sexta-feira, 28 de janeiro de 2022
quinta-feira, 27 de janeiro de 2022
Editorial: O que revela a nova pesquisa IPESPE?
Li, com muita atenção, a análise do cientista político pernambucano Antonio Lavareda sobre a nova pesquisa de intenção de voto realizada pelo IPESPE, divulgada nesta quinta-feira. Ao longo de sua carreira acadêmica, Lavareda tornou-se um dos maiores especialistas brasileiros em pesquisas de intenção de voto, tornando-se uma referência mundial no assunto, daí se entender a atenção deste humilde editor em adentrar nas entrelinhas ou nuances dessa nova rodada de pesquisa, guiado pela lupa do guru.
No geral, a pesquisa não traz grandes novidades, exceto pelos indicadores que podem provocar urticárias no staff de campanha do presidente Jair Bolsonaro(PL), como, por exemplo, o quadro inalterado da percepção da economia depois de dois meses de pagamento do Auxílio Brasil, uma das apostas do governo para reverter a situação desfavorável nas pesquisas, principalmente entre os estratos menos favorecidos, geograficamente localizados nas regiões Norte e Nordeste do país.
O favoritismo do pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva permanece inalterado, cravando 44% das intenções de voto, ao passo em que o presidente Jair Bolsonaro crava os seus 24%. Uma outra novidade é o empate entre o ex-juiz Sérgio Moro(Podemos) e o ex-ministro Ciro Gomes(PDT-CE),ambos com 8% das intenções de voto, o que representa uma alento para o cearense, que trava uma briga feroz com o ex-ministro Sérgio Moro para assegurar essa terceira posição, que ele vinha mantendo antes do ex-juiz entrar no jogo.
Pelo andar da carruagem política, entretanto, a polarização ainda não emite sinais de que será quebrada, ou seja, a terceira via ainda não disse a que veio. Os índices de avaliação do Governo continuam ruins, o que se constitui num grande obstáculo num processo de se tentar uma reeleição, conforme já informamos por aqui. Salvo melhor juízo, em outro momento, o próprio Lavareda observa que mandatários com índices de desaprovação acima de 40% dificilmente conseguem se reeleger. Ainda temos muito chão para percorrer até outubro de 2022. Por enquanto, esta é a radiografia do momento, o que não significa dizer que não podemos ter mudanças deste cenário até lá.
Editorial: O avanço da Ômicron impõe a adoção de novas medidas preventivas
É bastante preocupante o avanço dessa nova variante da Covid-19, denominada de Ômicron, responsável pelo aumento sensível de novos casos no Brasil e no mundo. No país, em nove dias seguidos, registrou-se a evolução do índice de contaminações e de mortes, a despeito da curva ascendente do número de vacinados, assim como a adoção de medidas protocolares para evitar o contágio, como a exigência do passaporte de vacinação em alguns estabelecimentos. No shopping center Manaíra, em João Pessoa, a atendente da praça de alimentação o exigiu, mas para apenas uma das pessoas. Estávamos em quatro.
É correto afirmar que a vacinação vem cumprindo um papel importantíssimo neste processo, evitando que os vacinados evoluam para quadros mais graves da doença quando contaminados. Mesmo assim, como os índices de contaminação estão nas alturas, os leitos de UTIs dos hospitais estão abarrotados, em alguns casos, na iminência de um colapso. Hoje, pelo andar da carruagem sanitária, seria precipitado concluir pela menor gravidade dessa nova variável.
Registro aqui uma advertência do médico Miguel Nicolelis de que não se poderia negligenciar quanto à gravidade da ômicron, sempre apresentada como de menor poder ofensivo em relação à variante Delta. Para o especialista, este é o pior momento da pandemia.Há vários Estados da federação com mais de 80% dos leitos de UTIs ocupados, em alguns casos, como afirmamos, em vias de estrangulamento. Ontem o mapa apresentado pelo consórcio de imprensa estava todo em vermelho, com duas honrosas exceções de estabilidade e redução.Nem nos piores momentos da primeira onda tivemos tantos contaminados diariamente. Ontem, dia 26, superamos os 200 mil.
Diante de tais circunstâncias, torna-se urgente a retomada de protocolos preventivos adotados no início da pandemia,sob pena de repetimos aqui, aquelas cenas pavorosas dos EUA, cujos contágios atingiam cifras aterradoras de milhões de pessoas num único dia. Algumas prefeituras já estão adotando a medida de adiar as aulas presenciais do início do ano letivo, o que parece-nos bastante sensato. Órgãos públicos como o STF, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal pretendem retomar as atividades remotas. Pernambuco é um desses Estados que se encontram em estabilidade, mas já seria o caso de se pensar, com a prudência necessária, em torno deste assunto.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2022
Editorial: Os movimentos nada radicais de Lula

Em entrevista recente, o morubixaba petista informou que não pretende ser o candidato do PT, mas de um conjunto de forças políticas, ou, para ser mais preciso, de um "movimento". A rigor, a bem da verdade, Lula nunca foi um candidato genuinamente do PT. No Brasil, como observa os analistas da política nacional, para viabilizar-se como candidato, o sujeito precisa ter um pé no Beco da Fome e outro na Rua Oscar Freire. Sem acordos com a elite econômica e política, nada feito. Outro dia um membro do Centrão fez algumas advertâncias dirigidas a Lula sobre o controle do "orçamento' - algo que deve estar entre as preocupações de qualquer mandatário - antes mesmo de ele ser eleito, como sugeram as pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento, quem sabe até no primeiro turno.
É um jogo perverso este do nosso presidencialismo de coalizão, para não usarmos outras expressões mais duras, embora não menos adequadas ou apropriadas. Daí se entender porque uma reforma política profunda se torna tão imprescindível. Qualquer presidente, em tais circunstâncias, torna-se refém dessa gente, tendo que liberar bilhões em emendas parlamentares e inchar a máquina com seus apaniguados, apenas para reunir as condições mínimas de governabilidade. Hoje, através de uma postagem nas redes sociais, Lula emite mais um indicador de que o ex-governador Geraldo Alckmin(Sem Partido) poderá mesmo compor a sua chapa na condição de vice.
Nos Estados, realiza as costuras políticas necessárias para assegurar o apoio de setores oligárquicos regionais do velho MDB, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. Renan Calheiros, Jáder Barbalho, José Sarney estão entre esses representantes ilustres. No Maranhão, apesar do apoio ostensivo do governador Flávio Dino(PSB-MA), aguarda as sinalizações da família do ex-presidente José Sarney. Almoça com Dino e janta na ilha dos Sarney, para desespero dos petistas raízes.
Editorial: O Brasil sem a saúde democrática suficiente para entrar na OCDE
terça-feira, 25 de janeiro de 2022
O sentido das repetições históricas
A potencialidade de um acontecimento está necessariamente vinculada à sua capacidade de fazer ressoar dinâmicas históricas que, mesmo cortadas, continuam sempre em latência. Freud costumava dizer que a voz da razão pode ser baixa, mas ela nunca se cala. Isso vale para dinâmicas históricas de transformação estrutural que foram, por um período, paralisadas.
É necessário dizer isso porque nada do que ocorreu no Chile nos últimos anos é compreensível sem que retornemos à experiência do governo de Salvador Allende, entre 1970 e 1973. Pois tal experiência funciona como um campo de latências para o presente, como um corpo espectral que intervém e influencia a ação dos vivos.
Enquanto o resto do continente procurava abrir seu horizonte progressista através de pactos e alianças próprias do populismo de esquerda, acreditando em associações possíveis entre setores das burguesias nacionais e demandas populares, integrando camadas populares ao processo político através da preservação paradoxal de interesses de oligarquias descontentes, o Chile procurava outra via, algo que foi conhecido à época como “a via chilena para o socialismo”. Essa via tinha três características principais e ela quebrava a dicotomia que havia se estabelecido, desde o fim do século 19, entre dinâmica revolucionária e pacto reformista.
Primeiro, a via chilena se fundava na recusa clara de militarizar processos revolucionários. A conquista de poder se dará através de processos eleitorais e a organização que articularia tal vitória, a Unidad Popular, desconhecia centralismo democrático, tendência convergente de partido único e comando de cúpula. Ela era uma frente, mas uma frente composta por estruturas de esquerdas (socialistas, comunistas, radicais, social-democratas, democratas-cristão disssidentes, MIR, MAPU) e movimentos populares. O século 20 havia visto muitos processos revolucionários que se degradavam em sociedades militarizadas, processos que recompõem a lógica social a partir da temática de guerras infinitas. A via chilena foi a mais significativa procura em tentar outro caminho.
Segundo, tratava-se de operar progressivamente com mudanças claras na ordem econômica. Estamos a falar de um governo que estatizou o sistema bancário, estatizou o principal setor da economia chilena de então, as minas de cobre, que impulsionou a autogestão das fábricas através da criação de 61 “cordões industriais”. Ou seja, a lógica em operação não era aquela que conhecemos em coalizações populistas de esquerda e que consiste em “ganhar tempo”, em procurar integrar economicamente parcelas pobres da população sem a modificação das relações de produção. Tratava-se, ao contrário, de implementar um claro programa econômico marxista através de uma dinâmica de conquista gradual.
Por fim, esse processo fora impulsionado por uma efetiva cultura de combate. Não por outro razão uma das figuras mais emblemáticas da violência contrarrevolucionária foi o assassinato do cantor Victor Jara, que teve suas mãos cortadas no Estádio Nacional enquanto militares colocaram um violão a sua frente e disseram-lhe: “Agora, toca”.
Essa história, por mais que tenha sido silenciada, nunca efetivamente passou. Em cada revolta que o Chile conheceu a partir de 2006 (e elas foram muitas) retornavam as palavras de ordem, as imagens, as canções. Isso não era simplesmente uma citação, mas era a consciência clara de que toda dinâmica de transformação é uma repetição.
Pode parece paradoxal associar transformação e repetição, mas o paradoxo inexiste. Para que transformações sejam possíveis é necessário, inicialmente, liberar o passado de seu exílio, liberar os corpos da melancolia. Isso significa reencenar as derrotas e fazer delas vitórias. Já se falou que o tempo histórico não é uma sucessão de instantes. Entender isso é fundamental para compreender de onde vem essa força indescritível quando populações decidem não sair das ruas mesmo quando elas estão sob tiros e tanques. A força vem da incorporação das lutas passadas, vem da encarnação em um corpo político de largo espectro temporal. A força vem da compreensão de que estamos, mais uma vez, a encenar batalhas que ocorreram e que novamente se abriram.
Essa projeção em direção ao futuro mesmo no momento da derrota não é simples “messianismo”. Ela é a última astúcia da inteligência política que usa da projeção temporal para abalar um presente que se fecha. A mesma inteligência que Allende mostrou quando terminou seu último discurso, em pleno golpe, lembrando que: “mais cedo do que tarde de novo se abrirão as grandes alamedas”.
Um processo aberto
Há um documentário sobre o Chile que se chama Chicago boys (2015, Carola Fuentes e Rafael Valdeavellano). Nele, vemos a formação do grupo de economistas que, pela primeira vez, implementará o neoliberalismo no mundo. Em certo momento, quando os entrevistadores perguntam ao futuro ministro da economia de Pinochet, o sr. Sergio de Castro, sobre o que sentiu quando viu o Palácio de La Moneda bombardeado por aviões militares até a morte de Allende, ele diz, sem ocultar suas verdadeiras emoções: “uma alegria imensa. Sabia que isso era o que devia ser feito”.
Essa imagem volta quando, em 2019, o mesmo sr. de Castro é entrevistado pelo jornal La Tercera. Diante de uma insurreição popular contra as consequência do modelo que ele ajudara a implementar, o jornalista lhe pergunta: “Você, que é conhecido como um dos pais do modelo econômico chileno, como o denomina?”. Resposta: “Diria que foi a aplicação racional da teoria econômica”. A resposta era efetivamente muito boa. Ela nos lembrava que a dita aplicação racional da teoria econômica era inseparável da destruição violenta da política e de suas dinâmicas de conflito. Ela era inseparável da insensibilidade absoluta em relação ao sofrimento social que populações em fúria testemunhavam. O que colocava uma equação política maior : “nenhuma felicidade social seria possível sem a destruição dessa ‘racionalidade econômica’”. E destruir tal racionalidade não seria feito através de ajustes, promessas de integração e portas abertas para alguns representantes de populações massacradas que agora encontram lugar à mesa das benesses. Ela seria feita através da modificação estrutural da ordem jurídica. Como se fosse o caso de colocar em marcha um singular “institucionalismo insurrecional”.
Algo dessa natureza já tinha sido tentado em outro país que conhecera uma insurreição popular contra a “racionalidade econômica”, a saber, a Islândia. Essa ilha glacial fora o primeiro país a entrar em bancarrota na crise de 2008 e o único a entender que sair da crise implicava colocar banqueiros na cadeia e mudar a ordem constitucional. No entanto, sua tentativa de criar uma constituição popular acabou por ser barrada. O mesmo caminho seria agora tentado no Chile.
Nesse caso, o processo tem mais possibilidades de ser bem sucedido porque ele é uma repetição. Ele é o aprofundamento da mesma via chilena de cinquenta anos atrás. Mas ao invés da produção de modificações paulatinas do quadro institucional, trata-se de operar por uma refundação nacional. Esse processo, com novos atores sociais, foi um dos principais eixos da vitória eleitoral dos últimos dias.
É claro que riscos existem. A capacidade de transformação social da Frente Ampla não é clara. Esses anos serão de dureza extrema. Pois, como no início dos anos 1970, se a experiência chilena for bem sucedida, ela terá aberto uma via que recolocará a imaginação política mundial em movimento. No entanto, ela é a primeira experiência, no século 21, de uma insurreição popular que conquista o poder com uma votação eleitoral surpreendente (a maior votação da história chilena), que o conquista no meio de um processo de refundação nacional. Ela tem ainda a seu favor a força das repetições históricas. Uma configuração de forças como essa é algo que nós nunca havíamos visto.
Vladimir Safatle é professor titular do departamento de filosofia e do instituto de psicologia da USP
(Publicado originalmente no site da revista Cult)
Tijolinho: Danilo Cabral. Será que é ele?
Editorial: Uma CPI contra Sérgio Moro?
A candidatura presidencial do ex-juiz da LavaJato, Sérgio Moro(Podemos), é uma dessas candidaturas capazes de produzir alguns "estragos", conforme informamos em editorial por aqui. Trata-se de uma cria dissidente do bolsonarismo; já colocou na cadeia o principal concorrente ao pleito de outubro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; e, de quebra, ainda desponta como um dos postulantes mais competitivos da chamada terceira via, criando arestas com uma penca de candidatos, principalmente o ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes(PDT-CE), que o desafia para debates constantemente.
Aparece com dois dígitos nas principais pesquisas de intenção de voto realizadas até o momento, mas não passa disso, por enquanto, não ameaçando ninguém,exceto, talvez, o candidato Ciro Gomes, que liderava o terceiro lugar na disputa até então. O Podemos, que encampa a sua candidatura, não tem capilaridade política nacional, o que dificulta os acordos nos Estados. Há quem especule que ele até pretende mudar de partido antes do fim da janela partidária, criando as condições para tornar-se mais competitivo. Mesmo diante de tantas dificuldades, o Podemos assegura que possui pesquisas internas que apontam para um provável crecimento de sua candidatura, embora o mote do "combate à corrupção" esteja sendo substituído pelos graves problemas econômicos que o país enfrenta, problema para o qual ele não tem muita coisa a dizer.
Portanto, não se constitui necessariamente uma surpresa que, agora, forças políticas antagônicas tenham se unido num projeto em comum: Apoiar uma CPI contra o ex-juiz, em razão de sua atuação na iniciativa privada, depois que deixou a toga e a condição de ministro da Justiça e Segurança Pública do Governo Jair Bolsonaro(PL). Há várias especulações em torno deste assunto, apontando possíveis irregularidade - algo que pecisa ser devidamente esclarecido, mas daí a propor uma CPI vai um certo exagero que, esbarra, incluive, em algumas interdições jurídicas.
Pela união de forças que se conjugam em favor de tal CPI, ela seria, certamente, aprovada. Por motivações confessáveis, PT, a base bolsonatista e o Centrão estão unidos em torno deste assunto, cuja viabilidade jurídica, coforme informamos, mostra-se precária. Por enquando, o ex-ministro mantém sua rotina de pré-candidato, percorrendo o país, em busca de votos e apoios que possam consolidar o seu projeto político. Prospecta a base bolsonarista insatisfeita, pisando em ovos, para não ficar parecendo assim tão anti-bolsonarista, o que a afungentaria.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2022
Editorial: O céu de brigadeiro de Luiz Inácio Lula da Silva

Havia até bons motivos para comentarmos aqui sobre o ex-juiz Sérgio Moro, que cogita mudar de partido para viabilizar seu projeto de tornar-se, de fato, candidato à Presidência da República nas próximas eleições de Outubro. Segundo especula-se nos bastidores da política nacional, ele estaria insatisfeito com a estrutura do Podemos - partido ao qual filiou-se até recentemente - que não consegue fechar acordos nos Estados. O ex-juiz da LavaJato estaria de namoro com a noiva mais cobiçada de Brasília, o União Brasil, que possui grandes dotes, tempo de televisão e capilaridade política nacional.
A postura do ex-juiz tem sido bastante criticada pelos membros do Podemos - que o acolheram com bastante entusiasmo - com o propósito de viabilizar seu projeto pessoal. A mudança, se ocorrer, não seria assim tão inusitada, pois o ex-juiz, a rigor, se manteria naquele mesmo conjunto de forças conservadoras que tentam emplacar uma candidatura presidencial pela terceira via, ou seja, uma coalizão já denominada por alguns como uma Nova UDN. O União Brasil, como se sabe, inclusive, ainda não teria um candidato presidencial para chamar de seu, mas estabelece amplas negociações políticas com os diversos pré-candidatos. Existem algumas questões de ordem ética nesta discussão, mas isso já seria uma outra conversa, sobretudo neste campo, meu caro Pierre Bourdieu.
Por outro lado, o principal concorrente às eleições presidenciais de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), diferente do ex-juiz que ainda não encontrou um partido que lhes ofereça as condições efetivas de viabilizar-se como candidato, encontra-se numa espécie de céu de brigadeiro. Terminou o ano de 2021 liderando todas as pesquisas de intenção de voto e começa 2022 mantendo a mesma performance, em alguns casos, abrindo uma média de 17 pontos em relação ao seu principal oponente, podendo liquidar a fatura ainda no primeiro turno, caso as nuvens negras não apareçam no céu.
Geralmente, um candidato nesta condição, enfrenta dois problemas: Torna-se o alvo principal dos oponentes, tendo que suportar a série de ataques a ele desferidas pelos adversários, e a desmobilização da militância, dentro do espírito do "já ganhou". Pela espertise adquirida nas diversas disputas presidenciais que participou, o PT, certamamente, já sabe lidar com esses problemas, pontuando a conduta adequada para a aterrissagem em Outubro de 2022, de preferência, como deseja seus eleitores e militância, na rampa do Palácio do Planalto.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2022
Editorial: Lula e as eleições estaduais em Pernambuco.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2022
Editorial: Sérgio Moro: Vamos salvar o Brasil dos "pelegos e milicianos".

Como se diz por aqui, o pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), já prepara o espinhaço para as chibatadas que deverá sofrer daqui para frente. Não há hipótese, nas tais circunstâncias que enfrentamos neste momento, de termos uma campanha presidencial civilizada em 2022. A corda está bastante esticada e os ânimos estão exaltados. Como disse por aqui, tal eleição representará um grande trabalho para o Superior Tribunal Eleitoral, que tem a difícil missão de assegurar que tudo ocorra na legalidade, dentro das regras definidas e consoante os princípios que regem uma democracia política.
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, já alertou que não seria tolerante com as violações dessas regras. Liderando com folga todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento, Lula será o alvo principal, aquele a ser batido. A experiência política informa que os ataques podem ter um efeito contrário, ou seja, assim como um bumerangue, voltar e atingir quem lançou o petardo. Couraça para suportar as chibatadas o candidato do PT já demonstrou possuir. Se vier o sal grosso também, pois ele vem do pelourinho profundo. Adversidade não é uma palavra dos dicionários de língua portuguesa de sua estante, mas de sua vida.
O time de Jair Bolsonaro(PL) ainda não entrou em "campo", mas o do ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro(Podemos), já iniciou a campanha de ataques mais incisivos, atirando para os dois polos principais da contenda, disputando o seu lugar ao sol, ou seja, algum "deslocamento". Sérgio Moro vem assumindo um discurso "salvacionista", populista, do tipo que vai livrar o Brasil de duas grandes pragas - como se dizia antigamente - os "pelegos" e os "milicianos". Faço aqui o registro de que os termos usados são do próprio pré-candidato Sérgio Moro, que iniciou seu périplo pelo Nordeste, em viagem ao Estado da Paraíba.
Ele tem contas a ajustar com os dois lados e, no momento certo, receberá a resposta por tais afirmações.Isso se ele resolver acatar as regras do jogo, comparecendo aos debates, concedendo entrevistas, conforme recomenda os bons manuais da democracia. Em alguns momentos ele parece esquecer que já foi integrante do Governo, exercendo o cargo de Ministro da Justiça e Segurança Pública. O eleitor já demonstrou que não tem memória curta. Eles ainda sabem o que vocês fizeram no verão passado.
Editorial: Os ajustes políticos antes da receita para sair da crise econômica

A rigor, diferentemente das receitas de bolo, não existe uma receita pronta e definitiva para superar uma crise econômica da dimensão desta que estamos vivendo no país. O que se aplica a uma determinada realidade, pode não se aplicar a outra,em razão de algumas variáveis sobre as quais pode-se não se ter o controle absoluto. Até mesmo as receitas de bolo - tudo certinho e muito bem anotadas por nossas avós - podem sofrer variações em função da qualidade de alguns ingredientes, do gosto do freguês ou das variações climáticas. Nunca esqueço de um comerciante americano, radicado no Nordeste brasileiro, que informava que, se o nosso bolo de leite fosse produzido no seu Estado de origem nos Estados Unidos, ele poderia ficar rico. Ocorre que lá, ele não chegaria ao "ponto' em função de questões ambientais ou climáticas.
No Governo de Sarney, os pecuaristas - insatisfeito com os preços da carne no mercado - esconderam o boi no pasto, provocando grandes transtornos à população, sabotando, portanto, ações do próprio Estado. Isso vem a propósito de um oportuno debate que está sendo promovido pelo jornal Folha de São Paulo, com o propósito de publicar artigos dos assessores econômicos dos pré-candidatos presidenciais. Este assunto tornou-se tão premente que os pré-candidatos, quando lançam suas plataformas, de imediato, apresentam seus assossores econômicos, antecipando as políticas - e possíveis nomes - que deverão adotar para aquela área nevrálgica. Claro que, em sua maioria, eles estão mais preocupados com as reações do mercado do que com o sofrimento do povo, infelizmente.
O pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva indicou o seu ex-homem forte da economia, o econimista Guido Mantega, para escrever o seu artigo, mas há quem esteja sugerindo que não se pode concluir que ele seria prestigiado num eventual terceiro mandato do petista. No geral, Lula, neste momento,estaria mais preocupado com as costuras políticas de sua candidatura, enfrentando um cenário bem mais complexo do que o das eleições anteriores. Somete para se ter uma ideia desses complicadores, Pernambuco aparece como uma situação onde os ajustes já estariam consolidados.
Ou há algum equívoco aqui, ou estamos muito mal informados, pois o PSB continua indefinido no tocante à escolha do candidato que disputará as eleições ao Governo do Estado e que deverá contar com o apoio do petista, um cabo eleitoral de grande prestígio. O governador Paulo Câmara(PSB-PE), que deverá comandar o processo sucessório, teria preferência por um nome, enquanto os familiares do ex-governador Eduardo Campos e a cúpula política da legenda sugerem um outro nome, escudeiro fiel do eduardismo desde longas datas.
quarta-feira, 5 de janeiro de 2022
Tijolinho: Prefeitura do Recife anuncia que não haverá carnaval.
Editorial: O debate dos economistas para tirar o país do fundo do poço.
A economia do país encontra-se bastante fragilizada e,qualquer que seja o resultado das eleições de 2022, o próximo presidente terá um longo trabalho pela frente para superar tais adversidades e retirá-la dos escombros. Além de boa vontade política, a tarefa exige estudos do tema, assim como um amplo diálogo com os especialistas no assunto. Um dos fatores que pesam bastante na reeleição de um presidente é a sua avaliação junto à população e, certamente, quando os indicadores econômicos estão no limbo, isso se reflete diretamente nos índices de sua aprovação.
É sabido que o país não se encontra num bom momento. E aqui nos concentramos apenas no campo econômico, aquele mais sensível, segundo o economista Roberto Campos, porque se reflete diretamente no bolso. Num país com desigualdades históricas e estruturais, como observamos no editorial de ontem, isso acaba pesando e tornando-se ainda mais "sensível' àqueles estratos sociais marginalizados, como pobres, negros, mulheres. O país, forjado no trabalho escravo, sempre teve essas características. O Brasil ainda possui milhões de analfabetos, em sua maioria mulheres, negras e nordestinas, evidenciando tal DNA do pelourinho profundo - como dizia Anísio Teixeira - o que significa dizer que políticas compensatórias e redistributivas de renda também devem estar na agenda dos nossos governantes.
Não vamos aqui mencionar os indicadores econômicos de desemprego, inflação de dois dígitos, índices pífios de crescimento econômico, o número de brasileiros que se encontram no estágio de insegurança alimentar, disputando víveres com os garis nos carros de lixo ou nas filas dos açougues à procura de ossos. São coisas que a gente sente na pele - ou nas ruas - onde surgem, a cada dia, novas famílias abandonadas, mendigando ajuda nos sinais de trânsito. O estrago foi grande. É necessário um esforço descomunal para encontrarmos a saída e iniciarmos o percurso que pode nos retirar do fundo do poço.
Na realidade, o país precisa de uma grande conciliação política, com o propósito de construir os consensos necessários para voltarmos a respirar ares mais civilizados e humanitários. Mas, no tocante à economia, o jornal Folha de São Paulo deverá estar dando início a uma série de entrevistas com os assessores econômicos dos candidatos às eleições presidenciais de 2022. Uma boa iniciativa, que deve ser acompanhada com muita atenção.
terça-feira, 4 de janeiro de 2022
Editorial: Cautela e canja de galinha (mesmo com pés e pescoços) não fazem mal ao eleitorado brasileiro nas próximas eleições.

Numa entrevista recente ao jornal O Estado de São Paulo, o cientista político pernambucano, Antonio Lavareda, faz algumas considerações acerca das próximas eleições presidenciais e, sem querer - posto que se trata de um analista político bastante comedido e ponderado - acaba sugerindo um possível desfecho dos resultados das eleições presidenciais de 2022 no Brasil, ao fazer uma analogia com os acontecimentos recentes no Chile. Naquele país, um candidato de centro-esquerda, Gabriel Boric, venceu as últimas eleiçoes presidenciais, depois de celebrar acordos com o centro político, com o propósito de derrotar a ultradireita representada pelo candidato José Antonio Kast.
Depois das eleições, Boric - diplomaticamente e seguindo uma linha moderada - abre-se às conversas e negociações com o propósito de construir um consenso em torno do enfrentamento dos graves problemas que aquele pais enfrenta. Lavareda observa que, diferentemente das eleições de 2018, onde houve uma espécie de impulsão da cruzada contra a corrupção, estimulada por alguns atores identificados com essas práticas na condução dos negócios públicos, as eleições de 2022 serão caracterizadas pela ponderação e cautela por parte dos eleitores, possivelmente ressabriados pelos acontecimentos políticos e econômicos( e também de saúde pública), refletidos na avaliação do Governo do presidente Jair Bolsonaro(PL).
Essas reflexões do cientista político pernambucano ajuda a entender, igualmente, o porquê da "cautela" de aproximadamente 30% do eleitorado brasileiro, aquele que ainda não se definiu por este ou aquele candidato do escopo polarizado, tampouco se enclinou por algum dos tantos candidatos da chamada terceira via, que, a rigor, talvez não vingue, conforme já afirmamos por aqui. O país não se encontra num bom momento e a referência acima aos pés e pescoços de galinha é bastante pertinente, pois reflete nossos problemas econômicos, com recessão, alta nos preços de alguns produtos - o café talvez seja a referência mais recente - e o número preocupante de desempregados, que, curiosamente, traz, no seu bojo, um componente de gênero e raça. A maioria são mulheres e negras.
Depois dessas eleições, um grande acordo de conciliação nacional se torna absolutamente necessário, para estancar essa sangria anticivilizatória, desumana, antidemocrática e intolerante em que o país mergulhou nos últimos anos. Não teremos uma eleição tranquila, em razão dos níveis de acirramento que estamos vivendo. O Poder Judiciário terá um grande trabalho pela frente, para permitir que as regras do jogo sejam rigorosamente respeitadas, não permitindo o linchamento de pessoas e instituições. Nos primeiros dias do ano abordamos este tema por aqui.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2022
Editorial: Uma primeira semana bem agitada
domingo, 2 de janeiro de 2022
Editorial: A cruzada do ministro Alexandre de Moraes contra as fake news nas eleições de 2022.

Teremos alguns meses pela frente até Outubro, mas a tendência será mesmo esta polarização, uma vez que uma terceira via competitiva - que poderia contribuir, quem sabe, para diluir tal acirramento - ainda não passa de uma utopia. Lado a lado, com honrosas exceções dos atores mais ponderados, o cabo de guerra está esticado. O ministro Alexandre de Moraes, relator no STF do inquérito das fake news, já afirmou que não permitirá que tais procedimentos sejam utilizados nas próximas eleições. Cassaria a chapa que se utilizasse desses mecanismos, que atentam acintosamente contra a democracia.
Não tenho dúvidas sobre as boas intenções do ministro Alexandre de Moraes - que tornou-se uma espécie de guardião dos princípios democráticos no país - mas reconheco que ele terá muito trabalho pela frente, sobretudo num país como o nosso, onde a experiência de democracia é frágil e os padrões de relações não são nada republicanos no que concerne à esfera pública. Escrevemos por aqui um editorial, onde tratamos deste assunto, ou seja, abordando as dificuldades de se aplicar os rigores da lei num país como o nosso, historicamente permissivo. A cruzada democrática e republicana do ministro Alexanadre de Moraes, por outro lado, merece aqui todo o nosso respeito, embora conheçamos as dificuldades que ele deverá enfrentar.