pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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domingo, 21 de abril de 2013

O inchaço da máquina pública na esfera federal e estadual.









Vira e mexe esse assunto volta às manchetes dos jornais. O Jornal do Commércio deste domingo traz uma matéria sobre a composição ministerial do Governo Dilma Rousseff, que soma 39 ministérios, agregando-se as secretarias com status de ministério. Presidente da Câmara de Gestão do Governo Federal, o empresário Jorge Gerdau - hoje muito próximo a Eduardo Campos - já externou sua opinião a respeito, tratando a situação do Governo Federal como inadministrável. Quando falo nesse assunto remeto-me sempre ao governador Eduardo Campos em razão de que, no seu primeiro governo, não sei se ingenuamente, ele falava em "mudar os costumes" da política brasileira, onde as velhas oligarquias praticamente se apropriavam do Estado consoante os seus interesses paroquiais. Até deu alguns bons exemplos, como a escolha de gestores através do expediente da meritocracia, sobretudo no Ministério da Ciência e Tecnologia, um reduto do PSB na Era Lula. Aqui no Estado, entretanto, a despeito desse discurso, a inchaço da máquina o contradiz acintosamente. São 29 secretarias para acomodar a sua ampla base de apoio, inclusive algumas (03) ocupadas por petistas, que esperam, tão somente, o desfecho de sua relação com Dilma para tomarem uma decisão. Eduardo Campos, em pleno processo de articulação com os marajás da res publica nem toca no assunto de mudar os "costumes políticos".

Um "discurso" para Eduardo Campos, por favor.

 


O sociólogo Antonio Lavareda, através da sua MCI, já estaria trabalhando a pleno vapor para o candidato Eduardo Campos. Saiu da fornalha sua primeira leva de pesquisas, onde se conclui que nas regiões Sul e Sudeste do país é maior o sentimento da população sobre o "é preciso mudar". Em rigiões como o Norte e Nordeste, historicamente mais empobrecidas, esse sentimento não é tão evidente. Gradativamente, Lavareda vai fornecendo a Diego Brandy as informações fundamentais para ele elaborar a estratégia de campanha de Eduardo Campos. Apesar de enfrentar um "Triângulo das Bermudas" difícil de ser superado em sua investida rumo ao Planalto, interlocutores mais próximo do governador confirmam suas convicções sobre o assunto, argumentanto que ele tem afirmado que irá para um segundo turno com Dilma Rousseff e ganhará as eleições. Governador nordestino, de um partido relativamente forte na região, "aliado" de um Governo que trouxe benefícios enormes para a população mais empobrecida da região - talvez por isso o sentimento de continuísmo - por aqui, também, o seu discurso fica "esvaziado". Ele vai propor o "posso fazer mais" para as eleitores de regiões que não o conhece? Não sei não...

Fernando Bezerra Coelho em rota de colisão com Eduardo Campos

 
Não fosse suficiente os problemas causados pela prolongada estiagem que castiga a região Nordeste, agora surge também uma disputa interna entre o Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, sobre quem faz mais pela região. Segundo comentários da coluna do jornalista Cláudio Humberto, no dia de hoje, os dois dusputam palmo a palmo as obras de combate a estiagem, criando algumas situações ridículas, como a construção de novas cisternas em locais onde elas já existem. O Planalto evita um enfrentamento mais contundente à candidatura presidencial de Eduardo Campos, apostando em duas hipóteses: um recuo, algo hoje tido como pouco provável, e o apoio do governador pernambucano num eventual segundo turno das eleições de 2014. Esse jogo esconde algumas escaramuças, como a preparação de alguns peças do tabuleiro para serem usadas consoante as circusntâncias políticas exigirem. É este papel reservado, segundo dizem, ao Ministro da Integração, pelo Planalto. Por outro lado, se analisarmos a questão estritamente do ponto de vista funcional, Fernando Bezerra é a peça chave nas ações do Governo Federal no combate à estiagem na região, o que o coloca em rota de colisão frequente com o candidato e padrinho político Eduardo Campos, que tenta mostrar serviço para projetar-se. É bastante delicada a situação de FBC.

sábado, 20 de abril de 2013

Paulista: A Mata do Frio pede socorro. Estamos de olho.

 


Durante as últimas eleições municipais, criamos um grupo que se propunha a discutir as propostas dos candidatos para o município de Paulista. Adicionamos ao grupo desde o cidadão comum, àqueles atores que teriam um interesse, em tese, mais objetivo de transmitir aos eleitores as suas propostas, ou seja, vereadores, secretários municipais, candidatos ao Executivo Municipal etc. Não avançamos muito nesse sentido, dada a desmobilização da população municipal e, sobretudo, às práticas já arraigadas de "fazer" política, que não resiste a um debate mais consistente e consequente. Agora, por ocasião da mudança dos secretários de Educação e Meio Ambiente - além das escaramuças e manobras dentro do PT - é interessante observar os critérios definidos para que este ou aquele cidadão assuma tal secretaria, todos, indistintamente, visando atender, tão somente, os componentes políticos. Chegou-se até a falar em currículo, mas apenas para dourar a pílula. Um professor vai para a Secretaria de Educação e um biólogo vai para a Secretaria de Meio Ambiente. Faz tempo que Paulista vem "patinando" nos indicadores do IDEB, entre os municípios com mais de 200 mil habitantes. Duas gestões socialistas não foram suficiente para mudar esse quadro. Exatamente por não haver compromisso com essas mudanças, acomodando pessoas na gestão da máquina apenas para atender às conveniências de plantão. Na área de meio ambiente, apenas para ficar num exemplo, acompanha-se a anos, o desmatamento acintoso da Mata do Frio, uma espécie de pulmão da cidade, juntamente com alguns outros remanescentes da Mata Atlântica.

Sérgio Leite foi vítima de uma rasteira em Paulista?



  Pelo que se pode ler na crônica política pernambucana no dia de hoje, o deputado Sérgio Leite, uma das maiores lideranças políticas do PT no município de Paulista, pode ter levado uma "rasteira" dos companheiros de agremiação nas recentes negociações entabuladas para o partido compor com o Governo do socialista Júnior Matuto. Pelo acordo, o vereador Fábio Barros assumiria a Secretaria de Meio Ambiente, abrindo uma suplência para Aluísio Camilo, também do PT. Também avaliei como muita estranha a celeridade dessas negociações, sobretudo em razão do clima de animosidade entre as duas legendas nas últimas eleições. Parece fazer sentido as especulações em torno de uma escaramuça montada sem o conhecimento de atores importantes da legenda. Sérgio declarou-se surpreso com o fato, falando, inclusive, em expulsão do vereador. Por falar em Paulista, não posso deixar de comentar aqui um dos requisitos para a indicação do verador Tonico para a Secretaria de Educação: trânsito entre os professores. Ele não deveria ser indicado a partir de suas propostas, ou a partir de sua capacidade de realizar os planos de Governo para o setor? É por essa e outras razões que se conclui que essa gestão não será muito bem-sucedida.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Vereador Fábio Barros assume Secretaria de Meio Ambiente de Paulista.


 

Quando o prefeito Júnior Matuto assumiu a prefeitura de Paulista, externamos nossa descrença sobre a sua gestão do município. Fala-se, agora, numa minireforma administrativa cujo propósito seria o de incorporar o PT ao Governo Municipal. Até certo ponto, isso implica numa acomodação de forças, algo natural, inerente ao nosso sistema político. O que nos preocupa é essa mudança das peças do tabuleiro sem nenhum compromisso programático que pudesse trazer benefícios aos cidadãos daquele município. Haverá mudanças de nomes na Secretaria de Meio Ambiente. Assume aquela secretaria o vereador Fábio Barros(PT), abrindo a vaga de suplência para outro nome petista, o futuro vereador Aluísio Camilo. A questão que se coloca é: será que Júnior Matuto trocou essas peças preocupado com o desmatamento acintoso da Mata do Frio, de nossas saudosas peladas de final de tarde? Evidentemente que não. Atendeu tão somente aos "arranjos políticos". Sem tirar a caneta do papel, aproveita a oportunidade para mexer também na Secretaria de Educação. Apesar de nosso município ostentar um dos piores indicadores do IDEB entre os municípios com mais de 200 mil habitantes, também, aqui, o pleito atende, sobretudo, às insatisfações do Presidente do Legislativo local, vereador Tinoco.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Vai pela direita, Eduardo Campos?







 
 
Tem sido cada dia mais complicado fazer uma clivagem ideológica das tribos políticas de Brasília. Agora mesmo, por ocasião da fundação do partido Mobiliação Democrática - uma fusão do PPS e PMN - juntaram-se aos pós-comunistas os senadores do grupo autêntico do PDT, entre os quais Cristovam Buarque e Pedro Taques, o touro indomável. Voltou-se a especular, inclusive, sobre a possibilidade do senador pernambucano compor a chapa de Eduardo na condição de vice, embora ele mesmo admita que não soma muito. Melhor seria, como sugere, encontrar um nome de São Paulo, Rio Janeiro ou Rio Grande dos Sul. No caso específico de Cristovam e Taques pode-se argumentar suas dificuldades de convivência com os pupilos comandados por Lupi no PDT. O preocupante é esse alinhamento conservador em torno da candidatura de Eduardo Campos. O Ciro Gomes, sem papas na língua, já questionou se ele iria pela direita, não sem alguma propriedade, basta dar uma olhada na lista de presença dos comes e bebes oferecidos ao governador pelas suas andanças na capital federal. O partido PSB já havia se tornado num partido catch all, sobretudo depois que Eduardo passou a manter essa idéia fixa de ser presidente da República. Agora, o seu líder maior, é que anda pegando as sobras dos descontentes com a gestão de Dilma Rousseff, sem a mínima preocupação com as suas credenciais ideológicas.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Eduardo Campos já estaria montando seu quartel-general em Brasília.




Ontem, publicamos aqui uma informação que saiu na coluna do jornalista Cláudio Humberto, onde este informava que, em off, diregentes petistas asseguravam que a candidatura de Eduardo Campos seria uma jogada de Lula para isolar o mineiro Aécio Neves quem, de fato, poderia ameaçar o projeto de reeleição de Dilma Rousseff. A escaramuça consistiria em chamar a atenção para a birra de ambos, desviando o foco do real oponente de Dilma em 2014. A rigor, ninguém levou muito a sério essa informação. O avanço da estratégia que vem sendo montada pelo pernambucano, aumentando o tom das críticas, além de sua personalidade, logo colocaram por terra essa possibilidade. Por falar em estrutura, o comentário é que Eduardo Campos já estaria montando o seu quartel-general em Brasília, auxiliado por jornalistas do Estado e, principalmente, pelo guru Diego Brandy, que o acompanha desde 2006.

Ministério do Trabalho: Raposas de volta ao galinheiro








Curioso esse nosso arremedo de república. Recentemente, contingenciada pelo seu projeto de reeleição em 2014, Dilma precisou distribuir carne com as hienas. São as contingências do presidencialismo de coalizão. Defenestrou Leonel Brizola Neto do Ministério do Trabalho, um duro golpe para alguém que vinha realizando uma gestão austera, removendo os expediente de desvios de recursos públicos naquele órgão. Ser honesto, não foi o suficiente para segurar o seu cargo. Ele precisava de uma capilaridade política que nunca reuniu no PDT. Foi demitido antes mesmo da convenção do partido, numa atitude, além de tudo, deselegante. Agora, as raposas voltam a galinheiro...ops... ao Ministério do Trabalho. Carlos Lupi, o mandachuva da agremiação, conseguiu emplacar nada menos do que o secretário-executivo do órgão. Prevendo eventuais problemas, a presidente Dilma Rousseff escalou Gilberto Carvalho, o "gilbertinho" para ficar de olho nos movimentos de Carlos Lupi no órgão.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Paulista: Azeda relação entre socialistas.

 
Parecem ter azedado de vez as relações entre o prefeito de Paulista, Júnior Matuto, e o ex-prefeito Ives Ribeiro, ambos do PSB. Matuto não era o nome da preferência de Ives para sucedê-lo. Muito próximo dos Arraes, Eduardo Campos impôs o seu nome, jogando seu prestígio pessoal em sua eleição. Foi à minha terra para pedir votos para o jovem socialista, eleito sem muitas dificuldades. Quem nos acompanha, conhece nossa opinião a respeito. Recentemente, fizemos alguns comentários sobre a educação no município, por ocasião do indicativo de greve dos professores. Paulista vem sendo, sistematicamente, reprovada no IDEB. Apesar de duas gestões socialistas, pouca coisa foi feita no setor. Nenhuma inovação, nenhuma criatividade, nenhum projeto estruturador. Apenas uma gestão burocrática, consoante arranjos políticos de corte republicano duvidoso. Sabíamos de algumas dificuldades que o Júnior enfrentaria. A questão é saber se ele reúne condições para superá-las. Diante desse quadro de dificuldades, a relação entre ambos, prefeito e ex-prefeito, que já não eram boas, apenas pioraram nos últimos dias. Há quem assegure que a ruptura é iminente. O curioso é observar qual seria o caminho a ser seguido por Ives Ribeiro. As bolsas de apostas garantem que seria o PSDB. Uma escolha infeliz para um político que sempre prezou a ideologia como um dos seus balizadores, construindo uma imagem pública de socialista, da tradicionalíssima Escola Política do Dr. Miguel Arraes. Pay Attention, Ives!

domingo, 14 de abril de 2013

Planalto avalia candidatura de Eduardo Campos



Curiosa essa avaliação do Planalto sobre a eventual candidatura presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos: Basicamente, os analistas da presidência apontam as seguintes dificuldades: a) a ambiguidade do discurso, ou seja, o governador, certamente, encontraria muita dificuldade em construir um discurso de contraposição ao Governo Dilma, na condição de avalista do Governo, além de não assumir uma condição oposicionista, mas de continuísta. É difícil entender como o eleitorado interpretaria essa situação. b) As eleições de 2014, como antecipou o governador gaúcho, Tarso Genro, ainda permaneceriam polarizadas entre tucanos e petistas, inviabilizando a construção de uma terceira via. c) Fragilizado em Estados de regiões estratégicas, o PSB do governador encontraria enormes dificuldades em compor alianças. d) Diante dessas circunstâncias, Eduardo Campos recuaria. Neste caso, justifica-se uma atitude ponderada do Governo Dilma, que deseja contar com o seu apoio no embate político de 2014. Independentemente dessas ponderações, o Governo Dilma, de acordo com a colunista Dora Kramer, do Estadão, irá tratá-lo com mão de ferro e luvas de veludo, permitindo-se escaramuças, como a que ocorreu durante a inauguração de trecho da Adutora do Pajeú, em Serra Talhada, onde o ghost writer do Planalto preparou um discurso sob medida para a ocasião, lembrando ao "Moleque" dos jardins da Fundação Joaquim Nabuco que o seu governo não iria muito longe sem a injeção de recursos do Governo Federal. A avaliação do Planalto faz sentido. Por outro lado, Eduardo, mesmo diante de circunstâncias adversas, se movimenta como pode, celebrando alianças inusitadas nos Estados onde não existe uma tradição forte dos socialistas, cooptando insatisfeitos da base governista, participando de encontros com empresários, BID, líderes religiosos, aparecendo na propaganda partidária como, efetivamente candidato, enfim, enviando seu recado para o eleitorado. Isso teria volta? seria apenas para se cacificar para 2018? Há quem pense que não. Qual, afinal, é o prazo de validade dessa avaliação do Planalto?

Dilma e Eduardo Campos: Inimigos cordiais

 Dora Kramer, O Estado de São Paulo.




A amabilidade que a presidente Dilma Rousseff confere no trato a Eduardo Campos em sua rota de dissidência para uma possível candidatura presidencial em 2014, dissimula o clima de tensão pré-eleitoral que o governo e o PT criam em torno dele.
É possível detectar a mesma dualidade no governador de Pernambuco: reafirma sua aliança com o Planalto e ao mesmo tempo tensiona a relação com um discurso crítico. Mas aqui vamos tratar de Eduardo Campos apenas da perspectiva do governo, como é vista a possibilidade de candidatura, se ameaça a reeleição de Dilma, se haverá retaliação ou se ainda há espaço para um "meia volta, volver".
Atuar com mãos de ferro calçadas em luvas de veludo é um conceito difundido por Napoleão Bonaparte sobre a eficácia da combinação de gestos cordiais com atos firmes na política, que define bem o espírito da estratégia governista enunciada no primeiro parágrafo.
O governo não vai brigar - a não ser quando, e se, a luta for necessária - com Eduardo Campos, mas também não vai deixar de fazer suas escaramuças para dificultar-lhe a trajetória em direção à candidatura.
A mais explícita, e exemplar dó que virá adiante, aconteceu em recente visita da presidente a Pernambuco, onde fez discurso cobrando lealdade de aliados e ressaltando que o crescimento do Estado deve-se aos inúmeros e vultosos (R$ 60 bilhões, segundo dados do Planalto) investimentos federais.
Com isso, atua no campo seguro - por ora o único - do possível desafiante com sua fórmula "dois em um": Dilma e Lula.
O governo tenta limitar seu discurso de eficácia administrativa a Pernambuco e também esvaziá-lo transferindo o êxito para a esfera federal, vale dizer, o PT.
O jogo talvez não sei a assim tão combinado, mas fato é que parte do PT alimenta a tensão cobrando que o governo o trate desde já como adversário e outro grupo faz o papel moderado para manter a porta aberta para o caso de recuo.
E por que Eduardo Campos recuaria depois de avançar tantas casas, mais não seja para acumular forças para disputa futura (2018) da Presidência?
Na visão do governo, por causa das enormes dificuldades práticas que terá de enfrentar. Uma delas, a ambiguidade do discurso, forçosamente de oposição e pragmaticamente de situação. "Haverá o momento em que terá de se definir e aí é que começarão as pressões dos governadores, dos deputados e dos ocupantes de cargos federais", argumenta um ministro do PT.
Ele vislumbra obstáculos intransponíveis na formação de alianças regionais, na fragilidade da máquina do PSB em comparação às estruturas do PT, PMDB, do PSDB; e na disputa por uma vaga no segundo turno com o tucano Aécio Neves.
Outro ministro do PT, como o citado acima com ótimo acesso à presidente, considera que na hora das definições ainda prevalecerá a tradicional disputa de petistas contra tucanos. E acrescenta: "Nos últimos anos quem tentou ser terceira via saiu das eleições menor do que entrou: Anthony Garotinho, Ciro Gomes, Heloisa Helena, Marina Silva e Cristovam Buarque".
“Na opinião dele, por mais que digam que a disputa entre PT e PSDB cansou o eleitorado, a alternativa não tem sido um espaço político consistente”.
Ambos apostam (torcem?) que Eduardo Campos pensará melhor e concluirá pelo benefício do passo atrás. Acreditam que, na hipótese de um segundo turno entre Aécio e Dilma - nesse momento, no governo, a palavra de ordem é dizer que o mineiro tem anos luz de vantagem sobre o pernambucano - o governador ficaria necessariamente com a presidente.
Apontam dois motivos. Um: porque a disputa da vaga do segundo lugar definirá o nome mais forte da oposição em 2018. Outro: se Aécio ganhar teria a vantagem da reeleição, em tese adiando os planos de Eduardo Campos para 2022.

Brasil, brasil, Roberto da Damatta

Brasil, brasil

Roberto Damatta - O Estado de S.Paulo

Escrevi um livro chamado O Que Faz o brasil, Brasil? e descobri que muita gente lia o seu bizarro título como O Que Faz do Brasil, Brasil?. Nele, eu confrontava um "brasil" como espaço geográfico e um "Brasil", um coletivo que legisla sobre si mesmo. Num nível mais complexo, eu queria confrontar - num momento difícil, pois o livro veio à luz em 1984 - práticas sociais seculares tidas como inocentes (amizade, comida, festas, trabalho, religiosidades) mais do que as instituições recorrentes nas conceituações do Brasil, as quais teimavam em reduzi-lo a Estado e a "governos" propondo, nas entrelinhas, um regime ideal a ser um dia milenariamente realizado.
Daí, talvez, o tema da conspiração, o qual, ao lado da comida, do futebol, do fuxico, da "versão verdadeira", do compadrio e do carnaval, é um dos traços mais constantes das representações do Brasil. Dela surge a crença na inveja, no "mau-olhado", como provam as pulseirinhas usadas pela presidente Dilma, que, suponho, deve ser materialista.
Cresci ouvindo conspirações. A primeira era a do Diabo contra a castidade. O erotismo nas suas formas mais banais revelava a presença do Demo em nossos pobres banheiros que só tinham água fria. O Diabo deturpava nossos pensamentos e, tal como a presidente Dilma disse para os jornalistas, manipulava os nossos sentimentos. De fato, na hora de dormir, pensávamos na Gabriela e, em vez dela surgir no seu vestido rendado, ela aparecia nua, denunciando o pecador oculto dentro do rapazinho inocente.
Um dia, conversando sério com um amigo, pensamos em amputar nossas mãos. Ele havia feito a tentativa de paralisá-las, mas o resultado promoveu um pecado ainda mais delicioso, porque "minha mão parecia ser de outra pessoa!", disse num lamento.
Mais tarde, já frequentando um curso de História que, diziam, não levava a coisa alguma e era destinado a incapazes e mocinhas, um colega mais politizado - um realista - me ensinou como os Estados Unidos tinham um plano conspiratório contra o Brasil, o qual era encabeçado por Gene Kelly, Donald O'Connor e Debbie Reynolds por meio de um manifesto chamado Cantando na Chuva.
O mundo não era o que eu via, era um lugar de conspirações e deturpações. De lutas veladas do Bem contra o Mal em suas mais diversas encarnações, e somente o confronto no espelho da "conscientização" nos livraria de uma inocência útil.
Passei, pois, de pobre pecador solitário a inocente útil coletivo, aliado inconsciente do grande Demônio chamado Estados Unidos que todos nós, inclusive os meus mentores, consumíamos em filmes, moda e livros, desbragadamente.
Ainda hoje um lado meu diz que tudo conspira. De uma certa perspectiva, o filme é um mero musical, mas do ponto de vista da tela trata-se de uma maldita conspiração. Mude-se o ponto de vista e o mundo muda de figura: a música que canta o amor eterno vira ideologia. O mesmo com a pintura de Victor Meirelles, Parreiras, Pedro Américo e de Amoedo (apreciada pelo meu avô Raul) e com os livros de Machado de Assis, um dos meus mentores ideológicos que considerava um alienado porque ele não fora capaz de denunciar a "luta de classes" existente no Brasil.
Esse era um mundo de verdades e mentiras no qual víamos os problemas políticos e sociais como doenças e imposições das quais podíamos nos livrar tomando os remédios e as medidas apropriadas. Nele não havia contradição de valores, mal-entendidos, má-fé nem consequências não previstas de falas e comportamentos. Você, diziam, tem direito de fazer o que quiser, porque é livre, mas não pode casar com uma negra; não há nada de mais em adotar políticas opostas para um mesmo problema, como nada impede que o Congresso Nacional coloque na Presidência de uma Comissão de Ética um homofóbico fundamentalista. Deus só fazia o bem e o Diabo, o mal. Não se suspeitava do seu nível de interdependência, aliás, sabia Santo Agostinho.
Vivi um Brasil que desconhecia a força das pequenas coisas - das comidas, da saudade e das festas de aniversário: dos favores e dos amores. Um Brasil crente que as "criadas", as "amas" e as "aias" eram parte da família.
Saudosismo? Nada disso. Quero, isso sim, ajudar a ver o Brasil "inocente" cara à cara com o das conspirações. Um Brasil que, pelo que vejo, ainda se pensa que pode resolver tudo pela lei e pelo decreto.

Repercutiu nas redes sociais

É do cartunista Angeli o mais eloquente documento contra a redução da maioridade penal.

Um recado perfeito para quem esquece da necessidade de um grande projeto de educação.

E para políticos oportunistas.
  • Fernando Spanghero · 23 amigos em comum
    O grande problema é que há sempre um idiota que imbeciliza um assunto sério. Não dá mais para ver assassinos de 17 anos matando a torto e a direito, sob o amparo de uma legislação arcaica, anacronica, injusta e sem consonancia com a realidade do país e do mundo. Se pode casar, dirigir, votar, fumar maconha, matar e asaltar, pode pagar pelos seus crimes perante a lei e a sociedader.
  • Sidnei Pires Nada justifica a redução. Não tem a menor eficácia.
  • José Luiz Silva O Brasil possui uma das legislação mais avançadas sobre esse assunto. Independentemente dos humores de conveniência ou as indignações em relação a delitos cometidos por menores, a questão fundamental é se a redução teria alguma eficácia no que concerne aos crimes cometidos por eles. Parece-nos que não.
  • Fernando Spanghero · 23 amigos em comum
    Claro que tem Sidnei. Os menores hoje matam em razão da impunidade, além da questão da facilitação. Qualquer bando de aloprados tem um menor no meio, exatamente para que os maiores cometam os crimes e eles assumam a responsabilidade. Em razão da inimputabilidade saem logo das Febems e Funasas da vida e voltam a delinquir.
  • Fernando Spanghero · 23 amigos em comum
    Quanto ao José Luiz, é verdadeiro que o Brasil tem uma das legislações mais avançadas do mundo nese campo. Contudo é absolutamente ineficaz, por sua impraticabilidade. Não adianta avança na legislação se a realidade factual do País não lhe permite aplicá-la. A grande questão a se discutir não é a existencia ou não de uma legislação avançada. É, em verdade, se esta legislação vai ser realmente e rigorosamente cumprida pelo ordenamenteo juridico do País. A legislação feita para os menores é impraticavel de ser aplicada em razão da nossa realidade sócio econômica, dentro de nossa realidade jurídica, e, sobretudo em razão de nossa realidade poilítica/social. Fazer leis para não serem cumpridas é nãolegislar. Países de situação social amplamente superiores a nossa não fazem este tipo de lei, por nção poderem cumpri-la. Imagine-se um lugar feito o Brasil, onde lei e justiçã não caminham em paralelo, e, em geral os delinquentes tem mais direito do que os cidadãos de correta conduta. Lei boa é a que se pode cumprir, e esta, não se cumpre. Faz o que, continua deixando matar ???!!

Luis Fux ainda no olho do furacão.



Ainda repercute nas redes sociais a conduta do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luis Fux, no sentido de garantir sua indicação para o STF. Wálter Maierovitch, colunista da revista Carta Capital, relembrando a cerimônia do beija-mão, comenta que a lista dos nomes procurados pelo então membro do STJ é imensa. Vai desde membros do MST a Paulo Maluf, o que indica que os critérios ideológicos nunca estiveram nos horizontes de Fux. A princípio, fazer lobby, conforme comentamos, não é crime. O enredo desses diálogos impertinentes, no entanto, envolvem algumas questões no mínimo questionáveis sob o crivo da ética, sobretudo partindo de alguém que pleiteava a indicação para a Suprema Corte do país. Segundo comenta-se, essa seria a terceira tentativa de Fux em entrar naquela Corte. Morubixabas petistas asseguram que ele teria prometido "matar a bola do Mensalão no peito", caso fosse o indicado. No olho do furação, o ministo recusou-se a comparecer a um desses "cozidos" oferecidos a ele recentemente.

"Diálogos pelo Maranhão" alavanca candidatura de Flávio Dino.


 
 

Através dos seus "Diálogos pelo Maranhão", o grupo que se reúne em torno da candidatura de Flávio Dino(PCdoB) ao Governo daquele Estado, começa a discutir suas proposta com a população. Preterido pelo PT no pleito passado, o presidente da Embratur, desta vez, articula com a direção nacional da agremiação o apoio à sua candidatura, com o aval do Planalto. Trata-se de uma obra de engenharia política complexa, uma vez a família Sarney(PMDB) é aliada de longas datas do PT. O apoio dos petistas à então candidata Roseana Sarney, nas últimas eleições, provocou uma tremenda saia-justa entre a Executiva Nacional da legenda e o diretório do partido naquele Estado. Saia-justa, na realidade, é um eufemismo. Tratou-se de estupro ideológico, obrigar militantes históricos como o líder componês Manuel da Conceição a apoiar a candidatura de uma Sarney. Houve até greve de fome e outros protestos na Câmara Federal, conforme os registros fotográficos. A candidatura de Flávio está dentro das prioridades do PCdoB. O pleito do partido foi posto na mesa de Dilma para 2014. Dilma, pessoalmente, nutre uma grande admiração por Flávio Dino. Seu sotaque de militante identifica-se bastante com o companheiro que representa a maior oposição aos Sarney naquele Estado. Manuel da Conceição, para quem não se lembra, foi o primeiro candidato ao Governo do Estado de Pernambuco pelo PT. Daqueles tempos em que o partido se reunia no Sindicato das Empregadas Domésticas.

Charge!Paixão! Gazeta do Povo!

Paixão

sábado, 13 de abril de 2013

O que é democracia: Uma ideia tantas vezes subvertida



Por Romila Thapar - Por solicitação da Unesco
Em O Fim da História, o pensador norte-americano Francis Fukuyama dizia que, com o colapso do comunismo, a democracia e o capitalismo se firmaram como os grandes vitoriosos entre todos os sistemas e ideologias existentes. Mas democracia é um conceito esquivo, como se tem visto muito recentemente.
O Ato Patriótico, assinado pelo ex-presidente norte-americano George W. Bush após os atentados de 11 de setembro de 2001, por exemplo, ia contra uma série de direitos civis. Há dúvidas consideráveis a respeito de os atuais regimes da Venezuela e do Irã poderem ser considerados democracias. A historiadora indiana Romila Thapar, professora emérita da Universidade Jawaharlal Nehru, de Nova Delhi, analisa a seguir os vários aspectos que cercam a ideia de democracia.
Democracia: dois lobos e um cordeiro escolhem o prato do jantar. Liberdade: Um cordeiro bem armado contesta a escolha dos lobos.
Democracia: dois lobos e um cordeiro escolhem o prato do jantar. Liberdade: Um cordeiro bem armado contesta a escolha dos lobos.

Nas cidades-estado gregas, os escravos eram a maioria
O ideal democrático nunca foi totalmente traduzido na prática. Muitas das chamadas sociedades democráticas do passado foram sequestradas e tornaram-se oligarquias em que a retórica democrática era usada para preservar a ficção de que o grupo dominante representava a maioria.
As cidades-estado gregas, por exemplo, são frequentemente citadas como as primeiras democracias, mas é convenientemente esquecido que, nelas, o número de cidadãos livres era superado pelo de escravos e estes não eram representados nem tinham qualquer direito. À luz da experiência histórica, como a democracia pode ser adaptada às circunstâncias atuais?
Nos tempos modernos, a democracia tem sido frequentemente associada ao Estado-nação. Mas talvez não devêssemos esquecer a experiência das unidades políticas e sociais menores que, no passado, foram governadas adotando programas semidemocráticos.
Aqueles que buscaram dotar o Estado-nação de uma identidade, associando-o à classe média ou a um grupo regional, linguístico, étnico ou mesmo religioso, afirmaram estar fazendo isso em nome da democracia. Às vezes, tem-se argumentado, essas comunidades eram fictícias e sua identidade ostensiva camuflava aspirações ocultas.
Romila Thapar, historiadora indiana de renome mundial escreveu este artigo a pedido da Unesco
Romila Thapar, historiadora indiana de renome mundial escreveu este artigo a pedido da Unesco
Ao equiparar-se a identidade do grupo ao nacionalismo, as causas democráticas e nacionais se uniram. Mas, nesses Estados-nações, o funcionamento da democracia era limitado pelo nacionalismo ao qual estavam ligados. Agora que o Estado-nação está sendo cada vez mais questionado, devemos também questionar a democracia - ou certos tipos de democracia?
Uma questão que poderia ser feita é se a democracia pressupõe o secularismo. Em muitas partes do mundo, a religião está sendo manipulada politicamente numa escala sem precedentes. Ao dizer isto, não estou contestando o direito de as pessoas praticarem sua fé, mas a maneira como vários políticos e fundamentalistas distorceram esse direito. Se questionar a função pública da religião leva necessariamente ao secularismo, então isso poderia incentivar a promoção de outra abordagem para a democracia, especialmente em sociedades nas quais várias religiões existem lado a lado.

As minorias já sabem que não podem ser excluídas
A democracia implica representação e decisões baseadas nas opiniões da maioria. Mas o que constitui uma maioria? Se é simplesmente uma questão de número de votos nas eleições, isso abre caminho para fraudes eleitorais ou para a mobilização de apoio da massa por ideologias que parecem abraçar uma variedade de causas, mas que, na realidade, não são mais do que um mecanismo para atrair e controlar um grande número de pessoas.
Penso aqui sobre o tipo de populismo reacionário baseado em raça ou religião que repetidamente causou tensões e violência em muitas partes do mundo. Nos interesses de uma verdadeira democracia, valeria a pena considerar como tais movimentos podem ser impedidos de impor sua definição de governo da maioria, especialmente quando as comunidades religiosas são exploradas politicamente, como parte de uma agenda supranacional oculta.
O moderno Estado-nação também enfrenta o problema de acomodar as culturas minoritárias, as quais estão cada vez mais conscientes de que não podem ser excluídas da maioria democrática. Esse problema poderá se tornar especialmente agudo nos países industrializados, onde grupos nitidamente diferentes têm sido reunidos à força por meio de conexões coloniais passadas e necessidades econômicas presentes, e onde uma maioria numérica é, por vezes, reduzida à condição de uma minoria política. Nas ex-colônias, onde tais conflitos também são conhecidos, os grupos divergentes pelo menos compartilham normalmente alguma herança e história comuns.
Se a maioria é simplesmente uma questão de número de votos nas eleições, o processo abre caminho para fraudes eleitorais. Segundo analistas políticos ocidentais, isso teria ocorrido nas últimas eleições iranianas, nas quais o candidato governista Mahmud Ahmadinejad foi reconduzido ao cargo.
A melhor maneira de entender a correlação entre cultura e democracia é examinar a maneira pela qual os indivíduos ou grupos escolhem sua identidade e percebem a diferença entre eles e os outros. Em parte, esse é o resultado da socialização precoce. Também pode nascer de tensões e conflitos, que aguçam a percepção das pessoas sobre sua identidade.
Por que, aliás, o Estado-nação deve insistir em uma única identidade? Afinal, as pessoas têm identidades múltiplas. A esterilidade de uma identidade única poderia ser substituída por uma multifacetada, envolvendo padrões sociais e culturais mais complexos. A democracia multifacetada também seria mais difícil de controlar politicamente.
A democracia representativa muitas vezes acaba com o poder removido e distante do cidadão. Agora que o cinema, a televisão e a publicidade entraram todos em ação, os supostos representantes do povo se veem dirigindo-se a audiências que não podem sequer ver.
A verdadeira representatividade deve ser baseada em alguma referência lastreada nos eleitores, que também devem manter o direito de cassar seus representantes, se assim o desejarem. Esses direitos aparentemente negativos podem fornecer um corretivo essencial para a tendência de os representantes se transformarem em personalidades influentes.
O mercado livre tem suas qualidades, mas pode também prestar-se a outros tipos de demandas ditatoriais, como a do consumismo.
O colapso de algumas economias socialistas levou os povos desses países a uma esperança desesperada de que o mercado livre iria protegê-los do ressurgimento de regimes totalitários. Mas a experiência de outros países mostra que o mercado não pode fazer isso. Infelizmente, ele pode prestar-se igualmente bem a outros tipos de demandas ditatoriais - do consumismo, da indústria de armamentos, das corporações multinacionais e de outros interesses.
Tais demandas, que corroem a igualdade de oportunidades e a justiça social, só podem ser combatidas por um sistema econômico justo e um sistema jurídico que seja acessível a todos os cidadãos e impeça a erosão dos direitos humanos e a anulação da dignidade humana.
No entanto, qualquer sistema pode ser prejudicado, maltratado ou anulado se aqueles que o controlam não puder em ser contestados. Instituições que supostamente agiriam como vigilantes muitas vezes acabam por favorecer os abusos que deveriam evitar.
A articulação da discordância e do protesto é imperativa para os sistemas democráticos. Mesmo nas sociedades democráticas, quando se ensinam às crianças seus direitos e deveres, raramente se dá atenção a seu direito de discordar. A conformidade é um prêmio, e a discordância é desaprovada ou ignorada. O sujeito submisso, em vez do indivíduo autônomo, é considerado o cidadão ideal.
Em defesa do caso do indivíduo autônomo, não estou defendendo uma sociedade anárquica. Indivíduos autônomos não se estabelecem para destruir a sociedade; eles estão preocupados em mudá-la por meio de maneiras criativas. Eles não necessariamente fazem parte da estrutura do poder em si, mas comentam sobre isso e, se for necessário, protestam contra ações específicas tomadas pelos detentores do poder. Enquanto se aceitar que há espaço para a autoridade moral, bem como a autoridade política e social na gestão da sociedade, essas pessoas sempre terão um lugar no processo democrático.

(Publicado originalmente na Revista Oásis)

O equilíbrio instável de Fernando Bezerra Coelho




Fernando Bezerra Coelho, que possui uma grande capacidade de trabalho, vem demonstrando também uma grande capacidade de equilibrista. Espremido entre o Campo das Princesas e o Palácio do Planalto, FBC precisa fazer um contorcionismo enorme para manter-se fiel ao seu padrinho político no Estado, o governador Eduardo Campos, e à sua chefe imediata, a presidente Dilma Rousseff. Suas declarações são extremamente ponderadas para não ferir susceptibilidades. O ministro vive, no jargão da Ciência Política, uma situação de equilíbrio instável. Não raro, surgem alguns oportunistas tentando inflamar o clima já tenso entre o ministro e o governador Eduardo Campos. Diplomaticamente, considera a possibilidade de Eduardo Campos não sair da base aliada e encampar o apoio ao projeto de reeleição de Dilma Rousseff. Mais solto, sem a presença de gente do Governo Federal, derramou-se em elogios ao chefe do Executivo Estadual em encontro recente no sertão do Estado, argumentando que o "Moleque" dos jardins da Fundação Joaquim Nabuco não é apenas um homem de pedra e cal, mas um grande formador de equipes.

Carrocinha de pipoca, uma crônica de Luis Fernando Veríssimo.

Luis Fernando Veríssimo - O Estado de S.Paulo

Eu sei que a coisa é séria. Se o Kim Jong-un disparar mesmo os foguetes que está ameaçando disparar contra bases americanas na Ásia, teremos uma guerra nuclear com dimensões e consequências imprevisíveis. Mas lendo sobre o perigo iminente não pude deixar de pensar na história do homem que foi atropelado por uma carrocinha de pipoca. Era um homem cauteloso que olhava para os dois lados antes de atravessar a rua e só atravessava no sinal, e que dificilmente um carro pegaria. Mas que um dia não viu que vinha uma carrocinha de pipoca, e paft. Já no ambulatório do hospital, onde lhe deram uns pontos no braço, o homem disse que tinha sido atropelado por um motoboy. Em casa, contou que tinha sido atropelado por um carro e só por sorte escapara da morte. Naquela noite, para os amigos que souberam do acidente e foram visitá-lo, especificou: tinha sido atropelado por um BMW. No dia seguinte disse aos colegas de trabalho que tinha sido atropelado por um caminhão e não sofrera mais do que um corte no braço por milagre. E quando um dos colegas de trabalho comentou que tinha visto o acidente e vira o homem ser atropelado por uma carrocinha de pipoca, gritou: "Calúnia!".
Por que me lembrei do homem que tinha vergonha de ter sido atropelado por uma carrocinha de pipoca? Desde o fim da Guerra Fria a possibilidade de um confronto nuclear entre duas potências, os Estados Unidos e a Rússia, diminuiu, mas os estoques de armas nucleares continuaram e sua proliferação também. Israel se segura para não usar seus foguetes para destruir as bombas nucleares que o Irã está ou não está construindo, Índia e Paquistão vivem comparando seus respectivos arsenais nucleares como guris comparando seus pipis, a França e a Inglaterra têm a bomba... Enfim, ainda se vive num frágil equilíbrio de terror possível, exigindo de todos os nucleares um cuidado extremo, um cuidado de atravessar a rua sem serem atropelados pelo imprevisto. E aí aparece o Kim Jong-un empurrando uma carrocinha de pipoca em alta velocidade...
Thatcher. Margaret Thatcher, aquela que encantou tantos com sua sentença de que sociedade não existe, lutou duas grandes guerras: uma contra o sindicato dos mineiros ingleses e outra contra os argentinos para que as ilhas Malvinas continuassem Falklands. Esta última teve mais mortos mas foi mais fácil. Sua vitória sobre os mineiros arrasou com os sindicatos e lhe deu forças para arrasar com o sistema de bem-estar social da Inglaterra e sua vitória sobre os generais de opereta da Argentina lhe rendeu glória e votos. No seu prontuário, além dos mortos para conservar um cisco do império no Atlântico Sul estão presos irlandeses em greve de fome que ela deixou morrer e todas as vítimas do neoliberalismo triunfante.