nomes) envolvidos nessa questão tendem a transferir para o governo o ônus desse desgaste e gostariam que os escalões superiores se mexessem. O governo, por seu turno, quer distância dessa matéria, mas quer transferir para os parlamentares o ônus das medidas impopulares do ajuste fiscal. Naturalmente que tem pretensões eleitorais, a médio e curto prazo, não quer saber de marola, se puder fritar o governo no Congresso, fará. Neste filme não tem mocinhos. Só bandidos ou  malandros. Ninguém quer ficar com o ônus político da má fama. Só com o bônus.
 
                            Esse é o estado de desagregação política e moral da república brasileira. A pior coisa que podia ter acontecido no início de um mandato, com tantos problemas graves a serem resolvidos. Pelo visto, ninguém quer saber do interesse público. Cada um está mais preocupado em se salvar da catástrofe que se avizinha.

Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador, cientista político, professor da Universidade Federal de Pernambuco e coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia - NEEPD-UFPE

Heitor Scalambrini: Racionamento de água, incompetência e o Arco Metropolitiano



Zé Dirceu, sobre Levy: "Nada de reformas que afetem o andar de cima"


publicado em 06 de março de 2015 às 17:24
Levy
O ministro e sua lógica
06 mar 2015
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, experiente e obstinado, traça com sua régua a linha de mudanças que levará o Brasil, segundo ele, a recuperar a confiança dos mercados. Repete, assim,  um mantra do mercado e do candidato tucano a Presidência da República na campanha do ano passado, senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Ele expõe essa sua linha e fala sobre ela numa entrevista publicada hoje na Folha de S.Paulo. Sua receita é antiga e segundo ele funciona:  corte de gastos, aumento de juros do BNDES e da taxa Selic com um consequente aumento brutal dos juros ao consumidor, no crediário e para os cliente dos bancos, do cartão de crédito e do cheque especial.
Sua receita tem mais: uma redução drástica da renúncia fiscal, correção dos preços dos combustíveis e da energia, aumento dos impostos CIDE e PIS-COFINS, redução dos gastos com seguro desemprego, abono salarial e pensão por morte. Mais, aumento das alíquotas da contribuição previdenciária por faturamento (ou opção pelos 20% da folha de pagamento); aumento do – IOF – Imposto sobre Operações Financeiras, do imposto de importação e  redução da alíquota do REINTEGRA (programa também relacionado à exportações).
Como vemos um pacote e tanto! Nada de uma maior progressividade do imposto de renda das pessoas físicas, nada de um imposto financeiro ao exemplo da CPMF, nada de taxação sobre as fortunas, heranças e doações, nada de imposto sobre o rentismo…Pelo contrário juros de 12,75% na Selic  conforme a elevação decidida esta semana pelo Banco Central (BC). Aumento determinado mesmo com a inflação em queda e numa economia em recessão ou com crescimento menor que 1%.
Um pacote e tanto! Mas que não responde às perguntas da nação
Seu roteiro, ou pacote, propõe aumento de impostos, sim, mas não sobre o patrimônio e a riqueza, não sobre a renda financeira ou os lucros extraordinários do capital financeiro. E nada de reformas ou mudanças que afetem o andar de cima.
A conta fica mesmo para o andar de baixo, seja nos cortes do orçamento, que afetam programas na educação (como o FIES e o PRONATEC), o  Minha Casa Minha Vida e a saúde, seja nas mudanças – ainda que algumas necessárias – no seguro desemprego, no abono salarial e nas pensões por morte.
Com a queda da demanda, do crédito e dos investimentos, teremos um crescimento econômico e arrecadação menores, com um esforço fiscal maior para o superavit de 1,2%. Haverá, então, desemprego e queda da renda.
A pergunta que não quer calar é: todo esse esforço fiscal e político, a um custo social e político para o governo e seu partido, o PT, tem como objetivo retomar o crescimento? Em que direção e em que bases?
As reformas tributária e política reclamadas pelo país serão feitas?
Continuaremos distribuindo renda, aumentando o salário mínimo, o investimento na infraestrutura social e econômica do país? O mercado interno e a integração regional continuam sendo nossa prioridade? Vamos fazer as reformas tributária e política para viabilizar o financiamento pelo Estado não apenas da nossa rede de proteção social, mas de uma revolução educacional e científica?
Vamos fazer as reformas política e tributária para conseguir financiar nossa infraestrutura social e econômica, nossa capacidade de produção de energia, gás e petróleo? E vamos avançar numa verdadeira política de comércio exterior, com um banco de exportação e importação (nosso Eximbank)?
Manteremos o crescimento com distribuição de renda, consolidando nosso nascente Estado de bem estar social ou regrediremos para os tempos de Estado mínimo (tucano), acelerando a privatização da saúde e da educação? Vamos evitar ou manter a atual concentração de renda, acelerada pelos lucros dos juros altos, que aprofunda nossa desigualdade social e que regredia aceleradamente nos últimos 12 anos?
São essas perguntas que não encontram até agora respostas nas ações do governo em direção a um ajuste fiscal que parece um fim em si mesmo, uma tautologia, uma falácia, ainda que funcione em seu objetivo imediato e garanta solvência aos credores do Estado, dando garantia absoluta de retorno ao rentismo e ao capital financeiro.
PS do Viomundo: Demonizado pela mídia, Dirceu ainda fala ao público interno do PT. Certamente, mais que Levy ou a própria presidenta Dilma. Com a saída de Marta Suplicy, que seria fortíssima candidata na periferia de São Paulo, o PT flerta com o desastre se a reeleição de Fernando Haddad for disputada em plena crise econômica, crise aprofundada pelo remédio amargo de Levy.

Os sete governos derrubados pelos EUA


J. Dana Stuster, do site Foreign PolicyJ. Dana Stuster, do site Foreign Policy

A era de golpes apoiados pela CIA despontou de maneira dramática: um general norte-americano viaja até o Irã e encontra “velhos amigos”; dias depois, o Xá ordena que o primeiro-ministro Mohammed Mossadegh deixe seu cargo. Quando os militares iranianos hesitam, milhões de dólares são injetados em Teerã para corromper os apoiadores de Mossadegh e financiar protestos de rua. Os militares, reconhecendo que a balança do poder começou a pesar mais do outro lado, derrubam o primeiro-ministro, que vive o resto de sua vida sob prisão domiciliar. Este foi, como um documento da CIA atesta, “uma operação norte-americana do começo ao fim”, e um dos muitos golpes apoiados pelos EUA que aconteceram pelo mundo durante a segunda metade do século XX.

Alguns líderes, tanto ditadores quanto eleitos democraticamente, foram pegos em meio ao conflito entre EUA e URSS da Guerra Fria - uma posição que custaria seus postos (e, para alguns, suas vidas) conforme a CIA tentava instalar “seus homens” no comando dos estados. O governo dos EUA reconheceu publicamente algumas dessas ações secretas; na verdade, o papel da CIA no golpe de 1953 tornou-se público esta semana. Em outros casos, o envolvimento da CIA ainda está somente sob suspeita.

O legado do envolvimento secreto dos EUA em sete golpes militares bem sucedidos (para não mencionarmos o número de intervenções militares norte-americanas contra regimes hostis, insurgências apoiadas pelos EUA, e tentativas fracassadas de assassinatos, incluindo o caso do plano para matar Fidel Castro com um charuto explosivo), transformaram a mão secreta dos EUA em um bicho-papão nas tensões políticas de hoje. Mesmo hoje, não obstante a minguante influência dos EUA no Cairo, teorias da conspiração sugerem que tanto a Irmandade Muçulmana quanto o governo militar possuem uma sociedade com os Estados Unidos.

Abaixo, uma breve história dos casos confirmados de golpes apoiados pela CIA espalhados pelo mundo.

Irã, 1953 - Muito se especula sobre o papel da CIA no golpe que instalou, em 1949, um governo militar na Síria. Apesar disso, a derrubada do primeiro-ministro iraniano Mohammed Mossadegh é o primeiro golpe durante a Guerra Fria que o governo dos EUA reconheceu. Em 1953, depois de quase dois anos de governo Mossadegh - durante o qual ele desafiou a autoridade do Xá e nacionalizou a indústria do petróleo iraniana antes operada por companhias britânicas - Mossagedh foi tirado de seu gabinete e preso, passando o resto da vida sob prisão domiciliar. De acordo com documentos da CIA, “foi a possibilidade de deixar o Irã aberto para uma agressão dos soviéticos - quando a Guerra Fria estava em seu auge e os EUA estavam envolvidos em uma guerra não declarada na Coreia contra forças da União Soviética e da China – que nos fez planejar e executar o TPAJAX [nome da operação do golpe]”.

Guatemala, 1954 - Apesar dos EUA no início apoiarem o presidente guatemalteco Jacobo Árbenz - o Departamento de Estado sentia que sua ascensão apoiada num exército armado e treinado pelos EUA seria um trunfo - o relacionamento amargou assim que Árbenz tentou realizar uma série de reformas-agrárias que ameaçavam as posses da empresa norte-americana United Fruit Company. Um golpe em 1954 tirou Árbenz do poder, colocando uma sucessão de juntas militares em seu lugar. Detalhes secretos do envolvimento da CIA na derrubada do líder guatemalteco, que incluíam a equipagem de rebeldes e tropas paramilitares enquanto a marinha dos EUA bloqueavam a costa guatemalteca, vieram à luz em 1999.

Congo, 1960 - Patrice Lumumba, o primeiro primeiro-ministro do Congo (mais tarde, República Democrática do Congo), foi tirado de seu gabinete pelo presidente congolês Joseph Kasavubu em meio a uma intervenção militar do exército belga (apoiado pelos EUA) no país. Era um esforço violentíssimo para manter os negócios belgas depois da descolonização do país. Mas Lumumba manteve uma oposição armada contra os militares belgas e, após se aproximar da União Soviética para conseguir suprimentos, foi alvo da CIA assim que a agência determinou que ele era uma ameaça ao novo governo instalado de Joseph Mobutu. O Church Committee, uma comissão do Senado formada em 1975 para fiscalizar as ações clandestinas da inteligência norte-americana, descobriu que a CIA ''ainda mantinha um contato bastante próximo com os congoleses que expressaram o desejo de matar Lumumba,'' e que ''oficiais da CIA encorajaram e ofereceram ajuda aos congoleses em seus esforços contra Lumumba.'' Depois de uma tentativa interrompida de assassinato de Lumumba, envolvendo um lenço envenenado, a CIA alertou as tropas congolesas da localização do primeiro-ministro deposto, além de indicar as estradas que deveriam ser bloqueadas e as possíveis rotas de fuga. Lumumba foi capturado no final de 1960 e morto em janeiro do ano seguinte. 

República Dominicana, 1961 - A ditadura brutal de Rafael Trujillo - que incluiu a limpeza étnica de milhares de haitianos na República Dominicana e a tentativa de assassinato do presidente da Venezuela - terminou quando ele foi emboscado e morto por dissidentes políticos. Apesar do atirador que matou Trujillo sustentar http://www.bbc.co.uk/news/world-latin-america-13560512 que ''ninguém me mandou matar Trujillo'', ele teve apoio da CIA. O Church Committee descobriu que ''apoio material, sendo três pistolas e três carabinas, foi distribuído para vários dissidentes… os oficiais norte-americanos sabiam que os dissidentes pretendiam derrubar Trujillo, provavelmente através de seu assassinato...''

Vietnã do Sul, 1963 - Os EUA já estavam muito envolvidos no Vietnã do Sul em 1963, e seu relacionamento com o líder do país, Ngo Dinh Diem, crescia cada vez mais, com tensões que envolviam a repressão de Diem sobre dissidentes budistas. De acordo com os Pentagon Papershttp://media.nara.gov/research/pentagon-papers/Pentagon-Papers-Part-IV-B-5.pdf, em 23 de agosto de 1963, os generais do Vietnã do Sul que planejavam um golpe contataram oficiais norte-americanos falando sobre seus planos. Depois de algumas dificuldades e um período de indecisão dos EUA, os generais capturaram e mataram Diem com apoio norte-americano em 1º de novembro de 1963. Avalia-se que parte do apoio consistiu em 40.000 dólares de recursos da CIA.

''Para o golpe militar contra Ngo Dihn Diem, os EUA devem aceitar sua parcela de responsabilidade,'' atestam os Pentagon Papers. ''No início de agosto de 1963 nós autorizamos, sancionamos e encorajamos os esforços para o golpe dos generais vietnamitas e oferecemos apoio total para um governo sucessor… nós mantivemos contatos clandestinos com eles durante o planejamento e execução do golpe e solicitamos a revisão de seus planos operacionais, além de sugerir um novo governo.''

Brasil, 1964 - Temendo que o governo do presidente João Goulart transformaria, nas palavras do embaixador norte-americano Lincoln Gordon, ''o Brasil na China de 1960'', os EUA apoiaram o golpe liderado por Humberto Castello Branco, à época chefe do Estado-Maior. Nos dias anteriores ao golpe, a CIA encorajou manifestações contra o governo, assim como proveram combustível e ''armas de origem não-norte-americanas'' àqueles que apoiavam os militares. ''Eu acho que devemos tomar todas as medidas necessárias, e estarmos preparados para qualquer coisa que precisemos fazer,'' disse o presidente Lyndon Johnson a seus conselheiros que planejavam o golpe, de acordo com documentos obtidos pelo National Security Archive. Os militares brasileiros se mantiveram no poder até 1985. 

Chile, 1973 - Os Estados Unidos nunca desejaram que Salvador Allende, o candidato socialista eleito presidente em 1970, assumisse seu posto. O presidente Richard Nixon mandou que a CIA fizesse que a economia do Chile ''gritasse'', e a agência trabalhou com três grupos chilenos, cada um planejando um golpe contra Allende em 1970. A agência foi tão longe a ponto de fornecer armamento, mas os planos foram por terra depois que a CIA perdeu a confiança em seus contatos. As tentativas norte-americanas de destruir a economia chilena continuaram até que o general Augusto Pinochet liderou um golpe militar contra Allende em 1973. O relatório oficial da CIA sobre a tomada do poder em setembro de 1973 aponta que a agência ''estava consciente dos planos de golpe dos militares, possuía relacionamentos para coleta de dados de inteligência com os conspiradores, e - pelo fato da CIA não desencorajar a tomada e até procurar instigar um golpe em 1970 - parecia tolerá-lo.'' A CIA também conduziu a campanha de propaganda de apoio ao novo regime de Pinochet depois que ele tomou posse em 1973, apesar do conhecimento de severos abusos contra os direitos humanos, incluindo o assassinato de dissidentes políticos.

Tradução de Roberto Brilhante

(Publicado originalmente no site Carta Maior)



sexta-feira, 6 de março de 2015

Tucano Anastasia, cria e aliado de Aécio Neves, é a surpresa na lista da Lava Jato; PP tem 28 citados, inclusive padre e missionário


publicado em 06 de março de 2015 às 21:01
Cerimônia de entrega da Medalha da Inconfidência
Paladinos do combate à corrupção
STF libera lista de políticos investigados na Lava-Jato
Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Fernando Collor e Lindbergh Farias estão entre os políticos citados
O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou nesta sexta-feira (5/3) a lista de nomes de políticos e demais investigados na Operação Lava-Jato pela Procuradoria-Geral da República (PGR) (confira no fim do texto). A relação revela que são investigados por suspeita de envolvimento em casos de corrupção na Petrobras os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Além deles, também constam da lista os senadores Fernando Collor (PTB-AL), Humberto Costa (PT-PE), Lindbergh Farias (PT-RJ), Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Edison Lobão (PMDB-MA), além dos deputados Nelson Meurer (PP-SC), Eduardo da Fonte (PP-PE) e Simão Sessim (PP-RJ).
A divulgação dos políticos investigados acontece três dias depois de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedir a abertura de 28 inquéritos contra 54 pessoas – 45 parlamentares. Ele ainda solicitou o arquivamento de mais sete investigações sobre políticos citados em delações premiadas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, entre eles os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Delcídio Amaral (PT-MS) e o ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Na quarta-feira, o ministro do STF Marco Aurélio Melo havia dito que a divulgação era necessária. “Enquanto tiver sigilo, inclusive quanto aos nomes, a suspeição recairá sobre todos os políticos”, disse. “Tem que abrir.”
Inquéritos
Renan Calheiros (PMDB)
Anibal Gomes (PMDB)
Edison Lobao (PMDB)
Roseana Sarney (PMDB)
João Pizzolatti (PP)
Lindbergh Farias (PT)
Vander Loubert (PT)
Cândido Vaccarezza (PT)
Gleisi Hoffmann (PT)
Humberto Costa (PT)
Simão Sessin (PP)
Arthur Lyra (PP)
Benedito Lyra (PP)
José Mentor (PT)
Eduardo Cunha (PMDB)
José Otávio Germano (PP)
Luiz Fernando Faria (PP)
Roberto Coutinho (PMDB)
Nelson Meurer (PP)
Eduardo da Fonte (PP)
Agnaldo Ribeiro (PP)
Aline Correa (PP)
Carlos Magno (PP)
Ciro Nogueira (PP)
Dilceu Sperafico (PP)
Gladson Camelli (PP)
Gerônimo Pizzolotto (PP)
João Felipe Leão (PP)
Luiz Argolo (Solidariedade)
Sandes Júnior (PP)
Afonso Ham (PP)
Padre José Linhares (PP)
Missionário José Olímpio Silveira (PP)
Lázaro Botelho (PP)
Mário Negromonte (PP)
Pedro Corrêa (PP)
Pedro Henry (PP)
Renato Molling (PP)
Renato Balestra (PP)
Romero Jucá (PMDB)
Valdir Raupp (PMDB)
Vilson Covatti (PP)
Waldir Maranhão (PP)
Fernando Collor (PTB)
Antonio Anastasia (PSDB)
Arquivados:
Aécio Neves (PSDB)
Henrique Eduardo Alves (PMDB)
Delcídio Amaral (PT)
PS do Viomundo: Acrescentamos os partidos à lista. Incrível, não houve um vazamentozinho sequer envolvendo Aécio ou Anastasia para a imprensa desde que começou a Lava Jato!
(Publicado originalmente no site Viomundo)

Tijolinho real: Marta Suplicy e Geraldo Alckmin juntos.


Em certo sentido, o PT não teria muitos argumentos para criticar a ex-ministra da Cultura, Marta Suplicy. Quem possui os "aliados" aos quais o partido se juntou no plano nacional, possivelmente, essa crítica soaria como o sujo falando do mal lavado. Marta foi rifada pelo partido nas eleições em que Fernando Haddad, afilhado de Lula, conquistou a Prefeitura da Cidade de São Paulo. Embora vaidosa, ninguém se convenceu de sua satisfação em ocupar o Ministério da Cultura. Embora o cargo lhe oferecesse projeção nacional, ali, no seu reduto político paulista, era ficou menor. Trata-se de uma questão de geografia local. Apeada da disputa, ela se sentiu fragilizada no seu berço político. Tornou-se um poço até aqui de mágoa. Sua carta de despedida do Ministério, assim como suas declarações em torno da nomeação de Juca Ferreira para a pasta que ela havia ocupada são reflexos de que as coisas não iam muito bem na sua relação com o partido. Os caciques da legenda, à exceção de Rui Falcão, optaram por manter o silêncio sobre o assunto. Segundo comenta-se, ela estaria prestes a se desligar da legenda, o que não seria muita surpresa. Surpresa mesmo talvez seja as movimentações de algumas peças do xadrez político paulista, como o governador Geraldo Alckmin. Nas coxias, especula-se que ele estaria estimulando as manobras de Marta, que incluiriam uma filiação ao PSB e, certamente, uma candidatura nas próximas eleições, o que implicaria enfrentar nas urnas o ex-ministro da educação, Fernando Haddad. Dizem que se pode chamar Marta de perua e isso não se constitui nenhuma ofensa. A justiça já julgou um caso a esse respeito, criando uma jurisprudência. O que se não se pode é publicar aqui o que alguns petistas mais renhidos estão falando a respeito da ex-ministra. Vocês bem podem imaginar. O que move Marta são as contingências impostas pela realpolitik, num cenário onde o ator PSDB continua muito forte. Ela deve ter calculado muito bem esse passo, inclusive se escudando sobre as eventuais críticas dos próximos ex-aliados. Fica estranho, soa aético, mas é a política, meu filho.

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Tijolinho real: Afinal, sai ou não sai essa tal lista Janot?

O mundo político está em polvorosa e a nossa combalida democracia representativa cada vez mais vulnerável. Praticamente abdicando dos avanços progressistas conquistadas nas últimas décadas de governo da coalizão petista - em nome de uma suposta governabilidade - a presidente Dilma Rousseff estabeleceu um link com os setores mais conservadores do espectro político brasileiro que, praticamente, aplicaram um torniquete ao seu Governo - que vive sob a ameaça até mesmo de um pedido de impeachment - com um "Fora Dilma" programado para o próximo dia 15 de março. As centrais sindicais - inclusive a CUT - também estão nas ruas protestando contra as recentes medidas provisórias que atentam contra os interesses dos trabalhadores. Neste arremedo de mundo político, ser republicano pode significar a morte. É o que possivelmente está ocorrendo com a tal lista do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. Através da delação premiada, tanto o doleiro Alberto Youssef quanto o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, citam nominalmente o nome de dois figurões do PMDB, ambos ocupando espaços relevantes no poder Legislativo. Um deles, o Eduardo Cunha, é o presidente da Câmara dos Deputados e o outro, o senador Renan Calheiros, preside o Senado Federal. Estamos diante de uma possível combustão política de efeitos imprevisíveis. Segundo se informa, o presidente do PMDB, Michel Temer, em reuniões de "trabalho" com o próprio Janot e o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, teria sido informado sobre os nomes que constam da lista das 54 pessoas denunciadas, com ou sem mandato parlamentar, envolvidas nas falcatruas da Operação Lava Jato. Janot deve enviar 28 pedidos de abertura inquéritos ao STF. As escaramuças já começaram. Renan deixou de participar de um jantar com a presidente e devolveu a medida provisória que reduz a desoneração da folha de pagamento, algo crucial para a área econômica. Janot cumpre o seu papel de zelar pelo interesse público e o Governo Dilma, mais uma vez, demonstra sua disposição de punir, com os rigores da lei, os maus feitores da Viúva. Pena que, num contexto político como o nosso, isso pode trazer inúmeros problemas para essa tal governabilidade. Posso imaginar o que diriam os estudiosos de uma democracia cujas instituições não sobrevivem à punição exemplar dos gatunos do Erário.

quarta-feira, 4 de março de 2015

George Stinney Jr. é declarado inocente 70 anos após sua execução.

Por Loulla-A-Eleftheriou Smith
Do The Independent
Traduzido por JNS

O garoto negro foi considerado inocente, 70 anos após a execução, aos 14 anos de idade, na cadeira elétrica na Carolina do Sul
Stinney Jr tornou-se a pessoa mais jovem a ser executada no século 20, nos EUA, quando foi enviado para a cadeira elétrica em 1944, após ser condenado por uma sentença que foi anulada, mais de 70 anos depois da sua morte.
A juíza Carmen Tevis Mullen disse que a velocidade com a qual o Estado condenou o menino foi chocante e extremamente injusta e que o seu caso foi uma "grande injustiça", decidindo pela inocência de Stinney Jr.
O garoto negro de 14 anos de idade foi condenado à morte pelo assassinato de duas meninas brancas em uma cidade segregada na Carolina do Sul, em um julgamento que durou menos de três horas e, segundo informações, sem nenhuma evidência e quaisquer depoimentos de testemunhas.

Amie Ruffner recebeu apoio da família e amigos após prestar depoimento na audiência para reabrir o caso do irmão
Ele foi mantido afastado dos seus pais e de qualquer assistência jurídica, quando foi interrogado pelas autoridades. Seus defensores afirmam que o menino pequeno e fragilizado estava tão assustado que teria dito tudo o que ele imaginava que poderia fazer os investigadores felizes, apesar de não existir nenhuma evidência física ligando-o à morte das meninas.
Stinney Jr e sua irmã Amie Ruffner foram as últimas pessoas a ver as duas meninas, com idades entre 7 e 11 anos, vivas quando elas passeavam em uma área rural perto da cidade de Alcolu. O pai de Stinney Jr fez parte da equipe de buscas que encontrou os corpos das meninas, horas mais tarde, em uma vala, espancadas com golpes que provocaram o esmagamento dos seus crânios.
Apontado como o autor dos crimes, Stinney Jr foi preso e executado no espaço de cerca de três meses. Os carrascos notaram que ele era muito pequeno para a cadeira elétrica, porque as correias não se encaixavam nele e o eletrodo era grande demais para a sua perna. Para encaixar corretamente na cadeira, Stinney Jr teve que se sentar em uma bíblia.
O caso de Stinney Jr tornou-se um exemplo de como uma pessoa negra era atropelado por um sistema de justiça durante a era das leis de segregação Jim Crow, quando os investigadores, promotores e júris eram todos brancos.
A família do garoto insistiu que ele era inocente, e, em janeiro, pediram ao juiz local um novo julgamento para declarar inocente e limpar o nome de Stinney Jr, alegando que não havia novas provas sobre o crime.

Katherine Stinney-Robinson testemunha na defesa do irmão em janeiro de 2014
Desta vez, foi concedida uma audiência de dois dias para julgar o caso de Stinney Jr, permitindo que os especialistas questionassem a sua confissão e os resultados da autópsia, enquanto o juiz ouvia relatos dos irmãos e irmãs do menino e de pessoas que tinha sido envolvidas nas buscas das meninas desaparecidas. A maioria das evidências do julgamento original tinha desaparecido e quase todas as testemunhas já tinham morrido.
Comparado com o prazo da prisão e execução em 1944, a juíza Carmen Mullen demorou quase quatro vezes mais tempo para publicar a sua decisão sobre o caso de Stinney Jr. Ela disse em sua decisão que ela nunca poderia "pensar em nenhuma injustiça maior" do que a condenação do garoto indefeso.

Carmen Tevis Mullen ouve o defensor Ernest Finney no caso de George Stinney | Foto: REUTERS/Randall Hill
Mullen descobriu que a confissão de Stinney Jr foi, "altamente provável", obtida sob coação das autoridades, porque nenhuma testemunha foi encontrada para revelar como ocorreu o julgamento.
A juíza disse que ela estava derrubando a convicção sobre a culpa do menino porque o tribunal Carolina do Sul não tinha conseguido conceder um julgamento justo em 1944. [ Reportagem adicional de AP ]
Cenas chocantes da execução de Stinney Jr apresentadas em "Carolina Skeletons" de David Stout  - 1988
A leitura da sentença determinando a absolvição de George Stinney Jr em 17 dezembro de 2014
Stinney Jr foi condenado, após um julgamento injusto, pelo assassinato de duas meninas brancas.

Tijolinho do Jolugue: Hospital da Mulher Eduardo Campos?



Não faz muito tempo, aqui mesmo pelas redes sociais, alguém informou que logo Pernambuco seria um Estado muito parecido com Alagoas e o Maranhão. Fazia referência, sobretudo, ao recrudescimento dos costumes políticos oligárquicos aqui na província, fenômeno observado com a morte do ex-governador Eduardo Campos. A morte do ex-político foi exaustivamente explorada, através de uma bem orquestrada campanha publicitária, que foi capaz, inclusive, de eleger seu sucessor sem muitas dificuldades. Mas não ficou por ai. Trata-se, na realidade, de um filão que se propõe a perpetuar a consolidação de uma nova oligarquia política no Estado, formada por parentes e aderentes do finado. Até recentemente, o artista plástico que desenhou o Galo da Madrugada o fez com os olhos azuis. A bem da verdade, se bem observado, o galeguinho tinha os olhos verdes. No dia de hoje, dois fatos envolvendo essa figura pública estão repercutindo bastante nas redes sociais. O nome do hospital da mulher, que deverá ser inaugurado em breve, deverá ter o seu nome, se depender do gestor da Prefeitura da Cidade do Recife. As mulheres, naturalmente, estão protestando, mas não se trata, apenas, de uma questão de gênero. Elas protestam, sobretudo, argumentando que o ex-governador não merecia tal homenagem. No momento em que se especula em torno do assunto, num Estado onde tantas e tantas mulheres poderiam ser homenageadas com o nome do hospital, os jornais estampam mais uma declaração do doleiro Alberto Youssef, informando que o ex-governador teria levado, de propina, nas transações ilícitas da Petrobras, algo em torno de 10 milhões de reais, confirmando-se a suspeita levantada pelo ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, de que ele seria um dos maiores - se não o maior - beneficiário do esquema de desvio de dinheiro público que atuava na empresa.