pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quinta-feira, 16 de março de 2023

Editorial: O que, de fato, está ocorrendo no Rio Grande do Norte?



Ainda no dia de ontem, tomamos conhecimento de uma notícia informando que os garimpeiros estariam impedindo que os agentes de saúde realizassem seu trabalho na comunidade dos povos originários Yanomamis. A tragédia humanitária que se abateu sobre aqueles povos tem sua origem exatamente na ocupação irregular e predatória das terras a eles reconhecidas, contaminando as águas dos seus rios, dificultando seu acesso à pesca e à caça, impedindo a presença do Estado naquela região. Chegamos ao horror de crianças e adultos doentes e famintos e adolescentes aliciadas para a prostituição por um prato de camida.  

Se tal problema da presença perniciosa do crime organizado ocorre naquelas rincões, produzindo tais consequências funestas, o que não se pode imaginar sobre a sua presença em Estados como o Ceará, Pernambuco, Alagoas, Paraíba e o Rio Grande do Norte, com seus balneários repletos de turistas em determinadas épocas do ano? Nesses locais é bastante comum a atuação de facções do crime organizado, ditando suas regras, estabelecendo, na ralidade, o poder de polícia que o Estado, em tese, deveria exercer. Quando delinquentes avulsos insisitem em prejudicar os seus negócios, não raro, são essas facções que resolvem o problema.  

Quem não se recorda da verdadeira operação de guerra que foi montado pelas polícias do Estado de Pernambuco para "retomar" o controle do balneário de Porto de Galinhas mais recentemente, onde facçoes do crime espalharam o terror na região? Que existem disputas acirradas entre essas facções pelo controle de espaços de negócios - ou bocas, numa linguage mais apropriada - isso também é verdade. Que medidas restrititvas adotadas contra esses chefes criminosos que estão presos podem desencadear essa onda de violência, isso também é verdade. Basta uma transferência de domicílio prisional.O Estado do Ceará enfrentou sérios problemas dessa natureza. 

O problemea da população carcerária do país é imenso. Enumerá-los aqui estendeia este editorial para uma grande reportagem. Possuímos uma cultura carcerária, forjada no açoite do pelourinho da escravidão; há um abuso do expediente das prisãos preventivas; presos que cuprem suas penas continuam encarcerados em razão da morosidade da vara de execuções penais; unidadess priscionais com a capacidade bem acima do que poderiam comportar. São inúmeros os problemas. 

Eis aqui mais um grave gargalo que o terceiro Governo Lula terá que começar a enfrentar, através dos Ministérios dos Direitos Humanos e da Justiça. No caso do Rio Grande do Norte existe tudo isso relatada acima e algo mais. Este algo mais é que estaria, na realidade, provocando essa onda de violência que obrigou a governadora do Estado, por sinal petista, Fátima Bezerra, pedir o concurso da Força Nacional para se juntar às forças de segurança estadual, incapaz de se contrapor à onda de violência. O Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura constatou irregularidades e violações de direitos humanos em algumas penitenciárias do Estado, como torturas físicas, marmitas com comidas estragadas e contaminação proposital por tuberculose. Ela informou que desconhecia tais problemas e irá tomar as providências necessárias para saná-los. É isso que esperamos dela, antes que medidas mais civilizadas possam emanar das autoridades federais no que concerne ao enfrentamento desses problemas estruturais do nosso sistema prisional.      

Editorial: Datena é mesmo candidato a prefeito de São Paulo?

Crédito da foto: Folha de São Paulo

Vamos nos organizar aqui pelo blog, porque, pelo andar da carruagem política, as eleições de 2024 já começaram. Lula já informou que apoiará o Deputado Federal Guilherme Boulos, do PSOL, em seu eterno projeto de tornar-se prefeito de São Paulo. O núcleo duro do PT deve acompanhar o morubixaba petista, mas deve haver alguma dissidência na base aliada governista, uma ala socialista paulista deve orientar-se em torno do apoio a uma eventual candidatura da Deputada Federal Tábata Amaral, do PSB. O Ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, por exemplo, que também é do PSB.   

Pelas hostes bolsonaristas, é dada como certa a candidatura do Deputado Federal Ricardo Salles, assim como cogita-se o nome da também Deputada Federal, Carla Zambelli. São Paulo perdeu aquela identidade com os tucanos. É curioso este fenômeno porque, hoje, não se vislumbra no horizonte algum nome forte da legenda para disputar a capital paulista. Não esta descartada uma candidatua de Rodrigo Garcia, que concorreu ao governo nas eleições passadas, torncendo por um eventual apoio do atual governador Tarcísio de Freitas. Hoje seria um tucano que está mais para bolsonarista. Aquela história do apoio incondicional ao atual governador, logo no início do segundo turno das eleições passadas, deixa isso muito claro. Naturalmente que ele espera um gesto de Tarcísio, mas as coisas não são tão simples assim.  

Creio que, de tucano, atualmente, ele não guarda mais nem a plumagem. Hoje já não se leva muito a sério a candidatura do apresentador José Luiz Datena, por razões conhecidas: ele sempre desiste na última hora. Parece-nos que ele cumpre aquela função de freio de arrumação em tal contexto, ou seja, aquele nome que adensa o processo político, estabelecendo uma espécie de depuração na corrida eleitoral. O PDT, nas eleições para o Governo do Estado, apresentou um candidato muito bem preparado e com um ótimo currículo na vida pública, Elvis Cesar, com uma identidade muito próxima a do Ciro Gomes, portanto. Datena, neste aspecto, não guarda muita similaridade com o cearense. Mas também não se pode apostar muito nesta candidatura, pelas razões expostas. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 15 de março de 2023

Editorial: A"invertida" do senador Rogério Carvalho em Sérgio Moro.



O senador Rogério Carvalho, do PT de Sergipe, no dia de ontem, durante os trabalhos no Senado Federal, protagonizou uma tremenda réplica à fala do estreante Sérgio Moro naquela Casa. O ex-juiz da Lava jato fazia um discurso sobre corrupção, tema sobre o qual ele perdeu a autoridade já faz algum tempo. Circula nas redes sociais o áudio com a fala do senador sergipano, cuja reação contundente parece ter surpreendido o ex-ministro do Governo Bolsonaro. O senador Sérgio Moro tem procurado construir uma narrativa discursiva em torno de eventuais desvios de conduta de integrantes do Partido dos Trabalhadores. 

O discurso antipetista até que possui alguma ressonância em alguns segmentos sociais, quando ancorado por alguém que teria autoridade para fazê-lo. Não nos parece ser este o caso.Rogério Carvalho foi candidato ao Governo de Sergipe nas últimas eleições, sendo derrotado por um candidato conservador. Possui um excelente currículo acadêmico, o que o fez se destacar nos trabalhos da CPI da Covid-19. Parabéns ao senador sergipano pela invertida, sempre acompanhada de bons argumentos.     

E, por falar em corrupção- um tema recorrente neste país - percebemos que todos os envolvidos no imblóglio das joias estão afinando os passos para ninguém se comprometer. O militar envolvindo afirmou, em depoimento, que desconhecia o conteúdo da maleta, o que, convenhamos, não deixa de ser surpreendente para alguém na sua condição, por profissão, sempre muito ligado, como diria o delegado Raimundo. O ex-presidente, por sua vez, já se prontificou a devolver a muamba irregular ao TCU e prestar depoimento à Polícia Federal sobre o assunto, possivelmente seguindo conselhos dos seus advogados, por saber que, agora, eles irão até às últimas consequências, agindo de forma republicana, como sempre deveria ser. 

A primeira-dama viajou para os Estados Unidos, depois de afirmar que desconhecia completamente a existência dessas joias. Há, pelo menos, uma certeza, a Polícia Federal irá apurar os fatos com o necessário rigor republicano. Em algum momento este enredo será, finalmente, esclarecido. A cada dia surge mais mistérios envolvendo este assunto. Um roteirista, em início de carreira, teria aqui um assunto para elaborar um bom filme ou uma série televisiva.  

Charge! Triscila via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 14 de março de 2023

Editorial: Rascunho de uma proposta de avaliação do Governo Lula.



Ainda é cedo para se fazer uma avaliação mais responsável e consistente do terceiro Governo Lula. O Governo, neste primeiro esboço de uma avaliação, no entanto, tem acumulado mais acertos do que erros, o que já nos recomenda falar numa boa largada. No plano macro, há controvérsias sobre os rumos da política econômica, que colocam, em lados opostos, alas do próprio governo. Quem, afinal, precisa de oposição num contexto como este? Há, ainda neste plano macro, o gargalo da formação de uma base de sustentação política, o que, no nosso presidencialismo de coalizão, se constitui numa tremenda dor de cabeça para os chefes do Executivo, qualquer que seja ele. 

A metástase bolsonarista da máquina é outro grandiosíssimo problema. Ministros ligados ao Centrão estão adotando o famoso "jeitinho" brasileiro para acomodar os compatriotas na burocracia, seja renomeando demitidos, seja indicando-os para ocuparem os conselhos administrativos de empresas estatais. O padrão das alianças estabelecidos pelo PT, ao centro do espectro político, excluindo tão somente a extrema-diretia, não poderia dar noutra coisa. Ainda no plano macro, a briga dos juros com o Banco Central, o que levou próceres petistas a pedirem a cabeça do seu atual presidente ou a mudança na lei que garante a autonomia daquela instituição bancária.  

A presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, já enfatizou que estamos diante de um estelionato eleitoral. Que os petistas raízes não tenham ouvido suas declarações.Mesmo numa conjuntura adversa, Lula está sempre puxando a brasa para a sardinha dos mais empobrecidos da sociedade brasileira. Corrigiu os valores infames da merenda escolar; irá distribuir absorbentes para as mulheres de baixa renda, livrando-as do drama da pobreza menstrual; colocou o bolsa família nos eixos; atualizou os valores das bolsas de pesquisa de órgãos como o CNPq e CAPES; está tentando tirar a granada do bolso dos servidores públicos civis do Executivo, que há sete anos estão sem reajustes; voltou a entregar casas populares à população. Se esquecemos algo por aqui, os diletos leitores que nos perdoem. Não seria de propósito. 

Por outro lado, nunca vimos uma oposição tão animada com a ideia de criação de CPIs. Já existe proposta de assinatura de uma CPMI sobre os atos golpistas de 8 de janeiro e as articulações em torno de uma eventual CPI para apurar as recentes invasões de terra organizadas pelo MST. Em contrapartida, sobretudo por saber como essas CPIs começam, mas desconhecer como terminam, conforme advertia o grande Ulisses Guimarães, o Governo Lula joga pesado para evitá-las, utilizando-se dos recursos disponíveis: emendas e cargos na máquina. Já vimos como este filme termina.   

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


sábado, 11 de março de 2023

Editorial: O futuro do bolsonarismo



Não deixa de ser interessante ver um jornal do porte da Folha de São Paulo discutindo o futuro do bolsonarismo. A Folha é um grande jornal e tal premissa é verdadeira, mesmo entre aqueles que discordam de sua linha editorial. Mesmo diante de severas críticas, o Instituto DataFolha, continuou sendo o parâmetro mais importante para se acompanhar o desempenho dos candidatos nestas últimas eleições presidenciais. Existe uma independência entre ambos, mas as comparações são inevitáveis, uma vez que o instituto é uma espécie de cria do jornal da família Frias. 

A Folha está anunciando uma série de reportagens sobre o futuro do bolsonarismo, serão abordados vários aspectos, ouvindo especialistas, e, até mais importante, pedindo a opinião dos leitores no sentido de ajudar na definição das pautas. São interessantíssimos esses movimentos da política. Hoje, muito mais do que o Governo do PT, quem está falando num processo de "desbolsonarização" são hostes das mais fidedignas ao ex-presidente, como uma liderança do partido Republicanos, o deputado federal Marcos Pereira, que afirmou recentemente que ele não é líder de oposição coisa nenhuma, uma vez que vive enfurnado nos Estados Unidos. 

Vamos afirmar algo por aqui que pode até causar arrepios nas hostes de perfil progressista, republicana e democrática. Não é bem o que pretendíamos, mas o futuro do bolsonarismo é perene. Até recentmente, o diabo em pessoa esteve num encontro dos conservafores nos Estados Unidos. O Bolsonarismo tem um terreno fértil no país. Somos uma sociedade, tradicionalmente, desigual, racista e autoritária. Possuímos algumas estufas onde o bolsonarimso encontra os elementos fundamentais para crescer. 

Nos aproximamos muito das teses do sociólogo português, Boaventura de Souza Santos, quando afirma que o país tornou-se um laboratório de experimentos políticos da extrema-dirieta no mundo. O Brasil possui uma "estufa" fascista que alimenta o bolsonarismo. O deputado federal Nikolas Ferreira, depois daquelas aberrações transfóbicas pronunciadas no plenário da Câmara Federal, ganhou 43 mil seguidores numa de suas redes sociais. Todo o cuidado é pouco com o bolsonarismo. O país não pode se dar ao luxo de mais um sono político que produziu o monstro.  

Editorial: Olha a picanha aí, gente.



Com os programas socais de distribuição de renda como Bolsa Família restaurado e moralizado e uma possível queda do preço da carne verde nos açougues, com dados atestados por organismos insuspeitos, que observam que tais preços nunca diminuíram tanto nos últimos 15 meses, as famílias de baixa renda já podem programar a volta dos churrascos de finais de semana, com os amigos, na laje, sempre com vistas deslumbrantes. Por teimosia, mesmo morando em áreas de risco, os pobres impõem o seu "direito à paisagem". Parece brincdeira, mais essa questão é coisa muia séria, principalmente entre os geógrafos mais progressistas. 

Aqui no Recife já deu até processo contra  pesquisador, quando da construção esquizofrênica daquelas duas torres gêmeas no cais do Recife, no meio do nada, junto a um entorno sensivelmente degradado. Qume parece ter gostado da ideia são chineses muambeiros, que comercializam seus produtos no vuco vuco. Mas, o que interessa neste momento não é o cais do Recife, tão bem retratado, em outras épocas, nos livros do escritor paraibano José Lins do Rego, mas a tal picanha que voltaria à mesa dos mais pobres, conforme prometera o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por alguma razão que desconhecemos, o tal corte tornou-se a carne que mais diminuiu de preço. 

Efeito psicológico? Possivelmente não. Numa dessas entregas de Casa do Projeto Minha Casa Minha Vida, o presidente brincou, afirmando a um dos assessores que seria necessário construir churrasqueiras nesses conjuntos habitacionais. Já se sabia que, independentemente das dificuldades e dos obstáculos, Lula sempre arranjaria um jeito de puxar a brasa para a sardinha dos menos favorecidos. Entre outros motivos, foi por isso que nós o elegemos. Faria apenas uma ponderação: Está pegando muito mal para o governo essa cruzada para evitar a instauração de uma CPMI sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, através de retirada de assinaturas, sob a oferta de cargos e liberação de emendas parlamentares. Já assistimos este filme antes e sabemos onde ele vai dá.   

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 

Charge!

sexta-feira, 10 de março de 2023

Charge! Thiago via Jornal do Commércio

 


Editorial: Governo Lula aumenta os valores da merenda escolar.




A quadra política amanhece em efervescência nesta manhã de sexta-feira. O melhor a fazer é pedir as bençãos aos seus orixás, por precaução. Já tem nego, voluntariamente, informando que irá devolver os relógios caros recebidos de presente dos sauditas. E olha que a comitiva é grande e os sauditas foram bem generosos. Presentinhos que, segundo algumas estimativas modestas chegam a volores de R$200.000,00. O almirante envolvido neste imbróglio, que teria depoimento agendado com a Polícia Federal no dia de hoje, pediu para adiá-lo.

Os eventuais "ajustes" podem ser comprometedores ou ele aguarda alguma sinalização da besta fera. Um general, companheiro de farda, já andou antecipando que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco e, neste caso, o lado mais fraco seria o almirante, que já foi Ministro de Minas e Energia. O governo anterior jogou a república numa enrascada sem tamanho, ao confundir interesses privados com a gestão dos negócios de Estado. E o pior é que conseguiu envolver muita gente nessas orgias, o que demonstra que basta um pequeno incentivo para o edifício de valores e princípios morais serem postos à prova. 

Mas, em meio a esta sexta-feira sem lei, há uma notícia boa. O Governo Lula irá reajustar os valores da merenda escolar em 39%, corrgindo uma imoralidade que chegou ao limite do pagamento de centavos por cada aluno, provocando aquela situação onde as abnegadas merendeiras - assim como as mães nordestinas - estavam dividindo um ovo para quatro alunos. Muitas famílias de crianças empobrecidas no país têm, na merenda escolar, sua única fonte se segurança alimentar e Lula sabe disso muito bem. Sabe e tem a responsabilidade e a sensibilidade para enfrentar o problema, como fez, igualmente, ao determinar, através do SUS, a distribuição gratuita de absorventes femininos, uma medida que combate a pobreza menstrual das mulheres de baixa renda.    

quinta-feira, 9 de março de 2023

Editorial: A sociedade brasileira repudia a fala transfóbica de Nikolas Ferreira



O Brasil é um dos países mais perigosos para um homossexual viver, de acordo com um levantamento realizado pelo Grupo Gay da Bahia. Na região Nordeste é onde esse preconceito é ainda mais arraigado, mas, no geral, ele está presente em todos os recantos, muito em razão de nosso processo de formação. Tivemos avanços significativos no que concerne ao reconhecimento dos direitos e de, eventualmente, convivência e tolerância com essa questão nos Governos da Coalizão Petista, mas logo o obscurantismo voltou, na esteira de um movimento político de caráter conservador, autoritário e misógino, a partir do golpe institucional de 2016. 

A partir de então, os problemas para esse grupo social apenas se agravaram. Praticamente todos os dias são cometidos crimes por preconceito sexual no país, ou seja, o indivíduo morre por sua opção sexual. Numa quadra como esta, a responsabilidade da fala assume uma dimensão gigantesta, seja ela proferida por uma professora ou por um professor numa escolinha de um bairro da periferia, seja ela proferida por um parlamentar, em cadeia nacional, no dia em que se comemorava o Dia Internacional das Mulheres. 

Infelizmente, a roda do país ainda gira numa espiral autoritária e fascistas fomentada nos últimos anos, onde precisamos repudiar esses atos todos os dias. Ontem foi a vez do Deputado Federal Nikolas Ferreira, eleito pelo Estado de Minas Gerais, um bolsonarista raiz, assumir a Tribuna da Câmara dos Deputados para proferir um discurso profundamente infeliz, cometendo preconceito contra as mulheres transfóbicas. Este é o tipo de atitude que irá contingeciar as autoridades públicas a tomarem alguma providência em torno do assunto, em função de sua grave repercussão. Trata-se de um crime que, possivelmente, não ficará impune. O próprio presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lyra, fez um pronunciamento duro em torno do assunto, o que não seria assim tão comum quando se trata de bolsonaristas envolvidos. Como se diz aqui no Nordeste, que seje! 

O deputado Nikolas Ferreira ja andou sendo acusado de eventual apoio às mobilizações à trupe de irresponsáveis que cometerem crimes contra as instituições democráticas do país, o que se levou a pensar sobre a conveniência ou não de ele assumir o cargo. Superada essa fase, não satisfeito, ontem ele cometeu mais essa sandice imperdoável, que deve lhe custar muito caro, pois a Deputadas Tabata Amaral e o Deputado Guilherme Boulos, estão formalizando as denúncias juntos órgãos competentes para examinar e tramitar os processos devidos. Boulos, depois de um discurso de repúdio contundente, vai acionar o próprio STF.   

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 8 de março de 2023

Editorial: As advertências de Lyra sobre as bases frágeis de Lula



Nos escaninhos da política comenta-se que um dos fatores que mais pesaram na decisão de Lula em manter no cargo o Ministro das Comunicações, Juscelino Filho, foram as ponderações, incluive de aliados, acerca de sua fragilidade política no parlamento. Mesmo não sendo um nome de indicação orgânica do Uniao Brasil, as contingências da indisposição da legenda com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, levaram suas lideranças a assumir a defesa do senador no cargo. Já se sabia que a situação era complicada, mas, à medida que o tempo passa, torna-se ainda mais difícil gerenciar tantos interesses hostis ao Governo, capitanedos por uma base conservadora por natureza e bolsonarista por oportunismo.  

Apesar dos nomes de petistas experientes para fazer este meio de campo político,tanto na Câmara dos Deutados quanto no Senado Federal, o PT enfrenta dificuldades até mesmo para assegurar a aprovação de projetos de miudezas, como sugere o presidente da Casa Arthur Lyra. A recomendação de Lula é de artitular, articular e articular, mas, mesmo assim,  a quandra parece um pouco turva, com uma engrenagem que não anda, reclamando de um um whitelube político. Pelo lado da oposição, as coisas caminham bem, como, por exemplo, no tocante às iniciativas no sentido de angariar o número de assinaturas necessárias para criar uma CPI para apurar os atos antidemocráticos de 08 de janeiro. Além dos embaraços naturais para um governo que tenta engatar a terceira marcha, ainda se sugere que a oposição pretende pegar um peixe graúdo do atual governo, que, em tese, fora avisado com a devida antecedência sobre aqueles episódios.   

Tanto interesse da oposição, naturalmente, teria como objetivo prejudicar o Governo Lula. Vamos ver como o petista consegue se sobressair dessa encruzilhada política, armada pelos abrutes, insatisfeitos com a retomada do processo democrático, civilizatório e republicano. São os urubus voando de costa, dipostos a tudo para reaver os nacos do poder que permitiram tantas safadezas e desmandos, que vão desde as próteses penianas ao rolo das joias das arábias.  

Charge! Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


Editorial: Trabalho análogo à escravidão



Até recentemente, houve uma denúncia de trabalho em condições análogas à escravidão em algumas vinículos da Serra Gaúcha. A repercussão negativa foi enorme. Logo em seguida, um vereador de Caxias do Sul assumiu a tribuna para, não fala profundamnte infeliz, fazer a defesa dessas vinícolas, sugerindo que as empresas contratassem argentinos, pois o problema era dos baianos. Hoje ele se encontra, merecidamente, bastante encrencado, apeasar do arrependimento. De imediato, o Patriotas, o seu partido, repudiou a sua atitude e o governador do Estado do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, pediu desculpas aos baianos, num gesto simbólico com o cantor Gilberto Gil. 

Agora surge mais uma denúncia dessas práticas em terras do sul, no Estado de Santa Catarina, que já resultou na demissão do jornalista que fez a matéria e ameaça de morte a uma representante sindical que teria produzido as imagens. Eis aqui mais uma dor de cabeça para o próximo governo, mas circunscrita ao Ministério da Justiça e do Trabalho. Nos governos da coalizão petista se criou uma Lista Negra do Trabalho Escravo, onde a sociedade podia ter conheciemtno sobre emopresas que adotavam tais expedientes execráveis, boicotando seus produtos e serviços. 

Essas empresas, por sua vez, também não podiam estabelecer qualquer tipo de negociação com o aparelho de Estado, ou seja, entrar em licitações, pedir emopréstimos e coisas assim. Depois de 2016, o governo que assumiu, como se diz no jargão das repartições, sentou a bunda nesta lista negra, por pressão do capital, adiando, o quanto pode, a sua divulgação. O Governo de Lula não tem nem três meses, portanto não pode ser responsabilizado pela ausência de fiscalização e autuação em relação a esse problema. 

Mas, a julgar pelo andar da carruagem política e do clamor público, em muito breve as cobranças devem chegar. Por enquanto, tem sido a imprensa a grande responsável por essas denúncias, mesmo com seus profissionais colocando suas cabeças a prêmio. Talvez já tenha chegado o momento de se criar uma força-tarefa com a finalidade de fiscalizar, adotar as medidas que a situação requer e, de preferência, torná-las públicas, para que a sociedade e setores do próprio capital, criem embaraços para esses violadores da dignidade humana.    

terça-feira, 7 de março de 2023

Editorial: O PT deve caminhar com Boulos para a Prefeitura da Cidade de São Paulo, em 2024



De acordo com o Ministro das Relações Instituciinais, Alexandre Padilha, Lula deve mesmo apoiar o nome do Deputado Federal Guilherme Boulos, do PSOL, para a Prefeitura da Cidade de São Paulo, nas eleições municipais de 2024. A repercussão desta notícia tem uma razão de ser. Afinal, não é todo dia que podemos observar o PT abdicar de sua condição de protagonista no campo das esquerdas no país. Unidade sim, desde que vocês nos apóem. O contrário é diversionismo, é tentar fazer o jogo da direita. Nem precisamos mencionar por aqui os casos mais emblemáticos, mas é importante lembrar o caso de Ciro Gomes, do PDT, quando Lula estava preso e não poderia disputar eleições presidenciais daquele ano.  

A eleição de São Paulo será mais um duelo renhido a ser travado entre as forças do campo progressista e as forças do campo do atraso, do retrocesso político e civilizatório. Ali deverá ser travada, nas eleições de 2024, o primeiro round de um embate que tende a se reproduzir nas eleições presidenciais de 2026. Antes, quando da hegemonia política dos tucanos, aquele reduto político era conhecido como tucanistão. Pelo andar da carruagem, os jornalistas precisam encontrar um termo que dê conta da atual condição dequela praça, que está se transformando numa trincheira do bolsonarismo. 

Os petistas não têm dúvidas de que o atual governador Tarcísio de Freitas, deverá disputar as próximas eleições presidenciais pelo campo das forças conservadoras, vale dizer, bolsonaristas. Segundo analistas, o cálculo político de Lula deixar seu feriado de carnaval na Bahia para acompanhar os trágicos acontecimentos das enchentes de São Gonçalo, teria este elemento em jogo. Antes que os petistas raízes nos trucidem, informamos que Lula tem a dimensão exata das responsabilidades do cargo que ocupa e é uma pessoal solidária e sensível ao sofrimento alheio. É um fato que tais fatores também pesaram em sua decisão.   

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


Editorial: Lula decide manter Juscelino Filho e Ciro Gomes vem aí.



O lobby conservador pela manutenção de Juscelino Filho no cargo de Ministro das Comunicações foi grande. Possivelmente maior do que o exercido pelas alas mais ideológicas do PT. No final, Lula acabou cedendo ao lobby conservador, mantendo Juscelino Filho no cargo. O custo político a ser pago não será pequeno. O ônus maior vem, sobretudo, de sua base aliada, inconformada com a decisão. Existe até uma perspectiva de que o seu caso possa vir a ser examinado pela Comissão de Ética Pública. 

Ciro Gomes já avisou que a sua trégua ou tolerância termina em abril. Depois disso, irá se pronunciar sobre o governo do petista. Na realidade, não deve ter sido as explicações de Juscelino que pesaram para mantê-lo no cargo. O cálculo de Lula deve ter sido outro. Principalmente os fatores que estavam em jogo nesta decisão, como a sua já conturbada relação com o União Brasil. Um lado bom quando esses escândalos estouram é que surgem fatos que, por vezes, não tem nem uma relação tão orgânica com os escândalos. 

A atuação de Juscelino Filho, como parlamentar, também foi bastante questionada pelas redes socais, no dia de ontem. São três mandatos e poucos projetos, exceto um deles instituindo o dia do cavalo. Se, por um lado, Juscelino não teria muito a contribuir com o Governo Lula, por outro lado, Ciro pode contribuir, e muito, independentemente do fato de encontrar-se na oposição. Ciro é um cara sério, íntegro e preparado. Uma pena que os descaminhos da política tenha  colocado o cearense em campo praticamente oposto ao do PT. 

Não se sabe, ainda, como o PDT irá gerenciar essa questão, uma vez que o partido integra a base aliada do governo Lula, ocupando, inclusive, uma pasta ministerial. Ciro, por seu turno, nunca respeitou muito essas formalidades. O terceiro Governo Lula começa com uma tempestade de acertos, retomando políticas públicas importantes, cuidando das pessoas, do meio-ambiente, reestabeleendo o lugar do país no contexto da política internacional. Por outro lado, tem pecado em miudezas, como uma decisão equivocada sobre a manutenção no governo de um ministro que cometeu alguns equívocos.      

segunda-feira, 6 de março de 2023

Charge! Thiago Via Jornal do Commércio

 


Editorial: No encontro de hoje, Lula define o destino do ministro Juscelino Filho



Juscelino Filho, Ministro das Comunicações, terá um encontro decisivo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, logo mais, no Palácio da Alvorada. Lula espera dele alguma explicação razoável sobre as denúncias que pesam contra ele, mas, a rigor, a situação chegou a um limite onde não há mais volta. No caso específico, é difícil explicar algo que não se explica. O próprio ministro já teria se antecipado e ressarcido o erário de despesas irregulares contraídas em nome da viúva, como a utilização de aeronaves oficiais em eventos de natureza privada. 

Hoje, 06\03, um grande jornal paulista aponta indícios sobre a eventual contratação de um sócio do seu haras como servidor fantasma. Exitem muitos problemas, o rolo é grande, mas, se tivéssemos que apontar a gota d'água que deverá levar Lula a pedir sua saída do cargo, diríamos que a recontratação absurda de bolsonaristas afastados podem definir o seu destino. Pelo menos dez ex-bolsonaristas foram recontratados na estrutura do Ministério das Comunicações, alguns deles simplesmente voltando às funções que ocupavam no ancien regime. 

Este é um assunto sobre o qual temos discutido por aqui com um certa frequência, portanto, vamos poupar nossos diletos leitores de mais uma discussão. Um dos editoriais do Estadão aponta a absoluta falta de noção do ex-presidente em relação à fronteira do que seja interesse privado e do que seja responsabilidade com a res publica. Espírito público é algo que não consta do dicionário do ex-presidente. Os desmandos na ocupação do cargo são tão escabrosos, que, certamente, permitiram este clima de licensiosidade reinante. O uso indevido do cartão corporativo é um desses exemplos mais emblemáticos.   

Há alas do partido sensivelmente preocupadas com as repercussões negativas dos episódios envolvendo Juscelino Filho e, a rigor, já entregaram sua cabeça de bandeja ao presidente Lula. Lula não resiste, mas ganha tempo, uma vez que a manobra envolve alguns lances complicados no tabuleiro político. Sua relação com o União Brasil, partido que indicou o ministro, por exemplo, não é das melhores. Alguns indicados, sequer, representam a vontade dos caciques da legenda, a exemplo de ACM Neto, que tinha no colete um correligionário baiano, recusado por petistas da terra de Jorge Amado; Lula estabelece com Luciano Bivar, Presidente Nacional da Legenda, um canal de comunicação privilegiado, o que significa, igualmente, uma penca de nomes para ocupar cargos no governo; Por último, mas não menos importante, há rumores que de que Lula possa entregar o Ministério das Comuniações ao PSD, de Gilberto Kassab. Observando esses bastidores de camarote, mas não menos preocupado com o seu desfecho, o Ministro da Justiça, Flávio Dino. Juscelino Filho tem base política no seu Estado, o Maranhão. Nem precisamos entrar nos detalhes.     

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 5 de março de 2023

Editorial: Um escândalo na largada de Michelle Bolsonaro.



A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro(PL), já havia acertado todos os detalhes da largada de sua carreira política junto à direção do PL. Assume o comando do PL\Mulher e vai receber um salário do partido para cobrir os custos dessa empreitada, com o propósito de projetar o seu nome para as eleições de 2026. Não se sabe ainda qual o cargo que ela objetiva disputar, mas os sonhos são altos. Michelle tem recebido todo o apoio do presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto. Parece não haver um consenso, porém, dentro da própria família Bolsonaro em torno do assunto. Neste último encontro de conservadores nos Estado Unidos, com a presença do ex-presidente Donald Trump, em seu discurso, Jair Bolsonaro aventou a possibilidade de voltar a disputar a Presidência da República nas eleições de 2026. 

É sempre bom começar um projeto novo com grande entusiasmo e, de fato, a ex-primeira-dama, pelo andar da carruagem política, parecia mesmo muito entusiasmada com a proposta. Agora surge este nebuloso caso das joias doadas pelos sheiks da Arábia Saudita, um enredo das arábias, envolveldo a Presidênfia da República do (des)governo anterior; vários minitérios; negociações de estatais abaixo do preço de mercado; avaliações realizadas pelo Banco do Posto Ypiranga; mulas com status de militares de alta patente; apreensão da muamba pela Receita Federal; Sucessivas tentativas de carteiradas para a liberação, cujo o objetivo não seria tranformar os bens em acervo público; resistência de abnegados servidores efetivos da Receita Federal em não permitir que a lei fosse burlada; um enredo que faria inveja aos melhores roteiristas de Hollyhood. 

O nosso jornalista com o "faro" mais apurado, o Luis Nassif, já andou sugerindo que o beneficiário, na realidade, não seria Michelle, mas o próprio militar, transformado em mula. Bem aqui para nós. Como foi possível isso? militares brasileiros de carreira, de alta patente,transformados em "mulas", uma vez que este não seria o primeiro caso. Os militares brasileiro, por iniciativa própria, deveriam se imiscuirem completamente desse envolvimento político, voltando a cumprir, estritamente, seus deveres constitucionais, que seria o de defender as nossas instituições democráticas. Essa aproximação política foi completamente tóxica.  

Em relação a essa aproximação dos militares com a política, aqui se aplica uma máxima, atribuída ao ex-presidente Jânio Quadros: Intimidades geram filhos e aborrecimentos. Isso vale para qualquer perfil de governo, seja de corte autoritário, seja de corte democrático e republicano. Quanto à primeira-dama, não sei se poderíamos dizer que ela queimou a largada, mas, de certo que não fica nada bem iniciar uma carreira política tendo que administrar um escândalo das arábias.  

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 4 de março de 2023

Editorial: Uma muamba das arábias



Quando a gente pensa que já viu de tudo sobre o Governo Bolsonaro, eis que surge o caso das muambas das arábias, algo que está alcançando ampla repercussão pelas redes sociais. Nunca vi algo com tantas pontas desamarradas, a começar pelos valores pagos pelos Emirados Árabes ao arrematar o leilão da refinaria de Landulpho Alves, na Bahia, segundo analistas, por um preço bem abaixo do mercado, gerando um grande prejuízo para os cofres públicos. A refinaria, trocando em miúdos, foi vendida pela metade do preço. A diferença é pequena, algo em torno dos 11 bilhões de reais apenas. Nem culpo o Governo Bolsonaro por este problema, uma vez que, tal procedimento tem sido recorrente no que concerce ao processo de privatização do patrimônio nacional. 

A Companhia Vale do Rio Doce, também foi arrematada por um valor bem abaixo do seu valor de mercado calculado, fato ocorrido no Governo de Fernando Henrique Cardoso. Só quem se beneficia com esse processo é a iniciativa privada e, naturalmente, agentes públicos que, eventualmente, agem de má-fé. O Governo Lula já teria pedido uma reavaliação do processo de privatização da Eletrobras por encontrar uma série de problemas, a começar pelos aumentos abusivos dos proventos de sua diretoria e do seu conselho de administração. 

No passado, ainda se apregoava uma melhoria na qualidade dos serviços prestados o que, hoje, com os maus exemplos observados, constitui-se numa outra falácia. Citamos o exemplo do Aeroporto Internacional dos Guararapes, aqui no Recife, onde os preços praticados pelos estabelecimentos comerciais se tornaram abusivos; os banheiros já não conservam o mesmo padrão de higienização; o ar-condicionado foi reduzido. Na oportunidde, uma internauta chamou a nossa atenção para o metrô de Belo Horizinte, segundo as suas palavras, "dado" à iniciativa privada, acarretando inúmeros problemas paras os usuários. 

Mas, voltemos às muambas. Por uma questão de "diplomacia", diagmos assim, os Árabes teriam presenteados os membros da comissão com relógios caríssimos - valores em torno de R$200.000,00 - e, supostamente presenteado, igualmente, a primeira dama, Michelle Bolsonaro, com joias cujo valor chegam aos 16 milhões de reais. É aqui que a porca começa a torcer o rabo, pois, ao invés de declarar as joias, pagar os impostos devidos e transformar a doação em bens pertencentes ao Governo Brasileiro, o presidente teria tentado passar na alfândega sem cumprir tais formalidades, delegando a um militar de sua comitiva a tarefa de trazê-las ao Brasil. 

Funcionários da Receita Federal impediram que tal processo se concretizasse, apreendendo a mercadoria. Taria havido, por parte do Governo Bolsonaro, utilizando-se de todos os expedientes possíveis, quatro tentativas de reaver essas jóias, inclusive uma delas há poucas dias do encerramento do seu mandato. Chegamos até a fazer os elogios merecidos aos funcionários públicos efetivos, do quadro e concursados da Receita, que fizeram cumprir a lei e impediram a famosa carteirada de seus superiores e outros órgãos do governo. Existe, em tais processos, suspeitas sobre eventuais atitudes não condizentes de agentes públicos, o que será devidamente esclarecido pela Polícia Federal, que já foi acionada pelo Ministério da Justiça.   

Editorial: O complicado caso de "desbolsonarização" do Governo Lula

 


Até entendemos quando o ex-executivo da Coca-Cola para a América Latina, Vicente Fox, assumiu o Governo do México, quebrando uma hegemonia de mais de sete décadas de poder do Partido Institucionalista Republicano - o PRI - com seu republicanismo apenas no nome, registre-se -, tenha encontrado inúmeras deficuldades para tocar a máquina sem o apoio de agentes desse partido, enraizados na burocracia estatal durante mais de setenta anos, pois faltaria o azeite necessária para fazer a engrenagem funcionar. Com sua expertise na iniciativa privada, Vicente Fox deve ter percebido este fato muito claramente, observando que não havia outro jeito. Era isso ou a máquina parava.  

Aqui no Brasil, num país de cultura patrimonialista e clientelística, o quadro é ainda mais caótico. Se não tomar alguns cuidados rigorosos, o PT começa a entrar numa espiral enrascada, com um forte risco de desgate de imagem; compromentimentos de suas políticas públicas e prejuízo para o perfil de republicanismo que pretende imprimir na gestão dos negócios públicos, aposta que a população brasileira fez ao votar no partido, numa tentativa de acabar com o descalabro em que estava se transformando a nossa burocracia estatal.

Termos como falcatruas, rachadinhas, propinas, vantangens indevidas, bandidagens contra os opositores, militarização e retrocesso autorititário se tornaram comuns. Eventuais tentativas de contrabando de jóias é a novidade mais recente. São os porões do desgoverno em que estávamos metidos, de acordo com as palavras de um ministro da Corte. Porões do obscurantismo republicano e do atraso institucional. O próprio Lula já observou, publicamente, que sente que a máquina está emperrada em alguns setores exatamente em razão dessa contaminação do bolsonarismo. 

Promover essa assepcia republicana na máquina é uma tarefa hercúlea, mas é fundamentalmente imprescindível fazê-la. Não seria, inclusive, um problema temporal, decorrente do período bolsonarista. Remonta aos costumes arraigados da sociedade brasileira. Começa pelo número absurdo de DAS (Direção de Assessoramento Superior). São mais de 22 mil nos cabides públicos. Depois da era bolsonarista, mais um agravante, um verdadeiro abacaxi para descascar, pois algo estimado em 8 mil deles são militares. 

Conheço repartições públicas onde os DAS eram uma espécie de capitania hereditária, com seus donatários e tudo mais. Quando o indivíduo titular do cargo se aposentava indicava alguém da família ou a amante para sucedê-lo. O Ministro das Comunicações deve mesmo estar com os dias contados. Ainda no dia de ontem, tomamos conhecimento de que os problemas com os quais ele está envolvido são ainda mais graves. Segundo está sendo divulgado pela imprensa, ele teria mantido dez servidores do Governo Bolsonaro  na atual estrutura da Secom. Seriam pessoas que ocupavam cargos de confiança. Isso parece estar se transformando numa prática, uma vez que o Ministro das Minas e Energias também indicou vários conselheiros do Centrão para o Conselho de Administração da Petrobras. Gleisi Hoffmann, presidente do PT, classificou a atitude como um estelionato eleitoral.

P.S.: Contexto Político: Os comentários dos leitores por aqui são escassos, a julgar, sobretudo, pelo alcance do blog, limitado por uma série de fatores. Mas, eventualmente, recebo alguns e-mails com ponderações sobre os editoriais publicados. Neste sugiro ao PT tomar cuidados redobrados com a presença de bolsonaristas de carteirinha ocupando funções públicas estratégicas. A gente sabe que essa turma está cheia boas intenções. Um outro fator preponderante diz respeito à questão do nepotismo, que o leitor considerou um pouco desfocado do contexto. Aqui esclareço que não é. As nossas preoucupações diz respeito a um prócere petista, ocupando um cargo dos mais releventes na atual administração federal, que está prestes a incorrer neste equívoco. Vamos aguardar, sobretudo, que ele calcule bem a dimensão da encrenca que poderá está criando para a terceira gestão de Lula.      

Editorial: O que o Governo Lula deseja com a nova Abin?



Talvez o escritor Mário de Andrade tivesse uma resposta enigmática sobre essa questão, quando, por ocasião da Semana de Arte Moderna, cunhou a expressão: Nós não sabemos o que queremos, mas sabemos o que não queremos. É, talvez neste estágio, em que se encontre o Governo Lula no tocante ao destino da Abin, a Agência Brasileira de Informações. Os estragos produzidos nos órgãos de inteligência e segurança do Estado na era bolsonarista foram tão gigantescos que, a simples mundança de peças não resolveria o problema. Era preciso mexer em toda a engrenagem, de preferência numa oficina de absoluta confiança. 

A primeira medida foi retirá-la do controle dos militares do GSI e transferi-la para o Ministério da Casa Civil, comandado pelo baiano Rui Costa. Tal medida sugere que o governo está bem informado sobre onde funcionava o núcleo duro da tentativa frustrada do golpe de 08 de janeiro. Isso já se constitui um bom começo. Salvo melhor juízo, também já teria sido indicado um delegado da Polícia Federal para comandar o órgão. Não seria de bom alvitre um serviço de inteligência que escancarar as suas intenções, mas, como estamos em tempos mais transparentes, aponta-se que uma das principais missões do órgão daqui para frente seria a de monitorarmento dos grupos extremistas pelas redes sociais. 

Quando comentou sobre aqueles episódios o presidente Lula se disse estarrrecido com tanta desinformação, uma vez que as armações do golpe já circulavam pelas redes sociais há um bom tempo. É preciso definir bem o papel desses órgãos num contexto de um regime democrático. Contraditoriamente, numa democracia liberal, considerada como uma das mais avançadas e consolidadas do mundo, o presidente "encomenda" à sua agência de inteligência a preparação de golpes de Estado. Nos países dos outros, é claro. Os casos são inúmeros, mas os mais emblemáticos são os de Cuba, Chile, Nicarágua.  

Charge: Mariana Marz via Folha de São Paulo