sexta-feira, 29 de julho de 2022
quinta-feira, 28 de julho de 2022
Artigo: O Anarquismo no Brasil
Há uma antiga teoria conspiratória na história do Brasil que chama de "flores exóticas" as ideologias revolucionárias e contestatárias do "status quo". Primeiro, foi o liberalismo e o republicanismo. Depois, as doutrinas socialistas, anarquistas e comunistas. É como se o pensamento nativo fosse o dos índios tapuias ou tupis-guaranis: o messianismo da terra dos sem-males.
Editorial: Após homologação, a senadora Simone Tebet entra na corrida presidencial.
A sorte, literalmente, está lançada para a senadora Simone Tebet na corrida presidencial das próximas eleições. Simone precisou trilhar um caminhos de muitos atropelhos e os pedregulhos ainda estão começando. Começa uma jornada que está sendo sabotada por elementos do próprio partido, que, por já terem feito uma opção por apoiar um outro candidato, não desejavam que o partido lançasse uma candidatura própria. Na verdade, estamos diante de uma corrida de obstáculos.
Se a senadora reunirá as condições efetivas de superá-los é uma outra questão. Como já afirmamos por aqui, algumas dessas variáveis ela não controla, como, por exemplo, essa centríguda política da polarização, que não permite que uma alternativa de terceira via se viabilize no contexto político brasileiro. O consultor Thomas Traumann elencou, outro dia, dez razões entendermos o porquê da inviabilidade da terceira-via no país. Uma das razões é que tais candidaturas não são construídas dentro de um prazo razoável, ou seja, não existe condiçoes de sua viabilização se tais candidaturas são lançadas às vésperas das eleições.
No caso de Simone Tebet essa premissa é mais do que verdadeira, uma vez que ela enfrentou todo tipo de atropelo até a homologação da sua candidatura pela coligação que reúne, além do MDB, o PSDB e o Cidadania. Costumamos repetir isso por aqui, trata-se de um excelente quadro, preparada, de perfil probo, democrático e republicano. Não resta a menor dúvida de que poderia ser testada na condução do Executivo Nacional, possivelmente com bons resultados coletivos. Infelizmente, os pedregulhos são muitos.
Editorial: As advertências do Centrão a Lula

Mesmo que as eleições só ocorram em 02 de outubro, já se discutem as frágeis relações estabelecidas entre o nosso Executivo e o Legislativo, decorrente daquilo que o historiador Luiz Felipe de Alencastro denominou de presidencialismo de coalização. Na realidade, o país vive sob um regime de semipresidencialismo não assumido. Apesar de se colocarem como fiéis escudeiros do presidente Jair Bolsonaro - com direito a rasgados elogios em público durante a convenção do PL, como foi o caso do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lyra - a maior preocupação do Centrão, hoje, é a formação de uma boa base parlamentar, o que lhes asseguraria o poder de barganha necessário para impor as suas condições ao próximo chefe do Executivo, seja ele quem for.
Um dos expoentes mais ilustres do grupo - ao ponto de ficar conhecido como uma espécie de Primeiro-Ministro de Jair Bolsonaro(PL) - afirmou que Lula irá precisar negociar bastante para assegurar as condições de governabilidade. Aproveitou para fazer uma afirmação ainda mais preocupante, ao dizer que, caso o professor Fernando Haddad(PT-SP) tivesse sido eleito, não concluiria o seu mandato. Já destrinchamos o DNA do Centrão por aqui em outras oportunidades, sendo, portanto, desnecessário voltar a fazê-lo. A chance de mudar este cenário seria uma reforma política efetiva, de preferência conduzida por atores que não estivessem vinculados a esse vícios. Estes que estão ai, certamente, não vão legislar contra o orçamento secreto.
De perfil íntegro e republicano, a ex-presidente Dilma Rousseff sofreu horrores com as hostilidades do Legislativo contra o seu Governo. Foi aplicado a ex-presidente um torniquete político que praticamente paralizou o seu Governo, levando-o a óbito com a aprovação de um processo de impeachment. Por conhecer esses meambros perigosos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo antes das eleições de outubro - e consequentemente a homologação dos seus resultados - já procura entabular uma estratégia política para enfrentar aquele que seria o seu terceiro round.
Editorial: Lula é o preferido entre os jovens, de acordo com o Datafolha
No dia de ontem o Instituto Datafolha publicou mais uma pesquisa de intenção de voto, desta vez dirigida diretamente com o objetivo de identificar como os jovens eleitores estão reagindo às candidaturas que se apresentam para as eleições presidenciais de 2022. O público alvo da pesquisa são aqueles eleitores que se situam na faixa etária entre 16 e 29 anos de idade. A pesquisa ouviu cerca de 900 eleitores nas principais capitais do país, entre os dias 20 a 21 de julho, para concluir que 51% deles manifstam sua preferência pelo candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto 20% deles preferem o presidente Jair Bolsonaro. A popularidade de Ciro Gomes é de 12% entre os eleitores mais jovens.
Na realidade, existem três grupos de eleitores onde o presidente Jair Bolsonaro enfrenta dificuldades e vem tentando construir alternativas discursivas para recuperar terreno entre eles: Os jovens, as mulheres e os mais pobres. Ao seu modo, ele vem focando nesses grupos, aconselhado pelo seu staff de campanha. Caso essa ordem de preferência seja mantida, são esses eleitores que poderão reconduzir, mais uma vez, Lula ao Palácio do Planalto.
Ao longo do seu Governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva construiu uma grande capilaridade política entre o segmento dos jovens, pois criou condições efetivas para essa aproximação, ao ampliar sensivelmente as oportunidades educacionais, inclusive entre jovens negros, nordestinos e empobrecidos. Não ficaríamos surpresos se a questão de "gênero" também pudesse se inserida neste perfil. O PT tem aqui um dos maiores trunfos políticos. Foi o maior programa de inserção de jovens negros empobrecidos no ensino superior público. Um salto qualitativo incomensurável em termos de democracia subtantitva. Este foi o único indicador onde os negros avançaram no país nos últimos 522 anos. Justifica-se o reconhecimento.
Editorial: O impasse Molon no Rio de Janeiro.
O mundo da política amanheceu bastante movimentado no dia de hoje. Saiu mais uma pesquisa do Instituto Datafolha; Em convenção conjunta do MDB, PSDB e Cidadania, houve a homologação da candidatura da senadora Simone Tebet(MDB-MS) à Presidência da República; O clima azedou entre o PT e o PSB em torno dos acordos políticos no Estado do Rio de Janeiro; Ainda a repercussão da carta dos empresários em defesa da democracia; Finalmente, as veladas advertências de um dos principais expoentes do Centrão em torno das dificuldades de governança de um eventual Governo Lula, com um congresso de maioria oposicionista.
Vamos começar pela imbróglio gerado em torno do lançamento da candidatura de Alessandro Molon(PSB), ao Senado Federal, no Rio de Janeiro, na chapa encabeçada por Marcelo Freixo, do PSB. Na realidade, ao oficializar o lançamento de Molon, o PSB sugere quebrar um acordo pré-existente com o PT, onde eles deveriam ocupar a cabeça de chapa, cabendo ao PT indicar o nome ao Senado Federal. Trata-se de um acordo fechado entre o PT e o PSB, onde ficaram ajustados alguns compromissos com a formação dos palanques estaduais.
Bem nas pesquisas de intenção de voto e azeitado na máquina socialista carioca, Molon resolveu descumprir o trato e lançar uma candidatura própria ao Senado Federal, gerando uma crise entre as duas legendas. Lula, que procura sempre manter uma linha conciliadora - e de preferência equidistante - reagiu de forma contundente ao acordo, inclusive ameaçando deixar de cumprir os compromissos firmados em outras praças, mencionando o caso de Pernambuco.
O PT enfrenta graves problemas em alguns palanques estaduais e o Rio de Janeiro é um caso dos mais intrincados. Justamente o Estado que é o reduto político do adversário Jair Bolsonaro, seu principal oponente na corrida ao Palácio do Planalto. O clima ficou pesado, levando o Presidente Nacional do PSB,Carlos Siqueira, a improvisar uma viagem às pressas para o Rio, com o propósito de apagar o incêndio. Em Pernambuco, o candidato da aliança, Danilo Cabral(PSB-PE), tratou de se pronunciar sobre o assunto, defendendo a posição do morubixaba petista.
quarta-feira, 27 de julho de 2022
Editorial: Um grande equívoco político o não apoio ao nome de Izolda Cela para continuar no Palácio da Abolição
Noticiado assim sem maiores repercussões, o desligamento da governadora Izolda Cela do PDT deve ser analisado com mais cuidado, pois foi uma decisão tomada dentro de um contexto específico, onde os interesses coletivos foram subjugados em nome de arranjos políticos duvidosos. Li, com muita atenção, as suas explicações em torno do assunto, publicadas por uma de suas redes sociais. Há, ali, muitas lições sobre a sua personalidade, sua vocação para a causa pública e, igualmente, sobre a sua leitura precisa e contundente no que concerne ao contexto político daquele Estado, onde, um conjunto de forças políticas -representadas pelo PT e o PDT - se integraram, num passado recente, para não permitir que atores políticos sem compromissos republicanos e democráticos pudessem ocupar o Palácio da Abolição e a Prefeitura de Fortaleza.
Agora, em razão das próximas eleições de 2022, isso pode ser posto tudo a perder em razão de interesses políticos menores, comezinhos - e até machistas - que afastaram da competição uma pessoa íntegra, proba na condução dos negócios públicos e que reunia todas as condições de continuar à frente do Palácio da Abolição, conforme todas as pesquisas de intenção de voto atestavam. Existia um consenso e uma unanimidade em torno do nome de Izolda, exceto, certamente nalgumas hostes controladas pelas novas oligarquias que passaram a hegemonizar o poder no Estado, que, apesar do verniz de mordernidade, preservam sempre o sotaque do coronelismo.
Segundo um observador da cena política local, 12 partidos políticos teriam dito ao Ciro Gomes(PDT-CE) que o nome de Izolda Cela seria imbatível. Seria um antídoto contra o fascismo que viceja naquele Estado, que, ancorado numa capaliridade política construída nos motins da Polícia Militar, reúne condições efetivas de ocupar o Palacio da Abolição, sobretudo quando as forças do campo progressista, em razão de questiúnculas pessoais, agem no sentido não de barrar tais pretenções, mas, mesmo sem intenções - em função de escolhas equivocadas - parecem dar uma ajudinha.
Editorial: A mobilização da sociedade civil em favor da democracia
No dia de ontem, em conversa com o cientista político e historiador Michel Zaidan Filho, ele informava que seriam muito bem-vindas essas mobilizações, inclusive da comunidade internacional. É preciso ampliar, sensivelmente, os "custos" políticos e econômicos de um retrocesso autoritário neste momento. Depois de décadas de experiência democrática, o país experimenta um flerte autocrático onde os pilares da democracia representativa - como é o caso da isenção e lisura da Justiça Eleitoral - estão sendo postos em duvida por atores que contaram, ao longo de sua vida pública, com o referendo dessa mesma Justiça Eleitoral para ratificar seus desempenhos nas urnas.
Como era comum ouvir na nossa fase de criança, são jogadores que não sabem perder, que não respeitam as regras do jogo. Circula na imprensa uma carta assinada por empresários, em defesa de nossas instituiçoes democráticas. O mercado, como se sabe, tem um papel preponderante neste processo. E 1964 eles chagaram a emprestar apoio ao golpe civil-militar que derrubou Jango Goulart da Presidência da República. Quem lidera essa mobiliação do mercado é o professor da Fundação Getúlio Vargas, Carlos Ari Sundfeld, que representa a Sociedade Brasileira de Direito Público.
Outra mobilização que está sendo aguardada é a do Movimento Sem Terra, um movimento social que, por razões óbvias, sempre esteve ligado organicamente ao Partido dos Trabalhadores. Que venham mais mobilizações da socieade civil neste sentido. Serão todas bem-vindas. Nossa frágil democracia exige cuidados redobrados, sobretudo neste momento que enfrenta um violento assédio autoritário.
Editorial: Sai hoje nova pesquisa do Instituto Datafolha
Há uma grande expectativa em torno de uma nova rodada de pesquisa de intenção de voto realizado pelo Instituto Datafolha, uma espécie de balisamento dos demais institutos de pesquisa, em razão da credibilidade e capilaridade adquirida em anos de atuação no mercado. Naturalmente que o Instituto tem seus críticos, mas, mesmo eles, estabelecem uma relação de respeito aos seus resultados. O candidato pode até ficar amuado, mas ignorá-los pode ser um tiro no pé. Esta última pesquisa será emblemática, uma vez que está sendo realizada em meio a um turbilhão de acontecimentos políticos, como os discursos inflamados durante a Convenção do PL, reflexos da PEC da Bondade junto aos seus beneficiários, assim como o problema da crise institucional que se instaurou no país, envolvendo o Executivo e segmentos do Poder Judiciário. Perdão se esqueci aqui algum outro fator importante, mas já estamos diante de nitroglicerina pura.
A campanha do presidente Jair Bolsonaro(PL) tenta conquistar espaços onde há resistências do eleitorado ao seu nome, como entre os eleitores jovens, as mulheres e os pobres, conforme discutimos ontem por aqui, a partir da análise do cientista político pernambucano Antonio Lavareda, do IPESPE. Muito mais do que os pobres e as mulheres, parece-nos que o grande problema de Bolsonaro seria o de demover a tendência desse eleitorado mais jovem em votar no candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Outro dado a ser considerado é que, diferentemente do eleitorado mais idoso - que costuma abster-se - este segmento do eleitorado costuma ir às urnas.
Um conhecido blogueiro enfatizou bastante essa nova pesquisa do Datafolha em relação aos jovens, como se o Instituto tivesse o cuidado de aferir, durante as enquetes, o comportamento específico desse segmento do eleitorado. Assim, tal pesquisa se reveste de uma importância ainda maior, pois pode captar o humor desse eleitorado no que concerne às eleições de 2022. Até fake news já foram disseminadas, informando que eles perderiam o acesso às redes sociais caso Lula seja eleito. Novas análises sobre as eleições poderão ser produzidas a partir desses números apresentados pelo Datafolha. Vamos aguardar.
terça-feira, 26 de julho de 2022
O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Raquel anuncia Priscila Krause como vice.
Repercute bastante nas redes sociais o anúncio da Deputada Estadual Priscila Krause, do Cidadania, como vice na chapa encabeçada pela ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, do PSDB, que concorre ao Governo do Estado, nas próximas eleições. Há considerações a favor e contra a decisão da parlamentar, sobretudo em razão do reconhecimento da população em relação à sua ativa atuação na fiscalização dos negócios de Estado. Como já informamos por aqui em outra ocasião, a parlamentar honra o seu mandato, fiscalizando as contas públicas, apontando irregularidades e cobrando providências dos órgaos competentes quando observa algum desvio de finalidade. O sentimento é que uma parlamentar com o seu perfil irá fazer falta ao parlamento.
Alguns observadores consideram que ele teria feito uma opção equivocado, colocando em risco sua carreira política com a decisão, o que seria uma pena, pois parlamentar sem mandato corre um sério risco de cair no ostracismo, gerando enormes dificuldades para voltar à ribalta. Trata-se, de fato, de uma aposta de risco, sobretudo se considerarmos a dinâmica da disputa política no Estado - com tendência a reporduzir a dinâmica nacional, ou seja, talvez tenhamos uma polarização entre um palanque de Lula e outro de Bolsonaro - o que tenderia a atirar a candidatura de Raquel na plano da terceira-via, tornando-a inviável.
Ela teria como escapar dessa armadilha? Difícil afirmar, mas suas alternativas são escassas. A possibilidade seria quebrar essa polarização, provocando, quem sabe, uma disputa "feminina", ou seja, estabelecendo uma competição direta com Marília Arraes do Solidariedade, isolando as candidaturas de Danilo Cabral(PSB-PE), Anderson Ferreira(PL-PE) e Miguel Coelho(UB-PE). Conforme afirmamos anteriormente, o eleitorado feminino terá um papel importante nessas eleições. Não sem motivo, ele tem sido disputado, voto a voto, pelos principais competidores à Presidência da República no plano nacional. A presença de duas mulheres na chapa pode ajudar na construção desse perfil.
O fato concreto é que o staff político e de marketing eleitoral da candidata terá um pepel importante daqui para frente, ou seja, reencontrar o seu lugar na disputa, afastando-a da centrífuga política da terceira-via, o que seria sua derrocada. Tem prejudicado enormemente a candidata a ausência de uma interlocução forte no plano nacional, assim como a composição de sua chapa, mas este parece ser um problema generalizado entre os candidatos.
Editorial: A decepção com o arquivamento das investigações propostas pela CPI da Covid-19
Acompanhei de forma sistemática os trabalhos da CPI da Covid-19 e me sinto decepcionado com o encaminhamento dado pela PGR no que concerne às recomendações do grupo de senadores que estiveram envoldidos naqueles trabalhos. É profundamente lamentável que, neste clima de instabilidade política e institucional que o país atravessa, as leis estejam sendo regiamente desrespeitadas, em nome de um projeto político de caráter extremamente duvidoso e temerário. As referências são claras sobre quem seriam esses atores que estão, nos parece, com uma trave política nos olhos, deixando de cumprir as leis, consoante os interesses políticos que estão em jogo.
Trata-se, na realidade, de uma espécie de "vista grossa" ou omissão deliberada. Agora mesmo, por ocasião dos ataques às nossas instituições democráticas, o presidente de um dos poderes mais importantes da República, praticamente não disse uma palavra sofre aqueles fatos tão graves. A CPI da Covid-19 realizou um trabalho excepcional sobre a conduta de gestores públicos e privados, durante aqueles dias sombrios vividos pelo país, que nos ceifaram milhares de mortos. Na realidade, a pandemia da Covid-19 ainda não acabou, mas já enfrentamos dias mais difíceis.
Evidente que os suas recomendações deveriam ser acatadas e atendidos pelas autoridades da República, apurando os fatos, apontando responsáveis, recomendando os procedimentos consoante às suas atribuições inerentes. Tempo e recursos públicos foram utilizados durante aqueles trabalhos, o que encejaria, no mínimo, um respeito maior por suas conclusões e recomendações. Infelizmente, o momento político vem produzindo essas esquizofrenias institucionais, com alguns órgãos deixando de cumprir seus papéis.
Editorial: Quem é o eleitor que pode reconduzir Lula para o Palácio do Planalto?
Logo após a divulgação da última pesquisa do IPESPE, o cientista político Antonio Lavareda veio a público para analisar os resultados do seu Instituto, lançando o seu olhar - sempre muito aguçado - sobre o que dizem, na prática, aqueles números. Há, em sua análise, uma preocupação bastante evidente em relação ao segundo turno das próximas eleições presidenciais, mas este editor irá se concentrar na sua avaliação sobre o perfil do eleitorado do petista, que poderá voltar a sentar na cadeira de presidente do país, a julgar pelo andar da carruagem política até este momento.
O staff político do presidente Jair Bolsonaro conhece bem tais eleitores, mas, daí a trazê-los para abraçar o seu projeto político é uma outra grande questão. Digo isso em relação à última Convenção do PL, realizada no último domingo, onde os discursos foram direcionados exclusivamente para tal público. Mas, afinal, quem é este público que está fazendo a diferença no eleitorado do ex-presidente Lula? Ele é formado pelas mulheres, os jovens e os pobres, de acordo com as conclusões do cientista político pernambucano, a partir dos dados colhidos por suas pesquisas.
Há muitas leituras sobre o que ocorreu na última Convenção do PL, em alguns casos, leituras preocupantes, como a eventual probabilidade de dias sombrios de ampliação das dificuldades institucionais, que poderão agravar-se para o próximo 07 de setembro, quando os bolsonatistas prometem uma grande mobilização. Mas esta já é uma outra discussão. Importante frisar, neste momento, que apesar do assédio da campanha de Bolsonaro em relação a tais eleitores, eles se mantém fiéis ao projeto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT), o que pode significar sua volta ao Palácio do Planalto.
segunda-feira, 25 de julho de 2022
Editorial: Enquanto PT e PDT batem cabeça, Capitão Wagner segue na liderança.
O Ceará é um dos Estados da Federação onde existe um franco fovoritismo do bolsonarismo chegar ao Governo do Estado. Não necessariamente pelo mérito dos bolsonaristas do Estado, mas, muito mais pelos graves equívocos que estão sendo cometidos pela aliança PT\PDT. Ancorado no apoio aos movimentos de policiais militares do Estado, o Deputado Wagner Souza Gomes(UB-CE), também conhecido como capitão Wagner, viu sua popularidade aumentar junto aos eleitores cearenses, colocando-o na liderança das pesquisas de intenção de voto.
PT e PDT não conseguiram chegar a um acordo e ambos os partidos devem lançar seus próprios candidatos ao Palácio da Abolição. Havia uma expectativa de que se pudesse construir um consenso em torno do nome da vice-governadora Izolda Cela, filiada ao PDT, que substituiu Camilo Santana no Governo do Estado e vem realizando uma gestão bem-avaliada pela população cearense. Infelizmente tal consenso não foi construído e o diretório do PDT local, indicou o nome de Roberto Cláudio(PDT-CE) para a disputa, o que provocou uma ruptura do PT com o PDT, leia-se família Ferreira Gomes.
Há um lance curioso nessa indisposição, a de que o PDT fez uma escolha orientada pelo machismo. Izolda foi a primeira mulher a ocupar o Palácio da Aboliação e, a rigor, seria de bom alvitre se continuasse no cargo, referendada pelas urnas. Em suas páginas nas redes sociais, o ex-governador Camilo Santana(PT-CE), que deve concorrer ao Senado Federal nas próximas eleições, lamentou bastante o episódio. Nos pareceu muito sincero.
Só não entendi porque não conseguiram convencer Izolda Cela(PDT-CE) a disputar o cargo. O nome escolhido foi o do Deputado Estadual Elmano de Freitas. Não conheço a trajetória política do deputado Elmano, como também não existem pesquisas de intenção de voto realizadas com o seu nome como postulante, o que torna difícil uma previsão sobre as suas chances reais na disputa. Terá um bom padrinho político, o ex-governador Camilo Santana, mas não se sabe se isso seria suficiente para alavancá-lo na disputa.
Editorial: Saiu a nova pesquisa IPESPE sobre a corrida presidencial
Por alguma razão, eles voltaram a reestabelecer tal parceria com o Instituto IPESPE, voltando a divulgar suas pesquisas. Hoje, 25\07, está sendo anunciada uma nova sondagem sobre a corrida presidencial para as eleições de 2022. Nela, Lula abre 08 pontos de diferença em relação ao candidato do PL, Jair Bolsonaro. Lula crava 44% das intenções de voto, enquanto Jair Bolsonaro pontua com 36%. Há uma grande expectativa em relação aos efeitos do Pacote de Bondades - traduzidos na PEC Kamikaze - sobre o comportamento do eleitorado em relação ao Governo. Nesta rodada de pesquisa, Lula perdeu um ponto, enquanto Bolsonaro ganhou um pontinho, consoante sondagem anterior do Instituto.
A avaliação do governo, na realidade, vem melhorando alguns pontinhos preciosos, mas ainda não o suficiente para fazê-lo encostar no petista ou até superá-lo, conforme previsão do seu staff político. Já existe quem aposte que tal pacote de bondades não venha a surtir os efeitos demolidores sobre a liderança do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, na corrida presidencial de 2022. Ontem, durante a Convenção do Partido Liberal que homologou sua candidatura à Presidência da República, Jair Bolsonaro foi incisivo nas críticas ao candidato do PT.
Há, ainda, muito chão pela frente até o dia 02 de outubro, mas alguns analistas políticos já estão antevendo o aumento da temperatura política em setembro, quando o bolsonarismo pretende colocar o bloco na rua com toda força, por ocasião das comemorações da Independência do Brasil. Os nervos de aço de nossas instituições democráticas deverão ser testados neste dia, em razão do delicado momento de crise institucional que o país atravessa.
domingo, 24 de julho de 2022
Editorial: Os marimbondos da democracia
Alcançou grande repercussão nacional um discurso do ex-presidente José Sarney, na Academia Brasileira de Letras, por ocasião das comemorações dos seus 125 anos, onde ele é incisivo na defesa das instituições democráticas, considerando um dever pessoal defendê-la uma vez que foi um dos artífices da transição democrática. Nesses tempos bicudos que estamos vivendo, quando aparece um ator relevante do cenário político defendendo a democracia, o fato, em si, enceja grandes reconhecimentos.
Na outra ponta, existe uma trupe de aventureiros que atentam contra ela cotidianamente, tentando minar seus alicerces. Nunca as nossas instituições democráticas foram tão atacadas, o que confere ao Brasil a condição de democracia mais ameaçada do mundo. Nosso tecido democrático nunca foi muito resistente, daí as insondáveis preocupações em torno do assunto. As desigualdades sociais e econômicas - que se ampliaram nos últimos anos - constituem-se num dos fatores que atentam de forma estrutural contra a nossa experiência democrática.
É como se a democracia substantiva não desse o suporte necessário para a manutenção do edificio institucional da democracia política. Segundo um estudo do cientista político polonês, Adam Przeworski, dependendo da renda per capta da população, a possibilidade de um retrocesso político pode chegar a zero. O ex-presidente José Sarney é decano da academia criada pelo escritor Machado de Assis. É um daqueles nomes que entraram na academia muito em razão do seu capital político, que, certamente, teve um peso maior do que a sua produção literária. Em todo caso, seja lá de que quadrante vier, a defesa das instituições democráticas serão sempre bem-vindas.
O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: As revelações de Marília nas páginas amarelas de Veja
Crédito da foto: Tiago Calazans - Divulgação. |
A candidata ao Governo do Estado pelo partido Solidariedade, Marília Arraes, está nas páginas amarelas da revista Veja desta semana. A rigor, a matéria não traz grandes novidades, se entendemos que as questões estão se tornando repetitivas, como as indisposições dela com a família Campos, seus embates internos com a cúpula da legenda petista no Estado e, para ficar num tema mais palpitante, a sua relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT), sobretudo no atual contexto político do Estado, onde o morubixaba petista celebrou uma aliança com os socialistas locais, criando um embaraço para emprestar sua solidariedade e apoio a uma postulante que lidera todas as pesquisas de intenção de voto até este momento. A entrevista foi muito bem conduzida pelo jornalista Ricardo Ferraz. Quando falo de temas repetitivos aqui, a referência diz respeito àqueles temas que sempre acompanharam a trajetória política da deputada,como sua indisposição com segmentos da família Campos, por exmplo.
A despeito das dificuldades do candidato do PSB, Danilo Cabral(PSB-PE), não se pode dizer que Lula deixou de cumprir, rigorosamente, seus compromissos com a coligação entre as duas legendas. Precisou engolir alguns sapos, mas são os ossos do ofício. Marília fala sobre este assunto - ou seja, como predente associar seu nome ao de Lula - com muita tranquilidade, pois, na sua avaliação, sempre ajudou e continuará ajundando o líder petista, com quem sempre identificou-se, até mesmo no momento em que o avô, Dr. Miguel Arraes, apoiou o ex-governador Anthony Garotinho à Presidência da República.
Marília considera que sua saída do PT, inclusive, ajudou neste sentido, pois permitiu que o PSB indicasse um candidato da legenda, evitando complicações com a aliança, estratégica para Lula no plano nacional. Outra questão interesseante é quando ela rebate o adjetivo de arrengueira, atribuído a ela, informando tratar-se de um adjetivo que guarda um ranço de machismo. Não é improvável, minha cara Marília Arraes. Quando fala de sua briga com o ex-governador Eduardo Campos, ela atribui a indisposição ao fato de o ex-governador não desejar dividir o protagonismo da família Campos\Arraes na quadra política pernambucana.
Editorial: O milagre da transferência de voto até com a ajuda do nosso senhor do Bonfim.
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Crédito da foto: Facebook de Jerônimo Rodrigues |
Apesar da inconteste liderança do ex-presidente em todas as pesquisas de intenção de voto, não se trata e uma tarefa simples. Numa recente visita de Lula ao Estado de Pernambuco, tudo pareceu conspirar para que essa tal transferência de voto não se materialize. Segundo um dos seus assessores, o melhor momento da visita foi quando eles tomaram o avião de volta, depois de submetidos a uma série de situações desagradáveis. O clima ficou tão pesado, que já se discute eventuais lavagem de roupa suja entre as duas legendas.
Depois de um processo confuso de escolha, uma fadiga de material representada pelos 16 anos à frente do Palacio do Campo das Princesas e uma gestão mal-avaliada, Danilo Cabral ocupa a última posição na última pesquisa de intenção de voto. Na Bahia, a situação não é muito diferente. Lá, o neto de ACM Neto é o franco favorito a ocupar a cadeira de governador do Palácio de Ondina. Aparece com mais de 60% das intenções de voto, enquando o candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, mau conseque atingir os dois dígitos.
Embora a presença de Lula naquele Estado tenha ocorrido de uma maneira mais tranquila, isso, igualmente, não signficou, efetivamente, transferênfia de votos, numa observação a partir de uma pesquisa divulgada logo em seguida, mas realizada durante o evento, salvo melhor juízo, pelo Instituto Paraná Pesquisas. Neófito na busca de votos, Jerônimo Rodrigues é um ilustre desconhecido para 74% do eleitorado baiano. Lula apresenta escores muito semelhantes aos de ACM Neto, mas, como já discutimos por aqui, algo sugere que o eleitor baiano estaria disposto a votar no dois postulantes, rejeitando a opção Jerônimo Rodrigues. Pelo andar da carruagem política, nem mesmo com a ajuda do nossoS Senhor do Bonfim, essa situação talvez possa ser revertida.
sábado, 23 de julho de 2022
O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: A centrífuga política da polarização jogou Raquel para a terceira-via.
Antes mesmo de concluir seu mandato como gestora da cidade de Caruaru, no Agreste do Estado, a ex-prefeita Raquel Lyra(PSDB-PE) já aparecia no radar das eleições estaduais de 2022 como uma da jovem geração de gestores credenciados a ocupar o Palácio do Campo das Campos das Princesas, quebrando uma hegemonia de 16 anos de exercício do poder pelo PSB. À época, como liderava todas as pesquisas de intenção de voto até então realizadas, foi apresentada como uma espécie de "fenômeno eleitoral", tornando-se uma prioridade nacional nos projetos dos tucanos.
Depois, com a crescente polarização produzida pela dinâmica das disputas políticas no plano nacional, aliada a outros fatores, ela foi, gradativamente, perdendo capilaridade na disputa, imprensada no pelotão de candidatos que almejam um lugar ao sol entre aqueles postulantes identificados com Luiz Inácio Lula da Silva(PT) ou com o presidente Jair Bolsonaro(PL). Embora o candidato Anderson Ferreira encontre-se igualmente embolado neste pelotão, teria, em tese, mais chances de tornar-se uma opção para aquele eleitorado que não vota no ex-presidente Lula e se identifica, no plano nacional, com o presidente Jair Bolsonaro.
A tendência é que, no final, pelo andar da carruagem política, haja uma polarização entre um candidato identificado com o projeto de Luiz Inácio Lula da Silva e outro com o do presidente Jair Bolsonaro, que não tem poupado esforços em prestigiar seus apoiadores aqui no Estado. A centrífuga política da polarização jogou Raquel para a terceira via e ela não consegue sair dessa armadilha, sobre a qual teria muito pouca coisa a fazer, uma vez que se trata de uma variável em relação à qual ela não teria o menor controle.
Editorial: A dura- mas não menos polida - resposta de Dilma Rousseff a Michel Temer
Alí pelo ano de 2013, quando começaram os primeiros movimentos que iriam desaguar no golpe institucional de 2016, todos os dias, através deste espaço, defendíamos o Governo legítimo da ex-presidente Dilma Rousseff(PT-MG). Ao fazê-lo, na realidade, estávamos defendendo as nossas instituições democráticas contra seus assediadores, remando contra essa maré de insensatez que nos atirou neste abismo. É um material importante, uma vez que aborda toda a trama política que culminou com a deposição da ex-presidente, através de um expediente de caráter duvidoso, referendado por instituições que não poderiam com ele concordar. Mas, isso já é uma outra discussão.
O importante mesmo é que, passados os anos, um juiz chamado "tempo" tratou de restituir as verdades sobre aqueles fatos que corroeram nosso tecido democrático, produzindo os ingredientes de um ambiente político caracterizado por essa patologia proto-fascista, de graves consequências. Várias auoridades públicas que estiveram, de alguma forma, envolvidas com aqueles dias turbulentos, vieram a público para reconhecer que fora retirado um mandato legítimo, por motivação política, de uma presidente que se portava de forma republicana na condução dos negócios de Estado. Ou seja, foi e é honesta.
Em outras palavras, foi uma gestora honestíssima, nas palavras do ex-presidente Michel Temer(MDB-SP), que assumiu depois da deposição da presidente. E, por falar em Michel Temer(MDB-SP), ele entrou em mais uma polêmica recente com a ex-presidente Dilma Rousseff(PT-MG), que foi traída por ele, a quem ela delegou a articulação política do seu governo. Todos sabem o que isso significou. Numa movimentação política inusitada e curiosa, especula-se que o ex-presidente estaria em negociações no sentido de substituir o nome da senadora Simone Tebet(MDB-MS), como postulante à Presidência da República, pela legenda emedebista.
Numa entrevista recente, ele teria afirmado que a queda da ex-presidente teria se dado pela ausência de diálogo com o Congresso, pois se trata de uma gestora "honestíssima". A princípio, poderia se pensar que ele tentou ser diplomático com a ex-presidente, mas, a emenda saiu pior do que soneto. Numa resposta dura e inspirada, a ex-presidente informa que não gostaria que o senhor Michel Temer buscasse limpar sua condição de golpista em cima do reconhecimento de sua honestidade. O mais curioso desse embate é que os assessores de Lula estariam preocupados - nos parece que tão somente - com a repercussão do diálogo entre ambos, uma vez que poderia prejudicar as negociações políticas com a legenda emedebista, de olho nas eleições presidenciais de 2022.
sexta-feira, 22 de julho de 2022
O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Assessores já estariam recomendando a Lula não remar contra Marília.
O jornalista pode não ser muito simpático aos socialistas da terrinha, mas nada que atrapalhe o seu profissionalismo e seriedade, com uma grande credibilidade a zelar, por manter um dos blogs mais conceituados e acessados do Estado. Não deixa de ser emblemático o fato de um jornal da região sudeste, ao se referir ao assunto, sugerir que já existe, entre alguns assessores diretos de campanha, a possibilidade de recomendar a Lula a mudança de palanque, ou seja ele precisa deixar de remar contra a Marília (Ops! maré!).
Lula cumpriu com denodo a sua missão aliancista. Por onde passou reafirmou o seu compromisso com o candidato oficial, Danilo Cabral(PSB-PE). Mas não foi suficiente para reverter, como disse no outro texto, a capilaridade e os padrões de relações orgânicas da ex-petista com a legenda e os movimentos sociais ligados ao partido. Até os integrantes da aliança, como a Deputada Estadual Teresa Leitão(PT-PE), que concorre ao Senado na chapa, e Doriel Barros,Presidente do PT no Estado, escorregaram no ato falho e mencionaram o nome da candidata do Solidariedade durante suas falas, para delírio da platéia.
É pouco provável que Lula volte ao Estado, assim como é pouco provável que sua presença tenha trazido bons dividendos eleitorais para o candidato oficial da aliança. A conclusão mais óbvia é que ele está só. Durante discurso no Classic Hall, o prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), no final de sua fala, deixou de pedir votos para o candidato Danilo Cabral. Outra ausência notada foi a da ex-primeira-dama do Estado, Renata Campos, que não acompanhou a comitiva.
Editorial: Louve-se o esforço de Ciro em pensar o país.
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Crédito da Foto: PDT Nacional - Divulgação |
O jornalista e articulista José Casado, em seu espaço no site da revista Veja, faz uma análise de alguns trechos do programa do candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, concluindo que, de fato, estamos diante de uma proposta consistente em meio a um deserto de ideias. Essa é a quarta tantativa do cearense Ciro Gomes de chegar à Presidência da República. Ao longo desses anos, exercendo vários cargos públicos e debatendo o país aqui e no exterior - sempre acompanhado de grandes inteligências, a exemplo de Roberto Mangabeira Unger - Ciro foi aprimorando o seu conhecimento sobre os problemas do país.
Seria até natural que, hoje, ele apresente a melhor proposta, embora encontre grandes dificuldades de convencer os eleitores sobre o assunto. Ao longo de suas candidaturas, ele cativou um eleitorado fiel ao seu projeto, mas, por alguma razão, não consegue ampliá-lo. Desta vez, fez o possível e o impossível para quebrar a polarização representada pelas candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva(PT) e Jair Bolsonaro(PL), mas sem sucesso. Tentou atrair outras forças políticas para o seu projeto, mas igualmente sem muito êxito, como o PSD, de Gilberto Kassab. As articulações não passaram de alguns arranjos localizados em praças específicas.
Esta polarização política no país constitui-se numa verdadeira centrífuga, turvando a nossa visão no que concerne a outros olhares sobre o cenário social, político e econômico brasileiro. Com a sua larga espertise, Ciro é capaz de observar os equívocos cometidos, por exemplo, pelo PT quando foi governo, advertindo que os atuais problemas econômicos enfrentados pelo país tiveram origem nas opções adotadas pelos governos da coalizão petista. Os casos de corrupção na máquina pública à época também são responsáveis pela ascensão do bolsonarismo.
O programa do candidato, de fato, apresenta um conjunto de respostas para os principais gargalos enfrentados pelo país, apostando na educação como uma das principais ferramentas para enfrentá-los. Uma pena que o eleitorado não preste mais atenção neste rapaz de Sobral que,de fato, fez o dever de casa, aquele dever exigido de quem deseja dirigir os destinos de uma nação, ou seja, se dedicou a estudar o país. Com uma inteligência privilegiada, associado a outros nomes igualmente inteligentes, foi capaz de construir uma proposta de governo que, se vier a ser viabilizada, lança luzes sobre nossas trevas de educação, de fome, de abandono da população, de obscurantismo político.
Editorial: Um diálogo institucional urgente e necessário
Crédito da foto: Marina Ramos - Divulgação |
Corrobora com esta tese, a sua determinação para que o Presidente da Republica, no prazo de 05 dias, explique-se sobre as as suas falas em torno do assunto. Como sempre, depois do diálogo, o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, assumiu uma postura mais incisiva, independente e republicana ao falar sobre o tema. Lyra, como sempre, é comedido demais ao tratar desses assuntos nevrálgicos, possivelmente em razão de suas cordiais relações com o Chefe do Executivo. Mas, se, por um lado, esse diálogo, embora fundamental para a sobrevivência de nossas instituições democráticas torne-se difícil, por outro lado, a despeito de sua inegável abertura para o diálogo, o pessoal do STE pretende deixar explícito um posicionamento conjunto daquela Corte em torno do assunto, rebatendo eventuais ilações descabidas.
Conforme a imprensa chegou a divulgar - espero que não seja uma dessas fake news - o Ministro Edson Fachin, depois das falas absurdas e equivocadas sobre as eleições brasileiras, teria externado um sonoro: Basta!!! Desde a redemocraticação do país, realizamos eleições limpas, soberanas, com os vencedores sufragados pela Justiça Eleitoral. O Brasil, embora com alguns outros problemas relativos à consolidação de nossa democracia - que sobrevive com bastante desigualdades sociais - é um exemplo para o mundo no quesito eleições.
quinta-feira, 21 de julho de 2022
O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Os atos falhos na presença de Lula em Pernambuco.
Envolto numa série de dificuldades, Lula seria a bala de prata para tentar reverter sua situação nas pesquisas de intenção de voto. Mas, rigorosamente, quase tudo deu errado. Apoiadores de Marília interromperam seus discursos gritando o nome da candidata, invadiram os espaços onde a comitiva se encontrava para distribuir seus santinhos, as redes sociais foram utilizadas para mostrar à população que Danilo Cabral votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Mas, a rigor, nem precisava esse esforço da militância de Marília, uma vez que os próprios integrantes da comitiva, por mais de uma vez, cometeram aquilo que psicanalista Segmundo Freud clssificava de "ato falho". O nome do Marília está no subconsciente petista, assim como uma nódoa de caju, que não sai de jeito nenhum. Desta vez foi o presidente da legenda petista, Doriel Barros, que esqueceu que a candidata ao Senado Federal pela aliança é a Deputada Estadual Teresa Leitão e não Marília Arraes, como ele acabou soltando no Classic Hall, levantando a massa de apoiadores de Danilo(?), que ecoaram o nome da candidata do Solidariedade. Na realidade, ato falho mesmo ocorreu quando da presença de Lula, no Poço da Panela, atendendo a um convite de Danilo Cabral para um almoço. Imperdoável a atitudes de alguns moradores do prédio, hostilizando o candidato.
O vídeo acima foi publicado no blog do Magno Martins.
O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Um almoço da intolerância para o ex-presidente Lula.
Conforme o previsto, Lula continua cumprindo a sua agenda aqui no Estado de Pernambuco, conforme acordo firmado com as lideranças socialistas. Pela manhã, esteve no Teatro do Parque, ouvindo os reclames do pessoal da cadeia da cultura, acerca dos problemas enfrentados por este setor, hoje praticamente ausente das políticas públicas deste governo. O Estado de Pernambuco, inclusive, dá um bom exemplo neste campo, através da espertise de décadas do Funcultura, o maior fundo de fomento à cultura do país.
Encerra sua maratona aqui na Marim dos Caetés, no espaço do Clássic Hall, onde deve receber os militantes e simpatizantes. Como disse ontem, bom mesmo seria um encontro de rua, mas os organizadores estão alegando problemas com as chuvas que, embora espassas, poderiam atrapalhar. Mas, para ser sincero, Lula já teve melhores momentos em suas visitas ao nosso Estado. Chega num momento difícil enfrentado pelo candidato oficial da coligação PT\PSB, que não vai muito bem nas pesquisas e quase não consegue falar em público, tendo que aturar manifestantes gritando o nome de Marília Arraes, a candidata do Solidariedade, que rompeu com o PT, mas continua com um forte vínculo orgânico e afetivo com o partido e com o próprio Lula.
Assim, Lula teve que enfrentar alguns constrangimentos em sua visita ao Estado, forçando a barra para cumprir os compromissos e não ser deselegante com quem o tratou tão mal em passado recente, ainda nas eleições de 2018, quando atores das hostes socialistas o associaram à corrupção. Naqueles tempos, de mais respeito e tolerância política, Lula vinha a Pernambuco e era melhor recepcionado pelo governador Eduardo Campos, um fiel aliado, com direito a degustar as delícias da culinária pernambucana, no reduto da família Campos, no aprazível bairro de Dois Irmãos. Com direito a um pedaço de rapadura e a prosa do saudoso Ariano Suassuna.
Hoje, infelizmente, os tempos são outros, de bastante acirramento político, intolerância e animosidades. O anfitrião da visita, o candidato ao Governo do Estado, Danilo Cabral, dentro do espírito dos pernambucananos de bem receber os convidados, agendou um almoço para o ex-presidente em sua residência, um apartamento localizado no bairro de Poço da Panela, que, no passado, era uma espécie de estância de inferno dos recifenses abastados, que não suportavam o calor da Veneza Brasilieira.
Ontem, até brincamos sobre o cardápio, mas isso já é uma outra discussão, sobretudo nesses tempos não menos bicudos na economia, onde 33 milhões de brasileiros estão na condição de insegurança alimentar. O grave é que morador do prédio, através de um vídeo, convocou partidários para protestarem contra a presença de Lula no local, dando bem a dimensão das consequências desses tempos difíceis que atravessamos, onde a civilidade política anda ausente.
Editorial: O terceiro round de Lula
O Centrão atua numa lógica própria, movida por cargos e liberação de recursos através das emendas parlamentares, facilitada pelo nosso presidencialismo de coalizão, que, se Luiz Felipe de Alencastro nos permite, pode ser traduzido como uma espécie de semipresidencialismo. Essa turma é aliada de cargos e emendas, não deste ou daquele ator político. Agora mesmo, por ocasião das próximas eleições, o grupo está preocupado não com a eleição do presidente Jair Bolsonaro(PL) - que seria apenas um detalhe - mas em ampliar sua base de sustentação congressual, tornando refém do ocupante do Palácio do Planalto.
Mesmo antes de ser eleito, Lula já anda às turras com Arthur Lyra, por conhecer esses mecanismos, responsável direto pelo escândalo do Mensalão e pela deposição da ex-presidente Dilma Rousseff. Como as eleições de outubro devem ir mesmo para uma decisão de segundo turno, se vencer tais eleições, Lula terá um terceiro round a ser disputado com o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lyra, hoje apenas preocupado em ampliar o seu exército de apoiadores, formando uma boa bancada para negociar com o governante de turno.
Editorial: Geraldo Alckmin: Entre a Avenida Paulista e a Casa de Dona Lindu
São curiosas as circunstâncias que reaproximaram Luiz Inácio Lula da Silva(PT) do ex-governador Geraldo Alckmin(PSB). Certamente uma das motivações de Lula seria a de pavimentar o caminho do Palácio dos Bandeirantes para o pupilo Fernando Haddad(PT-SP), quando se sabia que Geraldo Alckmin liderava todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até então. Uma outra estratégia do petista seria uma aproximação com o centro político, uma manobra utilizada desde longas datas, por entender que, no país, um candidato com o seu perfil só chega ao Palácio do Planalto com um pé no Beco da Fome e outro na Faria Lima.
Alckmin ponderou bastante antes de tomar a decisão, pois se tratava de deixar o certo pelo duvidoso. O duvidoso é exatamente o seu futuro como vice-presidente, numa eventual vitória do petista. Talvez sonhe com o seu apoio em 2026, uma vez que Lula já declarou que, depois do mandato, pretende cuidar dos netos e pescar traíras. Já estaria com a idade bastante avançada. Para tanto, não deverá ser um vice meramente decorativo.
Rejeitado por alguns setores do PT, Alckmin assumiu a ideia fixa de que precisa tornar-se mais palatável. Não tem jeito mesmo para esses setores passarem a gostar de chuchu, mesmo que ele repita - à exaustão - que Lula com chuchu vai bem. Na realidade, o que ele precisa - conforme observam os coordenadores de campanha do petista - é facilitar o trânsito de Lula com a Faria Lima e, certamente, ajudar a combater o antipetismo do eleitorado paulista. Ele tem um papel estratégico a cumprir, portanto.
Por enquanto, ainda tenta ser mais palatável a esses setores do PT. O importante é que Lula, tanto quanto possível, tem ajudado bastante aparar essas arestas, como no dia ontem, quando esteve em campanha no Estado de Pernambuco, se derramando em cortesias com o companheiro de chapa. Como se observa pelas conclusões acima, as diferenças entre ambos podem somar e não dividir. O importante é que cada um deles - sem mudanças radicais no seu perfil - cumpram bem o seu papel na campanha.
quarta-feira, 20 de julho de 2022
Editorial: A PEC das bondades pode levar a disputa presidencial para o segundo turno.
A despeito do favoritismo de Lula, não é improvável que esta eleição seja mesmo decidida no segundo turno. Ainda hoje, dia 20\07, o Instituto Paraná Pesquisas divulgou mais uma rodada de pesquisas sobre a corrida presidencial de 2022, onde a diferença entre os principais competidores, Luiz Inácio Lula da Silva(PT) e Jair Bolsonaro(PL) diminuiu para apenas 6 pontos percentuais. Lula aparece com 43% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro crava 37%. O DataPoder e o Paraná Pesquisas foram os primeiros institutos a apontarem o esboço de uma reação do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto, causando um certo rebuliço no debate das eleições de outubro, principalmente entre os partidários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Percentualmente, Lula perdeu um pontinho e o candidato a reeleição Jair Bolsonaro ganhou outro, mas, a rigor, se considerarmos as margem de erro do instituto, de 2,6 pontos para mais ou para menos, um bolsonarista raiz poderia ficar ainda mais otimista. Em princípio, o que se pode concluir, concretamente, é que o tal pacote de bondades provenientes da PEC Kamikaze está produzindo os efeitos esperados pelo staff político do presidente Jair Bolsonaro.
Tudo leva a crer que, pelo menos do ponto de vista da competitividade, teremos uma eleição equilibrada. Do ponto de vista institucional, lamentavelmente, não podemos afirmar a mesma coisa,mas isso já é uma outra discussão. Não deve ser por acaso que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva não tem poupado esforços no sentido de criticar e apontar os equívocos desse pacote de bondades. Hábil em comunicar-se com as massas, não entra no mérito dos pormenores do estrago que tais medidas poderão provocar nas contas públicas, mas joga com uma narrativa que o povão entende: Peguem, mas não votem nele.
O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: O "Lulômetro" de Marília continua em alta.
Publicada no blog do Magno Martins |
Havia uma grande expectativa em torno da presença de Lula, aqui no Estado, sobretudo em razão da formação dos palanques estaduais,quando praticamente três candidatos endossam o apoio ao seu projeto de voltar a ser inquilino do Palácio do Planalto a partir de 2023: Danilo Cabral, do PSB, Marília Arraes, do Solidariedade, e João Arnaldo, do Psol\Rede. Dizem que ele teria chegado com um semblante fechado - em bom nordestinês, carrancudo - mas preferimos não entrar no mérito de suas razões. Ele poderia estar simplesmente cansado da viagem.
Sua agenda sofreu algumas alterações, sob o argumento, a princípio curioso, de que o Recife estava meio chuvoso. Embora tenha feito sol a maior parte do dia, ao cair da tarde as chuvas, de fato, vieram, embora leves. Ao longo do dia, ficamos atentos não apenas aos sinais da natureza, mas aos sinais políticos, esses que poderiam nos dar a real dimensão do impacto da presença do candidato petista no que concerne ao palanque do candidato oficial da da coligação PT\PSB, o Deputado Federal Danilo Cabral(PSB-PE).
Como se sabe, Danilo não vai muito bem nas pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento e a presença de Lula aqui, assumindo oficialmente a sua candidatura, poderia ser uma espécie de tábua de salvação para o candidato. Um outro aspecto que aguçou nossa curiosidade era observar como a militância e o staff de campanha da candidata do Solidariedade, Marília Arraes, iriam se comportar para não perderem alguns pontinhos preciosos no termômetro político do "Lulômetro", salvo melhor juízo criado pelos publicitários da candidata, com o objetivo de mensurar o padrão de relação que os concorrentes ao Palácio do Campo das Princesas teriam com o morubixaba petista.
O andar da carruagem política indicava que Marília Arraes poderia perder alguns pontinhos preciosos nesse ranking. Lula não poderia deixar de assumir os compromissos oficiais com os socialistas. Ela, por sua vez, não iria constrangê-lo. Coube aos seus apoiadores a tarefa de não permitir que ela caisse neste ranking. Até mesmo candidatos apoiadores da aliança PT\PSB não deixaram de dar a sua contribuição, como ocorreu com a candidata ao Senado Federal, a Deputada Estadual Teresa Leitão(PT), que, em Garanhuns, quando discursava para a multidão, no afã de citar uma vereadora local com o mesmo nome de Marília, acabou se enrolando e, ao invés de dizer: Marília Ferro, por pouco não disse Marília Arraes. O público, por sua vez, vaiou o governador Paulo Câmara(PSB-PE), vaiou o prefeito local, Sivaldo Rodrigues, do PSB, e, na hora do discurso de Danilo Cabral, gritaram:Marília!!! Marília!!! Marília!!!Assim, sua posição no "Lulômetro" parece não ter sofrido alterações significativas.