pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quarta-feira, 10 de maio de 2023

Ministro Alexandre de Moraes determina que o Telegran publique e envie mensagem aos seus usuários, desfazendo a publicação anterior.




Por determinação do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, a empresa Telegram comunica: A mensagem anterior do Telegram caracterizou FLAGRANTE e ILÍCITA DESINFORMAÇÃO atentatória ao Congresso Nacional, ao Poder Judiciário, ao Estado de Direito e à Democracia Brasileira, pois, fraudulentamente, distorceu a discussão e os debates sobre a regulação dos provedores de redes sociais e de serviços de mensageria privada (PL 2630), na tentativa de induzir e instigar os usuários a coagir os parlamentares.

Editorial: Após pressão, Lula manda liberar 9 bilhões em emendas do orçamento secreto.


Ninguém, em sã consciência, pode defender essa excrescência que se convencionou chamar de orçamento secreto, algo que depõe contra princípios republicanos basilares. Na prática, ele já se transformou num grande duto de recursos públicos desviados ou usados de forma indevida. Quando se pronuncinou sobre o assunto, a ministra do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, afirmou que tal expediente depõe contra as próprias instituições democráticas do país. Onde é que já se viu o cidadão não ter a condição de saber onde o dinheiro de seus impostos estão sendo udados? 

Numa das fases do jogo, durante a campanha eleitoral, o candidato Lula se colocou de forma veementemente contra o orçamento secreto. Sem base de apoio congressual consistente, tendo que amealhar votos junto aos apoiadores do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, Lula acabou cedendo, sob intensa pressão. Nos últimos dias, o Governo sofreu duas derrotas na Câmara dos Deputados. O marco do saneamento básico do Governo foi derrotado por um projeto de lei aprovado por quase trezenros parlamentares e o PL das fake news foi retirada da pauta de votação. 

Ainda existem alguns nacos de poder a serem ocupados na burocracia da máquina e é nesses cargos que alguns parlamentares também estão de olho. Em seu reduto, o Estado de Alagoas, a estrututa de poder mantida pela família Lira permanece intocada e, possivelmente, não será alterada. Instituições federais na terra dos marechais estão sob o controle do bolsonarismo e até mais seguros nos seus cargos do que a companheirada. Diante de tais circunstâncias, Lula mandou liberar 9 bilhões em emendas parlamentares que estavam retidas, ainda concedidas pelo Governo Bolsonaro. É o jogo bruto da realpolitik, meu filho.   

Editorial: A geografia do fascismo no Brasil



Quando, pelos idos da década de 70 do século passado, o filósofo francês Michel Foucault resolveu voltar ao Brasil, escolheu o Recife por entender que aqui na província pernambucana seria menos perseguido pelos algozes da Ditadura Militar instaurada no país com o golpe civil-militar de 1964. Um grave equívoco de avaliação, pois o Estado esteve no epicentro das investidas de caráter golpista desde o início, por abrigar intensas movimentações populares, estudantis e sindicais, seja no campo, seja no perímetro urbano. 

Àquela época, possivelmente Pernambuco era o Estado mais vigiado da federação, graças a presença de nomes como Gregório Bezerra, Francisco Julião e o Dr. Miguel Arraes. Continuaria mantendo esse perfil nos anos subsequentes, o que produziu, como reflexo, uma recepção fria ao filósofo francês. Até um jantar, que alguns abnegados professores da UFPE haviam programado, deixou de ser realizado, pois os convidados, um a um, declinaram do convite. 

Essas observações iniciais vêm à propósito de entrevistas e pronunciamentos de um ministro da Suprema Corte acerca da origem do ovo da serpente do fascismo no Brasil. A conclusão do ministro é que a chamada República de Curitida é a responsável direta pela ascendência de Jair Bolsonato ao Palácio do Planalto. Nada que em tese não se soubesse, uma vez que até o candidato preferido dos eleitores brasileiros e brasileiras foi preso, num processo nebuloso, impedido de participar daquelas eleições. 

O mais grave é a engrenagem que moeu aquela operação, utilizando-se de métodos medievais, aplicando as chamadas torturas do século XXI em algumas aspectos, mais danosas do que as torturas físicas do século passado. A gente sempre tem uma tendência a olhar a geografia do fascismo no país a partir do Rio de Janeiro. Agora, começamos a mudar esse ângulo de visão, a partir das observações do ministro, ou seja, a grande chocadeira talvez estevesse mesmo em Curitiba, no Estado do Paraná. Tal operação, criada com a narrativa de combate à corrupção no país, é algo que deve ser completamente dissecada, criando as condições institucionais para que ela não se repita. 

Se o ministro se saiu muito bem na entrevista concedida ao programa Roda Viva, seu pronunciamento de hoje deve ficar nos anais da STF como uma grande aula de republicanismo, à luz do Estado Democrático de Direito, do respeito às normas constitucionais, da defesa intransigente dos princípios democráticos, contra o obscurantismo e as trevas do retrocesso autoritário. Um discurso não para ser mantido nos anais da Casa apenas, mas para vir a público, como uma convocação da população brasileira contra as investidas da extrema direita. Não podemos errar por aqui. Veja-se o que está ocorrendo no Chile. Eles continuam ativos.  

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira

 


terça-feira, 9 de maio de 2023

Editorial: As escolhas "erradas" de Lula.



Acabamos de acompanhar a audiência do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, no Senado Federal. Estão se tornando rotineiras essas visitas do ministro, atendendo às constantes convocações do Poder Legislativo. Em média, a cada 20 dias ele comparece a uma dessas audiências, seja na Câmara Federal, seja no Senado, sempre atendendo requerimentos da oposição. Por razões óbvias, diante do contexto de polarização e instabilidade institucional que o país atravessa, o senhor Flávio Dino tornou-se o ministro mais "convocado" do Governo Lula. 

Nem mesmo o pessoal responsável pelas políticas econômicas atraiu tanto interesse da oposição. Segurança Pública é sempre uma área nevrálgica em governos com perfis autoritário e era bem isso o que estava em curso no país, antes de Lula assumir a Presidência da República. Uma outra razão é que, no exercício do cargo, Dino acaba por tomar medidas que se contrapõem frontalmente às diretrizes programáticas do ancien régime, como o revogaço da licenciosidade para aquisição de armas, a regulação das fake news, entre outras. 

Sempre atencioso, solícito, prestando conta do seu trabalho à frente do ministério, o ministro tem se saído muito bem nessas audiências. Se ele não estivesse tão bem como ministro, num momento crucial, prestando um grande serviço ao país, já iríamos sugerir a Lula que o afastasse temporiamente do ministério e o escalasse na tropa de choque governista da CPMI dos atos antidemocráticos de 08 de janeiro. Seria um reforço e tanto. Pelo andar da carruagem política, ele será um dos primeiros convocados pelo grupo de oposição.  

Editorial: Repercute bastante entrevista do ministro Gilmar Mendes ao Roda Viva.



Acompanhamos muitos dos debates realizados durante as últimas eleições. Nem mesmo os debates de candidatos ao Senado Federal estiveram de fora de nossa agenda. Numa dessas oportunidades, assistimos um debate com os candidatos ao Senado pelo Estado do Paraná. Ficamos bastante impressionados com a qualificação de alguns concorrentes que, infelizmente, não receberam votos suficientes para representar o Estado na Câmara Alta. O voto da direita ligada ao bolsonarismo, embalada pela repercussão da Operação Lava-Jato junto ao eleitorado mais conservador e anti-petista elegeram o ex-juiz Sérgio Moro. 

Esteve no centro do Roda Viva, no dia de ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Sua entrevista está repercutindo bastante nas redes sociais e na imprensa, sobretudo em razão de algumas respostas incisivas aos questionamentos dos repórteres envolvendo uma declaração recente do senador Moro. Ele já informou que a declaração foi retirada de contexto, dita de brincadeira, durante uma festa, que não poderia ser levada a sério, muito menos produzir alguns embaraços legais, como uma representação da PGR. 

Mas, por outro lado, nao deixa de ser curiosa uma ponderação do ministro, observando o papel exercido pelo Estado do Paraná na eclosão do ovo da serpente do fascismo no país. Nós sempre pensamos que o ninho do fascismo brasileiro era carioca. De fato, não deixa de ser interessante observar como atuou essa chocadeira paranaense, favorecendo, com suas manhas e artimanhas, o projeto de poder da extrema direita no país.   

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 8 de maio de 2023

Editorial: Os áudios da materialidade da tentativa de golpe de 08 de janeiro.



Dizem os analistas que não se dão mais golpes de Estado como antigamente. Hoje, os processos seriam bem mais sutis, inclusive preservando a aparante funcionalidade das instituições, utilizando-se do aparato jurídico para infringir torturas aos adversários. Em tese, não haveria mais a necessidade de tropas e tanques nas ruas, bem como o fechamento das casas legislativas. Tudo seria muito sutil nos chamados golpes de um novo tipo, típicos das democracias iliberais. Como se observa, até um nome pomposo se definiu para os novos golpes. 

Até a terminologia "democracia" consegue ser preservada. O Brasil já passou por experiência do tipo, há alguns anos, mas mesmo os seus principais artífices se sentem ofendidos quando são tratados como golpistas. Pelo andar da carruagem política, o que alguns atores no Brasil desejavam era o recrudescimento de um processo autoritário, nos moldes anteriores, assim como ocorreu em 1964. Assim, é o que começa vir à luz, com a revelação dos áudios que estão sendo divulgados pela imprensa, onde se presume sublevação da ordem, definição dos papéis dos atores, previsão de acionamento de tropas, prisões de autoridades e coisas do tipo. 

Para desespero da oposição, que tentava constuir uma narrativa estapafúrdia sobre o tema, agora é que a CPMI dos atos golpista vai pegar fogo, pois o governo já tem munição bastante para sustentar seus argumentos durante os trabalhos daquela comissão. Isso se o nosso guardião não agir antes, pois, nas gravações, um dos alvos mencionados seria justamente ele. 

Editorial: Anderson Torres será ouvido sobre operações da PRF durante as últimas eleições.



Antes da tentativa de "cancelamento" da qual foi vítima, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos produziu uma série de reflexões sobre as eleições presidencais no Brasil. Com os devidos ajustes aqui e ali, ele acertou todas, inclusive no que concerne às eventuais investidas ou ameaças autoritárias ainda existentes no contexto da instabilidade política em que o país foi mergulhado. Uma dessas tentativas de solapar as últimas eleições presidenciais estava arquitetado, segundo suspeita-se, um plano para que alguns eleitores não tivessem total e absoluta liberdade para sufragarem o voto no candidato de sua preferência, impedindo o livre trânsito desses eleitores. 

Isso ocorreu aqui no Brasil, assim como nas eleições chilenas, onde a frota de transporte público foi reduzida nos redutos do candidato de centro-esquerda, Boric. Aliás, conforme já afirmamos antes, tanto o Chile     quanto o Brasil têm muito que trocarem ideias sobre os planos maléficos da ultradireita, que continua ativa nesses países. O governo petista precisa ampliar esse diálogo com o Governo do Chile. 

Alguém já disse que a lógica bolsonarista é a de deixar pelo caminho seus antigos auxiliares e colaboradores. As imagens mostradas, durante o  Programa Fantástico sobre a relação do ex-presidente Jair Bolsonaro com o ex-militar Ailton Barros é de uma profunda amizade. Ele chega a tratá-lo como irmão. Pelo menos até este momento, não li ou ouvi nenhum pronunciamento do ex-presidente sobre a prisão do companheiro. 

O ex-ministro da Justiça do seu governo, Anderson Torres, por outro lado, não anda nada bem. Não vai bem de saúde e, agora, para completar, irá responder a um inquérito adminitrativo que pode culminar com o corte de salário e eventual expulsão da corporação. Será ouvido hoje sobre os episódios suspeitos das operações da Polícia Federal no Nordeste, sobretudo no Estado da Bahia.  

Editorial: Qual a origem do dinheiro encontrado na casa do Mauro Cid?



No dia de ontem, o programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu uma longa matéria sobre os últimos episódios envolvendo a operação de busca e apreensão da Polícia Federal na residência do tenente-coronel Mauro Cid e na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ora, dizem que Forças Especiais são realmente Forças Especiais e, como tal, seus integrantes não são nada ingênuos, tampouco costumam deixar fios desencapados. Mas, neste caso específico, parece que esta premissa não esta sendo observada. Uma outra hipótese é a de que essas evidências possam estar sendo "plantadas", com o propósito de construir uma determinada "narrativa", com o objetivo de guiar as investigações por caminhos tortuosos. Até possíveis bodes expiatórios poderiam entrar nessa jogada.  

Já se sabe, por exemplo, que um desses atores utilizavam um telefone celular com registro nos Estados Unidos, com o propósito de fugir aos eventuais grampos. Seguir o rastro do dinheiro é uma boa linha de investigação, desde as recomendações de Mark Felt, o "Garganta Profunda" do Escândalo Watergate. No caso da "grande família" essa máxima sugere que tende a desmontar o castelo de cartas, denunciando os crimes por eles cometidos. 

Nas investigações de um dos seus membros observou-se que ele pagava despesa escolares dos filhos e o dinheiro não saía de sua conta. Os pobres mortais brasileiros e brasileiras gostariam muito de saber como se faz essa mágica. Na medida em que o cidadão comum, quando paga os boletos, o dinheiro geralmente some da conta. Num outro caso curioso, também envolvendo um dos membros dessa família, o dinheiro cai na conta por "engano", pois não se sabe a sua origem. A Polícia Federal aventa a hipótese de lavagem de dinheiro, no caso específico, do montante em espécie encontrado na casa do ajudante-de-ordens.   

 

Editorial: Alexandre de Moraes no medida certa contra os neofascistas



Muito distante do que os bolsonaristas pensam, na realidade, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, tem se tornado numa espécie de antídoto aos métodos neofascistas  e aos projetos autoritários no país. Daí se entender as razões pelas quais o ministro é tão odiado pelo bolsonarismo radical. Outro dia ele foi bastante assertivo ao dissecar o "manual" da extrema-direita internacional, com fortes vinculações no país, desconstruíndo a narrativa proposta pelos representantes dessa corrente política sobre os falsos ataques à liberdade de expressão. 

Foi nesta tecla que, mais recentemente, esses grupos bateram, no sentido de criar uma narrativa de que o PL das fake news, que tenta disciplinar ou criar normas de conduta nos sentido de coibir a disseminação de notícias falsas fosse apontado como "censura". Não tem sido uma tarefa fácil para o ministro do STF, atacado por setores da mídia mancumunados com projetos extremistas, por parlamentares de oposição, além de ameaçado pelo bolsonarismo radical. 

A condição de grande guardião das instituições democráticas no país ele já conseguiu e esta condição apenas se consolida, à medida em que ele age na justa medida do arcabouço democrático, constitucional, republicano, à luz do direito, com o equilíbrio necessário para tomar suas decisões, como esta última, quando permitiu que 38 senadores pudessem fazer uma visita ao ex-Ministro da Justiça do Governo Bolsonaro, Anderson Torres, vetando a visita a dois outros, pois estão sob investigação sobre os mesmos fatos que justificam a prisão do ex-ministro, ou seja, eventuais participação nos atos antidemocráticos do dia 08 de janeiro.     

Charge! Montanaro via Folha de São Paulo

 


sábado, 6 de maio de 2023

Charge! Amarildo via Facebook

 


Editorial: Os problemas que Lula enfrentará no seu retorno de Londres.

 



Quando Lula regressar de sua viagem a Londres encontará um cenário político nada alvissareiro no país. Ficaram comprovadas as evidências das tessituras golpistas contra o seu governo, o que significa dizer que o cenário de instabilidade política deve permanecer pelos próximos anos. Por outro lado, no plano das negociações institucionais as coisas também não vão muito bem, sendo infringida ao governo duas derrotas num curto espaço de tempo. Há uma possibilidade de o PL das fakes news sequer voltar a ser pautado, segundo se especula. 

Soma-se a isso a repercusão negativa dos gastos da comitiva presidencial em sua estadia na capital londrina, onde um andar inteiro de um hotel de luxo teria sido reservado, ao custo da bagatela de diárias que chegam a R$ 37 mil. Sinceramente? Lula poderia ser mais discreto nessas despesas com hospedagem, até para não dar espaço às críticas da oposição. Todas as vezes em que ele viaja ao exterior, cumprindo compromissos oficiais, esse tema é explorado pela oposição.  

Os rumores de sabres recaem sobre Brasília desde 2013. Nada que não se soubesse sobre eventuais armações de caráter golpista. Por outro lado, tomar conhecimento sobre os detalhes escabrosos dessas armações sempre produz uma sensação inusitada. A oposição, que havia afiada as garras para os debates da CPMI dos atos golpistas, diante desses novos fatos, perde um pouco a estratégia e o argumento. Mesmo assim, vamos acompanhar os debates. Quem sabe a gente não consegue emendar alguns outros fios partidos. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 5 de maio de 2023

Editorial: As entranhas do golpe de 08 de janeiro estão sendo expostas.



Mingau quente precisa ser comido pelas beiradas, para o caboclo não queimar a língua. Embora temporariamente acéfalo, não se pode brincar com o bolsonarismo, um grupo forjado nos estertores do que existe de pior na política brasileira, cevado nos porões milicianos, adeptos de métodos medievais para atingir seus objetivos. O jornalista Josias de Souza afirma que o bolsonarismo hoje se encontra acéfalo, sem comando, na medida que que, praticamente, abandonou seus discípulos que estão presos. 

Mas, lenta e gradualmente, a justiça vem ajustando as contas com o bolsonarismo. Abandonados, esses atores que estão presos, na realidade, podem faciliar a queda do dominó. É só uma questão de tempo, paciência, laudos de psicólogos, alguns remédios e coisas assim, afinal, também estamos lidando com pessoas psicologicamente desequilibradas. Um deles toma 08 remédios por dia para controlar as crises de ansiedade. O outro vendia armas da corporação para milicianos e é dado como "morto". Um morto, aliás, muito vivo, uma vez que a esposa recebe pensão de mais de R$ 20.000. 

A História prega algumas peças engraçadas até nos mais experientes pesquisadores. Quem poderia imaginar que, numa simples operação de busca e apreenção, motivada por eventuais fraudes em cartões de vacinação poderia revelar os bastidores ou as entranhas do golpe que estava sendo articulado para o dia 08 de janeiro, identificando os artífices da engrenagem autoritiária, com seus papéis bem definidos? Agora existem provas robustas de que havia, sim, um plano autoritário milimetricamrnte urdido. Ou Lula possui uma grande intuição política ou alguém informou a ele quais os fios precisariam serem cortados para desativar a bomba. Talvez esses detalhes possam ser esclarecidos durante os debates da CPMI dos atos golpistas.      

Editorial: Supremo Tribunal Federal forma maioria para derrubar indulto a Daniel Silveira.



Neste sexta-feira, amanhecemos com uma temperatura política menos quente, depois da correria dos últimos dias. Um dos temas que mais repercutem é o julgamento, no STF, do indulto concedido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira. Pelo andar da carraugem "jurídica" tal indulto deve ser revogado, sob o argmento da inconstitucionalidade. Friso bem a questão "jurídica" porque, num dos apartes daquela Corte - quando se discutia as opiniões sobre a prisão do parlamentar, apresentadas por um membro da Casa - um outro ministro indagagou se tais opiniões estavam sendo emitidas por alguém da área jurídica. 

Um aparte simples, mas, como a polarização da política brasileira tornou-se uma constante - o fato está alcançando ampla repercussão nas redes sociais. Não entraremos aqui no mérito da questão jurídica, pois não é nossa área, mas, politicamente, o bolsonarismo vem acumulando algumas derrotas políticas, conforme enfatizamos no dia de ontem. Esta será mais uma delas, pois a tendência é que os demais integrantes da Corte acompanhem o voto da ministra Rosa Weber, atualmente na presidência do STF. Os dois votos a favor do indulto foram proferidos por ministros indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.Um fato curioso, mas que não surpreende, é uma possível união entre bolsonaristas que estão cumprindo pena, conforme matéria do jornal O Globo. 

O problema, no caso de Daniel Silveira, é a natureza do crime cometido. Ele atacou o STF e as instituições democráticas e, neste caso, a concessão do indulto, no entendimento da maioria dos juízes da Corte, não se aplicaria. Com a palavra, os juristas, aqueles que, de posse de seus saberes na área, possam se pronunciarem sobre este especto em lide. É bom sempre ouvi-los. Outro dia um ex-Ministro da Justiça se pronunciou sobre a adulteração dos dados do cartão de vacinação, apontando como algo "gravíssimo".   

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 4 de maio de 2023

Editorial: Evidências encontradas sobre os preparativos do golpe de 08 de janeiro desconstrói narrativas bolsonaristas sobre o tema.



Na realidade, se quisermos ser mais precisos em torno do tema, o país já enfrentou várias tentativas de Golpe de Estado, desde 2013. Felizmente, todas essas tantativas fracassaram ou não chegaram a bom termo. Sobre a tentativa frustrada de 08 de janeiro, o último rebuliço no mundo político está contribuindo, mesmo que por linahs tortas, para elucidar alguns fatos que antecederam aqueles episódios. De imediato, tais fatos contribuem para desconstruir as narrativas bolsonaristas em torno do assunto, no sentido de responsabilizar o governo por tais episódios. 

Até um pedido de impeachment de Lula foi protocolado recentemente, acusando-o de crime de responsabilidade. Outro dia levantamos uma discussão por aqui para procurar entender as motivações da oposição em querer responsabilizar Lula por aqueles atos. A hipótese que nos pareceu mais provável seria a de que, em tais circunstâncias, Lula poderia transformar o Brasil numa Venezuela, algo que nunca esteve em seus planos. 

Investigações policiais seguem um caminho tortuoso, não necessariamente linear. Em princípio, o que estaria em jogo era as irregularidades em relação ao cartão de vacinação, aventando possíveis tentativas de fraudes. Estão pipocando mesmo são as informações sobre conversas ou mensagens trocadas entre bolsonaristas, tratando, na realidade, da Festa da Selma, cognome com o qual eles se referiam à tentativa de golpe em curso. Antes mesmo de serem iniciados os trabalhos da CPMI do Golpe, a tese bolsonarista encontra-se completamente esvaziada, sem qualquer sentido.  

Editorial: Um dia de cão para o bolsonarismo



De fato, como já discutimos antes, o bolsonarismo passa por um dia de cão. Segundo comenta-se nos corredores de Brasília, a tensão está no limite entre eles, temendo eventuais desdobramentos da operação de busca e apreensão realidada no dia de ontem, pela Polícia Federal, que prendeu fiéis escudeiros do bolsonarismo. Para completar o enredo, a ministra do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, votou pela inconstitucionalidade do indulto concedido pelo ex-Presidente da República ao Deputado Daniel Silveira, que se encontra preso. 

Também no dia de hoje, um grande jornal carioca anunciou a eventual existência de provas da prática de "rachadinha" de um dos membros do clã. Ouvido, um dos principais auxiliares do ex-presidente teria confirmado que ouviu rumores de sabres acerca de preparativos para uma eventual golpe de Estado. Deu com a língua nos dentes muito antes do que se esperava. Outro deles deixou evidências gravadas de que saberia de toda a trama que foi montada para tirar a vida da ativista e vereadora Marielle Franco. Poderia ser uma bravata ou força de expressão não fosse ele uma pessoa bastante ligada ao bolsonarismo. 

Vamos aguardar o rumo desses acontecimentos, pois quem cumpre o papel de investigar é a Polícia e, de julgar, o judiciário. Mas o bolsonarismo vive,sim, um momento bastante delicado, com alguns dos seus mais ilustres representantes expostos a uma situação que pode se complicar ainda mais, o que justifica esse momento de tensão no grupo. Um dia de cão para o bolsonarismo, desses que não se esquece com muita facilidade.     

Editorial: Vamos "arrochar" para o caboclo dizer quem mandou matar Marielle Franco?



Deixar tudo devidamente esclarecido sobre a trama nebulosa que culminou com a morte da vereadora Marielle Franco é uma questão de honra para o Ministério da Justiça, comandado por Flávio Dino. Aliás, o esclarecimento completo da morte da vereadora e do seu motorista, Anderson Gomes, constitui-se numa prova de fogo para as nossas instituições democráticas, que passaram a ser, nos últimos anos, corrompidas pelo porão miliciano. No curso das operações realizadas pela Polícia Federal no dia de ontem, teria sido detido um cidadão que afirma, em conversas de whatsapp para um interlocutor, que sabe tudo sobre a morte da ativista politica. 

Agora, não seria o caso de se "arrochar" este cidadão - o termo aqui não se refere a eventuais torturas, que repelimos e abominamos, mas à adoção dos instrumentos legais cabíveis - para que ele revele os detalhes que, supostamente, diz conhecer sobre o crime que vitimou a vereadora e o seu motorista? 

Rapaz! Este submundo do bolsonarismo é realmente maluco. Na medida em que alguns bolsonaristas estão caindo na malha da justiça, crescem, proporcionalmente, a necessidade de se ampliar o quadro de psicólogos do sistema penitenciário - ou da justiça - assim como os estoques de Diazepam para tratá-los. Um desses bolsonaristas de "grife familiar', detido recentemente, alegou que precisa tomar remédios para depressão, ansiedade e distúrbios do sono. Nós acreditamos que o problema dele seja mesmo a "consciência pesada", como diriam os cristãos.  

Editorial: Dias difíceis para a família Bolsonaro.

 


No dia de ontem ocorreu uma busca na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, no curso de uma investigação sobre eventuais fraudes com o cartão de vacinação. Hoje, o Jornal O Globo traz a informação de uma possível prova sobre a prática de rachadinha, arrolada pelo Ministério Público, no gabinete de um dos membros do clã. Quando perdeu as eleições para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Jair Bolsonaro entrou numa crise de depressão profunda, sem querer falar com ninguém, dizem que até com crises de choros frequentes. A transição foi uma das mais complicada, porque, faltando apenas alguns dias para a posse de Lula, ocorreu uma espécie de apagão na Presidência da República, algo que precisou ser contornado pelo então vice, o general Mourão Filho. 

A impressão que passa sobre as causas dessa depressão e abatimento é que ele já previa o que poderia ocorrer dalí por diante, quando novos atores assumissem o poder. Embora abominasse a rotina de trabalho como Presidente da República, como deixou claro em alguns pronunciamentos, Bolsonaro, contraditoriamente, por vezes, afirmava que só Deus o tiraria ele daquela cadeira. Nos parece que este segundo Bolsonaro é o mais crível, se analisarmos bem o andar da carruagem política. 

Esse negócio de vingança eu nunca entendi muito bem, mas é esta a leitura feita pela família Bolsonaro em relação a esses últimos fatos. O problema seria de uma perseguição política velada, sem um amparo legal que dê suporte a essas ações. Observamos aqui um grave equívoco de avaliação, pois tudo está sendo realizado dentro da lei, cumprindo todos os trâmites legais. O Governo Bolsonaro cometeu alguns equívocos primários, como o uso irregular dos cartões corporativos, por exemplo, num indicativo, inclusive, de que faltou até mesmo uma assessoria minimamente de perfil republicano para orientá-lo.      

Editorial: Zema sanciona lei que aumenta o próprio salário em 298%



O governador Romeu Zema(Novo-MG)causou uma enorme polêmica, outro dia, ao proferir alguns comentários dasabonadores sobre o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Na sua linha de raciocínio, tramar contra a Coroa Portuguesa, em tais circunstâncias, não seria um ato de heroísmo, mais algo muito próximo a uma tentativa de golpe, algo a ser elencado no plano das ilegalidades. 

Por essas horas, quem estava visitando o Museu da Inconfidência, na aprazível Ouro Preto, comenta que viram os restos mortais do alferes, que se encontra naquela instituição, se revirar no túmulo. Curiosa essa personalidade do Joaquim José da Silva Xavier, uma vez que ele consegue ser unanimidade da esquerda à direita. Possivelmente, à exceção do governador mineiro. Tiradentes, inclusive, goza de grande prestígio nos ciclos militares. A única coisa que pesa contra ele, relatada pelo historiador Kenneth Maxwell, é sobre as reais motivações da insurreição, que não seria, assim, algo eminentemente de cunho nativista, mas motivada pelas enormes dívidas de uma classe média mineira com a Coroa Portuguesa. 

Um Tiradentes golpista, no entanto, fica por conta das fantasias do governador mineiro. Agora ele está metido numa nova polêmica, um aumento de 298% concedido ao seu salário, que passa de um pouco mais de R$ 10.000 para mais de R$ 40.000. De fato, o salário estava defasado, mas fica difícil explicar os percentuais desse reajuste nas atuais circunstâncias, sobretudo em Minas, onde a tesoura passou a fazer parte dos instrumentos de políticas públicas.  

Editorial: A fraude no cartão de vacinação



Independentemente do fato sobre se o ex-presidente Jair Bolsonaro tomou ou não tomou a vacina contra a Covid-19, o que transparece durante esta operação de buscas e apreensões da Polícia Federal, realizada no dia de ontem, em diversos endereços, é que existia uma quadrilha que estava fraudando o precedimento de vacinação, adulterando dados, com a participção de agentes públicos. Alguns deles estão presos e outros deverão ser ouvidos no curso das investigações. 

O que pesa contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, neste caso específico, é que existe a suspeita de que ele possa ter sido um dos beneficiários, sobretudo quando se levanta algumas hipóteses dos arranjos possíveis para viabilizar suas viagens ao exterior, a países onde a vacinaçao estava sendo exigida, a exemplo dos Estados Unidos. Para usarmos uma linguagem coloquial, Bolsonaro está envolvido em diversos "rolos", mas a operação de ontem, deflagrada pela Polícia Federal, tratou dessa questão específica. 

Quando o individuo junta as peças dessa engrenagem, por outro lado, dá um roteiro de filme policial americano. Envolve eventuais fraudes ou adulteração de cartão de vacinação; plano de rota fuga planejado; assessor com formação nas forças especiais militares; joias da Arábia Saudita; antesala de preparação de um possível golpe de Estado; auxiliares milicianos. É enrendo para prender(ops!) o indivíduo ao sofar durante um final de semana, nas conhecidas maratonas, acompanhado de tijela de pipocas. De preferência que não seja de microondas, posto que faz mal à saúde.  

Editorial: A primeira grande derrota do Governo Lula


De maneira sorrateira, sem que sequer o Governo Lula tomasse conhecimento da iminente votação, a Câmara dos Depuados aprovou um projeto de lei que derrotou o decreto do presidente Lula sobre o saneamento. O governo foi pego de calças curtas, completamente desprevenido, sem tempo ou condições de esboçar uma reação. A rigor, o Governo Lula sofreu duas derrotas em curto espaço de tempo. Antes, o polêmico projeto de lei sobre as fake news, do Deputado Federal Orlando Dias, foi retirado da agenda de votação em plenário, o que, igualmente, foi considerado uma refrega ao governo. 

A derrota do governo no que concerne ao decreto do saneamento foi acachapante. 295 deputados votaram contra o projeto, que previa alterações no marco legal do saneamento básico. O problema, como sempre, está relacionado à fragilidade de apoios no Legislativo. A derrota infringida ao governo faz parte de um processo, um jogo torpe, com o objetivo de pressionar o presidente no sentido de liberar as emendas parlamentares e indicar prepostos dos deputados para ocuparem cargos na burocracia do Estado. Há um consenso entre de que o governo está demorando muito neste aspecto.  

O jogo é bruto e, conforme afirmamos ontem, o apoio de Lira ao Governo Lula é bastante pontual, naquilo em que o seu grupo político possa aferir algumas vantagens específicas. Sabe-se que tal apetite fisiológico é insaciável e chegará um momento em que o governo não poderá saciá-lo. No dia de ontem, um jornalista observou que talvez seja mais eficiente a Lula atuar no varejo político, atendendo, pontualmente, os deputados e senadores, ao invés de negociar a divisão dos ministérios com os partidos políticos. Aliás, nao há mais ministérios a serem negociados. A questão agora é o segundo escalão. Pode ser que o jornalista tenha razão, mas vale o raciocínio de que, em algum momento, a corda arrebenta, como já arrebentou com a ex-presidente Dilma Rousseff. 

Charge! Aroeira via Twitter

 


Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 3 de maio de 2023

Editorial: O prisão do "Longa Manus" de Jair Bolsonaro.

Crédito da Foto: Alan Santos, PR

A repercussão da operação da Polícia Federal no dia de hoje, continua acalorada, rendendo algumas reflexões sobre seus possíveis desdobamentos. Amiúde, já se sabe que setores militares ficaram irritados com a prisão do tenente-coronel Mauro Cid, o ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o que dá bem a dimensão da encrenca que nossas instituições democráticas terão que enfrentar numa eventual contingência de punição ao oficialato que esteve envolvido nas articulações do golpe de 08 de janeiro. 

Por outro lado, já se sabe que o ajudante de ordens era ajudante para todas as ordens mesmo, até para assessorar o ex-presidente durante os debates televisivos da última campanha presidencial. Vazou para a imprensa uma versão de que a Polícia Federal suspeita de que chegou a ser planejada uma eventual rota de fuga para o ex-presidente Bolsonaro. Não vamos aqui fazer julgamentos precipitados, sendo sempre prudente aguardar o desfecho dessas investigações. 

O fato promete render bons debates televisivos pelas emisssoras de notícias, assim como muita tinta nas redações de jornais e revistas impressos. Mauro Cid teve treinamento nas forças especiais, o que alimenta as especulações em torno do seu real papel como "Longa Manus" do ex-presidente Jair Bolsonaro. "Longa Manus" aqui pode ser traduzido como ajudante de ordens.  

Editorial: Bolsonaro não irá depor na Polícia Federal. Encontra-se no bunker do PL.

 


Os advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro não irá depor na Polícia Federal, no curso das operações de buscas e apreensões, realizadas na manhã de hoje, em uma de suas residências. Atualmente, o ex-presidente encontra-se na sede do PL, em Brasília, que se transformou numa espécie de bunker, reunido a cúpula política e jurídida que prepara sua defesa diante de tais circustâncias. As informações ainda são desencontradas, mas, em princípio, mesmo se vier a depor, a tendência é que ele fique em silêncio sobre o assunto. 

O grande problema é convencer o ex-presidente - e, talvez, o seu núcleo político mais próximo - de que essas ações não teriam, essencialmente, um componente "político". Na realidade, não há. A Polícia Federal está agindo dentro da lei, acatando uma determinação judicial emananada pelo STF. É uma operação de Estado. Cumprindo aquela narrativa inicial, de contraposição à vacinação, o ex-presidente afirma, categoricamente, que não se vacionou, depois de ler a bula de uma dessas vacinas. 

Agora é aguardar os desdobramentos dessa investigação, reafirmando que ela cumpre apenas e estritamente os trâmites judiciais previstos em lei, sem quaisquer arbitrariedades ou componente político. O presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, já fez um pronunciamento tratando do assunto, enfatizando que o ex-presidente é uma pessoa séria e idônea.