No dia de ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, para um café da manhã. Já de malas prontas para curtir o friozinho do Brejo Paraibano neste período, não vejo a hora de saborear um típico café da manhã naquela região, nos alpendres de uma pousada, de frente para as serras, ouvindo o canto dos rouxinóis, galos de campina, carários da terra, sanhaçus. Café regional, com cuscuz, queijo coalho, mel de engenho e um café bem forte, com grãos ali mesmo produzidos. Comenta-se que José Américo de Almeida, de propósito, adiava a conclusão do romence A Bagaceira, apenas para ficar mais alguns dias naqueles recantos do brejo, acompanhando a rotina dos antigos engenhos de açúcar, hoje dedicados à produção de cachaças.
O café da manha entre Lula e Lira, infelizmente, não possui tais características, diante de um ambiente político completamente turvo em Brasília, com rusgas e ressentimentos de parte a parte. A toada do centrão todos conehcem de cor e salteado: cargos e liberação de emendas. Aliás, eles já estão criando até um mecanismo próprio de gestão dessas emendas, sem, necessariamente, a participação do Executivo. O ajuste de cargos na máquina, por outro lado, permanece, com Lula sendo contingenciado a arrumar espaços para os antigos inimigos políticos, de partidos tradicionalmente de oposição ao petismo, criando arestas com a sua base aliada e o seu grupo político mais próximo.
Cabeças deverão rolar, como resultado das conversas mantidas entre ambos. O Centrão tenta fazer um governo por dentro do PT, seja criando mecanismos de interferência na autonomia dos ministérios, seja indicando nomes para a máquina que certamente, seguirão as diretrizes do grupo e não do Governo Lula, numa espécie de governo a quatro mãos. Lula precisa ter clareza sobre os limites dessas concessões.
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