Que nos perdoe a vereadora Marília Arraes, mas, em nenhuma hipótese essa posição dela no sentido de retirar sua candidatura a deputada federal, que vinha sendo costurada nas hostes socialistas, pode ser entendida como um "desencanto" com os rumos que a agremiação está tomando no Estado. Ela teria acusado Eduardo Campos de ser centralizador, o que não se constitui nenhum fato novo. Não se trata, obviamente, como tentou justificar a vereadora neo-socialista, de suas dificuldades em conviver com raposas felpudas das velhas oligarquias políticas do Estado, capitaneadas por partidos como o DEM, cujo ex-governador, Dr. Arraes, sempre combateu no passado. Também teria externado sua dificuldade de convivência com o senador Jarbas Vasconcelos, um ex-inimigo figadal da família Arraes, que Eduardo incorporou entre seus apoiadores. Apesar do discurso de "Nova Política", na província, permanecem as práticas políticas mais arcáicas e atrasadas. Estaria, em jogo, segundo comenta-se, os redutos eleitorais da mãe do governador, Ana Arraes, hoje no TCU. Esses "currais eleitorais" já teriam sido distribuídos, inclusive para viabilizar a candidatura de Jarbas Vasconcelos. Concretamente falando, o partido vem fazendo um arranjo político onde alguns atores, caso da vereadora, estão sendo, literalmente, apeadas. Essas questões valorativas ou de caráter ideológico não entram na agenda da realpolitik neo-socialista, principalmente quando está em jogo a disputa de "nacos" de poder ou "controle" da máquina. Questionado outro dia sobre Severino Cavalcanti e Inocêncio Oliveira, o "Galeguinho" teve o despropósito de afirmar que essas figuras haviam sido aposentadas da política pernambucana. O PR, de Inocêncio, é um dos partidos que mais vem causando problemas para o candidato do Palácio do Campo das Princesas ao Governo do Estado, Paulo Câmara. Deseja uma participação mais efetiva na máquina estadual, além do apoio aos nomes que o partido apresentará na disputa proporcional de 2014. Se, em algum momento a vereadora foi sincera, trata-se de um arrependimento tardio.
Urariano Mota, no Direto da Redação
Jarbas Vasconcelos, vocês lembram, é aquele senador que, com
indignação à altura da revista Veja, um dia afirmou nas páginas amarelas
que o Bolsa Família servia apenas para gerar malandros ou incentivar as
pessoas do povo para a vadiagem. E como prova declarou que conhecia um
garçom que deixara de trabalhar pra viver da “bolsa esmola” de Lula,
como pode ser visto aqui.
Naquela altura, o bravo senador era um varão de Plutarco, segundo as
páginas e imagens da imprensa amarela em inglês e marrom no Brasil.
Indignado, ele protestava contra os desonestos, bandidos e ladrões do
seu partido, a falar para o Jornal Nacional e a Folha de São Paulo… Paro
um pouco pra notar que escrevi “bandidos do seu partido” num ato falho.
Isso pode ser interpretado como bandidos da laia do insigne senador,
mas tal não foi minha intenção, creiam: quis apenas dizer “bandidos” que
existem no partido onde o senador ainda se encontra, o PMDB. Entendam.
Então? como perguntam os paulistas. Então, meus pacientes amigos, o
senador apresentou ontem a sua última declaração, devo dizer, a
declaração atualizada de bens ao TRE de Pernambuco:
“Jarbas Vasconcelos – Candidato a Governador
Obras de arte (jóias, quadros, objetos de arte) – R$198.217,20
Camarote nº1 do Estádio Adelmar da Costa Carvalho – R$11.254,68
Casa no Rosarinho – R$100.000,00
Apartamento Pier Mauricio de Nassau – R$130.000,00
Saldo Conta Corrente Banco Real – R$547,24
Saldo Conta Corrente Banco do Brasil – R$1.441,60
Casa no Janga – R$120.000,00
Conta Corrente Banco do Brasil – R$341,98
Automóvel Peugeot, fab.2009 mod. 2010 – R$35.690,00
Banco Santander Real fundo de investimento renda fixa – R$215.296,30
Apartamento Pier Mauricio de Nassau ( a ser pago em parcelas) – R$ 403.771,85”
Camarote nº1 do Estádio Adelmar da Costa Carvalho – R$11.254,68
Casa no Rosarinho – R$100.000,00
Apartamento Pier Mauricio de Nassau – R$130.000,00
Saldo Conta Corrente Banco Real – R$547,24
Saldo Conta Corrente Banco do Brasil – R$1.441,60
Casa no Janga – R$120.000,00
Conta Corrente Banco do Brasil – R$341,98
Automóvel Peugeot, fab.2009 mod. 2010 – R$35.690,00
Banco Santander Real fundo de investimento renda fixa – R$215.296,30
Apartamento Pier Mauricio de Nassau ( a ser pago em parcelas) – R$ 403.771,85”
Para dizer o mínimo, a declaração acima, assim como aquela sobre o
garçom malandro, peca pela falta de verossimilhança. Ainda que por lei
os candidatos não sejam obrigados a fornecer uma cópia da declaração de
Imposto de Renda à Justiça Eleitoral, nós, comuns mortais, bem que
podemos comparar os valores declarados com os do mundo real. Em se
tratando de Jarbas Vasconcelos, paladino da boa moral, o que dizer do
que ele afirma e firma? Primeiro, na sua declaração a parcela real é
maior que o todo da soma de Plutarco. A saber: os dois apartamentos
valem, no mundo imoral dos imóveis, algo em torno de 1.700.000 reais.
(Informações da Moura Dubeux).
Esses dois apartamentos dignos de um senador vão além do total
1.216.560,85 informado acima. É natural, eles estão no mais alto prédio
do Recife, digamos.
Segundo, na parcela obras de arte então, Jarbas Vasconcelos dá um
show de modéstia. Ou de esquecimento. Montaigne ensinava que a primeira
qualidade do mentiroso é ter boa memória. Pelo visto, Jarbas Vasconcelos
leu e esqueceu a lição, pois no que ele declara como 198 mil reais
existem mais que bois e bonecos do mestre Vitalino. Em artigo publicado
na revista Continente, pudemos ver que nas paredes de sua casinha no
Rosarinho (que ele avalia em cem milzinhos), existem quadros de João
Câmara, Reynaldo Fonseca, Cícero Dias, Siron Franco, Vicente do Rego
Monteiro e Aldemir Martins. Bom gosto, reconheçamos, mas um só Vicente
do Rego Monteiro e um modesto Cícero Dias, por exemplo, podem custar
mais que 198 mil cangaceiros de barro. Mas o nobre senador esqueceu.
Na sua declaração ao TRE, o ínclito Jarbas só perdeu mesmo para o
deputado federal Raul Jungmann, candidato a senador na sua chapa (de
Jarbas). Raul, o ex-comunista da escola de Roberto Freire, declarou
possuir bens num total de…. 17 mil reais. Notem que Raul recebe salários
acima de 20 mil reais há dois mandatos e não tem, coitado, sequer uma
casa pra morar, nem mesmo um fusca pra chamar de seu.
Dizer o quê diante desse modelo de pobreza, honra e virtude? – Para o PPS e assemelhados o cinismo não mata.
(Publicado originalmente no site Viomundo)