terça-feira, 25 de abril de 2023
segunda-feira, 24 de abril de 2023
Editorial: A lealdade do governo ao general Gonçalves Dias.
Ontem escrevemos três editoriais tratando do dia 08 de janeiro. Nenhum deles publicados, por uma questão de prudência. Nesses tempos bicudos - que algumas pessoas acompanham como se estivéssemos na maior normalidade - convém tomar as precauções necessárias. Hoje circula a notícia de que alguns oficiais do GSI, flagrados durante o dia 08 de janeiro, depois das imagens divulgadas pela CCN, teriam acompanhado o ex-presidente Jair Bolsonaro em suas motociatas, numa evidência clara de uma identidade com o bolsonarismo. Nada que já não se soubesse, pois o GSI era controlado por pessoas da estrita confiança do ex-presidente.
Diferentemente de Lula, que aceita, de bom alvitre, bolsonaristas recém-convertidos em seu governo, Bolsonaro nos pareceu ser mais reticente a aceitar petistas em sua gestão. Principalmente num órgão nevrálgico como o GSI. Já estamos preparando a pipoca para acompanhar os depoimentos dos convocados pelo CPMI do Golpe. Tais depoimentos talvez nos ajudem a desanuviar as nuvens cinzentas que pairam sobre aqueles episódios. Pelo andar da carruagem política, o governo sugere estar tentando criar um escudo de proteção ao general Gonçalves Dias, fiel escudeiro de Lula.
Vender o sofá, neste caso, parece que será a solução adotada para minimizar as mágoas do litígio de uma eventual traição. A linha adotada pelo governo segue no sentido de apontar as responsabilidade dos generais golpistas ligados ao bolsonarismo, que, aliás, encontram-se sumidos, recolhidos aos seus aposentos. É quase certo, no entanto, que eles não ficarão de fora de uma convocação da CPMI do golpe.
domingo, 23 de abril de 2023
sábado, 22 de abril de 2023
Editorial: A lista de quem vai para o inferno.
Como perdoar esses bolsonaristas radicais, sem pudores republicanos ou democráticos, afeitos a destruírem reputações ao disseminarem fake news, um dos seus principais recursos políticos? Esses comentários vem a propósito de uma lista que anda circulando pelas redes sociais, elaborada por um conhecido pastor evangélico, vinculado ao bolsonarismo, onde ele aponta as personalidades brasileiras que iriam arder no fogo do inferno, entre as quais um ministro do Supremo Tribunal Federal.
Nos escaninhos da política, também circula os rumores de que ele poderia vir a ser preso nas próximas horas. Não por condenar um ministro da Suprema Corte ao inferno, mas, por suas pregações antidemocráticas, questionando, ainda, os resultados das últimas eleições presidenciais. Se considerarmos as condições atuais do sistema carcerário brasileiro - onde nem mesmo o diploma de curso superior hoje assegura uma acomodação minimamente melhor - quem corre um sério risco de conhecer o inferno antes de passar para o outro plano é o conhecido pastor.
Editorial: O intrincado xadrez da composição da CPMI dos atos golpistas.
sexta-feira, 21 de abril de 2023
Editorial: Não seria tão simples a extinção do GSI
A devassa já começou a ocorrer no Gabinete de Segurança Institucional. Ricardo Cappelli, o dirigente interino do órgão, costuma ser cirúrgico em suas ações. Já teria encaminhado ao STF, conforme solicitado, o nome de todos os agentes do órgão que teriam sido flagrados nas dependências do Palácio do Planalto no dia 08 de janeiro, quando houve uma tentativa frustrada de golpe contra as nossas instituições democráticas. Valtamos a afirmar por aqui que essa relação de Lula com os militares está muito distante ainda de uma solução.
A extinção do GSI, por outro lado, pode agravar ainda mais essas indisposições entre poder civil e poder militar no país, uma vez que cumpre a este órgao fazer a ponte entre as autoridades civis e os militares. Seria uma "Casa Militar", quando comparada às unidades federativas estaduais. Segundo informa a coluna do jornalista Cláudio Humberto, a ordem de Lula para Cappelli foi no sentido de afastar todos os bolsonaristas do órgão. Lula até tem sido tolerante com bolsonaristas, guardadas, naturalmente, as excepcionalidades. Esta é um delas.
Se é complicado a pura e simples extinção do órgão, por outro lado, manter conspiradores por perto, igualmente, não seria de bom alvitre. Esta CPMI sobre os atos golpistas de 08 de janeiro, como já afirmamos antes, poderá passar muita coisa a limpo. Há alguns exageros, como a tese da oposição de que haviam petistas infiltrados naquelas mobilizações. Por outro lado, vamos ficar sabendo até que ponto o atual governo foi informado acerca daqueles atos. Não se entende como o GSI do Lula pretendia adotar os mesmos procedimentos do GSI de Bolsonaro, no sentido de sonegar infomações ao público.
quinta-feira, 20 de abril de 2023
Editorial: Ricardo Cappelli assume interinamente o GSI. Do Lula ou do Bolsonaro?
Nesse episódio todo, fica patente que o GSI, infelizmente, não estava atuando de forma republicana, como um órgão de Estado. Uma outra questão, levantada pela jornalista Miriam Leitão, é que se torna cada vez mais pertinente uma investigação exaustiva sobre o real papel desempenhado pelos militares na tentativa de golpe do último dia 08 de janeiro. Convém esclarecer, no entanto, que, apesar da leniência do general, todos os outros membros daquele órgão ainda teriam sido indicados pelo gereral Augusto Heleno, homem de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro. Inclusive um tenente-coronel que aparece servido cafezinho aos baderneiros durante a invasão do Palácio do Planalto. Este já teria sido revoncovado a prestar novos depoimentos.
Ricardo Cappelli, homem da estrita confiança do Ministro da Justiça, Flávio Dino, assume interinamente o GSI. Téra uma missão hercúlea pela frente, no sentido de promover uma assepcia republicana naquela órgão, atingido por uma metástase de caráter golpista. talvez seja o caso de desenganá-lo, reestruturando toda essa área de segurança e inteligência de estado, onde o bolsonarismo plantou raízes profundas. Como já afirmamos por aqui em outros momentos, esses órgãos militares e policiais foram sensivelmente atingidos pelo bolsonarismo. Já existia uma "esponja" natural, que acabou sendo umedecido durante o período. Alguma coisa está muito errado num país, onde nos permitimos usar as expressões GSI do Lula ou do Bolsonaro.
Cappelli tem um ótimo currículo e, até recentemente, realizou um excelente trabalho como interventor da Segurança Pública do Distrito Federal. Assume o cargo com mais uma missão espinhosa pela frente, na iminência de abertura de uma CPMI sobre os atos golpistas, que tende a paralisar o Governo Lula logo no seu início, com votações importantíssimas pela frente. Por outro lado, não há mais como segurá-la e o próprio governo já admitite que a sua instauração é irreversível. Pacheco já anunciou que, na próxima semana, sua votação entra na ordem do dia.
Editorial: Corvil de conspiradores contra a democracia.
A CPMI sobre os atos golpistas de 08 de janeiro chegou a um estágio onde não existe mais a possibilidade de recuo. Senhas de telefones celulares de um dos conspiradores presos foram liberadas e as conversas são sensivelmente comprometedoras, envolvendo atores políticos importantes, sobre os quais não se sabia a sua real participação naqueles episódios do dia 08 de janeiro. Imagens de câmaras do Palácio do Planalto, que estão circulando nas redes sociais, evidenciam fatos ainda mais comprometedores, como a presença do general, comandante do GSI, orientando os golpistas de turno, com direito a água mineral e cafezinho. Entende-se, agora, porque, contraditoriamente às críticas ao GSI bolsonarista, o Governo Lula também objetivava manter sigilo sobre essas imagens.
Em princípio, já se confirma uma tese,a de que Lula, como ele insinou em entrevista logo após aqueles episódios, tinha informaçoes ou suposições corretas sobre a hipótese de portas escancaradas para os baderneiros fazerem a festa. Essas revelações históricas sao importantíssimas. Ajudam a esclarecer e até mesmo a recontar alguns episódios históricos. Há alguns anos atrás, o brasilianista Kenneth Maxwell, produziu um excelente trabalho sobre a Inconfidência Mineira. Numa pesquisa exaustiva, sobretudo nos autos da devassa, com acesso aos depoimentos e motivações da condenação dos inconfidentes. O historiador americano acabou atenuando as narrativas nativistas em torno do assunto, evidenciando que os inconfidentes, na realidade, eram pessoas de classe média com fábulas de dívidas junto à Coroa Portuguesa. A traição de Silvério dos Reis, por sua vez, teve muito a ver com as negociações em torno do perdão de dívidas concedidos pela Coroa.
Aqui em Pernambuco, igualmente, o grande historiador Evaldo Cabral de Mello, um dos maiores estudidioso do período de ocupação holandeses do Nordeste, não desconhece as renhidas e patrióticas batalhas travadas entre os portugueses e brasileiros contra os soldados da WIC (Companhia das Índias Ocidentais), no curso da Insurreição Pernambucana, mas observa, como tela de fundo, uma ampla negociação entre portugueses e holandeses, onde os lusitanos "indenizaram' os holandesses para que eles se afastassem das exploração da província.
Uma CPMI sobre os atos do dia 08 de janeiro também poderia produzir este propósito, ou seja, trazer à luz alguns fatos ainda desconhecidos. Há, igualmente, a necessidade urgente de se fazer uma ampla reavialiação do papel exercido por este Gabinete de Segurança Institucional. Se analisarmos bem, esses problemas antecedem, até, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nos Estados Unidos, considerado um modelo de democracia liberal, as informações que vazaram do FBI, através do "Garganta Profunda", derrubaram o presidente Richard Nixon.
quarta-feira, 19 de abril de 2023
Editorial: Uma CPMI para investigar os atos golpistas de 08 de janeiro.
A oposição já percebeu que o Governo Lula foge como o diabo de uma CPMI sobre os atos golpistas de 08 de janeiro. E, naturalmente, jogo toda a sua carga no sentido de viabilizá-la. O pára-choque do PT, neste momento, tem sido o Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, que, aliado de Lula, não permite que a proposta seja apreciada e votada, apesar de já cumprir alguns requisitos primários, como o número de assinaturas necessárias. A oposição promete esgotar todos os recursos jurídicos disponíveis para criar essa CPMI. A queda de braço é boa, mas a nossa impressão que essa CPMI vai acabar saindo, a despeito da resistência do Governo e da resiliência de Rodrigo Pacheco.
Conversas de celular apreendido e sob investigação estão revelando alguns dados comprometedores sobre aqueles atos, envolvendo altas autoridades da república. Ontem, em prosseguimento à Operação Lesa-Pátria, a Polícia Federal efetuou a prisão de alguns peixes graúdos, gente de alta patente, envolvida até a medula com as articulações golpistas do dia 08 de janeiro. Uma CPMI no início de um mandato não seria bom para nenhum governante. Os problemas pululam (desculpem o trocadilho!) por todos os lados. O Governo Lula está tendo de dar explicações até mesmo sobre a compra um de um sofá e de uma cama para o casal presidencial. O governo argumento que muitos móveis simplesmente sumiram do Palácio do Planalto. Mesmo se esses móveis estivessam lá, a impressão que temos que Lula mandaria fazer a substituição. A inhaca deixada, como diria Gilberto Freyre, não seria das melhores, indicadoras de presságios ruins.
Por sua formação, trata-se de uma CPMI contra o Governo Lula, ou seja, é certo que a oposição seria hegemônica no seu controle, criando muito embaraços para os governistas. Só Deus sabe como isso poderia terminar, a julgar pela disposição da oposição, quando algumas autoridades do governo é ouvida, por exemplo, na Câmara dos Deputados, como ocorreu com o Ministro da Justiça Flávio Dino. É somente isso o que o Governo teme?
sábado, 15 de abril de 2023
sexta-feira, 14 de abril de 2023
quinta-feira, 13 de abril de 2023
Editorial: Os vergonhosos valores pagos por refeição aos presos de Brasília
O Ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, esteve recentemente em audiência na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, da Câmara dos Deputados. Desta vez, os deputados que compõem aquela comissão foram mais urbanos e civilizados com o convidado, a julgar pelo fato de que o ministro chegou a ser ouvido, dentro de um clima de normalidade. O Ministro da Justiça, Flávio Dino, não teve a mesma sorte, precisando encerrar a audiência antes do previsto, em razão do clima de animosidade instaurado.
Como já comentamos por aqui, somos uma sociedade forjada no açoite, no infringir castigos. O relho e o pelourinho constituem-se em verdadeiras taras para alguns brasileiros e brasileiras. Até recentemente, uma cidadã branca, andou agredindo um jovem negro trabalhador, de uma dessas empresas de entregas, de chicote em punho, em cenas divulgadas para todo o país. O bolsonarismo apenas despertou o monstro que existe em parcelas de nossa sociedade. A origem do bolsonarismo, a bem da verdade, não é algo recente. Está entre nós desde 1500.
Na década de trinta do século passado a cidade de Blumenau, em Santa Catarina, possuía a maior sede de um partido nazista fora da Alemanha. Numa sociedade com tais características, não há de se surpreender com uma cultura do encarceramento. Já somos a sociedade que mais encarcera no mundo, perdendo apenas para os Estado Unidos, onde tal precedimento tornou-se um negócio industrial, como denuncia a ativista negra Angela Davis, que também chegou a amargar prisão naquele país.
Como bolsonarista que se preze não perde a viagem, um deles questionou o ministro sobre a qualidade das refeições servidas na prisão da Papuda, em Brasília, aos presos durante os episódios antidemocráticos de 08 de janeiro. O minstro leu uma planilha com valores vergonhosos, onde uma refeição estava orçada em R$ 0,90 e um almoço R$ 3,50. Licitação assinada pelo ex-ministro Anderson Torres, um (ex)bolsonarista de carterinha, hoje encrencado depois daqueles episódios.
quarta-feira, 12 de abril de 2023
LIVRO: LULA: UMA NO CRAVO, OUTRA NA FERRADURA.
![]() |
Crédito da foto: Ricardo Stuckert |
Este livro-reportagem não esgota, naturalmente, todos aspectos das eleições presidenciais passadas. Tampouco incorpora todas as nossas reflexões acerca do tema, refletidas através das inúmeras postagens, aqui publicadas em 2022, tratando deste assunto. Por outro lado, consegue trazer ao público leitor um panorama do que foram aquelas eleições, assim como a sua importância para o nosso processo democrático.
Embora as análises dos institutos e dos cientistas políticos se concentrassem, sobretudo, nas duas variáveis que definem uma reeleição – o bolso do eleitor e o seu humor sobre a avaliação do inquilino presidencial de turno – houve, sim, um caráter plebiscitário em jogo nessas últimas eleições presidenciais, onde os rumos de nossa democracia, de saúde já então debilitada, ganharia mais uma chance ou uma sobrevida com a eleição do candidato do PT, de Luiz Inácio Lula da Silva.
Havia um retrocesso antidemocrático e anticivilizatório em curso, que, felizmente, temporariamente foi interrompido. Uma vitória da civilização contra a barbárie, embora precisemos ficar de olhos bem atentos, uma vez que as vinhas da ira foram plantadas e continuam florescendo, como neste último atentado bárbaro ocorrido em Blumenau, Santa Catarina, onde quatro inocentes crianças foram mortas, num ato de selvageria.
Embora Lula tenha vencido as eleições, o Brasil continua sendo um laboratório de experimentos macabros da extrema-direita, na avaliação do sociólogo português, Boaventura de Sousa Santos. A informação histórica nos traz alguns dados importantes para entendermos a realidade. Não deixa de ser emblemática essas ocorrências frequentes na região Sul do país. Na década de 30 do século passado, a cidade de Blumenau, em Santa Catarina, abrigava a sede do maior partido nazista fora da Alemanha.
É possível que a sequência dos temas abordados neste trabalho não siga uma ordem cronológica de todos os fatos importantes que estiveram envolvidos no jogo da disputa eleitoral daquelas eleições. Alguns temas, inclusive, podem ter assumido um status de relevância maior do que outros, consoante os nossos critérios, o que não quer dizer que sejam coincidentes com os critérios dos leitores e leitoras do texto.
Chamamos a atenção dos leitores e leitoras sobre a discussão em torno do voto evangélico e como o Partido dos Trabalhadores se comportou em relação ao assunto. Na realidade, o partido acabou perdendo o norte, não construindo ou não implementando uma estratégia específica para conquistar esse nicho do eleitorado. Ao longo de sua existência, configurando-se aqui um processo de oligarquização, o PT acabou perdendo algumas premissas inciais, como a relação orgânica com alguns grupos sociais, entre os quais os evangélicos.
Preocupado com o rumo de nossa incipiente experiência democrática e ancorado nas reflexões sobre o assunto produzidas pelo cientista político polonês Adam Przeworski, entramos na seara de um “cálculo da democracia”, ou seja, quais os índices ou escores econômicos e políticos que determinam a consolidação ou o desmoronamento de um regime democrático? Przeworski é hoje um dos mais respeitados intelectuais na abordagem do deste tema.
Igualmente ancorado em Przeworski, trazemos uma discussão das mais importantes sobre os determinantes do voto. Como a condição social\política\econômica do eleitor o induz a votar neste ou naquele candidato? Reflexão das mais consequentes - talvez merecedora de um aprofundamento - é uma observação comparativa – longe de se constituir num estudo – da situação latino-americana no que concerne à instabilidade dos regimes democráticos, considerando países como o Chile, o Peru e o Brasil.
Interessante observar o elenco de manobras institucionais possíveis que os atores de oposição poderão utilizar contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partir do parlamento. Como o leitor e a leitora atenta já deve ter observado, à medida em que Lula cede às pressões do Centrão, amplia-se o fosso com a base mais identificada ou ideologicamente orientada do partido. Uma dirigente da legenda já andou tratando o assunto como um estelionato eleitoral.
Não é fácil conduzir uma governabilidade sob(re) as águas turvas de um presidencialismo de coalizão. O título do livro-reportagem traduz bem a situação vivida pelo nosso presidente Lula. Num dia, precisa engolir sapos e manter seu ministro das comunicações para não prejudicar suas negociações com o União Brasil. No outro, acena com a brasa para sardinha dos mais humildes, anunciando o aumento dos valores da merenda escolar. O livro, em formato digital, pode ser adquirido por aqui, diretamente com o autor, ao valor de R$20,00, através da chave PIX jluizpesquisas8@gmail.com. Enviar comprovante, com e-mail para o recebimento do arquivo, para o ZAP 81986844557.
Editorial: O circo dos horrores na Comissão de Constituição e Justiça.

Existem alguns setores da imprensa que não conseguem disfarçar sua torcida contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um deles, insatisfeito pela comparação esdrúxula entre petismo e bolsonarismo, agora se detém na aquisição de uma cama para o casal presidencial. Era preciso deixar claro aos editorialistas daquele jornal que a cama foi adquirida para o inquilino de turno do Palácio do Planalto, que, neste momento, é o senhor Luiz Inácio Lula da Silva. Por ocasião dos cem dias de governo, um outro anunciou que o Governo Lula havia envelhecido precocimente.
Ontem, o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, enfrentaria um dia de cão, em audiência na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. A sessão precisou ser interrompida, depois do tumulto causado por deputados bolsonaristas radicais. Faltou civilidade, falotu decoro, faltou respeito ao regimento, faltou responsabilidade com o trabalhos daquela comissão e, por consequência, com a própria Câmara dos Deputados. Havia uma claque de bolsonaristas não dispota a debater os problemas do país, mas a colocar o convidado numa situação clara de constrangimento. De pouco adiantaram seus apelas republicanos, tendo que lidar com um segmento que não argumenta, deseja apenas achincalhar e impor sua vontade sobre o outro.
Além de ofendido, Dino se sentiu ameaçado, informando que, em tais condições, repensaria a observância de uma nova convocação. Não será fácil a sua gestão à frente daquele ministério. Ele terá um enorme trabalho pela frente, sobretudo no sentido de revogar as irresponsabilidades do governo anterior. Os gargalos são enormes. Um deles é o sistema prisional, sob constante tensão em todo o território nacional. Mais do que um exemplo de má educação, os episódios de ontem dão uma indicação clara sobre o que o Governo Lula deverá enfrentar daqui para frente. Fica evidente o tipo de oposição que essa gente deseja fazer.
terça-feira, 11 de abril de 2023
Editorial: Lewandowiski mantém julgamento de Moro no STF
Crédito da foto: André Borges (EFE) |
As acusações que pesam contra o ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro, a partir das declarações do ex-advogado da Odebrecht, Taca Duran, serão mesmo julgadas pelo Supremo Tribunal Federal, conforme decisão do ministro Ricardo Lewandowiski. Moro afirmou que não gostaria de ser julgado pelo STF, sugerindo que irá recorrer da decisão. É natural que ele tem todo o direito de recorrer, mas é muito pouco provável que a decisão do ministro seja revogada, acredito que pelo próprio pleno do STF. É, por falar em pleno, hoje até ministro indicado para Corte pelo presidente Bolsonaro votou contra ele numa ação que envolvia o nome do ministro Alexandre de Moraes.
As preocupações de Moro fazem todo o sentido, se considerarmos a linha de isenção jurídica e republicana que será adotada por aquela Corte em relação ao seu julgamento. As acusações do advogado Taca Duran, muito bem documentadas, são gravíssimas e podem criar alguns embaraços para o mandato conquistado pelo ex-juiz. Ele anda de namoro com o Partido Novo, que poderá ser uma alternativa, quem sabe, para as suas pretenções de tornar-se uma opção de direita para as eleições de 2026.
O União Brasil esta cada vez mais próximo de um acordo com o Governo Lula, o que cria uma situação de desconforto para o senador. Se ele se sair bem no julgamento do STF, ainda assim, resta a Comissão de Ética do Senado Federal que, comandada pelo PT, procura cabelos em ovos para criar uma situação de um eventual pedido de cassação do mandato do senador. Vamos ser francos. O PT tem muitos inimigos, nenhum deles, porém, mais visado do que o ex-juiz da Lava-Jato, que, com suas sentenças, fez muitos inimigos, alguns deles hoje na condição de companheiros de parlamento, que podem se associar ao PT neste projeto de vingança.
Editorial: A pregação do ódio produz mais uma tragédia. Desta vez em Goiás.
Na década de 30 do século passado, quando o Nazismo começava a mostrar sua face mais cruel na Alemanha, tornou-se emblemático um episódio onde crianças alemãs, incitadas pelo pregação do ódio contra os judeus, passaram a agredir um grupo de crianças judias. O episódio tornou-se emblemático porque, geralmente, crianças não costumam tomar essas atitudes, principalmente contra outras crianças, resguardados alguns casos específicos ou circunstâncias particulares. Há várias leituras possíveis aqui, mas uma delas diz respeito ao poder indutor produzido pela máquina de progagação do ódio conduzida pelos nazistas, atingido os diferentes estratos estários da população alemã, inclusive as crianças.
Estão se tornando recorrentes os ataques em escolas por todo o país. O mais recente deles em Blumenau e, agora, este ocorrido em Goiás, onde um aluno esfaqueou três outros colegas de classe. Felizmente, todos estão bem. O Ministro da Justiça, Flávio Dino, está adotando todas as medidas possíveis, junto como os dirigentes dessas plataformas de redes sociais, no sentido de suspender contas de usuários que poderiam estar estimulando esses ataques através dos seus perfis. Trata-se de algo inominável, mas, a rigor, pelas primeiras estimativas, o número desses perfis é expressivo, chegando a 270 a princípio.
Estamos pagando a conta do desgoverno anterior, onde o ódio foi destilado; a mentira tornou-se uma arma política; os "inimigos" foram identificados; o assédio tornou-se prática recorrente; reputações foram postas na lama, consoante interesses comezinhos; os maus exemplos vem de cima; estimulou-se o uso da violência. Ainda hoje circula nas redes sociais a imagem de Lula algemado, postado por um Senador da República, que deveria estar pensando em um país melhor para todos, nunca estimulando o ódio entre partidários "L" ou "B". Pior do que isso é a população não ter a consciência política necessária para, através do voto, impedir esses aventureiros de chegaram às casas legislativas do país.
Editorial: Quando a esquerda ajuda a propagar as narrativas da extrema-direita.
Não é a extrema-direita ou o bolsonarismo radical que está reproduzindo uma imagem asquerosa, onde um Senador da República expõe a imagem de Lula dominado e algemado, mas os próprios partidários do petista. Entende-se que eles estão fazendo uma denúncia do caso e, consequentemente, pedindo providências ao Supremo Tribunal Federal, mas, por outro lado, acabam contribuindo para ampliar e dar maior visibilidade em torno dos objetivos vis por trás dessa estratégia da oposição, no sentido de prejudicar o governo do petista. Ou seja, acabam ajudando a fazer o jogo da direita mais renhida, que faz oposição ao presidente Lula.
Ainda hoje não entendi muito bem o que algumas redes sociais entendem como violações das regras da comunidade. Por motivos bem mais simples algumas pessoas são punidas, suas postagens são bloqueadas e coisas assim. Talvez possamos entender, em última análise, que essas tais regras da comunidades estejam sendo orientadas, na realidade, muito mais por interesses comerciais do que qualquer outro. Afinal, entramos na era do tráfego pago.
Um dos eixos dos ataques da extrema-direita às democracias é a narrativa de que existiriam ações deliberadas contra a liberdade de expressão. O contraponto a isso, estimulado por esses grupos extremistas, então, é a liberdade para tudo, para os ataques às pessoas, aos grupos minoritários, às instituições, mesmo que através da disseminação de mentiras. Não surpreende, portanto, pronunciamentos transfóbicos e, agora, esta foto postada por um Senador da República, que preferimos não publicar por aqui para não dá maior publicidade ao fato.
segunda-feira, 10 de abril de 2023
Editorial: O ovo da serpente
domingo, 9 de abril de 2023
Editorial: 100 dias de Governo Lula
Ainda estamos em campanha. Setores da população continua armado até os dentes, numa torcida infernal para que o Governo Lula não dê certo. Há um bolsonarismo renhido torcendo contra o governo e isso pode ser concluído pela última pesquisa de avaliação, quando os escores praticamente empataram na margem de erro do Instituto Datafolha. Entre os bolsonaristas, as razões são simples. Eles ainda não assimilaram a derrota. Mas aqui também se incluem alguns formadores de opinião, segmentos empresariais e políticos oposicionistas, cujas indisposições com Lula são conhecidas.
De fato, o estrago produzido pelo governo anterior foi grande e não estamos tratando aqui de retórica - que poderia ser utilizada como justificativa para as eventuais dificuldades enfrentadas - mas de um dado efetivo da realidade. Lula enfrenta um grande problema estrutural, de qualquer chefe de Executivo no país: o chamado presidencialismo de coalizão, que contingencia o governante a estabalecer relações de corte nada republicanos com o Poder Legislativo, cedendo espaço na máquina e liberando emendas parlamentares. É isso ou se impõe o impasse, que pode desengavetar os pedidos de impeachment. Gente interessada em apresentá-los é o que não falta.
No plano das definições das macropolíticas públicas, há um impasse com as taxas de juros praticados pelo Banco Central, que colide com a macropolítica econômica do governo, criando diversos embaraços para o deslanchamento de algumas atividades econômicas. Ou seja, tanto do ponto de vista político, quanto econômico, Lula continua travado. Até um prêmio Nobel de Economia já tratou deste assunto, endossando a narrativa de setores do partido de que nossas taxas de juros são injustificáveis, para ficarmos com um termo menos polêmico. Por outro lado, há bons analistas do campo econômico que endossam essas taxas de juros praticadas pelo Banco Central. Aqui, pouco coisa pode ser feita, uma vez que o mandato de Roberto Campos Neto continua até bem próximo do final do terceiro governo Lula.
Para assegurar um mínimo de governabilidade, Lula já colocou até o Centrão no governo, mas o apetite dessa gente é insaciável. Este, aliás, é um dos aspectos que mais expõem o PT, pois vai de encontro às suas diretrizes político\ideológicas. A própria Gleisi Hoffmann, presidente nacional da legenda, trata o problema como um estelionato eleitoral. No varejo, Lula tem acertado todas, revogando medidas do governo anterior; retomando e moralizando programas importantes, como o Bolsa Família; atualiando os valores da merenda escolar e das bolsas de pesquisa da CAPES e do CNPq; reinstitucionalizando ou republicanizando a máquina, indicando servidores ou pessoas qualificadas e comprometidas para a direção de órgãos estratégicos, com anúncio, inclusive, de novos concursos públicos. Na realidade, Lula reverteu uma política de desmonte, de um lado, e de bolsonarização, do outro, ambas igualmente danosas. O Brasil voltou!
sábado, 8 de abril de 2023
Editorial: O caos instaurado no sistema prisional brasileiro.
Até recentemente, o Rio Grande do Norte enfrentou uma grande onda de violência urbana - que ainda perdura - segundo foi constatado, em razão das péssimas condições de suas unidades prisionais. As denúncias vão desde alimentação estragada servida aos presos, às sessões de tortura infringida a alguns detentos. A crise estourou no Rio Grande do Norte, mas, a rigor, poderia ser em qualquer outra praça do país, pois os problemas são generalizados, atingindo todo o sistema carcerário brasileiro. O país, por razões obvias, possui uma cultura do encarceramento, da tortura, do açoite. Somos a segunda população carcerária do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, onde o sistema prisional tornou-se uma indústria, nas palavras da ativista negra Angela Davis.
Não vamos aqui entrar nos detalhes escabrosos sobre as causas dessa tragédia para não nos tornarmos repetitivos. O certo mesmo é os Ministério dos Direitos Humanos e o Ministério da Justiça terão um grande problema pela frente, seja no que concerne à revisão da legislação sobre o assunto, seja no que concerne a oferecer um tratamento mais civilizado e humanitário a esta população carcerária, que cumpre pena nos presídios brasileiros. É preciso, igualmente, evitar pesquisas ou inspeções para comprovar os "óbvios ululantes", no dizer do dramaturgo Nelson Rodrigues, como a questão da superlotação ou que a educação oferecida aos menonres infratores não consegue recuperá-los. Coisas assim. Aqui em Pernambuco já estamos carecas de saber da existância dos chamados "chaveiros', que exercem, de fato, o poder de Estado nas unidades prisionais locais. Vamos, de fato, partir para resolver o problema, senhores ministros.
Em pernambuco existe um caso emblemático. Um ex-Secretário dos Direitos Humanos, com grande capital político junto às entidades do setor, concedia uma entrevista a um canal de televisão durante o momento em que se avinzinhava mais uma rebelião no Aníbal Bruno. Questionado pela repórter sobre a gravidade da situação, ele a tranquilizou informando que havia entrada em contato, por telefone, com os líderes da eventual rebelião e fora informado que a situação estava sob controle. Detalhe: Em tese, não pode entrar telefones celulares nas unidades prisionais, tampouco com linha direta com o Secretário de Direitos Humanos.