pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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terça-feira, 12 de março de 2024

Editorial: O PT não recupera mais o capital político perdido junto aos evangélicos. O partido já foi suficientemente "demonizado" pela extrema-direita.



A experiência de vida nos ensina que algumas coisas ou não compensa o esforço ou simplesmente não mais podem ser revertidas. Eis aqui uma situação que pode exemplificar a relação dificílima construída pelo PT junto ao eleitorado evangélico. O partido abriu a guarda e a direita ou extrema-direita tratou de fazer o serviço. O próprio Lula, ainda no início da campanha presidencial, já teria chegado à conclusão de que se trata de um caso perdido, ao admitir que não sabia como o partido havia criado um hiato tão gigantesco com esta parcela do eleitorado.

O PT, enquanto agremiação partidário, passou por um processo interno de oligarquização violento e afastou-se das bases. Segundo o sociólogo Robert Michels, trata-se de um processo natural e irreversível quando estamos tratando de organizações sindicais ou partidos políticos. Neste caso, é inútil tentar fazer este caminho de volta. O divórcio já está consolidado. Os evangélicos também mudaram muito ao longo desse tempo, algo que não foi acompanhado pela legenda, colocando para o partido o mesmo dilema da última campanha, quando seus líderes não chegaram a uma conclusão sobre que caminho trilhar para esta reaproximação. Talvez não haja este caminho. Há alguns anos atrás, quem poderia imaginar o fenômeno nas narcomilícias evangélicas?  

Pelo andar da carruagem política, alguns próceres petistas estariam aconselhando a Lula a adotar os mesmos expedientes de alguns anos atrás, onde o partido tinha alguns interlocutores que cumpriam a tarefa de limpar o meio de campo junto às lideranças evangélicas. Mais ou menos o mesmo que se fazia ainda na década de 80, quando o morubixaba petista se candidatou pela primeira vez e os evangélicos, já então insuflados pelas narrativas mentirosas da direita, achavam que ele iria comer as criancinhas. 

Por essa época, aqui em Pernambuco, o saudoso professor Robinson Cavalcanti, bispo anglicano ligado à legenda, cumpria muito bem esta missão de desfazer essas narrativas equivocadas. As últimas pesquisas apontando a queda de popularidade de Lula passaram a preocupar sensivelmente alguns setores da legenda, que consideram ser urgente a necessidade de impedir a erosão de aprovação do Governo.  O PT, por exemplo, está perdendo a guerra de narrativas sobre a pauta de costumes para a direita bolsonarista. Junto a este nicho eleitoral, a queda de popularidade do PT vem caindo sensivelmente. 

Com duas comissões das mais importantes - onde a pauta de costumes é agenda recorrente - a de Constituição e Justiça e a de Educação nas mãos de bolsonaistas radicais os leitores podem bem imaginar as dores de cabeça que virão pela frente. Neste sentido, há rumores de que o Governo pode entrar para valer na disputa que se trava pela sucessão do alagoano Arthur Lira na Presidência da Câmara dos Deputados. A ideia é apostar todas as fichas na candidatura do pastor Marcos Pereira, do Republicanos. Só não vale deixar o Lira perceber a manobra. 

Editorial: Pesquisa do Datafolha aponta empate técnico entre Boulos e Nunes em São Paulo. A surpresa e Marina.



Talvez em razão da grande credibilidade conquistada pelo Instituto Datafolha - uma vez que outros tantos institutos já apontaram a tendência de grande equilíbrio na disputa pela Prefeitura da Cidade de São Paulo - nenhuma das últimas pesquisas de intenção de voto sobre a disputa na capital paulista repercutiu tanto como esta última divulgada pelo Instituto. Um outro fator que pode ter pesado diz respeito à queda da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontada, inclusive, pelo próprio Datafolha, com um recorte sobre o seu desempenho no Estado, onde o morubixaba petista perde 9 pontos em relação à pesquisa anterior do Instituto. 

A rigor, o apoio expressivo do presidente Lula ao candidato do PSOL, Guilherme Boulos, não mudou significativamente o cenário de suas expectativas ou tendência de votos. Tampouco o ingresso da ex-prefeita Marta Suplicy alterou o quadro. Por outro lado, vivendo um momento de céu de brigadeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro(PL-DF), mesmo com as encrencas jurídicas em curso, pode ter contribuído para alavancar o desempenho de Ricardo Nunes(MDB-SP) nas pesquisas de intenção de voto. A diferença entre ambos, Nunes e Boulos, observadas em pesquisas anteriores, já foi bem mais expressiva. Como já afirmamos por aqui, do ponto de vista estritamente eleitoral, os políticos que subiram no palanque da Paulista para acompanhar o capitão fizeram um cálculo político correto. 

Conta a favor de Nunes, inclusive, uma rejeição menor do que a do candidato apoiado  pelo Planalto. A candidata do PSB, Tabata Amaral pontua com 8% das intenções de voto, igualmente em empate técnico com a candidata do Novo, que crava 7%, numa performance até surpreendente, assim como ocorre com o candidato do PSTU, Altino, que aparece com 2% das intenções de voto, um escore nada desprezível para um candidato de um partido essencialmente anti-burguês. O PSTU é oriundo da tendência Convergência Socialista, expulsa do PT pelo seu radicalismo e recusa em entrar no processo de institucionalização da legenda. 

Assim como a própria Marina reclama, também consideramos prematura por aqui as análises sugerindo que a candidata do Novo possa estar sendo confundida com a Ministra do Meio-Ambiente, Marina Silva. Apesar das rusgas internas, o Novo é um partido em ascenção. Marina Helena é suplente de deputada federal, o que quer dizer que já se expôs ao eleitorado. Pode estar colhendo os frutos dessa exposição.  

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 11 de março de 2024

Editorial: Lula perde três pontinhos preciosos em sua avaliação positiva.

Crédito da Foto: Carlos Becerra

O Instituto Quaest\Genial realizou duas pesquisas sobre a avaliação do Governo Lula. Na primeira pesquisa, as avaliações com o conceito de bom ou ótimo chegam a 54%, enquando na segunda tal índice cai para 51%. Não estamos acompanhando a série histórica dessas pesquisas, inclusive envolvendo outros instututos, o que nos dariam uma margem de análise com maior segurança. No dia de ontem, no entanto, fomos ler alguns artigos, escritos por analistas isentos, tratando desta questão. Ao final, a nossa conclusão é que há, sim, motivos para o Planalto acender a luz amarela em relação ao assunto, seja em razão das "entregas', seja em relação à comunicação sobre tais entregas, seja em relação aos escorregões verbais que se tornaram recorrentes.  

No frigir dos ovos, não há motivos para o Governo se perder nas  comemorações sobre os bons ventos soprados pelos índices econômicos. Enquanto o Governo enfatiza o crescimento da economia - que ficaria conhecido como o Pibão do Lula - há indícios fortes de retração dos investimentos no país, assim como tem aumentado as taxas de inadimplência da população. Lula tem cometidos tropeços que poderiam ser simplesmente evitados, como as reiteradas falas infelizes no contexto das relações internacionais, onde vem amargando rotundos fracassos, como este mais recente em relação às eleições na Venezuela. 

Na realidade, o Maduro afastou do pleito, de forma ilegítima, a principal candidata de oposição, María Corina Machado. Simples, assim. Assim será enquanto ele estiver no poder no país. Trata-se de uma eleição irremediavelmente comprometida em sua largada. A Oposição bolsonarista, por sua vez, explora com vigor esses tropeços, controlando comissões, fazendo avançar suas pautas, sensivelmente contra os interesses do Governo, como a que propõe a extinção do instituto da reeleição.

Em circunstâncias assim, o melhor que se tem a fazer é uma autocrítica, ponderando sobre os aspectos ou políticas governamentais que podem ser melhoradas, assim como refletir sobre eventuais equívocos cometidos no tocante à comunicação institucional. Sugerir, por exemplo, que se trata de uma manipulação, estabelecendo-se um raciocínio focado na teoria da conspiração, não ajuda muito na reversão deste cenário. A referência aqui é sobre as insinuações de uma autoridade do Governo Lula ao abordar essa questão.   

Editorial: Mauro Cid será ouvido novamente pela Polícia Federal.



Vamos antecipar essa postagem por aqui porque logo estarão circulando informações sobre o teor do depoimento do tenente-coronel Mauro Cid à Polícia Federal, marcado para logo mais, no curso das investigações sobre a tentativa de golpe de 08 de janeiro. É curioso como essas informações chegam à imprensa, mas não iremos tratar deste assunto no momento. Antes mesmo do depoimento, por exemplo, já circulam pelas redes sociais a informação de que os investigadores não estariam satisfeitos com as informações obtidas, o que poderia implicar numa eventual nova prisão do militar. 

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tem sido uma espécie de parâmetros para confirmar ou não o depoimentos de outros agentes ouvidos, seja civis ou militares como ele. Sua colaboação premiada, portanto, assume uma importância incomensurável para se checar, com precisão, a participação - ou até mesmo a omissão - de agentes envolvvisos na trama golpista que poderia ter mergulhado o país nas trevas do obscurantismo. Até recentemente, o militar enfatizou que nunca apontou diretamente o ex-presidente como o artífice de uma proposta de golpe de Estado, assim como não assumiria o adejetivo de traidor, algo que está sendo imputado a outros militares.  

A essa altura do compeonato, o stress institucional é imenso. O país não passa por um bom momento. A Oposição cria musculatura dentro e fora do parlamento, os índices de aprovação do Governo Lula cai e o ex-presidente Bolsonaro parece que amplia sua popularidade, a julgarmos pelas manifestações de apreço que ele consegue arregimentar pelo país afora. Os bolsonaristas mais entusiasmados preconizam sua candidatura já em 2026, quando sabem, a princípio, que ele foi declarado inelegível. Não conseguimos entender qual o cálculo político que este pessoal tem em mente. 

Um dos suportes mais observados para ancorar a tentativa de decretação de um estado de sítio, nos idos anteriores ao 08 de janeiro, era exatamente a negação do resultado do pleito presidencial que elegeu Lula presidente. Falava-se, até, na realização de novas eleições, mas, muito provavelmente, tal proposição não passava da condição de "bravata". Vocês conhecem algum golpista que conviva bem com a realização de eleições? Exceto aquelas onde já se sabe, aprioristicamente, os seus resultados.  

Charge! Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 10 de março de 2024

Editorial: Magno, o novo mascote do Palácio do Campo das Princesas.



Existem alguns fatos curiosos envolvendo o Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo de Pernambuco, mas são fatos merecedores de um tratamento mais específico, missão impossível numa postagem como esta. Há quem afirme, por exemplo, que as "princesas' costumam aparecer aos frequentadores dos jardins de suas cercanias. Alguém que já esteve em sua "cozinha", por outro lado, já nos relatou alguns fatos inusitados que ocorreram entre suas quatro paredes. Alguns desses fatos vão para o campo do folclore e outros para o folclore político propriamente dito, quando aparece algum estudioso dessas curiosidades, que são cada vez mais raros. 

Diante dos baixos índices de aprovação percebe-se, nitidamente, um esforço enorme do Governo do Estado de Pernambuco em se contrapor a tais percalços através de investimentos efetivos em propaganda política, inclusive pelas redes sociais. Quando a gente se vê acossado, mesmo numa circunstância extremamente adversa, convém tomar todos os cuidados possíveis para definir a melhor estratégia de reação. A governadora precisa cercar-se dos cuidados necessários para enfrentar a questão crucial da violência que assombra o Estado de Pernambuco. 

A Polícia Militar de São Paulo, no dia ontem, salvo melhor juízo, no curso da Operação Litoral, assassinou um rapaz de cor negra, cego, em confronto, dentro de sua residência, sem mandado para invadi-la. Não há estratégia de marketing político que consiga superar essa imagem. A matéria da revista Veja mostra uma série de outras questões em jogo quando analisa o desempenho do Governo Estadual, mas nada superior ao problema do recrudescimento da violência, com o potencial explosivo de desmontar o seu Governo. Isto não pode ser ignorado. 

Não é investindo em marketing político, mesmo que enfatizando áreas onde as ações do Governo possam estar acertando, que os índices de violência deixarão de afetar o imaginário coletivo. No caso de São Paulo, como pode uma autoridade pública afirmar que não tem satisfação a dar à sociedade? Tampouco aos organismos internacionais como a ONU? Quando a própria ouvidoria admite a ocorrência de eventuais excessos? Também não se pode partir para o "confronto" abdicando-se dos princípios legais, constitucionais ou republicanos. Quem não lembra da famosa foto do ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, descendo de um helicóptero para comemorar uma operação bem-sucedida da polícia?  Alguns meses depois deixaria o cargo. 

Aconselhe-se com as pessoas certas, construa suas diretrizes a partir da espertise já adquirida pelas políticas públicas já desenvolvidas pelos governos anteriores, com humildade, sem rusgas ou melindres ideológicos. Não há nenhum plano ou política pública desenvolvida no Estado para o enfrentamento da violência melhor concebido ou mais estruturado do que o Pacto pela Vida. Saúde para o Magno, o novo mascote do Palácio do Campo das Princesas, um cachorrinho adotado, depois de acompanhar a governadora durante a cerimônia alusiva à Revolução Pernambucana.   

Editorial: Governo luta para recuperar espaços perdidos nas comissões



Há várias maneiras de analisarmos a derrota do Governo Lula no que concerne a ver entregue a Comissão de Constituição e Justiça e de Educação nas mãos da oposição bolsonarista raiz. Isso irá representar uma tremenda dor de cabeça para o Governo daqui para frente. Como diria o general G. Dias, vamos ter problemas. Uma das saídas encontradas é fortalecer as articuações com o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira(PP-AL), assim como integrar-se melhor na disputa por sua sucessão na Casa. 

O Governo encherga com simpatia o nome do pastor Marcos Pereira, comandante do Republicanos, que trava uma batalha na disputa na Câmara e outra no partido, com o propósito de manter o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na legenda. Tarcísio estaria com um pé no PL. A despeito das boas relações do ex-presidente Jair Bolsonaro com os evangélicos, Bolsonato já aconselhou aos seus comandados a não votarem no pastor. Marcos Pereira é líder da poderosa Assembléia de Deus.  

Neste momento das nuvens, para usarmos uma simbologia da raposa mineira Magalhães Pinto, a engrenagem mói em favor do candidato apoiado por Arthur Lira, o Deputado Federal baiano Elmar Nascimento. As nuvens, no entanto, mudam de formato com o tempo e o Governo parece apostar em tal hipótese. O Governo foi bem aquinhoado na contemplação das comissões, mas essas duas comissões em particular são extremamente estratégicas e a oposição, principalmente a bolsonarista, possui uma agenda preocupante e temerária, seja do ponto de vista político, seja do ponto de vista civilizatório. Um retrocesso por aqui não está descartado.  

Se, no ano anterior, já tivemos sessões tumultuadas, imaginem os leitores o que nos aguardam em 2024. O enfrentamento entre os senadores Kajuru e Cleitinho foi apenas a entrada. Aguardamos, com alguma ansiedade, o início dos trabalhos das comissões, principalmente aquelas propostas a partir do confronto de interesses entre os Três Poderes da República.  

Editorial: As denúncias de Ciro Gomes sobre os R$ 93 bilhões pagos pelo Governo Lula em precatórios.



Já antecipamos por aqui que estamos repercutindo apenas as denúncias do ex-candidato à presidência da República, Ciro Gomes(PDT-CE), sobre a iniciativa do Governo Lula em pagar uma dívida de R$ 93 bilhões em precatórios, dívida deixada pelo Governo anterior, já ajustada com o Poder Legislativo para ser rolada pelos próximos dez anos. O Governo Lula, inclusive, teria acionado o Supremo Tribunal Federal para antecipar o seu pagamento. Pelas circunstâncias e valores em jogo, as denúncias do ex-canddiato, durante uma entrevista a um programa da CNN, alcançou enorme repercussão nacional.  

O que Ciro afirma é que dois bancos teriam adquiridos esses papéis podres por um preço abaixo do valor real, pois já sabiam que o Governo iria pagá-los - entra aqui a questão da informação privilegiada - auferindo um deságio da ordem de 50%, ou seja, para cada R$ 500,00 pagos aos credores legítimos, teriam recebido do Governo, mesmo que indiretamente, R$ 1.000,00. Como estamos tratando aqui de um montante de R$ 93 bilhões, tais bancos poderiam ter auferidos, sem muito esforço, caso se confirmem tais informações, a bagatela aproximada de R$ 50 bilhões. Legalmente, o Governo estaria impedido de vender tais precatórios aos bancos, mas o que o pedetista está afirmando é que as vendas foram "indiretas". Os credores legítimos já teriam negociados esses títulos com os bancos. 

Esta é a narrativa do ex-candidato, que ele pretene explicar com mais detalhes em sua Newsletter desta semana. Até este momento, o Governo não se pronunciou sobre o assunto. Há rumores de que os parlamentares de oposição estão dispostos a convocarem autoridades econômicas do Governo para se pronunciarem sobre o assunto. A PGR também teria sido acionado para se pronunciar sobre o assunto. Algumas questões levantadas pelo cearense, de fato, mereceriam algumas explicações. 

As circunstâncias em que o Governo resolveu pagar essas dívidas são realmente inusitadas, pois já amargava um déficit público gigantesco, cortando na carne, sem dinheiro para isso, sem dinheiro para aquilo. Reafirmamos aquilo que dissemos no início: Não há elementos concretos que digam ter havido aqui alguma maracutaia com dinheio público que possam ter superados os maiores escândalos de corrupção do país, conforme sugere o ex-governador do Ceará. Ciro Gomes tem duas qualidades que admiramos bastante: É um quadro bastante preparado. Passou pela vida pública incólume, sem denúncias de malversação de recursos do erário, orientado pelo espírito público, coisa rara num país como o nosso. Suas inquietações devem ser consideradas.  

sábado, 9 de março de 2024

Editorial: STF proíbe Bolsonaro e outros envolvidos na tentativa de golpe do 08 de janeiro de participarem de eventos com militares



Em tese, o Ministéria da Defesa deve emitir alguma ordem no sentido de que sejam evitados eventos comemorativos alusivos ao golpe Civil-Militar de 1964, que este ano completa 60 anos. Num momento político delicado como este, onde já existem centenas de pessoas condenadas por uma tentaiva de golpe e abolição do Estado Democrático de Direito, de fato, não faz nenhum sentido qualquer comemoração. No ano anterior, pela passagem do 31\03, a determinação do Ministério da Defesa foi neste sentido. 

Se houve alguma comemoração, possivelmente pode ser atribuída unicamente à turma de pijama, num churrasco com os amigos do tempo da caserna, sem maiores consequências. Como com essas coisas não se brincam, pelo sim, pelo não, o Supremo Tribunal Federal, através do Ministro Alexandre de Moraes, determinou que os envolvidos na tentativa de golpe do 08 de janeiro fiquem distante de qualquer evento militar. 

Há quem esteja especulando que tal determinação se constitui num indicador de que já estaria se formando um consenso em torno do destino dos réus implicados no 08 de janeiro. É possível. A princípio, causou uma certa estranheza a presença do nome de Valdemar da Costa Neto entre aqueles que terão que cumprir a determinação da Suprema Corte, mas, depois da matéria da Veja, desta semana, tratando deste assunto, fica difícil se surpreender com alguma atitude que tenha partido desses conspiradores.     

Editorial: Governador Tarcísio de Freitas: "Não estou nem aí".



Por razões óbvias, repercute bastante uma declaração recente do governador Tarcísio de Freitas, durante um  evento, onde a imprensa repertiu as críticas à Operaçaõ Verão 2024, desencadeada pela Polícia Miltar do Estado, onde já foram mortas 38 pessoas, algumas das quais em circunstânicas que estão sendo investigadas, pois pesa sobre essas mortes denúncias de moradores sobre eventuais excessos cometidos pela Polícia Militar.  Para completar este enredo, no dia de ontem, um morador negro e cego foi morto durante uma abordagem da polícia. 

Algumas entidades da sociedade civil estão recorrendo à ONU para denunciar eventuais excessos nessas operações, desencadeadas depois da morte de um policial da Rota - Rondas Ostensivas Tobias Aguiar. Em termos de latalidade, tal operação só fica atrás do Massacre do Carandiru, onde 111 detentos foram mortos durante uma rebelião. O governador Tarcísio de Freitas faz uma defesa veemente das operações, orgulha-se dos seus resultados positivos e rechaça, de forma ainda mais veemente, eventuais denúncias de excessos ou irregularidades cometidas pela PM ao órgão das Nações Unidas. A Ouvidoria da Polícia Militar está acompanhando de perto essas denúncias. 

Conforme costumamos enfatizar,o país passa por um momento muito difícil. Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia a até Pernambuco mais recentemete, estão observando um grande avanço do crime organizado, que estão conquistando uma enorme capilaridade junto às instituições republicanas, a exemplo dos executivos estaduais, dos órgãos representativos e até em áreas do Poder Judiciário. São narcotraficantes, milicianos, narcomilicianos  que movimentam bilhões em suas operações ilegais, corroendo perigosamente o aparelho de Estado. Trata-se de uma realidade que não pode ser ignorada. O próprio governador comemorou a prisão de uma contadora do crime organizada que já havia movimentado algo em torno de R$ 4 bilhões.  

Um elevado índice de crimes violentos letais intencionais podem ser creditados a esse arranjo macabro, onde são mortos integrantes de grupos rivais, consumidores de drogas que não honraram suas dívidas, comerciantes que se recusaram a pagar as extorções, agentes de Estado em suas atividades regulares, desafetos dos interesses desses grupos, além, naturalmente, dos crimes por encomenda, uma vez que se trata de um "nicho" explorado por milicianos. Estima-se que milhões tenham sido pagos para assassinar a vereadora Marielle Franco, que morreu por sua atuação, ao contrariar os interesses de milicianos.   

Em situações limites, em relação a alguns entes federados, já podemos falar em algo semelhante ao que ocorre em  Estados mexicanos, onde até agentes das forças especiais, formados pelas Forças Armadas do país, são cooptadas para atuarem no crime organizado. O Estado, por sua vez, precisa negociar a prisão de alguns chefões, em condições bastante especiais. Em Sinaloa, por exemplo, já houve momento em que o Governo precisou determinar a soltura de um dos herdeiros de Joaquín Guzmán,  El Chapo, que cumpre pena em prisão de segurança máxima nos Estados Unidos. Os caras tocaram fogo em Sinaloa, impondo-se ao Estado recuar diante do massacre à população civil.    

A rendição do miliciano Luís Antonio Silva Braga, o  "Zinho", por exemplo, que era o narcotraficante mais procurado do Rio de Janeiro, envolveu uma operação das mais complexas, sobre a qual não vamos entrar nos detalhes por aqui. A notícia alvissareira é que, depois que ele caiu, inúmeros integrantes do grupo estão sendo alcançados em operações muito bem-conduzidas pela Polícia Civil daquele Estado, por vezes com o concurso da Polícia Rodoviária Federal. 

O que está ocorrendo no Estado de São Paulo é a mesma situação do Estado da Bahia, hoje o mais violento do país, ou seja, em situações assim, o governador se torna quase que refém de suas forças de segurança. O PSOL, que era da base aliada ao Governo estadual, por exemplo, já abandonou o governador Jerônimo Rodrigues, exatamente por criticar sua postura em relação a eventuais violações de direitos humanos cometidas pela polícia no enfrentamento ao crime organizado no Estado.

O dilema que se coloca aqui no Estado é aparentemente simples: Ou a governadora adota as medidas necessárias para enfrentar o problema ou os índices de violência irão destruir o seu Governo. As ações, no entanto, precisam ser oriantadas por parâmetros legais, constitucionais e republicanos. Não se pode perder de vista esse balisamento. A governadora está sendo apontada como a menos aprovada do país e podemos ter certeza, conforme afirmamos no dia de ontem, que a variável violência está dando uma contribuição enorme para a formação desses índices negativos.

Quanto ao governador Tarcísio de Freitas o que nos parece é que ele resolveu assumir de vez sua condição de um bolsonarista raiz. Há, inclusive, especulações de que ele estaria em fase de migração para o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Diante de uma quadra política extremamente polarizada, não existe meio-termo. Ou se é bolsonarista ou não se é bolsonarista. Assim, ele vem moldando a sua agenda política. Insiste, por exemplo, na privatização da SABESP quando os países europeus estão voltando atrás em seus programas de privatização da água e saneamento, depois de rotundos fracassos. 

Neste diapasão, pouco importa a Ouvidoria falar de massacre em tais operações, pois o capitão Guilherme Derrite, Secretário de Segurança Pública do Estado, continuará prestigiadíssimo. Até nas narrativas discursivas, Bolsonaro e Tarcísio começam a se assemelharem. Alguém pode negar que a frase "Eu não estou nem aí" poderia ter sido dita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro? Diante dos problemas eleitorais do capitão, a possibilidade de Tarcísio de Freitas já entrar no jogo presidencial ainda em 2026 voltou a ser especulada.        

Editorial: A polêmica mudança de domicílio eleitoral de Rosângela Moro.

 


Até mesmo a família Moro parece não alimentar nenhuma ilusão sobre a possibilidade de o senador não vir a ser cassado. As circunstâncias são sensivelmente desfavoráveis ao ex-juiz da Lava jato. Estão em jogo as circunstâncias jurídicas e as circunstâncias políticas. Em ambas, o ex-juiz, que em nossa avaliação cometeu alguns erros de avaliação, não vai muito bem. Existe uma intensa movimentação política em torno das eleições extraordinárias que deverão definir o nome do novo representante do Estado do Paraná na Câmara Alta, com a eventual vaga a ser deixada pelo senhor Sérgio Moro. 

Até a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro chegou a ser cogitada para concorrer ao cargo, mas suas pretensões foram desaconselhadas pela Direção Nacional do PL, que tem um outro pretendente à cadeira deixada por Moro. O jornalista Paulo Martins, filiado ao partido, que ficou em segundo lugar na disputa, merecendo a indicação de 29% dos eleitores do Estado. 

A Presidente Nacionaldo PT, a Deputada Federal Gleisi Hoffmann, é uma das mais entusiasmada com a vaga aberta. Paranaense, Gleisi pretende disputar a eleição que escolherá o novo representante do Estado no Senado Federal. É neste entróito que entra o nome da atualmente Deputada Federal por São Paulo, Rosângela Moro, esposa do senador Sérgio Moro. Rosângela  já teria tranferido seu domicílio eleitoral para o Estado do Paraná e, naturalmente, deseja habilitar-se a concorrer à vaga deixado pelo marido. 

O  partido que mais está encrespando com a manbora é o PT, com argumentos jurídicos, mas todos sabem que a principal motivação é política. Num Estado com forte tradição bolsonarista, não seria improvável que o senador Sérgio Moro, caso se confirme a sua cassação de mandato, consiga transferir seus votos para a esposa. Do ponto de vista estritamente jurídico, é preciso consultar os universitários ou os juizes do processo eleitoral para analisar o caso. Fica uma situaçao realmente complicada. Como ela pode continuar como representante eleita pelo Estado de São Paulo com domicílio eleitoral do Paraná?   

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 8 de março de 2024

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: Paraná Pesquisas aponta liderança de João Campos em todos os cenários.

Crédito da foto: Rodolfo Locpert


Já faz algum tempo que não tratamos deste assunto por aqui, mas convém fazê-lo, para não perdermos o bonde das próximas eleições municipais no Recife ou algum lance importante. É preciso ficar de olho no lance, conforme observa o Sílvio Luiz. Durante este período, alguns fatos ocorreram, merecedores de nossa apreciação, como os movimentos do Palácio do Campo das Princesas no sentido de cooptar partidos da base de apoio do prefeito João Campos; o "cisma no PDT local, depois que o Ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, resolveu apoiar o nome do Deputado Federal Túlio Gadelha, da Rede Sustentabilidade, como pré-candidato à Prefeiuta da Cidade do Recife, quando as lideranças locais do partido já haviam fechado com o projeto de reeleição do prefeito João Campos; Assim como uma pesquisa recente do Instituto Paraná Pesquisas - de grandes acertos nas últimas eleições presidenciais - apontanto um cenário de céu de brigadeiro no que concerne ao projeto de reeleição do atual gestor, com uma aprovação que já supera 80% do eleitorado. 

Em termos de Brasil, João só perde para um prefeito de uma cidadezinha do Pará, Macapá, filiado recentemente ao MDB, Dr. Furlan. O caboclo tem mais de 90% de aprovação popular e o grupo político do governador Jáder Barbalho Filho já o atraiu para as suas fileiras, de olho nas eleições presidenciais de 2026, na expectativa de compor a chapa presidencial encabeçada pelo morubixaba petista.  Há quem diga que a governadora Raquel Lyra não deixa de lançar seus olhares e ouvidos sobre o que se passa na cozinha do Palácio Capibaribe. Pode até ser verdade, mas a gestora enfrenta neste momento, uma espécie de tempestade perfeita, ou seja, um turbilhão de problemas na gestão que seriam capaz de tirar o sono de qualquer gestor, como os gravíssimos índices do aumento da violência no Estado. A revista Veja desta semana traz uma longa matéria abordando este assunto, onde faz menção desde à trajetória política da gestora, até este momento delicado que ela enfrenta na condução do Governo do Estado.  

Conforme a matéria, há outros problemas, inclusive os políticos, mas esta questão da segurança pública é o maior deles, sem qualquer sombra de dúvidas, principalmente se considerarmos as fragilidades nos expedientes que estão sendo adotados no seu enfrentamento. Trata-se de um assunto nevrálgico. Já escrevemos alguns artigos tratando do assunto, mas optamos por não publicá-los por aqui para não melindrarmos. Não somos apenas nós. O país está com os nervos à flor da pele e continua "descendo mais alguns degraus", se considerarmos o nível de alguns parlamentares que deverão liderar comissões importantíssimas no Legislativo.  

Ao ter dois partidos retirados de sua base de apoio político pela governadora, a expectativa ea a de que o prefeito João Campos(PSB-PE) apressasse uma definição de sua relação com o PT consoante às próximas eleições municipais. Pelo andar da carruagem política, tudo continua no mesmo diapasão de antes, mas asseguramos que não adiantarão as pressões para o prefeito aceitar o vice indicado pelo partido em sua chapa. Nem a entrada do morubixaba petista nessas negociações sugere que o quadro possa vir a ser revertido.

Apenas um tsunami político poderia alterar a condição de liderança absoluta na disputa hoje ostentada pelo herdeiro do espólio eleitoral do ex-governador Eduardo Campos. Nesta pesquisa, João Campos aparece com 64,6% dos votos, seguido de João Paulo, do PT, com 7,5%, e o atual Secretário de Turismo do Estado, Daniel Coelho, com 5,5% das intenções de voto. Da alquimia do Palácio do Campo das Princesas, Daniel Coelho é aquele que se apresenta em melhores condições de ter o apoio da gestora Raquel Lyra.

Militantes históricos do PDT no Estado e rivais da governadora em seu reduto eleitoral de Caruaru, os Queiroz estão alinhados com o projeto de reeleção do prefeito João Campos, que retribui apoiando a candidatura de José Queiroz a prefeito da Princesa do Agreste. Salvo melhor juízo, ambos comeram uma chã de bode no dia de hoje, no aprazível Alto do Moura. João parece ter assimilado bem as lições deixadas pelo pai. 

Editorial: Os "fios desencapados" da tantativa do golpe de 08 de janeiro II ou a "banalização" do golpe.


Não faz muito tempo, publicamos por aqui uma postagem tratando dos erros primários cometidos pelos conspiradores que estiveram envolvidos com a trama golpista do 08 de janeiro. Em matéria de capa de sua edição deste semana, a revita Veja traz uma reportagem tratanndo dos fatos "surreais" que estiveram relacionados àqueles episódios. Não se dão mais golpes de Estado como antigamente, com tanques e pessoas armadas nas ruas. Os procedimentos hoje são mais sutis, não raro operando a partir da própria institucionalidade, com o propósito de solapá-la. Curioso que as condições inerentes a um golpe de Estado tradicional são sempre invocadas pelos bolsonaristas radicais, inclusive, para negar que houve uma tentativa de golpe no país. 

O que ocorreu nos dias ou meses que antecederam ao 08 de janeiro é, como classifica a revista, algo, de fato, surreal. Os conspiradores, para cometerem tantas impropriedades, sugere que estavam convencidos sobre a irreversibilidade do processo autoritário e certos de que não haveria mais instituições democráticas para alcançá-los. A revista sugere que eram recorrentes as propostas de caráter golpistas encaminhadas ao capitão. Ou seja, ocorreu uma espécie de "banalização" do golpe de Estado entre os principais atores que gozavam do convívio mais estreito ou do "entorno" do ex-presidente.  

O assunto chegou a ser tratado numa reunião ministerial, gravada e aberta, onde supõe-se, neste caso, que não se tratava apenas de um descuido de segurança ou vazamento imprevisto, mas a incômada naturalidade com que o assunto era tratado nos estertores da ancien régime. A revistas teve acesso a trechos do depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, que deverá voltar a depor na Polícia Federal na próxima segunda-feira, dia 11. Vale a leitura. 

Para quem, como nós, acompanha o cenário politico pernambucano, também recomendamos uma matéria, nesta mesma edição, sobre a "tempestade perfeita" enfrentada pela governadora Raquel Lira(PSDB-PE). Momento político delicado enfrentado pela herdeira dos Lyra, principalmente no tocante à crise de segurança pública, onde se verifica um aumento exponencial dos casos de mortes violentas intencionais em 2024, quando se compara com os mesmos índices observados em 2022. Neste ritmo, logo superaremos a Bahia no ranking de Estado mais violento do país. Infelizmente.   

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 7 de março de 2024

Editorial: Pastor Sérgio Queiroz, o fato "novo' nas eleições municipais de João Pessoa.



Pelo andar da carruagem política, mantida as atuais condições, a prefeitura de nossa querida João Pessoa deve ser mantida em mãos de governantes de perfil conservador ou de direita. E talvez caia nas mãos da extrema-direita, se considerarmos as intensas movimentações dos bolsonaristas em torno daquelas eleições. A Paraíba tem uma característica das mais interessantes, algo que já enfatizamos por aqui em algumas ocasiões: Os programas de debates políticos são regulares, ocorrem todo o ano, seja ou não ano de eleições. 

Mesmo assim, está sendo difícil para este editor acompanhar as movimentações do Palácio da Redenção em torno deste assunto. Quem o alquimista João Azêvedo, na cozinha do Palácio, está preparando para concorrer ao pleito. A quem o socialista deverá emprestar o seu apoio político para disputar a Prefeitura da Cidade de João Pessoa em 2024?. Ou estamos mal informados, ou pouca coisa se sabe sobre o assunto. O pastor Sérgio Queiroz, filiado ao partido "Novo", coincidentemente, é o fato novo nas eleições municipais deste ano. 

Animado com uma pesquisa de intenção de voto recentemente divulgada sobre a disputa - onde ele aparece bem na fita - em inúmeras entrevistas concedidas, o pastor tem demonstrado o desejo de uma eventual candidatura à prefeitura da cidade. Conservador e evangélico, o pastor poderia provocar um tsunami na disputa, uma vez que bateria de frente com uma candidatura apoiada pelo bolsonarismo, a do ex-ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, o médico Marcelo Queiroga, e poderia tirar votos conservadores do atual prefeito Cícero Lucena, do PP, que é candidato à reeleição. 

Vislumbra-se a possibilidade de ele compor com Marcelo Queiroga, mas, por enquanto, tal possibilidade não passa de especulação, embora conte com o sinal verde do próprio Bolsonaro. O certo é que a entrada do pastor Sérgio Queiroz no pleito produz uma espécie de freio de arrumação na disputa. Empareda Queiroz, que se propõe representante do bolsonarismo, dispersa o eleitorado conservador de Cícero Lucena, e pode herdar os votos do autêntico bolsonarista do passado, apeado da disputa por uma armação dos próprios bolsonaristas, o jornalista Nilvan Ferreira.     

Charge! Nando Motta via 247

 


Editorial:"Essa tal de comissão se vier é bom porque a fome aqui é grande".


Em reuniões recentes, o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, juntamente com as lideranças partidárias, bateu o martelo sobre a composição e a presidência das comissões legislativas. Maior partido de oposição, o PL foi muito bem aquinhoado, ficando atrás apenas do PP, partido do Presidente Arthur Lira, se tormarmos como parâmetro apenas o orçamento a ser administrado. Em termos estritamente politico, o PL fica com comissões importantíssimas, como a Comissão de Constituição e Justiça e a de Educação, entreques, respectivamente, a Deputada Federal Caroline de Tony, do PL de Santa Catarina, e o Deputado Federal por Minas Gerais, bolsonarista raiz, Nikolas Ferreira. 

Vamos aqui emitir nossa opinião, enquanto ainda é possível. Independentemente de Governo ou Oposição, não acreditamos que essas duas comissões estejam em boas mãos. Ambos deputados são muito orientados ideologicamente, incapazes de ver e conviver com outros interesses em jogo, que não aqueles guiados por sua ideologia. Como diria o general G. Dias, vamos ter problemas por aqui. Já era previsto que Caroline de Toni assumiria tal comissão, num acordo firmado entre os partidos, onde caberia ao PL assumir a presidência da comissão depois do PT.  A comissão estava até recentemente sob a direção de Rui Falcão, do PT paulista. 

Outro fantasma que assusta o Governo é a possibilidade de o União Brasil assumir o controle das duas Casas Legislativa, o que seria mais provável. Nos bastidores, o próprio Governo vem dando uma força ao nome de Davi Alcolumbre para substituir Rodrigo Pacheco. Raposas política não jogam numa única posição tampouco antecipam seus passos, mas, o que se diz nos escaninhos da política na capital federal é que ninguém pode apostar um centavo numa rusga entre Rodrigo Pacheco e o Governo até uma eventual indicação do novo ministro da Suprema Corte. 

Sobre os bilhões em emendas que rolam nessas comissões, vale contar aqui uma anedota relatada por uma grande personalidade política pernambucana, hoje com cadeira cativa no parlamento nacional. Contava tal liderança que, nos idos da década de 80, viajando pelo interior para conseguir o número de assinaturas necessárias para fundar o seu partido político  - melhor pista impossível, leitores - quase perdia a voz, num discurso inflamado, na cidade de Petrolina, Sertão do São Francisco, repetindo sempre a necessidade de conseguir novas filiações para formar as  comissões. Uma senhora o ouvia atentamente. Quando ele terminou o discurso e desceu do palanque, ela o abordou com a seguinte expressão: Filiação não precisa porque menino aqui já tem demais, mas essa tal de comissão se vier é bom porque a fome aqui é grande. Ela havia confundido filiação com filhos e comissão com comida. Como o país vem descendo a ladeira civilizatória há algum tempo, não estranha a queda de nível dos ocupantes dessas comissões. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 6 de março de 2024

Editorial: Numa fase decisiva das investigações sobre o golpe, Polícia Federal ouve novamente o tenente-coronel Mauro Cid.


Está agendada para a próxima segunda-feira, 11\03 uma nova oitiva do tenente-coronel Mauro Cid à Polícia Federal. Muito mais do que as próprias hostes militares esperavam, os fardados estão dando uma enorme contribuição para os esclarecimentos definitivos sobre a tentativa de golpe do 08 de janeiro. Depois do depoimento primoroso do general Freire Gomes, que respondeu a todas as perguntas formuladas pelos investigadores, os fios que ainda estavam soltos do novelho golpistas foram, enfim, amarrados. 

Ocorreram reuniões com os comandantes militares onde o assunto foi objetivamente tratado. Havia, inclusive, duas minutas redigidas, possivelmente ainda precisando dos "ajustes" que, neste caso, dizia respeito, tão somente, ao tratamento que deveria ser dispensado às autoridades da Repúblicas, notadamente aos ministros da Suprema Corte. Em essência, ambas previam a decretação de um Estado de Sítio, abolindo o Estado Democrático de Direito. Até um discurso pós-golpe estava pronto. 

Percebam os leitores que a tese negacionista de antes, bastante enfatizada pelos bolsonaristas, de que não houve propriamente golpe deixou de ser usada. Pune-se as artimanhas e tessituras de caráter golpista que atentam contra as instituições democráticas e o Estado Democrático de Direito. Pelo andar da carruagem política, o inquérito está na fase de afinação de violino, ou seja, a oitiva do tenente-coronel Mauro Cid será apenas para confirmar ou não alguns pontos apresentados pelos depoimentos anteriores.

Embora "massacrado" pelas hostes bolsonaristas radicais, o general Freire Gomes cumpriu, conforme enfatizamos em outros momentos, um papel crucial sobre aqueles episódios obscurantista, quando as nossas instituições democráticas estiveram sob risco iminente. O mesmo se pode afirmar sobre o comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior. Ambos se recusaram a embarcar na aventura golpista proposta pelo aloprado.   

Editorial: Tarcísio de Freitas com os dois pés no PL.


A janela partidária está se aproximando e, com ela, num movimento natural, espera-se que ocorram algumas mudanças de sigla entre os parlamentares. Algumas delas passarão até despercebidas, mas, em razão do capital político de algumas lideranças, haverá uma especulação maior da imprensa em torno do assunto. Um desses atores políticos que a imprensa acompanha detidamente os movimentos é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, atualmente filiado ao Republicanos, mas, segundo se especula, com os dois pés no PL do ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Dizem até que tal transição já poderia ter sido anunciada no encontro bolsonarista na Paulista, mas os caciques resolveram aguardar mais um pouco. Os dois, Tarcísio e Bolsonaro, vivem trocando afagos e amabilidades durante suas aparições públicas. Tarcísio se rasga em elogios ao ex-presidente, apresentando-o como um fenômeno político que deve ser estudado. Constantemente malhado, inelegível, na iminência de ser indiciado pelo 08 de janeiro, conseguir reunir multidões em suas aparições públicas não é para qualquer um.  

Para nós, fica mais semples explicar porque o PL seria o destino natural para o governador, que cumpre fielmente uma agenda bolsonarista raiz no Estado de São Paulo, a explicar por que ele estaria deixando o Republicanos. Como se sabe, Tarcísio se opõe ao flerte de sua legenda com o Planalto, mas não deve ser apenas por isso. Quando ao seu interesse pelo PL, apesar das inúmeras estrelas em ascendência no escopo do bolsonarismo, dentro ou fora da legenda, a exemplo do governador Ronaldo Caiado, seja para 2026, seja para 2030, como mais provável, não há duvidas de que, neste momento, Tarcísio de Freitas se coloca como o herdeiro mais legítimo do espólio político bolsonarista. 

Ao passo em que Tarcísio está com os dois pés dentro, especula-se que o ex-Ministro do Meio Ambiente do Governo Bolsonaro, Ricardo Salles, estaria com um pé fora da legenda. Diante desas especulações, o próprio parlamentar fez questão de enfatizar que sua admiração pelo líder Bolsonaro continua inalterada. Não procede, portanto, sua inteção de deixar a legenda, apesar das mágoas de não ter recebido o apoio do partido para disputar a eleição municipal deste ano.  

Editorial: Receita de bolo com Neston.



Pela imprensa, tomamos conhecimento que o depoimento de dez horas do general Freire Gomes está produzindo o efeito de deixar muita gente incomodada com as suas eventuais consequências e desdobramentos. Haveria, até mesmo, uma mobilização de atores insatisfeitos, no sentido de desacreditar o general, tratando-o como "traidor". A insatisfação parte de militares e civis enredados, naturalmente, com as tessituras de caráter golpista do 08 de janeiro. O Brasil é um país que virou de ponta cabeça. 

Tentativa de golpe de Estado mais do que confirmada pelas testemunhas oculares; instabilidade institcuinal sem possibilidade de um equacionamento a curto prazo; avanço do crime organizado e dos grupos milicianos sobre a estrutura do Aparelho de Estado; recrudescimento de epidemias como dengue e avanço da Covid-19.  O velho Ciro Gomes,cansado das disputas eleitorais, mas ainda não totalmente cansado de guerra, já anda apontando eventuais irregularidades no Governo Lula, algo que cai como uma luva para a oposição explorar pelos meios possíveis, seja através dos seus canais das redes sociais, seja através do parlamento, ora com propostas de impeachment, ora com propostas de CPI's. Estão no seu papel. 

Em meio a este turbilhão, no dia de ontem tomamos conhecimento de uma notícia engraçada, mas nem por isso menos preocupante. Entre os computadores apreeendidos pela Polícia Federal, em suas operações de buscas e apreensões,no curso das investigações sobre a tentativa de golpe de 08 de janeiro, um arquivo em particular tem chamado muito a atenção dos investigadores. Trata-se de um arquivo doc., com o título "Receita de bolo com Neston", aparentemente inofensivo, mas o que surpreendeu o pessoal da Polícia Federal é que o arquivo é protegido por "senha".       

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 5 de março de 2024

Editorial: Pablo Escobar morreu no dia ontem, na Bahia.


Quando o Pacto pela Vida foi implementado em Pernambuco, reduzindo sensivelmente os índices de violência no Estado até então, tornaram-se recorrentes as visitas de comissões de outros Estados da Federação a Pernambuco, com o propósito de conhecer o plano de segurança pública em vigor no Estado durante o Governo de Eduardo Campos. Com ligeiras mudanças ou adaptações específicas, muitos outros Estados da Federação acabaram por replicar o plano em sua nevrálgica área de segurança pública. Por aqueles idos, de fato, havia um plano de enfrentamento do grave problema da segurança pública no Estado. Hoje, não sei se podemos afirmar o mesmo. 

O Pacto pela Vida recebeu reconhecimento internacional pelos resultados obtidos. Havia uma "filosofia", planejamento,  estrutura, estratégias, equipes definidas, metas estabelecidas e coordenação das ações. Um dos principais artífices do plano, inclusive, havia passado por uma experiência de estudos na cidade de Medelín, na Colômbia, que havia desenvolvido um projeto bem-sucedido para o enfrentamento do problema da violência na cidade. Para atender uma promessa de campanha feitas aos seus eleitores, o próprio governador participava das reuniões de avaliação do plano, cobrando, por vezes de forma enérgica, o alcance das metas definidas. Ora premiando os agentes públicos que conseguiam atingi-las, ora afastando aqueles que não obtinham bons resultados.

E olha que, por essa época, ainda eram incipientes a participação de grupos milicianos e do crime organizado atuando no Estado, seja diretamente, seja através de suas afiliadas - que hoje se enfrentam na disputa por locais de comércio de entorpecentes - resultando na morte de desafetos rivais, como ocorreu recentemente em Itamaracá. Hoje, o mais sensato seria os gestores da área de segurança pública do Estado conhecerem as políticas públicas que estão sendo desenvolvidas em Estados como Goiás, que vem obtendo os melhores resultados na luta contra a violênia urbana. 

Mas vamos fazer aqui outra proposta igualmente interessante: Que tal se tais gestores verificassem o que ocorre com o Estado da Bahia, que hoje enfrenta gravíssimos problemas de violência urbana, tornando-se o Estado mais violento do país? Como os índices de violência cresceram tanto naquele Estado e, principalmente, como chegamos a isso. A presença de facções do crime organizado como o Comando Vermelho atuando no Estado pode oferecer alguns elementos importantes, mas o fenômeno de aumento exponencial de tais índices talvez não possam ser explicado apenas por tal variável, como se conclui precipitadamente. O Pacto pela Vida contou com este suporte de estudos e pesquisas, principalmente com integrantes do campo acadêmico. Não custa quase nada verificar as reflexões recentes dos estudantes daquele Estado sobre o assunto, em teses e dissertações que possam estar mofando nas prateleiras das bibliotecas setoriais.  

Somente no dia de ontem, dez policiais foram afastados de sus funções por envolvimento com grupos milicianos, depois de uma investigação conduzida pelo Corregedoria, o Gaeco e o Ministério Público. A estimativa preliminar é que o grupo tinha um faturamento da ordem de R$ 700 mil a um milhão por mês. Um comerciante chegou a ser morto por se recusar a pagar uma extorção de R$ 7 mil mensais. Ele tinha um depósito de gás. Um outro, que se recusou a instalar câmara de segurança em sua residência - por onde seriam monitoradas a presença de forças policiais e grupos rivais - também teve o mesmo destino.    

No dia de ontem 04\03, a Operação Responcio, desencadeada pelo Polícia Civil, num bairro da periferia da capital Salvador, Valéria, bairro vulnerável socialmente, onde o crime organizado viceja, numa troca de tiros entre policiais e traficantes, acabou morto Ricardo de Assis Gomes Oliveira, mais conhecido como Pablo Escobar, daí a nossa brincadeira na chamada do editorial. A Facção que domina o tráfico na região é uma com o nome de Katiara, comandada até então pelo Pablo Escobar. Já perdemos a conta das facções que atuam naquele Estado, não necessariamente sob o guarda-chuva das facções do crime organizado que atuam nacionalmente. O Bonde do Maluco, por exemplo, é uma facção criminosa genuinamente baiana, fundada no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador. Chegamos a fazer uma associação desta fação com o Comando Vermelho, mas, na realidade, elas são rivais. O Bonde do Maluco é ligado ao PCC, conforme corrigiu um "agente de Estado", em mensagem ao blog.     

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 4 de março de 2024

Editorial: Boulos lidera em São Paulo com 34% das intenções de voto, em pesquisa do RealTime Big Data.



O Instituto tem um nome esquisito, mas isso é o que menos importa. O fato é que todas as pesquisas de intenção de voto em São Paulo, projetadas sobre as próximas eleições municipais de 2024, apontam um renitente e profundo equilíbrio de forças entre o candidato do PSOl, Guilherme Boulos, apoiado pelo PT nacional, e o candidato Ricarco Nunes, do MDB, apoiado por um amplo arco de forças, mas bastante identificado com o bolsonarismo. Nesta última pesquisa, Guilherme Boulos lidera com 34% das intenções de voto, enqaunto Ricardo Nunes crava 29%. 

Numa projeção de segundo turno, realizada pelo próprio Instituto, porém, Nunes vira o jogo e aparece com 51% das intenções de voto, enquanto o psolista marca 49% das intenções de voto. Na realidade, embora os índices do Instituto estejam acima de sua margem de erro, se consideramos a gangorra vericada entre os candidatos na disputa, algo verificado pelos demais institutos que já realizarem pesquisas do gênero, na mesma praça, podemos concluir por um empate técnico entre os dois postulantes. Por enquanto, a disputa é  voto a voto, embora este editor preveja um cenário diferente até outubro.  

O segundo pelotão ainda não se aproximou dos principais concorrentes, como é o caso de Tabata Amaral, do PSB, que pontua com 10% das intenções de voto, assim como Kim Kataguiri, do União Brasil, que aparece com 6% das intenções de voto. Novidade mesmo somente o carro blindado que passou a ser utilizado pelo candidato Guilherme Boulos, depois que o deputado começou  a receber ameaças de morte. Tempos sombrios esses que estamos vivendo. Como os adversários do deputado não o perdoam, estão sugerindo que o tal "celtinha" era apenas marketing político. Coincidência ou não, no momento em que sai tal pesquisa, surgem matérias com um teor complicado para o atual gestor da cidade, Ricardo Nunes, onde teria sido verificada a existência de possíveis irregularidades em contrato de licitações assinados com a prefeitura.    

Editorial: Fernandinho Beira-Mar é transferido do presídio de Mossoró.



Até recentemente, a Polícia Federal encontrou indícios fortes sobre uma eventual facilitação da fuga de dois detentos da Penitenciária de Segurança Máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte. As medidas duras tomadas pelo Ministério da Justiça, afastando dos seus postos a direção do presídio, o corpo de agentes responsáveis pela segurança e inteligência sugerem, igualmente, que algo de muito grave ocorreu por ali. Na realidade, os prisioneiros que fugiram contam com uma rede de proteação bastante azeitada, apesar das trapalhadas cometidas até este momento, como tomarem celulares das vítimas - que podem ser rastreados facilmente pelos policiais que estão no seu incalço - assim como erraram o caminho que os levariam à fronteira do Estado do Ceará, voltando às imediações do presídio, onde a polícia já montou um cerco para recapturá-los. 

Até o momento, a polícia já prendeu seis pessoas de "fora" que teriam ajudado os fujões. Mas não se surpreendam se gente de "dentro' também possa estar envolvidas. Diante das circunstâncias inusitadas de uma unidade prisional de segurança máxima que não oferece segurança máxima, a ideia de levar o taficante Zinho para o presídio foi descartada. Hoje, ficamos sabendo que o Fernandinho Beira-Mar, que também pertence ao Comando Vermelho, também foi transferido do presídio de Mossoró para uma penitenciária em Curitiba.

É cada vez mais complicado enfrentar o crime organizado no país. A chegada de facções do crime organizado na Bahia, por exemplo, ampliou sensivelmente os índices de violência urbana naquele Estado da Federação, tornando-o mais violento atualmente. Há concorrentes à altura, como Pernambuco, onde tais índices de violência também estão aumentando sensivelmente nos últimos dias, muito em razão da presença desses grupos no Estado. O quadro aqui é gravíssimo, sem que se veja uma solução a curto ou a médio prazo, sobretudo em razão da fragilidade das ações para tal enfrentamento.   

Editorial: Mantido sob sigilo, depoimento do general Freire Gomes à Polícia Federal irrita setores militares e bolsonaristas.


Aqui e ali, sugere-se alguns eventuais vazamentos do depoimento prestado pelo ex-comandante no Exército, o general Freire Gomes, à Policia Federal. O general teria falado por 07 horas, não se recusando a responder a nenhuma pergunta formulada pelos interrogadores da Polícia Federal. Supõe-se tratar-se de um depoimento "bombástico", mas convém aguardar as conclusções dos trabalhos conduzidos pela Polícia Federal. haveria 80 questionamentos iniciais que se transformaram em 400 perguntas. A própria Polícia Federal considera um dos depoimentos mais esclarecedores até agora prestado. A questão aqui é simples, se você não esteve entre aqueles atores que tramaram contra as nossas instituições democráticas e a abolição do Estado Democrático de Direito, não porque se preocupar.  

Como já enfatizamos por aqui, o general Freire Gomes está entre aqueles militares lagalistas, obediente aos preceitos constitucionais, que se recusaram a embarcar na aventura golpista encetada pelo governo anterior. Hoje blogs como o da jornalista Andréa Sadi nos informam que há setores militares civis bastante insatisfeitos com o depoimento do general. Não conseguimos ler a matéria, mas, no dia de ontem, também tomamos conhecimento de algo parecido, ou seja, tais setores também estariam preocupados com os rumos das investigações conduzidas pela Polícia Federal. 

No Brasil, como se sabe, essas coisas são bastante complicadas neste sentido. As relações entre poder civil e poder militar estão longe de um padrão de harmonização. Essa incipiente campanha por anistia daqueles que estiveram no epicentro das tessituras golpistas no país tende a tomar fôlego daqui para frente. No Brasil sugere-se que as autoridades civis precisam pedir autorização dos militares para continuarem seus trabalhos de investigações, mesmo  quando eles estão envolvidos até medula em atos ou ações delituosas. São coisas de democracias não consolidadas. 

Ainda adolescente este editor assitiu a um filme onde um militar americano sofria duras reprimendas do seu superior. A razão da dura reprimenda: A falta grave de ter desobedecido uma autoridade civil. Segundo a jornalista, o general Freire Gomes passou a ser visto como um "traidor" depois do seu depoimento, tornando-se o alvo de eventuais campanhas de bolsonaristas com o propósito de "desacreditá-lo".    

Editorial: Lira tenta aparar as arestas baianas do seu candidato à Presidência da Câmara dos Deputados.


Depois da estupenda votação de Lula na Bahia, seus apoiadores no Estado chegaram à Brasília com um grande capital político. Rui Costa, duas vezes governador do Estado, hoje na Casa Civil do atual Governo, por exemplo, figura entre aqueles que podem ser ungidos pelo morubixaba petista nas eleições presidenciais de 2030. O senador Jaques Wagner, líder do Governo no Senado, é outro nome que integra o chamado núcleo duro que baliza as diretrizes políticas do Governo Lula 3. A despeito da última rusga criada com o STF, continua prestigiado. 

A engenharia institucional forjada pelo atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, com o propósito de fazer seu sucessor, prevê, necessariamente, alguns afagos do Governo, por mais contraditório que isso, aparentemente, possa parecer. Trata-se de um jogo bastante intrincado, uma vez que o sujeito ainda está com a caneta na mão e plenos poderes. Um erro de cálculo político do Planalto por aqui pode representar danos irreversíveis. O apoio do Planalto a um candidato de oposição ao cacique alagoano precisa ser milimetricamente bem calculado. 

É neste terreno pantanoso que ganha musculatura a candidatura do apadrinhado de Lira, o Deputado Federal baiano Elmar Nascimento(UB-BA). Oposição até existe, mas Elmar está literalmente "blindado" pelas circunstâncias. Por indisposições paroquiais, a ala baiana do Governo não apoia o seu nome, o que tem levado Arthur Lira a tecer algumas costuras políticas nos sentido de aparar as arestas. Lira, inclusive, passou a ter, recentemente, um forte trânsito com Rui Costa, com quem articula politicamente neste momento, em prejuízo de Alexandre Padilha, Ministro das Relações Institucionais, com quem anda de relações azedadas.

Segundo a coluna do jornalista Cláudio Humberto, Elmar Nascimento, apoiado pelo seu padrinho político, chegou a ser recebido até no Palácio de Ondina, pelo governador Jerônimo Rodrigues, mas apenas por estar ladeado por Arthur Lyra. Pesa contra Elmar Nascimento o fato de já flertado com o bolsonarismo. Caso ele seja eleito o novo presidente da Câmara dos Deputados, assim como Davi Alcomumbre no Senado Federal, o União Brasil faz barba, cabelo e bigode no Legislativo.