pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Editorial: Arielle Franco, irmão de Marielle Franco, deve assumir o Ministério da Igualdade Racial.

 



Desde algum tempo que a área de direitos humanos vem passando por um retrocesso atroz. Ali pelo ano de 2013, culminando com 2016 - com o golpe institucional que afastou injustamenre a presidente Dilma Rousseff da Presidência da República - que estamos acumulando assédios contra os diretios humanos no país. A Secretaria Especial de Igualdade Racial, que chegou a ter status de ministério ainda nos governos da coalizão petista, ficou reduzida a um puxadinho no Ministério da Justiça posteriormente. 

Agora, voltou a ocupar o status de antes, voltando ao lugar merecido, dada a enorme dívida que este país precisa resgatar com os negros, os quilombolas, as mulheres negras, as mulheres negras analfabetas, as mulheres negras homossexuais, os negros e negras vítimas preferenciais da violência urbana, a juventude negra empobrecida, que foi tão reconhecida nos primeiros governos Lula, que criou programas que permitiu que milhares deles pudessem ter acesso ao ensino superior, maior conquista da raça nos últimos 522 anos. 

Também já teria sido indicado um jovem negro para cuidas de negros na Fundação Palmares, o que se constitui numa excleente notícia. Agora a tendência é que tenhamos negros cuidando de negros e não os açoitando, como na época da escravização. Outro nome que estaria sendo pensado é o do professor e pensador Sílvio Almeida, o que seria, igualmente, uma excelente escolha. Vamos aguardar um pouco mais.  

Editorial: O jogo das eleições presidenciais de 2026 já começa a ser jogado.



Ontem foi anunciado o nome do senador Wellington Dias, do Piauí, para assumir o Ministério do Desenvolvimento Social. A nomeação, sob alguns aspectos, é perfeitamente compreensível. Wellington Dias, embora discreto, foi um dos nomes mais estratégicos na campanha presidencial que reconduziu Lula, mais uma vez, à Presidência da República. Por outro lado, a pasta de Desenvolvimento Social seria uma daquelas pastas de cota exclusiva do PT, sobretudo porque a mesmo encampa a galinha dos olhos de ouro do partido: o programa Bolsa Família, que, certamente, será de fundamental importância no processo sucessório das eleições presidenciais de 2026, quando o partido deverá apresentar um nome para suceder Lula no Palácio do Planalto. 

Com tal desfecho, amplia-se o impasse com a ex-senadora Simone Tebet, que sempre bateu o pé, informando que não aceitaria outra pasta no futuro Governo Lula. Advogamos aqui o nosso profundo respeito pela senadora, que conduz sua vida pública dentro dos mais nobres princípios republicanos. Prestou excelente serviços ao país no exercício do seu mandato, prrincipalmente durante os trabalhos da CPI da Covid. Na campanha de Lula, quando entrou num momento crucial, foi uma guerreira incansável e merece seu lugar no governo. 

Comenta-se que ela teria projetos presidenciais para 2026 - o que seria perfeitamente compreensível - o problema é que as eleições de 2026, dentro da agenda das articulações políticas, já começaram. As projeções indicam, por exemplo, que Lula já estaria preparando o pupilo Fernando Haddad para sucedê-lo. Sua indicação para o Ministério da Fazenda seria um indício concreto de tal projeto. A rigor é uma pasta que ele não gosta, assim como poderia dar uma excelente contribuição ao governo em áreas de sua preferência, como Educação, por exemplo, já decidida que ficará com o senador Camilo Santana.  

Editorial: As últimas gotas de tinta da caneta Bic.



Comenta-se aqui na província que o ex-governador Miguel Arraes costumava escrever com a caneta inclinada, nunca na posição rigorosamente vertical. Daí sua preferência pela marca BIC, que facultava essa possibilidade. Propaganda da famosa caneta a parte - que, aliás, nunca precisou do apoio deste blog para torna-se uma das esferográficas mais famosas do mundo - antecipo que o futuro presidente Lula está tranquilo; tem acumulado bons êxitos nas negociações política com os demais poderes; construído um ministério com nomes de comprovada competência, tudo com o propósito de ter um mínimo de condições de governabilidade. 

Com a declaração de inconstitucionalidade do orçamento secreto, diminuem as margens de maiores chantagens políticas, embora elas não desapareçam completamente. Ainda no dia de ontem, Lula andou visitando a Granja do Torto. Talvez ainda não tenha definido para onde ir, pois, o governo anterior está em retirada, mas o campo ficou completamente minado. Ele precisa rer segurança absoluta sobre onde está pisando. O futuro presidente tem passado para a população - como não poderia ser diferente num momento como este que estamos vivendo - palavras de otimismo, no sentido de retirar o país dos escombros em que ele foi metido.  

Mas, a rigor, a rigor, sabe que terá muitas dificuldades pela frente. Jair Bolsonaro tem passado um sentimento de profundo pesar pelo afastamento do poder. Em momentos críticos da gestão da máquina, por diversas vezes, ele amaldiçou o cargo, mas, agora, dá indícios de que não se preparou para deixar a Presidência da República. Com as últimas gotas de tinta que restam da caneta BIC, tem feitos nomeações para cargos estratégicos, de pessoas de sua estrita confiança, possivelmente com o propóstio de acompanhar os passos do sucessor. São nomeações para determinadas comissões, que não poderiam ser revogadas pelos próximos anos de governo.   

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Editorial: Qual o lugar de Simone Tebet no futuro Governo Lula?



Há diversas tendências ou alas no Gabinete de Transição que, não necessariamente, dialogam entre si. Na verdade, tal gabinete cresceu tanto que tornou-se uma verdadeira Torre de Babel. O poder de fogo dessas vaidades e egos inflados é difícil de ser contido. Na verdade, pesa mais o jogo da realpolitik de interesses de grupos menores no conjunto desse gabinetão. Assim, se explica que a nomeação da ex-senadora Simone Tebet para ocupar algum cargo no futuro Governo Lula possa não convergir para a formação de um consenso entre os integrantes daquele gabinete. Izolda que o diga. 

Sobretudo quando se sabe que ela já teria afirmado a interlocutores que não aceitaria compor o governo em qualquer pasta. Teria preferência por uma pasta relacionada ao Desenvolvimento Social. Aliás, seria isso ou nada. Há rumores dando conta de que ela teria sido sondada sobre a possibilidade de aceitar ser a ministra do Meio-Ambiente, mas antecipou que não aceita. As rusgas já teriam superado o plano do comedimento e da diplomacia política, para se tornarem reais, vazando para o conhecimento da imprensa, que passou a esoecular em torno de sua preferência já guardar uma relação aos projetos futuros, de olho nas eleições presidenciais de 2026. Em assim sendo, entende-se porque Lula já teria batido o martelo sobre o assunto, nomeando o senador Wellington Dias para a pasta do Desenvolvimento Social, que cuida dos ovos de ouro eleitorais do Bolsa Família.  

Lula terá uma conversa com a ex-senadora, onde deverá tomar uma decisão acerca de sua integração ao governo. Conseno mesmo só entre os eleitores de Lula, que consideram ser bastante justo que a ex-senadora ocupe um cargo no governo. De fato, seu engajamento na campanha do petista foi efetivo, possivelmente dando a sua contribuição para o resultado do jogo em favor de Lula. Simone é uma pessoa séria, competente, que tem muito a contribuir neste processo de soerguimento do país. Sua atuação como senadora da Republica é uma prova insofismável do que estamos afirmando. Torcemos que o impasse seja resolvido.     

Editorial: Ministro Gilmar Mendes determina que arma da deputada Carla Zambelli seja devolvida.




Pelo andar da carruagem política, essas rusgas institucionais envolvendo os poderes Judiciário e Legilativo devem perdurar ainda por algum tempo. Nos escaninhos da política, comenta-se que o Centrão já estaria preparando um conjunto de medidas para se contrapor às refregas sofridas recentemente, quando o Poder Judiciário decretou a insconstitucionalidade do famigerado orçamento secreto, assim como permitiu que o programa Bolsa Fmaília furasse o teto de gastos, se arranjasse com recursos extraordinarios. Pelo menos por um ano, Lula poderá ter a certeza de que seu eleitorado mais renhido não ficará desasistido.

Em mais um capítulo dessas indisposições, o minitro Gilmar Mendes, do STF, determinou que a arma da deputada federal Carla Zambelli seja entregue em 48 horas, sob pena de um mandado de busca e apreensão, caso a determinação nãos eja cumprida no prazo determinado. O ministro atendeu a um pedido da Procuradoria Geral da República. Comenta-se que a deputada talvez não possa devolver a arma porque estaria fora do país. A arma é aquela mesma das cenas que ganharam o país, quando ela sai em perseguição de um homem de cor negra que, supostamente, a teria agredido. 

As cenas ocorreram ainda sob o calor da disputa presidencial entre o presidente Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. Concluído o processo eleitoral, os assessores do presidente Jair Bolsonaro chagaram à conclusão que as cenas foram determinantes para a sua derrota nas eleições. O ex-deputado Roberto Jefferson também teria dado a sua contribuição, ao receber os agentes da Polícia Federal com armas e granadas. De fato, a repercussão de ambos os fatos foram bastante negativas, e, por outro, lado, não havia como dissociar esses dois atores políticos do bolsonarismo. Hoje se entende porque Bolsonato foi tão veemente e rápido na condenação da atitude de Roberto Jefferson, 


Editorial: A educação brasileira em boas mãos.



UFFA! Fazia algum tempo que nós não podíamos fazer tal afirmação. As últimas gestões do MEC foram um verdadeiro desastre, marcadas por irregularidades e questiúnculas ideológicas - como a questão de gênero - assim como a ideia fixa de retirar do educador Paulo Freire a condição de patrono da educação brasileira. O cara tem uma excepcional produção acadêmica, além de reflexões menos formais sobre o fenômeno educacional; é respeitado no mundo inteiro, concebeu um método conceituado de alfabetização cidadã, voltado para os adultos excluídos do mundo da leitura. Ainda são mais 10 milhões de brasileiros e brasileiras que sofrem desse flagelo, interditivo do exercício pleno da cidadania. 

Passamos até a ficar curiosos sobre quem os bolsonaritas pensavam eleger como patrono da educação brasileiro. Vocês também não teriam a curiosidade de saber quem poderia, na concepção desses malucos, substituir o pernambucano Paulo Freire? Com a eleição de Lula, descortina-se uma nova fase para o país, de democracia, de paz, de atendimentos das demandas dos mais necessitados, de políticas publicas estruturadoras, de reconstrução do país. Ficam sempre grandes expectativas sobre os atores que teriam essa difícil missão daqui para frente. 

Como sempre temos afirmado por aqui, cumpre ao futuro minitro da Justiça, Flávio Dino, uma missão hercúlea no Ministério da Justiça. O estrago produzido, por outro lado, foi grande e atingiu outras áreas, como na educação, na saúde, no meio-ambiente, na cultura. Um desastre generalizado. A educação terminou o ano, com problemas sérios na distribuição da merenda escola; com recursos bloqueados para as univeridades; comprometimento do programa de livros didáticos etc. Um dos últimos grandes ministros da educação foi o senhor Fernando Haddad. Desejávamos que ele fosse indicado para o cargo, mas Lula tinha outros planos para ele. 

A indicação recaiu sobre o nome do ex-governador do Ceará, Camilo Santana, com Izolda Cela assumindo a Secretaria de Ensino Fundamental, a sua área de grande espertise. Já comentamos por aqui que consideramos uma grande bobagem a não indicação de Izolda Cela como titular daquela pasta, mas o arranjo político foi bem-sucedido, uma vez que ambos formam uma dupla com grande capacidade, seriedade e dedicação à causa pública. Ficamos aliviados com a indicação de ambos, pois sabemos que eles conduzirão com êxito essa missão de transformar radicalmente a educação do país. Muito sucesso a ambos.      

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Editorial: O mundo da realpolitik no Gabinete de Transição de Lula.



Alguém já nos alertou para não ficarmos preocupados com as possíveis "manhas políticas" do coordenador do Gabinete de Transição de Lula. São 16 anos de exercício de poder que não podem ser desprezados. Isso é verdade. Não deve ser fácil, no entanto, administrar os interesses de uma equipe tão grande, inflada de egos pessoais. Hoje já discutimos por aqui os impasses que envolvem a nomeação da governadora do Estado do Ceará, Izolda Cela, para o Ministério da Educação. Todos os argumentos até agora apresentados são inconsistentes. 

Hoje, um jornalista muito bem informado alertou que existe um ator político de longa atuação no PT - um dos mais destacados, por sinal - que já teria batido o pé sobre a ocupação da diretoria de um grande banco estatal. Não iria perder nada. Ao contrário,embora fique longe das holofotes - o que, não necessariamente, é um mal negócio - ele acumularia vantagens bem mais robustas do que se ficasse na Esplanada dos Ministérios. São um monte de penduricalhos que elevam seus proventos às alturas, com plano de previdência privada, plano de saúde perpétuo, seguro de vida, vale alimentação gordo, além de outras vantagens. Ele parece saber o que está pleiteando. E, talvez, tenha lá suas razões. 

Até recentemente, comentou-se que um determinado partido da base aliada estaria pleiteando a ocupação do Ministério do Turismo. Em princípio, a indicação recairia sobre uma ex-candidata ao governo estadual. Hoje, já se aventa que o próprio dirigente partitário estaria pleiteando o cargo para si, o que não necessariamente se constitui numa surpresa.    

Editorial: Miséria humana não pode ser usada como arma de chantagem política.

Crédito da foto: Fátima Meira\Futura Press\Estadão


Vamos aqui poupar os leitores e leitoras dos detalhes mais escabrosos, mas a luta entre o futuro governo e o parlamento no tocante a encontrar as condições mínimas de governabilidade para o próximo ano, envolvendo essa questão do orçamento, não tem sido nada fácil. E, neste campo da realpolitik - nem precisamos ler Maquiavel para sabermo disso - não há limite possível. Outro dia circulou a informação de que o Centrão estaria de olho no Ministério da Saúde, considerado um dos mais estratégicos para o PT. Seu orçamento é um dos maiores do orçamento da União, daí a cobiça. 

Em troca, seria oferecido 150 votos em favor dos pleitos do futuro governo no tocante ao fura teto. Não tenho boas expectativas dessa relação do futuro governo com o Centrão. É quase impossível atender às suas demandas e, quando elas não são atendidas, as armas utilizadas são bem conhecidas. O jogo é pesada e vivemos sob um regime de semipresidencialismo disfarçado. A vitória de hoje do futuro governo - afastando a miséria e a fome dessas negociações nebulosas - precisou contar com o apoio do Poder Judiciário, através do senhor ministro Gilmar Mendes, do STF. 

Temos dificuldades de localizar esta foto hoje, mas há alguns anos atrás circulou na internet uma imagem da ex-presdidente Dilma Rousseff, de cara fechada, ao receber um bilhetinho com novas demandas do Centrão. Deu no que deu. O resto já história. Fora aplicada à ex-presidente uma espécie de torniquete político que acabou por estrangular o seu governo, levando seus algozes a aplicar-lhes o golpe de misericórdia, que ganhou o eufemismo de impeachment. Lula tenta, de todas as formas, criar as condições mínimas de governabilidade.   

Editorial: Não vejo motivos reais para o eventual veto ao nome de Izolda Cela para o MEC.

 


Comenta-se, nos escaninhos da política, que o nome da governadora do Ceará, Izolda Cela, para assumir a pasta do MEC, estaria sofrendo resistência de alguns setores do PT, que argumentam que ela é uma nova convertida à legenda; é casada com um dirigente de uma entidade fundacional privada ligada à área de educação; e sua especialização estaria focada na educação fundamental. Como se sabe, em tese, Izolda Cela seria o nome da preferência de Lula para assumir aquele minitério. Lula, se quiser, a indica e estaríamos conversados. É o morubixaba petista quem bate o martelo po último mesmo. 

Mas, enfim, convém expor que os motivos alegados não se sustentam. Possivelmente, as razões seriam de outra natureza. Deve haver gente mais cacificada na legenda desejando ocupar o cargo. Voltemos aos argumentos. O fato de ela ter se tornada uma petista apenas mais recentemente não significa nada, pois sua trajetória política sempre foi no campo das forças progressistas. Não faz muito tempo, Izolda era uma aliada do ex-governador Ciro Gomes(PDT-CE), que mantinha uma aliança política perfeitamnte azeitada com o PT no Estado do Ceará, responsável por 16 anos de poder. 

Salvo melhor juízo, Izolda, apesar de formalmente ligada ao PTD, nunca esteve fora da aliança ou do conjunto de forças políticas integrados pelo PT. É preciso considerar essa trajetória política da governadora. Quanto à sua área de atuação mais específica ser a educação infantil, isso se reolveria com a divisão daquela pasta - como já discutimos aqui - ou com a indicação de assessores com competência comprovada no ensino superior. Curioso que Fernando Haddad já declarou que economia não seria bem a sua praia, mas é um nome certíssimo para ocupar o Ministério da Fazenda. 

Apenas a Faria Lima questionou este fato e por razões outras. Haddad irá buscar nomes com competência na área para auxiliá-lo. Sobre o terceiro argumento, o fato dela ser casada com alguém que atua na área da educação privada, faz muito tempo que isso deixou de ser um problema para o PT. Para chegar lá, foram amplas as negociaões com a própria Faria Lima, assim como o Centrão, do senhor Arthur Lyra. Não vamos aqui entrar nos detalhes para não chocar os leitores e leitoras, mas hoje, quando o ministro Gilmar Mendes decidiu que o Bolsa Família esta fora do teto de gastos, especulou-se que isso estava sendo usado como chantagem contra o futuro governo.   

domingo, 18 de dezembro de 2022

Editorial: A "cor" do futuro Governo Lula.


Crédito da foto: Marcelo Rodrigues. 

Uma jornalista andou reclamando - de forma precipitado e igualmente infeliz - que estava sentido a ausência de indicações de mulheres para integrar o ministério do futuro Governo Lula. Ontem, o futuro Ministro da Casa-Civil, o ex-governador da Bahia, Rui Costa, informou que o futuro governo terá 37 ministérios. Muito infeliz a afirmação da jornalista, uma vez que, até aquele momento, Lula só havia anunciado cinco ministérios. Logo em seguida, veio a confirmação da cantora Margareth Menezes para o Ministério da Cultura. Mulher, negra e baiana que terá um grande trabalho pela frente, no sentido de reestabelecer os parâmetros de nossa cadeia cultural, bastante fragilizada no último governo. 

A nomeação de novas mulheres estão previstas para o governo. Lula não cometeria tal deslize sugerido pela jornalista, parece-nos, que muito mal-intencionada. Curiosamente, o nome de Izolda Cela encontra fortes resistências entre algumas alas mais radicais do partido. Três motivos são apontados, embora acreditamos que nenhum deles se sustente. O fato de ela ser cristã nova na legenda; ter uma experiência muito voltada para a educação infantil e ser casada com um diretor de uma fundação educacional. Sugeriram até - o que não seria uma má sugestão - dividr o MEC em dois. 

Um para cuidar da educação básica e um outro para cuidar da estrutura das universidades pública ou ensino superior de graduação e pós-graduação. Alguns analistas observam que não seria uma medida ruim, pois, o ensino superior, literalmente, suga boa parte dos recursos destinados à educação no país. Essas questiúnculas menores poderão interditar a indicação de um dos melhores nomes para aquela pasta, a da governadora Izolda Cela, inclusive o nome da preferência do próprio Lula. Quanto a "cor" do futuro Governo Lula, ontem o Flávio Dino anunciou os seus principais assessores no Ministério da Justiça. Em sua maioria homens e mulheres negras. Um bom começo, para calar a voz dos contra, sempre muito mal-intencionados.    

sábado, 17 de dezembro de 2022

Editorial: Ala ligada a Boulos vence a disputa interna e o PSOL irá integrar base de apoio de Lula.



O PSOL ainda se encontra naquela fase da bacia semântica onde ainda é possível preservar os princípios. Na medida em que se ampliam as chances de poder, essa condição vai diminuindo gradativamente, pelas contingências impostas pela realpolitik. Como é do conhecimento de todos,o PT de hoje não é mais aquele partido dos anos 80 do século passado, que queria mudar o mundo. Hoje soa até esdrúxulo alguém afirmar que o PT abraça teses comunistas e que poderia transformar o país numa Cuba ou numa Venezuela. O partido está mais liberal do que nunca, embora preserve as suas preocupações e sensibilidade para com as questões sociais. O imbróglio criado em relação ao orçamento, visa, prioritariamente atender aos seus compromissos de campanha com os mais humildes.   

Na final da disputa interna - que decidiu o destino sobre a posição do partido em relação ao Governo Lula - a ala liderada pelo Deputado Federal Guilherme Boulos venceu a disputa e o partido irá integrar a base de apoio do futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Salvo melhor juízo, o partido votou contra o famigerado orçamento secreto - no que não merece nenhuma crítica, pois esse expediente, de fato, é uma vergonha - mas deve acompanhar o governo nas próximas votações, como convém a um grêmio partidário que integra a base governista. 

O partido orgulha-se em afirmar que nenhum cargo no governo teria entrado nessas negociações, mas é quase certo um acordo que favoreça o partido neste sentido. Boulos participa do Gabinete de Transição numa área de atuação efetiva do partido, as cidades. Não é improvável que ele possa vir a ocupar essa pasta, embora suas eventuais pretenções de disputar a Prefeitura da Cidade de São Paulo,nas próximas eleições municipais, contribuam para outros arranjos. Publicamente já circulam informações de que ele não irá ocupar esse ministério.  

Arranjos que, aliás, envolvem, inclusive, o ex-governador Márcio França, do PSB, que também atua no reduto político paulista e poderia ocupar tal pasta, consoante as definições dos acertos para as eleições de 2024. Não queremos aqui antecipar os acontecimentos, mas o Ministério de Ciência e Tecnologia parace ser a sina dos socialistas, desde a época do ex-governador Eduardo Campos. Neste aspecto, o curioso é que os socialistas pernambucanos trabalham em favor de uma indicação de Márcio França para ocupar um espaço no Governo Lula - em detrimento da nomeação de um ator político socialista do Estado - apenas para facilitar a vida da Deputada Federal Tabata Amaral, que sonha em governar a maior metrópole do país. 

Editorial: A batalha do PSB para "emplacar" um nome no primeiro escalão de Lula.



A impressão que temos é que o Lula já deve estar perdendo a paciência com essa briga fratricida, entre a sua base aliada, por uma indicação para o seu primeiro escalão. Alguns nomes são "queimados" antes mesmo de serem anunciados, outros são indicados mesmo não construíndo um consenso junto ao Gabinete de Transição. Como a última palavra é a do morubixaba petista, a cantora Margareth Menezes já estaria arrumanda as malas para deixar a Bahia e se mudar para a capital federal. Sabe que sua tarefa não será simples na Cultura, pois perdemos muito terreno, em diversas áreas, nos últimos anos, neste período obscurantista, de terra arrasada. 

Nesses tempos sombrios, isto está contribuindo para reposicionar, inclusive, o status dos futuros ocupantes da Esplanada dos Ministérios. Nunca vi um futuro Ministro da Justiça com tanto prestígio e tão estratégico como o ex-governador Flávio Dino. Sua tarefa, que já seria hercúlea, a cada dia percebemos que se avoluma. A jornalista Marcela Mattos, da revista Veja, produziu uma matéria sobre o assunto, tratando sobre como estão as negociações dos socialistas, no Gabinete de Transição, no tocante a uma ocupação no primeiro escalão do futuro governo. 

Não tem sido uma tarefa das mais simples, uma vez que, há fissuras sobre o assunto - está já é uma conclusão nossa - até mesmo entre eles, divididos no tocante à ala paulista e a ala pernambucana. Há até atores políticos pernambucanos que jogam no time paulista, por motivos conhecidos, torcendo por uma indicação de um paulista para o primeiro escalão. Diante desses impasses, cogita-se uma acomodação no segundo escalão. Especula-se que o governador Paulo Câmara possa vir a ser indicado para o Banco do Nordeste ou para a Codevasf. Flávio Dino, embora recém-convertido ao socialismo, não conta, pois integra a cota pessoal do presidente Lula. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


Editorial: A soltura do ex-governador Sérgio Cabral reacende a polêmica em torno do sistema prisional brasileiro.


O Brasil possui uma das maiores populações carcerárias do mundo. Somos o segundo país a manter mais gente atrás das grades, perdendo apenas para os Estados Unidos.  Os analistas consideram haver no país uma espécie de cultura do encarceramento. A forma como esses presos são tratados, do ponto de vista humanitário e jurídico, é uma outra aberração. A cada dia ficamos mais convencidos de que o ex-governador Flávio Dino, que deverá estar assumindo o Minitério da Justiça no próximo governo, terá uma missão hercúlea pela frente. Se for bem-sucedido no remoção dos entulhos; concretar os revogaços necessário; além de reorientar as políticas públicas para o setor carcerário, reúne todas as condições de torna-se um dos nomes mais importantes e estratégicos do futuro governo. 

Sua missçao não será nada fácil, mas, por outro lado, nota-se que ele demonstra uma disposição enorme de acertar esses ponteiros soltos e consertar os fios desencapados. Como já admitiu o próprio Lula, o estrago foi grande. Somente a missão de desbolsonarizar o aparato de segurança e inteligência de Estado deverá consumir algumas noites de sono do futuro ministro. Do ponto de vista do estritamente legal - embora haja as considerações de outra natueza, a moral, por exemplo - a soltura do ex-governador Sérgio Cabral é perfeitamente compreensível. Ele está preso, sob regime de prisão preventiva, há seis anos, o se constitui numa irregularirade. 

O que se lamenta é que, se manter Sérgio Cabral por seis anos numa prisão preventiva é um problema, imaginem manter milhares de presos que já "cumpriram suas penas" encarcerados por lentidão da justiça, através das varas de execuções penais. Sérgio Cabral, por sua condição social, conta com bons advogados para defendê-lo. E aqueles presos que não podem contar com um bom escritório de advocacia para acompnahá-los?   

Editorial: O bezerro de ouro do orçamento secreto é uma excrescência que precisa ser extinta.

 


A agenda política do dia de hoje está marcada, irremediavelmente, por uma profunda polêmica. Enfim, o orçamento secreto é constitucional ou inconstitucional? Essa pendência parece que ainda não foi resolvida. Nem o campo político, tampouco o jurídico, conseguem dar uma explicação plausível sobre o assunto. A vaselina política da governabilidade deverá mantê-lo em banho maria. Outra polêmica dos diabos tem sido a decisão de membros do STF em soltar o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, condenado no curso da Operação Lava-Jato, a centenas de anos de prisão. 

Os processos contra ele não transitaram em julgado, ele está mantido há seis anos, sob o regime de prisão preventiva, o que se constitue numa aberração jurídica, entendendo-se perfeitamente a decisão tomada por membros do STF. Já antecipo que esta não é a nossa área, mas os amigos do campo jurídico, através das redes sociais, nos convenceram sobre a legitimidade da decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal. Existem coisas ainda mais absurdas, como milhares de presos que já cumpriram pena e ainda estão mantidos encarcerados. Voltaremos a comentar sobre o assunto. 

Nunca concordei com este tal orçamento secreto, uma vez que tal expediente fere princípios fundamentais da gestão da coisa pública. Trata-se de uma excrescência que somente interessa aos parlamentares mal-intencionados no uso desses recursos públicos, sem que a população possa acompanhar se o dinheiro dos seus impostos foram aplicados de uma maneira correta, consoante as boas regras do uso de verbas públicas. Ainda ontem um colunista anunciou que o orçamento da União apresenta um rombo de 23 bilhões, que ninguém consegue uma explicação plausível ou convincente sobre a sua aplicação. 

Seria como se eles tivessem sumidos, mas o montante é significativamente alto para sumir ou se esconder debaixo do tapete. O fato concreto é que as "contas' apresentadas - quando foram apresentadas - não são convincentes, indicando uma real suspeita de corrupção, conclui o articulista. É um verdadeiro absurdo os expedientes que estão surgindo,como mecanismo para satisfazer a gula desse famigerado orçamento secreto, como a suspensão de pagamento de bolsas de estudos às universidades, cortes no orçamento da merenda escolar, interrupção do programa de distribuição de remédios e coisas ainda mais escabrosas. Isso não pode continuar. Não condiz com um regime democrático ou republicano de governo.     

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Editorial: Lula, simplesmente, não tem para onde ir.

 


Há poucos dias de tomar posse e assumir, de fato, a sua condição de presidente do país, Luiz Inácio Lula da Silva, literalmente, não tem para onde ir. As residências oficiais de Brasília estão sob a ocupação de integrantes do governo que, pelo voto soberano do povo, vai deixar de ser inquilino do Palácio do Alvorada e outras residências oficiais da capital federal. Até a Granja do Torto, que chegou a ser pensada como uma alternativa, está sendo ocupada pelo ministro da Economia Paulo Guedes. 

Estranha o fato de não haver qualquer movimentação indicando que os atuais inquilinos estejam juntando os mijados para deixarem o local, como se diz aqui no Nordeste. Perdemos complemante a mais basilar noção de princípios republicanos no país. Um dia os historiadores, sociólogos, cientistas políticos deverão se debruçar nos livros  para tentar uma explicação sobre como chegamos a isso. Eles querem ganhar no grito, na força, na ilegalidade, nas ameaças. Nunca vivemos uma situação semelhante no país. Nunca o resultado de uma eleição foi tão vilependiado.  

Costumamos usar o termo "esquizofrenia coletiva" para designar este momento que estamos vivendo, mas uma psicóloga, gentilmente, andou nos corrigindo pelas redes sociais. Exitem outros termos mais adequados. Hoje, cumprindo o dever cívico de defender o arcabouço jurídico de uma democracia representativa, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, expediu mais de 100 mandados de busca e apreenção contra autores de atos golpistas ou antidemocráticos. Neste momento, a Polícia Federal está fazendo cumprir a lei, tudo dentro do ordenamento jurídico do país.  

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


Editorial: Marília Arraes ministra do futuro Governo Lula? As intrigas provincianas vão permitir?



Há dois episódios emblemáticos envolvendo o sociólogo pernambucano Josué de Castro. São elucidativos para entendermos sobre como funciona a dinâmica dos arranjos - de caráter nada republicanos, registre-se - entre as oligarquias ou elites políticas no Estado de Pernambuco. Quando estava prestes a voltar para a província, depois de uma temporada de estudos nos Estados Unidos, o também sociólogo Gilberto Freyre, foi aconselhado por um grande amigo a não fazê-lo, pois ele não teria sossego em conviver com gente tão invejosa e maledicente. Pelo andar da carruagem política, ou a julgar pelos problemas enfrentados pelo sociólogo no Estado, pode-se concluir que este era, de fato, um grande amigo. Tentou poupar o autor de Casa Grande & Senzala das agruras que ele enfrentaria mais adiante. 

Mais, voltemos ao outro sociólogo,o pensador da fome no país, sempre tão atualizado, uma vez que nunca enfrentamos, de fato, o problema. Parece-nos que a discussão do blog, no dia de hoje, irá se limitar a esta área do conhecimento. Pois bem. Havia uma possibilidade concreta dele assumir um ministério no Governo João Goulart, por indicação do antropólogo Darci Ribeiro. Darci pediu por tudo para que ele não contasse a ninguém. Vaidoso, Josué de Castro não se conteve e espalhou a notícia, sendo boicotado por gente de sua própria agremiação partidaria, o PTB. Acabou não sendo nomeado ministro. 

Numa outra oportunidade, o cineasta do realismo italino, Frederico Fellini, veio até o Recife com o propósito de transfomar em filme um livro de Josué de Castro, a Geografia da Fome. Como, com raras exceções - Lula é uma delas - quem aborda este assunto não costuma passar fome, tratou logo de experimentar a famosa galinha à cabidela servida no Buraco da Otília, um restaurante famoso que existia na Rua da Aurora. Existem muitas controvérsias em torno do assunto - deu até dissertação de mestrado - mas, curiosamente, depois de estabelecer um diálogo com um outro sociólogo -  que morria de ciúmes de Josué de Castro - o cineasta desistiu da empreitada. O filme acabou não saindo. 

Os dois exemplos ilustram bem os problemas da inveja, das intrigas, das maledicências aqui na província. A coisa é tão grotesca que até os interesses regionais são negligenciados diante dessas intrigas. Os socialistas, por exemplo, preferem apoiar um nome de fora, apenas para não verem seus desafetos provincianos se destacarem no cenário nacional. Na base aliada de Lula, especula-se que o Solidariedade poderá indicar um nome para o ministério no futuro governo. Caso isso se confirme, o nome mais cotado seria o de Marília Arraes - ex-candidata ao Governo do Estado pelo partido nas últimas eleições - por sinal, sem arestas junto ao morubixaba petista, que, certamente, aceitaria, de pronto, o seu nome. A pergunta que se faz é: será que os seus desafetos locais, inclusive com gente no próprio Gabinete de Transição, vão aceitar, de boa, tal indicação. Fica a dúvida.     

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Editorial: Nossa democracia segue firme, apesar dos solavancos. 17 chefes de Estado já confirmaram presença na posse de Lula.



Lula foi diplomado Presidente da República Federativa do Brasil, num ato referendado pelo Presidente do Superior Tribunal Eleitoral, o ministro Alexandre de Moraes. Durante o dia de sua diplomação, este ato, que ratifica mais um passo das eleições presidenciais de outubro, estava sendo interpretado pelos bolsonaristas como a oportunidade que faltava para a tomada de novas medidas contra o processo eleitoral brasileiro. Como não somos juristas - e muito menos louco - nos reservamos o direito de não entrar nessa paranóia coletiva, que leva milhafes de pessoas a embarcarem nessa canoa furada, pedindo até ajuda de extra-terrestres para satisfazer os seus desejos reprimidos pelo processo democrático.  

É uma história de complô, de código fonte, de que as eleições foram fraudadas e outras sandices do gênero, que dispensa comentários. Como nos questionamos nos editorial anterior, não quero acreditar que esse pessoal se manterá acampado até o dia da posse de Lula, deixando de passar o Natal com suas famílias. O melhor a fazer é voltarem para casa, para o aconchego do lar, tocarem suas vidas, porque, em algum momento, medidas mais duras precisarão ser tomadas, como a que resultou na prisão de índio fake, mais enrolado com a justiça do que bobina de automóvel. 

Ainda no dia hoje, a Secretaria de Segurança do Distrito Federal convocou a PM para dar explicações sobre as suas ações durante as movimentações dos baderneiros em Brasília. Na realidade, o termo mais correto seria inércia, posto que os arruaçeiros agiram sem serem incomodados. O cerimonial do Itamaraty informa que 17 chefes de Estado já confirmaram presença durante a posse de Lula. Diante desse vácuo de governo, convém sempre se perguntar de que Itamaraty estamos falando, se do novo governo ou se do ancien régime.     

Charge! Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


Editorial: Verbas públicas desviadas das universidades para pagar cabos eleitorais? Grave isso.



Tomamos todos os cuidados por aqui para não disseminar notícias falsas. Quando não pudemos confirmá-las, sempre argumento no plano das possibilidades. Sobre esta notícia, ainda não temos uma confirmação, antecipo aos leitores e leitoras. Agora mesmo um ilustre representante do Partido dos Trabalhadores, aqui do Estado de Pernambuco, está levantando a hipótese, através de suas redes sociais, da eventualidade de verbas destinadas às universidades públicas terem sido desviadas para atender ao pleito de alguns parlamentares, com o propósito de custear despesas com seus cabos eleitorais. 

O fato, em si, não nos surpreende - já perdemos a capacidade de nos surpreender com essas coisas aqui no país há algum tempo - é gravíssimo, uma vez que conhecemos a situação de verdadeira penúria em que se encontram as instituições federais de ensino. Salvo melhor juízo - assim espero - alguns desses recursos já teriam sido desbloquedaso, mas, até recentemente, somente aqui em Pernambuco, a UFPE tinha retido 31 milhões de reais, implicando no não pagamento de bolsas de estudos para 6 mil estudantes de pós-graduação. Todos os nossos estudos de pós-graduação foram realizados naquela Instituição, com bolsa mantida pelo CNPq. Sabemos bem o que isso significa, sobretudo porque não podemos receber salário durante a vigência das bolsas. 

Editorial: Chegou a conta do Centrão.



Alguém já disse que, enquanto o futuro Governo Lula se mantiver refém desse famigerado orçamento secreto, teremos graves problemas pela frente. Os beneficiários dessa excrescência, por sua vez, já afirmaram que abrem mão de tudo, menos de manter essa aberração, que depõe contra os mais basilares princípios republicanos. Por enquanto, as coisas seguirão neste diapasão, sob pena de prejudicarmos as condições mínimas de governabilidade neste início de governo. Existem alguns ministérios que o PT não gostaria de entregar a pessoas que não fossem organicamente ligadas ao partido. Faz sentido. 

A medida é racional, uma vez que a legenda pretende imprimir sua nova marca de governo junto à população e, manter ministérios estratégicos sob o seu controle, faz parte dessa estratégia, pois é dessas pastas que saem a marca da identidade das políticas públicas de uma gestão. Fazenda,Saúde, Educação, Justiça, Casa Civil estão entre esses ministérios. Já se sabia que as negociações estabelecidoas com o atual presidente da Câmara dos Deputados, o alagoano Arthur Lira, teria suas implicações acerca de cessão de espaço na máquina e liberação de emendas. O Centrão não se move por outras motivações. 

Lira terá sua recondução ao cargo assegurada pela voto do PT e de seus principais aliados - numa composição inusitada, embora perfeitamente previsível no jogo pesado da política - mas a conta ainda não fecha, uma vez que, em razão da emenda orçamentária que o PT desaja aprovar, fundamentalmente importante para se respirar nesse início de governo - e permitir o pagamento do Bolsa família a milhões de brasileiros e brasileiras que estão em situação de insegurança alimentar - Lira faz algumas exigências. Se tem negociação, tem cargos e liberação de emendas. Assim, hoje os jornais estão divulgando a notícia que o Presidente da Câmara dos Deputados está oferencendo 150 votos para a aprovação da emenda, mas deseja o Ministério da Saúde, aquele que o PT deseja manter entre os seus.  

Editorial: Revogaço, remoção de entulhos, "desbolsonarização'. A agenda de Flávio Dino no Ministério da Justiça



Vamos usar por aqui os termos "erros" "equívocos", para não sermos mais incisivos, mas dá perfeitamente para suscitar alguns questionamentos graves sobre a ação do aparato de segurança do Estado nos episódios recentes ocorridos em Brasília, onde uma trupe de vândalos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro promoveram uma grande baderna, que resultou em depredações e tentativa de invasão de prédios públicos, incêndios de carros particulares e de transporte coletivo. Falhas clamorosas foram verificadas naquele episódio, como a inércia da PMDF em reprimir, de imediato,aqueles atos, assim como prender seus autores. Nenhuma prisão chegou a ser efetuada. 

Quem precisou agir foi o futuro Ministro da Justiça, o ex-governador do Maranhão, Flávio Dino, e o futuro Minisito da Casa Civil, Rui Costa, ex-governador da Bahia, que ligou para o governador do Distrito Federal, cobrando que providências fossem tomadas. O futuro Governo Lula terá um imenso trabalho de assepcia republicana pela frente, que deverá ser implantado nas forças de segurança e inteligência do Estado. O grau de comprometeiemtno dessas instituições pelo bolsonarismo parace ser maior do que se imaginava. Isso também inclue uma intensa articulação com as forças policiais dos entes federados. 

Remover quadros; reciclar pessoal com cursos de formação; revogar a permissibilidade legislativa; demovê-los da cultura de guerra e reintroduzir uma cultura da tolerância, democrática, de respeito ao próximo; a lista é grande. Recuperar o terreno democrático perdido ou remover esses entulhos será uma tarefa hercúlea, que deverá consumir um bom tempo desse novo governo. A missão de Flávio Dino será uma das mais complexas no governo. Curiosamnte, a PF, que sempre transfere os detidos na capital federal para uma cadeia mais afastada dos locais dos tumultos, por algum equívoco, resolveu manter o índio na sua sede, facilitando a ação dos baderneiros.  

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Editorial: Revogaço de um lado, caneta bic nada republicana do outro. É o Brasil.



Não tenhamos dúvidas de que os primeiros meses do Governo Lula ficará conhecido como o "Governo do Revogaço", em razão da necessidade de revogar ou fazer alterações nas legislação "permissiva" do último governo. Somente na área de meio-ambiente, tal revogaço está estimado em 140 decretos, leis e coisas e tais. Na área da Justiça - e talvez segurança pública - outros tantos, sempre com o objetivo de reintroduzir uma cultura de paz, desarmando o país. Por outro lado, num comportamento nada republicano, os escaninhos da política nos informam que o atual presidente estaria recebendo recomendações dos assessores para criar embaraços para o futuro governo, gerando prejuízos de arrecadação, por exemplo.

Não seria de bom alvitre tais atitudes, mas não se poderia esperar muito coisa do ancien régime. Já escrevemos por aqui como deveria ser organizada essa oposição ao futuro governo Lula, dentro das regras do jogo, atuando nas quatro linhas, de forma propositiva e crítica, contribuindo, na realidade, para fiscalizar e melhorar a gestão. Este seria o cenário desejável, mas, pelo andar da carruagem política, igualmente impossível.

Não temos nada contra o senhor Rogério Marinho, democraticamente eleito senador pelo Rio Grande do Norte, que já lançou sua candidatura às próximas eleições para a Presidência do  Senado Federal. Não ficamos felizes, por outro lado, em relação ao engendramento de uma manobra que estaria por trás de tal candidatura, que teria como objetivo acatar os pedidos de impeachment de membros do Poder Judiciário. Perdão, mas o propósito é ardiloso e descabido, uma vez que os membros do Poder Judiciário tem cumprido, unicamente, seus deveres constitucionais.   

Editorial: Até quando vão continuar os protestos bolsonaristas?



A rigor, não caberia mais os prostestos contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Lula está prestes a ser diplomado, em cerimônia programada para hoje, e toma posse como novo presidente no dia primeiro de janeiro de 2023. Pior do que as mobilizações bolsonaristas pelo país e na capital federal, somente a informação, repassada por fontes seguras, de que existe um propósito desses manifestantes em tumultuar os ritos do processo eleitoral, que incluem diplomação e posse,como se já não fossem bastante as contestações sobre o resultado das eleições, além das ilações descabidas sobre a sua lisura.   

Embora a temperatura política tenha cedido em algumas hostes bolsonaristas, nas ruas tal temperatura continua alta, com milhares de pessoas pedindo uma intervenção militar, ainda inconformadas com o resultado do pleito. É a primeira vez na história recente da República que ocorre uma situação desse gênero. Motivo, sim, para muitas preocupações, pois se trata de uma massa que se sente lesada, enganada, que consideram que as eleições foram fraudadas, que existiu uma trama armada pelo TSE e o STF para favorecer um determinado candidato, entre outras sandices do gênero. 

Cometem a ilegalidade de pedirem abertamente um intervenção militar sem sequer se darem conta do que isso significa e do legado de obscurantismo que eles podem estar produzindo para o futuro dos seus filhos. Uma absoluta irresponsabilidade. Isso só pode ser entendido como um momento de insanidade coletiva. Não seria possível que, de repente, essas pessoas perdesssem o bom-senso. Não é possível que existam tantos golpistas no pais. Eles sabem o que, de fato, segnifica uma intervenção militar? Eles conhecem o ônus a ser pago? As consequências para as futuras gerações? Eles já leram alguma coisa sobre o Golpe Civil-Militar de 1964? O que isso significou em termos da supressão das liberdades individuais e coletivas? Não seria de bom-senso acreditar que eles tenham alguma noção dessas questões e ainda permaneçam nas ruas, nesse jogo de altíssimo risco. 

O TSE vem adotando medidas no sentido de coibir essas irresponsabilidades, mas providênfias ainda mais severas precisam ser tomadas, antes que ocorra alguma tragédia. Chegaram a Brasília com o propósito deliberado de criar problemas para a posse do futuro presidente, eleito democraticamente, referendado pelas urnas, em eleições limpas, transparentes, republicanamente conduzidas pelas autoridades eleitorias do país. Cumprida a etapa da diplomação, a pergunta que se faz é se eles permanecerão em Brasília até o dia da posse de Lula. Isso está se tornando algo bastante complicado.  

domingo, 11 de dezembro de 2022

Editorial: O "código" Dirceu no futuro Governo Lula.



Os bolsonaristas estão à procura de um tal código-fonte das urnas eletrônicas, que, acreditamos, não conseguirão, pois se trata de uma prerrogativa da Justiça Eleitoral mantê-lo sobre o seus estrito controle. Num regime democrático, as pessoas e as instituições precisam respeitar o espaço do outro. Eleição é com a Jutiça Eleitoral. E somente a Justiça Eleitoral. O TSE e a Justiça Eleitoral já cumpriram com denodo todas as etapas do processo eleitoral, faltando, apenas, a diplomação e a posse do eleito, que ocorre a partir de primeiro de janeiro de 2023. Pelo que acompanhamos pelas redes sociais, está tudo sendo preparado pelo esposa de Lula, a Janja, que já confirmou a presença de 12 chefes de Estado na posse do petista. 

Infelizmente, o outro lado ainda não assimilou a derrota e não seria improvável alguns dores de cabeça mais adiante, como os "índios bolsonaristas", que estão ocupando o Aeroporto de Brasília, causando alguns transtornos. Colocamos o termo sob aspas porque, a rigor, não existem "índios bolsonaristas', como são tratados por um desses grandes paulistas. Na realidade, são índios apoiadores de Jair Bolsonaro, o que já se constitue numa profunda contradição. 

Mas, voltemos ao José Dirceu. Não faz muito tempo, comentamos por aqui, que ele fazia falta no meio-de-campo das negociações políticas engendradas pelo Gabinete de Transição. Hoje, leio uma matéria no site da revista Veja, assinada pela jornalista Marcela Mattos, informando que o ex-homem forte do partido continua atuando nos bastidores das negociações políticas, mesmo que discretamente, longe dos holofotes. Segundo a jornalista, ele costuma usar o código : "Vou levar este assunto adiante",que significa que o pleito chegará aos ouvidos do morubixaba petista. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


Editorial: A fala enigmática do presidente Jair Bolsonaro.



Depois das eleições, bastante abalado com o resultado apontado pelas urnas, o presidente Jair Bolsonaro, como se diz aqui no Nordeste, se recolheu aos seus aposentos. Váris versões surigiram em torno do assunto, sempre emitidas pelos seus assessores mais diretos. O fato concreto é que ele ficou psicologicamente abatido, a julgar pelo semblante apresentado em público e o diagnóstico de alguns profissionais da área de psicologia, mesmo que diante de avaliações não presenciais. Seria perfeitamente compreensível, dentro do razoável, embora fosse de bom alvitre o reconhecimento da vitória do adversário, assim como tocar a bola para frente.  

O que não nos parece razoável é os seus grupos de apoiadores tentarem interpretar a sua fala recente, quando ele voltou ao diálogo com os apoiadores no chamado "cercadinho". A fala do presidente é uma narrativa enigmática em todos os sentidos, discurso construído com várias pausas, mas nos chamou a atenção a utilização do termo socialismo, em seguida enfatizando a tese de que as Forças Armadas poderiam abortar a sua implantação no país. Trata-se de uma tese surrada, ainda da década de 60 do século passado, quando as ideias de uma sociedade socialista ainda estavam em voga. A utopia ainda não está morta, mas hoje repousa apenas sobre as reflexões dos estudiosos do assunto, circunscrita ao circuito acadêmico, com as várias revisões impostas pela experiência histórica. 

Os militares que ocuparam o poder no país, após o Golpe Civil-Militar de 1964, sempre contaram com o apoio de um verdadeiro estrategista político, que possuia uma fenomenal biblioteca e lia os textos sempre no original, pois desconfiava das traduções. Estamos nos referindo aqui ao general Goubery do Couto e Silva, um dos artífices do processo de reabertura política, a partir da década de 80. Com as mobilizações sindicais daquela década, assim como a fundação do Partido dos Trabalhadores, setores militares temiam muito sobre o então líder Luiz Inácio Lula da Silva. 

Argunto obsevador da cena política - leitor de livros, de pessoas e de cenários - Golbery tranquilizava os companheiros de farda, afirmando que ficassem tranquilos, pois Lula nunca foi comunista. Mais tarde, durante uma entrevista, o próprio Lula trataria de confirmar a avaliação do militar, afirmando que nunca disse que era comunista. Esse terceiro mandato de Lula como presidente do país será o mais liberal possível. A prioridade hoje é a garantia do nosso arcabouço democrático - este sim, ameaçado, mas não é pelo socialismo - e assegurar o pãp para milhões de brasileiros e brasileiras que entraram nas estatísticas sombrias da fome. Na realidade, Lula é um cidadão de firmes convicções democráticas, com uma profunda sensibilidade social, construída a partir de sua experiência de vida. No momento, isso faz uma diferença abissal.  

sábado, 10 de dezembro de 2022

Editorial: Margareth Menezes aceita convite para o Ministério da Cultura.




Não tenhamos dúvidas de que os maiores pepinos ou abacaxis a serem descascados no futuro Governo Lula estão concentrados nos ministérios da Fazenda, Justiça e Segurança Pública e Defesa. Isso não quer dizer, no entanto, que não tenhamos problemas estruturais nos demais ministérios. Cultura, Meio-Ambiente, Casa Civil. Difícil dizer onde tenhamos problemas mais graves a serem enfrentados. Por vezes, os indicados para os ministérios sequer conseguem formar um consenso junto ao Gabinete de Transição, como parece ser o caso da cantora Margareth Menezes, indicada para o cargo de Ministra da Cultura. 

Ela já teria dado o sinal verde de aceite para o morubixada petista, último a bater o martelo, mesmo que à revelia de alguns companheiros. Segundo informações de bastidores, a atriz Mariete Severo foi convidada, mas teria recusado o convite. A gestão da cultura foi uma área completamente esquecida no governo Bolsonaro. Falamos isso de cátedra, porque, na condição de membro de uma comissão delibertativa que acomoanhava a cadeia da cultura aqui no Estado, este editor pôde se inteirar sobre a quantas andava a situação no país.

Margareth Menezes desenvolve um trabalho muito interessante na Bahia, através da Ong Fábrica Social, que atua na área de cultura, educação e sustentabilidade. Os atores políticos contrários à sua indicação alegam que ela não possue qualquer experiência em gestão cultural. É curioso isso porque não nos ocorre que tal exigência tenha sido feita ao ex-Ministro da Cultura, Gilberto Gil. Salvo melhor juízo, não nos ocorre alguma experiênfia em gestão cultural do artista antes de ele assumir o ministério. E, no entanto, ele fez uma excepcional gestão à frente daquela pasta. Vamos dar um crédito a Margareth?