pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sábado, 6 de agosto de 2022

Editorial: Os aperreios do ex-juiz Sérgio Moro



Faz algum tempo que o ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro, não encontra um momento de sossego. É impressionante como ele costuma perder o timing ou avaliar mal as chances ou oportunidades que lhes sao oferecidas. Como num filme, vem à nossa memória toda uma trajetória repleta de atropelos depois que deixou a sua toga em Curitiba para alçar voos políticos nacionais. Ao que se sugere, sua maior ambição era mesmo tornar-se ministro do Supremo Tribunal Federal, o que coroaria sua carreira como juiz federal. 

Sua tentativa de viabilizar tal projeto através da aceitação do convite para ser Ministro da Justiça e Segurança Pública no Governo de Jair Bolsonaro, como se  sabe, não deu muito certo. Ainda hoje haveria indisposições entre ambos. Com um capital político relativamente preservado, vieram os convites para tentar uma carreira política, que acabou, num primeiro momento, empolgando o ex-juiz. Álvaro Dias ofereceu-lhes a mão e o Podemos para viabilizar o seu projeto de candidatar-se à Presidência da República. 

Logo ele perceberia que a legenda não teria recursos e estrutura para bancar uma candidatura presidencial e começou a se movimentar no sentido de procurar outro pouso partidário, deixando alguns desafetos pelo cominho. Depois, como se sabe tentou entabular negociações complicadas com o Uniao Brasil, que sempre deixou claro que o aceitava, mas dentro de condições bem definidas, que não incluiam uma candidatura à Presidência da República. 

Neste intervalo, vieram os problemas relativos à transparência e impostos devidos sobre os proventos recebidos na iniciativa privada, além dos problemas junto à Justiça Eleitoral em relação ao domicílio eleitoral em São Paulo, que não aceitou a locação de um espaço em hotel como algo plausível, inviabilizando suas pretenções políticas naquela Estado da Federação. Finalmente, voltou ao seu torrão natal, a sua querida Curitiba para postular uma vaga ao Senado Federal pelo Paraná. Hoje passou a circular nas redes sociais um vídeo onde o ex-juiz é hostilizado por populares no momento em que tenta gravar um vídeo, possivelmente para o seu programa de TV. Ali, disputa a vaga com Álvaro Dias, do Podemos.  Uma vida de aperreios para o ex-juiz.    

Editorial: Bolsonaro empata com Lula, de acordo com pesquisa do Instituto GERP



Mesmo institutos de pesquisas como o Datafolha, com uma grande espertise na realização de pesquisas de intenção de voto - apesar de apontar uma ainda folgada diferença entre os dois principais concorrentes ao Palácio Planalto - já sinaliza para um ligeiro esboço de reação do presidente Jair Bolsonaro(PL) na corrida presidencial. Logo em seguida, veio a pesquisa do Quaest\Genial, coordenado pelo cientista político Felipe Nunes, que mostrou, ponto a ponto, como isto estava ocorrendo em diversos segmentos do eleitorado, o que evidenciava-se que a bolha da vantagem estava sendo furada em favor do presidente. A última pesquisa divulgada pelo Instituto foi a melhor para Bolsonaro em sua série histórica de pesquisas.  

Até o mais renhido eleitor petista sabia que, em algum momento, as medidas adotadas pela PEC Kamikaze produziria seus efeitos sobre o eleitorado. O eleitor comum, aquele beneficiário do Auxilio Brasi ou do Vale-Gás, está muito pouco preocupado com essa estória de crise institucional ou sobre o número de assinaturas da Carta pela Democracia. São 90 milhões de cidadãos e cidadãs eleitores, em sua grande maioria concentrados nos grotões mais pobres do país, como a região Nordeste, onde - não por coincidência - o presidente Jair Bolsonaro melhorou seus índices. O encadeamento é simples, conforme discutimos no último editorial: melhora a percepção do cidadão sobre os rumos da economia, melhora a avaliação do governo, ampliam-se suas possibilidades de reeleição. 

Neste momento da disputa, os candidatos mais bem ranqueados pisam em ovos para não cometerem algum deslize. Ontem mesmo, possivelmente aconselhado por seu staff político, o presidente Jair Bolsonaro voltou atrás em sua decisão de não participar das entrevistas do Jornal Nacional. O mesmo vale para as preocupações com o 07 de setembro, neste momento em que os ventos sopram favoravelmente. Ninguém disse que seria fácil. É uma eleição que, certamente, será decidida num segundo turno. Neste contexto, não causa uma grande surpresa essa pesquisa do Instituto GERP apontando um empate técnico entre Lula e Jair Bolsonaro, num levantamento realizado entre os dias 01 e 05 de agosto. 

A pesquisa do Datafolha já teria sido suficiente para o staff político de Lula colocar as barbas de molho. Nos índices ou segmentos do eleitorado onde Jair Bolsonaro ganha algum pontinho, quase sempre, Lula perde outro. Segundo a pesquisa do GERP ambos estão numericamente empatados com escores de 38% das intenções de voto. Ciro Gomes aparece com 10% e Simone Tebet com 3%. A margem de erro do Instituto é de 2,8% e a pesquisa está registrada com o número: TSE-BR 009327\2022.  

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Mobilização e festa do bolsonarismo no Recife



Depois de encerradas as convenções partidárias - que homologaram as candidaturas ao Governo do Estado e ao Senado Federal nas próximas eleições - este editor aguarda, com muita ansiedade, a nova pesquisa de intenção de voto para o Palácio do Campo das Princesas. Eles devem indicar alguma sinalização sobre qual candidato estaria esboçando sair ali daquele pelotão que se encontra embolado, empatados nas margens de erro dos institutos, disputando com Marília Arraes, do Solidariedade, que ocupa a liderana das pesquisas. 

O mundo da política é capaz de produzir algumas situações inusitadas, como, por exemplo, a informação de que alguns socialistas da terrinha estariam torcendo que seja o ex-prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira(PL), a se sobressair naquele pelotão, na expectativa de que a centrífuga da polarização pudesse produzir um embate entre Bolsonaro e Lula. Como eles representam, oficialmente, o palanque do moruboxaba petista no Estado, tal ascendência de Anderson pudesse alavancá-los. Uma aposta, como se observa, muito arriscada, porque, afinal, oficialmente ou não, Lula tem três palanques no Estado. A polarização com os socialistas é pouco provável, pois, como analisamos ontem, o eleitor não perde de vista a gestão local e ela não vai nada bem.   

Por outro lado, no contexto de uma observação baseadas em fatos concretos, não seria improvável esta ascendêndia de Anderson Ferreira(PL), mas por motivos mais racionais ou plausíveis, como, por exemplo, a recuperação dos índices de aprovação do Governo repercutindo na performance do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto, já detectada por alguns institutos. Se tal fenômeno está ocorrendo no plano nacional, não seria improvável que pudesse se repetir nas quadras estaduais, entre os apoiadores do presidente. 

E, por falar no bolsonarismo, hoje eles estão mobilizados no Recife, onde realizam uma motociata e uma Marcha por Jesus. Segundo informações, Marcha Para Jesus não pode ser mais utilizada, pois haveria direitos autorais em jogo. Normalmente, os bolsonaristas conseguem realizar grandes eventos aqui no Estado, em razão da articulação dos seus apoiadores. No Nordeste, Pernambuco é um dos Estados onde o bolsonarismo mais se consolidou, suscitando, inclusive, investigações no sentido de apontar essas razões, conforme já sugerimos por aqui. 

Embora lidere em todas as pesquisas de intenção de voto, a margem da candidata Marília Arraes em relação aos demais competidores não é muito expressiva, o que sugere uma possibilidade concreta de um segundo turno nas eleições estaduais de outubro. No plano nacional, essa possibilidade se mostra cada vez mais perceptível, consoante o último levantamento realizado pelo Instituto Quaest\Genial. Lentamente, mas de forma sistemática e contínua, o presidente Jair Bolsonaro, sobretudo depois das medidas previstas na PEC  Kamikaze, vem recuperando alguns pontos que podem conduzir as eleições para um segundo turno. 

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Editorial: O Jornal Nacional ouve os candidatos à Presidência da República a partir do dia 22\08



Muitas expectativas em torno das primeiras entrevistas do Jornal Nacional com os candidatos que concorrem ao Palácio do Planalto nas eleições de 2022. Elas começam a partir do dia 22\08, com o presidente Jair Bolsonaro(PL), que havia dito que não iria, mas acabou confirmando presença, possivelmente aconselhado por sua assessoria política. Em princípio, o entrave seria o local da realização dessas entrevistas. Jair Bolsonaro desejava que elas fossem realizadas no Palácio do Planalto, enquanto a decisão da Rede Globo definia o Rio de Janeiro, sua sede, como um local inegociável. 

A importância que essas entrevistas alcançam no país - sobretudo em razão da audiência daquele tradicinal jornal televisivo - não é algo que possa ser desprezado pelos candidatos. Por outro lado, é preciso tomar muito cuidado com as afirmações, que podem contribuir para prejudicar o desempenho do candidato na corrida presidencial. Ou seja, abre uma janela de oportunidades, mas, por outro lado, também pode representar um grande risco para a estratégia de campanha de cada um deles. 

Quem dimensionava bem isso era o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que pretendia concorrer à Presidência da República e via, naquela bancada, uma chance imperdível de alavancar o seu nome entre os competidores. Os principais concorrentes ao Palácio do Planalto já confirmaram presença na bancada do jornal, como Jair Bolsonaro(PL), Ciro Gomes(PDT), Luiz Inácio Lula da Silva(PT) e Simone Tebet(MDB). Pela ordem, serão ouvidos: 

Jair Bolsonaro                   22\08

Ciro Gomes                       24\08

Luiz Inácio Lula da Silva        25\08 

Simone Tebet                     26\08        

Editorial: Bolsonaro volta atrás e vai ao Jornal Nacional

 



Uma pesquisa do Instituto Quaest\Genial, divulgada recentemente, aponta uma melhoria de desempenho do presidente Jair Bolsonaro(PL) junto a diversos segmentos do eleitorado, inclusive entre aqueles segmentos onde, até então, havia uma larga vantagem do petista Luiz Inácio Lula da Silva(PT). Para que tenhamos uma ideia, ele consegue melhorar até no Nordeste, reduto tradicional do adversário. Há uma relação automática: melhora a percepção da população sobre a economia, melhora a avaliação do seu governo e isso se reflete diretamente sobre seus índices de intenção de voto. 

Como observou um analista, seu ibope melhorou entre os beneficiários do Auxílio Brasil antes mesmo do início do pagamento do benefício. Somente a expectativa de recebê-lo já teria sido suficiente para melhorar o humor deste eleitorado em relação ao presidente. Numa entrevista recente à revista Veja, o Ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, um dos principais assessores políticos do presidente, faz uma aposta arriscada: Lula vence no Nordeste, mas Bolsonaro ganharia em todas as capitais da região. 

Pelo sim, pelo não, neste momento crucial da campanha, convém tomar todos os cuidados possíveis. Caminhar como quem pisa em ovos, para não oferecer munição ao adversário. Isso vale para Bolsonaro, isso vale igualmente para Luiz Inácio Lula da Silva(PT). A esta altura do campeonato, Bolsonaro já deve ter sido aconselhado a não colocar tudo a perder nas comemorações do próximo 7 de setembro, pedindo ao seus seguidores moderação diante dos ventos que, neste momento, são favoráveis à campanha. 

Talvez neste mesmo contexto se explique a sua decisão de voltar atrás em relação às entrevistas que serão realizadas no Jornal Nacional, onde ele já havia comunicado que não iria, pois só concederia a entrevista no Palácio do Planalto e não no Rio de Janeiro, conforme proposto pela emissora. Seus assessores devem ter percebido que seria um equívoco ausentar-se dessas entrevistas, quando todos os outros candidatos agendados já teriam confirmado presença.     

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: O PSB inicia a jornada com um maracatu mal ensaiado



Hoje, dia 05\08, o PSB realiza sua convenção com o objetivo de homologar a candidatura do Deputado Federal Danilo Cabral(PSB-PE) para o Governo do Estado. Como se sabe, o candidato enfrenta grandes dificuldades de afirmar sua candidatura até mesmo junto a segmentos das hostes socialistas da Frente Popular. Não é o candidato do "consenso", tampouco "natural", em razão dos inúmeros problemas e jogos de interesses que podem ser elencados no conjunto da Frente Popular. 

Na realidade, a Frente Popular emite sinais evidentes de uma implosão irreversível, que pode ter seu desfecho com o resultado das eleições de outubro. Todos os dias são relatados casos de dissidências entre integrantes dos principais partidos que integram essa frente, como é o caso do PT e do PSB. Soma-se a isso, partidos e lideranças políticas expressivas que abandonaram a Frente Popular para vincularem ao projeto de Marília Arraes, como é o Deputado Federal Sebastião Oliveira, do Avante, hoje candidato a vice na sua chapa.  

A solução, até o momento, tem sido a expulsão sumária desses dissidentes da legenda, mas os danos podem ser irreparáveis. Uma vitória política de Marília Arraes, por exemplo, como eles mesmos admitem, pode ser uma pá de cal num projeto de poder que já sobrevive há 16 anos no Estado. É curioso como, mesmo sendo descendente da mesma nucleação familiar Campos\Arraes, Marília pode representar essa ruptura, pois, assim, assume o espólio político da família Arraes, antes hegemonizado pelos herdeiros do governador Eduardo Campos. 

Tal feito, igualmente, também interdita setores oligárquicos do PT, que sobrevivem à sombra do PSB, e sempre trabalharam contra a candidata quando ela ainda estava na legenda. Marília tem um trânsito político que vai dos setores populares mais orgânicos até o flerte, ocorrido nas últimas eleições para a Prefeitura da Cidade do Recife, com políticos ligados ao bolsonarismo, fato que tem preocupado o PT no plano nacional. Consciente das dificuldades de tornar a chapa, de fato, competitiva, investem, agora, não numa eventual vitória - hoje muito difícil - mas no objetivo de impedir que a neta de Arraes chegue ao Palácio do Campo das Princesas. 

A estratégia de bater em Marília pode não ser uma estratégia bem-sucedida, pois pode resultar no efeito "fermento", uma vez que já se construiu, no imaginário popular, a imagem de que Marília é uma "mulher perseguida'. Se escalarem homens para essa missão aí é que as coisas pioram. Guardadas as suas particularidades - como o confuso processo de escolha sobre o seu nome para disputar o governo - o que ocorre com Danilo Cabral é um pouco o fenômeno que ocorre com outros nomes que concorrem aos Governos dos Estados pela coligação PT\PSB, ou seja, apostam numa incerta transferência de voto do morubixaba petista, Luiz Inácio Lula da Silva, como uma espécie de tábua de salvação. 

Seria o caso da Bahia, como Jerônimo Rodrigues(PT-BA), de Minas Gerais, como Alexandre Kalil(PSD-MG), e, possivelmente, Helmano de Freitas(PT-CE), do Ceará, embora este último conte com um grande padrinho politico, o ex-governador Camilo Santana(PT-CE), que concorre ao Senado Federal na mesma chapa. Pelo menos em Minas Gerais e na Bahia é muito pouco provável que este quadro seja revertido. A coisa é tão complicada que uma pesquisa apontou a queda - e não a subida - de Kalil depois de confirmado o apoio de Lula. 

O eleitor de Minas está consolidando uma espécie de voto "Luzema', ou seja, Lula para o Planalto e Romeu Zema(Novo) para continuar como inquilino do Palacio Tiradentes. assim como  ocorre na Bahia, onde a eleição de ACM Neto é tida como certa. Este editor cunhou a expressão: ACMLula, para identificar o mesmo fenômeno que ocorre em Minas Gerais. O Estado de Pernambuco não encontra-se apenas numa espécie de fadiga de material, mas mergulhou numa debacle, aparecendo negativamente, no plano nacional, com índices caóticos nos indicadores de desempenho da economia e na assistência social à sua população. 

A população desaprova 70% esse governo. É uma grande ilusão achar que provocar uma polarização seria suficiente para ofuscar da população essa realidade cotidiana. O eleitor não é bobo. Quando se elegeu pela primeira vez ao Governo do Estado, Eduardo Campos enfrentou grandes dificuldades, mas tinha em mãos um projeto de mudanças, como enfrentar o problema da violência urbana. Pernambuco era então um dos Estados mais violentos do país e ele prometeu - e cumpriu - tirar o Estado dessa triste condição. 

Fazia questão de acompanhar, pessoalmente, as reuniões do Pacto Pela Vida, com a participação da sociedade civil, cobrando resultados concretos. Nas atuais circunstâncias, os sociasitas perderam a condição de propor algo, o que torna inviável o seu projeto de continuar à frente do Palácio do Campo das Princesas. Segundo alguns observadores, o próprio Danilo Cabral teria usado a expressão que dá título a este artigo, ou seja, diane de tantos problemas, teria dito que estava num maracatu mal-ensaiado. E está mesmo. 

No dia do Escritor, autores contam como é escrever

 


No Dia do Escritor, autores contam como é escrever
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Em 25 de julho de 1960, o então ministro da educação e cultura do governo Juscelino KubitschekPedro Paulo Penido, criou o Dia Nacional do Escritor. Penido quis homenagear o I Festival do Escritor Brasileiro, organizado pela União Brasileira de Escritores (UBE), no Rio de Janeiro. O evento ocorreu na mesma data. Já a celebração em nível mundial é realizada em 13 de outubro.

No Brasil, o Dia do Escritor também é uma oportunidade para refletir sobre a proteção dos direitos de autor e as dificuldades pelas quais os escritores passam no país. Não é fácil ser escritor e é muito mais difícil ser escritora. 

O estudo do Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea da Universidade de Brasília (UnB), de 2018, concluiu que o perfil majoritário é homem, branco, de classe média, nascido no eixo Rio-São Paulo. E o padrão se estende para narradores, protagonistas e coadjuvantes, que são em sua maioria homens, também brancos, de classe média, heterossexuais e moradores de grandes cidades.

“O que me motivou a escrever foi a poesia, foi o teatro. Com 9 anos de idade, li um poema de Manuel Bandeira. Quis ser Bandeira. E quis a falta de saúde dele. E o teatro que fiz na escola, no Recife, também aos 9 anos, me motivou a inventar personagens, a criar diálogos, a pensar na luz, na sombra, no ar da palavra. Aos 14 anos eu já tinha uma peça encenada no meu bairro. Até hoje o que escrevo é poesia, o que escrevo é teatro”, conta o escritor Marcelino Freire, criador da Balada Literária, festa que discute escritores e artistas com uma proposta de valorização para a literatura.

Para celebrar a data e entender mais sobre a beleza do ofício, Cult perguntou para alguns escritores (as), o que significa escrever para eles. Abaixo, confira as respostas de Marcelino Freire, Veronica Stigger, Eliane Potiguara, Fabrício Corsaletti, Micheliny Verunschk, Tito Leite, Jarid Arraes e Milton Hatoum.

 

“Escrever é uma resposta que eu procuro e não encontro. Sabe uma criança perdida? Escrever é procurar eternamente uma criança perdida. Busco, busco. Isso foi ontem, é hoje, será amanhã.”
Marcelino Freire

 


“Escrever, para mim, é uma forma de preservar a lembrança do que passou. Nisso, estou com o personagem Bopp, de Opisanie świata: escrevemos para não esquecer ou para fingir que não esquecemos. O escritor é uma espécie de guardião da memória: ele lembra, por alguma razão, aquilo que todos esqueceram.”
Veronica Stigger

 


Literatura Indígena e nativa vem das entranhas da Terra, é o grito sufocado dos que precisaram emudecer, explodindo no ar seu verbo colorido como se fora uma grande bolha de água cristal-celeste. É a explosão dos séculos e a nova forma de pensar, agir e decidir. Deixem-me dizê-la, por favor! E creem em mim como a luz do sol, como a essência da alma. É a manifestação “apressada” da Identidade indígena, que por sua vez é a manifestação do Cosmo através da ancestralidade.”
Eliane Potiguara

 


“Escrever é o contrário de se alienar. É uma das maneiras mais eficazes de tocar a realidade (seja lá o que isso signifique) ou a própria imaginação.”
Fabrício Corsaletti

 

 


Comecei a escrever as primeiras histórias, poemas, letras de música, ainda na infância. E cresci cercada pela palavra e tendo como norte a noção de que esta palavra, trabalhada pelo labor literário, era algo de extrema importância para mim, me colocava de pé diante do mundo. Sigo acreditando nisso e escrevo porque é o que faço de melhor, porque é minha forma de responder à vida.”
Micheliny Verunschk

 

 


“Só devemos escrever o necessário, o que for impossível não escrever. E é por isso que a gente escreve, quando o desejo de escrever prevalece sobre o silêncio. Quando isso não acontecer é melhor silenciar, e é preciso ter coragem para silenciar também. Raduan Nassar é um corajoso, não tinha mais nada a escrever e parou, o que não deixa de ser admirável.”
Milton Hatoum

 

“Escrever é a forma que eu encontrei para dialogar com os meus espantos, com as minhas questões e também para dialogar com o mundo. Eu comecei a escrever porque eu sou monge Beneditino. Eu moro no Mosteiro e eu tenho uma vida de clausura. A escrita foi a forma que eu encontrei para dialogar com as questões que surgem no mundo. Essas questões que nos causam indignação e que nos revoltam e também outras questões. A escrita é diálogo, é a forma que eu tenho para dialogar comigo mesmo, com as minhas dúvidas e com o mundo externo. Então, escrever é uma forma de encontro.  Uma forma de buscar bons encontros e ao mesmo tempo não apenas buscar bons encontros, mas também de adentrar o real. É mostrar a realidade tal como ela é.”
Tito Leite

“Escrever é chafurdar nos incômodos mais penosos e insistentes. É encarar a sujeira, a feiura, o terrível, e sustentar o olhar.”
Jarid Arraes

 (Publicado originalmente no site da Revista Cult)

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Editorial: Saiu uma nova IPESPE com a disputa pelo Governo do Ceará



Acaba de sair do forno uma nova pesquisa de intenção de voto entre os candidatos que concorrem ao Governo do Ceará. Desta vez, a pesquisa foi encomendada pelo jornal O Povo  e realizada pelo Instituto IPESPE, do cientista político pernambucano Antonio Lavereda. O levantamento foi produzido num período que já incorpora o resultado da implosão da histórica aliança que havia naquele Estado entre o PT e o PDT. Como se sabe, as duas siglas romperam, depois que o Diretório Estadual do PDT homologou a candidatura do ex-prefeito de Fortaleza, o médido Roberto Cláudio, para o Governo do Estado, contrariando um acordo prévio entre as duas siglas, que previa que a vice-governadora Izolda Cela, fosse apoiada pelas duas legendas como candidata a continuar na gestão do Palácio da Abolição. 

Correta e bem-avaliada pela população, Izolda era praticamente uma unanimidade entre as principais lideranças dos dois grêmios partidários. Interferências de lideranças do PDT, no entanto, impediram suas legítimas aspirações. Depois do impasse, o PT local lançou a candidatura do Deputado Estadual Hermano de Freitas, como postulante ao Governo do Estado, com o apoio da cúpula nacional da legenda. Até bem pouco tempo, Lula esteve naquele Estado, com o objetivo de alavancar a candidatura do correligionário, que, por algum motivo, pode se deparar com a mesma situação de outros Estados da federação, onde ocorre um descompasso entre as intenções de voto no morubixaba petista e entre os seus apadrinhados, como Bahia, Pernambuco, Minas Gerais.Ainda é cedo, porém, para enquadrar Hermando neste perfil. 

Afinal, apenas recentemente seu nome foi anunciado como candidato. Conta a seu favor, o fato de ter ao seu lado um cabo eleitoral de peso, o ex-governaror Camilo Santana, com uma eleição praticamente assegurada para o Senado Federal, que deixou o governo com 70% de aprovação da população. Ali se daria o contrário. Seria o candidato ao Senado puxando o candidato ao Governo. Isso numa avaliação bem otimista. Na realidade, esse impasse entre as duas legendas pode ter dado fôlego ao candidato do União Brasil, o capitão Wagner, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento. No plano nacional, Wagner é uma das apostas mais promissoras do bolsonarismo. A pesquisa do IPESPE foi realizada entre os dias 30 de julho e 02 de agosto, encomendada pelo jornal O Povo, ouviu 1000 pessoas, com margem de erro de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, e está e está registrada no TSE-CE: 01695\2022.

Capitão Wagner(União Brasil)          38%

Roberto Cláudio( PDT)                 28%

Hermano de Freitas(PT)                13% 



O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: A convenção dos "pequenos": Psol e Rede



Este editor teve acesso a um estudo interessante sobre o desempenho dos partidos "radicais" de esquerda ou seja, aqueles grêmios partidários que ainda se identificam com algumas teses caras ao pensamento de esquerda. Muito mais do isso, ainda observam, com alguma reserva, a luta política através da via institucional. Claro que, com o processo de decomposição ideológica pelo qual passaram alguns partidos dito de "esquerda" brasileiros, tornou-se cada vez mais difícil estabelecer essa clivagem.   

Mais, olhando com a acuidade política necessária, ainda é possível identificar alguns deles, como é o caso do PSTU e o Partido da Causa Operária, por exemplo. Embora na margem esquerda do lago ideológico, possivelmente alguns analistas teriam dúvidas sobre o devido "enquadramento" ideológico de partidos como o Psol e a Rede, organizações partidárias que hoje atuam com desenvoltura no parlamento e travam batalhas eleitorais a cada nova eleição. Aqui em Pernambuco, por exemplo, na Câmara Municipal do Recife, o PSOL possui uma bancada das mais atuantes. São dois vereadoes que fazem um trabalho excepcional: Dani Portela e Ivan Moraes. O último "feito" foi a aprovação de um projeto de lei, da vereadora Dani Portela, proibindo homenagens a violadores dos direitos humanos no Recife.  

Para eles, a democracia representativa não é, necessariamente, apenas uma democracia "burguesa". Há, ali, meios e espaços para lutar e puxar a brasa para a sardinha dos mais fragilizados socialmente, ampliando direitos de minorias, assegurando moradia, renda digna, educação de qualidade, comida na mesa e emprego. Todo esse entróito é para concluir que o eleitorado brasileiro parece ter diminuido suas resistências em relação a esses partidos políticos, principalmente em relação aos mais "radicais", que estão ampliando seu eleitorado a cada nova eleição. 

A ampliação do eleitorado desses partidos ainda é pequena, mas trata-se de um fenômeno que merece a atenção do mundo acadêmico, no sentido de entender o que este aumento significa. O PSOL e A Rede fizeram recentemente sua convenção no Estado e a festa foi muito bonita, passou uma energia muito positiva. Antes, o professor José Arnaldo foi recebido pelo candidato Lula, confirmando a tese de que Lula, de fato, terá três palanques de apoiadores aqui em Pernambuco, o que seria natural, pois os dois partidos estão alinhados com o projeto de Lula no plano nacional.  

Outro aspecto bastente interessante nesses candidatos é uma preocupação "propositiva", ou seja, levam a ação política muito a sério, constróem, programas de governo, têm, de fato, uma agenda de governabilidade para por em prática caso atinjam as instâncias de governo. Saudamos, nesse espaço, a chapa do PSOL\Rede, desejando que vocês continuem contribuindo para a ampliação de nossa experiência democrática e a qualidade de vida de todos os brasileiros e brasileiras. 

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Editorial: Carta pela Democracia já atinge 700 mil assinaturas



Você já assinou a Carta pela Democracia? Não? Então assine, pois estamos passando por um momento de crise institucional e política onde a nossa experiência democrática precisa ser defendida e você, como brasileiro e brasileira que tem compromissos com o país, precisa demonstrá-lo. Os arroubos de contraposição a esta iniciativa partem exatamente dos atores políticos que já demonstraram que não possuem quaisquer compromisso com os princípios que norteam um regime democrático. 

A experiência democrática brasileira precisará ter nervos de aços para superar e continuar sobrevivendo às intempéries autoritárias. Como enfatizo sempre por aqui, somos hoje a democracia mais ameaçada do planeta. Iniciativas como esta, quando a sociedade civil se mobiliza para defendê-la serão sempre bem-vindas. Pilares de nossa democracia, como a isenção, transparência e lisura dos processos eleitorais passaram a ser questionados cotidianamente, criando um clima de hostilidades entre os poderes, nada salutar para uma boa convivência política entre esses atores. 

Hoje, em pronunciamento mais incisivo, o Presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco(PSD-MG) lembrou um dado que já havia caído no esquecimento: as urnas eletrônicas são um orgulho nacional. Ao longo dos anos, esse instrumento foi sendo aperfeiçoado, tornando-se um meio seguro e transparente de votação, acompanhamento e aferição dos resultados de uma eleição.  Um ambiente político de respeito mútuo, de delegação a órgãos com a idoneidade e espertise técnica suficientes para arbitrarem e deliberarem sobre os resultados de um processo eleitoral é um preceito fundamental dos regimes democráticos.    

Editorial: A cada nova pesquisa, Rodrigo Garcia recupera espaço no ninho tucano.



A rigor, a melhora dos índices de intenção de voto de Rodrigo Garcia(PSDB-SP)no ninho mais emplumado dos tucanos já seria esperada. Exceto, talvez, pelos seus opositores, que acreditavam que, a exemplo da debacle nacional, ali também os tucanos teriam grandes problemas. Problemas eles até tiveram e, certamente, continuarão tendo, mas nada que arrefeça o ânimo de um segmento fiel do eleitorado paulista em votar num candidato tucano. A disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, como informamos em editoral anterior, será uma das mais acirradas, a julgar pela dinâmica que vem se desenhando. 

O candidato do PT, Fernando Haddad, começou bem, lidera todas as pesquisas de intenção de voto até este momento, mas é o candidato com a maior taxa de rejeição entre os concorrentes, ou seja, 48% do eleitorado, o que sugere a dimensão das dificuldades no sentido de ampliar o seu teto de crescimento. Em tese, naquela praça, ele poderia ajudar muito mais Lula do que o contrário, uma vez que o petista perde para Bolsonaro num confronto direto. Inexiste, pelo menos neste momento, a possibilidade de tranferência de voto de Lula para o afilhado político.  

Outro problema seria fazer uma crítica aos tucanos sem melindrar o bico fino que o acompanha como aliado, Geraldo Alckmin, hoje filiado ao PSB. O bolsonarismo supera o petismo naquela Estado, mas a relação entre o presidente Jair Bolsonaro(PL) e o seu ex-Ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas(Republicanos), já enfrentou dias melhores. Rodrigo Garcia(PSDB-SP), por sua vez, corre numa raia própria, com um segmento do eleitorado fiel ao tucanato, tornando-o um candidato bastante competitivo. Na pesquisa divulgada no dia de hoje, pelo instituto Real Time Big Data, ele já aparece em segundo lugar na disputa, embora ainda dentro da margem de erro do instituto. 

Fernando Haddad(PT)       33%

Rodrigo Garcia(PSDB-SP)   19%

Tarcísio de Freitas       20%

   

Editorial: Os efeitos da PEC Kamikaze já são sentidos no desempenho de Jair Bolsonaro.



Isoladamente, talvez não aja uma outra variável tão determinante numa eleição como os resultados obtidos na economia. Inflação e desemprego, conforme já discutimos por aqui, serão determinante para o desfecho do resultado das próximas eleições presidenciais. Se tais problemas persistirem, o candidato Lula teria que se apresentar ao público como a "solução" para esses problemas, o que o tornaria praticamente imbatível. Ocorre, no entanto, que se tais problemas forem contornados, as chances de uma reeleição de Jair Bolsonaro melhoram sensivelmente, independentemente da crise institucional em que o país está mergulhado.  

Ainda é cedo para dizer até que ponto esses problemas da economia serão devidamente contornados, contribuindo para melhorar o desempenho do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto, mas dois grandes institutos, em suas séries históricas de pesquisas de intenção de voto realizadas, sinalizam para indicadores que apontam para essa melhora de desempenho há menos de dois meses das eleições: melhora a avaliação do seu governo, sobretudo entre os grupos benefiários do Auxilio Brasil, e, com isso, ele amplia seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto, diminuindo a diferença em relação ao seu principal competidor, Luiz Inácio Lula da Silva(PT). 

Na segunda-feira o Paraná Pesquisas apontou que a diferença entre ambos caiu para 5,5 pontos percentuais. Hoje, saiu a pesquisa do Instituto Quaest\Genial, praticamente confirmando uma tendência de recuperação, registrando que, até este momento, na série de pesquisas realizadas por aquele instituto, esta é a menor diferença observada entre ambos na corrida pelo Palácio do Planalto. Nesta última pesquisa, Lula aparece com 44%, enquanto Jair Bolsonaro crava 32%. Ouvido pela reportagem da revista Veja sobre o assunto, o diretor do instituto, Felipe Nunes, confirma que tais índices de recuperação seriam reflexos direto dos efeitos da PEC Kamikaze sobre a economia. Ou mais precisamente - acrescento - sobre os segmentos sociais contemplandos com essas medidas, pois a inflação continua fazendo seus estragos no bolso da população como um todo, pois uma caixa de leite longa vida já custa R$10,00 e uma lata de óleo de cozinha chega a R$14,00.  

Editorial: PT rompe com o PSB no Rio de Janeiro.

Crédito: Mauro Pimentel\AFP


A ambição política e os interesses de grupos nem sempre contribuem para a união em prol de projetos coletivos mais consistente, de corte republicano. Até recentemente, o PDT rompeu uma aliança política com o PT, no Estado do Ceará, que já durava 16 anos, responsável por desbancar oligarquais carcomidas do Palácio da Abolição e não permitir que grupelhos proto-fascistas ditassem os rumos da política naquele Estado. Havia um consenso de que o nome que deveria dar continuidade ao projeto seria o da vice-governadora, Izolda Cela, até então filiada ao PDT, confiável, competente e muito bem avaliada pela população.Sua eleição era tida como certa. 

Infelizmente, o diretório estadual do PDT, com forte influência dos caciques da legenda, optaram por um outro nome, o que facilita a vida do candidato oposicionista, ligado ao bolsonarismo, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto. Agora, é o caso do Rio de Janeiro, onde havia um acordo - mais do que acordado - entre o PT e o PSB, com reflexos nos padrões de alianças entre os duas legendas no plano nacional. Marcelo Freixo filiou-se ao PSB para ser o candidato do partido ao Governo do Estado, apoiado pelo PT, que indicaria o candidato ao Senado Federal na chapa. 

Arranjos políticos locais contribuíram para melar o acordo. O diretório do PSB no Estado resolveu, à revelia do acordo assumido, lançar o nome de Molon para o Senado Federal. Lideranças petista nacionais exerceram todas as negociações possíveis para que o acordo fosse respeitado. Inclusive o próprio Lula entrou no circuito, pedindo a intervenção da Executiva Nacional do PSB no caso. A diplomacia não conseguiu reverter a situação e o PT resolveu romper com o PSB, criando uma situação política hoje confusa, onde as forças do campo progressista agora precisam encontrar uma alternativa para o palanque de Lula no Estado. 

Em meio a este turbilhão de vaidades e interesses pessoais, a situação ganha espaço e já recupera alguns pontinhos preciosos em seu reduto político tradicional. Louve-se aqui a lealdade e a dignidade do candidato Marcelo Freixo, que não poucou esforços para que o acordo fosse mantido, recebendo o reconhecimento do PT na carta de rompimento político. Há uma possibilidade de desdobramentos desse racha, com reflexos, inclusive, no Estado de Pernambuco, onde o PT administra uma aliança com inúmeros problemas com o PSB.     

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Um apelo à civilidade na política pernambucana



Li, não sem alguma apreensão, a estratégia que deverá ser usada por um grupo político pernambucano em relação à candidata do Solidariedade, Marília Arraes, nas próximas eleições estaduais. A preocupação desse grupo, de acordo com uma fonte ouvida por um blog local, é que a sua vitória desmontaria toda uma estrutura de poder montada no Estado, capitaneada por partidos como o PSB, o PT, e o PC,doB. Perder para qualquer outro candidato da oposição seria uma derrota eleitoral, não uma derrota política, caso Marília vença as eleições e passe a ocupar o Palácio do Campo das Princesas. Como as chances de uma reversão, na disputa, pelo candidato apoiado pelo grupo são remotas, atrapalhar os planos de Marília já estaria de bom tamanho.  

Uma eventual vitória de Marília provocaria um tsuname nessa estrutura de poder, construída durante anos no Estado, por esse grupo político. Assim, todas as baterias estarão apontadas para atingir a candidata do Solidariedade e, nós aqui da província pernambucana, já sabemos o que isso pode significar: Prenúncios preocupantes sobre o "debate político propositivo" que deverá ser travado nas eleições de outubro. Nas eleições passadas, para a Prefeitura da Cidade do Recife, já tivemos uma pequena amostra do que poderá vir por aí, com farto material apócrifo produzidos pelo chamado gabinete da sacanagem, que funciona nos moldes do gabinete do ódio, disseminando fake news com injúria, calúnias e difamações sobre os adversários. 

Um dos mais atingidos, inclusive, foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT), que hoje se encontra, por uma ironia do destino - ou seria conveniências políticas de ocasião - alinhado com esse grupo. Jogaram com todas as armas para não permitir que a candidata Marília pudesse ser bem-sucedida no segundo turno daquelas eleições. Aliás, o assédio contra a candidata vem de longas datas, desde suas indisposições com atores políticos do cenário pernambucano, quando a cidade amanhecia com cartazes com ilações à sua honra. 

Com couraça e resiliência testada ao longo de sua vida pública - quase sempre exposta a tais intempéries de natureza nada republicanas - a assesoria da candidata informa que, desta vez, enfrentará a disputa consoante as circunstâncias políticas determinarem, ou seja, já se prepararam para o que poderá vir por aí. Uma pena que o bom debate político no país tenha caído a tais níveis nos últimos anos. Aliás, a rigor, diante desses "padrões" de disputas políticas, o debate fica suprimido. No Recife, nas eleições passadas, a partir de um determinado momento, a campanha desceu aos níveis de baixarias e guerra jurídica, não permiitindo ao eleitor fazer suas escolhas sobre o melhor nome para conduzir os destinos da pólis.  

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Editorial: Atentados à democracia no 7 de setembro?




Temos repetido por aqui, reiteradas vezes, que hoje, somos a democracia mais ameaçada do planeta. Esta afirmação não é do cunho deste humilde cientista político, mas de órgãos que se proponhem a analisar a saúde das democracias pelo mundo. Para este humilde observador de nossa cena política, é realmente uma lástima que tenhamos chegado a este estágio. Como informava o filósofo, dormimos o sono político que produziu o monstro. No futuro, é possível que cheguemos a conclusão de que talvez tenhamos sido demasidamente tolerantes com os intolerantes, quebrando uma regra básica do paradigma de Karl Popper, ao apontar os inimigos de uma sociedade livre.  

Somos informados pelo mídia que se planeja para o próximo 07 de setembro, quando comemoraremos os 200 anos de nossa independência do país, uma grande mobilização popular, tendo, entre as suas principais reivindicações, imaginem, um pedido de transparência do processo eleitoral. Isso equivale dizer que as urnas eletrônicas serão mais uma vez atacadas. O país possui uma das melhores espertises mundiais em eleições, isto com o reconheciemento da comunidade internacional. Eleições limpas, transparentes, com seus resultados respeitados e referendados, eis aqui um dos fatores que mais contribuíram para consolidar nossa democracia política nos últimos 34 anos, depois da redemocratização. 

Ainda ontem, por ocasião da retomada dos trabalhos no TSE, o ministro Edson Fachin voltou a falar sobre este assunto, enfatizando a absoluta condição de segurança do nosso sistema eleitoral. Infelizmente, o país atravessa um momento de instabilidade institucional e político, com capacidade de produzir danos ainda mais severos aos alicerces de nossa democracia. Esta é a primeiro vez, em muitos anos de eleições, que olhamos para os números das pesquisas de intenção de voto com alguma preocupação maior que a simples performance alcançada pelo nosso candidato em relação ao adversário. 

Nesses tempos bicudos, esses números passaram a se constituir em indicadores de risco para a nossa democracia, como já anda tendo rumores de que teremos um setembro negro no próximo dia 07, com suspeitas de que poderiam haver atentados, com o propósito de atingir os próprios partidários, e responsabilizar a esquerda pelos atos, com o objetivo de criar aquele climão tão bem conhecido de todos. Quando vejo a Polícia Federal pedir a prisão preventiva de candidato a vereador recentemente preso, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, depois de ameaças a membros do STF e ao candidato Lula, suspeitando de sua vinculação com organizações criminosas, fico de orelha em pé. 

Editorial: Pelo Paraná Pesquisas, a diferença entre Lula e Bolsonaro cai para 5,5 pontos



Como já afirmamos em outras ocasiões, a espertise adquirida por um instituto de pesquisa como o Datafolha torna-se sempre uma referência para os formadores de opinião.Mesmo quem não goste dos seus números não podem ignorá-los, sob pena de estar comentendo um grave equívoco ao seu planejamento de campanha. Certa vez observei o presidente Jair Bolsonaro(PL) desdenhando a pergunta de uma repórter sobre o assunto, mas duvido que seus assessores políticos não ponham esse dados sobre a mesa para as suas análises. 

Pela última pesquisa de intenção de voto do  Datafolha, por exemplo, Lula abre uma vantagem enorme sobre o seu principal concorrente, de dezoito pontos de diferença, o que pode indicar muita coisa, inclusive algum equívoco cometido na estratégia adotada por sua assesoria com o objetivo de recuperar alguns pontinhos nas pesquias de intenção de voto. A pesquisa do Datafolha, inclusive, apontou os segmentos do eleitorado que demonstram reticências ao candidato, como as mulheres, os mais jovens e os mais pobres. 

Confiando ou não nos indicadores do Datafolha, a convenção do PL pode ser traduzido como um aceno governista para enfrentar as resistências desse eleitorado, abrindo espaço para a sua esposa, Michele Bolsonaro, assumir, profissionalmente, um papel na campanha do marido. Naturalmente, que os bolsonaristas se sentem mais à vontade com os números de outros institutos, como é o caso do Paraná Pesquisas, onde essa diferença cai drasticamente para 5,5 pontos. 

A tarefa de explicar esse fenômeno da enorme diferença entre os institutos é hercúlea, para muito além de um espaço com os limites impostos por esses editoriais. Leitores mais atentos já entenderam que tais escores dependem de inúmeros fatores e não estão relacionados à teoria da conspiração. Entendendo isto já seria suficiente. A pesquisa do Paraná Pesquisas foi realizada entre os dias 28 de julho e primeiro de agosto, ouviu 2.020 pessoas em todas as regiões do país, está registrada no TSE - BR : 05251\2022 e apresenta os seguintes números: 


Luiz Inácio Lula da Silva(PT)         41,1%

Jair Bolsonaro(PL)                    35,6%

Ciro Gomes (PDT)                      7,9%

Simone Tebet(MDB)                     1,8%

André Janones(Avante)                 1,7%

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Editorial: O tom afinado entre o TSE e o STF na volta dos trabalhos



Pelo mundo, o Governo Americano anuncia a morte do médico Ayman Al-Zawahiri, através de uma operação militar com ataque de drone, em espaço aéreo do Afeganistão. Pelas informações divulgadas, Ayman Al-Zawahiri, que substituiu Osama Bin Laden no comando da Al Qaeda, seria um dos responsáveis pelos ataques do 11 de setembro. Esses aparatos tecnológicos têm sido usados com relativa regularidade pelo Governo Americano, sempre com críticas dos opositores sobre violação de direitos internacionais, como este último no Afeganistão. 

Mas, como diria o cronista Rubem Braga, a notícia mais importante está no nosso quintal, ou mais precisamente, nos corredores do  Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal. Nem se os ministros daquelas duas Cortes tivessem ensaiado teriam produzidos discursos tão convergentes na condenação das mentiras, do desrespeito às regras do jogo democrático e na defesa intransigente dos princípios que norteiam nossa democracia. 

Os ministros Edson Fachin, Luiz Roberto Barroso, Luiz Fux e Alexandre de Moraes deram o tom do entendimento e da linha de ações que serão adotadas para a gestão do processo eleitoral que teremos pela frente. Da fala de Barroso, destaco sua observação de que a mentira precisa voltar a assumir seu verdadeiro status, de algo falso, pernicioso, danoso, que precisa ser repelido. Como se sabe, nesses tempos bicudos que passamos a viver no país, as fake news, em alguns casos, passaram a assumir status de verdades absolutas, conduzidas por aparatos tecnológicos, plantadas para destruir a reputação dos adversários. A mentira tornou-se uma arma política poderosa nas mãos de atores políticos inescrupulosos. Tal expediente não se coaduna no escopo de um regime democrático. 

Editorial: Fernando Haddad lidera em São Paulo, mas o páreo será duro.



Em mais uma pesquisa de intenção de voto, realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas e publicada no dia de hoje, 01\08, o candidato do PT, Fernando Haddad, continua na liderança pelo Palácio dos Bandeirantes. Salvo melhor juízo, este é um dos melhores desempenhos de um candidato do Partido dos Trabalhadores naquele Estado da Federação, o maior colégio eleitoral do país. Se a situação se mantivesse no ritmo dessa carruagem política, seria Haddad que poderia ajudar Lula em sua corrida ao Palácio do Planalto e não o contrário, uma vez que o candidato do PL, Jair Bolsonaro, aparece à frente do petista naquela praça. 

A vida, no entanto, não será muito fácil para o professor Fernando Haddad daqui para fente, embora ele tenha adquirido, ao longo de sua vida pública, a couraça suficiente para enfrentá-la. Evidente que está sendo preparado um arsenal pesado pelos adversários, com o propósito de despertar o antipetismo histórico do eleitor paulista. A propaganda eleitoral pelo rádio e televisão será decisiva para o petista manter tais índices de liderança, observando que ele precisa construir um escudo resistente para enfrentar os petardos. 

Neste sentido, atores políticos como Márcio França(PSB-SP), que lidera a corrida pelo Senado Federal, e o ex-governador Garaldo Alckmin(PSB-SP) poderão exercer um papel estratégico no sentido de quebrar tais resistências junto ao eleitorado. Identificado naturalmente com o eleitorado do Tucanistão, o atual governador, Rodrigo Garcia(PSDB-SP), como já seria previsto - pois suas bases eleitorias sempre estiveram adubadas - avança a cada nova pesquisa nos índices de intenção de voto e poderá manter tal performance, salvo por algum "acidente" de percurso vier a ser cometido.  

Existem algumas arestas entre os bolsonaristas do Estado, mas a tendência é que as mesmas sejam aparadas até as eleições de outubro, prevendo-se uma disputa acirradíssima, voto por voto, entre os três principais competidores. Apesar de Lula ter ampliado sua vantagem sobre Bolsonaro na última pesquisa do Datafolha, o mês de agosto começa bem para o bolsonarismo, com sinais de equilíbrio dos índices no seu reduto, o Rio de Janeiro, e a superação do petista em São Paulo. 

Fernando Haddad(PT)       33,2%

Tarcísio de Freitas(Progressistas)    22,5%

Rodrigo Garcia(PSDB)       14%    

Editorial: Como está a corrida eleitoral em São Paulo



Ontem, aqui em Pernambuco, tivemos uma festa da democracia com a realização das convenções de alguns dos candidatos que disputarão o Palácio do Campo das Princesas nas próximas eleições. Apesar da verdadeira guerra de torcidas, tudo ocorreu na mais absoluta normalidade, com os concorrentes trazendo, em seus discursos, muito mais do que as críticas, as propostas para tirar o Estado de Pernambuco do limbo em que se encontra depois do desastre administrativo das últimas gestões. 

Hoje, segunda-feira, primeiro de agosto, ganha destaque na imprensa nacional uma nova pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas sobre a corrida eleitoral no Estado de São Paulo, com o desempenho dos principais concorrentes, no plano nacional, ao Palácio do Planalto. Por razões óbvias, sempre chama muito a atenção os levantamentos de desempenho dos candidatos naquele Estado, o maior colégio eleitoral do país, posto que São Paulo se constitue numa espécie de "termômetro eleitoral" para o país. 

Naquela praça, por exemplo, o candidato do PT ao Governo do Estado, Fernando Haddad(PT-SP), lidera as pesquisas de intenção de voto, mas Lula, embora esteja à frente do seu principal concorrente no plano nacional, ali aparece atrás do candidato Jair Bolsonaro(PL), ainda que no limite da margem de erro do Instituto, de 2,3 pontos percentuais para mais ou para menos. O tucano Rodrigo Garcia, que vinha num ritmo frenético, parece ter moderado o fôlego neste último levantamento, mas continua crescendo, a partir de levantamentos anteriores do próprio Instituto. Pontuava com um pouco mais de 9% no último levantamento e agora crava 14%.

O representante do bolsonarismo naquele Estado, o ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, do Progressistas, aparece em segundo lugar, com algo em torno de 10 pontos de diferença para o líder, Fernando Haddad, do PT. Enquanto Tarcísio crava 22,5% das intenções de voto, o petista assinala 33,2% das intenções de voto. Apesar de bater Lula, numericamente, naquele Estado, como se sabe, a relação entre Tarcísio é de indisposição com grupos ligados ao bolsonarismo, o que significa dizer que a transferência de votos de Bolsonaro para Tarcísio não seria assim tão orgânica. 

Segundo alguns observadores da cena política naquele Estado, o staff de campanha do tucano Rodrigo Garcia, aguarda o início da propaganda eleitoral pela televisão para continuar avançando, desta vez construindo uma narrativa de contraposição em relação, neste primeiro momento, contra o representante do bolsonarismo no Estado. Apesar da liderança neste momento, há quem advogue que o candidato do PT enfrentará muitas dificuldades daqui para a frente, num Estado com segmentos eleitorais francamente hostis ao petismo, principalmente no interior. Eis os números no plano nacional: A pesquisa ouviu 1.880 pessoas, entre os dias 25 e 28 de julho de 2022, com margem de erro de 2,3 pontos percentuais para mais ou para menos. TSE: SP 03818\2022. 

Jair Bolsonaro(PL)        40,1%

Lula(PT)                  36,2%

Ciro Gomes(PDT)           7,1%

Simone Tebet(MDB)         1,7%


O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: O Recife em ritmo de convenções - festa da democracia

Crédito: Blog do Magno Martins


Além da convenção do Partido Liberal, que homologou a candidatura do ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, que concorre ao Governo do Estado de Pernambuco, nas próximas eleições, tivemos, neste domingo, 31\07, duas outras convenções partidárias. A do ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, do União Brasil, e a da candidato do Solidariedade, Marília Arraes. Podemos tratar aqui de uma festa da democracia, pois tudo ocorreu dentro da mais absoluta normalidade, cada qual procurando realizar o melhor evento possível, com o devido respeito pelos adversários. Apenas os transeuntes de ruas próximas aos eventos puderam reclamar de alguma coisa, uma vez que as ruas ficaram intransitáveis, devido ao grande público atraídos para os eventos.  

Até os discursos, embora contundentes e inflamados, foram conduzidos dentro dos parâmetros da civilidade política, evitando as baixarias. Críticas duras aos opositores e ao Governo do Estado - o saco de pancadas preerido, por razões óbvias - mas dentro do respeito e da urbanidade, conforme recomenda os bons manuais de convivência política num regime democrático. Os convencionais pernambucanos estão todos de parabéns. Deram um aula de organização, de mobilização da militância e, sobretudo, de respeito às regras impostas por um regime democrático. 

Vamos debater propostas de governo, alternativas para um Estado que se encontra no limbo, com indicadores sociais de fazer vergonha ao país. É preciso resgatar a auto-estima dos pernambucanos, que hoje anda cabisbaixo diante dessa situação a que chegamos, na condição de Ente Federado que mais contribuiu para baixar os níveis de pobreza do país. O Estado, na realidade, está precisando ser repensado, reconstruído e ficamos muito felizes com os concorrentes que estão, de fato, esquecendo as picuinhas políticas, para propor formas de enfrentamento dos grandes gargalos de atraso verificados.