pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 25 de julho de 2022

Editorial: Enquanto PT e PDT batem cabeça, Capitão Wagner segue na liderança.



O Ceará é um dos Estados da Federação onde existe um franco fovoritismo do bolsonarismo chegar ao Governo do Estado. Não necessariamente pelo mérito dos bolsonaristas do Estado, mas, muito mais pelos graves equívocos que estão sendo cometidos pela aliança PT\PDT. Ancorado no apoio aos movimentos de policiais militares do Estado, o Deputado Wagner Souza Gomes(UB-CE), também conhecido como capitão Wagner, viu sua popularidade aumentar junto aos eleitores cearenses, colocando-o na liderança das pesquisas de intenção de voto. 

PT e PDT não conseguiram chegar a um acordo e ambos os partidos devem lançar seus próprios candidatos ao Palácio da Abolição. Havia uma expectativa de que se pudesse construir um consenso em torno do nome da vice-governadora Izolda Cela, filiada ao PDT, que substituiu Camilo Santana no Governo do Estado e vem realizando uma gestão bem-avaliada pela população cearense. Infelizmente tal consenso não foi construído e o diretório do PDT local, indicou o nome de Roberto Cláudio(PDT-CE) para a disputa, o que provocou uma ruptura do PT com o PDT, leia-se família Ferreira Gomes.  

Há um lance curioso nessa indisposição, a de que o PDT fez uma escolha orientada pelo machismo. Izolda foi a primeira mulher a ocupar o Palácio da Aboliação e, a rigor, seria de bom alvitre se continuasse no cargo, referendada pelas urnas. Em suas páginas nas redes sociais, o ex-governador Camilo Santana(PT-CE), que deve concorrer ao Senado Federal nas próximas eleições, lamentou bastante o episódio. Nos pareceu muito sincero. 

Só não entendi porque não conseguiram convencer Izolda Cela(PDT-CE) a disputar o cargo. O nome escolhido foi o do Deputado Estadual Elmano de Freitas. Não conheço a trajetória política do deputado Elmano, como também não existem pesquisas de intenção de voto realizadas com o seu nome como postulante, o que torna difícil uma previsão sobre as suas chances reais na disputa. Terá um bom padrinho político, o ex-governador Camilo Santana, mas não se sabe se isso seria suficiente para alavancá-lo na disputa.   

Editorial: Saiu a nova pesquisa IPESPE sobre a corrida presidencial


Acaba de sair uma nova pesquisa do Instituto IPESPE sobre a corrida presidencial de 2022. A pesquisa foi encomendada pela XP-Investimentos, uma corretora que enfrentou a fúria dos bolsonaristas na última vez que divulgou uma pesquisa financiada por eles. A pesquisa apresentava uma folgada dianteira do candidato do PT sobre Bolsonaro, o que acarretou inúmeros protestos nas hostes bolsonaristas, que ameaçaram, inclusive, deixar de fazer negócios com a corretora. Diante dos fatos, a XP resolveu recolher sua pesquisa. 

Por alguma razão, eles voltaram a reestabelecer tal parceria com o Instituto IPESPE, voltando a divulgar suas pesquisas. Hoje, 25\07, está sendo anunciada uma nova sondagem sobre a corrida presidencial para as eleições de 2022. Nela, Lula abre 08 pontos de diferença em relação ao candidato do PL, Jair Bolsonaro. Lula crava 44% das intenções de voto, enquanto Jair Bolsonaro pontua com 36%. Há uma grande expectativa em relação aos efeitos do Pacote de Bondades - traduzidos na PEC Kamikaze - sobre o comportamento do eleitorado em relação ao Governo. Nesta rodada de pesquisa, Lula perdeu um ponto, enquanto Bolsonaro ganhou um pontinho, consoante sondagem anterior do Instituto.  

A avaliação do governo, na realidade, vem melhorando alguns pontinhos preciosos, mas ainda não o suficiente para fazê-lo encostar no petista ou até superá-lo, conforme previsão do seu staff político. Já existe quem aposte que tal pacote de bondades não venha a surtir os efeitos demolidores sobre a liderança do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, na corrida presidencial de 2022. Ontem, durante a Convenção do Partido Liberal que homologou sua candidatura à Presidência da República, Jair Bolsonaro foi incisivo nas críticas ao candidato do PT. 

Há, ainda, muito chão pela frente até o dia 02 de outubro, mas alguns analistas políticos já estão antevendo o aumento da temperatura política em setembro, quando o bolsonarismo pretende colocar o bloco na rua com toda força, por ocasião das comemorações da Independência do Brasil. Os nervos de aço de nossas instituições democráticas deverão ser testados neste dia, em razão do delicado momento de crise institucional que o país atravessa.  

domingo, 24 de julho de 2022

Editorial: Os marimbondos da democracia



Alcançou grande repercussão nacional um discurso do ex-presidente José Sarney, na Academia Brasileira de Letras, por ocasião das comemorações dos seus 125 anos, onde ele é incisivo na defesa das instituições democráticas, considerando um dever pessoal defendê-la uma vez que foi um dos artífices da transição democrática. Nesses tempos bicudos que estamos vivendo, quando aparece um ator relevante do cenário político defendendo a democracia, o fato, em si, enceja grandes reconhecimentos. 

Na outra ponta, existe uma trupe de aventureiros que atentam contra ela cotidianamente, tentando minar seus alicerces. Nunca as nossas instituições democráticas foram tão atacadas, o que confere ao Brasil a condição de democracia mais ameaçada do mundo. Nosso tecido democrático nunca foi muito resistente, daí as insondáveis preocupações em torno do assunto. As desigualdades sociais e econômicas - que se ampliaram nos últimos anos - constituem-se num dos fatores que atentam de forma estrutural contra a nossa experiência democrática. 

É como se a democracia substantiva não desse o suporte necessário para a manutenção do edificio institucional da democracia política. Segundo um estudo do cientista político polonês, Adam Przeworski, dependendo da renda per capta da população, a possibilidade de um retrocesso político pode chegar a zero. O ex-presidente José Sarney é decano da academia criada pelo escritor Machado de Assis. É um daqueles nomes que entraram na academia muito em razão do seu capital político, que, certamente, teve um peso maior do que a sua produção literária. Em todo caso, seja lá de que quadrante vier, a defesa das instituições democráticas serão sempre bem-vindas.    

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: As revelações de Marília nas páginas amarelas de Veja

 

Crédito da foto: Tiago Calazans - Divulgação. 

A candidata ao Governo do Estado pelo partido Solidariedade, Marília Arraes, está nas páginas amarelas da revista Veja desta semana. A rigor, a matéria não traz grandes novidades, se entendemos que as questões estão se tornando repetitivas, como as indisposições dela com a família Campos, seus embates internos com a cúpula da legenda petista no Estado e, para ficar num tema mais palpitante, a sua relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT), sobretudo no atual contexto político do Estado, onde o morubixaba petista celebrou uma aliança com os socialistas locais, criando um embaraço para emprestar sua solidariedade e apoio a uma postulante que lidera todas as pesquisas de intenção de voto até este momento. A entrevista foi muito bem conduzida pelo jornalista Ricardo Ferraz. Quando falo de temas repetitivos aqui, a referência diz respeito àqueles temas que sempre acompanharam a trajetória política da deputada,como sua indisposição com segmentos da família Campos, por exmplo. 

A despeito das dificuldades do candidato do PSB, Danilo Cabral(PSB-PE), não se pode dizer que Lula deixou de cumprir, rigorosamente, seus compromissos com a coligação entre as duas legendas. Precisou engolir alguns sapos, mas são os ossos do ofício. Marília fala sobre este assunto - ou seja, como predente associar seu nome ao de Lula - com muita tranquilidade, pois, na sua avaliação, sempre ajudou e continuará ajundando o líder petista, com quem sempre identificou-se, até mesmo no momento em que o avô, Dr. Miguel Arraes, apoiou o ex-governador Anthony Garotinho à Presidência da República. 

Marília considera que sua saída do PT, inclusive, ajudou neste sentido, pois permitiu que o PSB indicasse um candidato da legenda, evitando complicações com a aliança, estratégica para Lula no plano nacional. Outra questão interesseante é quando ela rebate o adjetivo de arrengueira, atribuído a ela, informando tratar-se de um adjetivo que guarda um ranço de machismo. Não é improvável, minha cara Marília Arraes. Quando fala de sua briga com o ex-governador Eduardo Campos, ela atribui a indisposição ao fato de o ex-governador não desejar dividir o protagonismo da família Campos\Arraes na quadra política pernambucana. 

Editorial: O milagre da transferência de voto até com a ajuda do nosso senhor do Bonfim.

Crédito da foto: Facebook de Jerônimo Rodrigues

A revista Veja desta semana traz uma longa matéria sobre as dificuldades que a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio da Silva enfrenta, em alguns Estados da federação, com os candidatos estaduais identificados com aliança. Numa longa análise, a matéria enfoca as conjunturas políticas do Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e Pernambuco. Nesses Estados, em situações limites, espera-se que o ex-presidente Lula possa fazer o milagre da transferência de votos para os seus apoiadores. 

Apesar da inconteste liderança do ex-presidente em todas as pesquisas de intenção de voto, não se trata e uma tarefa simples. Numa recente visita de Lula ao Estado de Pernambuco, tudo pareceu conspirar para que essa tal transferência de voto não se materialize. Segundo um dos seus assessores, o melhor momento da visita foi quando eles tomaram o avião de volta, depois de submetidos a uma série de situações desagradáveis. O clima ficou tão pesado, que já se discute eventuais lavagem de roupa suja entre as duas legendas. 

Depois de um processo confuso de escolha, uma fadiga de material representada pelos 16 anos à frente do Palacio do Campo das Princesas e uma gestão mal-avaliada, Danilo Cabral ocupa a última posição na última pesquisa de intenção de voto. Na Bahia, a situação não é muito diferente. Lá, o neto de ACM Neto é o franco favorito a ocupar a cadeira de governador do Palácio de Ondina. Aparece com mais de 60% das intenções de voto, enquando o candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, mau conseque atingir os dois dígitos. 

Embora a presença de Lula naquele Estado tenha ocorrido de uma maneira mais tranquila, isso, igualmente, não signficou, efetivamente, transferênfia de votos, numa observação a partir de uma pesquisa divulgada logo em seguida, mas realizada durante o evento, salvo melhor juízo, pelo Instituto Paraná Pesquisas. Neófito na busca de votos, Jerônimo Rodrigues é um ilustre desconhecido para 74% do eleitorado baiano. Lula apresenta escores muito semelhantes aos de ACM Neto, mas,  como já discutimos por aqui, algo sugere que o eleitor baiano estaria disposto a votar no dois postulantes, rejeitando a opção Jerônimo Rodrigues. Pelo andar da carruagem política, nem mesmo com a ajuda do nossoS Senhor do Bonfim, essa situação talvez possa ser revertida.   

sábado, 23 de julho de 2022

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: A centrífuga política da polarização jogou Raquel para a terceira-via.



Antes mesmo de concluir seu mandato como gestora da cidade de Caruaru, no Agreste do Estado, a ex-prefeita Raquel Lyra(PSDB-PE) já aparecia no radar das eleições estaduais de 2022 como uma da jovem geração de gestores credenciados a ocupar o Palácio do Campo das Campos das Princesas, quebrando uma hegemonia de 16 anos de exercício do poder pelo PSB. À época, como liderava todas as pesquisas de intenção de voto até então realizadas, foi apresentada como uma espécie de "fenômeno eleitoral", tornando-se uma prioridade nacional nos projetos dos tucanos. 

Depois, com a crescente polarização produzida pela dinâmica das disputas políticas no plano nacional, aliada a outros fatores, ela foi, gradativamente, perdendo capilaridade na disputa, imprensada no pelotão de candidatos que almejam um lugar ao sol entre aqueles postulantes identificados com Luiz Inácio Lula da Silva(PT) ou com o presidente Jair Bolsonaro(PL). Embora o candidato Anderson Ferreira encontre-se igualmente embolado neste pelotão, teria, em tese, mais chances de tornar-se uma opção para aquele eleitorado que não vota no ex-presidente Lula e se identifica, no plano nacional, com o presidente Jair Bolsonaro. 

A tendência é que, no final, pelo andar da carruagem política, haja uma polarização entre um candidato identificado com o projeto de Luiz Inácio Lula da Silva e outro com o do presidente Jair Bolsonaro, que não tem poupado esforços em prestigiar seus apoiadores aqui no Estado. A centrífuga política da polarização jogou Raquel para a terceira via e ela não consegue sair dessa armadilha, sobre a qual teria muito pouca coisa a fazer, uma vez que se trata de uma variável em relação à qual ela não teria o menor controle.     

Editorial: A dura- mas não menos polida - resposta de Dilma Rousseff a Michel Temer



Alí pelo ano de 2013, quando começaram os primeiros movimentos que iriam desaguar no golpe institucional de 2016, todos os dias, através deste espaço, defendíamos o Governo legítimo da ex-presidente Dilma Rousseff(PT-MG). Ao fazê-lo, na realidade, estávamos defendendo as nossas instituições democráticas contra seus assediadores, remando contra essa maré de insensatez que nos atirou neste abismo. É um material importante, uma vez que aborda toda a trama política que culminou com a deposição da ex-presidente, através de um expediente de caráter duvidoso, referendado por instituições que não poderiam com ele concordar. Mas, isso já é uma outra discussão. 

O importante mesmo é que, passados os anos, um juiz chamado "tempo" tratou de restituir as verdades sobre aqueles fatos que corroeram nosso tecido democrático, produzindo os ingredientes de um ambiente político caracterizado por essa patologia proto-fascista, de graves consequências. Várias auoridades públicas que estiveram, de alguma forma, envolvidas com aqueles dias turbulentos, vieram a público para reconhecer que fora retirado um mandato legítimo, por motivação política, de uma presidente que se portava de forma republicana na condução dos negócios de Estado. Ou seja, foi e é honesta. 

Em outras palavras, foi uma gestora honestíssima, nas palavras do ex-presidente Michel Temer(MDB-SP), que assumiu depois da deposição da presidente. E, por falar em Michel Temer(MDB-SP), ele entrou em mais uma polêmica recente com a ex-presidente Dilma Rousseff(PT-MG), que foi traída por ele, a quem ela delegou a articulação política do seu governo. Todos sabem o que isso significou. Numa movimentação política inusitada e curiosa, especula-se que o ex-presidente estaria em negociações no sentido de substituir o nome da senadora Simone Tebet(MDB-MS), como postulante à Presidência da República, pela legenda emedebista. 

Numa entrevista recente, ele teria afirmado que a queda da ex-presidente teria se dado pela ausência de diálogo com o Congresso, pois se trata de uma gestora "honestíssima". A princípio, poderia se pensar que ele tentou ser diplomático com a ex-presidente, mas, a emenda saiu pior do que soneto. Numa resposta dura e inspirada, a ex-presidente informa que não gostaria que o senhor Michel Temer buscasse limpar sua condição de golpista em cima do reconhecimento de sua honestidade. O mais curioso desse embate é que os assessores de Lula estariam preocupados - nos parece que tão somente - com a repercussão do diálogo entre ambos, uma vez que poderia prejudicar as negociações políticas com a legenda emedebista, de olho nas eleições presidenciais de 2022.    

sexta-feira, 22 de julho de 2022

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Assessores já estariam recomendando a Lula não remar contra Marília.


Logo cedo, li uma matéria demolidora do jornalista Magno Martins, tratando da visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Estado. No texto, o jornalista enumera os inúmeros problemas - ou seriam trapalhadas? - dos organizadores pernambucanos do evento, tornando a visita um verdadeiro fiasco. Nem precisamos enumerar esses fiascos por aqui, porque a imprensa tratou de descrevê-los muito bem, tornando-o um episódio de repercussão nacional. Bem informado, o jornalista teve acesso a um dos assessores de Lula, que externou suas impressões sobre os problemas com a visita, assim como deixou vazar, em off, as conclusões do próprio morubixaba petista. 

O jornalista pode não ser muito simpático aos socialistas da terrinha, mas nada que atrapalhe o seu profissionalismo e seriedade, com uma grande credibilidade a zelar, por manter um dos blogs mais conceituados e acessados do Estado. Não deixa de ser emblemático o fato de um jornal da região sudeste, ao se referir ao assunto, sugerir que já existe, entre alguns assessores diretos de campanha, a possibilidade de recomendar a Lula a mudança de palanque, ou seja ele precisa deixar de remar contra a Marília (Ops! maré!). 

Lula cumpriu com denodo a sua missão aliancista. Por onde passou reafirmou o seu compromisso com o candidato oficial, Danilo Cabral(PSB-PE). Mas não foi suficiente para reverter, como disse no outro texto, a capilaridade e os padrões de relações orgânicas da ex-petista com a legenda e os movimentos sociais ligados ao partido. Até os integrantes da aliança, como a Deputada Estadual Teresa Leitão(PT-PE), que concorre ao Senado na chapa, e Doriel Barros,Presidente do PT no Estado, escorregaram no ato falho e mencionaram o nome da candidata do Solidariedade durante suas falas, para delírio da platéia. 

É pouco provável que Lula volte ao Estado, assim como é pouco provável que sua presença tenha trazido bons dividendos eleitorais para o candidato oficial da aliança. A conclusão mais óbvia é que ele está só. Durante discurso no Classic Hall, o prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), no final de sua fala, deixou de pedir votos para o candidato Danilo Cabral. Outra ausência notada foi a da ex-primeira-dama do Estado, Renata Campos, que não acompanhou a comitiva.   

Editorial: Louve-se o esforço de Ciro em pensar o país.

Crédito da Foto: PDT Nacional - Divulgação


O jornalista e articulista José Casado, em seu espaço no site da revista Veja, faz uma análise de alguns trechos do programa do candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, concluindo que, de fato, estamos diante de uma proposta consistente em meio a um deserto de ideias. Essa é a quarta tantativa do cearense Ciro Gomes de chegar à Presidência da República. Ao longo desses anos, exercendo vários cargos públicos e debatendo o país aqui e no exterior - sempre acompanhado de grandes inteligências, a exemplo de Roberto Mangabeira Unger - Ciro foi aprimorando o seu conhecimento sobre os problemas do país. 

Seria até natural que, hoje, ele apresente a melhor proposta, embora encontre grandes dificuldades de convencer os eleitores sobre o assunto. Ao longo de suas candidaturas, ele cativou um eleitorado fiel ao seu projeto, mas, por alguma razão, não consegue ampliá-lo. Desta vez, fez o possível e o impossível para quebrar a polarização representada pelas candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva(PT) e Jair Bolsonaro(PL), mas sem sucesso. Tentou atrair outras forças políticas para o seu projeto, mas igualmente sem muito êxito, como o PSD, de Gilberto Kassab. As articulações não passaram de alguns arranjos localizados em praças específicas.

Esta polarização política no país constitui-se numa verdadeira centrífuga, turvando a nossa visão no que concerne a outros olhares sobre o cenário social, político e econômico brasileiro. Com a sua larga espertise, Ciro é capaz de observar os equívocos cometidos, por exemplo, pelo PT quando foi governo, advertindo que os atuais problemas econômicos enfrentados pelo país tiveram origem nas opções adotadas pelos governos da coalizão petista. Os casos de corrupção na máquina pública à época também são responsáveis pela ascensão do bolsonarismo. 

O programa do candidato, de fato, apresenta um conjunto de respostas para os principais gargalos enfrentados pelo país, apostando na educação como uma das principais ferramentas para enfrentá-los. Uma pena que o eleitorado não preste mais atenção neste rapaz de Sobral que,de fato, fez o dever de casa, aquele dever exigido de quem deseja dirigir os destinos de uma nação, ou seja, se dedicou a estudar o país. Com uma inteligência privilegiada, associado a outros nomes igualmente inteligentes, foi capaz de construir uma proposta de governo que, se vier a ser viabilizada, lança luzes sobre nossas trevas de educação, de fome, de abandono da população, de obscurantismo político.  

Editorial: Um diálogo institucional urgente e necessário


Crédito da foto: Marina Ramos - Divulgação

Nenhum brasileiro de bom-senso, hoje,tem alguma dúvida sobre a necessidade urgente de um diálogo institucional entre os três Poderes da República,envolvendo as próximas eleições de outubro. A corda, de tão esticada, na realidade, já teria arrebentada, segundo alguns observadores. Depois do encontro do presidente Jair Bolsonaro(PL) com embaixadores estrangeiros para discutir o processo eleitoral brasileiro, o Ministro Edson Fachin, do STE, procurou o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lyra, e o Presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, no sentido de conversarem acerca do tema, possivelmente, com o objetivo de fechar questão em torno do assunto eleições. 

Corrobora com esta tese, a sua determinação para que o Presidente da Republica, no prazo de 05 dias, explique-se sobre as as suas falas em torno do assunto. Como sempre, depois do diálogo, o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, assumiu uma postura mais incisiva, independente e republicana ao falar sobre o tema. Lyra, como sempre, é comedido demais ao tratar desses assuntos nevrálgicos, possivelmente em razão de suas cordiais relações com o Chefe do Executivo. Mas, se, por um lado, esse diálogo, embora fundamental para a sobrevivência de nossas instituições democráticas torne-se difícil, por outro lado, a despeito de sua inegável abertura para o diálogo, o pessoal do STE pretende deixar explícito um posicionamento conjunto daquela Corte em torno do assunto, rebatendo eventuais ilações descabidas.  

Conforme a imprensa chegou a divulgar - espero que não seja uma dessas fake news - o Ministro Edson Fachin, depois das falas absurdas e equivocadas sobre as eleições brasileiras, teria externado um sonoro: Basta!!! Desde a redemocraticação do país, realizamos eleições limpas, soberanas, com os vencedores sufragados pela Justiça Eleitoral. O Brasil, embora com alguns outros problemas relativos à consolidação de nossa democracia - que sobrevive com bastante desigualdades sociais - é um exemplo para o mundo no quesito eleições.   

quinta-feira, 21 de julho de 2022

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Os atos falhos na presença de Lula em Pernambuco.


Logo que desembarcou no Aeroporto dos Guararapes, aqui no Recife, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esboçou uma cara de poucos amigos, no dizer nordestino, apresentava um semblante carrancudo, ensimesmado, muito sério. Parecia antever o que estava por vir durante suas andanças pelas mesorregiões do Sertão, Agreste e a capital pernambucana. Segundo informações de bastidores, ele teria confidenciado que havia muito pouco coisa a se fazer pelo candidato da aliança PT\PSB, Danilo Cabral. 

Envolto numa série de dificuldades, Lula seria a bala de prata para tentar reverter sua situação nas pesquisas de intenção de voto. Mas, rigorosamente, quase tudo deu errado. Apoiadores de Marília interromperam seus discursos gritando o nome da candidata, invadiram os espaços onde a comitiva se encontrava para distribuir seus santinhos, as redes sociais foram utilizadas para mostrar à população que Danilo Cabral votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. 

Mas, a rigor, nem precisava esse esforço da militância de Marília, uma vez que os próprios integrantes da comitiva, por mais de uma vez, cometeram aquilo que psicanalista Segmundo Freud clssificava de "ato falho". O nome do Marília está no subconsciente petista, assim como uma nódoa de caju, que não sai de jeito nenhum. Desta vez foi o presidente da legenda petista, Doriel Barros, que esqueceu que a candidata ao Senado Federal pela aliança é a Deputada Estadual Teresa Leitão e não Marília Arraes, como ele acabou soltando no Classic Hall, levantando a massa de apoiadores de Danilo(?), que ecoaram o nome da candidata do Solidariedade. Na realidade, ato falho mesmo ocorreu quando da presença de Lula, no Poço da Panela, atendendo a um convite de Danilo Cabral para um almoço. Imperdoável a atitudes de alguns moradores do prédio, hostilizando o candidato.   

O vídeo acima foi publicado no blog do Magno Martins.

Comitiva de Lula foi recebida com chuva de ovos em prédio de Danilo

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Um almoço da intolerância para o ex-presidente Lula.


Conforme o previsto, Lula continua cumprindo a sua agenda aqui no Estado de Pernambuco, conforme acordo firmado com as lideranças socialistas. Pela manhã, esteve no Teatro do Parque, ouvindo os reclames do pessoal da cadeia da cultura, acerca dos problemas enfrentados por este setor, hoje praticamente ausente das políticas públicas deste governo. O Estado de Pernambuco, inclusive, dá um bom exemplo neste campo, através da espertise de décadas do Funcultura, o maior fundo de fomento à cultura do país. 

Encerra sua maratona aqui na Marim dos Caetés, no espaço do Clássic Hall, onde deve receber os militantes e simpatizantes. Como disse ontem, bom mesmo seria um encontro de rua, mas os organizadores estão alegando problemas com as chuvas que, embora espassas, poderiam atrapalhar. Mas, para ser sincero, Lula já teve melhores momentos em suas visitas ao nosso Estado. Chega num momento difícil enfrentado pelo candidato oficial da coligação PT\PSB, que não vai muito bem nas pesquisas e quase não consegue falar em público, tendo que aturar manifestantes gritando o nome de Marília Arraes, a candidata do Solidariedade, que rompeu com o PT, mas continua com um forte vínculo orgânico e afetivo com o partido e com o próprio Lula. 

Assim, Lula teve que enfrentar alguns constrangimentos em sua visita ao Estado, forçando a barra para cumprir os compromissos e não ser deselegante com quem o tratou tão mal em passado recente, ainda nas eleições de 2018, quando atores das hostes socialistas o associaram à corrupção. Naqueles tempos, de mais respeito e tolerância política, Lula vinha a Pernambuco e era melhor recepcionado pelo governador Eduardo Campos, um fiel aliado, com direito a degustar as delícias da culinária pernambucana, no reduto da família Campos, no aprazível bairro de Dois Irmãos. Com direito a um pedaço de rapadura e a prosa do saudoso Ariano Suassuna.  

Hoje, infelizmente, os tempos são outros, de bastante acirramento político, intolerância e animosidades. O anfitrião da visita, o candidato ao Governo do Estado, Danilo Cabral, dentro do espírito dos pernambucananos de bem receber os convidados, agendou um almoço para o ex-presidente em sua residência, um apartamento localizado no bairro de Poço da Panela, que, no passado, era uma espécie de estância de inferno dos recifenses abastados, que não suportavam o calor da Veneza Brasilieira. 

Ontem, até brincamos sobre o cardápio, mas isso já é uma outra discussão, sobretudo nesses tempos não menos bicudos na economia, onde 33 milhões de brasileiros estão na condição de insegurança alimentar. O grave é que morador do prédio, através de um vídeo, convocou partidários para protestarem contra a presença de Lula no local, dando bem a dimensão das consequências desses tempos difíceis que atravessamos, onde a civilidade política anda ausente. 

Editorial: O terceiro round de Lula


O jornalista e consultor Thomas Traumann, em matéria no site da revista Veja, traz um debate bastante interessante - que atinge dimensões preocupantes - mesmo antes das conclusões das eleições presidenciais de 2022: Como se dariam as relações entre o Executivo e o Legislativo numa eventual vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Independentemente da maré política, como é do conhecimento de todos, o Centrão mobiliza o seu exército e os seus ardis e expedientes para costurar os pactos de governança com os mandatários de turno, seja lá qual for o seu quandrante político, se de direita, se de esquerda ou de centro, mesmo conhecendo os limites dessas abordagens ideológicas.  

O Centrão atua numa lógica própria, movida por cargos e liberação de recursos através das emendas parlamentares, facilitada pelo nosso presidencialismo de coalizão, que, se Luiz Felipe de Alencastro nos permite, pode ser traduzido como uma espécie de semipresidencialismo. Essa turma é aliada de cargos e emendas, não deste ou daquele ator político. Agora mesmo, por ocasião das próximas eleições, o grupo está preocupado não com a eleição do presidente Jair Bolsonaro(PL) - que seria apenas um detalhe - mas em ampliar sua base de sustentação congressual, tornando refém do ocupante do Palácio do Planalto. 

Mesmo antes de ser eleito, Lula já anda às turras com Arthur Lyra, por conhecer esses mecanismos, responsável direto pelo escândalo do Mensalão e pela deposição da ex-presidente Dilma Rousseff. Como as eleições de outubro devem ir mesmo para uma decisão de segundo turno, se vencer tais eleições, Lula terá um terceiro round a ser disputado com o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lyra, hoje apenas preocupado em ampliar o seu exército de apoiadores, formando uma boa bancada para negociar com o governante de turno.    

Editorial: Geraldo Alckmin: Entre a Avenida Paulista e a Casa de Dona Lindu



São curiosas as circunstâncias que reaproximaram Luiz Inácio Lula da Silva(PT) do ex-governador Geraldo Alckmin(PSB). Certamente uma das motivações de Lula seria a de pavimentar o caminho do Palácio dos Bandeirantes para o pupilo Fernando Haddad(PT-SP), quando se sabia que Geraldo Alckmin liderava todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até então. Uma outra estratégia do petista seria uma aproximação com o centro político, uma manobra utilizada desde longas datas, por entender que, no país, um candidato com o seu perfil só chega ao Palácio do Planalto com um pé no Beco da Fome e outro na Faria Lima. 

Alckmin ponderou bastante antes de tomar a decisão, pois se tratava de deixar o certo pelo duvidoso. O duvidoso é exatamente o seu futuro como vice-presidente, numa eventual vitória do petista. Talvez sonhe com o seu apoio em 2026, uma vez que Lula já declarou que, depois do mandato, pretende cuidar dos netos e pescar traíras. Já estaria com a idade bastante avançada. Para tanto, não deverá ser um vice meramente decorativo. 

Rejeitado por alguns setores do PT, Alckmin assumiu a ideia fixa de que precisa tornar-se mais palatável. Não tem jeito mesmo para esses setores passarem a gostar de chuchu, mesmo que ele repita - à exaustão - que Lula com chuchu vai bem. Na realidade, o que ele precisa - conforme observam os coordenadores de campanha do petista - é facilitar o trânsito de Lula com a Faria Lima e, certamente, ajudar a combater o antipetismo do eleitorado paulista. Ele tem um papel estratégico a cumprir, portanto. 

Por enquanto, ainda tenta ser mais palatável a esses setores do PT. O importante é que Lula, tanto quanto possível, tem ajudado bastante aparar essas arestas, como no dia ontem, quando esteve em campanha no Estado de Pernambuco, se derramando em cortesias com o companheiro de chapa. Como se observa pelas conclusões acima, as diferenças entre ambos podem somar e não dividir. O importante é que cada um deles - sem mudanças radicais no seu perfil - cumpram bem o seu papel na campanha.     

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Editorial: A PEC das bondades pode levar a disputa presidencial para o segundo turno.



A despeito do favoritismo de Lula, não é improvável que esta eleição seja mesmo decidida no segundo turno. Ainda hoje, dia 20\07, o Instituto Paraná Pesquisas divulgou mais uma rodada de pesquisas sobre a corrida presidencial de 2022, onde a diferença entre os principais competidores, Luiz Inácio Lula da Silva(PT) e Jair Bolsonaro(PL) diminuiu para apenas 6 pontos percentuais. Lula aparece com 43% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro crava 37%. O DataPoder e o Paraná Pesquisas foram os primeiros institutos a apontarem o esboço de uma reação do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto, causando um certo rebuliço no debate das eleições de outubro, principalmente entre os partidários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Percentualmente, Lula perdeu um pontinho e o candidato a reeleição Jair Bolsonaro ganhou outro, mas, a rigor, se considerarmos as margem de erro do instituto, de 2,6 pontos para mais ou para menos, um bolsonarista raiz poderia ficar ainda mais otimista. Em princípio, o que se pode concluir, concretamente, é que o tal pacote de bondades provenientes da PEC Kamikaze está produzindo os efeitos esperados pelo staff político do presidente Jair Bolsonaro. 

Tudo leva a crer que, pelo menos do ponto de vista da competitividade, teremos uma eleição equilibrada. Do ponto de vista institucional, lamentavelmente, não podemos afirmar a mesma coisa,mas isso já é uma outra discussão. Não deve ser por acaso que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva não tem poupado esforços no sentido de criticar e apontar os equívocos desse pacote de bondades. Hábil em comunicar-se com as massas, não entra no mérito dos pormenores do estrago que tais medidas poderão provocar nas contas públicas, mas joga com uma narrativa que o povão entende: Peguem, mas não votem nele.   

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: O "Lulômetro" de Marília continua em alta.

Publicada no blog do Magno Martins


Havia uma grande expectativa em torno da presença de Lula, aqui no Estado, sobretudo em razão da formação dos palanques estaduais,quando praticamente três candidatos endossam o apoio ao seu projeto de voltar a ser inquilino do Palácio do Planalto a partir de 2023: Danilo Cabral, do PSB, Marília Arraes, do Solidariedade, e João Arnaldo, do Psol\Rede. Dizem que ele teria chegado com um semblante fechado - em bom nordestinês, carrancudo - mas preferimos não entrar no mérito de suas razões. Ele poderia estar simplesmente cansado da viagem. 

Sua agenda sofreu algumas alterações, sob o argumento, a princípio curioso, de que o Recife estava meio chuvoso. Embora tenha feito sol a maior parte do dia, ao cair da tarde as chuvas, de fato, vieram, embora leves.  Ao longo do dia, ficamos atentos não apenas aos sinais da natureza, mas aos sinais políticos, esses que poderiam nos dar a real dimensão do impacto da presença do candidato petista no que concerne ao palanque do candidato oficial da da coligação PT\PSB, o Deputado Federal Danilo Cabral(PSB-PE). 

Como se sabe, Danilo não vai muito bem nas pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento e a presença de Lula aqui, assumindo oficialmente a sua candidatura, poderia ser uma espécie de tábua de salvação para o candidato. Um outro aspecto que aguçou nossa curiosidade era observar como a militância e o staff de campanha da candidata do Solidariedade, Marília Arraes, iriam se comportar para não perderem alguns pontinhos preciosos no termômetro político do "Lulômetro", salvo melhor juízo criado pelos publicitários da candidata, com o objetivo de mensurar o padrão de relação que os concorrentes ao Palácio do Campo das Princesas teriam com o morubixaba petista. 

O andar da carruagem política indicava que Marília Arraes poderia perder alguns pontinhos preciosos nesse ranking. Lula não poderia deixar de assumir os compromissos oficiais com os socialistas. Ela, por sua vez, não iria constrangê-lo. Coube aos seus apoiadores a tarefa de não permitir que ela caisse neste ranking. Até mesmo candidatos apoiadores da aliança PT\PSB não deixaram de dar a sua contribuição, como ocorreu com a candidata ao Senado Federal, a Deputada Estadual Teresa Leitão(PT), que, em Garanhuns, quando discursava para a multidão, no afã de citar uma vereadora local com o mesmo nome de Marília, acabou se enrolando e, ao invés de dizer: Marília Ferro, por pouco não disse Marília Arraes. O público, por sua vez, vaiou o  governador Paulo Câmara(PSB-PE), vaiou o prefeito local, Sivaldo Rodrigues, do PSB, e, na hora do discurso de Danilo Cabral, gritaram:Marília!!! Marília!!! Marília!!!Assim, sua posição no "Lulômetro" parece não ter sofrido alterações significativas.    

Enquanto Danilo discursa, multidão grita por Marília Arraes

Editorial: Simone Tebet questiona postura de dirigentes do MDB



Dirigentes da legenda emedebista se reuniram recentemente e decidiram que deverão endossar o apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, à Presidência da República, ainda no primeiro turno das eleições de outubro. Pelo menos 11 diretórios estaduais da legenda resolveram seguir tal orientação, o que, naturalmente, levantou algns questionamentos da candidata do partido à Presidência da República, a senadora Simone Tebet, que considera um equívoco a postura desses dirigentes, contribuindo para inviabilizar um nome que pudesse constituir-se como alternativa aos extremos políticos representados por Luiz Inácio Lula da Silva(PT), de um lado, e Jair Bolsonaro(PL), do outro lado. 

Na realidade, não há surpresas aqui. Desde que o nome da senadora foi cogitado como alternativa da legenda como candidata da terceira via, tais segmentos do partido já manifestavam uma opinião em contrário, alguns deles em processo avançado de negociações com a candidatura de Lula, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. Algumas dessas lideranças, sequer, estiveram presentes no ato que homologou a candidatura de Simone Tebet à Presidência da República, numa clara demarcação de posições. Como o partido sempre foi controlado por uma federação de oligarquias familiares regionais com autonomia, fica difícil impor uma deliberação da cúpula partidária. 

Assim, pode-se concluir que a senadora Simone Tebet - como se já não fossem suficientes os problemas inerentes à consolidação de uma alternativa de terceira-via - enfrenta sérios problemas dentro de sua própria agremiação partidária. O consolo é que inúmeros equívocos foram cometidos no processo de construção de uma alternativa política rigorosamente viável como terceira-via. Esta é uma contingência ditadas pelos padrões ou dinâmica de disputas políticas imposto pela quadra política brasileira, algo que foge completamente à sua alçada. A bem da verdade, como temos enfatizado por aqui, ela seria uma excelente alternativa.   

Teresa Leitão com Marília na cabeça

Editorial: Implode a aliança entre PT e PDT no Ceará.



Matéria publicada no site da revista Veja informa que o PT rompeu uma aliança bem-sucedida da esquerda naquele Estado, mantida desde 2006,com o PDT, com sucessivos mandatos na condução do Palácio da Abolição. Na realidade, dois mandatos de Cid Gomes(PDT-CE), irmão do candidato à Presidência da República, Ciro Gomes(PDT-CE), e dois mandatos de Camilo Santana, do PT, que precisou se desencompatibilizar-se do cargo para concorrer ao Senado Federal nas próximas eleições de outubro, sendo substituído por sua vice, Izolda Cela, do PDT. 

Com uma gestão muito bem avaliada pela população e bem articulada junto às instâncias do PT local - inclusive com simpatias nacionais dos dirigentes da legenda - Izolda credenciou-se para continuar no cargo, disputando as próximas eleições no Estado. Izolda, na realidade, nunca foi bem-digerida por setores do PDT que, numa manobra avaliada como de "arrogante", decidiu que o candidato ao Governo será o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio(PDT-CE). 

Roberto é médico, um técnico que foi pinçado à condição de político pela família Ferreira Gomes, teve uma boa passagem como prefeito da cidade, mas, neste momento, não fez muito bem para os arranjos políticos no que concerne à condução da aliança entre as duas legendas. Diante da decisão de ruptura, restaria ao PT dois caminhos: apoiar o nome de Eunício Dias(MDB-CE), como candidato ao Governo, opção que poderia ter o apoio do PT nacional, ou  lançar o nome de Izolda Cela(PDT-CE), mesmo diante da exiguidade de tempo para as convenções partidárias. 

Editorial: Lula muda roteiro para visitar primeiro os parentes

Foto da equipe de Lula - Divulgação


A cúpula política do PSB recebeu, hoje, dia 20\07, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Aeroporto Internacional dos Guararapes\Gilberto Freyre. Comenta-se que ele teria chegado com o semblante um pouco fechado - carrancudo seria um termo mais apropriado - mas este editor se reserva ao direito de não entrar nos pormenores das motivações de Lula para não demonstrar aquele entusiasmo de antes, quando vinha ao Estado na época, por exemplo, que o ex-governador Eduardo Campos era vivo. 

Depois dos compromissos políticos, se dirigia à residência dos Campos, no bairro de Dois Irmãos, onde degustava as delícias da culinária pernambucana, e, no final, durante a sesta, ainda dava boas gargalhadas com os causos narrados pelo dramaturgo Ariano Suassuna. Por vezes, o cardápio era anunciado pela imprensa, o que enchia a nossa boca d'água só de imaginar. Amanhã, segundo agenda divulgada, Lula irá almoçar na residência do candidato do PSB ao Governo do Estado, Danilo Cabral, mas o cardápio está mantido sob sigilo. O que está sendo muito divulgado mesmo nas redes sociais, é um vídeo onde o hoje candidato ao Governo do Estado anuncia seu voto a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff(PT-MG). 

Pela programação inicial, o primeiro compromisso de Lula seria em Serra Talhada, no Sertão do Pajeú, mas ele resolveu, em primeiro plano, voltar às suas origens, ou seja, foi visitar os parentes em Caetés, cidade localizada no Agreste Meridional do Estado, onde conhecerá a réplica da casa de dona Lindu, sua mãe, construída pelos dirigentes petistas locais. Salvo melhor juízo, nem mesmo os organizadores da visita haviam colocado essa casa na sua agenda inicialmente, mas ele fez questão de afirmar que gostaria de visitá-la. Participará de evento em Garanhuns e Serra Talhada. No final da tarde do último dia, 22, vem ao recife - melhor dizendo, Olinda - onde se encontra com os partidários na Casa de Show Classic Hall. 

Segundo dizem, a motivação da mudança teria a ver com as previsões de chuva na capital pernambucana, mas, na realidade, está fezendo um sol maravilhoso. Um pouco de chuva, igualmente, também não iria atrapalhar as suas andanças pelas ruas do Recife, tampouco afungentaria os simpatizantes. A questão é que eles prepararam um roteiro sob medida para evitar eventuais "surpresas".    

terça-feira, 19 de julho de 2022

Editorial: O intrincado e equilibrado jogo de forças políticas em Alagoas



A vida já esteve melhor para a clã Calheiros no Estado de Alagoas. Nessas próximas eleições, o jogo de disputas políticas no Estado encontra-se bastante equilibrado sugerindo-se que o mínimo de deslize de algum competidor pode ser determinante no resultado do jogo. Neste caso específico, o grupo do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lyra, dos Progressistas, disputam voto a voto as eleições estaduais deste ano com o grupo liderado pelo senador Renan Calheiros, do MDB. Correndo por fora, mas tecnicamente empatados com os principais concorentes, o ex-presidente Fernando Collor de Mello(PTB) esboça o desejo de voltar a dirigir os destinos do Estado, bastante incentivado pelo presidente Jair Bolsonaro, a quem deverá apoiar no Estado, uma vez que Lyra segue uma raia própria, a despeito da proximidade com o presidente.  

No dia ontem, o senador Renan Calheiros esteve num encontro com dirigintes emedebistas que se inclinam a apoiar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT), que já conta com apoio dos Calheiros no Estado. O grupo sempre defendeu a tese do não lançamento da candidatura da senadora Simone Tebet(MDB-MS) para a Presidência da República, contrariando os acertos dos dirigentes da legenda.Pelo que ficou decidido na reunião, 11 diretórios estaduais da legenda decidiram que apoiarão o candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Uma pá de cal nas pretenções da senadora Simone Tebet. 

Em razão dos problemas inerentes à terceira via, é um fato que talvez a candidatura da senadora não se viabilize mesmo, independentemente dessas defecções. Nem o ex-governador Eduardo Leite, do PSDB, que esteve junto nessas costuras para a definição de um nome para tentar quebrar a polarização entre Lula e Bolsonaro, irá votar nela, conforme ele mesmo declarou recentemente, pois não conseguiu fechar um acordo com o MDB no seu Estado, que tentará voltar a governar. 

Na realidade, a disputa no Estado terá suas repercussões no plano nacional, uma vez que poderá, dependendo dos resultados, fortalecer a posição de Arthur Lyra no Legislativo, mas também pode alavancar os projetos políticos do senador Renan Calheiros, que deverá ser um interlocutor privilegiado de Lula naquela Casa caso o ex-presidente seja eleito. Eis os números do Real Time Big Data, em pesquisa realizada entre os dias 04 e 05 e julho. TSE:AL 04092\2022. A margem de erro do Instituto é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. 

Rodrigo Cunha (União Brasil-AL)    20%

Fernando Collor (PTB-AL)           20%

Paulo Dantas(MDB-AL)               26%

Editorial: Aliança do PDT com o PT no Ceará ameaçada?


Com dois candidatos presidenciais concorrendo ao Palácio do Planalto nas próximas eleições, a boa convivência das duas legendas naquele Estado da Federação, naturalmente, produziria alguns ruídos. Esta parceria entre o PDT e o PT, eventualmente uma relação não necessariamente harmoniosa em alguns momentos, produziu alguns bons frutos na gestão da máquina estatal. Um dos políticos hoje mais prestigiado no Estado é o ex-governador Camilo Santana, do PT, que se afastou do cargo para concorrer ao Senado Federal, numa eleição tida como certa. 

Camilo chegou a ser cotado, inclusive, como um potencial candidato à Presidência da República. Camilo foi substituído no Palácio da Abolição por sua vice, Izolda Cela(PDT-CE), que vem fazendo uma gestão muito bem avaliada pela população, o que elevou sua cotação para continuar no cargo. Era uma das possibilidades, inclusive muito bem aceita pelas hostes petistas dentro e fora do Estado. Na realidade, Izolda Cela era o nome para manter a aliança entre os dois partidos mais azeitada. Em suas redes sociais, o ex-governador Camilo Santana lamentou que a primeira mulher a governar o Estado não pudesse concorrer à reeleição.  

Não se sabe como o PT irá se comportar a partir de agora, uma vez que no dia de ontem, o Diretório Estadual do PDT, em votação, bateu o martelo e ratificou o nome do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio(PDT-CE) para a disputa. Políticos relevantes daquela praça lamentaram a opção do PDT, afastando a atual governadora da disputa. Optaram por um nome que guarda algumas rusgas com a legenda petista. Roberto Cláudio é uma espécie de cria dos Ferreira Gomes. Salvo melhor juízo, era um técnico pinçado para exercer um cargo político e deu certo na condução da máquina, quando foi prefeito de Fortaleza.   

Editorial: Preparem o bolo de rolo que Lula está chegando



Lula chega ao Recife no próximo dia 20, onde deve permanecer até o dia 21, cumprindo uma série de compromissos políticos assumidos oficialmente com o candidato do PSB, Danilo Cabral. Uma pena mesmo que, por razões de segurança - ou seriam políticas? - ele não irá arruar pelas ruas do Recife ou experimentar um sarapatel no Mercado de São José, reduto do folclorista Liêdo Maranhão, um anfitrião de primeira, que, no passado acompanhou até o cineasta Orson Welles em suas noitadas pelos bairros boêmios do Recife.Quando esteve aqui na província, na década de 40 do século passado, este sarapatel fazia a festa do cronista capixaba Rubem Braga, que dividia a iguaria com Gilberto Freyre e Capiba. Outro apreciador de nossa boa mesa era o escritor Jorge Amado, assídio frequentador do Restaurante Leite. Jorge gostava de arruar pelas pontes do Recife. 

Bolo requintado, de origem portuguesa, dos tempos da colonização, o Bolo de Rolo tornou-se um patrimônio dos pernambucanos. Os portugueses o recheavam com nozes e avelãs. Na ausência dessas oleaginosas, os pernambucanos colocaram o recheio de creme de goiaba que, possivelmente, o tornou ainda mais gostoso. Em sua origem não, mas com recheio de goiaba é coisa nossa, tipicamente pernambucana, daí a sugestão deste editor no título deste editorial. 

Naqueles tempos de vacas magras, ainda na década de 80 do século passado - período em que o PT estava em formação - quando vinha a Pernambuco para visitar os campanheiros e a família em Caetés, Lula parava nas estradas deste sertão para saborear um bom capão com sangue de cabidela, feijão verde recheado de quiabo e maxixe e suco de umbu. Não sem antes, para abrir o apetite, uma boa cachaça com tira-gosto de préa ou arribaçã. Nessas andanças, era sempre acompanhado do fiel escudeiro, o hoje senador Humberto Costa, que  conduzia a turma numa surrada Brasília Amarela.

Agora, naturalmente, os tempos são outros, mas, mesmo assim, Lula teria manifestado o interesse em conhecer uma réplica da residência em que ele viveu com os familiares na cidade de Caetés, próxima a Garanhuns. As cenas gravadas ali, ao que fui informado, poderão ser utilizadas em sua campanha pela televisão. Como disse no início, contingências outras, infelizmente, irão confiná-lo a um encontro fechado no Classic Hall, sem que ele possa se misturar à multidão, como ocorreu recentemente na Bahia.    

segunda-feira, 18 de julho de 2022

Editorial: O estranho suicídio de um personagem chave do caso Marcelo Arruda.



A Polícia Civil do Estado do Paraná acaba de confirmar ter encontrado o corpo do vigilante Claudinei Coco Esquarcine, que, em princípio, teria cometido suicídio.  Claudinei Esquarcine é um dos personagens-chave no enredo que envolveu as indisposições e culminou com a morte do militante petista Marcelo Arruda, na cidade de Foz do Iguaçu, enquando comemorava seu aniversário de 50 anos com os familiares. Num crime com todos os ingredientes de motivações políticas, Marcelo se desentendeu com o Policial Penal Federal, Jorge Garanhos que estava num outro clube, mas através de Claudinei obteve a senha que permitiu que ele tivesse acesso às câmaras e pudesse acompanhar a organização da festa de Marcelo Arruda. Em princípio, não seria usual a liberação do acesso a essas filmagens. 

Possivelmente incomodado com os "temas" da decoração da festa de Marcelo Arruda - em homenagem ao ex-presidente Lula - Jorge Garanhos teria ido ao local e provocado Marcelo, que revidou atirando algo no carro de Garanhos. Depois de deixar a família em casa, Garanhos voltou ao local da festa para tomar satisfações com Marcelo, já de arma em punho, as gritos de "Aqui é Bolsonaro", de acordo com uma testemunha arrolada durante os depoimentos à polícia. A autoridade policiail que conduziu o inquérito sobre o caso não o tipificou como crime com conotações políticas, mas como um homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe. 

Salvo melhor juízo, de acordo com a Constituição Federal, seria, legalmente complicado tipificar um crime de natureza política, mas que houve uma clara motivação de ódio induzido por intolerância política, ah isso houve, de acordo com proeminentes figuras do mundo jurídico ouvidos pela imprensa. Desconheço se ele teria sido ouvido durante a condução do inquérito policial. Sua morte não deixa de ser algo controverso, pois, segundo dizem, ele teria pulado de uma ponte e cometido suicídio. Não temos nenhum elemento para duvidar da versão inicial de suicídio, mas isso faz lembrar um enredo policial do passado, onde se chega àquela situação de mortes sucessivas, assim como ocorreu com o assassinato do presidente John Kennedy, onde Le Harvey Oswald foi assassinado e o seu matador foi morto na prisão.  

Editorial: "A grande obra é cuidar das pessoas."



O ex-prefeito do Recife por dois mandatos, João Paulo Lima e Silva, anda um pouco esquecido do nosso mundo político, mas hoje foi lembrado - de uma maneira bastante positiva - em artigo do jurista Maurício Rands, publicado no Blog do Magno Martins. Como se sabe, João Paulo foi eleito prefeito do Recife, em 2000, pela primeira vez, numa condição bastante particular, quebrando um projeto da então União por Pernambuco, que já havia estabelecido um rodízio de nomes que deveriam se revesar na gestão da Prefeitura da Cidade do Recife e do Governo do Estado de Pernambuco. Sua vitória, em 2000, na realidade, implodiu a União Por Pernambuco. Realizou duas gestões bem-avaliadas pela população do Recife, traduzidas no slong: A grande obra é cuidar das pessoas

Mas, afinal, o que significou isso na prática, na vida do cidadão comum, aquele que reside nos morros e alagados do Recife, uma gente vulnerável às intempéries da natureza, como as provocadas por estas últimas chuvas que caíram na capital, ceifando a vida de 130 pernambucanos, recifenses em particular. Observa o articulista que os nossos gestores não estão cuidando das pessoas como deveriam, o que explica o crescente empobrecimento de nossa população, traduzida na ocupação de praças e logradouros públicos por pessoas sem teto, ou nos pedintes que se aglomeram nos semáforos das nossas ruas engarrafadas, uma vez que o trânsito também não vai muito bem, meu caro Maurício. 

Em suas duas gestões, João Paulo teria reduzido sensivelmente as áreas de risco do Recife, que voltaram a ser ampliadas nas gestões seguintes, por falta de cuidados com as pessoas, de onde se conclui que tragédias como aquela poderiam ser evitadas ou seus danos minimizados. Além do princípio republicano e programático, sobressaia-se em João Paulo uma profunda sensibilidade social, construída ao longo de sua trajetória política, sempre alinhado com os segmentos mais esquecidos da sociedade.   

Editorial: TSE: equilíbrio e rigor na defesa da democracia.



O Tribunal Superior Eleitoral irá enfrentar uma de suas batalhas mais difíceis nessas eleições que se aproximam. Em todos os momentos, exige-se equilíbrio e ponderação nos momentos certos, assim como rigor e determinação quando as circunstâncias assim o exigirem. Há pouco tempo, o atual presidente daquela Corte, Ministro Edson Fachin, convocou a Polícia Federal e as Forças Armadas para acompanhar uma preleção dos técnicos da Casa sobre o acompanhamento das eleições, numa atitude equilibrada e conciliadora. 

Na outra ponta, a ponta do rigor na observância às regras estipuladas para a condução do pleito, mesmo antes de assumir a Corte - fato que só ocorre a partir - de agosto -  o ministro Alexandre de Moraes, determinou que fossem retiradas das redes sociais uma série de postagens que associavam o candidato Luiz Inácio Lula da Silva ao PCC. Caso as determinações não sejam cumpridas, multas pesadas aos responsáveis, dando a linha que será adotada contra os infratores das boas regras de convivência política exigidas por um regime democrático. 

Como enfatiza o próprio ministro, liberdade de expressão não pode ser confudida com liberdade de agressão. O grande problema para o disciplinamento dessas fake news é que elas se tornaram uma poderosa arma política nas mãos de atores que não dão a mínima para o regime democrático. Elas se constituem numa verdadeira distorção do processo político, pois - além de ferir a honra e promover uma espécie de linchamento moral de alguns atores políticos - dispersa o eleitorado daquilo que realmente importa numa eleição: a discussão de um projeto para o país.   

Editorial: Afinal, a morte de Marcelo Arruda foi ou não um crime politico?



 A maior parte das matérias e artigos que li sobre o assunto, refere-se ao episódio como um crime de natureza política, bastante tipificado. Refiro-me, aqui, naturalmente, ao crime que vitimou o tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, no momento em que comemorava com a família o seu aniversário de 50 anos. O crime foi cometido por um bolsonarista convicto, o policial federal penal, Jorge Garanhos, que também foi atingido e se encontra em estado grave no hospital. 

O resultado do inquérito policial, conduzido pela Polícia Civil do Estado do Paraná, conclui por um crime duplamente qualificado, por motivo torpe. Segundo a autoridade policial, não haveria elementos para qualificá-lo como um crime político, embora tais conclusões estejam causando bastante polêmicas no meio político. Nem mesmo os advogados da família de Marcelo Arruda ficaram satisfeito com o resultado do inquérito, argumetando que talvez tenha havido um certo açodamento na sua conclusão. 

Ontem, um determinado veículo de comunicação trouxe uma matéria tratando do assunto, onde o articulista teve acesso a um depoimento do inquérito, com a oitiva de uma vigilante, onde a mesma confirma que Jorge Garanhos, de arma em punho e disparando contra Marcelo, gritava "Aqui é Bolsonaro". Com todo no nosso respeito ao trabalho da Polícia Civil do Estado do Paraná, fica cada vez mais difícil a sustentação da tese de que não se tratou de um crime político.  

Editorial: A queda do antipetismo pode reconduzir Lula ao Planalto


O vice-presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, determinou que algumas postagens fake sobre Lula fossem retiradas das redes sociais. Nas eleições de 2018, o presidente Jair Bolsonaro foi eleito na esteira de uma narrativa anticorrupção - que envolvia setores do PT - no bojo da Operação Lava-Jato. Seria natural, portanto, que, diante de algumas dificuldades na campanha de reeleição de Jair Bolsonaro, este tema fosse retomado ou, para ser mais preciso, requentado. 

Em artigo tratando deste assunto, o cientista político Felipe Nunes, do Instituto Quaest\Genial, observa que, em 10 anos - de 2002 a 2022 - os escores de antipetismo, que eram de 37% no início, baixaram para 30%. De acordo com o analista, este fato justifica a resistência do candidato Luiz Inácio Lula da Silva na liderança das pesquisas de intenção de voto. O artigo de Felipe Nunes repercutiu nas páginas da revista Veja, em matéria assinada pelo jornalista Matheus Leitão.  

Particularmente, consideramos um índice ainda alto, mas, segundo o cientista político, insuficiente para impedir uma eventual vitória de Luiz Inacio Lula da Silva nas eleiçoes presidenciais de 2022. Além do pacote de bondades - corporificado na PEC Kamikaze - os estrategistas do staff político do presidente Jair Bolsonaro consideram a possibilidade de retomarem essa narrativa daqui para frente, intensificando a polarização da campanha, uma das razões para que não se abra espaço para uma terceira via, já então sepultada por alguns observadores mais atentos de nossa cena política.