pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sexta-feira, 13 de junho de 2014

Quem é essa turma do vai tomar no c...

Quem é essa turma do vai tomar no c…

Por Renato Rovaijunho 13, 2014 13:33

O Brasil é um país complexo e muito difícil de explicar, mas a sua elite não. Ela é previsível e está sempre no mesmo lugar. As elites do mundo não costumam ser muito diferentes, mas a brasileira é das piores.
Não à toa o Brasil foi o último país do planeta a acabar com a escravidão, não à toa somos um dos poucos países que só agora está vivendo um ciclo democrático de três décadas. Todos os outros nossos períodos de democracia duraram menos do que isso.
Na época da escravidão, essa elite também tinha lado
Na época da escravidão, essa elite também tinha lado
E todas as ditaduras e a escravidão longínqua que tivemos são obras da nossa elite. Que se julga o Brasil. Que se acha a dona do país. Que é altamente corrupta, mas que faz de conta que o que lhe move na política é a defesa do interesse público.
Os que xingaram Dilma na tarde de ontem de maneira patife e abjeta são os netos e bisnetos daqueles que torturam negros nas senzalas. São os filhos daqueles que apoiaram a tortura na ditadura militar. São os mesmos que há pouco fizeram de tudo para que não fosse aprovada a legislação da empregada doméstica e que nos seus almoços de domingo regados a champanhe francês e a vinho italiano sobem na mesa para gritar contra o Bolsa Família.
Essa elite que xingou Dilma daquela maneira no Itaquerão sempre envergonhou o país. E ontem só aprontou mais uma. Não foi um ponto fora da curva no processo histórico. E também não foi nada inocente.
Aécio Neves mais do que todos os outros candidatos que o PSDB já teve simboliza esse elite. É o típico bon-vivant, que nunca trabalhou na vida, que surfou até os 20 anos no Rio de Janeiro e que depois foi brincar de motocross até os 25 anos na montanhas de Minas Gerais, para só depois entrar na política e ir defender os interesses da família e de seu segmento social.
Ontem, Aécio deu uma entrevista ao Globo onde atiçava seu eleitorado a sitiar a presidenta da República. E ao mesmo tempo milhares de panfletos eram distribuídos na entrada do Itaquerão associando o PT à corrupção. Pra criar o clima do ataque à presidenta.
O mesmo Aécio que botou a polícia do Rio para invadir a casa de pessoas que ele suspeita estarem criticando-o na Internet. O mesmo Aécio que silenciou a imprensa de Minas Gerais e colocou-a de joelhos para os seus projetos pessoais.
Quem xingou Dilma não foi nem um punhado de inocentes e nem a massa ignara. Foi o pedaço do Brasil que odeia o brasileiro.
Para este pedaço do Brasil que é a cara de Aécio, tanto faz se o presidente é Dilma, Lula, José ou Maria. O que eles não aceitam e que o país não seja apenas um lugar para eles exercerem sua sanha dominadora.
E por isso que o Bolsa Família, o aumento do salário mínimo, as políticas de cotas, a legislação da empregada doméstica e alguns outros programas sociais são tão abominados por essa gente. Eles querem que o povo morra de fome. Querem que o povo vá tomar naquele lugar. O xingamento não é para a presidenta. É para o Brasil que a elegeu. Porque na democracia desses patifes, o voto deles teria que valer mais do que o do sertanejo ou da mulher que luta pela sobrevivência dela e dos filhos nas periferias das grandes cidades.
Os netos e bisnetos dos escravistas e os filhos dos que apoiaram a tortura na ditadura. É esse Brasil que nos envergonha do ponto de vista histórico que nos envergonhou ontem xingando uma presidenta legítima, uma chefe de Estado que tem atuado dentro dos limites da Constituição.
Esse Brasil precisa ser derrotado mais uma vez. Porque se o projeto petista tem seus limites e poderia ser muito melhor, o desses caras é o que há de mais asqueroso. É o vai tomar no cu.
(Publicado originalmente na Revista Fórum)

(

Itaquerão: Casa Grande e Senzala

A Presidenta deveria ter visto no telão, com a gloriosa misturança.



Gilberto dizia que as pitangas são afrodisíacas

O ansioso blogueiro se sente muito honrado com o telefonema que acaba de receber de Apipucos.

De D. Madalena, devotada mulher do Mestre Gilberto Freyre com “y” (não confundir com outro, suposto antropólogo, o com ï”(*) ).

D. Madalena conta que o Mestre pediu para transmitir a esse modesto repórter algumas ponderações.

(O Mestre está afônico de tanto torcer. Ele assistiu na Fox, para não se irritar, conta a ilustre consorte.)

Diz ele:

No Itaquerão havia dois Brasis: um dentro de campo e outro fora.

Dentro de campo havia a gloriosa miscigenação de brancos, negros, misturados, italianos – Scolari – e portugueses – Parreira.

Fora de campo, só havia brancos e suas louras.

Era a representação contemporânea da Casa Grande – Casa Grande !, insiste D. Madalena.

O Mestre de Apipucos pede para observar, modestamente, que a Presidenta Dilma, que ele saúda com respeito e admiração, que a Presidenta errou de endereço: ela deveria ter assistido ao jogo no telão do Anhangabaú, no meio da galera, da misturança nacional.

Foi um erro do cerimonial.

Que a obrigou a encontrar o Barbosa nos bastidores.

Não tem problema, diz o Mestre, segundo D. Madalena: aqui em Pernambuco vamos sufragar seu nome !

(“Ele não confia nesse Dudu de olhos azuis”, diz D. Madalena, baixinho.) 

D. Madalena aproveita para enviar à Presidenta um conhaque de pitanga, aquele que, segundo o Mestre, leva “suco de pitangas colhidas em nosso sítio, cachaça de cabeça fornecida por boas engenhocas das redondezas e licor de violetas fabricado por freiras virgens e místicas”.

Em tempo: na última vez em que esteve com o Mestre, ele serviu “licor de pitanga” ao ansioso blogueiro. Com o tempo, foi promovido a conhaque. 


Paulo Henrique Amorim 


(*) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com “ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.
(Publicado originalmente no site Conversa Afiada)

Vaia da elite branca intolerante

Repercute bastante nas redes sociais as vaias e xingamentos dirigidos à Presidente da República, Dilma Rousseff, ontem, durante a abertura da Copa do Mundo de 2014. Há várias tentativas sociológicas de explicações sobre a profunda insensibilidade da elite brasileira. Uma das possibilidades possíveis é a nossa sociedade ter sido construída sob o signo do trabalho escravo, cindindo os espaços sociais entre a Casa Grande & Senzala. Alguns estudiosos até informam que carnaval e futebol pudessem unificá-las, mas, a julgar pelo que ocorreu ontem, começo a ter minhas dúvidas. Como bem observou o professor Clistenes Nascimento, num dos seus posts, havia mais negros no banco de reserva do Brasil do que nas arquibancadas. Há uma evidente má vontade dessa elite em relação às políticas de inclusão adotadas nos Governos Lula/Dilma. Torcem a cara para o Bolsa Família - que tirou milhões da condição de extrema pobreza - torcem a cara para o acesso dos pobres aos aeroportos, não suportam vê-los no circuito acadêmico, até mesmo em cursos que antes se constituíam em reserva de mercado para os branquelos bem-nascidos. Há inúmeras questões em jogo naquelas vaias dirigidas à presidente Dilma. Não sei nem por ondem começo adjetivar o ocorrido. Uma vergonha? um desrespeito? um misto de cinismo, arrogância, porra louquice e coisa do gênero. Não foi protesto. Foi agressividade barata e vil a um chefe de Estado. Algo orquestrado pelos coxinhas, que compraram ingressos a quase mil reais. Ali não havia povo. Se houvesse, esses saberiam reconhecer os avanços sociais conquistado nas últimas décadas. Possivelmente retrucariam as vaias com aplausos. Hoje, o professor Durval Muniz informa que se trata de uma elite em extinção. Não duvido nada. Uma das razões - possivelmente a principal - pelas quais este país não se encontra consigo mesmo são as profundas desigualdades sociais separando o andar de cima do andar de baixo. Precisamos continuar avançando, oportunizando a mobilidade social dos estratos sociais mais fragilizados. São esses que vão reeleger Dilma, apesar de todos os arroubos dessa elite carcomida.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Dudu e Marina: Um casamento de inconveniências

11 de junho de 2014 | 22:36 Autor: Fernando Brito

dudumarina
Poucos artigos na grande imprensa descreveram tão bem a relação do “estranho casal” formado por Eduardo Campos e Marina Silva quanto o escrito hoje, no Valor , pela jornalista Rosangela Bittar.
Poucas vezes vi tão bem descrito como um”casamento de conveniência” se transforma nas “inconveniências de um casamento de conveniência”.
Ou de como tudo o que pe falso e oportunista se esboroa na realidade da política.
Está claro que a soma Eduardo + Marina, por falsa, tirou de ambos.
Nem Campos consegue se oferecer como conservador, nem Marina o consegue fazer um “revolucionário”.
Porque nem um nem outro são isso.
São apenas dois personagens à procura de projeção.
O falso, na política, dura pouco.
E faz a soma ser menor do que cada uma das parcelas.

Sabotagem e descompromisso

 Rosangela Bittar
Uma hóspede sem teto chega à casa de seu anfitrião, que a recebe com as melhores condições possíveis de sobrevivência e abrigo, luxo até, estendendo-lhe o tapete vermelho e abrindo para ela o arsenal de foguetório. Aquela que está ali alojada na casa alheia, depois de curto período de gratidão, começa a voltar-se contra o salvador, e para isso tudo é pretexto. Da decoração da estalagem ao ciúme pela forma cordial como ele recebe também o séquito da viajante de passagem.
Acusa-o de ter extremo mau gosto, critica seu sofá alaranjado e impõe que o troque por um esverdeado, mais a seu gosto. Avisa que ali se instalará por apenas quatro meses, mas nessa fase não aceita cruzar com nenhum dos antigos amigos do dono da casa e exige que seu desejo seja uma ordem, como se direito fosse, até que consiga terminar a reforma da sua própria casa para se mudar em segurança.
O hospedeiro, feliz com a chegada de quem acreditava possuidora de uma varinha de condão para realizar seus sonhos, vai aceitando as imposições, aparentemente como ossos do ofício. Um ou outro dos amigos do hospedeiro se rebela e aparece no recinto, apesar das proibições, ousadia que enfurece a hóspede. É o que detona o ataque ao próprio dono do alojamento.
Marina Silva é a hóspede, Eduardo Campos, candidato do PSB à presidência, o hospedeiro. Candidata a vice, está alí abrigada, alegadamente apenas por um curto tempo, junto com seu pequeno séquito mais próximo de militantes ambientalistas e religiosos, enquanto continua a montar e registrar a sua própria agremiação, o Rede Sustentabilidade, de que será finalmente dona e de onde não precisará sair a cada vez que tiver uma de suas exigências recusadas pelos anfitriões que a receberam vida política afora.
Quando a abrigou, o candidato certamente imaginava ver transferidos votos que ela obteve na eleição de 2010 (19,3%), pelo menos aquela parte dos que não foram considerados de protesto. Isso não ocorreu, e, ao contrário, as atitudes da candidata a vice só reforçaram a sangria do apoio que Eduardo já possuia. Marina chegou reduzindo: tirou o agronegócio, a candidata melhor situada no Rio Grande do Sul, Ana Amélia, por ser do PP, para fazer aliança com o PMDB de José Sarney, protagonista nos ataques do candidato a presidente do PSB, chapa na qual é vice. Ambiguidade, confusão, incoerência. Tentou emplacar postes do Rede nas disputas de São Paulo e Minas Gerais, e não conseguindo promete sabotar. De sua região, a Amazônia, não se tem notícias de vantagens.
Esse desfazer foi sempre acompanhado de declarações reducionistas, deselegantes, arrogantes, como se líder de uma ONG em campanha presidencial fosse. Quem apostava na candidatura para valer não entende o descompromisso.
Apenas Marina Silva é o agente causador desse constrangimento na campanha de Eduardo? Não, o candidato a presidente é o maior responsável. Escancarou as portas sem que, como se faz em qualquer pensão, apresentasse à assinatura da hóspede as suas regras. Parece que nada combinaram. Apresentar como básico a manutenção das alianças históricas do seu partido, as soluções dadas pelos diretórios regionais, a manutenção das condições para fazer uma boa bancada, nada disso parece ter constado do decálogo de praxe.
O PSB não estava à venda, tinha seu rumo e seus métodos, e o ainda inexistente Rede, com o traquejo de um diretório estudantil, tomou-o de assalto, mas apenas por uns meses.
Eduardo Campos podia conhecer a personalidade de Marina e seu grupo restrito, mas não achou necessário armar redes de proteção. Faltou até agora, na sua campanha, um seguro planejamento. Sofre, também, a ausência de uma equipe profissional com experiência nacional. Hoje quem comanda é o sociólogo e marqueteiro argentino Diego Brandy, autor das campanhas de eleição e reeleição para o governo de Pernambuco. E falta também uma administração forte, hoje diluída, inclusive para gerir o problema Marina. Que poderia ser um patrimônio da campanha, mas tem sido fator de desestabilização.
Poucos artigos, na grande imprensa, descreveram tão bem  o “estranho casal” formado por Eduardo Campos e Marina Silva.
Uma hóspede sem teto chega à casa de seu anfitrião, que a recebe com as melhores condições possíveis de sobrevivência e abrigo, luxo até, estendendo-lhe o tapete vermelho e abrindo para ela o arsenal de foguetório. Aquela que está ali alojada na casa alheia, depois de curto período de gratidão, começa a voltar-se contra o salvador, e para isso tudo é pretexto. Da decoração da estalagem ao ciúme pela forma cordial como ele recebe também o séquito da viajante de passagem.
Acusa-o de ter extremo mau gosto, critica seu sofá alaranjado e impõe que o troque por um esverdeado, mais a seu gosto. Avisa que ali se instalará por apenas quatro meses, mas nessa fase não aceita cruzar com nenhum dos antigos amigos do dono da casa e exige que seu desejo seja uma ordem, como se direito fosse, até que consiga terminar a reforma da sua própria casa para se mudar em segurança.
O hospedeiro, feliz com a chegada de quem acreditava possuidora de uma varinha de condão para realizar seus sonhos, vai aceitando as imposições, aparentemente como ossos do ofício. Um ou outro dos amigos do hospedeiro se rebela e aparece no recinto, apesar das proibições, ousadia que enfurece a hóspede. É o que detona o ataque ao próprio dono do alojamento.
Marina Silva é a hóspede, Eduardo Campos, candidato do PSB à presidência, o hospedeiro. Candidata a vice, está alí abrigada, alegadamente apenas por um curto tempo, junto com seu pequeno séquito mais próximo de militantes ambientalistas e religiosos, enquanto continua a montar e registrar a sua própria agremiação, o Rede Sustentabilidade, de que será finalmente dona e de onde não precisará sair a cada vez que tiver uma de suas exigências recusadas pelos anfitriões que a receberam vida política afora.
Quando a abrigou, o candidato certamente imaginava ver transferidos votos que ela obteve na eleição de 2010 (19,3%), pelo menos aquela parte dos que não foram considerados de protesto. Isso não ocorreu, e, ao contrário, as atitudes da candidata a vice só reforçaram a sangria do apoio que Eduardo já possuia. Marina chegou reduzindo: tirou o agronegócio, a candidata melhor situada no Rio Grande do Sul, Ana Amélia, por ser do PP, para fazer aliança com o PMDB de José Sarney, protagonista nos ataques do candidato a presidente do PSB, chapa na qual é vice. Ambiguidade, confusão, incoerência. Tentou emplacar postes do Rede nas disputas de São Paulo e Minas Gerais, e não conseguindo promete sabotar. De sua região, a Amazônia, não se tem notícias de vantagens.
Esse desfazer foi sempre acompanhado de declarações reducionistas, deselegantes, arrogantes, como se líder de uma ONG em campanha presidencial fosse. Quem apostava na candidatura para valer não entende o descompromisso.
Apenas Marina Silva é o agente causador desse constrangimento na campanha de Eduardo? Não, o candidato a presidente é o maior responsável. Escancarou as portas sem que, como se faz em qualquer pensão, apresentasse à assinatura da hóspede as suas regras. Parece que nada combinaram. Apresentar como básico a manutenção das alianças históricas do seu partido, as soluções dadas pelos diretórios regionais, a manutenção das condições para fazer uma boa bancada, nada disso parece ter constado do decálogo de praxe.
O PSB não estava à venda, tinha seu rumo e seus métodos, e o ainda inexistente Rede, com o traquejo de um diretório estudantil, tomou-o de assalto, mas apenas por uns meses.
Eduardo Campos podia conhecer a personalidade de Marina e seu grupo restrito, mas não achou necessário armar redes de proteção. Faltou até agora, na sua campanha, um seguro planejamento. Sofre, também, a ausência de uma equipe profissional com experiência nacional. Hoje quem comanda é o sociólogo e marqueteiro argentino Diego Brandy, autor das campanhas de eleição e reeleição para o governo de Pernambuco. E falta também uma administração forte, hoje diluída, inclusive para gerir o problema Marina. Que poderia ser um patrimônio da campanha, mas tem sido fator de desestabilização.
Disso surgem os boatos de deserção precoce da candidata a vice, de preparação do embarque do candidato a presidente na candidatura Lula, se vier o ex-presidente a trocar de lugar com Dilma. Desrespeito político do qual Eduardo e Marina não podem se queixar, pois está óbvio que a campanha de Eduardo não se preparou para o descompromisso de Marina com a vitória.
As engrenagens para alavancar Eduardo estão emperradas, mas a pesquisa Datafolha do último sábado, confirmada ontem pelo Ibope, completa um panorama eleitoral em que apenas o candidato do PSDB, Aécio Neves, está em situação de melhora, devagar, é verdade, mas sempre.
A avaliação da candidata à reeleição e em queda, Dilma Rousseff, se aproxima perigosamente dos 30% no Datafolha, quando se considerava que 40% era o índice seguro para, mesmo passando ao segundo turno, garantir a eleição. Depois de um período de extrema exposição Brasil afora, depois do programa eleitoral do PT, depois de visitar todos os Estados, depois de dar inúmeras entrevistas sobre a Copa, depois de campanhas de publicidade do governo na TV.
Apontado pela pesquisa, e também ruim para Dilma, é o anseio de mudança, que continua alto: acima dos 70%. E há uma terceira má notícia, medida apenas na antiga pesquisa Ibope de duas semanas atrás mas que precisa ser revertida: na declaração sobre em quem o eleitor não votaria de jeito nenhum (rejeição específica) Dilma pontuou 43%. Muito alto esse índice, o mesmo de José Serra no segundo turno de 2010.
Ou Dilma se recupera e inverte radicalmente a curva de avaliação, ou cede expressivamente o anseio de mudança dos brasileiros e se reduz a taxa de rejeição, ou ficará tecnicamente difícil apostar na vitória líquida e certa. Há tempo e recursos de campanha para mudar esse quadro, muito mais para ela do que para Eduardo Campos e Aécio Neves, uma vez que três em cada três publicitários de campanha continuam considerando cedo para avaliações definitivas.
(Publicado originalmente por Fernando Brito, no Tijolaço)

quarta-feira, 11 de junho de 2014

JB perdeu a última chance de provar que sua valentia física não seletiva

Postado em 11 jun 2014
6ago2012---o-advogado-luiz-fernando-pacheco-afirmou-durante-a-defesa-de-jose-genoino-no-julgamento-do-mensalao-que-para-a-opiniao-publica-o-mensalao-foi-uma-farsa-1344288770151_1920x1080
Pois eu acho que Joaquim Barbosa perdeu uma esplêndida oportunidade de provar se sua valentia física é seletiva ou não.
Em 2008, ele se desentendeu com um velho integrante do STF, Eros Graus, e só não o agrediu porque foi contido.
Eros era um quase septuagenário, e disse que JB depois de bater em mulher bem que podia bater também num velho.
A primeira mulher de Barbosa lavrou um boletim de ocorrência em que se queixava de haver apanhado do marido.
Pois hoje o clima para o pugilato estava estabelecido. O advogado de Genoino estava claramente com raiva de Barbosa. Não quis perder a oportunidade de dizer-lhe umas verdades.
No tapa mais sutil e mais doído, afirmou que JB não honrava o Supremo. E se recusou a parar de falar, e imprecar, mesmo quando o microfone foi desligado.
Era a hora de Joaquim Barbosa repetir o que fez com o velho Eros: partir para cima.
Só que o advogado era jovem, troncudo, marrento e, aparentemente, trocaria murros com enorme prazer com Joaquim Barbosa.
Onde a coragem física?
Ficou guardada. JB preferiu se valer, prudentemente, de seguranças.
Pois perdeu a oportunidade – a derradeira em sua calamitosa passagem pelo STF — de desmentir a maldição de Eros, e provar que sua coragem física vai além de mulher e velho.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Michel Zaidan: Quando foi que vestimos uma única camisa?



Nelson Rodrigues, valendo-se do depoimento do escritor mineiro Oto Lara Rezende, "o brasileiro só é solidário no câncer". Se isto é ou não mais do que uma mera frase de efeito, os antropólogos  da terra dizem que falta à nossa gente um sentimento de unidade e de pertencimento, que faz das manifestações culturais o único cimento da nossa integridade nacional. Ora era a religião, depois do Exército na Primeira República. Agora, o futebol e o carnaval. É de um psicanalista pernambucano a observação arguta de que somos um povo pronto e disposto aos maiores sacrifícios e emoções, mas a serviço de causas irrelevantes, sem grandeza ou altivez. Ah, se fôsse possível canalizar essa  energia positiva do povo brasileiro para uma grande causa ou uma grande utopia social! Infelizmente, nosso entusiasmo e a nossa paíxão são gastos com movimentos, incitações e causas de fôlego curto e de pouco interesse social.
                          O teólogo da Igreja reformada, Rubem Alves  escreveu uma carta pública a Roberto Marinho, convidando-o a colocar o imenso poder de influência da Rede Globo, a serviço de causas humanitárias, sociais e pedagógicas. Infelizmente, o falecido magnata das comunicações não deu ouvidos ao educador, psicanalista e teólogo. Talvez porque sua rede de comunicações seja, antes de tudo, uma empresa (capitalista) de comunicações, e não um serviço de utilidade pública, apesar de ser uma concessão pública.
                          Quando se assiste essa incitação pública a vestir a camisa da seleção de jogadores de futebol, que vai participar de uma disputa internacional de jogos, é de se perguntar: quando foi que vestimos uma única camisa? -  Nos hospitais públicos? Nas escolas públicas? no interior de nossos condomínios e bairros? Nos polos gastronomicos ou áreas de lazer dos Shopping  Centers? -  Em canto nenhum desse país, os brasileiros - em seu dia a dia - têm dado manifestações de solidariedade, de apoio mútuo, de empatia para com os que sofrem. Existe em nosso país uma "dialética da malandragem" ou "a malandragem pragmatica". Nem mesmo o "indivíduo disciplinar", de Michel Foucault. Aqui, seria o estado de natureza hobbesiano, piorado com a Lei de Gerson, de Airton Sena ou Pelé. Este sim símbolo da cidadania esportiva de cabeça para baixo, em função dos péssimos exemplos e das declarações infelizes que costuma dar.
                          Quando foi que surgiu um exemplo positivo, abnegado, generoso e altruistico de herói? -  Betinho? - que terminou os seus dias no Conselho da Comunidade Solidária, de FHC, fazendo a propaganda da filantropia privada dos bancos, empreiteiras e empresas internacionais?
                           A razão está com aquele argentino que disse que o nacionalismo (de chuteiras, como o nosso) é uma modalidade de socialismo de tolos. Destinado a viabilizar os negócios milionários da FIFA, das empresas multinacionais, da mídia verde-amarela e dos políticos desavisados que querem tirar carona no desempenho da Seleção.
                          Pobre país, pobre cidadania. Será que não mesmo no Brasil  outras prioridades que deveriam, sim, ocupar o lugar dessa histeria esportiva, convenientemente orquestrada pelos grandes grupos economicos interessados no festim?

Censura do Diário de Pernambuco a Clóvis Cavalcanti pode ser a ponta de um icerberg


por Renato Feitosa*
Clóvis Cavalcanti é um nome com o qual os leitores dos jornais pernambucanos são familiarizados e já contribuiu em muito para alguns dos debates mais importantes na esfera pública local. É impossível, por exemplo, realizar uma pesquisa séria sobre as questões que envolvem a transposição do Rio São Francisco sem se deparar com algum artigo seu. Não é a toa que seus escritos tiveram espaço garantido nas colunas das edições dominicais do Diario de Pernambuco desde 1999. Economista, professor da Universidade Federal de Pernambuco e pesquisador da Coordenação-Geral de Estudos Ambientais e da Amazônia (CGEA) da Fundação Joaquim Nabuco, Clóvis fez das relações entre questões ambientais e desenvolvimento econômico foco de seus principais trabalhos, cujo conjunto lhe valeu a cadeira de presidente de honra da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica (EcoEco).
Ontem, domingo, dia 8 de junho de 2014, porém, os leitores do Diario de Pernambuco não encontraram nenhum texto do economista nas suas páginas. Mas não foi por qualquer “hiato” na sua produção, o que é comum para os colaboradores mais assíduos. Pela primeira vez em 15 anos, Clóvis Cavalcanti teve um artigo seu VETADO pelos editores. “Escrevi o artigo abaixo para o Diario de Pernambuco de hoje (8/6/2014). Não publicaram. Compreendo que o jornal tenha sua linha editorial. Respeito a posição alheia. Mas foi a primeira vez em que escrevo para essa coluna (desde 1999) e o texto não sai”, afirmou o colunista em seu blog pessoal. Como Clóvis deixa explícito em seu comentário, a decisão foi mais arbitrária do que técnica. Seria tremenda incoerência julgar que um publicador tão experiente cometeria erros como exceder com seu novo texto o espaço destinado aos artigos, pecar pela qualidade da redação ou qualquer outro critério que o jornal tenha levado em conta em todo o período descrito. (O link acima aponta para uma série de escritos do autor publicados pelo DP que abordam diversos temas e que qualquer questionador de boa vontade pode submeter às próprias competências para análise.)
Então, por que Clóvis Cavalcanti teve seu artigo vetado pelo Diario de Pernambuco? O motivo está associado a uma “eterna inimiga”, contra a qual toda imprensa não tem qualquer acanhamento ao bradar a sua voz, embora tenha também meios de praticá-la da forma mais sútil possível: CENSURA.
O artigo em questão traz uma abordagem concisa e elogiosa do Movimento #OcupeEstelita. Aponta a dignidade de seus objetivos e seu caráter civilizado, pacífico e legal; expõe irregularidades no processo do Projeto Novo Recife – contra o qual se levanta o movimento social – e seus malefícios para a cidade; critica o modelo urbano que o projeto expressa e as atitudes antidemocráticas e ilegais da Prefeitura do Recife na sua aprovação. Enquanto a opinião de Clóvis é vetada das páginas do DP, as construtoras povoam diariamente suas folhas com espaços de destaque comprados para sua publicidade – que é um show de horrores falaciosos à parte. Porém, se o Consórcio Novo Recife não faz mais que defender seus próprios interesses, a pseudo omissão do Diario de Pernambuco, que é totalmente ativa, colabora com eles ao vetar o texto de um colaborador costumeiro com um contraponto tão importante. O ineditismo do veto em relação ao autor e as condições do fato o tornam tão obsceno que não hesitamos em caracterizá-lo como censura.
Por sinal, a cobertura do Diario de Pernambuco sobre o Movimento #OcupeEstelita e o debate suscitado em relação ao Projeto Novo Recife é merecedora da popular expressão de Compadre Washington: “Sabe de nada, inocente!” Com a observação de que quem fica sem saber de nada são os leitores do jornal. O DP dá uma verdadeira “egípcia” em tudo, pero seletivamente.
No dia primeiro deste mês, um domingo, cerca de 10 mil recifenses compareceram ao Cais José Estelita num evento promovido pela ocupação com diversas atividades culturais e de conscientização sobre as questões que envolvem, política e urbanisticamente, o Projeto Novo Recife. O que poderia ser caracterizado como a maior manifestação civil por direitos desde junho de 2013 não teve mérito para ser destaque no DP. No dia seguinte, o jornal trazia na capa uma grande chamada para “um dos grandes problemas urbanos do Recife”: buracos provocados por tampas de bueiros. Também destacou uma foto de Neymar encontrando sua namorada e até mesmo o grande sucesso de bilheteria do filme infantil “Frozen”, o que sequer seria uma novidade (que o digam os que têm uma criança em casa!). O evento do #OcupeEstelita “reuniu centenas de pessoas” (sem especificar quantas centenas seriam) e ganhou cerca de vinte palavras numa matéria que ocupava um oitavo da página A4 do caderno principal. A mesma matéria dedicava mais espaço a reproduzir as realizações propostas pelo Novo Recife para a área do Cais, ressaltando as estimativas feitas pelo próprio consórcio do montate de investimentos e de quantos empregos seriam gerados com a construção. Nenhuma frase sobre as pautas dos manifestantes e seus questionamentos sobre as irregularidades no processo do projeto, que era descrito apenas como “aprovado pela Prefeitura”. Enfim, nenhuma palavra a mais do que já anunciaram as notas veiculadas nos espaços publicitários do jornal que foram comprados pelas construtoras Moura Dubeux, Queiroz Galvão, GL e Ara Empreendimentos.
A “omissão ativa” do Diario de Pernambuco em sua cobertura se torna mais indecorosa ainda quando comparamos a edição citada com a do seu concorrente, o Jornal do Commercio, do mesmo dia. A foto de um show do #OcupeEstelita “ocupava” cerca de um quarto da capa deste. E isso se deve não apenas às conquistas do movimento e à legitimidade por ele alcançada. Mas também a um esforço quase heróico dos profissionais do tal veículo, que aproveitaram as brechas na vigilância da redação para publicar notícias que forneciam, indiretamente, informações importantes sobre as consequências desastrosas que a construção das 12 torres do Projeto Novo Recife teriam para o seu entorno e para a cidade. Tal esforço resultou na situação em que não dar destaque ao evento do dia primeiro de junho colocaria o jornal em posição tão vexatória que não compensaria o custo político de reconhecer a conquista do movimento. O detalhe importante fica por conta de que o Sistema Jornal do Commercio pertence à JCPM, empresa batizada com a sigla do nome de seu proprietário: João Carlos Paes Mendonça, empresário que deixou de investir em supermercados e cartões de crédito para se dedicar ao ramo da construção imobiliária e de shoppings. Inclusive, na promoção publicitária do mais recente deles, o Shopping RioMar, o próprio Novo Recife teve papel de “garoto propaganda”, sendo anunciado como um dos grandes atrativos do empreendimento. (Assista este vídeo a partir dos 5 minutos e confira você mesm@.)
O veto do Diario de Pernambuco ao artigo de Clóvis Cavalcanti não apenas expõe, de forma definitiva, que a “linha editorial” do jornal está comprometida com os interesses do Consórcio Novo Recife, seus estimados clientes. Também deixa claro que o veículo ingressou numa espécie de pacto, no qual se dispõe até mesmo a não manter mais as aparências e deixar de fazer o mínimo do que poderia: dar espaço UMA ÚNICA vez a UMA ÚNICA opinião que apontasse outra perspectiva sobre os fatos, expressada por um fiel colaborador cuja legitimidade reconheceu tantas vezes durante todos esses quinze anos. O Diario de Pernambuco tem desrespeitado o direito à informação de seus leitores. E não, não há nada de inocente nisso. Antes, é preocupante! Já que é impossível deixar de imaginar, em tal contexto, que algo bem pior pode estar ocorrendo dentro da sua redação. E se você, jornalista pernambucano, acompanhou este texto até aqui e esboçou uma reação qualquer ao ler estas últimas palavras, recomendo que se informe sobre a campanha Palavras Têm Poder.

*Sociólogo, pesquisador do Centro Luiz Freire.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

O pastelão político do assessor de Campos que disse que tinha coca para Aécio

Postado em 09 jun 2014
Bahé, à esquerda, com amigos na passagem do ano
Bahé, à esquerda, com amigos na passagem do ano
É com certeza uma das histórias mais cômicas – e reveladoras — da campanha de 2014.
Digamos assim: um pastelão político.
Primeiro, foi uma postagem no seu Facebook em que o coordenador de mídias sociais de Eduardo Campos, Marcos Bahe, escreveu o seguinte, conforme registrou ontem à noite mesmo o DCM: “Vai ter Coca, Aécio.”
Era uma alusão à cocaína, é claro. O disfarce pouco sutil da cacetada era o nascimento dos filhos de Aécio, embora pouca gente comemore a chegada de crianças com Coca Cola. A partir dos três ou quatro anos, talvez.
Mas Bahe tinha pressa para veicular sua postagem. Não dá para imaginá-lo guardando a piada infame por alguns anos.
O final da história é previsível: Bahe foi demitido. Mas a comédia permaneceu: ele disse que tinha escrito aquilo para um grupo restrito de amigos, e por engano suas palavras ganharam o público.
Acrescentou hashtags hilariantes: #vacilo, #destavezfuieu e #sorry.
Note que não houve um pedido de desculpas específico nem a Eduardo Campos e nem, muito menos, a Aécio Neves.
Uma possível aliança que começara em sorrisos e troca de afagos explodira espetacularmente numa mistura de Coca e cocaína.
A parte mais divertida da comédia, para mim, veio do site da Veja, na seção Radar, de Lauro Jardim.
Pessoalmente, me fez rir intensamente na noite de domingo. Aqui, o texto. Sugiro que você vá direto aos comentários.
Lauro registrou o texto de Bahe. Era, em si, um fato engraçado: em plena Veja, adepta fanática de Aécio, a questão da cocaína era levada ao público.
Mas o melhor veio dos leitores. Duas ou três vezes li os comentários para renovar minhas risadas.
O melhor comentário que li dizia o seguinte: “Cheira, mas faz.”
Clap, clap, clap.
Outro dizia: “Este filho de Francisco é petista.” Um foi mais direto neste ponto: “O filho do Chico Buarque está perdido com essa assessoria.”
Um outro decretava: “Olhos azuis: sinônimo de pessoas traiçoeiras.”
Sobrou para o jornalista do Radar também.
“Eu acho Lauro Jardim petista.”
A influência de Reinaldo Azevedo nos leitores da Veja estava evidente. Dezenas de comentários usavam a expressão “petralhas”, que Azevedo se orgulha de haver criado como se se tratasse da Comédia Humana de Balzac, ou de Em Busca do Tempo Perdido de Proust.
Parece esperar um Prêmio Pulitzer, ou quem sabe um Nobel de Literatura, pela forma obsessiva como reivindica a expressão “petralha”.
Um outro leitor fez uma análise: “Campos é o genérico do PT. Ainda sonho com Jair Bolsonaro, contudo querer ganhar voto na base da desqualificação do adversário é petralhice.”
Aí se vê que, hoje, Reinaldo Azevedo, Bolsonaro e a Veja se misturam na cabeça dos leitores da revista.
Aécio foi intensamente defendido. Um leitor exeortou cada um dos demais a convencer cinco eleitores a votar nele, Aécio, para livrar o país dos petralhas. Mas, ainda que em medida pequena, sobrou até para o defendido. Um dos debatedores disse que Aécio aparelhou, sim, Minas, ao contrário do que gosta de dizer. Cita o caso do marido de sua irmã, Andrea Neves, nomeado para uma diretoria no Sebrae de Minas.
Um outro leitor pontificou: “O uso de drogas pode levar ao nascimento de filhos defeituosos, com problemas! É interessante que o marqueteiro do Campos analise bem isso.”
Pausa aqui.
Escrevi outro dia sobre política de comentários nos sites. Um site não é nem mais nem menos do que os leitores que atrai e que nele expressam suas opiniões.
Se um dia os anunciantes do site se detiverem para ver a quem chegam seus anúncios, provavelmente levarão um susto.
Os melhores sites do mundo moderam os comentários para evitar que sociopatas os inundem com suas mensagens de ódio. O NY Times tem uma equipe dedicada a fazer isso. No DCM, eliminamos comentários de quem propaga sua sociopatia delirante.
Mas a Veja se tornou um dos redutos prediletos do que há de mais baixo entre quem comenta em sites. Como notou Caetano Veloso, Reinaldo Azevedo parece se orgulhar dos malucos que o aplaudem a cada pancada nos petralhas, no Apedeuta etc etc.
Entre todos os comentários da nota de Lauro Jardim um dizia tudo: “É melhor cheirar do que feder”.
Sim, é claro, os petralhas, segundo ensinou a Veja a seus leitores ao longo destes anos, fedem.
Eu tinha dito que era uma prova de completa desconexão com a realidade o PSDB indicar um candidato com a fama – merecida ou não – de consumir cocaína.
Não era, sob o ângulo do PSDB, uma questão moralista – mas política, essencialmente política.
A conta fatalmente viria. O Roda Vida – em que o assunto consumiu doze intermináveis minutos – foi apenas o primeiro sinal disso.
O segundo veio ontem.
Achar que uma candidatura possa decolar em tais circunstâncias – e sem que haja ideias poderosas a empurrá-la – é, em si, mais uma piada.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.