As circunstâncias políticas estão impondo uma espécie de centralização de nossa esquerda. A tendência do Governo Lula3, sem projeto consistente, tende a abraçar este projeto, principalmente depois dos resultados pífios da ultima eleição municipal. Alguns críticos apontam que, desde sempre, Lula sempre manteve esse perspectiva. Se não acompanhamos tal raciocínio, não há como deixar de reconhecer uma espécie de capitulação. O PT perdeu a narrativa, distanciou-se de suas bases, mantém uma governabilidade sensivelmente frágil, assiste de camarote o avanço das forças conservadoras. É grave o fato de governadores de Estado deixarem de participar de uma reunião sobre segurança pública por discordarem das diretrizes do poder central.
Na eleição na Câmara dos Deputados, de comunistas a liberais todas endossam o apoio ao candidato de Arthur Lira, Hugo Mota. É certo que os comunistas não são mais aqueles dos anos 60, que sonhavam com a utopia de uma sociedade mais justa e fraterna. Aqui em Olinda, foram eles que indicaram um bolsonarista para concorrer a vice na chapa do candidato do PT. Ao longo dos anos, eles passaram por um longo processo de decomposição ideológica. Por outro lado, cargos, comissões, pautas, propostas aceitas é a grande moeda que define as eleições na Câmara dos Deputados. Estamos todos nessa bacia semântica a qual se referia o antropólogo Gilbert Durand. Ou o PT se reinventa urgentemente e propõe uma alternativa viável politicamente a esta centrífuga conservadora ou amargaremos um longo e tenebroso inverno conservador nos próximos anos. Ainda há tempo, mas algo precisa ser feito. Comecemos por uma necessária autocrítica.
Nestas eleições ocorreu um fato curioso. Partidos radicais, aqueles que resistiam à participarem das regras do jogo da democracia representativa liberal burguesa, estiveram participando do pleito, a exemplo do PSTU, UP, Causa Operária. O MST lançou nomes às prefeituras e câmaras municipais, saindo das urnas com bons resultados. Sugere-se que o MST já possua alguma expertise neste assunto, naquilo que a gente poderia chamar de uma bancada da terra. A CPI do MST deixou isso evidente.