pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Editorial: A disputa acirrada pela SUDENE entre os aliados de Lula.



Até recentemente, no Centro de Convenções do Estado, o governador da Paraíba, João Azevedo, do PSB, reuniu todos os governadores da Região Nordeste, no escopo do Consórcio Nordeste, com o objetivo de formular uma série de demandas, dos entes federados regionais, com o propósito de entregar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Todos os governadores participaram da reunião, lembrando os velhos tempos da antiga SUDENE. Nem mesmo uma figura emblemática daquele órgão, a economista Tânia Bacelar, se fez ausente, dando ainda o tom dos encontros do antigo órgão, que começou a ser esvaziado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, no bojo da reforma administrativa. 

Na oportunidade, a professora Tânia Bacelar apresentou para o público presente o Projeto Nordeste - 2023\2033, onde elenca as potencialidades de desenvolvimento da região.O prédio do antigo órgão - dos tempos em que era uma agência de fomento importante para região e tinha como objetivo minimizar o drama das desigualdades regionais - continua com a sua antiga imponência, ali no Engenho do Meio, próximo ao Hospital Universitário, mas o miolo não é mais o mesmo. Existe até um pleito da UFPE em ocupar o espaço, consoante, naturalmente, com seus interesses. Agora, no momento atual, não se sabe muito bem o que o Governo Lula pretende com aquele órgão, mas algo sugere que deve haver uma boa vontade do Governo Federal com a instituição. Boa vontade, verbas e bons salários, evidentemente, já que o "patinho feio" tornou-se objeto de desejo dos políticos.

A SUDENE passou a ser um objeto de desejo de diversos grupos que apoiam o Presidente da República. Em princípio, já que o Solidariedade não obteve um espaço na Esplanada dos Ministérios, pensou-se em entregar o órgao ao partido, de preferência comandado pela aliada Marília Arraes. Haveria um pleito, igualmente, do MDB, quem sabe, com a indicação de Raul Henry para o cargo. A resistência do PT parece ter zerado o jogo. Um velho aliado do senador Humberto Costa entrou na disputa, Dilson Peixoto. Para embolar ainda mais o meio de campo, segundo um site de notícias, o prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), estaria  negociando abrir o Governo Municipal para o PT - justo  ele, que havia afirmado que não faria isso jamais (olha aí, Paulo Guerra) - em troca do apoio da legenda no tocante à  indicação do nome de Danilo Cabral para a presidência da autarquia. 

Editorial: O festival de besteiras que assola o país.

 



Acordamos numa segunda-feira sem um assunto mais sério para discutirmos por aqui, através dos nossos editoriais. Se o grande Stanislaw Ponte Preta estivesse entre nós, diria que estamos diante de um grande festival de bobagens assolando o país. E aqui não se trata das cortantes ironias, comuns na escrita de Sérgio Porto. É que, neste momento, o país parece mesmo ter dado vazão a essas discussões fúteis. O retrocesso civilizatório pelo qual passamos nos últimos anos transmite indicadores de que atingiu, também, a nossa inteligência. Uma questão que sempre nos intrigou é como Stanislaw Ponte Preta tinha a liberdade de escrever, naquele período, tantas coisas sobre a Ditadura Militar.

Pelas redes sociais bolsonaristas, continuam as surradas pregações golpistas, alicerçada fragilmente na tese da teoria da conspiração de que houve fraude nas eleições de outubro. O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a repisar o assunto, durante uma palestra, numa igreja evangélica nos Estado Unidos, com ilações descabidas e ilegais contra o TSE. Ele perdeu as eleições porque 58 milhões de eleitoras e eleitores brasileiros votaram no candidato Luiz Inácio Lula da Silva, impedindo que o país mergulhasse de vez nas trevas e no obscurantismo.   

Logo, a caixa de ressonância ecoou no Brasil, através de seus fiéis seguidores, que já estariam se mobilizando para novas manifestações de rua, mesmo depois da clava pesada da justiça que se abateu sobre eles a partir da operação Lesa-Pátria, cumprida pela Polícia Federal, com decisões e determinações do Supremo Tribunal Federal, envolvendo os participantes dos atos golpistas do dia 08 de janeiro. Jair Bolsonaro afirma que estará voltando ao país nas próximas semanas, mesmo sabendo que as investigações da justiça imputadas a ele foram encaminhadas à primeira instância e ele perdeu o foro privilegiado. 

O cálculo dos bolsonaristas, no entanto, neste caso, parece ser outro, a julgar, por exemplo, pelo pronunciamento de um dos seus filhos, através das redes sociais - o grande habitat dos bolsonaristas - de que, caso ele seja preso, se transformará num mártir. Ainda em relação à família Bolsonaro, ninguém aguenta mais essa conversa da aplicação de próteses de silicone da ex-primeira dama, tampouco em relação às moedas do espelho d'água do Palácio do Planalto, que teriam sido recolhidas e encaminhadas a uma instituição de caridade. 

Agora é essa discussão sobre o abate de objetos voadores não identificados que está se propagando, assumindo o primeiro lugar no Trending Topics da plataforma Twitter. Uma segunda-feira de muitas bobagens, bem ao estilo de nosso grande cronista carioca, Stanislaw Ponte Preta, que não largava uma cadernetinha para anotar as notícias que poderiam se tornar assunto de suas crônicas. Nem mesmo quando ia à praia com a família. Num dia como o de hoje, não faltaria assunto ao cronista. Para completar o enredo, só mesmo os bastidores do que está ocorrendo nesta edição do Big Brother Brasil. Vamos torcer que tenhamos um assunto mais sério para discutirmos até o final do dia.  

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


sábado, 11 de fevereiro de 2023

Editorial: A agenda de Lula nos Estados Unidos.

 


Aqui pelo país, a combustão permanece alta entre autoridades do Governo Lula, o Banco Central e setores da mídia. Curioso como neste primeiro momento - ainda no início de mandato - comecem a surgir tantas divergências em torno da política econômica do futuro Governo Lula. As altas taxas de juros, de fato, tem sido uma dor de cabeça para o capital produtivo - o que para o capital especulativo é uma festa - embora a questão da autonomia do Beanco Central precise estar fora deste debate, posto que prevista em lei, consoante os mais avançados processos de gestão dessas instituições bancárias pelo mundo. 

Hoje, o editorial de um grande jornal paulista se coloca veementemente contra um suposto plano do BNDES em investir pesado na reindustrialização do país. É desta vez que o Aloízio Mercadante perde os últimos fios de cabelo. No exterior - pelo menos ali - os passos parecem estar afinados, como se pode concluir pela agenda do encontro entre o presidente Lula e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Em última análise, é uma agenda civilizada, do iluminismo, de combate às trevas, a barbárie e o retrocesso civilizatório enfrentado nos dias atuais: Fortalecimento das instituições democráticas; defesa dos diretios humanos e combate às violações das leis internacionais; combate à crise climática, com a proposta de que os Estado Unidos cooperem com o Fundo Amazônico. A agenda comercial prevê, naturalmente, a ampliação das relações comerciais entre os dois países.

Nessa indisposição de setores da Faria Lima e da imprensa com o futuro Governo Lula - não deixaram nem a cadeira esquentar - convém usar de prudência e se orientar pela máxima do grande Leonel Brizola. Puxar a brasa para sardinha do andar de baixo sempre incomodou bastante esses setores. Bastidores agora relevados sobre o levante golpista do 08 de janeiro dão conta de que haviam muito mais militares envolvidos do que se imagina. As instituições democráticas do país continuam inspirando os cuidados necessários.  



 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


Editorial: Parabéns, PT! Pelos seus 43 anos de vida.

 


Houve um tempo em que, movido pelas contingências acadêmicas, sabíamos tudo sobre o Partido dos Trabalhadores. Éramos capazes de dizer em que encontro tal tese foi levantada, por qual têndência partidária, quem estava presente nas reuniões. Ao longo dos anos, o próprio partido decidiu tomar alguns rumos - se aproximando mais de uma luta pelo voto - abandonando o trabalho de militância dos seus primórdios. Atingido pela Lei de Ferro das Oligarquias, também passou por um processo de oligarquização, mantendo em seus quadros alguns caciques que passaram a tomar as decisões partidárias, por vezes, à revelia dos seus setores mais orgânicos. 

Esses setores, no entanto, pelas próprias características de sua fundação, nunca foram completamente extintos daquela agremiação política, cumprindo sempre um grande papel em sua organização. Até recentemente, por exemplo, fizeram um barulho danado para aceitar o Chuchu com Lula. O PT ainda guarda, embora em menor escala, algumas daquelas características iniciais que o distinguia das demais agremiações políticas no contexto de nosso sistema partidário. 

Naqueles tempos, ainda na década de 80 do século passado, muitos estudiosos e pesquisadores do exterior vieram ao país estudar o Partido dos Trbalhadores e, em particular, a sua grande liderança, Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar do antipetismo fomentado na sociedade brasileira nos últimos anos - em certa medida motivado por equívocos cometidos pelo própro partido - o PT continua sendo o grande partido da maioria dos brasileiros que se identificam com algum grêmio partidário. Salvo melhor juízo, ainda é o partido que ostenta os melhores índices de avaliação e atrai o maior número de filiados. Salve o PT!   

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Editorial: O IBAMA voltou!!!

 


Fazia algum tempo que os brasileiros não viam órgãos como o IBAMA cumprindo seu verdadeiro papel constitucional. Durante o último governo - desastroso no que concerne às políticas ambientais - o órgão, naturalmente, passou por um processo de esvaziamento, vítima de uma série de ações do Poder Executivo, com o propósito explícito de impedir suas atividades de proteção ambiental. Não precisamos aqui entrar nos detalhes, uma vez que tais manobras são bastante conhecidas, como exoneração de servidores que desejavam realizar um trabalho sério; limites de verbas de custeio; retrocessos legislativos; não renovação do quadro de servidores. Até um montante de 6 bilhões de multas aplicadas aos madeireiros por contrabando ilegal de madeiras o governo anterior cogitou anistiar. 

A prerrogativa do IBAMA de destruir as máquinas utilizadas pelo garimpo ilegal e pelos madeireiros foi bastante criticada no último governo. Por este motivo, anda circulando nas redes sociais uma série de vídeos mostrando essas ações, como a explosão de tratores, aviões e balsas. Mais um mandato deste governo motosserra e o órgão iria trabalhar para proteger traficantes, madeireiros e garimpeiros ilegais. O mesmo destino seria reservado a órgãos como a FUNAI e, possivelmente, o ICMbio. Há um relatório devastador da FUNAI mostrando o que se passava na região.

Hoje, publicamos na nossa rede Twitter, uma imagem impressionante de uma mãe Yanomami recebendo a Ministra de Povos Originários, Sônia Guajajara. Fazia algum tempo que não se via aquele povo tao feliz. Outra referência é o traço, sempre genial, do cartunista Laerte, que traduz muito bem o que o governo anterior pensava sobre a presença dos garimpeiros ilegais na região ou como foi omisso na tomada de providências para retirá-los de lá. Um pouco mais de um mês de Governo Lula e há, sim, o que comemorar: O IBAMA voltou!!!

Editorial: Reajuste dos servidores públicos: mais um embate entre civis e militares?



O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, numa reunião recente com representantes de entidades representativas ligadas aos servidores públicos federais do Executivo, admitiu que é chegado o momento de retirar a granada colocada no bolso desses servidores pelo governo anterior. A referência diz respeito a uma fala do ex-Ministro da Economonia de Bolsonaro, Paulo Guedes, que, em reunião ministerial, chegou a comemorar o fato de tais categorias ficariam sem as merecidas recomposições salariais ao longo dos anos, submetidas, aliás, a um sacrifício "seletivo". 

O massacre já dura sete anos e a granada já explodiu faz tempo, com perdas acumuladas calculadas em mais de 40%. Não se sabe ainda como o Governo Lula pretende enfrentar essa questão, mas há sensibilidade e boa vontade em fazê-lo, o que já significa um bom encaminhamento. O orçamento é apertado e as estimativas de índices de ajustes, hoje, ficam nos mesmos patamares do que já estaria sendo previsto nas dotações orçamentárias do governo anterior, ou seja, algo em torno de um percentual linear da ordem de 5%. 

Primeiro, é preciso que se estabeleça o mecanismo de recomposição dessas perdas ao longo de uma política de reajsutes graduais e sistemáticos, de preferência diferenciados, por uma questão de isonomia e justiça com algumas categorias. Impossível desarmar ou retirar essa granada do bolso de uma só vez. Por outro lado, convém não perder de vista que os servidores militares não passaram por este problema e é preciso tratar o assunto, mesmo diante dos melindres e nervosismos, como tal. 

Os militares tiveram recomposições salariais regulares e outros benefícios, além de serem poupados das reformas draconianas da previdência social, que caiu como uma espada na cabeça dos indefesos servidores civis. Polícias e militares, aliás, sempre representou o foco de interesse e preocupações do governo anterior, que tinha como objetivo mantê-los em base de apoio. Segundo dizem por equívoco, até mesmo em programas emergenciais, milhares de militares foram beneficiados.   

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


Editorial: A queda de braços entre Lula e Campos Neto.



O presidente Lula e seus assessores mais ortodoxos andam às turras com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, filho do economista Roberto Campos, autor de uma expressão que ficaria conhecida no jargão político brasileiro: A parte mais sensível do do ser humano é o bolso. A julgar pela temperatura política entre o Palácio do Planalto e a instituição bancária, a questão das taxas de juros nunca foi tão sensível como nestes primeiros meses de governo. O motivo são as altas taxas de juros praticadas por aquela instituição bancária, tidas como as maiores do mundo. 

O cabo de guerra está cada vez mais esticado porque, além das questões de caráter estritamente econômica, agora entraram em cena as questões de outra ordem, como a ideológica.  Campos Neto tem sido apresentado como uma espécie de herança maldita do bolsonarismo, mantida ali para prejudicar o Governo do PT. Pelas redes sociais, há referências recorrentes ao seu suposto passado bolsonarista, traduzido pela sua proximidade com a família e por vestir a camisa do bolsonarismo - literalmente - como por ocasião de uma dessas eleições recentes. 

Nesses momentos, como se trata de um assunto que não dominamos - a economia - sempre recorremos aos universitários. E o que eles dizem é que a prerrogativa de autonomia do Banco Central se trata de uma medida correta, salutar, indispensável para manter a inflação sob controle e, em última análise, proteger os mais os pobres e não a Faria Lima. Não existe consenso, entretanto, nem mesmo entre o capital sobre o assunto. É preciso separar a banda do capital que se beneficia desses juros altos - os tubarões do sistema bancário -  e uma leva do empresariado de outros setores, sensivelmente prejudicados por essas altas taxas de juros, notadamente os dos setores produtivos.  

Em artigo na revista Veja, o economista paraibano, Mailson da Nóbrega, faz todo um retrospecto histórico sobre a construção de um consenso em relação à fundamentação da autonomia dessas instituições bancárias pela mundo, evidenciando que a mesma tornou-se uma "credencial" importante dos países no contexto da economia global. Entende-se as preocupações do petista, mas, o diálogo seria a maneira mais correta para se enfrentar esse dilema.  A radicalização não ajudaria muito. Próceres atores político da base aliada já se movimentam - muito mais orientados pelo ideologia do que pela economia - para pedir a cabeça do presidente Campos Neto ou mesmo rever essa autonomia da instituição.

Ainda bem que existem aqueles que consideram que esta autonomia do Banco Central não pode entrar em discussão neste momento. Entre esses dois grupos, vamos ver quem seria o mais convincente junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há quem encampe as ideias de Lula, mas, por outro lado, há quem advogue que ele tem se exaltado demais em suas exposições sobre o assunto, sendo prudente estabelecer uma relação menos belicosa com aquela insitutição bancária. 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Editorial: Mais respeito com a Comissão de Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados.

O ex-ministro do Meio-Ambiente do Governo Jair Bolsonaro, Ricardo Salles, atualmente Deputado Federal eleito pelo Estado de São Paulo, fez uma gestão desastrosa à frente daquela pasta, seguindo fielmente as diretrizes e determinações de um governo, que não tinha compromisso algum com a preservação das florestas, com a questão climática, tampouco com os povos originários. A política ambiental brasileira foi considerada desastrosa pelos organismos internacionais, culminando com o afastamento de servidores sérios dos seus cargos; aplicação de torniquetes operacionais em órgãos como o IBAMA, ICMbio, Funai; institucionalização de procedimentos persecutórios e estrangulamentos orçamentários, limitando verbas de custeio e renovação dos seus quadros de servidores.  

No limite, como epicentro de todos esses desmandos, tivemos assassinatos como os do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. O jornalista fazia uma cobertura jornalística, no momento em que o indigenista pernambucano realizava o seu trabalho, consoante as diretrizes imanentes do órgão para o qual atuava, a FUNAI, ou seja, denunciar a presença de garimpeiros ilegais em terras indígenas. A tragédia huminitária que se abateu sobre os povos Ianomamis é consequência ou resultado desse conjunto de ações vis deliberadas ou omissões criminosas. Portanto, a indicação do senhor Ricardo Salles para esta Comissão de Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - por sua identificação com o governo anterior - seria um grande contrasenso. A repercussão foi tão negativa junto às redes sociais e mesmo entre os parlamentares que o próprio parlamentar se disse não se sentir preparado para tal incumbência. Melhor assim. 

Lula hoje vive às turras com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, filho de um economista que gozava de grande prestígio durante o Regime Militar. Politicamente, há, no seu staff de assessores mais diretos, quem o esteja aconselhando a baixar a bola, mas é pouco provável que este cidadão, em algum momento, pretenda se adequar às diretrizes das políticas econômiicas do futuro governo. Há limites, no entanto, uma vez que existe um mandato em andamento e aquela instituição bancária possui autonomia. 

Não poderia deixar de conclur o editorial de hoje sem fazer o registro de uma brincadeira - com coisa muito séria, aliás - que anda circulando nas redes sociais. Trata-se dos militares de alta patente que estão sendo chamados pelo nome da fruta melancia por sua identificação com o PT, ou seja, verde por fora e vermelhos po dentro. Parece ser coisa de bolsonaristas insatisfeito por não contarem com apoio militar para as suas pretenções golpistas. Em todo caso, a criatividade do povo brasileiro é imensa. Aqui em Pernambuco, em ápoca recente, havia petistas que se aproximaram demasiadamente do governo socialista do PSB. A cor do PSB é amarela e a cor do PT, naturalmente, continua sendo a cor preferida do companheiro Karl Marx. Os valores simbólicos ainda são importantes. Esses militantes passaram a ser chamados de petistas queijo do reino, ou seja, vermelhos por fora e amarelos por dentro.  

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Editorial: É preciso tomar cuidado com os espaços ocupados pelo bolsonarismo.



Outro dia li um artigo sobre os homens mais poderosos do país neste momento. O artigo foi escrito pelo cientista político Murilo Aragão e publicado na revista Veja. Pela ordem, neste contexto político de semipresidencialismo não assumido, o presidente da Câmara dos Duputados, Arthur Lyra(PL-AL), se posiciona em segundo lugar, logo abaixo de Lula. Lula manda menos do que antes. Cada vez menos, em razão de uma conjuntura política nitidamente adversa. Faz todo tipo de negociação política com Lyra, embora não goste de algumas delas. É obrigado a fazê-las em nome dessa tal governabilidade. 

Lyra tem o poder de encaminhar pedidos de impeachment e Lula, apenas com um mês de governo, já acumula alguns, salvo melhor juízo. Vamos neste diapasão até o final de seu mandato. O que não irão faltar são opositores querendo a sua cabeça, num frenesi típico desse momento político que o país atravessa, ainda muito marcado pela radicalização e pelo ódio. Esses arranjos também estão sendo observados na miudeza da política, entre os entes federados, nas quadras estaduais. Em alguns casos faz parte do jogo, em outros convém tomar algumas precauçoes, sob pena de colocarmos tudo a perder. 

É preciso que se estabeleça um limite - como o proposto pelo próprio Lula - ao não aceitar, em nenhuma hipótese, a indicação de um militar bolsonarista roxo para o comando de uma unidade militar. No Estado da Paraíba tem sido denunciado bolsonaristas praticantes, ocupando cargos de chefia, em instituições federais como os Correios. Agora, comenta-se que um ex-Ministro do Meio-Ambiente, bolsonarista raiz, poderia ser indicado para presidir a  Comissão de Meio-Ambiente da Câmara dos Deputados. A julgar por sua gestão naquela pasta, seria um desastre, um verdadeiro contrasenso. O limite precisa ser claramente determinado. Estamos com Lula, mas de olhos bem abertos.  

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Editorial: Até quando vamos conviver com os reflexos do bolsonarismo na sociedade brasileira?



Eis aqui uma questão que, muito provavelmente, ficará sem uma resposta definitiva. Há um consenso, no entanto, de que leva tempo para promovermos essa assepcia. As práticas e ações de caráter fascista continuam ativíssimas na sociedade brasileira e assim dever continuar pelos próximos anos. O Deputado Federal mais votado do Brasil comete crime de gordofobia, fazendo chacota com uma mulher acima do peso. Outro deles, expõe o suposto corpo desta jovem com o rosto de um Ministro de Estado do Governo Lula. Bolsonaristas tomaram posse na Câmara dos Deputados com cartazes ofensivos ao Presidente da República. Publicamos uma foto com os dizeres públicáveis acima, mas a ousadia foi bem maior.  

No dia de ontem, duas ocorrências desastrosas de um aparelho policial profundamente contaminado pelo bolsonarismo: as polícias militares dos estados federados. Aqui em Pernambuco, numa atitude desnecessária e desproporcional, um policial militar deu um tapa no rosto de uma jovem numa abordagem. Não sabemos exatamente em que circunstância tal fato ocorreu, mas o casal havia obdecido a ordem de descer do transporte coletivo, sem esboçar qualquer reação. Em Cuibá, numa outra ação infeliz. Um jovem foi baleado e morto por um outro policial militar. Havia uma confusão, mas ele estava completamente desarmado. Uma sociedade doente, uma força policial doente. 

São recorrentes os casos, o que implica na necessidade de ajuda psicológica a esses profissionais,inclusive no Estado de Pernambuco. Se faz necessário, governadora Raquel Lyra, um trabalho bem mais profundo, que vá muito além de uma simples punição. O fascismo é uma patologia política de consequências nefastas e conseguiu fincar suas raízes na sociedade brasileira. Infelizmente. Apesar da vitória de Lula, de termos vencido uma tentativa de Golpe de Estado, o Brasil continua como um grande laboratório deste experimento macabro. Não pode ser sadio uma atriz conhecida, já com uma certa idade, ridicularizar da tragédia humanitária vivida  pelas crianças Yanomamis. 

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


sábado, 4 de fevereiro de 2023

Editorial: As turbulências políticas devem durar ainda por um bom tempo. São os reflexos do porão miliciano.



Pelo andar da carruagem política, as turbulências institucionais devem perdurar ainda por um bom tempo. Um longo e tenebroso inverno nos aguardam pela frente. os blefes, as cortinas de fumaça, as escaramuças entre atores relevantes dos Três Poderes da República  estão na ordem do dia. É necessária muita astúcia para sobreviver neste pântano político em que se transformou a nossa vida cotidiana, vivendo sob a égide de um país conflagrado, irremediavelmente atingido pela institucionalização da das notícias falsas, das fake news, do emprego deliberado de expedientes torpes para se atingir os adversários ou desafetos. É o porão miliciano - da mais alta bandidagem - que ainda mantém seus canais de atuação intactos. Fragilizados, é verdade, mas ativos. 

O núcleo duríssimo do Estado foi atingido pelo bolsonarismo e suas práticas nefastas, corruptas, anticivilizadas e antirrepublicanas. Não é este humilde editor que constata isso, mas relatórios como o da FUNAI, que corrobora com o que estamos afirmado. Um bom exemplo disso é a confusão criada por este senador Marcos do Val, que agora, com seus arroubos, acabou arrastando para as suas artimanhas até os bem intencionados canais de comunicação, que deram ouvidos às suas falas. Vai aqui um conselho deste simples observador de nossa cena política: Desconfiem das falas dos bolsonaristas. Geralmente são falsas ou plantadas com objetivos vis. Sobretudo para eles, vale a máxima do filósofo Nietzsche,  numa referência às narrativas discursivas: Todo discurso é uma fraude, toda palavra é uma farsa. 

Acabo de ler, num dos perfis daquele pastor bolsonarista roxo, que vem uma bomba por aí. Já posso até imaginar o que seja. Alguém sugeriu que o tal senador, numa dessas entrevistas, dava a impressão de falar em línguas estranhas. Quem sabe o pastor tenha conseguido traduzir essas falas. Vamos aguardar, uma vez que ele estava em trânsito, mas prometeu que solta a bomba ainda hoje. Talvez seja o caso de o nosso judiciário começar a pensar na possibilidade de contratar alguém especialista em línguas estranhas. Nesses tempos bicudos, os intérpretes de Libras já não seriam suficientes.      

Charge! Marília Marz via Folha de Sao Paulo

 


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Editorial: Ministro mapea os tentáculos do porão fascista.



Até onde sabemos, o deputado federal Francisco Everardo Tiririca Oliveira Silva - mais conhecido como Tiririca - filiado ao Partido Liberal, no tocante aos útimos episódios golpistas, se comportou de forma discreta e não seria, em tese, um potencial elemento perigoso para as instituições democráticas do país. Portanto, é injusta a suposta ilação do advogado de defesa do ex-Ministro da Justiça de Anderson Torres, sugerindo que ele teria escrito a minuta do golpe, em razão dos inúmeros erros de português. Claro que se trata de uma ironia, mas é preciso tomar muito cuidado com esses rompantes ou vazamentos de informações partindo dos bolsonaristas, pois eles se especializaram em criar fatos "novos", plantar notícias falsas ou fomentar cortinas de fumaça para favorecer determinados atores e prejudicar seus desafetos. 

Valademar da Costa Neto, Presidente Nacional do PL, em sua defesa, teria afirmado que sugerir que a minuta do golpe tinha na casa de todo mundo foi apenas uma metáfora, força de expressão. O tal senador Marcos do Val também já caiu em descrédito, depois que mudou a versão de suas declarações para isentar o ex-presidente Jair Bolsonaro de qualquer envolvimento no episódio; desistiu de desistir do seu mandato de senador; e ainda encontrou-se com o filho do principal acusado. Não se pode levar muito a sério uma pessoa com este perfil de comportamento. Alguém observou que, durante sua entrevista a uma emissora de TV, ele parecia falar línguas estranhas. Seria necessário a tal emissora contratar um pastor evangélico para interpretar as suas falas contraditóiras e emboladas. Hoje, há muitas especulações em torno de suas reais intenções. 

O bolsonarismo também é entremeado por esses componentes de esquizofrenia, de exótico,de ridículo, de fantasmagórico. Há até uma leva de cristãos fascistas. Faz todo o sentido a conclusão de um ministro da Suprema Corte afirmando que estávamos sendo governados por gente do porão, formado pela milícia do Rio de Janeiro, que havia ampliado seus tantáculos para o plano internacional. Talvez um pouco tardia essa conclusão, mas se coaduna perfeitamente à nossa experiência de desgovernança recente. O mesmo ministro, outro dia, apontou os desmandos e os projetos políticos - e nada jurídicos, tampouco reoublicanos - da Lava-Jato como a principal causa do estágio de instabilidade social, política e institucional a que fomos submetidos.    

Charge! Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Editorial: A luta é árdua, mas o campo progressista continua avançando.

 


A disputa pelo Presidência do Senado Federal, se não houvesse aquela tentativa de golpe fracassada do dia 08 de janeiro - seria uma espécie de terceiro turno das eleições presidenciais de outubro. Assim, diante dessas novas conformações, é possível afirmar que as forças do campo progressista, no dia de ontem, sufragaram mais uma vitória contra o campo conservador, fascista, reaça e de ultra-direita. Com direito a voto impresso e todo o figurino simbólico, como um vídeo que anda circulando nas redes sociais, onde o futuro presidente da Casa - a despeito de sua enorme cortesia e civilidade - tenta se esquivar de uma eventual tentativa do senador Sérgio Moro em apertar a sua mão. Claro que a "guerra" está apenas começando - teremos, certamente, outros embates decisivos pela frente - mas é bom saber que aquela Casa não se transformou numa trincheira controlada pelos bolsonaristas para viabilizarem seus objetivos torpes. 

Mas, como este país tem uma lógica própria, no dia de hoje as notícias que repercutem nos principais canais de comunicação não dizem respeito à política propriamente dita, mas à economia, surpresa com mais outro escândalo de equívocos contábeis, desta vez envolvendo a poderosa AMBEV. Estima-se um montante de 30 bilhões. Ontem também foi noticiando que as Lojas Americanas já teriam iniciado um processo de demissão de funcionários em alguns praças. Soma-se a isso, uma declaração do bilionário Abílio Diniz dizendo-se preocupado com a eventual reforma tributária de Lula que, segundo, ele, poderia ser uma reforma tributária do tipo Robin Hood, ou seja, com o propósito de tirar dos ricos para dar aos pobres. 

É a reação daquela Faria Lima perversa, disposta a não abdicar dos seus privilégios seculares. Não há muito o que se comentar sobre isso. Além da eleição de Pacheco - mais um êxito das forças democráticas, republicanas e do campo progressista - hoje, dia 02 de fevereiro, é dia das homenagens a Iemanja. O bairro do Rio Vermelho, na Bahia, amanhece em festa, com os brasileiros e brasileiras rogando à rainha do mar para que tenhamos mais paz, solidariedade, alteridade e tranquilidade institucional. É preciso assegurar as conquistas democráticas, republicanas e civilizatórias obtidas nos últimos dias.   

Editorial: Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Editorial: Bolsonarismo ativo.



Os refelxos nefastos do bolsonarismo na sociedade brasileira ainda estão muito presente, em alguns casos, ainda produzindo suas consequências. O PL - ou mais precisamente o seu presidente, Valdemar da Costa Neto - não mede esforços no sentido de alçar uma eventual carreira política para Michelle Bolsonaro, que voltou dos Estados Unidos recentemente. Parece não haver unanimidade na família quanto a este projeto, mas a ex-primeira dama parece animada com os apelos. Numa entrevista recente, o presidente da legenta liberal foi infeliz no tocante às já famosas "minutas golpistas" e está sendo intimado a dar explicações sobre o assunto. Como diria os nossos avós, em boca fechado não entra mosquito. Vale a lição, sobretudo para alguém com tanta espertise na vida pública.  

O ex-ministro de Bolsonaro, Rogério Marinho, disputa a cadeira de Presidente do Senado Federal e não esconde sua profunda identidade com o bolsonarismo, afirmando que o seu projeto seria o de preservar este legado. A eleição possivelmente será vencida - que o ventos democráticos e republicanos não nos deixem enganar - pelo atual presidente, Rodrigo Pacheco, mas não se pode minimizar os estragos dos arranjos já produzidos, que terão reflexos na condução dos trabalhos daquela Casa. 

O senador Rogério Marinho faz bem o jogo dos escaninhos da política e estaremos diante de uma votação secreta. Em sua eleição para o Senado Federal, pelo Rio Grande do Norte, os institutos de pesquisa erraram feio sobre seus escores. Ele, então, para se contrapor a tal onda, passou a noite toda ao telefone, ligando para os correligionários, argumentando tratar-se de um equívoco, que acabou se confirmando, com ele sendo eleito folgadamente. Quanto aos estragos políticos, sociais e institucionais produzidos pelo bolsonarismo, ainda teremos um longo e tenebroso inverno pela frente. Leva algum tempo para a sua superação e não podemos, em nunhum momento, vacilar. 

É coisa para acertamos diversas pauladas e sempre em locais específicos. Ainda encontramos pessoas de projeção pública, ligadas ao bolsonarismo, ridicularizando a situação de penúria humanitária vivida pelo povo Yanomami ou mesmo sugerindo a morte do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No caso dos Yanomamis, fica patenteado que o Governo Bolsonaro abandonou os indígenas e fez o jogo do garimpo ilegal, o que deve ter estimulado um juiz da Suprema Corte a solicitar uma investigação mais apurada sobre o assunto. Corroborando com tais afirmações, passou a circular nas redes sociais um suposto relatório da FIOCRUZ dando conta de que as vacinas contra a malária na região tinha como prioridade os garimpeiros e não a etnia Yanomami. Isso é muito grave. Gravíssimo.  

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Editorial: É precipitado tentar fazer qualquer julgamento moral do Governo Lula neste momento.


 

Somente no dia de ontem, tivemos uma conhecida apresentadora de TV defendendo assediadores; uma atriz famosa ridicularizando o drama do genocídio vivido pelas crianças Yanomamis; um candidato à Presidência do Senado Federal afirmando que defenderá o legado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Isso apenas nos remete à conclusao de que o retrocesso civilizatório observado no país nos últimos anos foi enorme. Talvez bem pior do que imaginávamos. O devastador relatório da FUNAI - produzido ainda num período de algum resídio republicano que restavam, posto que a sua direção sofreria as represárias - é uma evidência de que a bandidagem atingiu o núcleo mais duro do aparelho de Estado no país.   

Pior do que isso somente a má-vontade de alguns setores da grande mídia com o Governo que se inicia, que tem o propósito inegociável de restaurar o tecido democrático perdido e promover a retomada de padrões civilizados de convivência. Ontem, pelas redes sociais, andou repercutindo imensamente um caso de malversação - ou aplicação de recursos em benefício próprio - de verbas oriundas do famigerado Orçamento Secreto, utilizadas por um ministro indicado pelo União Brasil para compor o ministério de Lula. Matreiramente, setores da mídia utilizaram a expressão "Ministro de Lula", numa clara intenção de jogar no colo do Governo a responsabilidade pelos atos do ministro. Que os bolsonaristas explorassem o fato até se entende, mas a grande mídia não.  

Ora, como se sabe, a relação do Governo Lula com o União Brasil ainda é marcada por alguns desacertos. Próceres petistas baianos, integrantes do Governo, por exemplo, rejeitaram a indicação de nomes sugeridos pelo União Brasil. Os nomes indicados, por outro lado, não contam, necessariamente, com o aval dos dirigentes da legenda. Por outro lado, esse tal orçamento secreto é uma grande excrescência que extrapola, em muito, o campo das ideologias. Precisa ser veementemente combatido, mas as contigências políticas, infelizmente, caminham para manter esse expediente nefasto, que depõe contra os mais basilares principios de gestão de recursos públicos. Os escândalos que estão sendo descobertos tendem a ser ampliados enormemente. É prudente fiscalizar, exercer o seu papel legítimo, mas seria prematuro jogar essas lentes contra eventuais desvios de conduta de um Governo que está apenas se iniciando, fazendo um esforço enorme para acertar. Principalmente através desses expedientes. 

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Editorial: O equilíbrio instável de José Múcio Monteiro no Ministério da Defesa.

 


Conhecedor da enorme capaciadade de articulação política do pernambucano José Múcio Monteiro, o presidente Lula fez questão que ele assumisse a pasta da Defesa, num momento político dos mais delicados para o país, mergulhado numa crise institucional sem precedentes. Diante das atuais circunstâncias políticas, fazia um bom tempo que o Ministério da Defesa ostentava um status tão elevado e aos mesmo tempo estratégico. Talvez por isso se tornaram tão recorrentes as notícias sobre o que se passa naquela pasta, o que exige cautela sobre a sua veracidade. Outros fatos, no entanto, são públicos, protagonizados pelos próprios atores, como a obra de engenharia política arquitetada para demitir um comandante militar mais recentemente ou mesmo os relatórios comprometedores da FUNAI sobre a atuação dos militares em terras indígenas.   

Admiro bastante as pessoas com tal capacidade de conciliação, talvez porque não seja bem este o nosso caso. Transigir nunca foi o nosso forte. Quando perdeu a eleição para o Governo do Estado de Pernambuco para o ex-governador Miguel Arraes, José Múcio logo virou a página, tornando-se um ator político de projeção nacional. Como Ministro da Defesa, José Múcio tem o nosso respeito, admiração e uma torcida  enorme para que ele consiga serenar os ânimos na caserna - reposicionando os militares aos seus estritos deveres constitucionais - assim como criar as condições que permitam que as instituições democráticas cumpram o seu papel, evitando flertes com o autoritarismo. 

Vamos aqui, no entanto, fazer duas ponderações críticas. Recentemente o ministro deu uma declaração afirmando que as Forças Armadas estavam completamente pacificadas. Embora tenhamos obtidos avanços inegáveis neste sentido, não há indicadores seguros para se fazer tal afirmação. Na realidade, as Forças Armadas passaram por um processo sistemático de politização durante os últimos quatro anos. Depois, por razões óbvias, existem amplos segmentos simpáticos ao bolsonarismo nos quartéis. Leva algum tempo para que se atinge o ponto ideal. Outro aspecto tem sido a dificuldade de José Múcio no sentido de tomar atitudes mais rígidas em relação aos militares, o que significa que ele se encontra num estágio em que evita, a todo custo, melindrar seus subordinados. Pressionado pelo Governo para os "avanços", ele ainda se sente "inseguro", o que o deixa numa situação de equilíbrio instável como se diz em Ciência Política.   

domingo, 29 de janeiro de 2023

Editorial: Paulo Câmara deixa o ninho socialista.



A informação, segundo dizem de fonte segura, está sendo veiculado pelo blog do Tião Lucena, na Paraíba. Fazemos aqui a ressalva para não cairmos em barrigas ou divulgamos fake news. Nesses tempos bicudos, convém tomar as precauções necessárias. A notícia dá conta de um desligamento do ex-governador Paulo Câmara do ninho socialista, onde esteve no aconchego durante décadas. O fato concreto é que sua relação com determinados setores da agremiação vinha se deteriorando nos últimos anos. Não vamos aqui entrar nos detalhes, mas o jogo é pesado, com golpes abaixo da linha da cintura. 

O presidente Lula, pessoalmente, empenhou-se em encontrar um espaço no futuro governo para o ex-governador, por quem tem uma grande estima. Os escaninhos da política apontavam até mesmo um ministério de ponta, com grande capilaridade e verbas, mas as negociações entre a cúpula da legenda e o Planalto acabaram por priorizar a indicação do ex-governador de São Paulo, Márcio França. A manobra rifou Paulo Câmara, que hoje poderia vir a ocupar um cargo no segundo escalão, possivelmente o Banco do Nordeste. 

Ocorre, entretanto, que a diretoria do Banco está sendo pleiteado por vários caciques da legenda petista. Não há informações sobre os rumos políticos que o ex-governador deverá seguir daqui para frente. Paulo Câmara talvez ainda não saiba o que deseja, mas sabe perfeitamente que não havia mais clima para a sua permanência na legenda socialista. O desgaste vem se arrastando há um bom tempo. São feridas difíceis de cicatrizar, com maior probalidade de evoluir para uma gangrena. Não se sabe se tal movimento teria sido combinado com o Planalto, se e como ele poderia ser "acomodado" no futuro governo.  

Editorial: Uma eleição crucial para a Presidência do Senado Federal.



A eleição para a Presidência do Senado Federal é crucial para a sociedade brasileira assegurar os avanços no que concerne à retomada do ambiente e dos espaços democráticos, criando um antidóto contra eventuais retrocessos autoritários. Entende-se perfeitamente o porque de a oposição ao Governo Lula estar jogando todas as suas fichas na eleição do ex-ministro do Governo Bolsonaro, Rogério Marinho, para a Presidência daquela Casa. Seria conquistar uma trinhciera de resistência contra o atual Governo Lula, assim como possibilitar investidas contra outros Poderes da República, com o propósito de atigir possíveis desafetos ou inimigos "públicos" do bolsonarismo.

No frigir dos ovos - como se diz aqui no Nordeste - seria um retrocesso político. As chances existem e, por elas existiram, ilustres atores do campo político conservador estão assanhados com tal possibilidade. A recondução do senador Rodrigo Pacheco para a presidência daquela Casa teria um significado que estrapola, em muito, a simples eleição de um parlamentar para uma Casa Legislativa. Ela torna-se fundamental para garantir os avanços civilizatórios.

Quando contingenciado - e as ocasiões não foram poucas - Pacheco demonstrou seus firmes e inquestionáveis compromissos com o processo democrático. O mineiro tem perfil para continuar no cargo, sobretudo nesses momentos de turbulências e crise institucional que enfrentamos. Já começaram, muito antes das eleições, a chamada contagem dos votos. Fulano tem tantos votos, Beltrano outros tantos. Não apostamos um tostão furado nessas especulações. Preferimos aguardar o resultado, mas fica evidente a nossa torcida.   

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Editorial: O melhor antídoto antigolpe.


No Brasil, tudo parece ser muito confuso, pois os atores políticos, deliberadamente, costumam confudirem ou mesmo atropelarem os seus papéis. Até recentemente, o país enfrentou um sério problema com a assunção sobre um equivocado poder moderador a ser exercido pelos militares, assim como ficaria evidente a exagerada ingerência desses mesmos atores no tocante ao processo eleitoral. Mas, antes, é preciso dizer que todas essas "iscas" foram jogadas por um Executivo que tinha interesse em politizar o estamento militar, fazendo questão de militarizar a burocracia do Estado, que, aliás, deve estar dando um trabalho danado ao futuro governo, que pretende revalorizar os servidores civis, do quadro permanente e devolver os militares ao seu lugar de origem, ou seja, às funções da caserna.   

O chamado pacote antigolpe, que está sendo discutido no dia de hoje, por razões óbvias, demorou a ser anunciado, possivelmente, para evitar lacunas ou mesmo melindrar certos segmentos. A prudência é sempre muito importante nessas ocasiões e o inteventor nomeado pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, Ricardo Cappelli, vem cumprindo à risca um script que inclui senso de justiça, compromisso inquebrantável com a democracia  e rigor no tocante às medidas adotadas contra os infratores ou golpistas. Seu objetivo é o de reestabelecer as estruturas democráticas comprometidas com as investidas golpistas do último dia 8 de janeiro, sem, contudo, ultrapassar os limites impostos pela Constituição Federal. Tudo está sendo feito dentro dos parâmetros legais.   

Até recentemente, um comandante militar foi exonerado do cargo por quebra de hierarquia. Quem conhece tais nuances, sabe da obra de engenharia política necessária para se tomar uma decisão deste porte. Sylvio Frota, então comandade do Exército durante a Ditadura Militar, foi demitido num feriado na capital federal, quando seus subordinados estavam curtindo um churrasco com a família. Algo nos diz que tal estratégia pode ter sido obra do bruxo Golbery do Couto e Silva. Ele ainda se coçou, mas não tinha muito o que fazer, ressignando-se aos chinelos e ao pijama. 

Cappelli anuncia hoje as medidas que serão adotadas pelo pacote antigolpe - como vem sendo chamado pela imprensa - o seu relatório. O que mais mais se comenta hoje no país é em relação às medidas que poderiam ser edotadas para se evitar novas ocorrências golpistas. Estão previstas medidas de reforço da segurança às instituições democráticas sediadas em Brasília; uma reestruturação dos serviços de inteligência e segurança do Estado; um olhar mais atento sobre o que ocorre nas redes sociais. Há muitos especialistas no assunto, mas, para este editor, vale a premissa do sociólogo francês Claude Leffort, quando afirma que uma democracia que não se amplia tende a morrer de inanição. O melhor antídoto antigolpe consiste em aperfeiçoar as instituições democráticas, criando um modelo de gestão pública onde a população veja suas demandas atendidas e possa creditar sua confiança no regime.           

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo