pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Editorial: Carnaval? Só Deus sabe quando.

 


Aos poucos, parece que o bom-senso vai prevalecendo entre os nossos governantes no tocante à manutenção de cuidados preventivos em relação à pandemia do coronavírus, que está longe de chagar a um fim. Algumas festas concorridas de revéillon, como a de Tambaú, em João Pessoa, ou os carnavais do Recife e Salvador estão sendo prudentemente canceladas, numa demonstração de que, finalmente,os cuidados com a saúde são mais importantes do que qualquer festividade. Há uma quarta onda no continente europeu e o surto da variante Ômicron, iniciado na África do Sul, mas que já se espalha por outros países do continente africano. Todo cuidado é pouco quando se trata desta pandemia. O fechamento do tráfego aéreo entre esses países e o Brasil, determinado pela Anvisa, foi uma medida correta, mas é preciso que tal medida venha acompanhada de outras ações preventivas. Tanto isso é verdade que, casos da tal variante já foram registrados no país. 

Salvo melhor juízo, o primeiro caso registrado no Brasil de contágio pelo vírus foi através de uma cidadã, que havia chegado da Itália,que infectou a sua empregada doméstica. Hoje são mais de 615 mil mortos, num quadro de arrefecimento, em virtude dos avanços da vacinação, mas que ainda é muito preocupante. Outro dia, ouvi uma especialista afirmar que estamos bem distante de uma situação ideal. 200, 300 mortos diários, 5 mil, 8 mil contaminados ainda é um número bastante elevado. Segundo a cientista Margareth Dalcomo, da Fiocruz,  precisamos reduzir isso a zero, vacinando 85% da população. Somente assim poderemos festejar uma vitória efetiva contra este mal. Concordamos plenamente com ela. Não é o momento de baixar a guarda. 

Um outro grande problema diz respeito ao carnaval. Há uma pressão fortíssima do mercado e da cadeia da cultura para que a festa seja, de fato, realizada. Mas, se o consenso que esta sendo construído em torno dessas megas festas prevalecer, os governantes irão preferir assumir o custo político do que o sanitário. Nunca esquecendo que o custo sanitário poderá trazer reflexos extremamente ruins nas próximas eleições. Os governadores, prefeitos de capitais que se cuidem. As pesquisas apontam que a forma como os gestores públicos trataram essa questão, nos planos estadual e federal, terá um peso nas urnas nas eleições de 2022. 

Geralmente, nessas eleições, principalmente no plano federal e no que concerne à reeleição de alguns governadores, dois fatores são determinantes: a avaliação do governante e o rumos da economia. Já pensaram sobre os reflexos em abastecer o tanque do carro antes de chegar na zona eleitoral? Avaliação ruim e inflação alta se constituem numa combinação explosiva. Agora, também, o luto da pandemia deverá se refletir nas urnas. Isso não muda nada no caso de Pernambuco, onde o governador Paulo Câmara deverá, por exigência legal, deixar de ocupar sua cadeira no Palácio do Campo das Princesas. Não esqueçamos, porém, que ele não deverá abandonar a sua carreira política e voltar à sua condição de técnico. Uma das possibilidades é que ele concorra ao Senado Federal. Depois, está entre os seus projetos, fazer o sucessor, o que significa dizer que, independentemente de qualquer circunstância, a avaliação da população sobre como ele admisntrou a crise da pandemia irá se refletir nas urnas.    

Tijolinho: A escolha de Anderson Ferreira

 




Muito tem se especulado em torno do destino do prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira(PL), inclusive, admitimos, aqui por este blog. Há motivações para isso, afinal, ele poderia ser o fiel da balança no contexto das articulações das forças de oposição, visando as eleições estaduais de 2022. Um acordo político com este ator interessaria, por exemplo, ao prefeito de Petrolina, Miguel Coelho(DEM) e a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra(PSDB-PE), quando se está em jogo, por exemplo, um necessário processo de metropolitanização desses prováveis candidatos, que possuem bases políticas interioranas. 

Alguém poderia argumentar, por outro lado, que, uma vez mantidos seus projetos majoritários, interessaria ao jovem prefeito, penetrar nos redutos interioranos. E é verdade. A rigor, se fosse possível construir um consenso entre esses jovens prefeitos haveria, necessariamente, a contingência de se integrar essas zonas eleitorais do Estado de Pernambuco, numa eventual composição de chapa. Como esse consenso tornou-se cada vez mais difícil, entre eles, quem tinha bases políticas no interior veio para a região metropolitana, assim como quem tinha base política na região metropolitana foi para o interior, como já se observa nas movimentações políticas desses atores políticos, a exemplo do próprio Anderson Ferreira.

Miguel Coelho(União Brasil), prefeito de Petrolina, seguiu em raia própria. Anderson Ferreira(PL), até recentemente, ainda mantinha um acordo político com a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, do PSDB. Para o bem ou para o mal, as movimentações políticas na capital federal produziram efeitos devastadores sobre a quadra política local. Caciques do PL deram carta branca ao prefeito Anderson Ferreira, desde que ele apoie o projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro no Estado, algo acordado com o presidente da legenda liberal, Valdemar da Costa Neto. 

Os cavalos selados não podem passar batidos, muito menos em política. Deram a Anderson Ferreira o pão e o leite condensado. O comando do partido no Estado, com  a possibilidade de ser ele mesmo candidato ao Governo, aliado a uma base política afinada com o bolsonarismo, ou seja, setores das igrejas neopentecostais, que possuem uma identidade política profunda com a família Ferreira. Em tais circunstâncias, é muito pouco provável que o acordo anterior com a prefeita Raquel Lyra seja mantido. Como ensinava nossos avós, quando um não pode e o outro não quer, as coisas não podem dar certo. 

Editorial: A novela Geraldo Alckmin


Já faz algum tempo - daí o termo novela - que se especula sobre a possível composição de uma chapa para concorrer às próximas eleições presidenciais, formada por Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP) e Geraldo Alckmin(PSDB-SP). Caso a proposta se viabilize, ela poderia contribuir para sanar alguns embaraços políticos, principalmente em São Paulo, praça onde o PT e o PSB encontram algumas dificuldades para consolidar uma provável aliança em nível nacional. Esta seria uma composição estratégica para o PT, pois formaria uma chapa com um nome confiável às hostes conservadoras, fora de região Nordeste e, igualmente, facilitaria a vida do pupilo de Lula naquela praça, Fernando Haddad (PT-SP), que poderia estreitar os laços com Márcio França, do PSB. 

Os setores mais "autênticos" do PSB esboçam uma resistência ao nome de Geraldo Alckmin, mas isso seria o de menos, num partido onde os verdadeiros "socialistas" ficaram no passado, como Miguel Arraes, o cronista Rubem Braga e o jurista Evandro Lins e Silva. O PT teria o resultado de pesquisas internas, onde ficaria configurado que Geraldo Alckmin não afungenta os eleitores mais fiéis ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, razão que estaria estimulando ainda mais essa possibilidade. 

Desafeto do governador João Dória(PSDB-SP), provável candidato do partido às eleições presidenciais do próximo ano, a situação de Alckmin no PSDB ficou bastante difícil, senão impossível. Sua janela de migração partidária é algo tido como certa. Almeja candidatar-se ao Governo de São Paulo, onde lidera todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até o momento, o que tem se constituído num possível obstaculo à sua tomada de decisão. Seria deixar o mais provável pelo duvidoso, o que não combina bem com as decisões tomadas por velhas raposas políticas. 

Mesmo numa eventual vitória do petista, este editor já leu alguns comentários poucos alvissareiros acerca do papel a ser desempenhado, em Brasília, por Geraldo Alckmin, na condição de vice Presidente da República. Um nome do "capital" talvez fosse o mais adequado para o petista, como o mineiro José Alencar Gomes da Silva, uma espécie de salvaguarda para ele não fazer "besteira" na presidência. Deu tão certo que a reforma agrária não foi feita e o bancos nunca lucraram tanto. E, para Geraldo, talvez manter as suas bases políticas paulista fosse o mais prudente. 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: Em política não existem "Nunca" nem "Jamais".

 


Quando, em 1964, depois do golpe civil-militar, o governador Miguel Arraes foi deposto, seu vice, Paulo Guerra, foi empossado pelos militares. Paulo Guerra era da chamada cota das oligarquias familiares de Pernambuco e, portanto, confiável aos olhos dos militares. Pelo menos nos pleitos majoritários que disputou, Dr. Miguel Arraes sempre adotava a estratégia de cindir os redutos conservadores do Estado, vencendo as eleições ao aglutinar o apoio dos setores progressistas da política pernambucana. Chegou a ser bastante criticado pelo uso de tal estratégia, mas nos parece que não havia outra alternativa, numa avaliação a partir das correlações de força em jogo. Jarbas Vasconcelos, um ferrenho adversário político de Arraes, apenas conseguiu chegar ao Governo do Estado usando este mesmo expediente.

Por outro lado, Dr. Miguel Arraes nunca abandonou os “comunistas” - depois que vulgarizaram tanto o termo, é aconselhado usar as aspas - como nos confidenciou, numa entrevista, Luciano Siqueira. Alguns anos depois, o próprio neto de Arraes, o ex-governador Eduardo Campos, já falecido, prestou uma homenagem a Paulo Guerra, colocando seu nome no Hospital da Restauração. Coisas da política. E, por falar em coisas da política, Paulo Guerra deixou para o folclore político pernambucano - mas que também vale para o Brasil - uma reflexão emblemática: Em política não existem as palavras “nunca” nem “jamais”. 

Isso vem a propósito de uma notícia dando conta de uma possível reaproximação entre ACM Neto e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, um notório desafeto do presidente Jair Bolsonaro(PL). O DEM fechou uma fusão com o PSL, formando o “União Brasil”, mas, a rigor,ainda não tomou partido por algum concorrente presidencial. Especulou-se, com o aval de Luciano Bivar, que o próprio ACM Neto poderia entrar nessa jogada. Meros confetes, pois o quadro político já anda bastante congestionado pelas chamadas opções da terceira via. Manter o seu reduto político baiano, neste momento, talvez seja o mais sensato e é com este raciocínio que se enquadra reaproximação de ACM Neto com o ex-presidente da Câmara dos Deputados. 

Agora com a filiação de Jair Bolsonaro ao PL, há uma possibilidade concreta de que o partido apóie o nome do pernambucano João Roma, Ministro da Cidadania, ao Governo da Bahia. A eventual retirada do apoio do partido ao nome de ACM Neto foi a gota d'áqua. O Neto de ACM prometeu revide e ele começa com a costura de um possível nome para concorrer ao Governo do Rio de Janeiro, em 2022 - desfazendo o apoio já firmado ao nome de Cláudio Castro(PL-RJ) - entregando o diretório da legenda a Rodrigo Maia. São as voltas que a política dá. Ao perder a eleição para a Câmara dos Deputados, onde apoiava o nome de Baleia Rossi, do MDB, Rodrigo Maia culpou diretamente ACM pelo desfecho. As possibilidade de uma reconciliação, em princípio, seriam remotas, mas, como observou Paulo Guerra lá atrás, em política não existem as palavras “Nunca” nem “Jamais”.  

domingo, 28 de novembro de 2021

Tijolinho: Eduardo Leite seria mais leve, Raquel Lyra.



A passagem do então convencional João Dória(PSDB-SP) por pernambuco foi bastante festejada pelos tucanos do ninho provinciano, alcançando repercussão nacional. Já a passagem de Eduardo Leite(PSDB-RG), governador do Estado do Rio Grande de Sul, seu concorrente nas prévias tucanas, foi bastante discreta, muito menos festiva. Hoje, se entende que a tal pompa deve ter sido algo da assessoria do governador paulista e não dos anfitriões, uma vez que, logo em seguida, soubemos que os tucanos pernambucanos emprestaram seu apoio do governador gaúcho. Ficamos até certo ponto surpresos quando uma revista de circulação nacional informou que o diretório aqui do estado estava com Eduardo Leite. 

Agora, com a vitória de João Dória, na convenção nacional da legenda tucana, em Brasília, começa-se a especular sobre como serão os arranjos políticos daqui para frente, uma vez que o partido tem candidata ao Governo do Estado nas próximas eleições. A prefeita de Caruaru, Raquel Lyra(PSDB-PE), já faz um périplo pelo Estado, lançando as bases de sua plataforma política. Como disse antes, até mesmo pelos comportamentos pessoais já identificados pelos eleitores e ex-amigos, as taxas de rejeição de Dória são altas: 52% junto ao eleitorado e, permitam-me os leitores, acima disso junto aos seus pares. Raposas felpudas da terceira via já informaram que, com ele, não haverá negociação possível. 

É um andor difícil de ser carregado, principalmente para uma mulher com a sensibilidade da prefeita, que, aliás, aparece na dianteira das primeiras pesquisas de intenção de voto. Eduardo Leite seria um candidato bem mais leve, com uma capacidade bem maior de atrair determinados segmentos do eleitorado. Depois de acompanhar uma entrevista dele à CNN, ficamos convencidos disso. Seria o melhor nome para os tucanos tentarem atrais o chamado eleitorado NEM NEM. Fora da disputa, o debate político fica mais pobre e isso não é nada bom para a democracia. 

Outro nome que somaria ao lado da prefeita é o de Anderson Ferreira(PL-PE), prefeito de Joboatão dos Guararapes, que vive um grande dilema. Tem carta banca na legenda liberal, mas deverá, inexoravelmente, apoiar ou ser o candidato do bolsonarismo no Estado, ele que já acompanhva a prefeita pelas microrregiões, consolidando uma aliança em curso. Pode mudar de legenda para continuar essas caminhadas, mas não será uma tomada de decisão fácil, pois perderia o controle do partido no Estado.  

Editorial: João Dória vence as prévias tucanas

 



Finalmente, as prévias tucanas chegaram ao fim, com a vitória do governador de São Paulo, João Dória(PSDB-SP), que venceu os concorrentes Eduardo Leite(PSDB-RS) e Arthur Virgílio(PSDB-AM). Este editor não se equivou ao afirmar que o governador paulista estava blefando ao anunciar que ganharia essas prévias com mais de 70% dos votos. Ao contrário, o jogo foi bastante equilibrado: João Dória: 53,99%, Eduardo Leite: 44,66% e Arthur Virgílio: 1,35%. Para as câmaras, foi ensaiado um discurso de unidade, de soma, mas, a rigor, os tucanos estão irremediavelmente cindidos, o que deve ser refletir nas quadras estaduais, onde candidatas como Raquel Lyra(PSDB-PE), prefeita de Caruaru, possivelmente encontrará alguma dificuldade de montar o palanque do governador paulista no Estado, pois moveu moinhos pela vitória de Eduardo Leite(PSDB-RS). 

Aliás, até os mais renhidos adversários dos tucanos sabem que Eduardo Leite(PSDB-RG) seria um melhor candidato para o partido. Como disse antes, as taxas de rejeição de João Dória(PSDB-SP) são altas mesmo dentro do campo político, onde ele atua, para usarmos uma expressão de Pierre Bourdieu. Apesar dos discursos contundentes, é muito pouco provável que ele venha a empolgar o eleitorado da terceira via, assim como será difícil uma composição com outras forças políticas do chamado centro,que já anteciparam que não abririam um canal de negociação com os tucanos se o nome vencedor fosse o de Dória.

Dória, preferencialmente - como, aliás, já vem fazendo há algum tempo - lançará suas baterias de críticas ao presidente Jair Bolsonaro(Sem Partido) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), que lidera, até o momento, todas as pesquisas de intenção de voto. O ex-juiz Sérgio Moro(Podemos) ainda não entrou no seu radar. Ele chegou a prestigiar, salvo melhor juízo, a festa do Podemos que lançou o nome do ex-juiz como candidato presidencial, o que sugere que haja algum pacto de não agressão entre eles. Moro é o único nome da terceira via que mantém um canal de negociações com o governador tucano. 

A definição dos tucanos pelo nome de Dória ajuda os demais partidos a tomarem alguma decisão sobre o imblóglio político envolvendo a quadra de São Paulo, onde os rumos que Dória tomaria seria uma variável importante para as definições de candidaturas, alianças e estratégias dos partidos naquele estado, que se constitui no maior colégio eleitoral do país.  

sábado, 27 de novembro de 2021

Editorial: Será que é ela?



 

A rigor, nenhum candidato, até o momento, conseguiu a proeza de tornar-se ungido pelo eleitorado da chamada terceira via, um eleitoraro expressivo, que soma algo em torno de 30% dos votos. Muitos já se lançaram nesta empreitada e outros nomes ainda deverão engrossar essa fileira,quando, por exemplo, o PSDB conseguir concluir suas tumultuadas prévias. Se fizermos uma análise mais isenta, talvez possamos concluir que, apesar de estar no terceiro lugar na disputa, pelas últimas pesquisas de intenção de voto, a rigor, o eleitorado do ex-juiz Sérgio Moro(Podemos) é muito mais reflexo do recall adquirido pelo combate à corrupção - associado ao juiz em razão das trabalhos realizados durante as operações da Lava Jato - e, muito provavelmente, entre bolsonaristas insatisfeitos, pois ambos bebem na mesma fonte.  

Sua intersecão com a terceira via, se existe, ainda é muito incipiente. Assim, a conquista desses votos ainda é um campo em aberto, o que não surpreende o lançamento de novos atores para disputá-los. Há algum tempo o PSD vem trablhando o nome do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco(PSD-MG), que vem assumindo posições equilibradas e republicanas, sempre em defesa da vida e das instituições democráticas do país. Gilberto Kassab, seu padrinho político, é um dos entusiastas dessa candidatura, apostando firmimente em sua viabilidade. O MDB, por sua vez, assume que, possivelmente em dezembro, poderá ter o nome da senadora Simone Tebet(MDB-MS) como candidata. 

Outro dia, respondendo a um dos nossos editoriais a respeito deste assunto, um internaulta acreditava que o MDB não iria assumir tal candidatura. Ela não conseguiria vencer as resistência de setores mais tradicionais do partido. O MDB sempre foi um partido bastante complicado e, para os leitores bem-informados, não precisamos entrar nos detalhes das engrenagens que movem aquela agremiação política. Simone Tebet é da banda boa, da banda sadia, republicana. Realizou um excepcional trabalho durante a CPI da Covid-19, o que a credencia a disputar a indicação do partido sem o menor favor. 

Se ela conseguirá furar essa "resistência" da terceira via é uma grande incógnita, embora pese a seu favor o fato de ser uma grande parlamentar e ser mulher, hoje, segundo dizem, um diferencial importante. O quadro ainda está bastante embolado. A rigor, nenhum dos postulantes ainda conseguiu, de fato, a simpatia - e os votos - deste segmento, que nos parece bastante exigente e criterioso. Esse 30% de um eleitorado que não deseja uma volta ao passado ou dar continuidade a governos que não satisfizeram às suas expectativas é um indicador, até certo ponto, de maturidade. 

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: A terceira via e o dilema de Ciro Gomes.

 


Se houve uma aspecto positivo nesta pandemia da Covid-19, foi o fato de nos dedicarmos com maior afinco às leituras - algumas delas estavam adiadas há algum um tempo - assim como ter assistido às diversas lives de cursos e seminários que tivemos a oportunidade de acompanhar durante o confinamento, pois respeitamos rigorosamente todos os protocolos médicos tratando deste assunto. Felizmente, deixamos as clivagens ideológicas de lado,o que representou uma grande aprendizagem. Perdemos os pudores porque, se até o Moro foi acusado de comunista, imaginem o que já não disseram sobre este humilde escriba. Estamos literalmente perdidos( ou lascados, como diria o Gil do Vigor). Se Moro é comunista, precisamos urgentemente rever nossos conceitos. Vejam como essa onda de fake news contribuíram para a vulgarização de comportamentos e conceitos.   

O mais importante deles foi um curso sobre marxismo e cinema,embora o cinema tenha surgido bem depois das ideias do filósofo alemão. Marx é contemporâneo da fotografia. Quem primeiro estabeleceu este nexo foi Walter Benjamin, deixando o caminho aberto para outros grandes nomes da arte cinematográfica. Nem Jean-Luc Godard escapou de seu período maoista - considerado por ele a melhor fase de sua carreira - embora Ken Loach, com sua crítica contundente ao capitalismo em suas diversas fases, tenha se transformado num grande ícone da esquerda. Salvo melhor juízo, contemporâneo de Vladimir Herzog, num período em que ambos passaram pela BBC. 

Fizemos essa introdução para refletirmos sobre um texto bastante interessante, escrito durante aqueles períodos turbulentos que antecederam à Revolução Russa,  Que fazer?, de autoria de Vladimir Lenin, um dos trabalhos mais amadurecidos do líder russo sobre os caminhos e alinças que os operários deveriam seguir para lograrem êxito no projeto revolucionário. Independentemente de conotações ideológicas, o título do texto de Lenin tornou-se uma referência quando tratamos de alguma situação complicada, de difícil solução. Lenin era uma pessoa bastante aplicada nos estudos e não dava um passo sem antes analisar, com bastante acuidade, a melhor estratégia a ser adotada. Aqui, a referência é unicamente em relação ao título, antes que façam alguma confusão.  

À medida em que novas pesquisas de intenção de voto são divulgadas, o ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro(Podemos), consolida sua posição de 3º lugar na disputa das eleições presidenciais de 2022. Ele crava 11% das intenções de voto, com pequenas variações entre os institutos, aparecendo à frente de nomes como Ciro Gomes(PDT-CE), que tem um eleitorado consolidado nas três eleições presidenciais que disputou até este momento. Nos últimos dias, fazia um esforço tremendo para conquistar parte desse eleitorado da chamada terceira via, que soma algo em torno de 30% dos votantes. 

Investiu, sobretudo, em novas estratégias de comunicação, mas sem muito sucesso. A rigor, Ciro foi quem mais perdeu com a entrada de Sérgio Moro na disputa. Difícil afirmar que, sem Sérgio Moro na parada, ele conseguiria a proeza de conquistar o eleitorado Nem, Nem, sobretudo em relação ao fato de tratar-se de um candidato que tem um longo passado de disputas presidenciais, sempre comendo o mingau quente pelas beiradas, mas sem ampliar de forma significativa o seu eleitorado, tornando-se mais competitivo.Pode-se concluir que ele não atende às expectativas desse eleitorado. 

Pesquisas qualitativas poderiam ajudar na finalidade de entender, de fato, essas motivações de resistência desse eleitorado ao nome do senhor Ciro Gomes. Há quem diga que o seu passado petista, de alguma forma, também o prejudicaria, enfim... É o seu staff de campanha quem precisa descobrir as motivações dessa rejeição ao seu nome. João Santana vem promovendo várias mudanças em sua estratégia de comunicação, ainda sem muitos resultados. Essa coisa de comunicação é algo muito sério. Isso faz lembrar as primeiras campanhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), onde ele relatava - durante suas falas no guia - a sua trajetória de vida, adversidade enfrentadas, como um operário que passou fome e perdeu um dedo durante jornada de trabalho como torneiro mecânico. Um brasileiro igualzinho a você. Somente com a entrada de Duda Mendonça na campanha é que ele percebeu que o imaginário do pobre não se identifica com outro pobre.

Tal identidade só seria construída depois que ele passou a usar terno italiano e cortar o cabelo no mesmo cabeleireiro de Sílvio Santos. Ciro tem uma interdição - qualquer que seja - que ainda não foi devidamente diagnosticada. Pelo andar da carruagem política, com a entrada do juiz Sérgio Moro na disputa, tal problema parece agravar-se. Se ele já estava batendo forte em Lula e em Bolsonaro, suas baterias agora estão direcionadas para o ex-juiz da Lava Jato, a quem já andou desafiando através de um programa de televisão.  

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Tijolinho: O que Anderson Ferreira irá fazer com sua "carta branca"?

 



Está agendada para o próximo dia 30 a filiação do presidente Jair Bolsonaro(Sem Partido) ao PL. Desta vez, pelo andar da carruagem política, a noiva não será abandonada no altar. É o tipo de casamento que já começa complicado, conforme expusemos num editorial anterior, tratando dessa questão. O Centrão só pensa nele. Tem uma lógica e uma dinâmica bem própria, onde não se descarta a possibilidade de um divórcio assim, que as circunstâncias políticas impuserem. É complicado manter um casamento nessas condições e não sabemos se o presidente tem a verdadeira dimensão desse problema.

Assim que começaram as negociações políticas em torno de uma possível filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL, os dirigentes da legenda nos estados começaram a se preocupar sobre como se dariam esses arranjos nas quadras locais. Antes mesmo da definição, algumas lideranças abriram um canal de diálogo com o presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto, para discutir essa questão. O presidente afirmou que não se filiaria ao partido se não houvesse o compromisso de uma apoio explícito da legenda em alguns estados da federação, com o propósito de contemporizar sua base de apoio. São Paulo e Pernambuco estavam entre os estados onde a situação era das mais complicadas.

Aqui na província, por exemplo, o dirigente da legenda, Anderson Ferreira(PL-PE), já estava percorrendo o Estado com a tucana Raquel Lyra(PSDB-PE), prefeita de Caruaru, que será candidata ao Governo do Estado nas próximas eleições. Com a mudança de cenário político, Anderson Ferreira, então, ficou numa espécie de sinuca de bico, ou seja, encontra-se numa situação de difícil equacionamento. Pelo pouco que conheço do jovem prefeito, ele demonstra uma grande capacidade de articulação e o desprendimento de administrar suas ambições pessoais em nome de um projeto maior.

Caminha com Raquel Lyra desde o início das negociações para a formação de uma chapa competitiva da oposição para enfrentar os socialistas do PSB no próximo pleito. Nas eleições municipais de 2020, no segundo turno, foi flagrado num abraço na candidata do PT, Marília Arraes, o que gerou uma grande celeuma. A maior delas, segundo dizem, pois o prefeito não teria sido perdoado pelo seu ato, junto a setores do partido. Superados esses impasses, pois, em política, como diria o ex-governador Paulo Guerra, não existem as palavras "nunca' nem 'jamais", o fato concreto é que o prefeito chegou a bons termos com o presidente da legenda, em novo encontro, em Brasília. Voltou com carta branca, para candidatar-se ao que quiser, desde que apoie o projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Agora resta saber o que Anderson Ferreira irá fazer com esta tal carta branca.

Charge! Duke via O Tempo!

 


Editorial: Como anda a saúde de nossa demcoracia II

 


Os rankings sobre a saúde das democracias, por razões óbvias, sempre suscitam um grande interesse da população. Talvez pudéssemos afirmar que, sobretudo no Brasil, um país onde  tal experiência sempre constituiu-se numa grande preocupação entre os estudiosos do tema. Muitos adjetivos já foram empregados para definir a nossa experiência democrática. O historiador Sérgio Buarque de Holanda, por exemplo, costumava afirmar que, no nosso caso, ela nunca passou de um grande mal-entendido. Num país com a experiência histórica de um colonialismo escravagista e predatório - indutor de grandes desigualdades sociais e econômicas - o historiador não deixa de ter suas razões. 

No Brasil, tudo é uma espécie de concessão provisória de nossa elite torpe, insana e esquerosa. Foi assim com a libertação institucional dos escravos, tem sido assim com o nosso sistema educacional - cindido numa educação para os pobres e negros e outra para os brancos ricos - e, naturalmente, não seria diferente com a democracia. A incerteza, inerente aos processos democráticos, nunca esteve no menu dessa elite insensível. Até recentemente, em 2016, foram feitos alguns ajustes no processo democrático, justamente para satisfazer aos seus interesses, supostamente prejudicados ao se atender  às demandas humanitárias do andar de baixo da pirâmide social. 

Por muito pouco o processo autocrático não recrudesceu de vez. Tentativas ocorreram. Felizmente, alguns atores estratégicos não endossaram tais manobras. Escrevemos um longo editorial aqui no blog tratando da saúde de nossa democracia. Foi um dos editoriais mais lidos e festejados entre os leitores. Existem, como informo naquela texto, alguns órgãos que monitoram a saúde das democracias pelo mundo. No dia de ontem, a universidade de Gotemburgo, na Suécia, através do seu Instituto Variações da Democracia, publicou o seu ranking, onde o Brasil aparece como a 4º democracia mais vulnerável ou ameaçada do planeta. 

Entre os  indicadores elencadas por aquele Instituto - para se chegar ao nível de assédio - apenas o indicador da liberdade de associação não teria sofrido baixa. Em todos os outros itens, temos sofrido algum tipo de assédio. Estamos à frente apenas de países como Polônia, Hungria e Turquia, hoje classificados como regimes autocráticos. Victor Orban e Recep Erdogan, que governam, respectivamente a Hungria e Turquia, são considerados déspotas. Nossa democracia, como disse antes, tem problemas estruturais, histórico. Existem algumas variáveis novas, como o rearranjo do capitalismo financeiro internacional, cuja dinâmica acumulativa, passou a exigir regimes políticos mais fechados e estados mais condizentes com esta lógica, daí ser o fortalecimento do poder Executivo - em detrimento do Legislativo e do Judiciário - uma premissa bastante comum entre essas novas experiências autocráticas.

Ao admitir as chamadas ondas de autocracias, como a de 1994 - embora não entrem no mérito sobre como se formaram essas ondas - o Instituto Variações da Democracia, converge com o nosso raciocínio. Muito importante mencionar aqui os indicadores aferidos por aquele Instituto para se chegar a essas conclusões. Vejam onde sofremos assédios autocráticos: a) Grau de liberdade de atuação do Judiciário e do Legislativo; b) Liberdade de expressão da população; c)Disseminação de informações falsas por órgãos oficiais; d)Repressão às manifestações da sociedade civil; e)Liberdade de imprensa; f) Liberdade de oposição política.  

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Editorial: A maldição das prévias tucanas.



Numa outra oportunidade, com mais calma, voltaremos a tratar da recente pesquisa do Instituto Parará Pesquisas, divulgada mais recentemente, pela importância que essas pesquisas de intenção de voto assumem, neste momento, no contexto da corrida presidencial das eleições de 2022. Mas, antes que entremos na discussão sobre a maldição das prévias tucanas - interrrompidas no dia ontem, por absoluta ausência de condições técnicas - convém esclarecer um ponto, que tornou-se bastante polêmico, apresetado pela pesquisa da Consultoria Ponteio Político, onde, pela primeira vez, depois do lançamento oficial de sua candidatura, o ex-juiz da Lava-Jato e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro(Podemos), aparece com dois dígitos, acima do veterano Ciro Gomes(PDT-CE). 

Pelo levantamento daquela consultoria, Moro crava 11% das intenções de voto, um escore bastante alvissareiro para os seus apoiadores, que não deixaram de comemorar o fato. Logo se especulou sobre a idoneidade e o profissionalismo de tal consultoria, criada há bem pouco tempo. Numa postagem aqui no blog, sem procuração, defendemos os resultados apresentados por tal empresa, sempre em razão da credibilidade que devotamos, em princípio e por dever de ofício, aos institutos de pesquisa. Os resultados do Instituto Parará Pesquisa - que já atua no mercado há algum tempo e tem espertise no assunto - confirmam os números da Ponteio Política: Moro aparece com 10,7%. Quase onze! Antes de mais nada, gostaríamos informar que a nossa opinião sobre tal candidatura tem sido externada por aqui, através dos inúmeros editoriais. 

Não foram poucos os momentos, igualmente, que nos debruçamos sobre a análise das prévias tucanas, ora externando nossas opiniões sobre sua importância para as eleições presidenciais de 2022, ora comentando sobre os seus problemas que, aliás, acompanham essas prévias desde o instante em que elas foram anunciadas, como, por exemplo, o escândalo das filiações irregulares, devidamente contornado pela Executiva Nacional da legenda, que anulou as inscrições. Agora, na reta final, surge um problema técnico com o aplicativo usado para a votação remota dos filiados em todo o Brasil. Este fato transformou a convenção do partido, em Brasília, num grande fiasco, alcançando uma repercussão bastante negativa na mídia, o que deve render bastante, possivelmente até  os debates que deverão ocorrer entre os candidatos, envolvendo essas eleições. O PSDB, em termos concretos, não começa bem sua corrida presidencial. 

Aliás, este editor não vê como os tucanos possam ter grandes expectativas em relação às eleições presidenciais de 2022. O governador Eduardo Leite(PSDB-RS), além de reunir poucas chances de vencer as prévias, é um ilustre desconhecido do eleitorado. João Dória(PSDB-SP), por sua vez, poderá até vencer as prévias tucanas, mas irá enfrentar grandes dificuldades pela frente. Além de uma alta taxa de rejeição junto ao eleitorado, é também muito rejeitado entre os seus pares, o que dificultaria enormemente possíveis negociações políticas. Raposas políticas felpudas da chamada terceira via já anteciparam que,com ele, não haveria negociação alguma. Fora do ninho tucano, as expectativas sobre quem será o vencedor dessas prévias diz respeito aos arranjos políticos aliancistas, principalmente no Estado de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país.   

domingo, 21 de novembro de 2021

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: Senhores candidatos à Presidência da República: O eleitor ainda sabe o que vocês fizeram no verão passado.





Quem nos acompanhma por aqui sabe o quanto respeito temos pelas pesquisas de intenção de voto e,consequentemente, pelos institutos ou consultorias que as realizam. Quem costuma brigar com os resultados dessas pesquisas, geralmente, são candidatos que veem suas expectativas frustradas, ou seja, não aparecem bem na fita. Há, naturalmente, erros possíveis - previstos nas margem de erro ou não - como resultado de fatos que as pesquisas não conseguiram captar em tempo hábil ou induções a erros, provenientes de metodologias equivocadas utilizadas durante as pesquisas. A última pesquisa de intenção de voto no país foi realizada pela Consultoria Ponteio Política e divulgada recentemente, alcançando, por sua importância, grande repercussão.

Principalmente entre os partidários da candidatura do ex-juiz Sérgio Moro(Podemos). Primeiro, porque ele já aparece com os sonhados dois dígitos. Depois, porque esta é a primeira pesquisa de intenção de voto publicada depois que, oficialmente, sua candidatura foi posta na disputa pelo Palácio do Planalto. Estão sendo levantadas, por alguns órgãos de imprensa, uma série de controvérsias em torno desta pesquisa e, consequentemente, em torno da tal consultoria Ponteio Política. Trata-se de uma empresa recém-criada e esta é a sua primeira pesquisa de intenção de voto, ou seja, em tese, eles não possuem espertise no assunto. Há uma celeuma enorme em torno dos 11% obtidos pelo ex-juiz Sérgio Moro, o que seria discrepante em relação aos demais institutos,que dão ele não mais que 8%. Ora, isto está dentro da margem de erro, ou seja, de 3%. Igualmente por razões óbvias, a pesquisa repercutiu muito bem junto a setores que apoiam a candidatura do ex-juiz.

Como afirmamos em editorial anterior, a insatisfação do eleitorado é enorme, refletida nas altas taxas de rejeição captadas pela pesquisa da Ponteio Política. Todos os principais nomes até agora apresentados ao eleitorado apresentam altas taxas, de onde se conclui que teremos um empobrecimento do debate e um ajustamento compulsório do eleitorado, que será contingenciado a fazer uma opção do tipo: votar no menos ruim para o país, mesmo sabendo o que este candidato fez no verão passado. O pior é que este "vácuo político" poderá vir a ser ocupado por um outsider oportunista, embalado por uma boa estratégia de comunicação. Concretamente, essas taxas de rejeição altas é um péssimo indicador. Significa que as opções que estão postas não satisfazem as exigências do eleitorado.

Pelo andar da carraugem político, neste momento, as possibilidades de reeleição do presidente Jair Bolsonaro(Sem Partido), de acordo com a pesquisa da consultoria, estão ameaçadas. Curioso que a pesquisa também conseguiu captar aquelas palavras mágicas que estão afugentando os eleitores de determinados candidatos. No caso de Moro, por exemplo, a palavra mágica é "parcialidade", ou seja, o eleitor sabe nitidamente que ele não agiu com a isenção necessária em relação a alguns julgamentos envolvendo a operação Lava-Jato. Isso não é especulação ou conjectura. Ficou patente em áudios gravados, depois amplamente divulgados. O próprio STF construiu um consenso em torno deste assunto.

No caso de Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), os casos de corrupção que surgiram no seu governo, envolvendo estatais como a Petrobras. Portanto, senhores candidatos à Presidência da República, o eleitor minimamente informado e mais consciente sabe o que vocês fizeram e não desejariam eleger um candidato cujo passado os assustasse em suas sonhadas férias de verão. A questão é que este candidato ainda não surgiu ou entrou no páreo da disputa de 2022.

sábado, 20 de novembro de 2021

Tijolinho: Ainda não estamos em condições de realizar as festas de carnaval.


Sobretudo em função das pressões exercidas pelo mercado, alguns prefeitos e governadores estudam com muito carinho a possibilidade de realização dos festejos da carne. Consideramos uma atitude absolutamente imprudente. Concretamente, não temos as condições sanitárias ideais para festejos desse porte, embora os casos de contágio e morte no país tenha se estabilizados depois da efetivação campanha de vacinação, que já atingiu mais de 60% da população com as duas doses. Ainda assim , somente aqui no Estado de Pernambuco, mais de 600 mil pessoas não completaram a imunização total, depois da segunda dose. Imunização total é, naturalmente, força de expressão, uma vez que as pessoas continuam vulneráveis ao vírus, embora apresentem quandros leves ou assintomáticos, mesmo depois da segunda dose, o que implica dizer que os cuidados necessários - como uso de máscara e higienização das mãos - continuem sendo imprescindíveis. 

Isso talvez explique o fato de que, no dia ontem, 19, tenham sido registradas apenas 250 mortes e um pouco mais de 11 mil contaminados, o que é um número ainda bastante elevado. Depois de um longo período de rigoroso confinamento, este editor resolveu matar as saudades das caipirinhas e das tapiocas do Alto da Sé, aqui em Olinda. Num domingo, uma multidão. Lembrou bastante o período momesco. Muita aglomeração e pouca gente fazendo o uso básico das máscaras. Um carnaval seria uma tragédia, com possibilidades concretas de um recrudescimento da doença. Apelo ao bom-senso dos gestores públicos para atenderem aos conselhos dos profissionais de saúde pública, que não aconselhariam, em hipótese nenhuma, a realiação dessas festas de carnaval. 

Quero aqui elogiar o equilíbrio e a prudência do Secretário de Saúde do Governo do Estado, André Longo, que se pronunciou de forma bastante equilibrada sobre o assunto. Convém não esquecer que, nessas eleições, a conduta dos gestores públicos no tocante a este tema, irão se refletir nas urnas em outubro, conforme vem sendo observado pelas pesquisas de intenção de voto até aqui realizadas. Se este dado está passando pela clivagem do eleitorado no tocante às eleições presidenciais, não é nada improvável que o mesmo raciocínio se aplique às eleições de governadores.  

Jessé Souza: É preciso explicar o Brasil desde o ano zero

 


Jessé Souza: É preciso explicar o Brasil desde o ano zero
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O sociólogo Jessé Souza, autor de 'A elite do atraso', lançado pela editora Leya (Divulgação)

 

Em A elite do atraso – Da escravidão à Lava Jato, Jessé Souza quer fazer o que, em sua opinião, nenhum intelectual da esquerda jamais fez: explicar o Brasil desde o ano zero. Isso porque se ideias antigas nos legaram o tema da corrupção como grande problema nacional – conforme defende no livro -, só mesmo novas concepções sobre o país e seu povo poderiam explicar, de uma vez por todas, que as raízes da desigualdade brasileira não estão na herança de um Estado corrupto, mas na escravidão.

Para tanto, o sociólogo confronta uma das principais obras do pensamento social brasileiro, Raízes do Brasil (1936), de Sérgio Buarque de Holanda – responsável por utilizar pela primeira vez a ideia de patrimonialismo para definir a política nacional. Jessé compreende que o conceito – segundo o qual o Estado brasileiro seria uma extensão do “homem cordial” que não vê distinções entre público e privado – serve para legitimar interesses econômicos de uma elite que manda no mercado, este sim a real fonte de corrupção e poder.

Doutor em sociologia pela Universidade de Heidelberg (Alemanha) e professor da UFABC, Jessé Souza é autor de 27 livros, incluindo A ralé brasileira: quem é e como vive (2009), A tolice da inteligência brasileira (2015) e A radiografia do golpe (2016). Presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) entre 2015 e 2016, coordenou pesquisas de amplitude nacional sobre classes e desigualdade social. Em entrevista à CULT, o sociólogo critica a existência de uma interpretação dominante sobre o Brasil e aponta os motivos pelos quais a sociedade brasileira em 2017 não passa de uma continuidade da sociedade escravocrata de 500 anos atrás.

No livro você afirma que Sérgio Buarque de Holanda inaugurou uma forma de pensar o brasileiro como negatividade que se estende ao Estado, visão que teria influenciado de Raymundo Faoro a Sergio Moro. Por que essa chave de leitura tem tanta força?

Essa ideia foi montada para defender interesses econômicos. Às vezes me espanto como não se percebeu isso antes. Quando a elite paulistana perde o poder político para Vargas em 1930 – e perde para um movimento de classe média, que estava se formando no país naquela época -, ela começa a organizar um poder ideológico para condicionar o poder político a atuar conforme as suas regras. Isso foi dito, articulado, pensado. Esse pessoal já tinha fazendas de café, as grandes indústrias em São Paulo, já tinha controle sobre a produção material e aí constroem as bases para o poder simbólico – e a sociedade moderna vive desse poder simbólico. Essa elite cria a Universidade de São Paulo, que vai formar professores de outras universidades e que vai produzir conceitos importantes para que essa elite, tirando onda de que está fazendo o bem, faça efetivamente todo mundo de imbecil para que seus interesses materiais e políticos sejam preservados.

Que conceitos são esses?

São duas ideias que nos fazem de imbecis. Uma delas é a do patrimonialismo, em que há uma distorção da fonte do poder social real,  como se o Estado fosse montado para roubar, vampirizar e fazer o mal – e como se nada acontecesse no mercado. Embora seja uma instância de poder importante, no capitalismo quem comanda o poder é o mercado. Há uma tradição inteira, 99 de 100 intelectuais até hoje professam esse tipo de coisa. Sérgio Buarque inaugura [esse pensamento no Brasil], depois Raymundo Faoro dá uma profundidade histórica e Fernando Henrique Cardoso transforma isso em teoria; o programa político do PSDB é todo retirado de Raízes do Brasil. Mas também influenciou a esquerda. Sérgio Buarque foi um dos fundadores do PT, fez todo mundo de imbecil, da direita à esquerda. E como a esquerda não tem uma concepção autônoma de como a sociedade funciona, de como o Estado funciona, ela chega ao poder com um plano econômico alternativo, mais inclusivo, e acha que as pessoas por alguma mágica vão perceber que aquilo é bom pra elas. A esquerda nunca fez o que a direita e a elite fizeram.

Por que a esquerda nunca articulou uma narrativa contrária a essa?

Porque foi incapaz. Porque não foi inteligente, porque se deixou imbecilizar. Porque o tema do patrimonialismo é tratado como crítica social: “Olha, estamos descobrindo quais são as mazelas brasileiras, um gene da corrupção de 800 anos que nos toma a todos”. Isso significa que o Estado [teoricamente] vampiriza e não deixa as forças “emancipadoras” do mercado agirem – como se o mercado, em algum lugar do mundo tivesse sido emancipador por si próprio. Os países campeões do liberalismo como Inglaterra e Estados Unidos têm uma estrutura de Estado extremamente forte, foram protecionistas – e depois dizem a outros países serem o que eles mesmos nunca foram. Isso deu esse charme – o “charminho crítico”, como eu chamo – a esse tipo de ideia como o patrimonialismo, que muitas vezes a esquerda comprou.

O segundo conceito chave, também inventado na Usp, foi o populismo, que torna suspeito e criminaliza tudo aquilo que vem das classes populares – inclusive qualquer liderança associada a elas, que são também estigmatizadas e suspeitas de estarem manipulando a tolice “inata” dessas classes. Eu estudei por décadas os muito pobres e eles são muito mais inteligentes do que a classe média. Eles veem a política como o jogo dos ricos em que todo mundo rouba enquanto a classe média se deixa engambelar por esse tipo de coisa. A classe média foi montada para ser idiotizada, é uma espécie de capataz da elite entre nós.

Na história do pensamento social brasileiro nenhum intelectual chegou perto de romper com essas duas ideias, na sua opinião?

Florestan Fernandes saiu um pouco disso porque estudou dilemas e conflitos de classe; Celso Furtado foi outro genial que percebeu coisas importantes que não têm nada a ver com esses esquemas. Mas esses caras não reconstruíram a história do Brasil como um todo. Foi essa a ambição que eu tive nesse livro porque eu percebi que, para atacar esse negócio e dar nele um nocaute, é preciso fazer o que eles [a elite] fizeram: explicar o Brasil desde o ano zero. O que foi, como foi, por que somos hoje o que somos e o que isso implica para o nosso futuro. Eu tentei fazer o que esses caras não fizeram, apesar de termos tido críticos que discutiram aspectos parciais de modo extremamente importante. Mas se não reconstruirmos o todo, as lacunas do que construímos apenas parcialmente serão invadidas pela teoria dominante, daí Florestan usar o patrimonialismo e essa bobagem toda.

Esse pessoal diz que nosso berço é Portugal e que de lá vem a nossa corrupção – uma coisa que me dá raiva de tão frágil, já que corrupção é um conceito moderno que implica a noção de soberania popular que é coisa de 200 anos. O nosso berço é a escravidão, que não existia em Portugal a não ser para os muito ricos. Não era fundante, era marginal, nunca foi mais de 5%, enquanto nós fomos montados nela. Essa teoria sobre o Brasil, que se põe como científica, no fundo não vale um centavo furado. É montada a partir de ilusões do senso comum, como se a tradição cultural fosse transmitida pelo sangue. São instituições concretas que nos moldam, é a forma da família, da escola que faz com que sejamos o que somos.

No livro você comenta que um dos principais problemas do Brasil é que aqui não houve nenhum tipo de reflexão acerca da escravidão. Quais são os efeitos práticos disso na sociedade brasileira, hoje?  

Literalmente tudo. Primeiro há a naturalização da miséria e do sofrimento alheio. Todas as sociedades já foram um dia escravocratas, apenas a Europa, no Ocidente, quebrou com a herança escravista do mundo antigo. Isso significa que embora a pessoa seja socialmente inferior a você, ela não será tratada como uma coisa, mas como um ser humano. E com as lutas sociais por igualdade, são produzidos processos coletivos de aprendizado na qual a dor e o sofrimento do outro podem ser revividos em cada um. Nós, por outro lado, mantivemos essa subhumanidade. Nós não nos importamos com a dor e com o sofrimento dos pobres, as evidências empíricas são claríssimas como a luz do sol, inegáveis para qualquer pessoa de boa vontade. A polícia mata pobres indiscriminadamente – e faz isso porque a classe média e a elite aplaudem. Houve recentemente essa coisa completamente absurda e bárbara das matanças nos presídios, e a classe média aplaudiu. São provas de que temos, como sociedade, ódio aos pobres. Isso veio da escravidão, em que havia uma distinção muito clara entre quem é gente e quem não é. Por isso, não nos importamos com o tipo de escola e de hospital que essa classe vai ter, por exemplo, o que é uma enorme burrice porque estamos criando inimigos, ressentimento. A Alemanha fez um esforço extraordinário para incorporar os 17 milhões que viviam na Alemanha Oriental, tornando seu mercado mais forte, mas aqui a gente simplesmente joga no lixo esse tipo de coisa porque nunca criticamos a nossa herança escravocrata, porque acreditamos nessa baboseira de herança portuguesa da corrupção. Raymundo Faoro tratava a existência de senhores de escravos como algo banal, quando na verdade o senhor de escravo deve estar no centro [da análise], já que todas as outras instituições vão se montar a partir daí. É uma continuidade absurda de 500 anos e nós somos cegos a isso.

Como essa continuidade aparece?

A família dos muito pobres repete há 500 anos a família dos escravos e eles ainda fazem o mesmo tipo de serviço que faziam antes, são escravos domésticos. Fazem parte de famílias desestruturadas, uma vez que na escravidão não se estimulava que o escravo tivesse família porque era preciso humilhá-lo, abatê-lo. Exatamente como acontece hoje. A escravidão só prospera com o ódio ao escravo e o Brasil de hoje é marcado por uma coisa central que só um cego não vê, o ódio ao pobre. A humilhação do pobre. O PT caiu não por causa da corrupção – que pode ter existido, é bom ver as provas -, mas porque tocou no grande pecado de ter diminuído um pouquinho a distância entre as classes. A distância desses 20% para os 80% é a pedra de toque para esse acordo de classes absurdo no Brasil.

O único país que se assemelha a nós no planeta é a África do Sul. Vivemos um apartheid aqui. Governos de esquerda caem, acontecem golpes de Estado toda vez que tentam diminuir essa distância entre as classes. Com isso você constrói dois planetas dentro de um mesmo país, é isso o que temos hoje. Como a classe média não pode transformar esse seu ódio ao pobre em mensagem política – porque isso seria canalhice e temos essa influência cristã -, ela utiliza o pretexto da corrupção já dado pelos nossos intelectuais no tema do patrimonialismo. Todas as elites estudaram em todas as universidades essa mesma bobagem, todo jornal repetiu e repete em pílulas essa mesma imbecilidade, fazendo com que as pessoas internalizem isso como uma verdade absoluta.

Você afirma no livro que a crise atual do Brasil é “também e principalmente uma crise de ideias”. Partindo disso, quanto dessa crise a gente pode colocar na conta da própria esquerda, já que ela nunca se mobilizou para produzir outra interpretação do Brasil?

Ela nunca se mobilizou, isso é uma fraqueza e eu acho que temos que mudar isso. Eu decidi transformar a minha vida nisso, por exemplo. Tem que começar em algum momento. Eu tive sorte porque morei muito tempo fora do Brasil e de algum modo peguei um olhar externo. Tem um grande filósofo que diz que o que propicia o conhecimento é o fato de você conhecer aquele lugar, mas estranhá-lo, ou todas as coisas viram naturais. E se tudo é natural você não interroga, não há dúvida.

Um estudo recente do Instituto Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Instituto Datafolha mostra que, numa escala de 0 a 10, a sociedade brasileira chega num índice de 8,1 na predileção por posições autoritárias, principalmente entre jovens de 16 a 24 anos. Como interpreta esse dado?

É de fácil explicação. A partir de 1980 há um partido que nasce de baixo para cima. Nunca havia existido isso entre nós, um partido que congrega trabalhadores rurais e urbanos – eu tenho muitas críticas ao PT, mas é inegável que ele foi uma inflexão importante nessa história da escravidão. E ele passa a representar uma demanda por igualdade nessa sociedade perversamente desigual. Quando você afirma que esse partido é uma organização criminosa – usando no fundo aquela ideia do populismo, de que tudo o que vem das classes populares é estigmatizado – você está afirmando que a igualdade não é um fim, mas um mero meio, uma estratégia de assalto ao Estado. Ora, para onde vai a raiva justa dos 80% dos excluídos se ela não pode ser expressa de modo político e racional? Vai ser expressa de modo pré-político, ou seja, violência pura. A Globo e a Lava Jato criaram Jair Bolsonaro, só o cego ou o mal intencionado não vê. Esse namoro com o autoritarismo tem a ver com o ataque midiático, esse conluio entre Rede Globo e Lava Jato, e eu espero que esse pessoal pague por isso um dia.  

No limite, essa chave de leitura inaugurada por Sérgio Buarque serve para justificar golpes de Estado e a Lava Jato, por exemplo?

Sim, a Lava Jato não tem nada a ver com acabar com a roubalheira. Até porque a roubalheira aumentou, isso é visível agora que temos no governo uma turma da pesada. É claro que a corrupção dos políticos existe, mas é uma gota no oceano. Esses caras são meros lacaios do mercado, os office-boy, é o que o nosso presidente é. Se você disser que o sistema inteiro é corrupto e que ele foi montado assim para que o mercado pudesse comprá-lo, aí você estaria esclarecendo alguma coisa, mas quando se diz que apenas um partido, aquele das classes populares, rouba, isso é uma mentira e um crime.

(Publicado originalmente no site da Revista Cult)



(59) COMENTÁRIOS

Editorial: A fadiga do eleitorado brasileiro com a polarização.


Stuart Hall, sociólogo jamaicano negro que fez carreira em universidades britânicas, costumava afirmar que a criação binômios nas análises sociais e na vida cotidiana não são muito saudáveis para a sociedade, uma vez, como desfecho, há sempre a sopreposição de um pólo sobre o outro. Ou seja um dos pólos está sempre desejando esmagar o outro. Em várias pesquisas de intenção de voto, o eleitorado brasileiro demonstra que está chegando a esta mesma premissa em relação às próximas eleições presidenciais, programadas para ocorrer em outrubro de 2022. 

Curiosamente, os candidatos que lideram a corrida presidencial de 2022 amargam altas taxas de rejeição. Há, igualmente, 30% do eleitorado que se encontra no grupo dos "nem nem", ou seja, não desejam votar nem em Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP)) e nem em Jair Bolsonaro(Sem Partido). Embora este eleitorado também não tenha, até o momento, se decidido em torno de um nome da terceira via, que pudesse quebrar essa polarização. Em razão de propor uma pauta programática bastante ampla - falou-se até na criação de uma força tarefa para enfrentar o problema da fome no país - o ex-juiz Sérgio Moro, no momento, é quem reuniria melhores possibilidades de entornar esse angu, a despeito dos problemas a ele relacionados, como a avaliação, por parte de um eleitorado mais bem informado e consciente, sobre a sua conduta durante os trabalhos da Lava-Jato. 

Com base em pesquisas internas realizadas, o Podemos garante que ele é um candidato viável. Isso, possivelmente, o ajudou a decidir-se entrar no jogo presidencial. Não se pode dizer que sua assessoria não tem feito o dever de casa, preparando-o para enfrentar temas importantes para o país, tentanto descontruir a imagem de um candidato de uma nota só, o que seria um tiro no pé. Durante o lançamento de sua candidatura, por exemplo, ele falou sobre desemprego, fome, meio ambiente e, naturalmente, corrupção, que está em seu DNA, para o bem ou para o mal. 

Como já afirmamos em editorial anterior, corrupção não é mais o tema que empolga o eleitorado, diante da crise econômica e sanitária que o país atravessa. Não deixa de ser um tema que tem sempre sua importância num país como o nosso, mas passa despercebido, como diria o economista Roberto Campos, quando a parte mais sensível está sendo afetada: o bolso. E, por falar em temas que poderão definir os rumos das eleições presidenciais de 2022, a avaliação do candidato que pretende continuar como inquilino do Palácio do Planalto sempre tem um peso decisivo. Antes de qualquer coisa, é preciso informar que essa premissa vale para qualquer candidato que tente a reeleição. Os analistas, inclusive - com base em suas experiências e ancorados nas pesquisas - asseguram que um candidato que esteja com um escore inferior aos 40% de bom e ótimo, dificilmente se reelege. 

Uma avaliação ruim aliada ao descarrilo da economia - com inflação, retração de consumo e desemprego em alta,por exemplo - constitue-se numa combinação explosiva. Como o observou o Mago Antonio Lavareda - cientista político pernambucano - a partir da análise da última pesquisa do XP-IPESPE, a postura do governante para o enfrentamente da crise da pandemia da Covid-19, nestas eleições, também poderá ter um peso decisivo,embora,pelo menos no país, em razão da vacinação, estejamos enfrentando um arrefecimento do número de contágio e mortes.    

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Charge! Duke via O Tempo

 


Tijolinho: Como fica a situação do PL em Pernambuco?




Como já tratamos deste assunto por aqui, em editorial, as coligações celebradas no plano nacional, dificilmente se reproduzem nos Estados da Federação. Os interesses específicos dos parlamentares nos estados, consoante os arranjos com os governadores, interferem bastante nesse processo, dificultando essa utópica harmonização. A princípio pode parecer surreal, mas, nas eleições de 2018, em alguns municípios, lideranças locais do PT estavam alinhadas com forças políticas bolsonaristas. 

Há muitas especulações a este respeito, mas, concretamente, o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido)ainda não montou seu palanque aqui no Estado de Pernambuco. Há quem afirme que ele teria preferência pelo seu amigo pessoal, o Ministro do Turismo, Gilson Machado Neto(PSC), a quem já tratou como governador numa visita que fez ao estado. Ao longo desses embates entre o presidente Jair Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto, descobre-se que Pernambuco era um desses estados problemáticos, onde o presidente não admitiria que o PL apoiasse os inimigos do bolsonarismo. 

Até o flerte do prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira(PL), com a então candidata do PT à Prefeitura da Cidade do Recife, nas eleições municipais de 2018, entrou nessa conta. Uma decisão política, aliás, onde a então candidata também foi muito criticada pelo seu alinhamento às forças conservadoras do Estado. Agora, mais uma vez, Anderson Ferreira se vê às turras com este desfecho em Brasília, o que, certamente, o obrigará a tomar outros rumos, se deseja manter a aliança com a tucana Raquel Lyra(PSDB), que pretende candidatar-se ao Governo do Estado nas próximas eleições estaduais. Pelo menos no plano nacional, os tucanos seguem rumos políticos diametralmente opostos ao do presidente Jair Bolsonaro.