pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
Powered By Blogger

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Perdemos os Fernandos (Tributo a Fernando Lyra), artigo de Cristovam Buarque

Perdemos os Fernandos (Tributo a Fernando Lyra)


Toda morte nos dói. Algumas mais que outras pela proximidade, outras ainda mais pela dimensão da pessoa. Fernando Lyra é um desses cuja morte toca muito, porque ele era mais de um Fernando.
Perdemos o Fernando político. Um dos mais importantes ao longo do século XX. Um líder que sempre esteve do lado certo da luta pela democracia, e soube levar adiante esta luta com competência. Membro do grupo dos autênticos, um dos seus fundadores e dos mais firmes e combativos, resistiu à ditadura em todos os momentos e soube construir a saída que nos tirou do autoritarismo e nos colocou na democracia.
Um político com coerência, criatividade e competência. Soube ser coerente no lado certo correndo todos os riscos; não desanimou com a derrota das Diretas, Já; teve a coragem de reorientar a estratégia de luta; a criatividade de enfrentar o desafio de convencer as forças democráticas para a saída pela via indireta; e teve a competência de articular os votos necessários para viabilizar a vitória do regime civil sobre o militar.
Sem a ida de Fernando Lyra para Tancredo, com a coragem que isto exigiu diante dos que ainda queriam tentar as diretas, mesmo que alguns anos depois; sem a coordenação de Fernando ao trazer os demais líderes “autênticos”, e Arraes e Brizola, e conseguir buscar um a um os votos necessários no Colégio Eleitoral, muito provavelmente a democracia não teria chegado em 1985. Fernando vai fazer falta no mundo da Política, aquela que se faz com princípios, com objetivos e com habilidade para ouvir, convencer e construir o novo.
Perdemos o Fernando executivo de grandes políticas. Aquele que no Ministério da Justiça foi capaz de em poucos meses ou mesmo semanas acabar com a censura, liberar todos os partidos, facilitar as relações diplomátcas com todos os países, iniciar o processo da Constituinte. Fernando vai fazer falta no mundo da política consequente, capaz de executar o que no início parece impossível.
Perdemos o Fernando nacional, pernambucano de Caruarú. Apesar de ser um raro político com firme convicção, preocupação, análise e ação no plano nacional, poucos políticos se identificavam tanto com seu povo,
seu estado, sua cidade, quanto ele. Um político absolutamente não corporativo. Capaz de colocar os interesses nacionais e de longo prazo na frente de seus interesses eleitorais imediatos.
Capaz, inclusive, de dizer o que pensava mesmo sabendo que iria contrariar não apenas seus aliados mais próximos, mas até mesmo os seus eleitores. Em um tempo da política regida pela pesquisa de opinão pública, pelos interesses locais e corporativos e presa ao imediatismo eleitoral, Fernando se destacava e vai fazer falta como político nacional caruaruense.
Perdemos o Fernando animador. Poucas pessoas são capazes de manter um diálogo, desde os assuntos mais sérios até os mais divertidos, quanto ele foi capaz ao longo de sua vida. Fernando era o que se pode chamar de um maravilhoso bom papo, um homem de conversa. De todos seus méritos, este é um que se destacava de imediato para todos que o conheciam. Fernando vai fazer falta no mundo da conversa.
Perdemos o Fernando amigo. E esta será uma grande falta que fará. Todos que eu conheço se referiam a ele como "um dos meus melhores amigos" e alguns diziam com clareza "o meu melhor amigo". Porque ele sabia ser ouvinte das confidências, sabia confidenciar, sabia cobrar, sabia alertar, sabia sorrir na hora certa e mostrar tristeza quando ela era necessária. O Fernando amigo vai fazer muita falta a muitos de nós.
Perdemos o Fernando generoso. Não apenas com os amigos, mas com todos que ele conhecia. Era generoso em todos os aspectos e com todas as pessoas. Perdemos um homem generoso, coisa rara no mundo de hoje.
Perdemos um ser raro, que era plural nas qualidades: político, amigo, conversador, generoso, nacional sem perder o sentimento local.
Perdemos Fernandos, nossa tristeza é plural. Grande, pelos amigos, pelo Brasil, por sua família.

Cristovam Buarque, ex-reitor da UnB, é senador pelo PDT do Distrito Federal

Editorial: Morre Fernando Lyra, um ícone da redemocratização do país.


 
 

 
A democracia está de luto. Morreu ontem, em São Paulo, o ex-ministro da Justiça e ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Fernando Lyra. Um homem de convicções democráticas, que sempre exerceu a função pública orientado pelos princípios da justiça, dos valores republicanos e da democratização da democracia. Lyra cumpriu um papel importante no processo de desmonte da ditadura militar e nos arranjos políticos que culminaram na redemocratização do país, constituindo-se num dos principais articuladores da candidatura vitoriosa de Tancredo Neves, ainda nos extertores do regime militar. 

Como Ministro da Justiça, sua atuação superou - em muito - as críticas eivadas de preconceito que se faziam à época - também a exemplo de Paulo Brossard - ao "Bacharel de Caruaru". Foi o responsável pela remoção de alguns entulhos autoritários, fundamentais para oxigenar o Estado. Seu último cargo público foi de presidente da Fundação Joaquim Nabuco, onde, cumprindo um rito de sua personalidade, contribuiu sensivelmente para ampliar o diálogo institucional. Nossa solidariedade à família Lyra, que já não poderá contar com sua afável companhia nos tradicionais churrascos políticos da Fazenda Macambira,onde os "conspiradores" se reuniam na Princesa do Agreste. A Fazenda Macambira, em razão de uma série de circunstâncias, tornou-se um verdadeiro termômetro político do Estado. O São João era um dos mais concorridos e a presença de algum "adversário" na festa poderia significar uma adesão política, como ocorreu com um macielista de carteirinha, convertido logo em seguida em eduardista. Dizem que teria se rendido ao sabor da "pamonha".

A morte de Lyra representa a perda de um ícone da redemocratização do país. Ministro da Justiça do Governo Sarney, conforme já afirmamos, convidou o jurista Paulo Cavalcanti para exercer um cargo estratégico naquele ministério, onde promoveu mudanças importantes, todas no sentido de facultar à sociedade todas as garantias inerentes do estado de direito, vilipendiado pelos ditadores de plantão. Infelizmente, no Brasil, ainda existem alguns "entulhos" autoritários que precisam ser removidos, mas, enquanto reuniu as condições institucionais necessárias, homens de convicções democráticas como Lyra, se empenharam em removê-los. Numa de suas "tiradas" dizia que Sarney era a vanguarda do atraso.

Seu último cargo público foi o de presidente da Fundação Jaoquim Nabuco, indicado pelo pernambucano Cristóvam Buarque. Assumiu a Instituição num momento de transição, quando a coligação petista assumiu o poder, o que representou, à época, uma ruptura emblemática com o patrimonialismo pernambucano e uma grande expectativa em torno dos rumos que iria imprimir à Instituição criada pelo sociólogo Gilberto Freyre. 

Como no país do "jeitinho" e do "jogo de cintura" rupturas não são possíveis, dentro do possível, contribuiu para azeitar o diálogo entre o "velho" e o "novo", sem revanchismo, promovendo uma convivência pacífica entre o emergente e o residual, tocando uma obra de engenharia política que ele conhecia muito bem. Dentro dessa "margem de manobra", apoiou todas as iniciativas institucionais voltados para a inclusão, seja cultural ou social, desenvolvendo alguns projetos importantes no contexto do serviço público federal, permitindo a quebra de alguns paradigmas institucionais "engessados", construindo "pontes" importantes com amplos segmentos sociais, alguns dos quais bastante fragilizados socialmente.Um legado que não será esquecido. A essa altura deve estar trocando algumas idéias com o ensaísta Carlos Nelson Coutinho e o arquiteto Oscar Niemeyer, outros grandes homens que se afastaram de nosso convívio recentemente, conspirando por uma sociedade mais justa, mas fraterna e mais democrática. 

 




O partido-rede, artigo de Merval Pereira

O partido-rede, por Merval Pereira

Merval Pereira, O Globo
O partido que a ex-senadora Marina Silva começa a revelar amanhã na reunião plenária que marcará seu lançamento oficial pretende ser um instrumento para desmontar as velhas estruturas partidárias e estabelecer uma rede de relacionamento entre diversos políticos, pertencentes ou não à nova sigla, unidos em torno de princípios éticos e programáticos.
Seus fundadores veem essa “rede” como um instrumento estratégico para “dessacralizar” a imagem do partido tradicional, promovendo a ajuda a quadros em uma pluralidade de partidos e na sociedade civil que queiram trabalhar na mesma direção.
A ideia de que o “partido” concentra o jogo político, enquanto a “rede” o dispersa acompanha a formação da nova agremiação, que nasce com a intenção de “virar pelo avesso, o avesso em que vivemos”, na definição do deputado federal Alfredo Sirkis, que será um dos fundadores da rede, que ele sugere estar ligada à questão central do meio ambiente, algo como “Rede Eco” ou “Eco Brasil”.
Junto com ele devem ser fundadores os deputados Walter Feldman (PSDB-SP), Ricardo Tripoli (PSDB-SP), Domingos Dutra (PT-MA) e Reguffe (PDT-DF).
Marina está conversando com o deputado federal petista Molon, que vai ajudar, mas ainda não decidiu se oficialmente participa da fundação ou se vai esperar para inaugurar o tipo de aliança informal que está prevista na própria formação do novo partido-rede.
Seus organizadores têm a esperança que outros deputados que estão conversando se definam até amanhã, para que a “rede” comece com entre cinco e dez deputados federais.
Os “sonháticos", como se definem, esperam aproveitar a votação de quase 20% que a ex-senadora Marina Silva obteve em 2010 para, com quase três anos de atraso, tentar interferir na correlação de forças políticas existentes.
O entendimento é que, embora Marina não tenha aproveitado seu cacife eleitoral para obter acordos políticos relevantes com os dois finalistas daquela campanha, os eleitores que a viram como uma alternativa àquela época continuam sem perspectiva política e podem ser atraídos outra vez pela nova tentativa de mobilização de jovens e outras gentes ainda esperançosas de mudar o Brasil na direção da sustentabilidade.
Em vez de “pretensiosa e inútil ingenuidade”, os “sonháticos” acham que a melhor opção é ainda sonhar com novas correlações de força, já que a alternativa seria deixar tudo como está e entrar no jogo da maneira que ele está estabelecido, não abrindo “um canal de participação política novo para esses integrantes de nossa sociedade que anseiam por algo diferente”, como diz Sirkis.
É dentro desse conceito novo de fazer política que o partido-rede pretende aprovar na plenária de amanhã estatuto com diversas novidades: o limite de 16 anos no mesmo cargo eletivo, o que equivale a dois mandatos de senador (justamente o tempo que Marina permaneceu como senadora em Brasília) ou quatro mandatos de deputado federal, deputado estadual ou vereador.
Para contrastar, por exemplo, com os 11 mandatos de deputado federal do novo presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves. A ideia é evitar a criação de “parlamentares profissionais”.
Outro ponto destoante será a proibição de doações de campanha oriundas dos setores de bebida alcoólica, cigarro, arma e agrotóxicos. Estranhamente não há restrições ao financiamento de empreiteiras e bancos, setores muito mais envolvidos em polêmicas de financiamento do que as escolhidas.
Essas limitações têm a vantagem de diferenciar o novo partido-rede dos demais em atuação, mesmo com suas inconsistências internas.
O que não está claro é como esse partido-rede atuará, por exemplo, na formação de coligações partidárias para a disputa presidencial de 2014, quando a ex-senadora concorrerá novamente à Presidência da República.
Esses acordos “virtuais” podem até mesmo funcionar em votações suprapartidárias no Congresso, mas não funcionam quando objetivamente se tem que conseguir o maior tempo de propaganda no rádio e televisão numa campanha eleitoral.

Nota do editor: Os verdes dissidentes, liderados por Marina Silva, elegeram o sociólogo espanhol, Manuel Castels, como guru. Em visitas ao país, o pensador espanhol andou falando sobre a falência do modelo de democracia representativa burguesa, o que encantou o grupo de Marina. Apesar do apelo e da excelente repercussão de sua campanha presidencial pelas redes sociais, o tuitaço em prol do novo "partido" foi um fracasso. 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Morre o ex-ministro da Justiça e ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Fernando Lyra. im Nabuco

 
MENSAGEM DO SENADOR ARMANDO MONTEIRO SOBRE O FALECIMENTO DO EX-MINISTRO FERNANDO LYRA:

"Fernando Lyra cumpriu de forma exemplar a sua passagem pela vida pública do país. Durante os tempos duros do regime autoritário, foi um firme combatente, que nunca deixou de levantar a voz nos momentos mais difíceis.Ao longo do processo de abertura política, desempenhou importante papel na construção da candidatura de Tancredo Neves, que inaugurou a Nova República; foi um ministro da Justiça permanentemente atento às causas da cidadania e da ampliação das liberdades democráticas.No convívio pessoal, imprimiu as marcas de sua inteligência, afabilidade e boa convivência, sempre temperados com humor e ironia. Ele deixa a todos nós um irrecusável legado.

Neste momento, transmito a toda a sua família a expressão do nosso pesar e solidariedade".

Armando Monteiro Neto

Júlio Lóssio poderá disputar o Governo do Estado em 2014


 
Creio ter sido o nosso blog o primeiro a lançar a candidatura do prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio, ao Governo do Estado. Claro que se tratava apenas de uma mera especulação, sobretudo depois que lideranças de peso do PMDB do Estado passaram a perfilar ao lado do governador pernambucano. Não obstante, emblematicamente, Júlio Lóssio exibe no currículo duas grandes derrotas infringidas ao Campo das Princesas, numa região das mais estratégicas do Estado, a região do Sertão do São Francisco. Nas últimas eleições, o Campo das Princesas manobrou o quanto pôde, mas todos os esforços não foram suficientes para derrotar nas urnas uma gestão muito bem avaliada pela população e uma estratégia política muito bem montada, capaz de aplicar um xeque-mate no governador. No nosso blog há diversas postagens sobre o assunto. Num Estado marcado pelo processo de “eduardolização da política”, Lóssio, apesar de pertencer as hostes do PMDB e manter uma relação amistosa com o Campo das Princesas, constitui-se numa honrosa exceção, uma exceção com força  no tabuleiro do xadrez da política pernambucana, conforme já demonstrou. A partir de mais uma especulação, um dos seus secretários teria declarado que ele poderá disputar o Governo do Estado em 2014, sobretudo se Eduardo Campos sair mesmo candidato presidencial naquelas eleições.

PDT poderá compor com a candidatura de Eduardo Campos


Uma análise pragmática da postura da presidente Dilma Rousseff em relação ao PDT poderia revelar que ela cometeu alguns equívocos na condução do processo, sobretudo em suas ações deliberadamente provocativas em relação à raposa Carlos Lupi, como que subestimando suas manobras. Apesar do desgaste, Lupi conhece como ninguém o azeite da máquina brizolista. A tentativa de Dilma em fortalecer a ala ligada ao Ministro Brizola Neto – desafeto de Lupi na agremiação – não foram suficiente para reequilibrar a correlação de forças no partido, permitindo a Lupi margem de manobra que preocupa os palacianos. Lupi segurou com mão-de-ferro os deputados a ele ligado, apesar da força da caneta de Brizola Neto. Soma-se a esse fato, algumas intervenções no feudo brizolista do Ministério do Trabalho, o que também contribuiu para descontentar alguns setores. Agora, numa atitude de chantagem explícita, o partido manda alguns recados ao Planalto, sinalizando que poderá não acompanhar a presidente em seu projeto de reeleição, caso as coisas não sejam acomodadas, de preferência após a leitura do Diário Oficial da União. Já faz algum tempo que o partido emite sinais positivos em relação ao pernambucano Eduardo Campos, embora não recuse as “cantadas” do PSDB, como uma secretaria no Governo Mineiro. Em razão de suas ligações históricas com o partido, Dilma envolveu-se diretamente na política interna da agremiação, o que se constitui num fato inusitado. Suas manobras, entretanto, estão se revelando incapazes de solapar os ardis de Lupinho, seu ex-Ministro do Trabalho, afastado sob denúncias de corrupção. Com um possível anúncio de uma provável candidatura de Eduardo Campos, aumenta sensivelmente o poder de barganha da máquina pedetista - aquela ala que não se sente representada por Brizola Neto - e que poderá tomar um outro rumo em 2014.

Eduardo Campos: "Um personagem à procura de uma autor", artigo de Carlos Chagas

UM PERSONAGEM À PROCURA DE UM AUTOR

Por Carlos Chagas


Qual a leitura da informação de que Eduardo Campos participará ao Lula ser candidato nas eleições de 2014? Estaria preparando-se para 2018? Nesse caso, repetiria a aventura de Ciro Gomes, que por açodamento perdeu duas disputas. Ou estaria inspirado na aventura que deu certo, de Fernando Collor?
Tanto faz, mas a verdade é que mesmo presidindo o Partido Socialista, o governador de Pernambuco pouca ou nenhuma semelhança tem com o avô, Miguel Arraes. Como parece fora de propósito a encenação de uma disputa presidencial entre netos, já que o avô de Aécio Neves era Tancredo Neves, fica em aberto desvendar a charada envolta nesse enigma incrustado de mistério.
Porque só por milagre Eduardo Campos bateria Dilma Rousseff ou seu reserva de luxo, o próprio Lula. É claro que em pouco menos de dois anos tudo pode mudar, ou seja, a atual presidente perder popularidade, a crise econômica entrar em campo ou o PT implodir. São hipóteses remotas, porém.
Fica a indagação: estaria pretendendo o quê, esse novo candidato a candidato? Sabe que perderá a cômoda situação de aliado do governo atual, com duas vagas no ministério e poder de influência no Congresso. Não ignora, também, ser desconhecido fora dos limites do Nordeste. Carece de um perfil político além da evidência de bom administrador. Seria presidente em nome do que? Transformações sociais profundas não é o caso, nem de reformista pode ser rotulado, quanto mais de revolucionário. Aspirante a parceiro do empresariado? O lugar já se encontra ocupado. Porta-voz das massas camponesas ou operárias também não dá, outros chegaram na frente.
Numa palavra, com todo o respeito, trata-se de um personagem à procura de um autor...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Eduardo Campos confirma que está no péreo presidencial de 2014



 



O XADREZ POLÍTICO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2014 – No caso de Eduardo Campos, Dilma, peça as asas.

José Luiz Gomes escreve

                                   Comenta-se que um cidadão, reiteradas vezes, escrevia para o consultor gastronômico de uma publicação especializada, com o objetivo de esclarecer uma dúvida que o atormentava. Nos almoços de domingo, na casa da sogra – que, por sinal, não gostava muito dele – era servida carne de coelho sob o disfarce de carne de galinha. Ele não gostava de coelho e, segundo ele por pirraça, a sogra o enganava sempre.
                                   Tivemos a oportunidade de experimentar a carne de coelho no hotel fazenda Alvorada, em Garanhuns, a terrinha da garoa. De fato, lembra um pouco o sabor da carne de galinha, sobretudo para quem não possui um paladar tão apurado. O consultor da publicação, esmerava-se em suas explicações, divagando sobre as principais diferenças entre ambas as carnes, mas não convencia o cidadão. Por fim, já exausto das explicações técnicas, em sua última resposta, foi curto e grosso: “peça as asas”.
                                   Esse episódio nos veio à tona após ler – e também conceder algumas entrevistas – abordando o mesmo tema: a candidatura ou não do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ao pleito presidencial de 2014. Muita tinta já foi gasta sobre o assunto. Sua última entrevista, concedida à revista Época foi esmiuçada pelo jornalista Josias de Souza, do Portal UOL, num feliz exercício de análise de discurso, onde ele chegou a conclusão sobre a construção de um discurso marcado por uma profunda ambiguidade do chefe do Executivo do Estado. Como já afirmamos em inúmeras postagens pelo blog, Eduardo Campos vem adotando uma estratégia que inquieta, mas paralisa o PT.
                                   Publicamente, faz juras de amor eterno a Dilma, mas protege a retaguarda como ninguém. Assegura que está lendo Machado de Assis, mas desconfiamos que o seu livro de cabeceira é mesmo “O Príncipe”, de Maquiavel. Como ensinava o mestre florentino, melhor ser temido do que ser amado. Vem se consolidando como uma “opção real de poder” para os próximos pleitos presidenciais. As circunstâncias políticas e econômicas serão determinantes, mas o seu “aquecimento” o colocaria em campo – mesmo que apenas para se apresentar ao estádio – assim que for “convocado”. Mais prudente seria, como já sugeriu o empresário Jorge Gerdau, o seu homem de confiança no mundo corporativo, em 2018, mas política, como antecipou uma raposa mineira, muda como as nuvens. Embora  se recomende tirar o sapato quando se estar próximo ao rio, por outro lado, como ensinava nossa mãe, oriunda da região do Cariri paraibano, boi ronceiro bebe a lama.  
                                   Embora aliado do PT, não dispensa os mimos do DEM. Articula-se com todas as forças políticas, embora o PSDB, no momento, dispense uma atenção maior, sugerindo-se, inclusive, uma dobradinha dos “netos”, aquela que, no passado, já teria sido a chapa dos sonhos de Luiz Inácio Lula da Silva. A possibilidade existe, embora sua construção exija um contorcionismo político complexo. Todas as possibilidades estão sendo exaustivamente analisadas pelos estrategistas do Palácio do Campo das Princesas, sobretudo por entender as ranhuras de sua relação com o Partido dos Trabalhadores.
                                   Por falar em ranhuras, num gesto de grande desprendimento, a presidente Dilma Rousseff, que se encontra de férias na base militar de Aratu, na Bahia, convidou o governador para um almoço. Assim como nos negócios, em política almoços também não saem de graça. Um privilégio concedido a poucos, sobretudo pelo fato de que a presidente estava descansando. O almoço – regado à pescada amarela, pelo que nos informaram – teve uma sobremesa política das mais contundentes. Dilma, certamente, não arrancou nenhum compromisso formal de Eduardo Campo sobre 2014. Afinal, 2014 está muito distante. Vamos ajudá-la a ganhar 2013, colocar a casa em ordem, superar as dificuldades econômicas, fazer o país voltar a crescer – de preferência nos níveis do Estado de Pernambuco. Esse é o discurso. A mensagem subliminar é que ele “é o cara” capaz de fazer o país voltar a crescer, repactuar o Pacto Federativo, implantar a reforma fiscal e tributária etc. Há, subjacentemente, uma plataforma política em gestação.
                                   Encostado na parede, ao velho estilo do avô, Eduardo Campos pigarreou, fingindo engasgar-se com uma espinha da pescada, merecendo umas tapinhas na costa do governador Jaques Wagner, que, dizem, teria sido escalado por Dilma para conter o avanço do PSB no Nordeste, justo ele que não consegue tomar conta do próprio quintal. Um copo de suco de araçá e tudo voltou à normalidade.  
                                   Algumas leituras precipitadas do encontro concluíram que, com o gesto de distensão e demonstração de carinho, Dilma teria equilibrado o jogo em torno de um possível apoio do governador a seu projeto de reeleição. Não vemos assim. Antes do encontro, segundo o painel da Folha de São Paulo, Eduardo teria conversado com Luciano Ducci e determinado a ele uma missão: fazer o PSB crescer na região Sul do país, o que reforça a tese da estratégia que ele vem adotando desde o momento em que foi picado pela mosca azul, ou seja, equilibra-se instavelmente na canoa do Palácio do Planalto, ao tempo em que consolida-se como uma alternativa real de poder, aglutinando, inclusive, forças políticas que hoje fazem oposição do Governo.
                                   Assim como aquele leitor da publicação citada, o Planalto desconfia da carne que está sendo servida pelo governador de Pernambuco, mas ainda não teve coragem de pedir as asas. Nos bons tempos, quando vinha a Pernambuco e era convidada para saborear um camarão a moranga ou uma costela de cordeiro, Dilma não apenas tinha certeza sobre a genuinidade da cozinha, como ainda tinha direito às tiradas do escritor Ariano Suassuna de sobremesa. Bons tempos aqueles.
                                    Antes de ser amado, o “Moleque” dos jardins da Fundação Joaquim Nabuco, prefere mesmo ser temido. Com a projeção e a capilaridade política conquistadas, tornou-se um aliado ameaçador ao projeto hegemônico do PT, mas um ator político estratégico, fundamental para a manutenção desse mesmo projeto. Não raro, o PT faz algumas sinalizações interessantes, como uma última declaração do ministro Gilberto Carvalho, de que ele poderia ter o apoio do partido numa cabeça de chapa em 2018.
                                   Há ainda quem o aponte como um líder provinciano, inflado por alguns setores da imprensa, mas vale a ressalva de que o caboclo trabalha incansavelmente para superar suas dificuldades e já começa a aparecer nas sondagens de possíveis nomes ao Palácio do Planalto. Além de equilibrar o jogo no Estado, uma das preocupações de sua assessoria seria exatamente fortalecê-lo em regiões estratégicas, onde o seu nome ainda é desconhecido.
                                   As circunstâncias políticas e o comportamento da economia em 2013 serão determinantes para a definição do cenário presidencial de 2014. Ele sabe que Dilma precisa cruzar esse rubicão para habilitar-se à reeleição. Tudo indica que será um ano difícil, dada a conjuntura internacional. Alguns aspectos da política econômica adotada pelo Governo estão sendo bastante criticados, inclusive pelo governador de Pernambuco, atingindo Dilma em seus pontos mais vulneráveis, o que já provocou algumas rusgas nessa relação.
                                   Em sua última matéria para o Jornal do Commércio, o jornalista Sérgio Montenegro Filho aborda este assunto. Em certo momento, sobretudo a partir dos comentários de um cientista político, tem-se a impressão de que o nome de Geraldo Julio surgiu no momento em que Eduardo Campos havia perdido a paciência com o PT. Não advogamos essa tese. A estratégia de retirar do PT o comando do Palácio Antonio Farias foi algo bastante planejado, ancorado numa série de variáveis que, no seu conjunto, afirmavam tratar-se de uma ação estratégica, inclusive no sentido de dar suporte, visibilidade e reforçar o nome do governador no cenário nacional.
                                   A estratégia foi tão bem urdida que engoliu o PT no Estado. Em Pernambuco, o partido tornou-se eduardodependente. Agora, por ocasião da decisão sobre se o partido deveria compor a base de sustentação de Geraldo Julio, o senador Humberto Costa, assim como João Batista, ficou pregando no deserto. Para completar o enredo, setores da agremiação alinhavados com o Campo das Princesas, caso de João da Costa, que, ao apagar das luzes do ano de 2012, convocou uma reunião de emergência do CDU e conseguiu aprovar o polêmico projeto Novo Recife, sobre o qual o atual gestor nunca havia assumido uma posição mais firme. Nos bastidores, se descobriu que a principal construtora interessada no projeto havia doado 500 mil reais à campanha do PSB em 2012.
                                    
                                   E, assim, Eduardo Campos segue sua trajetória rumo ao Palácio do Planalto, comendo o mingau quente pelas beiradas. Além de Dilma, que já ocupa aquele espaço, é, entre os possíveis candidatos, aquele que mais se movimenta. Como uma raposa, calcula o momento certo de dar o bote. O futuro dura muito tempo e em 2018 ele pode não encontrar as mesmas oportunidades de 2014, embora ainda seja uma liderança jovem. Sobretudo em política, promessas não podem ser levadas muito a sério. Fossem algumas dessas promessas cumpridas, possivelmente João Braga poderia ter ocupado o Palácio Antonio Farias com o apoio do então prefeito Jarbas Vasconcelos, ou, o hoje vereador, Raul Jungmann, pelo menos, um potencial candidato a prefeito nas últimas eleições, apoiado pelo PSDB. A hipótese de ele apoiar a reeleição de Dilma em 2014 sob a possibilidade de Lula o apoiá-lo em 2018 são apenas especulações. Salvo algumas ressalvas, no nosso entendimento, sua estratégia é correta. Constrói, em torno de si, uma alternativa real de poder, independentemente dos humores de “A” ou “B”. Se será bem-sucedido, é outra história que deveremos tratar nos próximos artigos. Por enquanto, o editor blog sai de férias por alguns dias, para saborear um autêntico bode ao molho de tomate servido num restaurante de comida regional de Jacumã, PB. Até breve.                              

Debate: Educação também como melhoria social


A aprovação quase compulsória de alunos reduz o risco de escapes mais rápidos e nem sempre legais de sobrevivência e ascensão social

Muita gente critica o que seriam leniências do setor público em relação à educação, enfatizando dois pontos. O primeiro é a aprovação ou promoção quase compulsória dos alunos do ensino fundamental. O segundo é a aceitação de abertura de inúmeros cursos superiores.
No primeiro caso, alega-se que tal política não só forma maus alunos, que fracassarão adiante, como também os deseduca socialmente, uma vez que retira dos professores e diretores o poder de puni-los pela reprovação ou retenção.
No segundo caso, a crítica é à enxurrada de maus profissionais no mercado de trabalho, o que prejudica o recrutamento, a produtividade e a competitividade e, em alguns casos, compromete a segurança (engenharias, saúde etc.).
Não nego totalmente esses aspectos. Têm de ser, na medida razoável, considerados e mitigados. Mas é preciso que esses críticos observem os benefícios dessas políticas -que não são triviais e podem, se forem acompanhados de aperfeiçoamentos, sustentar sua continuidade e sua ampliação.
As crianças que estão em escolas públicas são carentes não só de recursos financeiros, como também de condições de habitação, saneamento e alimentação, entre outros. A estrutura social e familiar que as cerca muitas vezes é precária -no sentido de assegurar proteção, afeto, referência moral e autoestima.
Estudar, nesse caso, é um acidente que, tão logo seja possível, será descartado, com apoio de parentes e amigos, em prol de formas mais rápidas (e nem sempre legais) de sobrevivência e ascensão social.
Em resumo, tudo atua para que essas crianças saiam da escola. A escola precisa, então, disputá-las com seu ambiente, para ganhar sua adesão, sua permanência, sua continuidade. A reprovação, certamente, não ajudará nesse desafio.
Para os que treplicarem que é melhor resolver antes a questão social, apresento dois argumentos: a) isso demora; e b) manter mais crianças na escola por mais tempo diminui o problema social a ser resolvido.
Quanto à crítica à proliferação de escolas superiores -à qual eu poderia adicionar pelo menos uma, que é sua utilização como base de sustentação política-, considere-se que elas põem em contato com livros, fotocópias, computadores, professores, colegas, trabalhos, exercícios, discussões, ambientes, dados, informações, formas de convívio, pesquisas e tudo o mais que existe nas comunidades acadêmicas, uma massa de adultos que dificilmente teriam tais experiências.
Alguns deles serão bem-sucedidos, mesmo oriundos de escolas fracas. O mercado os testará sem comiseração. Outros não vingarão em sua área, por seleção do mercado ou porque o curso não lhe interessava como vocação profissional e, sim, como qualificação salarial (que poderão obter).
Talvez sigam em suas profissões de nível médio -mas muito mais qualificados, educados, instruídos. Talvez empreendam -com muito melhor formação. E muitos outros talvez nem concluam seus cursos, ou os concluam de forma muito negligente. Mas todos eles terão lido, assistido a aulas, convivido com universos que, no mínimo, propiciarão parâmetros novos, diferentes do exclusivismo do ócio, da violência e dos vícios.
Também aqui se pode argumentar que a questão social é mais relevante e precedente. Eu respondo com as seguintes questões: pergunte aos familiares e convivas desses adultos se a relação com eles é indiferente à sua condição de estudante; imagine como esses adultos tratarão seus filhos em relação à educação e a comportamentos, interesses e ambições; e imagine essa massa de adultos que afluiu a tais escolas nos últimos anos se sua demanda não tivesse sido atendida.
É uma forma mais complexa de fazer a discussão. Mas vale a pena.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Papa Bento XVI deixará suas funções em 28 de fevereiro

Papa Bento XVI deixará suas funções em 28 de fevereiro

Ratzinger sai oito anos após substituir João Paulo II como líder da Igreja Católica

Atualizado às 10h40

O papa Bento XVI anunciou nesta segunda-feira (11/02) , durante o consistório para a canonização de dois mártires, que vai se retirar de suas funções no dia 28 de fevereiro. Pouco antes, o Vaticano havia confirmado a informação às agências internacionais. "O papa anunciou que renunciará a seu ministério às 20 horas do dia 28 de fevereiro", disse o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, citado pela agência France Presse em um pronunciamento em latim.

Leia também:
Bento XVI tinha visita programada para o Brasil em julho
Direito Canônico prevê renúncia do papa sempre que for por livre vontade

Nascido Joseph Alois Ratzinger, Bento XVI, de 85 anos, afirmou que iria deixar o posto por não reunir mais condições físicas para exercê-lo.  A partir de sua saída, será iniciado um período de vacância na Igreja Católica até a formação de um conclave que irá eleger um novo sumo pontífice.
Agência Efe

Bento XVI, no dia em que anunciou sua saída do comando da Igreja Católica, em Roma

O cardeal alemão Joseph Ratzinger assumiu a chefia da Igreja Católica em 19 de abril de 2005, no lugar de João Paulo II, adotando a alcunha de Bento XVI. No ano passado, Bento XVI tinha já dito que estava “na última etapa da vida”, abrindo espaço para especulações sobre sua saída.

Sua decisão de deixar o cargo em vida tem poucos precedentes na história, mas é prevista no direito canônico. O último papa a abdicar de seu pontificado foi Gregório XII (1406-1415), aos 88 anos. Ele assmuiu o poto quando a instituição se encontrava em grave crise, no episódio histórico conhecido como "Grande Cisma do Ocidente".  Na ocaisão, brigas políticas acabaram levando à criação de três papas simultâneos, minando o prestígio da Santa Sé. Após ser nomeado, sempre deixou claro que deixaria o cargo à disposição se isso fosse para o bem da instituição. Sua postura facilitou uma reconciliação, dando início ao Concílio de Constança. Após ter se tornado novamente o único papa reconhecido, cumpriu o prometido e, aos 88 anos, deixou o cargo nove anos após assumi-lo.

O primeiro a tomar tal decisão o papa Clemente I (de 88 a 97), que renunciou a favor de Evaristo, porque após ser detido e condenado ao exílio decidiu que os católicos não poderiam ficar sem um guia espiritual.


Segue a íntegra das palavras do papa de anúncio de sua renúncia, lida por ele em carta:

"Queridísimos irmãos,
Convoquei-os a este Consistório, não só para as três causas de canonização, mas também para comunicar-vos uma decisão de grande importância para a vida da Igreja.

Após ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino. Sou muito consciente que este ministério, por sua natureza espiritual, deve ser realizado não unicamente com obras e palavras, mas também e em não menor grau sofrendo e rezando.

No entanto, no mundo de hoje, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevo para a vida da fé, para conduzir a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de tal forma que eis de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado.

Por isso, sendo muito consciente da seriedade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao Ministério de Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, que me foi confiado por meio dos Cardeais em 19 de abril de 2005, de modo que, desde 28 de fevereiro de 2013, às 20 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro ficará vaga e deverá ser convocado, por meio de quem tem competências, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Queridísimos irmãos, lhes dou as graças de coração por todo o amor e o trabalho com que levastes junto a mim o peso de meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos.

Agora, confiamos à Igreja o cuidado de seu Sumo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e suplicamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista com sua materna bondade os Cardeais a escolherem o novo Sumo Pontífice. Quanto ao que diz respeito a mim, também no futuro, gostaria de servir de todo coração à Santa Igreja de Deus com uma vida dedicada à oração.

Vaticano, 10 de fevereiro 2013
".

(*) com agências de notícias internacionais

Veneziano Vital deve concorrer ao Governo da Paraíba em 2014

Senador descarta possibilidade de aliança com PSD e PSDB em 2014

 


No campo das futuras alianças, o senador Vital do Rêgo (PMDB) disse que só não existe a possibilidade de união com partidos que estejam na base do governador Ricardo Coutinho (PSB), como o PSDB do senador Cássio Cunha Lima e o PSD do vice-governador Rômulo Gouveia. “Vamos estabelecer parâmetros com relação a isso, a população sabe votar, sabe escolher. Não adianta fazer aliança com ‘gregos e troianos’ porque a população entende que ela é oportunista. Vamos procurar lideres partidários, sindicais e da sociedade organizada que são contra este governo ditatorial”, declarou. “Veneziano enquanto candidato do PMDB vai procurar fazer alianças dentro do espectro das oposições”, completou.

Para Vital, as recentes declarações do ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Agra onde defendeu a união das oposições vai de encontro ao que vem pregando Veneziano Vital do Rêgo de que todas as legendas oposicionistas chegarão fortes, unidas e coesas nas eleições de 2014.

O senador considera que Luciano Agra tem razão em defender a união das oposições paraibanas, seja no primeiro ou segundo turno das eleições de 2014. “Creio que este é o momento de unir forças contra o atual Governo do Estado, que já está em plena campanha. Este Governo não responde às expectativas, não elaborou um projeto com começo, meio e fim. O que temos hoje são desenvolvimentos localizados, a partir da iniciativa das próprias cidades, do poder público e da iniciativa privada. Precisamos mudar esse quadro”, afirmou Agra.

Segundo Vital do Rêgo, a união com o PT pode se tornar possível principalmente em função da parceria que existe em nível de Governo Federal. “O PMDB nacional apresentará o candidato a vice -presidência da República, que é o vice-presidente Michel Temer. Esperamos ter o apoio do PT em uma situação recíproca”, afirmou. O peemedebista negou que haja um acordo preconcebido nesse sentido, segundo ele a questão vai ser discutida futuramente.

Com relação ao Partido Ecológico Nacional (PEN) presidido no estado pelo deputado estadual Ricardo Marcelo, o senador revelou que este partido cabe em qualquer lugar desta aliança oposicionista. Vital revelou ainda que mantém um elo de amizade com Ricardo Marcelo, do qual fez parte da mesma geração na Assembleia. “Parabenizo o trabalho que o presidente da ALPB, tem desempenhado mantendo um posicionamento forte dos interesses da população sem se curvar aos interesses velados do chefe do executivo estadual”, afirmou o peemedebista.
Fonte: assessoria com www.politicapb.com.br
 
Nota do Editor: A família Vital do Rêgo vem trabalhando o nome do ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rêgo, como postulante ao Palácio da Redenção, em 2014. Gradativamente, o quadro sucessório vai se desenhando naquele Estado. Ricardo Coutinho, atual governador, deve se candidar a mais um mandato; o PT, fortalecido pela eleição de Luciano Cartaxo, prepara um nome do partido para concorrer em faixa própria; o PMDB, possivelmente, caminhará com a candidatura de Veneziano Vital, a despeito da divisão da legenda.

Flagrante Tumblr!!! Galo da Madrugada!


Le Monde Diplomatique: Favelas pacificadas para a nova burguesia brasileira

REESTRUTURAÇÃO URBANA NO RIO DE JANEIRO
Favelas pacificadas para a nova burguesia brasileira
Habitação é o assunto do momento no Rio. Na praia, no ônibus, nos jantares, só se ouve falar disso. Há muitos anos a febre especulativa pouco a pouco fez aumentar os preços e, por consequência, a pressão sobre os cariocas que consagram agora uma grande parte de seu orçamento para isso
por Jacques Denis
Início de setembro. Toda noite o Brasil vibra com os episódios de Avenida Brasil, a telenovela que opôs durante seis meses a morena Rita à sua madrasta, a loira Carminha. Uma cresceu em uma zona da periferia popular do Rio de Janeiro, abandonada pela outra, que vendeu a casa do pai, morto na Avenida Brasil, símbolo deste país de desigualdades. Por trás dessa intriga, das mais básicas, se trama outra história: “É a preparação psicológica de uma parte da população, a classe média dos bairros chiques da zona sul do Rio, para o fato de que logo estarão se mudando para a zona norte”, analisa Eduardo Granja Coutinho, professor de Ciência da Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Se acreditarmos nisso, um fenômeno social televisual pode então ocultar outro, menos virtual: o aumento dos preços que fez do Rio um imenso jogo de Banco Imobiliário. Uma das músicas tema do folhetim não se intitula “Meu lugar”?
Habitação é o assunto do momento no Rio. Na praia, no ônibus, nos jantares, só se ouve falar disso. Há muitos anos a febre especulativa pouco a pouco fez aumentar os preços e, por consequência, a pressão sobre os cariocas que consagram agora uma grande parte de seu orçamento para isso. Entre janeiro de 2008 e julho de 2012, o Rio conheceu um aumento de 380% nos preços de venda e de 108% nos de locação. Por falta de recursos, alguns pensam até em se mudar para bairros onde nunca puseram os pés, as favelas que as autoridades decidiram metodicamente “pacificar” (ver quadro). E com ainda mais vigor, já que é preciso preparar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Vidigal é um morro muito conhecido de todos os cariocas, já que se situa de frente para o mar, na continuidade do Leblon e de Ipanema. No dia 13 de novembro de 2010, as tropas da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) tomaram o lugar. A regra mudou. Há pouco mais de um ano, os meninos ainda andavam por lá com armas de grosso calibre; hoje, não param de passar policiais na Estrada do Tambá, a artéria principal e única via de acesso desse emaranhado de ruelas asfaltadas, de quebradas de tijolo e reboco. Não é a única mudança visível: “A coleta de lixo está funcionando, a eletricidade também, e tem até um caixa eletrônico em três línguas... Os serviços públicos voltaram”, constata o capitão Fábio, responsável pela UPP local. E, pelos cartazes que anunciam demolições e reformas, outras mudanças devem acontecer nessa febre de expansão imobiliária.
Na associação de moradores do bairro, comemora-se o retorno à ordem. Mas seu presidente Sebastião Alleluia aponta outros perigos: “Hoje estamos entrando em uma nova realidade, já que nossos terrenos são agora desejados pelo capital. A pressão se tornou imobiliária, e a especulação, nossa realidade. É apenas o começo: vemos desembarcar brasileiros e principalmente estrangeiros, trazidos pela crise europeia e interessados no potencial de nossos bairros. Um apartamento dúplex situado no Baixo Vidigal, estimado em R$ 50 mil há um ano, se negocia hoje por R$ 250 mil!”.
O Vidigal está na moda, um pouco como o que aconteceu com Santa Teresa no início dos anos Lula (2003-2010), um bairro popular hoje habitado por artistas vindos do mundo inteiro, condomínios superprotegidos, pousadas com selo de qualidade e restaurantes da moda. O diretor de teatro Guti Fraga, diretor da associação Nós do Morro, que ele implantou em 1986 para desenvolver ali um projeto de integração pela cultura, também conheceu os anos em que coabitavam o bairro – reconhecido por suas ruas calçadas e suas habitações legais, autenticadas como tais pela municipalidade – e a favela, zona “fora do cadastro” cujas manchas vermelhas pouco a pouco comeram o verde do morro. Ao lado do Leblon, a favela Praia do Pinto foi incendiada em 1969 para expurgar os cerca de 20 mil pobres que viviam ali, realocados nos complexos de conjuntos habitacionais, como a sinistra Cidade de Deus.
No Vidigal, a ameaça está de volta, e seu cavalo de Troia se chama pacificação. E Fraga aponta o restaurante francês que deve ser aberto ali em pouco tempo: “Será que vai ser para os moradores daqui?”. O projeto de hotel cinco estrelas “vai acolher as pessoas do Nordeste (a região pobre de onde vem a maioria dos moradores do Vidigal)?”. Como confia um capitão da polícia, “o Vidigal se tornou uma atração turística onde os europeus vêm tirar fotos bonitas”. Ou investir nesse terreno cujo valor está em alta...
“No Rio, mais de 2 milhões de pessoas vivem em mais de novecentas favelas: tudo isso constitui um bom negócio para quem está preparado para a aventura e tem a capacidade de antecipar a mudança estrutural de uma cidade em plena mutação”, observa Luiz César Queiroz Ribeiro, diretor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur) do Observatório das Metrópoles. Seu laboratório universitário se interessou pelas questões da propriedade territorial no Rio, um caso de exßemplo para todo um país onde muitos, ricos ou pobres, se instalaram sem base legal, num modo de espoliação (um rico toma posse de um terreno pela força) ou invasão (pobres ocupam um espaço pelo grande número). “O Brasil é a bola da vez. Toda essa especulação imobiliária que se desloca no mundo, do Sudeste Asiático à Espanha, se instala hoje aqui.” A economia – que parece estável comparada com a tempestade que atravessam as do “centro” – atrai ainda mais os investidores porque o imobiliário continua barato. “Desde 2005”, continua Ribeiro, “esse movimento de fundo se instala, se apoiando no turismo e na perspectiva dos megaeventos. Num tal contexto de especulação urbana clássica, controlar o território é também dar garantias para o capital. É preciso então regularizar e regular a ocupação dos terrenos.” O objetivo principal? “Permitir que o mercado tenha acesso a essas zonas informais e então estabelecer bases jurídicas da propriedade territorial.” Ou, para dizer com outras palavras, modernizar o país para permitir aos investidores se instalarem melhor. Assim, para favorecer futuras transações, as autoridades colocaram em ação um programa de regularização imobiliária, nessas favelas que o cadastro ignorava pura e simplesmente desde uma lei de 1937 (revogada em 1984 sem que a situação dos terrenos tenha sido realmente esclarecida). A revista Veja de 4 de julho de 2012 comemorava que “num raio de 500 metros no entorno da UPP do Vidigal os preços aumentaram 28% a mais que no resto da cidade”. A tal ponto que é cada vez mais difícil para os cariocas da classe B, que têm boas condições financeiras,1 se instalarem ali.
Durante muito tempo, as favelas foram consideradas provisórias. Era admitido que elas deveriam desaparecer com o desenvolvimento. Mas como este demorou a chegar, o governo decidiu ao mesmo tempo fazê-las desaparecer e deixá-las surgir aqui e ali. Sérgio Magalhães, secretário da cidade de 1993 a 2000 e atual presidente do Instituto dos Arquitetos, participou do programa Favela Bairro, frequentemente citado como exemplo e que se ocupava de 155 favelas. “Em 1993, três, quatro gerações tinham crescido nesses terrenos: a situação já não era, claramente, transitória. Era preciso reconhecer esse estado de coisas e fazer das favelas verdadeiros bairros.” Depois de terem favorecido o deslocamento das populações para as periferias – entre 1962 e 1974, mais de 140 mil habitantes foram enviados para a periferia, com oitenta favelas apagadas do Rio –, os poderes públicos finalmente consideraram construir um futuro no local, levando em conta a história e a opinião dos moradores. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) consagrou US$ 600 milhões para isso, aos quais se acrescentaram US$ 250 milhões do governo federal.
Vinte anos depois dessa primeira tentativa de reorganização, seguida por outros programas (Bairrinho, Morar Legal e Novas Alternativas), associações e particulares deram início a procedimentos para obter títulos de propriedade oficiais. Mais de duzentos teriam sido oficialmente emitidos, enquanto milhares aguardam. Ninguém sabe quantos, já que ninguém sabe quantas pessoas vivem ali. Vinte mil, 40 mil, 60 mil habitantes? Roque faz parte desse grupo desde 1976. Natural da Bahia, ele fica feliz com o interesse crescente dos gringos, fonte de lucro: uma vizinha multiplicou por cinco o valor de seu imóvel. No entanto, para ele, está fora de questão deixar sua casa, um minúsculo quarto e sala construído por ele mesmo em 1995. O septuagenário faz valer seu direito de solo – além do sentimento de pertencimento a uma comunidade, o que não tem preço. “Na época, ganhei um recibo da associação de moradores. Hoje eu aguardo o título de propriedade oficial. Isso vai dar um pouco de dinheiro aos meus filhos quando eu morrer, mas eu não quero deixar meu bairro; é a minha vida.”
Essa regularização é também sinônimo de integração ideológica dessas zonas fragmentadas, antes regidas por outras leis imobiliárias, erigidas pelos próprios moradores. O sociólogo Jailson de Souza e Silva, cabeça pensante do Observatório das Favelas, vê aí “a base de um aburguesamento”. “Muitos são tentados a vender bens que agora têm um valor verdadeiro. Eu defendo que a última coisa a dar aos habitantes da favela é um título de propriedade.” Para ele, possuir um título oficial é ter acesso à possibilidade de cedê-lo e então fazer, por sua vez, o jogo do “mercado”. “Eike Batista, o homem mais rico do Brasil, que investiu benevolamente milhões nos equipamentos da UPP, é proprietário de grandes grupos imobiliários. Ele tem todo o interesse em financiar essa política, da qual ele terá os dividendos num segundo momento, ao se tornar proprietário de uma parte desses territórios.” Para Silva, a solução está longe das lógicas especulativas...
Esse não é o ponto de vista do prefeito, Eduardo Paes, eleito com quase 65% dos votos. Um plebiscito para esse político centrista que, além do apoio do PT, se beneficia do voto das favelas, fortalecido por um balanço que o enaltece: ele será sempre o prefeito da pacificação e o artesão de grandes canteiros urbanísticos, entre os quais o exemplar projeto Porto Maravilha, que visa transformar todo o bairro portuário, não muito distante do centro histórico e por muito tempo desaconselhado à noite, em uma gigantesca zona comercial e turística, com moradias renovadas e ateliês de artistas. Centro de serviço e maior polo naval, principalmente com o petróleo, o Rio encarna mais que qualquer outra cidade a identidade brasileira aos olhos do mundo inteiro. Uma visão que foi confirmada pela classificação pela Unesco em julho de 2012 da Cidade Maravilhosa como patrimônio da humanidade. “O Rio vai se tornar a vitrine comercial do marketing brasileiro”, explica Ribeiro. “Será o cartão de visitas do país.” Desde 2011, na saída do aeroporto, um grande muro antirruído permite esconder a miséria da Avenida Brasil.
BOX:
Rumo à cidade-empresa
“Para a preparação das Olimpíadas de 2016”, explica o arquiteto Carlos Fernando Andrade, membro do PT, “o modelo foi Barcelona. É uma obsessão desde 1993! Desde essa data os catalães vêm aqui vender seus serviços. Sua estratégia foi pensar a cidade como uma empresa. E, dentro dessa lógica, era preciso uma sucessão de grandes acontecimentos.”
Em 2013, o Rio de Janeiro vai acolher a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), depois do encontro Rio+20 em 2012 e antes da Copa de 2014. Luiz César Queiroz Ribeiro percebe nessas grandes readequações programadas uma mudançaprofunda da identidade original do Rio, onde as classes socialmente afastadas viviam até agora em certa proximidade geográfica. “Isso favorecia uma convivência feita de conflitos e de convergências, um diálogo inédito que é cristalizado pelo samba. O futuro, ao contrário, sugere uma cidade estratificada em função da renda, como todas as outras. E nessa perspectiva os dias das favelas estão contados. A arquitetura talvez permaneça, como algo exótico, mas a dinâmica do mercado vai engolir os habitantes, consumidores em potencial.”
O Partido Verde (PV) é um dos mais virulentos a respeito desse balanço enganador, denunciando toda uma série de operações duvidosas com relação às Olimpíadas que jogam o jogo da especulação: a escolha, por exemplo, de privilegiar o ônibus e não o metrô, sabendo que as empresas privadas que detêm os ônibus são apoiadoras financeiras dos políticos. Fernando Gabeira, que perdeu o segundo turno das eleições municipais em 2008, se mostra categórico: “Alguns tiveram informações de dentro sobre a aplicação da pacificação. Eles investiram antecipadamente no entorno imediato das zonas pacificadas. Os riscos são administrados de modo a concentrá-los nos bairros mais pobres da periferia. Os hospitais psiquiátricos são implantados na zona oeste, assim como as penitenciárias e os lixões. Com a pacificação da zona sul, os traficantes se mudaram para a periferia”.
Consequência: a cidade cresce ainda e sempre, empurrando seus limites administrativos, mas também seus problemas. Apesar de seus quase 12 milhões de habitantes, a Grande Rio de Janeiro conheceu uma vertiginosa queda em sua densidade: 8 mil habitantes por quilômetro quadrado, duas vezes menos do que em 1960! Sérgio Magalhães detecta aí o calcanhar de aquiles do Rio: “A expansão da cidade desemboca em uma equação impossível para os serviços públicos. Torná-los acessíveis para todos representa um custo estrutural enorme!”.
No entanto, existem soluções para o problema habitacional que diz respeito a mais de 400 mil pessoas, segundo Marcelo Braga Edmundo, coordenador nacional da Central de Movimentos Populares. “Dez por cento do déficit nacional de habitações se concentra no Rio. A solução não reside nas construções na periferia, mas nas ocupações dos prédios vazios. É uma escolha política. Eduardo Paes favoreceu investimentos públicos que beneficiarão a esfera privada. E as Olimpíadas, que poderiam beneficiar a todos, se anunciam como uma gigantesca catástrofe para as classes populares, que vão pagar um alto preço. Em seu nome, passam por cima do plano diretor estabelecido pela lei. Ao mesmo tempo, o IPTU progressivo [calculado em função dos imóveis privados vazios] não é aplicado.” Seria, no entanto, uma solução legal para resolver uma parte do problema das desigualdades no que diz respeito à habitação. (J.D.)
Jacques Denis é jornalista.

Ilustração: Jaguar

1. A estatística brasileira divide a sociedade em cinco classes: A (cujos salários ultrapassam 30 salários mínimos), B (de 15 a 30 salários mínimos), C (de 6 a 15), D (de 2 a 6) e E (até 2 salarios mínimos).
07 de Janeiro de 2013
Palavras chave: Rio de Janeiro, habitação, especulação imobiliária, Avenida Brasil, telenovela, Rede Globo, Copa do Mundo, Olimpíadas, Vidigal, morro, pacificação, Upp, favela, classe C, classe média, violência, Morro Santa Teresa, Nós do Morro, Cidade de Deus, cidade, urbanismo, economia, desenvolvimento, turismo, mercado, modernização, investidores, Eduardo Paes, Eike Batista

Charge!Nani!