pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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domingo, 18 de fevereiro de 2024

Editorial: O curioso ( e não menos preocupante) caso da prisão do motoby Everton Henrique.



Esses temas sempre suscitam algumas controvérsias, mas, a rigor, a História indica que a origem da polícia no país está intrinsecamente relacionada aos famosos capitães do mato, aquele grupo miliciano de então, financiados pelos senhores de engenhos e fazendeiros para perseguirem e prenderem os negros fugitivos das lavouras de cana-de açúcar, em princípio, das fazendas de café posteriormente. Não seria improvável que outros historiadores possam apontar outras referências sobre a origem de tal instituição, mas, com certeza, esta versão é uma das mais próximas da realidade. 

Nos dias atuais, isso poderia explicar, por exemplo, porque um número tão significativo de negros são mortos em ações policiais ou cumprem pena nas penitenciárias brasileiras, em proporções escandalosamente bem maiores do que os de raça branca. Somete aqui em Pernambuco, num desses anos - salvo melhor juízo em 2022 - espantosamente, todos os mortos em ações policiais eram negros. Aqui em Pernambuco, igualmente, pelas razões históricas do longo processo de escravização e hegemonia política das velhas oligarquias no exercício do poder, forjou-se um aparato policial muito mais identifcado com o aparelho de Estado do que com a sociedade a quem deveriam servir.  

Pelo andar da carruagem política - e tomando como referência o ocorrido recentemente no Rio Grande do Sul, quando integrantes da Guarda Militar prenderam um motoboy negro que havia sido vítima de uma tentativa de assassinato por um homem branco - é possível que possamos generalizar essa análise no tocante ao perfil ou características do policial brasileiro. O caso alcançou enorme indignação da população, o que levou a Corregedoria da Brigada Militar a investigar as razões da prisão da vítima e não do agressor.

Segundo os últimos informes sobre o caso, o motoboy Everton Henrique já teria sido liberado. Agora compete à Corregedoria da Brigada Militar apurar as circunstâncias de uma abordagem policial, em princípio, desastrosa. Recentemente, o país passou por uma experiência política de perfil protofascista que apenas aguçaram essas idiossincrasias ou aberrações latentes à nossa formação histórica. O aparato policial, por razões óbvias, foi sensivelmente atingido pelo discurso de ódio que alimenta essas patologias políticas. O ônus a ser pago pela sociedade é muito alto.    

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: João avisa a Gleisi que não aceitará um nome do PT como vice. Lula entrará nas articulações.



Houve um tempo em que a gestão do PT na Prefeitura da Cidade do Recife ficou como que atravessada na traquéia do ex-governador Eduardo Campos. Naqueles idos - lá se vão longos anos, por sinal - com o propósito de consolidar o "eduardismo" na política pernambucana, que funcionaria como uma espécie de plataforma ou trampolim para os seus projetos presidenciais, o controle político do Palácio Antonio Farias se inseria neste escopo. Durante aquele período, escrevemos diversos artigos aqui pelo blog tratando desta questão, alertando que a raposa política já estaria armando o bote, sendo prudente tomar as precauções necessárias. 

Possivelmente, tais observações foram negligenciadas e, depois de uma intervenção "branca" na gestão do então prefeito João da Costa, que sucedeu João Paulo, finalmente, o projeto de Eduardo Campos consolidou-se, depois das eleições municipais de 2012, quando o  então integrante do seu staff técnico, Geraldo Júlio, assumiu o comando da Prefeitura da Cidade do Recife. É curioso observar como o ex-governador Eduardo Campos não confiava plenamente no seu staff político, um núcleo duro que o acompanhava desde os bancos universitários. 

Mesmo acusando o choque, o PT, por aqueles idos, ainda reunia as condiçãos de desenvolver um projeto coletivo, de partido. Não o fez, optando pelo pragmatismo ou às aspirações de algumas lideranças de proa da legenda, com grande capilaridade política na agremiação, que optaram em ficar à sombra dos socialistas, priorizando os projetos pessoais. Quando muito, de nucleações, que ficariam conhecidos como queijos-do-reino, ou seja, vermelhos por fora e amarelos por dentro. Sempre registramos aqui a "resistência" das tendências mais orgânicas da agremiação, aquele PT ainda das bases, vinculados aos movimentos sociais, mas estes foram vencidos nas disputas internas pelo processo de oligarquização da legenda.  

Algum tempo depois, com o seu projeto presidencial já em curso, seria o próprio Eduardo Campos quem trataria de romper com a legenda, articulando-se com forças do centro e até do centro-direita do expectro político, concebendo que, naquele momento, e não totalmente equivocado,  o antipetismo seria a estratégia mais viável para se chegar ao Palácio do Planalto. Eduardo faleceu num fatídico acidente aéreo. O espólio político do pai foi assumido pelos fihos João Campos e Pedro Campos. 

Dizem até que Eduardo considerava Pedro com maiores pendores para a política do que o João. Depois de uma fase de "reticências" - o que seria natural se considerarmos a sua idade - João Campos toma gosto pela política, tornando-se o prefeito mais bem avaliado do país. João Campos assume a Prefeitua da Cidade do Recife, em 2022, com um discurso marcadamente antipetista. Chegou a insinuar que não aceitaria o partido em sua gestão. Como em política não existem nunca nem jamais, com o tempo, essa postura foi se modifcando e os arranjos do Palácio do Planato, em aliança com os socialistas, no plano nacional, moldaram um novo padrão de relacionamento entre o prefeito e o Partido dos Trabalhadores. 

Momento houve em que o socialista cedeu espaço na Prefeitura do Recife aos petistas apenas para "acomodar" os velhos companheiros socialistas pernambucanos na máquina do Governo Federal. Colocar o PT como vice na chapa onde ele concorre à reeleição, no entanto, trata-se de uma equação bem mais complexa, envolvendo alguns cálculos políticos de difícil equacionamento. A reeleição de João é uma mera transição para as eleições estaduais de 2026, quando o filho do ex-governador deve candidatar-se ao Governo do Estado de Pernambuco, cumprindo, assim, uma trajetória prevista em sua carreira política, muito semelhante ao legado deixado pelo pai. 

Isso signifca ter um controle absoluto sobre o que ocorrerá na Prefeitura da Cidade do Recife depois dos dois anos, quando precisará se desincompatibilizar do cargo. Se ele aprendeu alguma coisa com o pai - e até Lula acredita que ele aprendeu - João Campos não entregaria as chaves da prefeitura ao PT. Passando o carnaval no Recife, a Presidente Nacional do Partido, a Deputada Federal Gleisi Hoffmann, andou informando que as alianças locais que contaria com o apoio do Palácio do Planalto, necessariamente, passa pela indicação da vice pela legenda. 

Mesmo no período momesco, num desses intervalos das festividades, a presidente nacional da legenda teria mantido uma conversa reservada com o prefeito João Campos.  De acordo com fontes de um blog local, o prefeito teria feito questão de raticar que  a vaga de vice em seu projeto de reeleição não seria preenchida pelo PT. Segundo os escaninhos da política, o partido estaria sugerindo que a hoje senadora Tereza Leitão seja indicada como vice. Diante da recusa do prefeito, o morubixaba petista poderá entrar no circuito das negociações. Em política se consegue dá nó em água. Neste caso específico, no entanto, não acreditamos que Lula será bem-sucedido nas articulações. 

Ressaltamos aqui o exemplar comportamente do hoje Ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, que, segundo dizem, também endossa a escolha de Tereza Leitão como vice na chapa de reeleição de João Campos. Independentemente de ser filiado ao Republicanos, aqui na província, o ministro vem assumindo posturas de vinculação orgânica aos interesses do Palácio do Planalto, o que é raro entre os nomes nomeados por Lula para ocupar cargos relevantes na máquina. 

Como se sabe, 2026 é agora. Hoje se tem como favas contadas, por exemplo, que o morubixaba petista será candidato à reeleição. O Palácio do Campo das Princesas, nas bastidores, manobra politicamente para criar embaraços aos projetos políticos do jovem prefeito socialista. Adversário político figadal da governadora Raquel Lira, o PDT acabou aceitando o convite para compor o governo, o que implicou, igualmente, em ajustes inusitados nas disputas políticas na Princesa do Agreste, reduto político tradicional da governadora. João Campos, por sua vez, não se descuida, celebrando acordos políticos que produzirão seus resultados em 2026, como a aliança com o grupo político da família Coelho. É curioso observar que nessas composição políticas do prefeito, onde já se vislumbra quem seriam os nomes que concorreriam ao Senado Federal, o PT também fica de fora.    

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Editorial: Valdemar da Costa Neto proíbe que diretórios regionais utilizem recursos do fundo partidário para financiar caravanas para a manifestação de Bolsonaro.



Algumas experiências podem, realmente, produzir mudanças comportamentais inusitadas na vida de alguns cidadãos. Até recentemente, fizemos uma postagem por aqui onde falávamos sobre o silêncio obsequioso adotado pelo presidente do maior partido oposição do país, Valdemar da Costa Neto. Quando o indivíduo concede entrevistas abertas ou fala de improviso, acaba, inevitavelmente cometendo alguns equívocos, deslizes ou algumas destemperanças, movido pela temperatura do ambiente. Até recentemente, uma autoridade apontou o feriado de carnaval como uma das possíveis causas do relaxamanto da vigilância num dos presídios de segurança máxima no país, o que poderia de contribuído para facilitar a vida dos dois detentos que fugiram do local.O carnaval não tem nada a ver com isso, uma vez que à vigilância não é dado este direito de baixar a guarda durante os feriados. O presídio, inclusive, conta com quatro policiais penais para cada preso que cumpre pena ali. Uma situação privilegiado no contexto do sistema carcerário brasileiro. 

O próprio Valdemar, numa dessas entrevistas ao vivo - salvo melhor juízo concedida à Globo News, há alguns meses atrás - acabou cometendo uma dessas gafes. Em dúbio, pro silêncio. O mesmo se aplica ao presidente Jair Bolsonaro, ao convocar uma manifestação pública, num momento de grave crise e instabilidade institucional, sem ter um controle efetivo sobre para onde tal mobilização possa descampar. Conforme já comentamos por aqui, a proposta de que os que comparecerem não portem cartazes ou faixas alusivas a alguns desses temas nevrálgicos, nem Deus sabe se tal recomendação será acatada.  

Tal manifestação não vem num bom momento, com todas as autoridades públicas de olhos bem abertos, suscetíveis a qualquer ocorrência que possa ser um agravante da situaçao já complicada do capitão. Temendo futuras encrencas, o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto determinou que nenhum diretório regional da legenda financie alguma caravana para o encontro com dinheiro do fundo partidário. E, por falar em financiamento, um conhecido pastor bolsonarista tratou logo de esclarecer que irá custear do próprio bolso as caravanas organizadas por ele. 

O encontro acontece no próximo domingo, 25, na Paulista. O melhor seria que tal mobilização não ocorresse, evitando, assim, colocar mais lenha na fogueira da polarização que tomou conta do país. Este, no entanto, não é o mesmo raciocínio dos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Neste caso, vamos torcer que a manifestação ocorra dentro de um clima pacífico, sem registro de anormalidades.    

Editorial: Enquanto a Polícia tenta recapturar os fugitivos, continuam as polêmicas em torno dos presídios de segurança máxima no país.



As discussões em torno dos presídios de segurança máxima continuam. No dia de ontem, discutimos por aqui uma informação que poderia suscitar algo que seria um grave problema do sistema carcerário brasileiro, ou seja, a proporção insuficiente de guardas ou agentes penais atuando nesses presídios, quando se toma como referência o número de apenados cumprindo pena. Causou uma certa inquietação neste editor uma das providências anunciadas pelo Ministério da Justiça no sentido de convocar novos agentes, possivelmente já aprovados em concurso, que aguardavam a nomeação. Alguns deles iriam atuar justamente em Mossoró, onde se deu a primeira fuga de presos de uma penitenciária de segurança máxima no país. 

A princípio, se poderia supor que um dos problemas do presídio seria o número insuficiente de agentes trabalhando naquela penitenciária federal. Hoje, no entanto, chega a informação de que, na realidade, haveriam 04 agentes para cada apenado que cumpre pena no presídío de Mossoró. Um número privilegiado, quando comparado ao grosso do nosso sistema carcerário. Segundo a resolução numero um de 2009, do Conselho Nacional de Políticas Criminal e Penitenciária, a proporção desejável é de um agente para cada cinco presos. 

O problema do presídio de Mossoró, portanto, não tem relação com essa proporção, por sinal muito mais do qua atendida. Existem outros fatos polêmicos. Alega-se, por exemplo, algumas falhas estruturais na construção da unidade, que não comportava um muro e as abertura para a instalação das luminárias, por onde os presos poderiam ter passado. Há de se perguntar com que objeto, dentro da cela, eles poderiam ter alcançado o teto? Como ambos teriam combinado entre si, se ambos estavam em celas separadas? Apenas a título de brincadeira para encerrarmos a postagem: Haveria alguma umidade nesta área e, aliado a isso, em algum momento, haveriam servido alguma patola de caranguejo durante as refeições? 

As buscas pelos fugitivos continuam, por enquanto no perímetro rural da cidade de Mossoró. Calcula-se que trezentos homens estejam mobilizados na recaptura dos prisioneiros. Um aparato impressionante está sendo utilizado, além dos recursos humanos. Uma verdadeira operação de guerra. Os prisioneiros já foram vistos em diversos locais, mas, por razões óbvias, não e pode confiar nessas informações. Aqui em Pernambuco, depois de uma onda de boataria, a população passou a ver até perna cabeluda.  

Editorial: Bolsonaristas raízes marcam presença na Paulista.


A princípio reticentes, os políticos mais identificados com o bolsonarismo estão confirmando presença no encontro da Paulista, no próximo dia 25. Já confirmaram presensa o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Por razões óbvias, todas eles tentam evitar a contaminação tóxica do bolsonarismo mais radical. Por outro lado, embora encrencado até a medula, Bolsonaro tornou-se um capitão eleitoral indispensável para alguns desses atores, todos com aspirações políticas para as próximas eleições. 

Pilotando um Estado com os melhores índices de segurança pública e com uma gestão muito bem avaliada pela população, Ronadlo Caiado não esconde de ninguém que almeja um dia sentar-se na cadeira do Palácio do Planalto. Tarcísio de Freitas já nos convenceu que realmente deseja renovar o cotrato de locação com o Palácio Bandeirante em 2026. Há aspirações presidenciais, naturalmente, mas tudo a seu tempo, ou seja, somente em 2030, quando teria que bater de frente com o nome ungido pelo morubixaba petista para sucedê-lo. 

Quem está mais próximo da linha de fogo mesmo é o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que disputa a reeleição, inclusive com um vice polêmico indicado por Jair Bolsonaro, Mello Araújo, um militar que ja comandou a Rota, a tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo. Existem outros nomes que estão postos para concorrer como vice na chapa encabeçada pelo prefeito, mas é quase certo que Bolsonaro consiga implacar seu afilhado. Militarista, Mello já fez algumas declarações polêmicas, que, certamente, serão exploradas durante a campanha. 

O país enfrenta uma crise institucional terrível. Em momentos assim, a bem do tecido republicano e democrático, o melhor a fazer pelos atores relevantes é atuarem como bombeiros e não como incendiários. É preciso baixar as armas e construir as pontes de uma conciliação mínima, com regras de convivência civilizadas. É neste sentido que, convocações como esta proposta pelo ex-presidente Bolsonaro, longe de diminuir a temperatura, pode nos conduzir a um ponto de ebulição que não seria o desejável.   

Editorial: À medida em que se aproxima o dia 25 de fevereiro, aumentam as preocupações sobre os desdobramentos da mobilização bolsonarista.



As autoridades públicas começam a esboçar as preocupações neturais sobre os desdobramentos do que poderia ocorrer na mobilização convocada pelo presidente Jair Bolsonaro para o dia 25 de fevereiro, na Paulista. Bolsonaro aparece bastante ponderado durante o vídeo em que convida seus apoiadores, sugerindo que seus eles não portem faixas ou cartazes contra pessoas e instituições. Alguém com o mínimo de bom-seno acredita que seus partidários obedecerão à recomendação do mito? Muito possivelmente, tal encontro será um forma de protesto dos apoiadores contra o que está ocorrendo com o ex-presidente. De mobilização, como se sabe, eles são bons. 

É exatamente o carisma ou capital político do capitão que tem o poder de mobilizar os apoiadores. Convocação sobre pautas difusas do bolsonarismo, sem a presença do líder, nos últimos meses tem se constituído num rotundo fracasso. As mobilizações com a presença do líder, por outro lado, têm, sim, mobilizado multidões de seguidores. Até mesmo a audiência da importunação da baleia, que já havia sido cancelada, provocou tumultos numa cidadezinha do interior paulista: São Sebastião. Uma entrevista sua, concedida ao Oeste Sem Filtro, alcançou a marca de 350 mil pessoas acompanhando simultaneamente, batendo os recordes da plataforma Youtube no mundo naquele momento. 

Autoridades públicas identificadas com o bolsonarismo, a exemplo dos governadores Ronaldo Caiado e Tarcísio de Freitas já confirmaram presença. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que monta uma frente ampla de apoios, a princípio, tentaria se esquivar, evitando, assim, ser jogado nas redes do bolsonarismo definitivamente. A estratégia não funcionou e ele já marcou presença na Paulista no dia 25. Com uma efetiva hegemonia nas redes sociais, todos os dias, desde que foi anunciado o encontro, os bolsoristas levantam a Hashtag #Dia25EuVou para o topo do trending topics Twitter Brasil. 

É sempre muito complicado conter uma multidão. Acompanhando o desenrolar dos fatos, o próprio Bolsonaro aparece em vídeo solicitando que as mobilizações não assumam um caráter de protestos por todo o país. O encontro está previsto apenas para a Av. Paulista. Andou circulando a informação, felizmente logo desmentida, de que as torcidas organizadas dos times paulistas estariam programando um encontro para o mesmo dia na Paulista. Uma dessas fake news "plantadas". Para evitar maiores complicações, voltamos a insistir na tese de que o melhor que Bolsonaro teria a fazer neste momento seria se recolher aos aposentos.  

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Editorial: A banalização do mal das fake news.



Há uma série de estudos apontando as razões pelas quais as fake news atingiram tanta popularidade no país ou porque "pegam" tão facilmente junto à população. Na década de oitenta do século passado, um conhecido radialista, sem pauta para entrar no ar, atendendo a chamada do estúdio da rádio, inventou ou "plantou" a "informação falsa" de que na periferia do Recife estava aparecendo uma perna cabeluda atancando as pessoas. Foi suficiente para, no dia seguinte, aparecer contingentes expressivos de pessoas que haviam visto a tal perna cabeluda inexistente ou até apanhado de tal perna. 

Logo a fake news tomou ares de calamidade pública, contingenciando a polícia a enquadrar o tal jornalista, acusando-o de promover distúrbios públicos ou coisa parecida. O pessoal do campo jurídico que nos perdoem de algum equívoco por aqui.  O que nos estarrece nessa onda de banalização da boataria que tomou conta do país não é o fato de que um cidadão, que tem como ídolo o coronel Brilhante Ustra, tenha utilizado tal expediente como arma política para atingir seus inimigos políticos. Com o auxílio de um dos seus filhos, evidentemente.  

O surpreendente é que as fake news se tornaram práticas abjetas institucionalizadas, corroendo as instituições por dentro, assim como um câncer em estágio de mestátase. Perdemos muito terreno civilizatório neste sentido. Aqui entra a questão da "conveniência". Seja para a direita ou para a dita esquerda, trata-se de um expediente com o potencial de destruir a reputação de um adversário, de um desafeto,  de um inimigo, para sermos mais precisos. Não à toa que um determinado governador de Pernambuco, do campo da esquerda, mantinha entre seu staff político um grupo que compunha o chamado "Gabinete da Sacanagem", que se prestava ao deserviço de plantar ou espalhar notícias falsas contra os adversários.  Não se enganem os senhores. A esquerda também se locupletou de tal expediente ou se omitiu diante das injustiças cometidas por essas fake news

Ontem ficamos sabendo, através de informes, que nada menos do que um general de Exército de quatro estrelas teria, segundo apurou a Polícia Federal, em depoimento no bojo de delação premiada, incentivado a trupe de espalhadores de fake news a "malhar" um outro general, em razão de o mesmo se mostrar reticente às investidas golpistas. Aliás, a Polícia Federal, que está passando tudo isso a limpo, já sugeriu que os comandantes militares que recusaram a proposta indecente de apoiar um golpe de Estado.  Talvez tenha deixado de cumprir seus deveres cívicos de denunciar as artimanhas ou tessituras antidemocráticas que ocorriam nos corredores da capital federal. Poderia ter ocorrido aqui uma "omissão". Sinceramente? No caso do general Freire Gomes, o militar chegou a ameaçar prender o ex-presidente Jair Bolsonaro caso ele insistisse na sandice de tentar um golpe contra as instituições democráricas do país. Um sujetio com esta postura não pode ser, em nenhuma hipótese, acusado de omisso. Ao contrário, Freire Gomes teve uma atitude muito digna, legalista e republicana.     

Editorial: Caçada humana.



O Brasil possui cinco presídios de segurança máxima, onde as fugas de detentos, em tese, são impossíveis. Os presos sao mantidos em celas isoladas e seguem um protocolo de segurança que, de fato, em tese mais uma vez, inviabilizariam completamente a possibilidade de fuga. Mantido numa prisão similar, nos Estados Unidos, o ex-chefão mexicano do tráfico de drogas, Joaquín Gusmán, o El Chapo, é submetido a condições de restrições tão extremas, que está apresentando sérios distúrbios psicológicos. 

A cada nova revelação sobre o que poderia ter ocorrido no presídio de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, no entanto, desvela-se alguns fios soltos neste enredo. Numa longa reportagem, publicada alguns meses antes da fuga, o jornal Tribuna do Norte, já alertava para os problemas de "segurança máxima" no presídio de Mossoró. Não vamos aqui nem entrar nos "detalhes" do eventual apagão das câmaras de monitoramento ou no achado das ferramentas que foram utilizadas pelas presos na fuga. 

Alguns dados, no entanto, são emblemáticos e reveladores. Uma das providências a serem tomadas é a convocação de novos agentes de polícia penal, que já teriam sido aprovados em concursos, e ainda não foram nomeados. Uma parte deles serão chamados exatamente para atuarem no Presídio de Mossoró. Em princípio, sugere-se uma admissibilidade de que o efetivo ora em serviço seja insuficiente, como ocorre, aliás, em todo o sistema carcerário brasileiro. 

Ontem foi divulgado que os detentos que fugiram pertencem ao grupo de "executores" do Comando Vermelho. Centenas de policiais, viaturas,  helicópteros e outros aparatos tecnológicos estão sendo utilizados nesta verdadeira caçada humana aos fugitivos. Na zona rural de Mossoró, uma chácara foi invadida, de onde foram subtraídos itens inerentes a quem está em fuga, como novas roupas, tênis e comidas. Faz todo sentido supor que se trata dos presos foragidos. Até então, eles ainda estariam com as roupas da penitenciária.

A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados, hegemonizada por parlamentares da oposição bolsonarista e composta, majoritariamente, por militares e policiais, já antecipou que estará convocando o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski para uma audiência pública. O país já enfrenta alguns problemas nesta área nevrálgica de segurança pública, possivelmente agravados com episódios como este da fuga de presos de um presídio de segurança máxima.  

Editorial: Rui Costa na articulação política?



Segundo a coluna do jornalista Cláudio Humberto - sempre bastante inteirada sobre o que ocorre nos bastidores da política em Brasília - antes mesmo desta última viagem do presidente Lula ao continente africano, teria ficado ajustado que o atual Ministro da Casa Civil, Rui Costa, pode assumir a função de articulador politico do Palácio do Planalto junto ao Congresso. Por "ajustado" leia-se aqui a vaselina política empregada para aparar as arestas entre o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o atual Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. 

Oficialmente, nada foi divulgado até este momento, sendo, portanto, prematuro fazer alguma conjuntura, por exemplo, se, mesmo na Casa Civil Rui Costa assume tais funções, assim como especular sobre o destino de Alexandre Padilha. Como se sabe, ambos são do núcleo duro do entorno do presidente Lula. Curiosamente bem assimilado pelo Presidente da Câmara,  a designação do nome de Rui Costa para assumir tal função encontraria resistência dentro das próprias hostes petistas.  

Nome que se projeta, num ciclo restrito, para assumir a condição de ungido pelo morubixaba petista para sucedê-lo a partir de 2030, seria até natural essa ciumeira interna. Na realidade, Rui Costa, pelas contingências do cargo que ocupa, de alguma forma, já vinha estabelecendo essas interlocuções com o Poder Legislativo. Voltamos a insistir que os entraves entre os Poderes Executivo e o Poder Legislativo não se resolverão apenas com a troca do nome dos interlocutores. São Problemas bem mais complexos. 

Lira trabalha incansavelmente para fazer seu sucessor na Câmara dos Deputados. Existem outros nomes na disputa e o Governo trabalha com a hipótese de apoiá-los. Muitos dos pleitos de Lira, hoje, dizem respeito exatamente em atender às demandas que possam favorecer o projeto de fazer seu sucessor, preservando seus nacos de pode na Casa. Contraditorialmente, com a faca no pescoço em nome dessa tal governabilidade, o Governo acaba cedendo nesses pleitos, fortalecendo o adversário.  

Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Editorial: São nulas as possibilidades de afastar o ministro Alexandre de Moraes dos inquéritos sobre os atos golpistas.



Diante do aperto do torniquete jurídico, com um cliente enrredado em encrencas cada vez mais cabeludas, a equipe de advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro têm se mostrado mais ativa nos últimos dias. Recentemente a imprensa noticiou que eles entraram com um pedido junto ao STF no sentido de solicitar a devolução do passaporte do ex-presidene, assim como pedir que o Ministro Alexandre de Moraes seja afastado dos inquéritos que apuram a tentativa de golpe de Estado, que envolve o ex-presidente. 

As chaces do ministro ser afastado deste caso são completamente nulas. Num editorial inusitado, uma vez a linha editorial do jornal tinha assumido, até então, um viés claramente anti-Governo Lula, O Estadão de hoje traz um editorial tratando o ex-presidente Jair Bolsonato como um cidadão sem o menor apreço pelas instituições democráticas, "um golpista de corpo e alma". Por outro lado, também circula na imprensa a informação, atribuída à Polícia Federal, de que recursos financeiros teriam sidos transferidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para os Estados Unidos,  enquanto aguardava o "desenrolar" dos acontecimentos aqui no Brasil. Assim, a possibilidade de liberação do passaporte passa a ser igualmente difícel.

Na condição de ex-presidente, argumenta os advogados, Jair Bolsonaro recebe, com regularidade, convites para participar de eventos no exterior. Salvo melhor juízo, em princípio, haveria um convite para visitar, mais uma vez, Israel e para um encontro de uma entidade que reúne o pensamento consevador, encontro que se daria nos Estados Unidos, possivelmente com a presença do também ex-presidente Donald Trump. Em tempos de normalidade democrática, isso não se constituiria num problema. A questão é que os tempos são outros. Até recentemente, o país sofreu uma tentativa de golpe de Estado.  

O jornal paulista também se junta ao coro dos parlamentares governistas nas críticas ao encontro programado com a militância bolsonarista, na Avenida Paulista, previsto para o dia 25\02. Um problema ainda maior seria a convocação - já felizmente desmentida - das torcidas organizadas de times paulista para a mesma avenida, no mesmo horário. Como já se tornou recorrente no país, não passou de uma fake news. Menos mal.     

Editorial: Dois presos fogem da Penitenciária de Segurança Máxima de Mossoró.



Não raro, comentamos por aqui acerca do grau de comprometimento de nossas instituições republicanas. No Rio de Janeiro, por exemplo, tornou-se praticamente impossível fazer política sem algum grau de envolvimento com grupos milicianos, que já controlam mais de 50% do território carioca. Não causa surpresa o fato de tantos políticos pegos com calças curtas, com algum tipo de conchavo com grupos milicianos ou até mesmo com chefes do tráfico de drogas. 

A influência de facções do crime organizado nos presídios brasileiros, por outro lado, é uma realidade inegável. Quando ocorrem as ações de depredação do patrimônio público fora dos presídios, todos sabem que as ordens foram dados pelos chefões que estão presos, cumprindo penas. Mal assumiu a pasta da Justiça e Segurança Pública no Governo Lula, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandoswski já se depara com o agravamento do problema da segurança no país, desta vez tendo que lidar com a primeira fuga de um presídio de segurança Maxíma, como esta ocorrida em Mossoró, no Rio Grande do Norte, quando dois presos que pertencem a facções do crime organizado fugiram. 

Todas as providências cabíveis ao Ministério da Justiça estão sendo tomadas. Há mais de 100 homens das Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal mobilizados no sentido de recapturar os fugitivos. Lewansdowski determinou a intervenção no presídio, destituindo o atual diretor. Há uma equipe do Ministério da Justiça deslocada para o local para apurar os fatos, que se junta a uma equipe de policiais da Polícia Técnica que periciam as circunstâncias em que se deu tal fuga. Os fugitivos tiveram que atravessar três portas antes de chegar à rua, o que sugere, inevitavelmente, alguma facilitação. 

Em momentos assim, fatos como este, diante do clima de extrema polarização em que estamos mergulhados, é tudo o que a oposição precisa para fustigar ainda mais o Governo Lula. A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados já antecipou que irá convocar o novo ministro para dar explicações sobre o ocorrido. Não deixa de ser um fato grave. Afinal, não se poderia fugir de uma prisão de segurança máxima. O Brasil tem cinco delas, que abrigam presos de altíssima periculosidade. Não sei porque isso nos faz lembrar da famosa fuga da penitenciária americana, localizada na Ilha de Alcatraz. A diferença é que ali não houve facilitação, como está sendo cogitado sobre a fuga da penitenciára de Mossoró.   

Editorial: Em meio ao sucesso das festividades de carnaval na cidade do Recife, uma notícia triste.



O "nevou" do prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), conforme os leitores puderam acompanhar, fez um enorme sucesso entre os internautas. Fez "escola", inclusive, levando alguns outros políticos que participaram do carnaval pernambucano a acompanhá-lo na brincadeira, a exemplo da namorada Tabata Amaral e do Deputado Federal Lindbergh Farias. Recife, certamente, realizou um dos maiores carnavais de sua História, a julgar pelos números de turistas recebidos, número estimado em 3,4 milhões,  empregos temporários formais e informais  criados, superior aos 53 mil, além dos bons resultados financeiros alcançados, dinheiro injetado na economia local pelos turistas que visitaram a capital pernambucana.  

A rede hoteleira, segundo informações do próprio prefeito, chegou a taxas de ocupação superior aos 90%. Na madrugada do dia de hoje, 14, no entanto, uma notícia triste. A morte de um turista em Boa Viagem. O rapaz tinha 35 anos, morava em São Paulo e, geralmente, passava o carnaval em terras pernambucanas. Vítima de uma facada durante uma abordagem de assalto, mesmo socorrido não resistiu aos ferimentos e veio a óbito. Logo no início das festividades, um outro turista também foi esfaqueado no centro do Recife. 

Ainda não foram divulgados o número de ocorrências policiais, envolvendo roubos, assaltos, latrocínio como o ocorrido com o turista paulista, mortes. O balanço, neste momento, traz apenas as notícias boas. Segundo alguns estimativas, o país nunca experimentou um momento tão favorável ao turismo. O país nunca recebeu tantos turistas estrangeiros como agora, a despeito dos problemas de violência em entes federado como o Rio de Janeiro, Bahia e, por que não? Pernambuco! onde, muito anos do carnaval, os índices indicavam um aumento expressivo da violência.  

Vamos aguardar esses números para fazermos uma avaliação mais focada em dados precisos, anunciados por fontes confiáveis. Compete às nossas autoridades, portanto, fazer o dever de casa para continuarmos recebendo mais turistas estrangeiros, garantindo, no mínimo, que eles possam aproveitar nossos atrativos de forma civilizada, sem serem molestados pela violência. É uma desgraça que convivamos com tal situação, mas não há necessidade de convivermos com ela. É preciso vontade política dos nossos governantes para enfrentar o problema. 

Charge! Mor via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Editorial: Bolsonaro adia visita a João Pessoa.



A rigor, não há informações mais precisas acerca das movimentações do Palácio Redenção em torno das próximas eleições municipais em João Pessoa. O goverdor socialista João Azevêdo prepara algum nome para concorrer à prefeitura da capital em 2024? Apoiaria o projeto de reeleição do atual prefeito, Lucena, que, a despeito da aprovação da gestão, é do mesmo partido do Presidente da Câmara dos deputados, Arthur Lira? Partido do Centrão, com o qual o Palácio do Planalto estabelece uma relação entre tapas e beijos em nome dessa tal governabilidade? 

Por outro lado, e também do outro lado, são inegáveis as intensas movimentações das hostes bolsonaristas em torno do nome do ex-ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, Marcelo Queiroga. Salvo melhor juízo, não há nenhuma pesquisa de intenção de votos até este momento, mas se sabe que o bolsonarismo tem suas bases no Estado e na capital. No dia de ontem, por exemplo, foi lançada uma nota oficial dando conta de que o ex-presidente Jair Bolsonaro, em razão das mobilizações em torno da concentração prevista para a Av. Paulista em 25 de fevereiro, havia adiado uma visita à capital, certamente com o propósito de prestigiar o candidato da legenda. 

A opção PL pelo nome de Queiroga, como se sabe, envolveu uma manobra ardilosa para retirar o radialista Nilvan Ferreira do páreo. Fecharam, literalmente, as portas ao rapaz, que transferiu seu domicílio eleitoral para a cidade de Santa Rita, onde, talvez, seja candidato à prefeitura. A política tem alguns lances curiosos ou surreais. Nilvan chegou a fechar contrato de locação de um imóvel na cidade. Quando soube que se tratava de um eventual candidato à prefeitura da cidade, o cidadão, dono do imóvel, ligado a políticos locais, voltou atrás.

O polêmico radialista sempre representou o bolsonarismo no Estado. Daí a nossa surpresa, e possivelmente a surpresa dos próprios bolsonaristas, quando o nome do ex-ministro Marcelo Queiroga passou a ser especulado como eventual candidato à prefeitura da capital. Salvo melhor juízo, o recall de Nivan Ferreira é bem mais robusto quando comparado ao do ex-ministro. Em última análise, o governador João Azevêdo também vive um dilema: Caso não haja um candidato viável pelas hostes de esquerda, talvez tenha que apoiar o projeto de reeleição do prefeito Cícero Lucena para evitar um mal maior.  

 

Editorial: Algumas Escolas de Samba do Rio de Janeiro são financiadas por contraventores. Alguma novidade por aqui?



Neste clima de esgarçamento de polarização política, a turma anda encontrando cabelo em ovos apenas para impingir algum dano ao adversário. Na realidade, em tal estágio, o termo "adversário", aqui, seria apenas um eufemismo, uma vez que estamos tratando tal questão, nesses tempos bicudos, como inimigos a serem destruídos, conforme o receituário imposto à sociedade brasileira pelas trevas do bolsonarismo, com a suas vertentes protofascistas. Está difícil conviver neste clima de profunda animosidades de lado a lado. É preciso baixar as armas e tentarmos um armistício para que o país volte ao clima de "normalidade institucional". 

Não é possível continuarmos assim, por mais tempo, com as armas permanentemente engalfinhadas. Desde que nós nos entendemos por gente que se sabe que algumas das principais Escolas de Samba do Rio de Janeiro são financiadas por contraventores do jogo do bicho. Um dos mais emblemáticos talvez tenha sido o famoso Castor de Andrade, patrono da Mocidade Independnete de Padre Miguel, que se notabilizou-se e tornou-se até série de uma dessas plataformas de streaming. Vamos colocar uma verdade preocupante por aqui. No Rio de Janeiro está se tornando quase impossível se fazer política sem algum tipo de "interlocução" com as milícias. 

Os grupos milicianos já controlam mais de 50% do território do Estado. É por tal motivo que tem se tornado "rotina" o aparecimento de tantos políticos, seja de direita ou de esquerda, com algum tipo de 'acordo" com esses grupos milicianos. Se partir para combatê-los, não é improvável que se tornem alvos de sua ira, como se sugere  que possa ter ocorrido com a combativa ex-vereadora Marielle Franco, que hoje se sabe que foi assassinada por prejudicar os negócios dos milicianos em sua base política de atuação. 

A extrema-direita, deliberadamente, anda fazendo algumas associações entre o atual prefeito, Eduardo Paes e contraventores, apoiadores de Escolas de Samba. O propósito aqui é claro: Tentar macular a imagem do político, que é candidato à reeleição com o apoio do Palácio do Planalto. O mesmo tipo de associação tem sido feita ao financiamento com recursos públicos, através da Prefeitura de Maceió, ao desfile da Beija-Flor deste ano, que homenageou a cidade. Deposi de questinarem as eventuais emendas parlamentares envolvidas na negociação, agora a atenção se volta para o patrono da escola, que também seria um contraventor do jogo do bicho. Não se assustem se surgiram mais novidades por aqui. Coisa típica do momento em que estamos vivendo no país.   

Editorial: Por que se pune a tentativa de golpe?

 



Já antecipo que esta não é a nossa praia e, neste caso, sempre que nos referimos ao assunto consultamos antes os universitários. Há uma enxurrada de discussões afirmando, desde os trabalhos da CPMI do Golpe, que nada poderia ser feito contra os conspiradores que atentaram contra o Estado Democrático de Direito pelo simples fato de que o golpe não se concretizou. Acompanhando as análises de juristas isentos sobre o tema, há entre eles o consenso de que as tessituras de caráter golpistas devem ser punidas dentro dos rigores do código penal, uma vez que, materializado o golpe, entramos num estado de exceção, com medidas excepcionais, onde não haveria instituições para punis os conspiradores. 

Portanto, questionar as urnas ou tentar desacreditar o processo eleitoral, atentar contra as instituições da democracia, realizar reuniões conspiratórias, elaborar documentos com teor de excepcionalidade são, sim, passíveis de serem punidos rigorosamente na mesma proporção de um golpe não concretizado. Neste sentido, os atores envolvidos na operação recente da Polícia Federal, a Tempus Varitatis, estão solenemente encrencados, sejam os civis, sejam os militares. 

O que nos espanta em todo esse processo são as águas turvas que insistem em circundar o nosso ambiente político, mesmo depois que Lula asumiu o poder. Por que diabo existia um documento ainda tratando deste assunto numa gaveta utilizado por um ex-presidente, na séde do maior partido de oposição do país. As explicações fornecidas pelos seus advogados não são muito consistentes. O militar que estava no exterior participava de um curso de formação numa daquelas escolas doutrinadoras mantidas pelo Tio Sam, com o propósito de formarem atores que atuem como agentes multiplicadores dessas ideologias, concebidas no escopo dos interesses geopolíticos regionais. 

Com o currículo envernizado, geralmente esses atores costumam ser alçados à condição de lideranças em suas instituições de origem, exercendo forte influência sobre os subordinados. O mesmo fenômeno se deu nos idos anteriores ao golpe Civil-Militar de 1964, quando militares com o mesmo perfil exerceram forte influência na Escola Superior de Guerra. A dinâmica é a mesma desde que nós nos entendemos por gente. O curioso neste caso é que a renovação da matrícula do cidadão já se deu sob os auspícios do Governo Lula. 

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Editorial: Bolsonaro abandona a "tropa" pelo caminho.



Todos os apelos, inclusive dos familiares, para que o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, o tenente-coronel Mauro Cid expusesse tudo que sabia veio como decorrência de um evidente "abandono" do militar no que concerne a um monte de encrencas em que o ex-presidente Jair Bolsonaro estava sendo acusado. Aqui estamos falando desde o rolo das bijuterias das arábias até às tessituras contra o Estado Democrático de Direito. Os próprios familiares do militar sugeriram que ele falasse, evitando, assim, um comprometimento maior de sua pessoa. 

Aluno brilhante da academia militar, outro dia um jornalista estava observando que o militar foi um dos poucos a terem a permissão das Forças Armadas para comparecer fardado às audiências da CPMI do Golpe da Câmara dos Deputados e à CPI do Golpe da Câmara Distrital. Nem alguns generais ouvidos nas audiências tiveram essa prerrogativa. Em comentário recente no Portal UOL, o jornalista Josias de Souza faz remissão à tropa de choque de bolsonaristas raízes que foram ficando pelo caminho, abandonados pelo capitão. 

O último deles talvez seja o general Augusto Heleno, depois de sua fala naquele vídeo polêmico, onde sugere que plantou agentes infiltrados junto aos adversários do ex-presidente. Quando faz referência ao assunto, o ex-presidente Bolsonaro só falta dizer que isso é problema dele. Que ele, Bolsanaro, se informava de outra maneira, através dos correligionários que residiam nos locais onde pretendia cumprir alguma missão oficial ou extra-oficial. Bolsonaro sempre sugere que tinha sua própria rede de informações. 

O jornalista toma o cuidado de enumerar os nomes daqueles que ficaram para trás, literalmente abandonados. A lista é grande. No final, faz a advertência de que tal atitude tem suas consequências. De fato, sim. Quando já havia entrado na "frigideira" Gustavo Bebianno, um bolsonarista raiz, durante uma entrevista ao Programa Roda Viva, da TV Cultura, foi quem primeiro mencionou a hipótese de uma ABIN paralela. A delação de Mauro Cid, produziu um verdadeiro tsunami político nas hostes do bolsonarismo.   

Editorial: Bolsonaro convoca apoiadores para ato na Paulista em 25 de fevereiro.

 



Anda circulando um vídeo gravado pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro convocando seus apoiadores para uma mobilização na Av. Paulista, dia 25, com o propósito de ouvi-lo se defender das acusações a ele imputadas. No vídeo, o ex-presidnte sugere que as pessoas usem verde e amarelo, reocomendando-as para não usarem cartazes ou faixas. Realmente não sabemos o que se passa na cabeça do ex-presidente. Difícil controlar essa massa de apoiadores, sugerindo que evitem as palavras de ordem ou portem faixas e cartazes naqueles teores de um passado recente, propondo intervenções militares ou atacando membros da Suprema Corte. 

Pelo sim, pelo não, não vem em boa hora essa convocação. O mais provável são novas encrencas jurídicas, como decorrência dos impulsos incontidos. Realizando lives - sempre com expressivas audiências - ou concedendo entrevistas recorrentes, por vezes deslizes verbais podem ser cometidos e muito menos o ex-presidente escapa a tal possibilidade. O mais prudente, neste momento de clima acirrado, seria seguir o caminho do presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto, que entrou no modo: Nada a declarar.

Respondendo aos inúmeros questionamentos acerca dos 08 milhões concedidos pela Prefeitura de Maceió para a Escola de Samba Baija-Flor, numa fala inigmática, o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, ao final, sinaliza que este clima de extrema polarização não está fazendo muito bem ao país. Reiteradas vezes vimos repetindo tal premissa por aqui, sempre embasada no sociólogo jamaicano Stuart Hall, que conclui que tal enfrentamente polarizado só termina quando um dos pólos esmaga o outro. 

Ainda há tempo de seus advogados o convecerem do risco corrido com essa convocação, quando se sabe que não estamos num ambiente de normalidade institucional. Num desses encontros, a faísca produzida por uma de suas falas precisou da intervenção do ex-presidente Michel Temer, que atuou como bombeiro junto a um membro da Suprema Corte, com o objetivo de apagar o foco de incêndio. O ex-presidente continua como um aliado do bolsonarismo, a julgar pelas funções assumidas no staff do candidato à reeleição à Prefeitura da Cidade de São Paulo, Ricardo Nunes. Em todo caso, não se sabe se estaria mais uma vez disposto a cumprir tal papel.  

Editorial: O silêncio obsequioso de Valdemar da Costa Neto.



Primeiro, convém esclarecer a razão pela qual a Polícia Federal bateu a porta da séde do PL, em Brasília, com um mandado de busca e apreensão. No contexto da Operação Tempos Varitatis, (Hora da Verdade, em bom Latim), desencadeada com o propósito de identificar as tessituras da trama de um eventual golpe de Estado, a séde do PL poderia ter sido utilizada como um local que reuniu alguns conspiradores que atentariam em favor da abolição do Estado Democrático de Direito no país. Neste caso, havia, sim, uma implicação do presidente nacional do maior partido de oposição do país, o PL. 

Em princípio, porém, ele não seria detido. A prisão ocorreu em razao de uns lances furtuitos, como o porte irregular de uma arma de fogo com registro vencido, que pertenceria a um dos seus filhos, assim como o achado de uma pepita de ouro, estimada em R$ 12.000,00 mil reais, que, segundo o próprio Valdemar, teria sido doada por um amigo. A procedência dessa pepita cria alguns embaraços jurídicos complicados, o que levou o juiz que participou da audiência de custódia a manter a sua prisão. 

Como se sabe, logo em seguida, a prisão foi revogada pela Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que deve ter considerado os argumentos da PGR, que alegou ausência de atos violentos e a avançada idade do réu. Valdemar da Costa Neto é uma pessoa que costuma falar. Afinal, pilota a direção do maior partido de oposição ao Governo Lula. Em sua entrevistas é uma pessoa bastante espontânea, o que, em alguns casos, não se recomenda muito bem, pois, nessas ocasiões, alguns deslizes verbais podem escapar. 

Pelo sim, pelo não, possivelmente atendendo aos seus advogados, Valdemar da Costa Neto adotou o silêncio obsequioso depois que saiu da prisão. Entrou no modo: Nada a declarar. Prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém, como diria nossos avós. A canja entre até nos restritos cardápios dos hospitais. A principal personalidade da legenda, o ex-presidente Jair Bolsonaro, parece-nos que não irá seguir o mesmo caminho. O capitão está convocando os apoiadores para uma mobilização na Av. Paulista, para o próximo dia 25 de fevereiro. O próprio ex-presidente faz a recomendação para que os participantes não portem cartazes, mas há como controlar isso?   

Charge! Benett via Folha de Sao Paulo

 


segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Editorial: A repercussão negativa dos recursos recebidos pela Escola de Samba Beija-Flor para homenagear Maceió.



A julgar pelas manifestações pelas redes sociais, repercutiu muito mal o recebimento de recusros públicos pela Escola de Samba Beija-Flor para fazer uma homenagem à cidade de Maceió, que é administrada por um prefeito ligado ou do grupo político do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que, aliás, desfilou no sambódromo durante a apresentação da escola. Naturalmente que alguns internautas, sobretudo os ligados ao PT, possuem uma indisposição orgânica com o alagoano. Neste caso, porém, o motivo dos questionamentos dizem respeito à origem dos recursos que financiaram a escola de samba. 

Especula-se que tenham sido recursos da União, transferidos através das emendas parlamentares, o que não seria improvável, pois o próprio prefeito admite esta hipótese. O mais razoável aqui é que os recursos fossem provenientes do erário municipal ou talvez amealhado entre o setor privado. Seja como for, a polêmica está posta. Não chegamos a acompanhar o desfile, para termos uma ideia de como a escola de samba explorou o potencial da capital alagoana, que possui uma das orlas mais bonitas do país. O que não falta é o que explorar com a criatividade dos carnavalescos da escola. 

Tal exposição vem num bom momento, quando se percebe o aumento expressivo do fluxo de turistas estrangeiros ao país. Existe a estimativa de que, de fato, isso funcione. Outra fonte de estímulo ao turista são as plataforma de streaming. Quando a cidade é retratada numa série, por exemplo, há um grande interesse dos turistas pelo local. Nem mesmo os altos índices de violência em estados como o Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia afungentam os turistas. As taxas de ocupação dos hotéis nesses estados quase chega aos 100%. 

Neste final de ano, mesmo com as notícias negativas sobre as minas da Braskem, onde, em exagero, se sugeria que a cidade poderia literalmente afundar, Maceió recebeu um grande fluxo de turistas para as festas de revéillon. A cidade tem uma orla belíssima, uma gastronomia de deixar qualquer um com água na boca, como o chiclete de camarão, o sururu no capote, entre outros prátos típicos do local. A orla é bom policiada, registrando poucas ocorrências de violência. No seu entorno, a poucos quilômetros, existem outros inúmeros atrativos, como a Praia do Francês, Praia do Gunga, Barra de São Miguel, entre outras. 

P.S.: Do Contexto Político: Ainda não está muito claro de onde provieram os recursos, estimados em 08 milhões de reais, que financiaram o desfile da Escola de Samba Beija-Flor. Segundo João Henrique Caldas, Prefeito de Maceió, aliado de Arthur Lira, tais recursos seriam captados junto à iniciativa privada, sob o regime de renúncia fiscal e através de emendas parlamentares. Alguns dos principais jornais também insinuam que tais recursos, de fato, possam estar vinculados às famigeradas emendas parlamentares. Ao fim e ao cabo, no entanto, estão surgindo outros questionamentos até mesmo mais complicados. Fazemos tais esclarecimentos aos leitores apenas para deixar claro que não há uma informação precisa sobre se tal recursos sejam mesmo provenientes de emendas parlamentares. 

Editorial: Governadores de oposição não se manifestam sobre investigações contra Bolsonaro.



Dependendo das manifestações, talvez seja mesmo mais prudente permanecer calado. Evita-se os reparos ou arrependimentos. Um general de Exército, hoje ocupando cargo no Legislativo, sugeriu que as FFAA teriam que se pronunciar sobre as últimas operações da Polícia Federal, que envolveu a prisão de militares da ativa, arrolados nas invesigações sobre as tessiturar de um eventual golpe de Estado. O cidadão voltou atrás, embora tarde, colocando-se como legalista, mas tem se pronunciado em favor de intervenções militares desde a época do Governo da presidente Dilma Rousseff. 

Salvo melhor juízo, há duas representações de partidos de oposição contra ele. Vamos aguardar como o judiciário irá se pronunciar a esse respeito. Algo que pode ser enquadrado como um siêncio ensudercedor por alguns setores diz respeito aos governadores de oposição, alguns deles bolsonaristas confessos, que não se pronunciaram contra as investigações de eventuais tramas inconstitucinais contra as instituições democráticas do país. 

Esses governadores parecem adotar a seguinte estratégia: é bom ter Jair Bolsonaro por perto, em razao de seu inegável capital político ainda preservado, mas longe das encrencas nas quais o ex-presidente está metido até a medula ou mesmo dos grupos mais radicais do bolsonarismo, que poderiam afungentar alguns setores conservadores menos identificados com o bolsonarismo. É neste prisma, por exemplo, que podemos enquadrar a estratégia adotada pelo governador Ronaldo Caiado, de Goiás, que, segundo dizem, estaria pavimentando seu caminho para o Palácio do Planalto, na esteira de uma gestão polêmica, mas muito bem-avaliada pela população do Estado. 

Ontem saiu esta que talvez seja a primeira pesquisa de intenção de voto sobre o xadrez das eleições presidenciais de 2026. Consoante os escaninhos da política, é tida como certo um projeto de reeleição do morubixaba petista. O núcleo duro do seu entorno, de onde se espera que surja o nome ungido para sucedê-lo, já sabe que terá que esperar para 2030. Para variar, estamos diante de uma polarização renitente. Segundo o Instituto Paraná Pesquisas, Lula aparece com 28,6%, enquanto Jair Bolsonaro crava 26,4%. O que consideramos curioso é que Jair Bolsonaro, em nenhum momento, entra no mérito de sua inelegilidade até 2026, o que deve aumentar as expectativas dos bolsonaristas.  

Editorial: A Ministra da Saúde, Nísia Trindade, tornou-se o alvo principal da oposição bolsonarista.



 

Primeira mulher a chefiar o Ministério da Saúde, Nísia Trindade, nos últimos meses, tornou-se a integrante do Governo Lula mais convocada para audiências no Legislativo. Salvo pelo gongo da indicação para o STF, o ex-Ministro da Justiça, Flávio Dino, havia se tornado o alvo principal da oposição bolsonarista até então. E vamos ser francos. A motivação é de caráter eminentemente política, embora por vezes justificadas com argumentos republicanos ou de interesse público. Com um dos maiores orçamentos da União, O Ministério da Saúde passou a ser alvo da cobiça do Centrão, este famigerado grupo político encastelado no Congresso, que se especializou em chantagear o Executivo. 

Não tendo entregue o ministério ao grupo, ainda assim tramita naquela pasta robustas emendas do interesse do grupo, que nem sempre se dá por satisfeito com a sua destinação. Curioso que, no auge dessas especulações em torno da mudança no ministério, o pessoal já tinha um nome de um médico a ser indicado ao cargo. Se a questão fosse apenas de gênero, este também não seria o problema, uma vez que eles chegaram a propor, igualmente, uma alternativa feminina. 

A questão é bem outra. Entregar o Ministério da Saúde ao Centrão seria descaracterizar completamente o Governo Lula. Nísia é coisa nossa. Cientista competente, forjada em valores republicanos e do mais genuíno interesse público. Nísia entrou na cota do conjunto de forças populares, do campo progressista que elegeu Lula presidente pela terceira vez. Felizmente o morubixaba petista também entendeu assim e recusou-se a negociar sua saída da pasta, numa atitude das mais coerentes.  

Um outro dano desastroso seria em relação ao SUS, fortalecido na atual gestão. Se dependesse dos bolsonaristas, o melhor serviço de saúde do mundo já estaria sendo vilipendiado até a completa extinção. Somente para que tenhamos uma ideia sobre a importância do SUS, um colega nosso professor, esteve recentemente em Portugal. Ele é diabético e sofreu um arranhão no dedo de um dos pés. Procurou dois hospital para fazer um curativo e em ambos teria que pagar pelo tratamento na ferida. Um deles um pouco mais em conta, no outro um pouco mais caro, mas, em ambos, teria que arcar pelo serviço. 

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 11 de fevereiro de 2024

Editorial: Primeira sondagem do Paraná Pesquisas sobre as eleições presidenciais de 2026.



Nas hostes petistas não existe mais qualquer sombra de dúvídas de que o presidente Lula irá tentar a reeleição em 2026. Por outro lado, para o eleitorado bolsonarista raiz, não há nenhum substituto para o ex-presidente Jair Bolsonaro, embora o capitão tenha sido declarado inelegível pelo TSE até 2026. É curioso esse comportamento do eleitorado. É como se tais eleitores desconsiderassem completamente esta condição imposta ao ex-presidente. 

Outra questão, igualmente preocupante, trata-se da renhida e intermitente polarização entre petistas e bolsonaristas, que tende a se repetir nas eleições de 2026, e que somente danos institucionais tem produzido ao país. Em tais situações, como advertia o sociólogo jamaicano Stuart Hall, da Escola dos Estudos Cultuais Inglesa, em situações assim, geralmente, um dos polos só se sentirá satisfeito quando esmagar a cabeça do outro.É basicamente isto o que está ocorrendo. 

Trancorrido mais de um ano das últimas eleições, os bolsonaristas raízes ainda não aceitaram a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, o Instituto com a melhor performance de acertos do último pleito, Lula aparece com 28,6% e Jair Bolsonaro com 26,4%. Tarcísio de Freitas com 3,5% e Michelle Bolsonaro com 2,7%. Embora seja o ator mais emplumado do bolsonarismo depois de Jair Bolsonaro, por vezes, convém levar a sério quando o governador de São Paulo afirma que, no momento, seu projeto é o de renovar o mandato como governador. 

Um mandato geralmente é muito pouco e acreditamos que ele se sinta, realmente, em melhores condições de assumir uma candidatura presidencial apenas em 2030, quando o campo governista deverá apresentar um outro nome para a disputa. Em todo caso, na ausência de Jair Bolsonaro da disputa, pelas razões já explicadas, o nome de Tarcísio de Freitas surge no radar como o herdeiro mais legítimo do espólio do bolsonarismo, conforme sugere as conclusões da pesquisa. 

Editorial: O Ministro Alexandre de Moraes determina soltura de Valdemar da Costa Neto.



Não é da nossa praia, mas nos parece que, pelo andar da carruagem jurídica, essa de encontrar pepita de ouro irregular, assim como portar arma de fogo irregularmente pode complicar o indivíduo. Tanto isso é verdade que o juiz que participou da audiência de custódia do Presidente Nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, optou por mantê-lo preso. Em todo caso, logo em seguida, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou a soltura do dirigente do maior partido de oposição do país. 

Conforme já antecipamos, a operação de buscas e apreensões na sede do PL, salvo melhor juízo, tinha como prioridade a sala do ex-presidente Jair Bolsonaro, onde foram encontrados documentos apócrifos comprometedores, relativos a uma suposta intentona ou urdidura que atentava contra as instituções democráticas do país. Curiosa são as explicações, nada convincentes, para aquele documento encontrar-se ali depois de tanto tempo. 

Naturalmente que manter o presidente do maior partido de oposição preso teria um custo político bastante alto. Não seria improvável que tal ponderação tenha sido feita. Há uma ampla mobilização de setores oposicionistas, num clima de beligerância, contra o Executivo e, principalmente, no sentido de um enfrentamento ao Poder Judiciário. Os bombeiros são sempre bem-vindos e, neste caso, cumprem um papel importantíssimo no sentido de desarmar esse clima de polarização que está produzindo danos consideráveis ao país. 

Hoje é tido como certo o projeto de reeleição do morubixaba petista nas eleições presidenciais de 2026. No último encontro da legenda, que completou no dia de ontem 44 anos de existência, a militância foi conclamada a esgarçar ao limite a "demonização' do bolsonarismo, o que significa levar ao limite tal polarização. Nos encontros recentes com o governador paulista, Tarcísio de Freitas, hoje o mais ilustre representante do bolsonarismo depois do capitão, Lula, num momento de lucidez, enfatizou a necessidade de "normalizar' as relações políticas. Oxalá esses momentos de lucidez se tornem mais recorrentes.  

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo