pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 22 de maio de 2023

Editorial: Lula está pensando em viajar menos e tantar "arrumar" a casa.



Nossa conclusão é a de que Lula tem muitos problemas por aqui, sendo prudente ponderar sobre essas suas viagens ao exterior, salvo em condições excepcionais. Ciro talvez tenha razão quando afirma que o Governo não estaria dimensionando corretamente o tamanho de nossa crise. Soma-se a isso uma necessidade premente de uma articulação política, em condições sensivelmente adversas, tendo que negociar até com bolsonaristas raízes, sob um ônus altíssimo a ser pago com a sua base de apoio político\ideológica. Até aqueles que antes defendiam a prisão perpetua do atual presidente, estão sendo acomodados no Governo. 

Um desses grandes jornais paulistas resolveu assumir uma condição de oposição definida ao Governo, com reiterados editoriais críticos. O último deles, publicado no dia de hoje, afirma que a vingança contra os adversários tornou-se a marca do Governo Lula. E que Lula, deliberadamente, optou por essa estratégia para esconder a ausência de rumo do Governo. Há ressentimente sim, mas há um pouco de desequilíbrio aqui. Essas narrativas devem ser ralativisadas, diante das espertezas dos atores políticos. O rapaz que hoje se queixa de ter sido vítima de uma injustiça ao perder o mandato, deveria lembrar-se de suas armações para condenar pessoas sem provas; deveria refletir sobre o suicídio do reitor da UFSC, morto em razão do achincalhe ao qual foi submetido, sendo execrado publicamente, sem, sequer, ter o direito a frequentar a universidade onde fora reitor, prática recorrente desde a época de estudante. Depois, se chega à conclusão de que se tratava de uma pessoa inocente.

Como diria aquele ministro da Suprema Corte, o germe do fascismo no Brasil germinou através da estufa da República de Curitiba, produzindo consequências funestas para as instituições republicanas no país. Essas práticas jurídicas abjetas são reflexos desse período, onde se praticava não o regime jurídico estabelecido e o respeito à Constituição, mas ao código pessoal do russo.   

Editorial: MST prepara chumbo-grosso contra os ruralistas.



A viagem que o líder do MST, João Pedro Stédile fez à China recentemente, integrando a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, certamente será bastante explorada pelos parlamentares oposicionistas que integram a CPI do MST. A comissão deve começar os trabalhos nesta semana e já estamos anciosos para acompanhar os embates que deverão serem travados. Por razões óbvias, Stédile será um dos convidados de honra dessa comissão. O Governo Lula, porém, parece ter acordado do sono profundo e, através do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, estaria preparando um dossiê sobre as irregularidades cometidas pelo agronegócio, que vão muito além do uso indevido de agrotóxicos, envenenando nossos alimentos. 

As denúncias são cabeludas e envolvem até mesmo, segundo fomos informados, a apropriação indevida de recursos públicos destinados à produção agropecuária, procedimentos que seriam recorrentes desde o Escândalo da Mandioca, onde falsos produtores rurais do Sertão Pernambucano se apropriavam de recursos do Banco do Brasil, sob o pretexto de plantarem mandioca, e desviavam esses recursos para outras finalidades. Esse fato ocorreu na década de 80 do século passado, e resultou no covarde assassinato do procurador Pedro Jorge, que fez a denúncia através do Ministério Público. 

A mentalidade desse grupo é a mesma de 500 anos atrás. Pouca coisa mudou desde então, sobretudo quando se está em discussão a propriedade da terra, as relações de trabalho e coisas do gênero. Os grilhões de antes da abolição formal e institucional da escravidão ainda estão presos aos membros dos trabalhadores, a julgar pelos recorrentes episódios de trabalho análogo à escravidão. É bom que o MST tenha feito o seu dever de casa. Será uma oportunidade de mostrar ao país o que ocorre no campo e como esses grupos se organizam para tramarem contra as instituições democráticas, pois eles estão no epicentro do retrocesso político, dando suporte essas últimas mobilizações antidemocráticas.       

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 21 de maio de 2023

Editorial: Centrão deseja o "passe" de Tarcísio de Freitas.



Numa entrevista recente, o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, não escondeu seu entusiasmo com uma eventual candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas(Progressistas), como opção da oposição a candidato às eleições presidenciais de 2026. Oposição, leia-se, na realidade, Centrão, capitaneado pelo PL e outras nucleações partidárias menores. Valdemar manisfestou o desejo, inclusive, de que ele venha a se filiar ao PL. Em princípio, a chapa dos sonhos seria uma dobradinha entre Tarcísio e a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro,mas, assim como o marido, é bem provável que ela se torne inelegível, em razão das encrencas jurídicas. 

O cálculo político é aparentemente simples. Tarcísio partiria com um potencial expressivo no maior colégio eleitoral do país, enquanto Michelle agregaria à chapa a sua capilaridade política nacional, principalmente entre os nichos eleitorais das mulheres e dos evangélicos. Na prática, isso nem sempre funciona assim de forma orgânica, mas, no momento, seria essa a hipótese. A direita sempre foi melhor nesses arranjos, chegando a construção de consensos com mais facilidade. 

No Governo Lula, por outro lado, já existiria uma briga feia de bastidores em torno do assunto, colocando aliados em luta fratricida em torno da condição de vir a ser o ungido como sucessor de Lula. É muita gente na disputa ao trono, o que poderia estar travando o Governo. Alguém até sugeriu que, neste momento, talvez fosse estratégio Lula assumir que pretende disputar mais um mandato, para serenar os ânimos. Apenas para serenar os ânimos, entenda-se, uma vez que seria pouco plausível tal hipótese. Aparentemente.    

Editorial: Polícia Federal suspeita de sabotagem nas investigações sobre a morte de Marielle Franco.



O Governo Lula, através do Ministério da Justiça, já se comprometeu a esclarecer a morte da vereadora Marielle Franco. Embora ainda não tenhamos superado o atoleiro da crise institucional em que estamos metidos, o empenho da Polícia Federal no caso deverá elucidar aqueles episódios nebulosos, apontando as circunstâncias e, principalmente, os mandantes do crime. Há indícios de que a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro teria manobrado para conduzir o processo de forma pouco republicana. Ressalto aqui que não se pode fazer generalizações ao trabalho da corporação, informando que quem agiu assim foram alguns policiais da Instituição, designados para investigar o caso. 

Esses fatos não seriam incomuns, principalmente num Estado como o Rio de Janeiro, onde as milícias são formadas, em sua maioria, por policiais corruptos e ex-policiais, afastados da corporação por má-conduta. No Rio de Janeiro as instituições do Estado estão irremediavelmente contaminadas, daí a federalização das novas investigações. Os executores da militante Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes, são dois ex-policiais militares afastados da corporação.    

Ontem mesmo surgiu uma informação de que a UERJ teria repassado, através de uma folha de pagamento secreta, milhões de reais a uma pessoa ligada à "família", um pouco antes das últimas eleições. Como se diz no linguajar popular, está tudo dominado. Felizmente, o rosário de crimes cometidos estão subindo à superfície, em razão da inexistência dos expedientes que antes os mantiveram no subsolo, protegidos por sigilos. Um dia as coisas fogem ao controle, como é o que parece que vem ocorrendo.      

sábado, 20 de maio de 2023

Editorial: MST - A CPI do fim do mundo.



O mantra em Brasília é que as CPI's a gente sabe como começam, mas não sabemos como terminam. Essa premissa, atribuíada ao grande Ulisses Guimarães, se aplica perfeitamente a CPI do MST. Em certos aspectos, ela está assumindo alguns contornos políticos até mais releventes do que a CPMI dos Atos Antidemocráticos do dia 08 de janeiro. Mais uma razão que reforça a nossa tese de que o Governo perdeu o feeling político no que concerne a tal CPI, ao permitir o total protagonismo da oposição em sua composição, que deve ficar com a relatoria e com a presidência. 

Antes mesmo de começarem os trabalhos, a estridência é grande, assim como o foco dos seus trabalho se ampliam a cada dia. Somente no dia de ontem, o relator, o Deputado Federal Ricardo Salles, protagonizou uma indisposição com Guilherme Boulos, do PSOL, ligado ao MTST, e com o senador Randolfe Rodrigue, ao comentar sobre o seu desligamento da Rede. O deputado também ouviu os apartes de uma deputada contra a sua indicação à relatoria dos trabalhos da comissão, pois, segundo ela, Salles não reuniria as condições mais adequadas para assumir o cargo. Seria uma raposa tomando conta do galinheiro. 

Como é sabido, Ricardo Salles teve uma passagem polêmica como Ministro do Meio Ambiente do Governo Bolsonaro, sendo afastado do cargo depois de uma série de denúncias de irregularidades na pasta, com pendências jurídicas em andamento.  Ficou conhecido como ministro motosserra, em razão das políticas liberacionistas dos órgãos subordinados à pasta, que deveriam, na realidade, preservar o meio ambiente, com total permissibilidade para a boiada passar. A oposição começa bem posicionada para os trabalhos dessa comissão, restando ao Governo Lula acordar do sono político e adotar uma estratégia mais condizente na condução dos trabalhos. Com grande exposição, Salles está sendo "dissecado". Já descobriram seus financiadores de campanha e até um curso de pós-graduação na prestigiada Universidade de Yale, que se discute se realmente foi realizado.     

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 19 de maio de 2023

Editorial: Moro com as barbas de molho



Esse último retrocesso político que o país experimentou fez muito mal a nossa gente. Quando a mentira é utilizada, sistematicamente, como arma política, para atingir os adversários e desafetos, não se pode esperar coisas boas. Conforme enfatizamos sempre, não se pode dizer que já atravessamos essa tormenta. Ainda estamos mergulhados numa crise de valores e institucional que deve chegar aos próximos verões. Logo após a cassação do mandato do ex-Deputado Federal Dalton Dallagnol, começaram a pipocar informações - verídicas ou fake - em torno do assunto. 

Uma delas diz que Lula chegou a comemorar o fato com pessoas mais próximas, brindando-o com taças de champanhe. Haveria um colunista dando conta de que o senador Sérgio Moro, temendo igual destino, estaria pensando em renunciar e deixar o país. Nada disso podemos confirmar, portanto, fica no plano das meras especulações. De concreto mesmo, apenas uma entrevista concedida pelo ex-ministro do STF, Marco Aurélio Mello - por quem temos profundo respeito - assegurando que haveria eventuais equívocos jurídicos em torno da decisão do STF. Deixemos essa discussão para os juristas. Dessa área ele entende muito bem. Vamos respeitá-lo. 

Marco Aurélio também faz um comentário no terreno político, observado que, diante do andar da carruagem, o ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro, deveria precaver-se, traduzida livremente pelo editor como "ficar com as barbas de molho". Salvo melhor juízo, existiriam algumas irregularidades na prestação de contas de campanha do ex-juiz, o que deve ser apreciado pelo STE. A se confirmar uma tendência... 

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


Editorial: O silêncio insurdecedor do ajudante de ordens



O ex-ajudante de ordens do Governo Bolsonaro, Tenente-Coronel Mauro Cid, resolveu ficar em silêncio no depoimento que prestou à Polícia Federal, no dia de ontem. É uma prerrogativa dele, mas é aquele tipo de silêncio que diz muito e incomda bastante as hostes do bolsonarismo. O que ele estaria querendo dizer com este silêncio, uma vez que o silêncio, por vezes, pode revelar muita coisa, principalmente para a mídia, que repercutiu bastante o comportamento do ex-ajudante de ordens. 

Recentemente, ocorreu uma mudança em sua defesa, o que pode significar uma nova linha de conduta do ex-ajudante de ordens. De uma família de militares, o pai ja teria demonstrado sua insatisfação com a conduta dos envolvidos no caso, que estariam usando de um estratagema para deixar Mauro Cid se comprometer sozinho. Ninguém é obrigado a produzir provas contra si, conforme preconiza a constituição. Ficar em silêncio, por outro lado, pode não ser a mehor estratégia de defesa, principalmente quando o Estado já possui elementos que podem comprometer o suspeito. Nossa avaliação aqui é de ordem genérica e não em relação ao caso específico.  

A fala, neste caso, poderia diluir as eventuais formação de convicções ou de provas arroladas contra o suspeito. Desde o início que se percebe uma tentativa de blindagem em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A ideia é formar um cordão sanitário que impeça que ele seja atingido por essas denúncias. Resta saber se o grupo que o acompanhava ou dos anônimos envolvidos estarão dispostos a ir para o sacrifício sozinhos, assumindo a condição de bodes expiatórios, o que seria muito improvável, daí a preocupação com o silêncio ensurdecedor de Mauro Cid.    

quinta-feira, 18 de maio de 2023

Editorial: O IBAMA voltou. Vetou a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas.


O senador Randolfe Rodrigues acaba de anunciar seu desligamento da Rede Sustentabilidade, depois da decisão do IBAMA de vetar a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. A decisão não foi política, mas embasada em estudos técnicos que apontam os danos ambientais a projetos dessa natureza. Mas, no Governo Lula, existia uma queda de braços entre a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o senador, que tem base política no Amapá, um Estado que poderia ser beneficiado com a exploração de petróleo na bacia amazônica. 

O senador Randolfe é reconhecido nacionalmente por suas posições corretas, republicanas, sempre do lado certo. Desta vez, parece-nos que errou, pois o que está em jogo na tomada de decisão do IBAMA é a preservação do meio ambiente, antes de quaisquer outras considerações. Esperamos que essa indisposição seja circunscrita ao problema pessoal com a ministra e não se estenda a outras esferas. Mas, de qualquer forma, o episódio acende mais uma luz amarela nas entranhas do Governo, assim como as rusgas entre os ministros para assumirem, desde já, a condição de ungido para suceder Lula nas eleições de 2026. 

O Governo precisa voltar aos trilhos, assumir a sua condição de protagonista do processo político, não permitindo ficar a reboque das provocações e exposto ao desgate produzido pela oposição que, como se diz aqui no Sertão Nordestino, estão à procura de um pé. Ou seria uma "cabeça"? O Governo Lula vai mal de comunicação; Perdeu a guerra de narrativas sobre o PL das fake news; Permitiu o total controle da CPI do MST à oposição; escancarou as porteiras da máquina pública para ex-bolsonaristas; Liberou 90 bilhões de emendas parlamentares através de expedientes nebulosos como o orçamento secreto. É preciso criar condições de governabilidade o menos possível dependente do Centrão, pois o apetite dessa gente é insaciável. E quando não houver mais condições de satisfazê-los?      

Editorial: As consequências de uma CPI do MST controlada pela oposição.



Desde as eleições que a relação do PT como os ruralistas não anda muito bem. O agronegócio é um nicho muito identificado com o bolsonarismo e tende a manter essa posição. Curioso que Lula indicou um ruralista para o Ministério da Agricultura, o senador Carlos Fávaro, mas, mesmo assim, o clima de desconfiança permanece. O ministro acabou sendo desconvidado da Agrishow, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro foi recebido com entusiasmo pelos presentes ao evento. Curioso que a bancada ruralista considerou uma espécie de afronta a presença de Lula e do vice Geraldo Alckmin num evento organizado recentemente pelo MST. 

Alckmin saiu entusiasmado da feira do MST, alardeando que a sociedade brasileira precisa conhecer o trabalho ali realizado. De fato, sim, o MST é pop. Vem realizando um trabalho excepcional de economia sustentável, um ótimo exemplo para o país. Todos os países com o mínimo de vergonha na cara fizeram suas reformas agrárias. No Brasil, um país construído sob a égide dos grandes latifúndios e do trabalho escravo, tal reforma agrária tornou-se uma tarefa hercúlea. 

Por vezes, o MST dá uma forcinha para que o processo ande, levando o Governo a tomar decisões necessárias. Durante o abril vermelho, o MST invadiu algumas propriedades rurais no país, exaltando os ânimos dos ruralistar e dos seus representantes na Câmara dos Deputados, que possui uma bancada exclusiva. Talvez mais preocupado com a CPMI dos atos golpistas de 08 de janeiro, o governo abriu as porteiras para a oposição deitar e rolar na composição da CPI do MST. 

Eles assumirão  a presidência e a relatoria, que ficará a cargo do ex-Ministro do Meio ambiente do Governo Jair Bolsonaro, Ricardo Salles, um bolsonarista raiz, que deve produzir um relatório onde até as vírgulas tentarão comprometer o Governo Lula. Se depender da disposição dessa gente em criar embaraços, Lula terá uma dor de cabeça pela frente, pois se especula sobre a possibilidade de enquadramento do presidente por crime de responsabilidade.        

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 17 de maio de 2023

Editorial: Valdemar da Costa Neto deixou de seguir duas lições básicas de política.



Há duas lições básicas do campo da política que deixaram de ser seguidas por Valdemar da Costa Neto, Presidente Nacional do Partido Liberal. Não se pode dizer que o presidente da legenda seja, assim, um ingênuo, mas, por vezes, até as grandes raposas cometem equívocos, como o de ontem, quando ele resolveu atender a um convite de uma emissora de TV fechada para conceder uma entrevista para tratar de assuntos espinhosos, como o rolo do uso irregular dos cartões corporativos no governo anterior. 

Uma dessas lições vem da grande escola mineira, onde se diz que suas raposas só compareciam às reuniões quando tudo já estava aprioristicamente decidido. As reuniões mineiras cumpririam apenas as formalidades de praxe. Não necessariamente com tanta precisão, seria possível antever as eventuais perguntas. Com uma margem de manobra de cometimento de erros mínimos, ele deveria ir para a reunião com um conjunto de respostas ajustadas. 

Uma outra lição vem aqui de Pernambuco mesmo, onde a velha raposa Miguel Arraes só aparecia nos eventos em condições favoráveis, evitando os desconfortos de ir a ambientes hostis. Essas duas premissas não foram observadas pelo presidente do PL, que se embaralhou completamente diante das perguntas da bancada de repórteres que o entrevistou. Resultado? um desastre, seja para ele, seja para os ouvintes e até mesmo para os envolvidos que, possivelmente, não gostaram de suas respostas. A expressão "Bolsonaro não é uma pessoa normal" está alcançando ampla repercussão nas redes sociais.  

Editorial: A cassação de Dalton Dallagnol


Dalton Dallagnol, até outro dia, comemorava, pelas redes sociais, sua eleição como Deputado Federal pelo Estado do Paraná, com uma votação das mais expressivas. No dia de ontem, por unanimidade, o TSE cassou o seu mandato, pois, diante dos processos a que responde e que se encontra em tramitação, sua eleição não poderia ser legalmente referendada. Uma questão de natureza jurídica, unicamente, mas que está assumindo contornos políticos inevitáveis, diante desse clima de polarização em que o país encontra-se mergulhado. 

Até o dispositivo legal está sendo invocado, numa refefência ao Ministro da Justiça, Flávio Dino, autor do mesmo, quando exercia o cargo de Deputado Federal. O papel exercido por Dalton Dallagnol durante os trabalhos da Operação Lava-Jato é o "X" da questão, o motivo das comemorações de setores ligados ao Partido dos Trabalhadores, que nunca perdoaram Dalton pela sua atuação na condenação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Outros nomes estão no retrovisor dos petistas, como o do senador Sérgio Moro. Não é verade que Lula governa com o fígado - como sugeriu um veículo de comunicação - mas ele mesmo fez questão de deixar claro que guarda ressentimentos em relação ao senador. Há um esforço danada para desarmar esses palanques, mas eles resistem. Um dos termos que tornou-se comum no dicionário político do momento é o "produzir desgaste". Se Lula indicar Zanin para o STF, a oposição sabe que o seu nome será referendado, mas vai fazer um barulho daqueles apenas para desgastar o Governo.  

Editorial: Marília deve ser indicada para a Hemobrás



Nos escaninhos da política comenta-se que o Ministro da Casa-Civil, Rui Costa, possui, sobre sua mesa, algo em torno de 200 nomes indicados pelos partidos aliados, aguardando nomeação para algum cargo na máquina. A ausência de agilidade nessas nomeações estariam, inclusive, criando alguns problemas para o Governo Lula em suas negociações para votações importantes e de interesse do Governo na Câmara Federal. Pelo andar da carruagem política, uma dessas nomeações devem estar saindo nos próximos dias. Trata-se da indicação do nome da pernambucana Marília Arraes, que deve assumir a Hemobrás, segundo informações da revista Veja

Em princípio, o que se especulava é que tanto o partido Solidariedde quanto a neta de Arraes desejavam a indicação para a SUDENE, qua acabou não se viabilizando. Qual seria o futuro político da neta do Dr. Arraes? Vamos arriscar um "incerto" para não incorrermos em equívocos - com o tempo a gente vai aprendendo - mas é provável que ela volte a disputar o Governo do Estado nas eleições de 2026, a julgar pela sua disposição de fazer oposição a governadora Raquel Lyra.  

Não acreditamos que ela volte a bater chapa com o primo nas eleições para a Prefeitura da Cidade do Recife, em 2024. Marília foi isolada politicamente, a despeito de seu perfil conciliador. A banda queijo do reino do PT alinhou-se aos socialistas, inviabilizando seus projetos políticos na província desde algum tempo. Num arranjo político inusitiado, nas últimas eleições para o Governo do Estado, ela resolveu alinhar-se a esse grupo, selando seu destino naquelas eleições. 

Agora, o mesmo grupo tramou para que não saísse a sua indicação para a SUDENE. É bom ela ir colocando as barbas de molho porque esse grupo tem um longo projeto político pela frente, com o propósito de fazer de João Campos o fututo governador de Estado, a partir de 2026, como herdeiro do espólio político do ex-governador Eduardo Campos. Tenho muitas dúvidas se estava nos planos de João Campos tornar-se um político. Ele foi jogado na arena pelas contingências produzidas pela morte prematura do pai. Seus movimentos mais recentes, no entanto, indicam que ele está tomando gosto pela coisa, fazendo política com o cérebro, conversando com todas as tribos, "acomodando" todo mundo, bem a exemplo do seu pai, quando tinha projeto de tornar-se Presidente da República.       

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 16 de maio de 2023

Editorial: Lula é candidato à reeleição?



Eis aqui uma questão que o próprio Lula respondeu antes mesmo de vencer as últimas eleições e assumir o seu terceiro mandato. Seria natural, em razão de sua idade avançada e os entreveros políticos enfrentados nos últimos anos, chegando mesmo a cumprir pena por condenação processos duvidosos, que já foram anulados. Para o indivíduo ser feliz não precisa de muita coisa não, como observou Ariano Suassuna em uma de suas Aulas espetáculo. Como bom nordestino, Lula sabe o valor de uma carne do ceará com farofa, acompahada de suco de pitanga - a pitanga é uma fruta tipicamente do bioma Caatinga - uma boa rede armada debaixo do sombreiro de um pé de umbu. 

Será que a vaidade pelo exercício do poder é tanta assim? Ao ponto de exercer fascínio no petista? Não acreditamos. O mais sensato seria ele se recolher aos aposentos. Lula enfrenta um fardo pesado neste terceiro mandato. Ora são os grupos de direita e ultra-direita, que escolheram o Brasil como um laboratório para as suas experiências macabras; setores da grande imprensa, que não dão a menor trégua ao petista, publicando, sistematicamente, matérias e editoriais contra o Governo; os planos da oposição para fazê-lo sangrar; os probremas gigantescos de governabilidade, tendo que abrir espaço na máquina e liberar emendas através desse expediente nefasto do orçamento secreto. Curiosa essas ciladas da política. Em princípio, o que se previa era uma desbolsonarização da máquina, mas está ocorrendo exatamente o contrário. A máquina voltou a ser bolsonarizada, por pressão dos partidos "aliados". Não faltou nem mesmo os admiradores do coronel Brilhante Ustra, indicado para controlar os fundos de autarquia. 

A Coluna do jornalista Cláudio Humberto, no dia de hoje, no entanto, traz uma informação acerca da guerra aberta nos corredores do poder em Brasília, entre petistas, pela condição ser ungido como sucessor de Lula. Eis aqui um outro fator que poderia estar prejudicando o desempenho do terceiro Governo Lula. Existem uma penca de pretendentes a esta condição, cada qual tentando parecer mais confiável ao chefe. Neste sentido, o jornalista sugere que aventar uma hipótese de uma candidatura à reeleição de Lula poderia contribuir para serenar os ânimos. Quem sabe ele tem razão.   

Editorial: 19 toneladas de bisteca que não foram entregues às comunidades indígenas.



Os bolsonaristas costumam fazer muitas chacotas com o Governo Lula em relação à promessa da picanha com a cervejinha prometida, que anda não chegou à mesa dos pobres, conforme fora prometido. De fato, não se trata de uma promessa muito simples de ser cumprida, mas, paulatinamente, o preço da carne bovina vem caindo nos açougues e, se ainda não dá para fazer o churrasco com picanha, ja é possível fazê-lo com costela, que pode ser adquirida por R$ 17,00 o quilo. O problema maior mesmo são essas 19 toneladas de bisteca adquiridas pelo Governo Bolsonaro, que não chegaram aos indígenas do Vale do Javali, nos Altos Solimões, no Amazonas, conforme denúncia divulgada pela imprensa. 

Trata-se de mais um daqueles fatos que poderiam entrar no hall dos casos folclóricos envolvendo licitações de alimentos, não fossem os prejuízos absurdos produzidos para os cofres públicos. Hoje, ficamos sabendo de mais uma informação, que apenas acrescenta algumas doses escabrosas ao caso, como a identificação do eventual fornecedor, que seria não um desses frigoríficos do agronegócio, mas uma fábrica de tecidos. 

O rosário de desmandos com os recursos públicos, no entanto, não terminam por aí. Um conhecido blog de notícias políticas traz a informação de que pescoços de galinhas foram licitados ao preço de R$ 260,00 quando, na realidade, o mesmo produto pode ser adquirido nos supermercados ao preço de R$ 5,00. Vamos procurar adentrar neste tema, pelo que ele traz de lição sobre os últimos desmandos com recursos públicos, mas não deixa de ser interessante conhecer mais detalhes sobre o assunto. Com que objetivo esses pescoços de galinhas seriam adquiridos? Seriam destinados a quem? Certamente não foram adquiridos para o cerimonial do Palácio do Planalto. Ali a picanha chega com facilidade. De preferência, a argentina.    

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 15 de maio de 2023

Editorial: Há qualquer coisa de estranho com esses "vazamentos" do ajudante de ordens

 



Algumas conversas relacionadas aos planos de espionagem urdidos para conhecer as estratégias utilizadas pelos Democratas nas eleições americanas, na década de 70 do século passado, quando Richard Nixon disputava a reeleição pelo Partido Republicano, foram gravadas, ainda em fitas, no interior da Casa Branca. Essas fitas foram posteriormente requisitadas pela Suprema Corte Amaricana, sem edições, para serem arroladas no processo que envolvia o então presidente no Escândalo Watergate.  

Anos depois, em suas memórias, o ex-presidente americano lamentou profundamente que essas fitas não tivessem sido destruídas. Geralmente, forças especiais não costumam deixar fios desencapados, mas, neste caso em particular, os fios desencapados são tantos que começam a levantar algumas suspeitas de algo haver sido "plantado". Nosso reconhecimento aqui, antes de mais nada, ao excelente trabalho que está sendo realizado pela Polícia Federal que, a cada dia, revela fatos novos sobre o resultado dessas investigações. 

Em todo caso, não deixa de ser curioso - e até suspeito - a facilidade com que alguns dados estão sendo encontrados. Dinheiro em espécie em casa; conversas de celular sobre os planos golpistas; orientações sobre o pagamento de beneficiários de esquemas ilícitos, como uma empresa que tem contrato com o Governo pagar as despesas pessoais de gente do governo passado. A corrupção é cabeluda, uma vez que já seria um absurdo adquirir certos bens ou pagar algumas despesas com o cartão corporativo. Geralmente, pela nossa experiência de serviço público, essas recursos saem de uma conta do tesouro. Nunca de terceiros. Que esculhambação é essa?

Editorial; Os predicados de um indivíduo para ser indicado ao Supremo Tribunal Federal.

Crédito da foto; Lula Marques, PT

Há vários qualitativos exigidos de um indivíduo para ser indicado ao Supremo Tribunal Federal. O notório saber jurídico seria apenas um desses predicados. Essa discussão voltou à pauta, pela proximidade de o Governo Lula indicar um nome para a Suprema Corte, suscitando várias manifestações de atores de diversos campos de conhecimento, inclusive o jurídico, cada qual com o seu elenco de qualitativos. Ser indicado para aquela Corte é o coroamente de uma carreira jurídica bem-sucedida, mas, diante desses embates políticos, perece-nos que isso hoje é o menos relevante, entrando uma série de outras variáveis nesse jogo. 

Até fatores de idade estão sendo considerados, como o de um pretendente que seria muito jovem ainda, podendo esperar mais um pouco. Um ex-magistrado daquela Corte agora se pronuncia, informando que Lula precisa indicar um negro para o STF. Ora, ele foi o primeiro negro indicado para o STF, por determinação direta de Lula, que quebrou um tabu histórico com a sua indicação. Só entendemos o raciocínio dele no sentido de que seja preciso "manter a regra", ou seja, permitir que outros negros possam ocupar espaço naquela Corte.De outro modo, ficamos sem entender muito bem. 

Existem alguns setores da imprensa que não escondem sua indisposição com o Governo Lula. Um desses jornais aponta que Lula deverá se orientar pelos caprichos pessoais - como estaria fazendo neste seu terceiro mandato - em detrimento do interesse público. Assim, começa a ser arquitetada um conjunto de narrativas com o propósito de criar desgaste para o Governo Lula, pois sua indicação tende a recair mesmo sobre o nome do advogado Cristiano Zanin, que o defendeu durante os processos da Lava-Jato. Mais do que ninguém, em tais circunstâncias, Zanin representou o interesse público, contra os equívocos e arbitrariedades cometidas contra um réu, sem que algumas prerrogativas básicas fossem respeitadas. Muito infeliz a informação do jornal de que sua indicação não representaria o interesse público.    

Charge! João Montanaro via Folha de Sçao Paulo

 


Charge! Laerte via Twitter

 


Editorial: Tarcísio de Freitas e Michelle Bolsonaro. Um arranjo conservador para as eleições de 2026


Recentemente, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, dos Progressistas, esteve no programa do empresário Abílio Diniz, Conversas com Abílio, transmitido pela CNN. Durante o programa, o empresário fez uma pergunta inevitável, no que concerne a uma eventual candidatura presidencial do governador paulista. Ele, naturalmente, negou qualquer possibilidade neste sentido, o que seria óbvio. Resposta tão óbvia que pode ser entendida como o contrário, ou seja, no sentido de que ele é, sim, candidato. 

Ao lado de Romeu Zema, governador de Minas Gerais, Tarcísio de Freitas, vem se constituindo num grande nome para a disputa presidencial de 2026, como herdeiro legítimo do bolsonarismo raiz e do campo conservador, não necessariamrnte bolsonarista. Existiriam até pesquisas internas indicando uma eventual viabilidade eleitoral numa chapa formada por ele e pela ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Michelle emprestaria à chapa a capilaridade política no plano nacional, que o progressista ainda não dispõe. 

Durante a campanha ao Governo de São Paulo, por alguma razão, Tarcísio de Freitas, por vezes, procurou se afastar do perfil de bolsonarista raiz. É como se ele não desejasse um alinhamento automático ao bolsonarismo, mesmo com digitais fortíssimas. Nos meios políticos, é tida como certa a inelegibilidade de Jair Bolsonaro. Já andam até especulando sobre a sua capacidde de transferência de votos. O bolsonarismo criou algumas estacas eleitorias fortes no país, que não podem ser desprezadas pelo campo democrático e progressista. Esses escândalos que estão pipocando por aí pouco importa para essa base de sustentação ensandecida.   

Editorial: Danilo Cabral deve assumir a SUDENE. Mas que SUDENE?



Na década de 50 a SUDENE cumpriu um papel importantíssimo em termos de políticas regionais no país. Ao longo do tempo, as políticas regionais foram perdendo importância nos governos de matriz neoliberal e, finalmente, sucumbiram no contexto das reformas administrativas que acompnhavam as diretrizes desses governos. O problema das desigualdades regionais, no entanto, persistem. Os indicadores de pobreza, de analfabetismo, de desemprego, violência insistem em apresentar números mais elevados em regiões como o Norte e o Nordeste do país. 

Agora, no terceiro governo Lula, há indícios de que a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste estaria em processo de reestruturação, com novas diretrizes establecidas, novos cargo, verbas asseguradas e propósitos renovadas para voltar a cumprir seu antigo papel de agência de desenvolvimento regional, honrando os ideais do seu fundador, o economista paraibano Celso Furtado. SUDENE recriada, haveriam cargos, bons salários e verbas de investimentos em políticas públicas. Este parece ser o cenário que se apresenta para a autarquia hoje. 

O arranjo político celebrado entre PT e o PSB local permitiu a viabilidade da indicação do nome do ex-candidato socialista ao Governo do Estado nas últimas eleições, Danilo Cabral, à presidência da autarquia. Neste caso, Danilo tem dois padrinhos políticos, o prefeito do Recife, João Campos, e o senaror Humberto Costa, que acabou levando a melhor na  disputa com o Solidariedade, que pretendia a indicação da também ex-candidata Marília Arraes. A manobra política incluiu a abertura de espaço para o PT na Prefeitura Municipal, sendo cedido ao partido duas secretarias. A aproximação é tanta que já se especula que Danilo Cabral ingresse no PT.  

Editorial: Chuchu vai bem na horta do MST



Há alguns meses, antes da última campanha presidencial, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, fazia um esforço danado para vencer as arestas junto a alguns setores mais ideológicos\autênticos ligados ao Partido dos Trabalhadores. Pelo andar da carruagem política, parece-nos que essas arestas foram finalmente quebradas, a julgar por uma visita do vice a uma feira do MST, onde foi tratado como guerreiro do povo brasileiro. A ideia fixa de superar essas arestas chegou a preocupar, inclusive, o staff da campanha de Lula à época, uma vez que, na realidade, Alckmin entrava, digamos assim, na cota da Faria Lima. 

Eram essas as arestas que ele precisava quebrar. Pouco adiantatam as recomendações nesse sentido. Quando anunciou que ficaria ao lado de Lula e concorreria à vice-presidente na chapa, ele sapecou: Chuchu com Lula vai bem. Em resposta ao carinho recebido, o socialista elogiou o trabalho realizado pelo movimento social, invocando que a sociedade precisa conhecê-lo. Curioso que a presença de Lula e Geraldo Alckimin no evento foi lido por setores do agronegócio como uma espécie de provocação. 

A relação de Lula com este setor - que nunca foi das melhores - vem pionando nos últimos dias e ganha até o reforço de alguns meios de comunicação, que dão uma forcinha para ampliar essas indisposições. Lula pode até ter sido infeliz em alguns pronunciamentos, mas estamos longe de concluir por uma ação deliberada no sentido de criar embaraços com o setor.     

domingo, 14 de maio de 2023

Editorial: A Polícia Federal parece ter aprendido as lições de Mark Felt

 


Seguir o rastro do dinheiro está produzindo excepcionais resultados positivos nas investigações realizadas pela Polícia Federal. Outro dia, em operação de busca e apreensão, a PF apreendeu US$ 35 mil na casa de um ex-ajudante-de-ordens da Presidência da República. Várias possibilidades estão sendo investigadas aqui, inclusive uma eventual lavagem de dinheiro. Agora, são os montantes em espécie, disponibilizados por cartões corporativos de terceiros, que favoreciam atores graúdos do ancien régime. Um tipo de prática que, pelo expediente, já evidencia cheiro de podridão. 

A prática, em si, é ilícita, principalmente por envolver o uso indevido de cartões corporativos. Seria um cartão corporativo do tipo "laranja". Essa turma não tem jeito mesmo. Outros membros do clã, chegados ao expedientes das famosas rachadinhas, também estão encrencados pelas mesmas razões, o Ministério Público conseguiu rastrear o caminho do dinheiro, chegando a produzir provas concretas das irregularidades. Há uma senhora que vive na miséria, mas teria repassado uma fábula de dinheiro nesses esquemas mafiosos. 

Ná década de 70 do século passado, acossado pelas revelações do Escândalo Watergate, o presidente Richard Nixon renunciou à Presidência dos Estados Unidos. Era isso ou um impeachment certo, depois das evidências concretas de materialização de um crime eleitoral, cometido contra o Partido Democrata. Dois jovens repórteres do Washington Post, em matérias jornalísticas sucessivas - no primeiro caso de envergadura do jornalismo investigativo - desmontaram a farça que estava por trás da estratégia dos republicanos em apresentar um crime eleitoral como um crime comum, de arrobamento. 

Isso só foi possível graças à prestimosa colaboração de um dirigente do FBI, William Mark Felt, que se manteve desconhecido durante décadas. Felt se encontrava com os repórteres anonimamente e sempre recomendava seguir o rastro do dinheiro. Deu certo por lá. Parece que está dando certo por aqui também.   

Editorial: Se Lula governasse com o fígado já estaria com cirrose hepática, produzidas pelas toxinas do Centrão.



Todos nós passamos por momentos de altos e baixos, embora essas reações sejam mais observadas em alguém que exerce um cargo público relevante, a exemplo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nós nunca entendemos muito bem esse diagnóstico de bipolaridade. É como se o indivíduo devesse manter uma "estabilidade" emocional, convivendo, cotidianamente, com situações as mais diversas, suscetíveis de produzir as mais distintas reações. Outro dia os jornalistas comentavam que Lula estava chorando muito e isso era uma evidência de descontrole emocional. Agora ele tropeça nas palavras e não interpreta corretamente as perguntas a ele dirigidas pelos repórteres. O que se observa é que alguns veículos de comunicação estão focando nos problemas do governo. Resolveram assumir o papel de colaboradores da oposição. Tornou-se ideia fixa, coisa de doido, como diriam nos nossos avós.  

Durante aquela fase braba da pandemia, havia um amigo que sempre questionava se nós estávamos bem. Seria praticamente impossível "estar bem", diante daquelas circunstâncias pavorosas, onde as pessoas estavam morrendo nos leitos de hospitais, sem conseguirem respirar. Na realidade,  há, também, alguns fatores coletivos que podem influir em nosso humor. Sabe-se lá o que Lula pode estar sentindo, numa quadra política complexa como a nossa. Mas vamos deixar esse debate para os psicólogos e voltarmos ao nosso quadrado, o quadrado da política. Este terceiro mandato não está sendo nada fácil para Lula. Acreditamos que o barbudo nunca precisou engolir tantos sapos.

O saldo negativo que ele está sendo contingenciado a gerenciar é muito grande. Um fardo pesado, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista político, com o arcabouço democrático sendo fustigado constantemente por forças simpáticas à rupturas institucionais. O embate com o Legislativo é outra fonte constante de desgaste, inclusive emocional. Se Lula governasse com o fígado, como sugeriu um desses jornais, já estaria com cirrose hepática, produzida pelas toxinas do Centrão, capaz de usar de todos os expedientes para atingir seus objetivos.    

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo